A cor e o louvor dos peixes de P. Antonio Vieira
Gabriela Braga Rodrigues, Faculdade Santa Marcelina
maio_ 2015
INTRODUÇÃO
A coleção tem por tema o Sermão do padre Antonio Vieira declamado em 1654 aos peixes em comparação aos homens. A coleção
explora o primeiro momento do sermão, em que ao louvar os peixes
o padre se refere a eles, através de alegorias, como seres superiores, dizendo que é de maior pureza e virtude viver dentro da água
do que perto dos vícios e vaidades da humanidade.
Em um contexto atual onde a racionalidade é tão valorizada, a
consciência tomando o lugar dos sentimentos, a coleção procura
resgatar a importância que é deixar de lado valores atuais da
humanidade e trazer em foco a importância da intuição e não
apenas uso do razão.
A intuição, quando considerada uma capacidade do ser humano,
uma sensação que não pode ser explicada e sentida pelo próximo,
possibilita ao indivíduo que siga seus instintos em contraposição a
seguir o que a sociedade dita como correto. Surge então a espontaneidade do ser.
Quanto maior a distância do indivíduo do centro de consumo, maior
é sua capacidade de enxergar a partir de si, e do que vê, suas
conclusões a respeito do exterior se tornam mais verdadeiras.
A importância do uso da razão se dá quando o uso do sentimento se
torna perdido, ao resgatar a interiorização do eu é possível fazer
uma conexão de ambas, a partir da criação no conceito de sentimento e intuição, a coleção torna a existir não com base no consumo das
peças, mas na criação e realização de um “ eu “.
As decisões feitas para produção de uma coleção participam de um
processo rápido e de desenvolvimento desenfreado, a espontaneidade dada pelo piscar dos olhos se torna necessária para caminhar
com o desenvolvimento. Cita Malcom Gladwell em seu livro Blink:
1
We live in a world that assumes that the quality of a decision is
directly related to the time and effort that went into making it.”
(GLADWELL, 2005, p.13)
Gladwell descreve em seu livro como a afirmação anterior não é
verdadeira pois não apenas de tempo e esforço compreende-se uma
decisão, e sim do sentimento interior, intuição.
A intuição é o primeiro momento, a primeira reação que ocorre
independente de idéias pré estabelecidas, é a identificação de uma
intenção conceitual irracional, do qual independe-se conhecimento
prévio sobre o assunto, funciona como um processo involuntário e
inconsciente para chegarmos a uma conclusão. Através da crença
na intuição é possível ter certeza de algo não estabelecido.
MATERIAIS E MÉTODOS
A coleção Padre Antonio apropria-se de uma gama vasta de cores
fortes, tons diversos que oferecem diferentes sensações criando
harmonias nas estampas orgânicas e gráficas. Quando misturadas
um tanto de euforia, de felicidade, de ânimo, cria-se a sensação
retratada pela coleção: a alegria. Trazida pelas cores, a sensação se
faz do sentimento, criada pela representação da luz no mundo, o
que se faz ver, se faz sentir, como uma intuição.
As peças foram produzidas em malharia utilizando máquinas de
malharia retilínea industriais e fios de viscose, poliamida e acrílico,
tecidas em máquinas de diferentes galgas da Shima Seiki,
programadas em Apex.
O processo teve início no desenho da coleção e criação de estampas. Para criar em malha, é necessário transformar as imagens de
estampa em pixels de acordo com a contagem de carreiras e
agulhas por centímetro tecido. Cada fio rende diferente em cada
máquina e mistura de cores, portanto o teste da malha é sempre
necessário, também para compreender o comportamento do fio,
alguns fios tendem a romper-se com pouca tensão, outras com mais
e outros não rompem.
É necessário após tecimento, utilizar máquina para passar o tecido,
assim as carreiras se ajeitam e ele encontra o tamanho correto,
apenas depois podemos medir a modelagem de acordo com o tecido
para retrabalho ou aprovação. Após o recorte da modelagem cria-se
uma peça através da costura e remalho.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
foto: Gabriela Braga - lineup coleção
A coleção tornou-se a representar não apenas uma felicidade
interna, mas um modo de vida completo de cores e estampas
utilizadas para vislumbrar os olhos e trazer felicidade a quem se
depara com tais peças.
CONCLUSÕES
A criação de uma coleção a partir do eu interior traz um produto que
se torna identificável não apenas pela estética, mas pela conversa
que existe entre o processo e a mente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAUMAN, Zygmunt. Vida Liquida. 2a Edição. Rio de Janeiro: Zahar,
2007.
GIUSSANI, Luigi. O senso Religioso. 1 a Edição. Brasília: EDUCB,
2011.
GLADWELL, Malcolm. Blink: The power of Thinking without Thinking, 1a Edição. New York: Little Brown, 2005
Lupton, Ellen. Novos fundamentos do Design, São Paulo: Cosac
Naify, 2009.
SERAFINI, Luigi. Codex Seraphinianus. 1a Edição. Florença: Rizzoli, 2013.
VIEIRA, P.Antonio. Seleçao De Sermões De Padre Antonio Vieira. 1a
1
Edição.
São Paulo: Melhoramentos, 2013.
“Vivemos em um mundo que assume que a qualidade de uma decisão está diretamente
relacionada com o tempo e esforço usados para fazê-la.”GLADWELL, MALCOM
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