AVALIAÇÃO DE PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE Coliformes TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM DIFERENTES FONTES DE ÁGUA Lúcio Adérito dos Anjos Veimrober Júnior1 ; Patrícia Ângelo de Barros2 ; Mércia Oliveira Cardoso3 ; Carmem Cristina Mareco de Souza4 e Elvira Maria Regis Pedrosa5 Introdução A avaliação da qualidade microbiológica da água pode ser realizada através da identificação de indicadores de contaminação fecal [1,2] e indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas. Os padrões de qualidade da água referem-se, pois a certo número de parâmetros capazes de refletir, direta ou indiretamente, a presença efetiva de algumas substâncias ou microorganismos que possam comprometer a qualidade da água do ponto de vista de sua estética ou salubridade, exigindo-se que a água não contenha organismos patogêniscos ou substâncias químicas em concentrações tóxicas ou que possam tornar-se nocivas à saúde pelo uso continuado da água [3]. De acordo com a Portaria n° 518 de 2004 do Ministério da Saúde/ANVISA[4], a água é considerada potável, sob o ponto de vista microbiológico, quando está de acordo com a seguinte conformidade: ausência de coliformes totais e termotolerantes em 100mL de amostra de água para consumo. O objetivo deste trabalho foi avaliar a presença ou ausência de Coliformes termotolerantes e totais em diferentes fontes de água. Material e métodos A . Coleta Em recipientes de vidro com capacidade para 250 ml foi colocada 1 ml de tiossulfato de sódio e em seguida autoclavados. Com estes recipientes foram coletados 100 ml de água das fontes a serem analisadas: riacho (UFRPE), canal de irrigação (UFRPE), água de abastecimento (COMPESA) e fonte de água mineral (BR 101). Em seguida, as amostras foram levadas para o Laboratório de Análises de Alimentos - DTR da UFRPE para avaliação microbiológica. B. Teste presuntivo As amostras foram colocadas em um frasco contendo 50 mL de Lauryl (LST) e levadas para estufa a 35° C por 48 horas. Após o tempo de incubação, observou-se se houve o turvamento da amostra C. Teste confirmativo Para confirmação da presença de coliformes totais, foram transferidas 2 alçadas do meio Lauryl para tubos de ensaio contendo tubos de Durhan invertidos e o meio Verde brilhante. Após a inoculação, colocou-se em estufa a 35°C por 48 horas. Para o teste confirmativo de termotolerantes, colocou-se 2 alçadas do meio Lauryl em tubos de ensaio contendo tubos de Durhan invertidos (Fig.2) e o meio E.C.. Após a inoculção colocou-se os tubos em banho-maria a 45°C durante 48 horas. Resultados Após o período de incubação ocorreu turvamento dos meios verde brilhante e E.C. nas amostras e formação de gás no interior dos tubos de Durhan indicando o resultado do metabolismo de microrganismos ali existentes. Os valores de Coliformes totais e termotolerantes encontrados revelam uma diversificação na presença desses microorganismos nos diferentes locais. Foi observada em todas as amostras analisadas a presença desses microorganismos, exceto a da água encanada da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA). Esta afirmação pôde ser confirmada pela análise em laboratório (Figura 1). Na tabela 1 verifica-se o comportamento de águas não tratadas com água submetida a tratamento com cloro, que é o caso da água encanada ( COMPESA). ________________ 1. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, R. Dom Manoel de S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected]. 2. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, R. Dom Manoel de S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. 3. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, R. Dom Manoel de S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. 4. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, R. Dom Manoel de S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900 5..Professora Dra. Associada ao Departamento de Fitopatologia e do Departamento de Tecnologia Rural da Medeiros, Medeiros, Medeiros, Medeiros, UFRPE. O uso de coliforme como indicador de possíveis presenças de seres patogênicos de veiculação hídrica que possam estar associados às fezes é de fácil identificação e contagem em laboratório com poucos recursos [5], por esse motivo atribuiu a Resolução 20/86, onde utiliza os grupos coliformes fecais e totais para tal estudo. Por outro lado, a Resolução 357/2005 utiliza os coliformes termotolerantes que são mais significativos na avaliação de poluição sanitária [6], qual foi utilizado no presente estudo. Discussão A presença desses grupos de microorganismos nas fontes não encanadas é explicada pela descarga de efluentes das comunidades presentes nas imediações. Para o caso da água da Compesa por serem, águas tratadas com grande quantidade de Cloro, e, além disso, por serem encanadas não se tornam facilmente vulneráveis a contaminação. Portanto o consumo humano dessas águas pode representar riscos e agravos à saúde, pois o consumo humano de água potável constituiu-se em uma das ações de saúde pública de maior impacto na prevenção de doenças e dos índices de mortalidade [7]. Para as outras fontes, é de grande preocupação o uso dessas águas na irrigação como é caso da utilização das águas dos canais e do riacho da Universidade Federal Rural de Pernambuco, outra atenção a ser destacada é o uso da água da fonte da BR 101 que é utilizada pela população naquela região para consumo humano. Existe um grande risco de contaminação do homem quando utiliza água da fonte da BR 101, no sentido da utilização da água das fontes do riacho e do canal na irrigação, deve-se adequar um sistema de irrigação que minimizem o contato direto da água com os vegetais e o homem. A presença de Coliformes totais e termotolerantes demonstraram necessidade de adoção de medidas para não comprometimento da qualidade de água nestes locais. A água encanada da Compesa não demonstrou problemas de consumo e utilização. Agradecimentos Ao apoio dado pelo Prof. José do Egito, e a sua colaboradora Línthia Lima do Laboratório de Análises de Alimentos do Departamento de Tecnologia Rural da UFRPE. Referências [1] AMARAL, L.A.; NADER FILHO, A.; ROSSI JUNIOR, O.D.; FERREIRA, F.L.A. & BARROS, L.S.S. 2003. Água de consumo humano como fator de risco à saúde em propriedades rurais. Revista de Saúde Pública 37 (4): 37-40. [2] BRASIL, 2005. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n.º 357 de 17 de março de 2005. [3] REBOUÇAS, A .C. (org). Águas doces no Brasil. Escrituras editora: São Paulo, 2002. [4] BRASIL. Portaria n° 518, de 24 de março de 2004. Dispõe sobre normas e padrões de potabilidade de água destinada ao consumo humano. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, 24 mar. 2004c. [5] BRANCO, S. M. ; AZEVEDO, S.M.F.O.; TUNDISI, J. G. Água e saúde humana. In: REBOUÇAS, A.C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G.(org.) . Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação.3 ed.. São Paulo: Escrituras Editora, 2006. 748p. [6] COMPANHIA TECNOLÓGICA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Relatório de qualidades das águas interiores do estado de São Paulo 2004 / CETESB. São Paulo: CETESB, 2005. [7] SILVA, R. C. A.; ARAÚJO, T. M. Qualidade da água do manancial subterrâneo em áreas urbanas de Feira de Santana (BA). Ciência & Saúde Coletiva. N. Tabela 1. Relação da presença e ausência de Coliformes termotolerantes nas diferentes fontes analisadas. Fontes Água da Fonte – BR 101 Canal da UFRPE Riacho da UFRPE Água Potável (COMPESA) Coliformes Termotolerantes / 100ml Presença Presença Presença Ausência Figura 1. Análise realizada em laboratório das fontes de água da BR 101, do Canal de irrigação (UFRPE), do Riacho (UFRPE) e da água encanada (COMPESA), respectivamente. Figura 2. Análise em Lauryl em tubos de ensaio contendo tubos de Durhan invertidos.