UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A importância da promoção de atividades lúdicas no âmbito escolar para alunos do ensino fundamental Por: Camila Simões Pelaes Orientadora: Prof. Ana Paula Lutieri Fulco Rio de Janeiro 2007 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A importância da promoção de atividades lúdicas no âmbito escolar para alunos do ensino fundamental Apresentação de Candido Mendes obtenção do monografia como grau à requisito de psicopedagogia Por: Camila Simões Pelaes Universidade parcial para especialista em AGRADECIMENTOS A minha família sempre tão presente, aos meus amigos, aos professores da UERJ, Almeida, Guilherme pelas Locks e Edson oportunidades confiadas, carinho e apoio constantes, aos professores e colegas do curso de psicopedagogia, aos alunos da UERJ e da academia por suas contribuições direta ou indiretamente e a todos que participaram de alguma forma para a confecção desse trabalho acadêmico. DEDICATÓRIA .Dedico esse trabalho a minha família, meu porto-seguro: à minha mãe pelo apoio incondicional em todos os momentos, ao meu pai por ter sido sempre um exemplo de dignidade e honestidade e ao meu irmão pela força inexplicável que nos une e de quem tanto me orgulho. RESUMO O ensino fundamental é um período escolar indispensável e obrigatório para o desenvolvimento de crianças e jovens, cujos objetivos são definidos em termos de ordem cognitiva, afetiva, física, relação interpessoal e inserção social, ética, estética, visando uma formação ampla do aluno. Nessa fase da vida, o pensamento é reorganizado, a criança sai do mundo da fantasia e começa a ver o mundo com mais realismo, a aceitar as regras do jogo, a ter um pensamento mais introspectivo, formando assim sua identidade e raciocínio lógico-dedutivo. Sendo o lúdico considerado uma necessidade do ser humano em qualquer idade, e que tem entre suas características básicas o prazer, a espontaneidade e a busca pela autonomia, acredita-se que uma aula com características lúdicas favorece o aprendizado dos conteúdos e principalmente desperta ou desenvolve alguma habilidade do aluno. Além disso, desenvolve também momentos de diálogo, exposição de desejos, construção de regras, enfim, um exercício de liberdade constante. Mas, para que os benefícios ocorram, é preciso que a escola e os professores estejam preparados para aplicar essas atividades de forma correta, com objetivos definidos, em momentos propícios e que principalmente tragam consigo uma bagagem lúdica, condizente com seu discurso, sabendo descentralizar o seu papel, reconhecendo o papel ativo do aluno e estimulando sempre a criatividade e espontaneidade dos alunos. METODOLOGIA O presente estudo tem um caráter eminentemente teórico e será realizado através de pesquisas bibliográficas, cujas informações serão procuradas em livros, artigos científicos, periódicos direcionados e em sites especializados. SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I- Ensino fundamental 1.1Sobre o ensino fundamental 1.2Objetivos gerais 1.3Características psicomotoras dos alunos CAPÍTULO II – Lúdico 2.1 Homo faber, homo ludens 2.2 Definição do Lúdico 2.3 Um pouco sobre Piaget 2,4 Sobre Vygotsky 2.5 Algumas diferenças entre Piaget e Vygotsky CAPÍTULO III - Benefício das atividades lúdicas na escola 3.1Importância do jogo no desenvolvimento da criança 3.2 Jogos em aula 3.3 Sugestões de atividades lúdicas para o âmbito escolar 3.3.1 Boca do forno 3.3.2 Futebol aos pares 3.3.3 Pular corda 3.3.4 Jogos com matemática em sala 8 9 9 12 16 21 21 22 25 29 32 33 33 39 43 43 44 44 45 CONCLUSÃO 47 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49 ANEXO 52 INTRODUÇÃO O termo ludus se origina do latim e significa jogo. Caso o seu significado se prendesse apenas na sua origem, significaria brincar, jogar, realizar movimentos espontâneos. No entanto, houve uma evolução semântica e o lúdico deixou de ser apenas sinônimos de jogo e hoje em dia é considerado um traço marcante da psicofisiologia do comportamento humano. Admite-se que a ludicidade é uma necessidade do ser humano. Em contra partida, as escolas, vão deixando de utilizar atividades lúdicas cada vez mais cedo. Na Educação infantil, onde os resultados não são cobrados com tanta intensidade observa-se a presença de atividades lúdicas, mas a partir do Ensino fundamental, deixam-se essas atividades de lado, visando incutir nos alunos valores de uma sociedade capitalista: produtividade, eficiência, competitividade, racionalidade e trabalho como antônimo de prazer. Por acreditarmos que tais atividades possam desenvolver inúmeras qualidades e ajudar no ensino de tantos conceitos, resolvemos investigar qual o papel das atividades lúdicas no âmbito escolar, para alunos do ensino fundamental. Para tentar responder essa questão, o presente estudo foi dividido em três capítulos: o primeiro versará sobre o ensino fundamental, principais objetivos e algumas características psicomotoras dos alunos. O segundo capítulo será sobre as variadas definições de lúdico, tentando identificar uma que mais se aplique ao ambiente escolar. E por último, no terceiro capítulo serão apresentados os benefícios das atividades lúdicas, quando utilizadas corretamente nas escolas e algumas sugestões de atividades para serem desenvolvidas principalmente no ensino fundamental. CAPÍTULO 1 ENSINO FUNDAMENTAL 1.1Sobre o ensino fundamental O ensino fundamental é o período escolar obrigatório e indispensável para o desenvolvimento das crianças e jovens, já que é nessa fase que elas adquirem o domínio da escrita, da leitura e do cálculo, conhecimento indispensável para nossa vida em sociedade. O ensino fundamental compõe, juntamente com a educação infantil e o ensino médio, o que a Lei Federal nº 9.394, de 1996 – nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -, nomeia como educação básica, cuja finalidade é: “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.” A LBD, em seu artigo 5º, afirma que “o acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária,organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público, para exigi-lo”. Em 1961, através da Lei nº 4.024 foi estabelecido 4 anos de escolaridade obrigatória para o sistema educacional brasileiro e em 1970 o governo estendeu para 6 anos este dispositivo. Já com a Lei 5.692, de 1971, houve a determinação federal de ampliar a obrigatoriedade para oito anos. O artigo 32 da lei nº 9.394,de 20 de Dezembro de 1996, passou a vigorar com a seguinte redação, a partir da Lei 11.274, de 6 de fevereiro de 2006: “ O ensino fundamental é obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão.” O objetivo desse aumento de tempo no ensino fundamental foi colocar mais crianças na escola e proporcionar mais tempo de escolaridade aos estudantes brasileiros. No novo modelo, os conteúdos serão aplicados de forma mais lúdica, valorizando as características de cada criança Segundo os dados do Ministério da Educação, o ensino Fundamental ficou assim dividido: anos iniciais, dos 6 a 10 anos de idade, indo da primeira à quinta série,com duração de 5 anos, caracterizado pela alfabetização e solidificação de conteúdos básicos e anos finais, caracterizado pela diversificação e especificidades dos conteúdos, que vai da sexta à nona série, normalmente de 11 a 14 anos de idade, se ele sempre tiver sido aprovado nas séries anteriores, com duração de 4 anos. Tabela 1: Divisão de séries do Ensino Fundamental de 9 anos Ensino Fundamental Anos Iniciais 1ºano 2ºano 3ºano Anos Finais 4ºano 5ºano 6ºano 7ºano 8ºano 9ºano Dados do INEP, indicam que no ano de 2006, 33.282.663 alunos foram matriculados no ensino fundamental, em todo o Brasil, sendo que destes 9.104.589, estavam matriculados entre a 5ª e a 8ª série. Tabela 2: Ensino Fundamental, número de matrículas no ano de 2006 Ano Total 2006 33.282.663 Fonte:edudatabrasil/INEP Rural Urbana público privado público privado 5.528.460 37.972 24.286.226 3.430.005 A tabela 2 nos mostra que dos 33.282.663 alunos matriculados no Ensino Fundamental em 2006, a maior parte se encontra na área urbana e nas instituições públicas, 24.286.226. Restam ainda, 3.430.005 alunos matriculados em instituições privadas, na área urbana. Quando se trata da área rural, apenas um pequeno número de alunos, 37.972, estuda em estabelecimentos privados. E, 5.528.460, estudam em escolas públicas. Tabela 3: Número de alunos matriculados, separados por idades Ano 2006 Total Menos de 7 Entre 7 e 14 Acima de 14 anos anos anos 901.297 27.127.536 5.253.830 33.282.663 Fonte: edudatabrasil/INEP Pode-se observar que a maior parte dos alunos que estudam no Ensino Fundamental, estão entre 7 e 14 anos (idade prevista , até 2006, pela LDB nº 9.394). Porém, não podemos ignorar, os alunos que estão com mais de 14 anos no Ensino Fundamental, 5.253.830, seja por repetência, por abandono e regresso, ou por outro motivo qualquer. Tabela 4: Divisão do número de matrículas por sexo Ano Total Feminino Masculino 2006 33.282.663 15.602.989 17.679.674 Fonte: edudatabrasil/INEP A tabela 4 mostra, que ainda há uma predominância de meninos, 17.679.674, no Ensino Fundamental, contra 15.602.989. O número de matrículas vêm crescendo a cada ano que passa, mas acredita-se ser necessário um aumento ainda maior desse número , do tempo de permanência dos alunos na escola, e da qualidade de ensino, numa etapa da educação tão, se não, a mais importante, que é o ensino fundamental, para que possamos alcançar uma educação de qualidade, que garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem e na qual esperam ver atendidas suas necessidades individuais, sociais, políticas e econômicas. (PCN, 1998) 1.2 Objetivos do ensino fundamental: De acordo com a Lei nº 9.394, de 1996, o ensino fundamental no Brasil tem por objetivo, a formação básica do cidadão mediante: I. “O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidade e a formação de valores e atitudes; IV. O fortalecimento do vínculo de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.” Os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, concretizam as intenções educativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo da escolaridade. Assim, os objetivos são definidos em termos de capacidades de ordem cognitiva, físico, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética, estética, tendo em vista uma formação ampla. A capacidade cognitiva influencia diretamente na postura do indivíduo em relação às metas que ele deseja atingir, nas mais diversas situações do dia-a-dia, vinculando-se diretamente ao uso de formas de representação e comunicação, envolvendo resolução de problemas. A capacidade física engloba o auto conhecimento e uso do corpo na expressão de emoções, na superação de esteriotipias de movimentos e nos jogos. A afetiva, refere-se às motivações, à auto-estima, à sensibilidade e à adequação de atitudes no convívio social. O aluno passa então, a compreender melhor a si mesmo e aos outros. Essa capacidade, liga-se diretamente à capacidade de relação interpessoal, que significa, compreender, conviver e produzir com os outros, percebendo distinções entre as pessoas, diferenças de temperamento, intenções e estados de ânimo. A capacidade estética permite produzir arte e apreciar as diferentes produções artísticas, produzidas em diferentes culturas e em momentos históricos distintos. A capacidade ética, é a possibilidade de reger as próprias ações e tomadas de decisões por um sistema de princípios, onde são analisados as diversas situações de vida, de valores e opções. O desenvolvimento dessa capacidade permite a superação da rigidez moral no julgamento e na atuação pessoal, na relação interpessoal e na compreensão das relações sociais. Quanto à capacidade de inserção social, refere-se à possibilidade de o aluno perceber-se como parte de uma comunidade, de uma classe, ou de grupos sociais e de comprometer-se pessoalmente com questões que considere relevante para a vida coletiva, Seu desenvolvimento é necessário para que se possa superar o individualismo e atuar no cotidiano e na vida política, levando em conta a dimensão coletiva. São objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino fundamental, que os alunos sejam capazes de: I. “Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; II. Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; III. Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país; IV. Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou características individuais e sociais; V. Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; VI. Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e inserção social, para agir com perseverança na busca do conhecimento e no exercício da cidadania; VII. Conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos de qualidade de vida e agindo com responsabilidade e relação à sua saúde e à saúde coletiva; VIII. Utilizar as diferentes linguagens – verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação; IX. Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; X. Questionar a realidade, formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação;” Baseada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino fundamental, no artigo 3º, da Resolução CNE/CEB, n º2, de 1998, as escolas deverão estabelecer como norteadores de sua ações pedagógicas: a. Os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; b. Os princípios dos Direitos e do Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade, e do respeito à ordem democrática; c. Os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. 1.3 Características psicomotoras dos alunos: Nessa fase da vida, o crescimento físico é mais lento do que nas fases anteriores, as diferenças resultantes do fator sexo começam a se acentuar mais nitidamente. Na opinião de Pinheiro (2007), este período, ou idade escolar, segundo a teoria freudiana, corresponde ao estágio latente, assim designado por que nela a libido não exerce grande influência no comportamento observável do indivíduo, visto que praticamente toda a sua energia é utilizada no sentido de adquirir as competências básicas para a vida em sociedade. O ponto mais importante a salientar nesta fase da vida, no contexto da teoria psicanalítica, é o conceito de mecanismo de defesa, dos quais se distinguem a negação, a identificação com o agressor, a repressão a sublimação, o deslocamento, a regressão, a racionalização e a projeção. Ainda para Pinheiro (2007), do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, o indivíduo se encontra no estágio de operações concretas, segundo Piaget. A criança se limita ao seu mundo imediato e concretamente real. Para Piaget, nessa época o pensamento é verdadeiramente reorganizado. As crianças começam a ver o mundo com mais realismo, deixando de confundir o real com fantasia. A criança começa a adquirir capacidade de realizar operações – cuja definição é: ação interiorizada, realizada no pensamento, composta por várias ações reversíveis. Lacombe (2002) acredita que num primeiro momento, a criança pensa sem tomar consciência do seu pensamento. Por isso, não consegue, muitas vezes, explicar como chegou a determinada resposta. Depois, por volta dos nove/dez anos, a criança começa um processo de interiorização do pensamento; é a construção do pensamento introspectivo que lhe vai permitir refazer mentalmente as etapas de seu raciocínio, tomando consciência de sua seqüência de pensamento. No início desse período, a criança consegue realizar operações, porém precisa de uma realidade concreta para realizá-las. Um bom exemplo a ser dado, pode ser a experiência dos copos de água. No estágio anterior (préoperatório), a criança não consegue perceber que a quantidade de liquido é a mesma, independente do formato do copo. No estágio operatório, elas já percebem que o volume de água é o mesmo, pois já tem noção de volume, peso, espaço, classificação e operações numéricas. São três as construções lógicas fundamentais deste estágio: • A lógica das classes – relações de semelhança – que vai fazer com que a criança agrupe seus elementos segundo diferentes critérios de semelhança: animais, pessoas, objetos. • A lógica das séries – relações de diferença – permite a ordenação de elementos segundo suas diferenças: tamanho, peso, altura... • As conservações das quantidades numéricas e físicas – construção do conceito de quantidade, independente das alterações espaciais e de forma a que sejam submetidos. Exemplo de conservação numérica: a quantidade 8 é sempre igual, independente dos elementos serem formigas ou girafas Exemplo de conservação de quantidade: uma vez estabelecida a igualdade inicial de “massinha”, esta quantidade, não se altera independente do seu formato, uma “cobra”, um “disco”, ou uma “bola”. Esses conceitos que para os adultos parecem tão óbvios, não são para criança. Para construí-los, a criança precisa abandonar a força da imagem e operar sobre a quantidade, comparando, relacionando, fazendo o caminho inverso. Esses conceitos darão condições a criança de aprender os conteúdos escolares da 1ª à 4ª série do ensino fundamental. Apesar de já conseguir efetuar operações corretamente, precisa ainda de estar em contato com a realidade, por isso seu pensamento é descritivo intuitivo – parte do particular para o geral. A criança já interiorizou algumas regras sociais e morais e, por isso as cumpre, para se proteger. Segundo Carvalho (2006), é nesta fase que a criança começa a dar grande valor ao grupo de pares, por exemplo: começa a sair com os amigos, adquirindo valores como a amizade, companheirismo, partilha, etc...Começam também a aparecer os líderes. Graças a isso, a socialização da criança dá um salto qualitativo. As regras do jogo começam a ser aceitas e respeitadas. Entende-se que o que vale para uma criança também vale para outra, e ainda, que as regras não são absolutas, podendo ser modificadas, recriadas, desde que em comum acordo com os parceiros, mas isso só ocorre a partir dos oito anos. Até essa idade, as regras são consideráveis imutáveis, e do ponto de vista moral, são encaradas como leis, que precisam ser impostas por alguém, como pai e professores. Para Carvalho (2006), a criança progressivamente começa a desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro, o que chamamos de descentralização cognitiva e social. Nessa fase deixa de existir monólogo passando a haver diálogo intenso. O pensamento é cada vez mais estruturado devido ao domínio da linguagem. A criança já tem mais capacidade de estar concentrada e algum tempo interessada em realizar determinada tarefa. Lacombe (2002) acrescenta que ao final deste estágio, o préadolescente vai conseguir discutir e relativizar as normas em função de cada situação. Do ponto de vista moral, pais e professores já não encarnam a lei: são vistos como os representantes da lei e também sujeitos a ela. É preciso que se incentive a autonomia e a autoconfiança da criança diante das situações da vida. A criança que segundo Piaget antes era heteronômica, agora tende a ser autonômica. Aos 11/12 anos, inicia-se um novo estágio, o das operações formais. Essa transição é bem evidente, graças às notáveis diferenças que surgem nas características de pensamento. A condição para a entrada no pensamento formal, é o desenvolvimento do pensamento introspectivo, que permite a tomada de consciência do processo de pensar. É nessa fase, que a criança realiza pensamentos abstratos, não necessitando mais da realidade. O pensamento formal, é caracterizado pela possibilidade de se trabalhar com hipóteses, por isso, chama-se também pensamento hipotético-dedutivo. Lacombe (2002), também afirma que a partir das hipóteses, o adolescente pode confirmá-las ou negá-las, através de raciocínio lógicodedutivo, com todas as variáveis do problema. Para isso, o pensamento deve ter mobilidade: capacidade de juízo critico, de analisar uma situações por vários ângulos, de trabalhar com correlações e implicações. Surge o desenvolvimento da própria identidade, podendo haver problemas de existência e dúvidas entre o certo e o errado. Avaliações das relações afetivas e sociais também acontecem nesse período. A adolescência é caracterizada por aspectos de egocentrismo cognitivo: o adolescente “resolve” todos os problemas sociais, políticos e morais teoricamente, sem buscar confrontar suas hipóteses com a realidade. O adolescente, precisa se sentir autorizado a pensar. Só onde as idéias são favorecidas e as diferenças respeitadas, há o enriquecimento afetivo e cognitivo de seus participantes. A adolescência é, também, um período em que o indivíduo tem que lutar contra o estereótipo social e contra uma autoimagem distorcida dele decorrente. A cultura tende a ver o adolescente como um indivíduo desajeitado, irresponsável e inclinado às mais variadas formas de comportamento antisocial. Por sua vez, o adolescente vai desenvolvendo uma autoimagem que reflete, de alguma forma, esse estereótipo da sociedade. Essa condição indesejável ordinariamente cria conflitos entre pais e filhos, entre o adolescente e a escola, entre o adolescente e a sociedade em geral. A adolescência é o período de grandes sonhos e aspirações, mesmo que não sejam sempre, realistas. De acordo com o próprio Piaget, nessa fase da vida a possibilidade é mais importante do que a realidade. Pinheiro (2007), acredita, que a partir do amadurecimento normal do ser humano é que ele vai aprendendo a discriminar entre o possível e o desejável. Vale ressaltar, que se a criança for suficientemente madura para o seu estágio, ela imitará o modelo de ação utilizado pelos mais velhos, e, por conseqüência, iniciará sua entrada no estágio seguinte. CAPÍTULO 2 LÚDICO “Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” (Drummond) 2.1 Homo faber, homo ludens: Essas duas expressões latinas indicam dois instintos contrários do homem: o de fazer as coisas e o de desfrutar das coisas.. Como diz Camargo, o reino da necessidade e o reino da expressão, o que cria e o que desfruta da criação. O homem para ser faber, em todas as épocas, teve de ser disciplinado, tenso, produtivo. Hoje, ele tem de manter posturas artificiais, nos limites indicados pela sua função exposta no crachá. Enquanto trabalha, não pode se divertir com o mundo exterior, deve estar atento a todos os fatos que possam prejudicar suas tarefas, sabe que a adrenalina aumenta se o chefe se aproximar......O homo faber é tenso! Deve executar também, o maior número de tarefas, em um menor tempo possível. O homo faber é produtivo! Todo trabalhador sabe que sua função exige uma postura específica. Caso seja adequado viver sorrindo, ele o fará; se não convier, ficará sério. O homo faber passou a ser também artificial! Já o homo ludens abomina a disciplina e a rotina. Procura perceber a cor do céu, a expressão no rosto do amigo. O homo ludens é relaxado! O homo ludens sabe que para se divertir, o segredo é deixar passar o tempo, jogando conversa fora, por exemplo, sem sentir remorso. O homo ludens é improdutivo! Para o homo ludens, o que vale é a espontaneidade. Ser divertido, contar piadas, degustar do momento presente. O homo ludens é espontâneo! Segundo Camargo (1998), do homo ludens nasce o faber. O bebê na sua primeira infância é totalmente ludens, procura se exprimir, exercita seus sentidos, sua voz. Aos poucos o homo faber emerge, seja a partir dos objetivos externos à brincadeira, seja por influência dos pais, induzindo o sentido do “dever”. Nossos antepassados também derivaram do ludens, se transformando em faber, para coletar alimentos, construir abrigos ou lutar contra animais selvagens. O que acontece atualmente, é que a capacidade faber do homem continua evoluindo, enquanto a capacidade ludens do homem se atrofia. Ainda segundo Camargo (1998), a nossa civilização teria imensas vantagens, se acreditasse mais no faber que nasce do ludens, sem sentir necessidade de sufocá-lo. Na família e até mesmo na escola, o lúdico, o espontâneo, são sufocados pela artificialidade, pelos gestos controlados, pela preparação precoce para o vestibular e o mercado de trabalho. Resultando em futuros adultos, trabalhando sem nenhuma paixão, aguardando apenas a permissão do ponteiro do relógio para recomeçar a viver. 2.2 Definição do lúdico O termo lúdico vem do latim e cobre todo o terreno do jogo com uma única palavra: ludus. Ludus é alegria e liberdade, abrange os jogos infantis, teatrais e os jogos de azar, refere-se a : brinquedo, jogo, divertimento e passatempo. Huizinga (2001), diz que etimologicamente, a palavra jogo também vem do latim lodo, que significa gracejo e zombaria, que foi empregada no lugar de ludu. Embora ludere, de onde vem ludu e onde deriva diretamente lusus também possa significar “ilusão” e “simulação”. Matos (2006), acrescenta: no italiano gioco, espanhol juego, em francês jeu e em português jogo, a palavra jogo é usada não só para designar os jogos, mas também as brincadeiras. O inglês traz duas palavras: game, que é o jogo organizado e play, que é o jogo sem regras. Portanto, para essas civilizações ludus e jogo significam a mesma coisa e se referem também a brincadeiras. Cabe destacar, que essa palavra não é utilizada com o mesmo significado em todas as civilizações. Para Huizinga, o jogo caracteriza-se por ser voluntário. Quando imposto, não é mais jogo, e sim no máximo, uma imitação forçada, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria. Diz também, que o jogo tem por natureza um ambiente instável. É possível, em qualquer momento adiar ou suspender o jogo. Jamais é imposto pela necessidade física ou pelo dever moral. A qualquer instante, a vida cotidiana “volta ao normal”, seja por um impacto exterior, que interrompa o jogo, ou quebre as regras, ou interior, causado pelo afrouxamento do espírito do jogo, uma desilusão ou desencanto. Segundo Luckesi (2000), o que caracteriza o lúdico “é a experiência de plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos.” A ludicidade como estado de inteireza, de estar pleno naquilo que se faz com prazer, de poder estar presente em diversas situações de nossas vidas. Já Le Boulch (1987), diz que a atividade lúdica representa um gasto de atividade física e mental que não tem finalidade imediatamente útil, nem se quer um objetivo definido, e cuja única razão de ser, para consciência de quem pratica, é o prazer nela encontrado. É oportuno falarmos em Feijó (1998), para evidenciar a importância do lúdico no desenvolvimento cognitivo psicomotor e psicológico da criança: “O lúdico passou a ser reconhecido como um traço essencial da psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição de lúdico deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade de lúdico extrapolam as demarcações do brincar espontâneo. O lúdico é uma das necessidades básicas de personalidade, do corpo e da mente. [...] Faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana [...] Este traço o coloca no mesmo grupo de todas as outras necessidades da pessoa, [...] tão essencial quanto respirar e receber afeto.” (p.67) A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. Tem como características a espontaneidade, funcionalidade e satisfação. Uma vez funcional, o lúdico não pode ser confundido com simples repetição, com monotonia do comportamento cíclico, sem alvo ou objetivo aparente. No lúdico não importa apenas o produto da atividade, mas a própria ação, o momento vivido, possibilitando a quem vivencia momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e realidade, momentos da vida. As manifestações lúdicas podem ser caracterizadas por jogos, festas, brincadeiras, danças e por outras inúmeras e inesperadas expressões culturais, não necessitando de lugares ou momentos “privilegiados” para ocorrer, podendo acontecer na fila do supermercado, numa reunião de negócios ou numa sala de aula. Percebe-se com isso que as experiências lúdicas são permeadas por elementos íntimos e próprios de cada sujeito, de forma subjetiva, não se encontrando no outro, no objeto ou no ambiente. É possível que um jogo ou um teatro, possa ser extremamente prazeroso para uns e entediante para outros. Conclui-se então, que se trata de uma manifestação que envolve o gosto, o desejo, a vontade do sujeito, tornando-a única, ao ser contemplada. As vivências lúdicas podem ocorrer também no encontro com outros sujeitos, caracterizando-se por momentos de diálogo, construção de regras, onde os envolvidos participam em conjunto do processo de permitir, desejar, decidir e realizar em contextos diferentes. Em suma, o lúdico em seus aspectos fundamentais, caracteriza-se por: X Ser um fim em si mesmo, tendo como objetivo uma vivência prazerosa de sua atividade. É o “gosto porque gosto” que as crianças tanto usam para expressar suas preferências; X Ser espontâneo , diferindo de qualquer atividade imposta; X Pertencer à dimensão do sonho, da sensibilidade. Relacionase mais com o principio do prazer, que com o da realidade. Infelizmente vivenciar os sonhos e os desejos tornou sinônimo de imaturidade ou inadaptação. X Basear-se na atualidade, favorecendo a construção do futuro a partir do presente. O hoje será apenas a semente que germinará o amanhã, e não a preparação para um futuro inexistente. X Privilegiar a criatividade, inventividade e imaginação, não comportando com isso, regras preestabelecidas. 2.3 Um pouco de Piaget Até o início do século xx, acreditava-se que qualquer diferença entre os processos cognitvos de crianças e adultos era, sobretudo de grau: os adultos eram superiores mentalmente, assim como eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos básicos ao longo da vida eram os mesmos. Piaget, a partir de observações com seus filhos e com outras crianças, concluiu que em várias questões as crianças não pensam como adultos, por lhes faltarem certas habilidades, não somente em grau, como em classe. Surge então a teoria do desenvolvimento cognitivo, que pressupõe, que os indivíduos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. São pressupostos básicos dessa teoria: o interacionismo, a idéia do construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento. Por ser concebida como ser dinâmico, a criança interage a todo momento com o ambiente. Essa interação faz com que se construam estruturas mentais, e acontece a partir de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio. A adaptação, que pode ser definida como desenvolvimento da inteligência, ocorre através da assimilação (incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes) e da acomodação (modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo). Por construtivismo seqüencial entende-se que é a construção da inteligência através de etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. Para Piaget, há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo: 1) Sensório-motor – que vai do nascimento até os dois anos. Nessa fase, a criança adquire a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações vantajosas ou prazerosas. A inteligência trabalha através das percepções e das ações e através de deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência iminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase (uma palavra representando uma frase inteira). Sua conduta social é de isolamento e indiferenciação. 2) Pré-operatório – vai dos 2 aos 7 anos, e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação por meio de símbolos. A criança continua ainda egocêntrica, ou seja, não consegue se colocar na perspectiva do outro. Existe um caráter lúdico do pensamento e a irreversibilidade também está presente (a criança não compreende a existência de fenômenos reversíveis). No entanto, já é capaz de organizar coleções e conjuntos, sem incluir conjuntos menores em conjuntos maiores. Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa, mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro. 3) Operatório concreto - 7 aos 11 anos, aproximadamente. O indivíduo consolida as conservações de número, substância, volume e peso. Existe a noção de reversibilidade das coisas. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho, incluindo conjuntos. Sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras e são fiéis a elas. A conversação é possível mas,não podem ainda discutir pontos de vista, para chegar a uma conclusão comum. 4) Operatório abstrato ou formal - dos 11 anos em diante. É o ápice da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. A partir dessa estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê ao nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua relação grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade. A grande novidade é que o sujeito torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre proposições em que ainda não acredita, que considere puras hipóteses. Piaget acredita, que a educação deve provocar a atividade, estimular a busca pelo conhecimento, possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico. Propondo atividades desafiadoras, que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas. Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança e nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas sim, como resultado de uma interação, onde o sujeito é sempre elemento ativo. Apesar de não propor um método, ele acredita que os conteúdos de ensino servem como instrumentos que vão levar ao desenvolvimento evolutivo natural do aluno e principalmente que os objetivos pedagógicos devem estar centrados no aluno. Os objetivos da educação estão centrados na formação de homens criativos, inventivos e descobridores, de pessoas críticas e ativas, e em busca constante da autonomia. A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva, construída internamente, que depende do nível de desenvolvimento do sujeito ( ou seja, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver, ou mesmo que tenha essas condições, ela não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos) , e que é favorecida pela interação social. A teoria piagetiana considera o erro não como um fracasso, mas como um indicador positivo de que o aluno ainda não aprendeu ou em que fase se encontra em relação à constituição de determinado conhecimento. A isso chama-se erro construtivo. Quando Piaget fala que um dos objetivos da educação deve ser a busca da autonomia não está se referindo a um isolamento. Na verdade, ser autônomo significa estar apto a cooperativamente construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo, significa o indivíduo ser governado por si próprio. A constituição da autonomia se desenvolve junto com o processo de desenvolvimento de autoconsciência. No início, a inteligência está calcada em atividades motoras, centradas no próprio indivíduo, numa relação egocêntrica; nessa fase a criança joga consigo mesmo, não precisa compartilhar nada. É o estado de anomia. No desenvolvimento e na complexificação das ações, o indivíduo reconhece a existência do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de hierarquia. O controle está centrado no outro, existe uma relação de heteronomia. Nesse caso a regra é externa, e, portanto sagrada. A consciência centrada no outro anula a ação do indivíduo como sujeito. Na medida em que os indivíduos decidem com igualdade, as pressões que exercem uns sobre os outros se tornam colaterais. E, para que surja a autonomia adquirida pela moral, é necessária essa cooperação progressiva. Portanto, o respeito mútuo aparece como condição necessária da autonomia, sobre seu duplo aspecto intelectual e moral. Falando um pouco sobre as atividades lúdicas, elas são o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, indispensável à prática educativa. Por isso, Piaget acredita que o jogo é essencial na vida da criança. Descreve então, quatro estruturas básicas de jogos infantis, que vão se sucedendo e se sobrepondo: de início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma situação por puro prazer. Entre os 2 e 6 anos aproximadamente, ocorrem os jogos simbólicos ou dramáticos e jogos de construção, que satisfazem a necessidade da criança de relembrar o que aconteceu e de executar a representação também. Após esse período surgem os jogos de regras, que é quando a criança aprende a lidar com a delimitação, no espaço, no tempo, no tipo de atividade válida, o que pode ou não fazer e que são transmitidos de criança para criança. Sua importância aumenta de acordo com o desenvolvimento social da criança. Para Piaget, o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que ao jogar , a criança assimila e pode transformar a realidade. Conhecer sua obra, pode ajudar o professor a tornar seu trabalho mais eficiente, elaborando atividades de acordo com o estágio de desenvolvimento (importante lembrar que as idades são meros parâmetros e não são fixas), percebendo que educar não é transmitir conteúdos e que o intelecto é formado por esquemas capacitados a evoluir e se tornar progressivamente mais complexos, onde a inteligência é formada pela ação do sujeito sobre o objeto, numa espécie de dialogo entre as estruturas internas e a realidade externa. 2.4 Sobre Vygotsky Vygotsky estabelece uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem, atribuindo-lhe uma grande importância. Para esclarecer melhor essa importância, vamos apresentar algumas idéias de sua teoria do desenvolvimento cognitvo. A principal idéia é que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Diferentemente de Piaget, ele não estabelece estágios para explicar o desenvolvimento, e o sujeito não é ativo, nem passivo, ele é interativo. A criança se desenvolve a partir de interações sociais com pessoas que mantém contato regular. Aprendem a regra do jogo, através dos outros e não como resultado de um engajamento individual na solução de problemas. Outro ponto importante é o conceito de Zona de desenvolvimento proximal, que é a diferença entre o desenvolvimento atual, já adquirido da criança (zona de desenvolvimento real) e o nível que atinge quando resolve os problemas com auxílio de outras pessoas que já tenham adquirido o conhecimento (zona de desenvolvimento potencial). Zona de Desenvolvimento real Zona de desenvolvimento potencial ________I_____Zona de desenvolvimento proximal________I________ Vygotsky (1979), afirma que no desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um papel de primeira importância. Põem em evidência as qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções maduras, mas as funções em vias de maturação. Na visão sócio-histórica, a brincadeira e o jogo são atividades específicas da infância, onde a criança pode recriar a realidade usando sistemas simbólicos. Participando assim de um contexto social e cultural. Não é o caráter de espontaneidade do jogo que favorece o desenvolvimento da criança, e sim o exercício no plano da imaginação de planejar, imaginar diversas situações, representar papéis do cotidiano, bem como, o caráter social das situações lúdicas, os seus conteúdos e regras inerentes à cada situação. A partir do jogo, cria-se uma zona de desenvolvimento proximal, e sob orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz, a criança consegue resolver um problema, atingindo a zona de desenvolvimento potencial. Porém vale ressaltar que não são todos os jogos que possibilitarão a criação de uma zona de desenvolvimento proximal, assim como nem todo ensino o consegue. Há também no jogo um elemento de grande importância para a criança: a situação imaginária, que tem relação estreita com a vivenciada até então. Ele afirma que durante os jogos, a criança reproduz muito mais do que aquilo que viu. “Todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança desempenha a imitação, com muita freqüência estes jogos são apenas um eco de que as crianças viram e escutaram aos adultos, não obstante estes elementos da sua experiência anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente igual e como acontecem na realidade. O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança”. (Vygotsky, 1999,p.12) Vygotsky, classifica o brincar em algumas fases: na primeira fase, a criança começa a se distanciar do seu meio social, representado pela mãe. Movimenta-se em volta das coisas, começa a andar e falar. Essa fase dura até aproximadamente os 7 anos. A segunda fase, caracteriza-se pela imitação e pela cópia dos modelos dos adultos. E a terceira e última fase, é marcada por convenções que surgem de regras. O professor deve conhecer a teoria de Vygotsky, para que possa oferecer brincadeiras de acordo com a zona de desenvolvimento em que a criança se encontra, adequando às suas necessidades e capacidades, possibilitando enfim que a criança passe do que sabe fazer para o que ainda não sabe. 2.5 Algumas diferenças entre Piaget e Vygotsky Um dos pontos divergentes entre as duas teorias esta centrado na concepção do desenvolvimento. Para Piaget, o nível mental atingido pelo sujeito, determina o que o sujeito pode fazer. E Vygotsky, afirma que o processo em formação pode ser concluído através da ajuda oferecida ao sujeito na realização de uma tarefa. Piaget não aceita ajuda de outra pessoa em provas com o sujeito, por considerá-las inviáveis para detectar a evolução mental, enquanto Vygotsky, não só as aceita, como considera fundamental para a evolução. Para Piaget o nível de desenvolvimento é considerado um limite para adequar o conteúdo de ensino; para Vygotsky, o que precisa ser estabelecido é uma seqüência que permita ao aluno progredir, impulsionando ao longo de novas aquisições. Graças a isso, Vygotsky afirma que a aprendizagem vai à frente do desenvolvimento. A partir do contato com uma pessoa mais experiente e com quadro histórico cultural, as potencialidades do aprendiz são transformadas em situações que ativam nele esquemas cognitivos ou comportamentais, num processo dialético contínuo. Acreditando nisso, ele diz que a escola deveria dirigir o ensino para etapas ainda não alcançadas pelo aluno, incentivando novas conquistas por parte do aluno. Segundo Piaget, a imaginação da criança não é mais que uma atividade deformante da realidade, para Vygotsky a criança cria a partir do que conhece, das oportunidades do meio e em função de suas necessidades e preferências. No jogo, Piaget acredita predominar a assimilação, ou seja, a criança assimila no jogo o que percebe da realidade e sendo assim, o jogo não é determinante nas modificações das estruturas já constituídas. E para Vygotsky, o jogo proporciona alterações das estruturas. Para finalizar, segundo as concepções de Vygotsky, não basta apenas deixar a criança brincar, mas sim, ajudá-las a brincar e até mesmo, ensiná-las a brincar. CAPÍTULO 3 BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA ESCOLA “É no brincar, e somente no brincar que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral; e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu.” ( Winnicott) 3.1 Importância do jogo no desenvolvimento da criança Segundo Le Boulch (1987), atividade lúdica representa gasto de atividade física e mental, que não têm finalidade imediatamente útil, nem sequer objetivo definido, e cuja única razão de ser, é o próprio prazer nela encontrado. E jogo é toda atividade despendida de finalidade exterior a ela mesma, pelo prazer. O jogo é comum ao homem e ao animal; suas manifestações mais primitivas são descargas motoras, como gritos, corridas, gesticulações diversas. O jogo no humano é bem diferente daquele dos animais, não se limitando a simples descargas motoras e nem a atividades de exploração do meio. Na atividade lúdica, é a função de simulação que representa o nível mais elevado da função cognitiva. Pela imaginação e atividade criadora, o homem pode evadir-se da realidade e do presente. Porém, o jogo como atividade adaptativa, pode realizar um certo equilíbrio entre o mundo interior e exterior . Sendo assim, o jogo aparece como um modo de expressão, revelando desejos, temores, frustrações, obsessões da criança e até mesmo do adulto. Como diz Le Boulch (1987): “O jogo pode, sob este aspecto, ser considerado como uma desforra do principio de prazer sobre o principio da realidade. Se, por um lado, o jogo não tem significação relacionada à adaptação, por outro ele nada possui de uma atividade verdadeiramente “gratuita”, pois há no jogo uma estrutura e um sentido que o convertem numa forma involuntária de linguagem, conferindo-lhe assim um valor simbólico.”(p.49) No jogo, a criança tem oportunidade de estruturar seu esquema corporal, sua relação com espaço e tempo, ampliar a utilização do perceptivo motor e ainda estampar a afetividade, desencadeando suas emoções. É brincando que a criança aprende a trabalhar suas frustrações, na medida em que perde ou ganha. Esse fator se torna inerente ao crescimento e fortalece emocionalmente o indivíduo e suas relações com o outro. O brincar é um ato social. Para Macedo (1994), no contexto do jogo, a criança pode encontrar tempo e espaço para pensar, ou seja, a construção de um saber por uma criança, pode ser considerada como produto de um “ócio digno”. Piaget (1975) acredita que o lúdico está presente no jogo, mas faz a separação entre ambos. Assim, o jogo em seu desenvolvimento aparece como jogo de exercício, depois se torna simbólico, jogo com regras, e então jogo de construção. Apesar da divisão, sabemos que mesmo um jogo de regras pode apresentar características dos jogos de exercício ou simbólico. Quando se descobre uma boa jogada, e ela é repetida pelo simples prazer funcional, ou quando há fantasia enquanto se joga. No jogo de exercício, há o prazer funcional, o trabalho é visto como algo que produz satisfação. O jogo consiste em rituais ou manipulações de objetos em função dos desejos e hábitos motores da criança. Observa-se um prazer em exercitar o que já foi aprendido. No jogo simbólico, aparece o faz-de-conta, existe a possibilidade de experimentar papéis, recriar situações. Há uma liberdade de regras, desenvolvimento da imaginação e fantasia, ausência de objetivo e de uma lógica da realidade. Barbosa (2006), afirma que no jogo de regras, a criança passa por restrições, limites. As obrigações são impostas por intermédio das relações de reciprocidade e cooperação do grupo. A criança pode criar e recriar regras. Esse tipo de jogo é necessário então, para o desenvolvimento de regras sociais, culturais, de comportamento e de valores morais. Uma vez que se faz imprescindível a socialização, o seu aparecimento é tardio, e intensifica-se dos sete aos onze anos. As estratégias de ação, tomadas de decisão, análise dos erros, lidar com perdas e ganhos, replanejar jogadas em função dos movimentos dos adversários, tudo isso é importante para o desenvolvimento cognitivo de cada pessoa. O jogo provoca conflitos internos e a necessidade de buscar saídas. A partir desses conflitos, o pensamento sai enriquecido, reestruturado e pronto para lidar com novas transformações. No caso da Matemática, como exemplifica Macedo, o jogo de regras possibilita relações quantitativas, lógicas, construções de raciocínios e demonstrações, questionamentos de “como” e do “porque”, dos erros e acertos. Os jogos de construção permitem a reconstrução do real. Esses jogos nos remetem à vida social, à vida de trabalho e à vida adaptativa. Depende da imaginação da criança, onde ela pode “ser grande” antes de sê-lo, a partir do desenho, do faz-de-conta. O gozo no jogo de construção é definido pelas vivencias do processo e do resultado a que se chega. Ainda tendo como exemplo a Matemática, o jogo de construção possibilita uma problematização, enriquecida através de estabelecimento de relações e necessidades, que podem ser tratadas como solução de dificuldades a serem superadas no contexto do jogo. Diferente do jogo de regras, cuja problematização é limitada pela própria regra. Para Piaget (1975), o jogo faz parte do desenvolvimento da inteligência, sendo um agente muito importante das relações da criança com o meio, no sentido de alcançar o equilíbrio diante de um processo de desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Para o mesmo autor, deve ser dado à criança o direito de escolher materiais, brinquedos que ela vai utilizar e também as atividades que quer participar. Ao lidar com o lúdico através de situações imaginárias, ou seja, do faz de conta, a criança experimenta diversos papéis sociais, que são representações das situações reais vivenciadas por ela ou representações baseadas na observação do mundo dos adultos. É também o espaço, onde ela expressa suas fantasias, desejos, medos, sentimentos agressivos e conhecimentos adquiridos ao longo de sua existência. Não podemos esquecer a teoria de Vygotsky, que diz que a criança ao chegar à escola, traz consigo uma “bagagem de conhecimento” adquirida em suas experiências vividas no contexto em que se insere. Certamente esse conteúdo será exteriorizado através do jogo, possibilitando uma inter-relação entre os iguais e a troca de experiências que resultará em maior desenvolvimento. Segundo Bustamante (2004), as vivências lúdicas que ocorrem no encontro com outros sujeitos, podem se caracterizar por momentos de diálogo, construções de regras, onde os envolvidos participam juntos do processo de permitir, desejar, decidir em diferentes contextos. E exposição de desejos, capacidades e dificuldades pessoais pode constituir um exercício de liberdade. A heterogeneidade no grupo possibilita o reconhecimento do outro enquanto sujeito que também sonha, deseja e possui os mesmos defeitos. As vivências lúdicas, marcadas pelo encontro consigo mesmo, possibilitam reflexões e ações nos quais o sujeito “escuta” a si próprio em busca de uma realização pessoal. Permitem também ao sujeito, se colocar em contato com seus limites, capacidades, sentimentos, sendo satisfeito pela possibilidade de criação de suas próprias ações. As vivências espontâneas, gratuitas do sujeito, podem expor ou questionar elementos do próprio contexto em que vive. Portanto, momentos alegres, prazerosos, podem estar entrelaçados com manifestações de inquietude, insatisfações, carências, relacionados à realidade na qual o sujeito vive. Bustamante (2004), também afirma que a experiência lúdica realizada nos espaços relacionados a atividades obrigatórias, como no trabalho, na escola, em atividades físicas e esportivas, pode assumir perspectivas funcionalistas e utilitaristas, visando bem-estar, contentamento, diversão para que a produção continue ou melhore. Nunes (2004), aponta algumas razões para utilização de atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem, entre elas: X As atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança, satisfazendo uma necessidade interior, já que o ser humano sempre apresentou uma tendência lúdica; X O lúdico apresenta dois elementos: prazer e esforço espontâneo. O prazer porque tem a capacidade de absorver o indivíduo de forma total e intensa, criando um clima de entusiasmo, o que gera uma esfera motivacional. Em virtude desse clima, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para a consecução dos objetivos; X As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento; X As atividades lúdicas integram as varias dimensões da personalidade: cognitiva, motora e afetiva. As duas primeiras são atingidas a partir de atividades mentais e físicas e a última, surge na medida em que há um envolvimento emocional. Percebe-se então, que o ser que brinca e joga, é também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. Em geral, desenvolve-se o jogo pedagógico com intenção explícita de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade, ou de uma aptidão cognitiva ou apreciativa específica, que possibilita a compreensão e intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais. Murcia (2005), diz que o jogo educativo é proposto pelo adulto com uma intenção dirigida, seletivamente para um ou vários fatores situados no terreno cognitivo, afetivo, social, motor, preparação para vida pessoal e social, favorecendo portanto, o desenvolvimento integral do indivíduo, sendo um excelente meio favorecedor de toda aprendizagem. Acrescenta ainda, que o jogo como meio educativo funciona porque além da satisfação dos jogadores, deixa uma sobra que se acumula em forma de ensinamentos, que os participantes vão assimilando e que um dia serão úteis. Para Murcia (2005), o jogo converte-se no melhor recurso para obter informações sobre os alunos e verificar se eles adquiriram as aprendizagens definidas pelos critérios de avaliação. Porém, não podemos esquecer que nem todas as crianças têm a possibilidade de vivenciar experiências lúdicas. Como bem nos mostra Bustamante (2004), enfatizando que há dois fatores que podem provocar o furto do lúdico da vida da criança brasileira. O primeiro deles é a preparação para o futuro, iniciada na infância, baseado numa visão utilitarista da sociedade. Onde as crianças são inseridas em cursos que poderão facilitar a futura profissão. Nesse sentido, brincadeira, festa e diversão são vistos como tempo não sério, abstrato de significados e contribuições para formação humana. O segundo fator, é o trabalho infantil. Infelizmente, grande parte da população infantil brasileira tem necessidade de trabalhar para ajudar no orçamento familiar. Percebe-se também uma precoce maturidade, seja por ter de assumir responsabilidades trabalhando, seja por ter de cuidar de irmãos mais novos, ou até mesmo filhos. Nota-se que dever e prazer podem ser conjugados e vivenciados em sala de aula, não havendo uma valorização maior de um, em detrimento do outro. E que a escola apesar de educar para o trabalho, pode trabalhar numa perspectiva mais crítica e criativa, onde os futuros trabalhadores poderão buscar experiências prazerosas em seu ambiente profissional. A escola pode, e até mesmo, deve, enfatizar que a infância e a adolescência, não são preparações para a vida adulta ou para o trabalho, mas um tempo rico de experiências próprias, reveladoras e prazerosas. 3.2 Jogos em aula O lúdico é para crianças, adolescentes e adultos, uma possibilidade de desenvolver o afetivo, o motor, cognitivo, o social, o moral e possibilita também a aprendizagem de conceitos. Ao falarmos em jogos na educação, aparecem duas correntes: há autores que destacam sua importância e outros que apontam seus limites e cuidados. Essa informação é relevante, na medida em que nos faz pensar que jogo deve ser usado de maneira correta e não como forma de substituição da realidade. A escola atual, com o perfil – educação para o trabalho -, controlando o tempo e o espaço dos alunos, acaba por formar sujeitos não estimulados a criar, ousar, fazer suas próprias escolhas, questionar, realizar-se enquanto seres humanos que possuem desejos e vontades, experimentando a liberdade, espontaneidade, gratuidade e alegria. Para essa educação não há espaço para o lúdico, o prazer em ensinar e aprender é limitado. Apesar disso, Bustamante (2004) acredita que mesmo a escola utilizando ferramentas que dificultem e limitem as manifestações lúdicas, estas vão estar sempre presentes, até mesmo como forma de resistir às coações existentes. Para Barbosa (2006), trabalhar o lúdico em sua proposta pedagógica requer conhecimento sobre seu significado, função e importância para a aprendizagem. Caso contrário, a aprendizagem prazerosa através do jogo se confundiria com momentos induzidos pelo professor, ou com atividades prontas. Nunes (2004), nos fala que o jogo no processo de ensino-aprendizagem somente tem validade se for usado na hora certa, e essa hora é determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do educando e pelo objetivo proposto. Enfatiza ainda, que nunca deve se introduzir um jogo antes que o aluno revele maturidade para superar seu desafio ou quando o aluno apresentar cansaço pela atividade ou tédio por seus resultados. Kuwahara (2004) ressalta, que se faz importante entender o lugar que o jogo ocupa para que possa ser empregado de forma adequada. Ele só é educativo, quando o educador o desenvolve com objetivo e intencionalidade. Oliveira e Vargas (2006) quanto à função do educador, dizem que ele tem um papel importante no desenvolvimento de atividades lúdicas. Para isso, ele deve ter conhecimento teórico, objetivos bem definidos e principalmente deve passar por suas próprias vivências corporais, a fim de obter o autoconhecimento e a auto-consciencia, para só então entender o que a criança vive. Sendo assim, o adulto conseguirá intervir no jogo de maneira adequada, sem projetar-se. Segundo Murcia (2005), o educador deve ser animado, um professor aberto, flexível, motivador, buscando desafiar e dialogar. Ao longo das sessões deve conseguir com que prevaleçam os interesses do grupo. Deve também instigar os alunos a criarem novos jogos ou inventarem variantes, possibilitando que os jogos se tornem mais complexos e variados, e permitir acima de tudo, que todas as pessoas se sintam incluídas e participantes na construção de situações lúdicas. Para Almeida, uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou brincadeiras. O que traz ludicidade para sala de aula é muito mais uma atitude lúdica do educador e dos educandos. Essa postura implica, como já foi dito, sensibilidade, envolvimento, mudança interna, cognitiva e principalmente afetiva. Em uma sala de aula ludicamente inspirada convive-se com a aleatoriedade, descentralização do papel do professor, reconhecimento do papel ativo do aluno nas situações de ensino, estimulação de criatividade e espontaneidade constantemente. São exemplos de atividades lúdicas: dinâmicas de grupo, trabalhos de recorte e colagem, jogos dramáticos, exercícios de relaxamento e respiração, cirando, movimentos e atividades rítmicas, entre outras. Fortuna (2003), afirma que aprende-se a jogar em sala de aula, e isto vale tanto para os alunos quanto para o professor. No inicio é difícil, parece que os alunos não levam a sério, ou vêem como sem sentido as atividades propostas, e o professor facilmente didatiza o jogo. A agitação, o barulho e a aparente desordem concorrem para dissuadir o professor que quer dar uma aula lúdica, mas é preciso manter a confiança no potencial pedagógico dos jogos e renunciar ao controle onipresente da turma. Jogando, alunos e professores são instigados a saber mais, em diferentes áreas e níveis de complexidade, devido às exigências do próprio jogo. No jogo, o jogador enfrenta desafios, testa limites, formula hipóteses e soluciona problemas, alem de se ter de haver com regras a serem obedecidas e mesmo estabelecidas. Em uma época em que a principal queixa dos educadores é a indisciplina escolar, o que mais faz a escola a respeito, senão ameaçar e punir, pedir atenção e silêncio? A atividade lúdica na sala de aula apresenta-se como uma alternativa para repensar as relações de ensinoaprendizagem e com os conteúdos escolares, instaurando uma nova ordem pedagógica onde a aprendizagem pelo brincar inclui lidar com os limites que são testados, ultrapassados, estabelecidos e exigidos. O reconhecimento do lúdico como expressão cultural permeado de significados, inserida nas práticas escolares pode ser realmente uma tarefa difícil, mas como diz Bustamante (2004), vale a pena refletir sobre as possibilidades e implicações dessa manifestação humana: X Para o ensino de determinados temas, é extremamente importante que o discurso do professor reflita em suas ações, ou seja, os professores não podem transmitir às crianças a conveniência do trabalho cooperativo, se eles não praticam em seu próprio trabalho; X Uma vez que o professor utilize propostas pedagógicas lúdicas, é fundamental que ele brinque, e para brincar, ele precisa se colocar no jogo, vivenciando momentos de troca e de alegria; X A partir da convivência, permitimos conhecer o outro, suas particularidades, expressões culturais, construindo relações solidárias, de respeito e prazer; X É preciso conhecer quem a escola está educando; aproximar conteúdos escolares dos conhecimentos e experiências vividas, considerar laços culturais particulares dos alunos, gerando assim, interesse e motivação para a aprendizagem; X É necessária a criação de espaços para diálogos, possibilitando o ato de conversar, a troca com o outro, onde informações são transmitidas e armazenadas. Ampliando conhecimentos e renovando a nossa vivência particular e a coletividade. As diferenças entre os sujeitos podem aparecer, precisando haver respeito entre eles e uma combinação de limites e possibilidades, exercitando assim a liberdade. Através do diálogo, o professor pode se apresentar enquanto ser humano que também tem sentimentos, sonhos, vontades, favorecendo uma relação menos hierárquica e mais próxima entre aluno e professor. Entendemos, a partir dos princípios aqui expostos, que o professor deverá contemplar a brincadeira como princípio norteador das atividades didático-pedagógicas, possibilitando às manifestações corporais encontrarem significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o mundo. Porém essa perspectiva não é tão fácil de ser adotada na prática. Podemos nos perguntar: como colocar em prática uma proposta de educação infantil em que as crianças desenvolvam, construam/adquiram conhecimentos e se tornem autônomas e cooperativas? Como professores favorecerão a construção de conhecimentos se não forem desafiados a construírem os seus? 3.3 Sugestões de atividades lúdicas para o âmbito escolar 3.3.1 BOCA DE FORNO: “Boca de forno – forno – darei um bolo – bolo – fareis tudo que seu rei mandar? – Faremos. – Então, corram até......” (e aí surge a ordem para o cumprimento de qualquer tarefa). Uma criança comanda e as demais cumprem as tarefas o mais rapidamente possível. Aquele que comanda reveza o cargo com os demais. Para que este brinquedo incorpore aspectos mais voltados para o desenvolvimento da criança em níveis cada vez mais elevados, pode-se, por exemplo, sugerir o cumprimento das tarefas em grupos, em forma de gincana. Outra maneira seria solicitar as tarefas de maneira que a criança tivesse que utilizar noções de seriação e classificação. Por exemplo, o professor comandaria a atividade e solicitaria que trouxessem objetos de uma certa cor, de um certo peso, tamanho, etc. Todo conhecimento lógico-matemático da criança forma-se basicamente a partir da atividade de classificar e seriar. Quando pede-se às crianças que busquem objetos redondos não verdes, a criança estará classificando os elementos entre as classes dos redondos, os que não são verdes. Essa tarefa parece fácil, mas para quem acabou de adquirir essas noções, é algo muito complexo, considerando-se que a tarefa consiste em realizar ações com rapidez. Ou seja, não há tempo para pôr-se a pensar na solução do problema, o que torna o conhecimento corporal dos objetos extremamente importante e associado ao conhecimento conceitual de classes. Para cada situação específica do jogo, o sujeito tem de formar esquemas ou combinações particulares. 3.3.2 FUTEBOL AOS PARES: Mais aplicável aos alunos mais velhos, de 10 anos em diante. É realizado por duplas que entrelaçam os braços e assim jogam o tempo todo. De um lado metade das crianças formam duplas; do outro lado as crianças restantes também jogam em duplas. Até os goleiros permanecem nessa formação. O professor sugere apenas algumas bases de organização do jogo. Todas as demais regras são de competência dos alunos. Apesar de poder ser praticado com as regras do futebol, acontecem situações tão imprevistas que regras diferentes das convencionais são inventadas a todo instante. Quando houver um impasse, com relação as regras, o professor deve agir como mediador para facilitar a solução. Esse jogo é bastante divertido e tem uma característica especial: não privilegia apenas os mais hábeis em futebol. 3.3.3 PULAR CORDA: Uma simples atividade como pular corda, pode se relacionar com o aprendizado de diversos conteúdos. Por exemplo: 1. A criança entra e pula a corda dizendo, em correspondência com os saltos, as sílabas de uma palavra que escolha ou que seja proposta pelo professor (nome de animais, frutas, cores, capitais...) É possível que a criança cometa erros frequentemente, porque o ritmo da corda não lhe permitirá pensar muito antes de agir. Porém, sendo tantas as crianças que brincam, a ação de um corrige a da outra e, em cada tentativa, elas tentarão corrigir erros percebidos na ação anterior, ajudadas pela reflexão nos intervalos entre uma ação e outra. O que consiste em erro para os adultos, nem sempre é para as crianças. Damos muito valor ao produto apresentado (nas palavras escritas, nos resultados de operações matemáticas, nos saltos realizados), mas não conseguimos enxergar sua produção (o que fazem para chegar ao resultado). Tão ou mais importante que o resultado é o que fazem para chegar a ele, o raciocínio, as coordenações motoras. 2. Outra forma, é a composição de palavras pulando corda. A cada criança deve se atribuir uma letra. Deve-se atentar porque algumas letras aparecem mais, como “L” e “A”, por exemplo, escolhe-se, então, mais de uma criança responsável por essas letras, em contrapartida letras como “Z”, podem ser excluídas. Em seguida, enquanto duas crianças batem corda, o professor deverá falar uma palavra, caderno, por exemplo. A criança correspondente a letra “C” entra e pula corda, depois a letra “A”, e assim sucessivamente, até completar toda a palavra. Pode-se trabalhar também a socialização, pedindo que todas as crianças que formem a palavra escolhida, entrem e pulem corda ao mesmo tempo, se possível de mãos dadas. 3. Uma outra sugestão seria pular corda e realizar operações matemáticas. Uma criança entra na corda, pula uma vez e grita “um”. A segunda entra, pula duas vezes e grita “dois”, e assim por diante, até a atividade se tornar cansativa, ou até alguém errar. A cada erro a contagem recomeça. Pode-se pular mencionando só os números pares ou ímpares, múltiplos. Os exemplos foram dados com corda, mas seria possível realizá-los com bolas, bastões, arcos, latinhas, etc. 3.3.4 JOGOS COM A MATEMÁTICA EM SALA: 1. O professor pedirá que a turma se divida em grupos de acordo com o número de colunas de carteiras existentes na sala de aula. Os alunos estarão de pé, ao lado de suas carteiras. O professor anunciará uma operação matemática, cujo resultado final de um número de um algarismo. Ex: 3 x 5 – 12 = Os alunos, em grupo, resolvem mentalmente a expressão e agrupam-se em círculo, na frente se sua coluna, dando os braços entre si, de acordo com o resultado (no exemplo acima, apenas 3 alunos devem estar com os braços dados). Os alunos que sobrarão podem se movimentar evitando que as outras equipes observem o resultado. Vencerá a equipe que responder a expressão corretamente no menor tempo possível. 2. Outra atividade que pode ser feita é a seguinte: A turma será dividida em grupos, que formaram uma fileira. O professor deverá escrever várias contas no quadro negro, onde um componente de uma expressão será o resultado da anterior. Por exemplo: 6x4=a A +77=b B – 25 = c Cx4=d D / 2 = resultado final Cada aluno do grupo será responsável pela realização de uma conta. É importante que o professor, trabalhe com as operações já ensinadas, e que crie uma expressão, pelo menos, para cada integrante do grupo. Vencerá a equipe, que chegar ao resultado correto, no menor tempo possível. CONCLUSÃO Sabemos que o mundo escolar atual é um mundo marcado pela preparação para o futuro, pela importância das atividades adultas e pela homogeneização dos sujeitos abstraídos em um ideal de futuro cidadão, onde imperem a racionalidade, a produtividade, a competição, a responsabilidade e até mesmo o terrorismo, causado pelas notas, onde o lúdico é banido da vida das crianças. Entendendo o lúdico como espontaneidade, prazer, alegria, a não racionalidade, banir o lúdico, seria como excluir o direito da criança em ser criança. E não acredito que esse seja um dos objetivos da educação. A partir dos objetivos propostos pelo PCN, que visam formar um cidadão autônomo, crítico e participativo, acredito que o lúdico seria de grande valia no desenvolvimento desses valores. Na faixa etária escolhida, o aluno está reorganizando seu pensamento, aprendendo a “ver o mundo com seus próprios olhos”, formulando e respondendo hipóteses, ou seja, nessa faixa etária, nós professores, poderemos induzir nossos alunos a serem meros robôs reprodutivos ou pessoas com uma visão mais crítica do mundo, aprendendo a produzir e não a reproduzir conhecimentos. E o objetivo do trabalho, foi justamente tentar apresentar os benefícios que as atividades lúdicas aplicadas em sala podem trazer aos alunos. Desde o estímulo a desenvolver novas habilidades, novos conhecimentos, até seu aperfeiçoamento, do desenvolvimento da linguagem e de relações interpessoais ao próprio autoconhecimento do aluno, da criatividade à autonomia. Vale ressaltar que a criança quando age com liberdade e autonomia suficientes para manter os êxitos da ação ou para corrigir os erros, volta atenção para o que fez, elevando portanto, seu nível de compreensão das ações realizadas. A partir do lúdico, do jogo, a criança mostra quem realmente é, suas angústias e frustrações, alegrias e desejos, permitindo assim, que o professor conheça melhor quem está ensinando. O papel do professor também é de fundamental importância para a consecução dos objetivos propostos, sabendo escolher atividades, desenvolvêlas sem impor nada aos alunos, sem manipular ou induzir suas respostas. Deve também saber lidar com a aparente desordem e desorganização, com a descentralização do seu papel e com os debates e aparentes discussões apresentadas em sala. Apesar de sabermos das dificuldades presentes em incluir na rotina de atividades de aula, atividades lúdicas, da resistência apresentada por algumas escolas, pais e até mesmo alunos, acredito ser possível e extremamente importante a utilização de estratégias lúdicas no decorrer do processo de ensino aprendizagem. Que muito mais do que uma perda de tempo, como chamam alguns autores, ao brincar, ao trazer o lúdico, estamos não só ganhando muito tempo e ajudando no desenvolvimento de alunos críticos, autônomos e acima de tudo felizes. BIBLIOGRAFIA: ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível em www.edof.com.br/recrea22.htm. Acessado em 16/06/2007 BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, nº 9.394, 1996. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. 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