QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DE
ESTABELECIMENTOS PÚBLICOS DO
MUNICÍPIO DE PASSIRA – PE

Línthia Lima da Silva1, Paula Albuquerque Rodrigues2, Luciana Helena da Silva3, Leandro Fragoso Lins4, Angerleide
Bezerra dos Santos5, Elisângela Silva de Assis6, Camila Mayara Brito7, Klaydson Fernandes Galdino Andrade 8,
Julianne Melo dos Santos9 e José do Egito de Paiva10.
Introdução
Segundo a Organização Mundial de saúde, centenas
de milhares de pessoas no mundo sofrem de Doenças
Transmitidas por Alimentos (DTA’s) ou pelo consumo
de água contaminada [1].
O controle da qualidade da água de consumo
humano tornou-se uma ação de saúde pública a partir
da década de 1970, quando a portaria n° 52 Bsb 77 do
Ministério da Saúde instituiu a norma de potabilidade
em todo território nacional. Entretanto, a
implementação de um programa de vigilância da
qualidade da água só ocorreu a partir da criação do
Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde
em 1999, e da publicação da portaria 1.469 em 2000
[2].
Existe uma intrínseca relação entre água e a saúde
humana e, atualmente, a água é uma preocupação
mundial em função da atual crise quali e quantitativa
dos recursos hídricos que, em sua maioria, encontramse contaminados com substâncias tóxicas ou agentes
patogênicos causadores de enfermidades ao homem e a
outros animais [3].
A água é primordial à vida, mas é essencial conhecer
aspectos sob os quais ela pode trazer alguma
nocividade, ou mesmo, representar risco para a vida
que promove e sustenta. Isto se refere ao fato de que,
muitas vezes, ela pode atuar como vetor de doenças ao
homem [4].
A água pode servir de veículo para transmissão de
vários agentes infecciosos e parasitários. A
contaminação pode acontecer em diferentes momentos
da sua própria distribuição comprometendo alimentos e
objetos que mantém contato com a boca e outras mucosas
[5]. Muitas das doenças atribuídas à água e o elevado
índice de internações hospitalares poderiam ser diminuídos
com saneamento básico e conscientização da população em
relação à preservação das águas superficiais e subterrâneas
de forma a disponibilizar a água com qualidade para o
consumo e outros usos [5].
Quase invariavelmente, o melhor método de assegurar
água adequada para consumo humano consiste em formas
de proteção, evitando-se contaminações de dejetos animais
e humanos, os quais podem conter grande variedade de
bactérias, vírus, protozoários e helmintos [6]. Dessa forma,
a determinação de coliformes assume importância como
parâmetro indicador de contaminação visto que indica a
possibilidade da existência de microrganismos patogênicos
se encaixando no objetivo do presente trabalho que é
verificar a presença ou ausência de coliformes em água de
estabelecimentos públicos do município de Passira-PE,
uma vez que a legislação não admite presença de
coliformes em 100 ml de água de acordo com a Portaria
518, de 25 de março de 2004
Material e métodos
Foram coletadas 60 amostras de água de consumo
no Município de Passira tanto na região urbana como rural
em estabelecimentos públicos nos meses de abril a junho de
2009 e transportadas até o laboratório de Tecnologia de
Alimentos do Departamento de Tecnologia Rural / UFRPE
para serem analisadas.
Foram
selecionados
aleatoriamente
dez
________________
1. Primeiro Autor Bióloga colaboradora do Laboratório de Alimentos do Departamento de Tecnologia Rural. Aluna especial do curso de
Gastronomia. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n. Recife-PE. CEP. 52171-900.
[email protected]
2. Segundo Autor é Acadêmico do curso de Bacharelo em Ciências Biológicas, Laboratório de Alimentos, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n. Recife-PE. CEP. 52171-900. [email protected]
3. Terceiro Autor é Médica veterinária, pós graduanda em Gestão da qualidade e vigilância sanitária em alimentos, Universidade Federal Rural do
Semi-árido. BR 110 - Km 47, Bairro Pres. Costa e Silva. CEP 59.625-900. Mossoró – RN [email protected]
4. Quarto Autor é Acadêmico do Curso de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bolsista do Programa de Educação Tutorial
Mec-SESu/PET-Zootecnia/UFRPE. e-mail: [email protected]
5. Quinto Autor é Acadêmico do curso de Bacharelo em Ciências Biológicas, Laboratório de Alimentos, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Av. Dom Manoel de Medeiros s/n. Recife-PE. CEP. 52171-900. [email protected]
6. Sexto Autor Autor é Acadêmico do curso de Engenharia Agronômica, Departamento de Tecnologia Rural, Laboratório de Alimentos,
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n. Recife-PE. CEP. 52171-900. [email protected]
7. Sétimo Autor é Acadêmico do curso de Bacharelo em Ciências Biológicas, Laboratório de Alimentos, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Av. Dom Manoel de Medeiros s/n. Recife-PE. CEP. 52171-900. [email protected]
8. Oitavo Autor é Licenciado em Biologia, Especialista em Educação Ambiental, Professor do Programa Travessia do Governo do Estado de
Pernambuco e Aluno Especial do Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE.
[email protected]
9. Nono Autor é Bióloga. Departamento de Microbiologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n. RecifePE. CEP. 52171-900. [email protected]
10. Décimo Autor é Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia Rural, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de
Medeiros s/n. Recife-PE. CEP. 52171-900. [email protected]
estabelecimentos do município: cinco escolas, três
postos de saúde, um hospital e a sede da prefeitura.
A metodologia utilizada é citada por Silva [7]
indicando que para a coleta, foram utilizados frascos de
vidros esterilizados, com capacidade de 250 mL com
boca larga e rolha esmerilhada, adicionando 0,02g (ou
1,0 mL de solução a 10% de Tiossulfato de Sódio),
com o objetivo de neutralizar o cloro residual. Antes da
coleta, em cada estabelecimento público, foi feita a
desinfecção das torneiras dos bebedouros com álcool a
70%. Em seguida, com a torneira do bebedouro aberta
moderadamente foi colhida 100mL de água.
Os frascos foram acondicionados em recipiente
isotérmico com gelo, por 3 horas pós-colheita, e as
amostras transportadas até o laboratório de Tecnologia
Rural, do Departamento de Agronomia da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde
foram realizadas as análises.
Em laboratório foi realizado o teste presuntivo e
confirmativo para coliformes totais e termotolerantes
empregando-se a técnica Presença - Ausência (PA)
recomendada por Silva [7].
Resultados e discussão
Para Antunes [8], dispor de uma água de qualidade é
condição indispensável para a manutenção da vida,
visto que a qualidade da água consumida influencia
diretamente na saúde das pessoas. Entretanto, na Escola
Intermediária Maria Alves de Lima, Escola Cônego
Fernando Passos e na Escola Maurina Rodrigues dos
Santos houve 100% de presença para coliformes totais
e 100%, 100% e 75%, respectivamente de presença
para coliformes termotolerantes, indicando que a água
é imprópria para o consumo humano.
Na Escola Intermediária Maria Alves de Lima a água
é proveniente de poço artesiano e a mesma é colocada
em garrafões de vinte litros e posteriormente nos
filtros. Segundo Pereira [9], a necessidade de
transportar a água de uma localidade para outra, como
constatado em 27% das creches de sua pesquisa
(transporte de água dos refeitórios e de outras áreas
para as cozinhas) expõe a riscos de contaminações
durante
o
transporte,
acondicionamento
e
armazenamento dessa água até seu uso.
Na Escola Édson Regis de Carvalho foi constatado a
presença de coliformes totais em 75% das amostras e
100% de ausência de coliformes termotolerantes, isso
indica que a água não está contaminada com dejetos de
origem fecal. . A enumeração de coliformes totais em
água é menos representativa como indicação de
contaminação fecal, do que a enumeração de
coliformes a 45°C ou E. coli. Porém, sua enumeração é
muito utilizada em indústrias alimentícias, indicando
contaminação pós-sanitização ou pós-processo,
evidenciando práticas de higiene e saniticação aquém
dos padrões requeridos para o processamento de
alimentos [7].
Os três Postos de Saúde disponibilizavam água
mineral para seus clientes e obtiveram como resultados:
Alto Santa Inês com 75% de presença para coliformes
totais e 75% de ausência para coliformes termotolerantes;
Alto São José apresentou 75% de presença para coliformes
totais e 75% de ausência para coliformes termotolerantes e
Alto São Lourenço obteve 75% de ausência para
coliformes totais e 100% de ausência para coliformes
termotolerantes.
O consumo de água mineral de qualidade microbiológica
inadequada pode expor o consumidor aos riscos derivados
de uma fonte de água potável de qualidade duvidosa [10].
Segundo Macêdo [5], a presença de coliformes totais em
água mineral indica possível contaminação por patógenos
De acordo com Cabrini (2001) apud Frischknecht [11],
os galões retornáveis são possíveis fontes de contaminação
do produto quando a sua inspeção, limpeza e desinfecção
são negligenciadas. Dessa forma, alguns controles devem
ser adotados visando-se reduzir a possibilidade de
contaminação da água pelos galões, como a avaliação
individual das embalagens retornáveis e rejeição daquelas
com defeitos que possam comprometer a qualidade ou
segurança do produto. Todavia, os microrganismos
presentes na água engarrafada podem fazer parte da
microbiota inicial antes de sua captação.
Tendo em vista os resultados obtidos, faz-se necessário
um programa intensivo de monitoramento constante da
água dos bebedouros e filtros dos estabelecimentos do
município de Passira-PE, em relação ao controle
microbiológico e aos cuidados físicos destes, tendo em
vista a saúde dos alunos, clientes e transeuntes dos devidos
ambientes.
Referências
[1] WHO (World Health Organization) 1996. Guidelines for drinkingwater quality, vol. 2. WHO, Geneva.
[2] FREITAS, M. B.; BRILHANTE, O. M.; ALMEIDA, L.M.
Importância da análise de água para a saúde pública em duas regiões do
Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e
alumínio Cad. Saúde Pública vol. 17 n. 3 Rio de Janeiro, Maio /Jun 2001.
[3] SANTOS, L. U. dos, et al., Protozoários patogênicos de veiculação
hídrica: as metodologias de detecção em amostras de esgoto e a eficiência
dos tratamentos de remoção e desinfecção. Revista Higiene Alimentar –
Edição Temática n. 1, v. 22, Out. 2008.
[4] PARO, G. C.; PANZA, S. G. Avaliação parasitológica da água para
irrigação de hortas das cidades de Engenheiro Beltrão e Campo Mourão,
PR. Revista Higiene Alimentar – Edição Temática n. 1, v. 22, Out. 2008.
[5] MACÊDO, J. A. B. Águas e águas. São Paulo: Livraria Varela, 2001.
505p.
[6] D’AGUILA, P. S. et al., Avaliação da qualidade de água para
abastecimento público no Município de Nova Iguaçu. Cadernos de saúde
Pública, v. 16, n. 3, Rio de Janeiro, Jul /Set. 2000.
[7] SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A. ET al.,
Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos, 3ª edição.
São Paulo: Livraria Varela, 2007. 552p.
[8] ANTUNES, K. S. C.; FREO, J. D. Qualidade microbiológica da água
de poços rasos e profundos localizados no município de Jaboticaba, RS.
Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 22, n. 159, Mar. 2008.
[9] PEREIRA, A. P. B. et al., Monitoramento da qualidade
microbiológica e fatores de risco de contaminação da água de consumo
de creches de um município da região oeste de São Paulo. Revista
Higiene Alimentar – Edição temática n.1, v. 22, Out. 2008.
[10] EIROA, M. N. U.; JUNQUEIRA, U. C. A.; SILVEIRA, N. F. de A.
Avaliação microbiológica de linhas de captação e engarrafamento de água
mineral. Revista Ciência e tecnologia de alimentos, Campinas – 16 (2):
91-178, Jul-Set. 1996.
[11] FRISCHKNECHT, D. S.; SANTANA, A. P. Determinação do
número mais provável de coliformes, em águas minerais comercializadas
no Distrito federal. Revista Higiene Alimentar. V.22, n. 161. Mai. 2008.
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