UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA LAÍSE DOS SANTOS PEREIRA PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES IDOSOS COM DOENÇA DE CHAGAS ATENDIDOS NO SERVIÇO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, ENTRE 2005 A 2013, NO CEARÁ FORTALEZA 2014 LAÍSE DOS SANTOS PEREIRA PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES IDOSOS COM DOENÇA DE CHAGAS ATENDIDOS NO SERVIÇO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, ENTRE 2005 A 2013, NO CEARÁ Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Patologia. Orientador: Prof. Dr. José Ajax Nogueira Queiroz. Co-orientadora: Profª. Drª. Maria de Fátima Oliveira. FORTALEZA 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde P492p Pereira, Laíse dos Santos. Perfil clínico e epidemiológico de pacientes idosos com doença de chagas atendidos no serviço de atenção farmacêutica, entre 2005 a 2013, no Ceará/ Laíse dos Santos Pereira. – 2014. 94 f. : il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-graduação em Patologia, Fortaleza, 2014. Orientação: Prof. Dr. José Ajax Nogueira Queiroz. Coorientação: Profa. Dra. Maria de Fátima Oliveira. 1. Doença de Chagas. 2. Idoso. 3. Comorbidade. I. Título. CDD 616.9363 LAÍSE DOS SANTOS PEREIRA PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES IDOSOS COM DOENÇA DE CHAGAS ATENDIDOS NO SERVIÇO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, ENTRE 2005 A 2013, NO CEARÁ Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial de obtenção do título de Mestre em Patologia. Aprovada em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Prof. Dr. José Ajax Nogueira Queiroz (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC) ______________________________________________ Prof. Dr. Fernando Schemelzer Moraes Bezerra Universidade Federal do Ceará (UFC) ______________________________________________ Prof. Dr. Vladimir Michailowsky Universidade Federal do Ceará (UFC) ______________________________________________ Profª. Dra. Maria de Fátima Figueiredo Universidade de Fortaleza (UNIFOR) A minha família pelo apoio incessante durante essa caminhada. AGRADECIMENTOS À Deus, por ter me dado força, coragem e entusiasmo para cada dia recomeçar, elementos estes fundamentais para a conclusão dessa etapa de minha vida; Aos meus pais, que sempre foram minha fonte de inspiração para vencer qualquer obstáculo, obrigada pelo amor, pelo incentivo e pelos esforços sem medidas dedicados a mim; Ao professor José Ajax Nogueira Queiroz, por ter aceitado ser meu orientador, dandome a oportunidade de fazer parte do Programa de Pós-graduação em Patologia. Muito obrigada pela confiança, paciência e pelo imenso apoio dado à realização deste trabalho; À professora Maria de Fátima Oliveira, que sempre deixou o seu Laboratório de portas abertas para mim, acompanhando-me como orientadora durante boa parte da Graduação e estando ao meu lado durante os momentos mais difíceis do Mestrado. Muito obrigada pela amizade, pelos seus ensinamentos e conselhos; Ao Dr. Marcondes Tavares Cruz (cardiologista), que foi imprescindível na realização da análise dos eletrocardiogramas utilizados neste estudo. Aos meus queridíssimos amigos do Laboratório de Pesquisa em Doença de Chagas, Erlane Freitas, José Damião, Kátia Cristina, Arduína Vasconcelos, Eduardo Viana, Mônica Coelho, Darlan Cândido, João Paulo Ramalho, Alana Costa e Monise Anne porque estiveram ao meu lado em todos os momentos bons e ruins dessa caminhada, dando-me apoio e a certeza de que no final tudo daria certo; Aos meus queridos pacientes, que apesar das dificuldades financeiras e dificuldades de deslocamento até Fortaleza, sempre compareciam aos atendimentos. Obrigada por muitas vezes terem me ensinado o verdadeiro sentido da vida; A todos os professores, colegas e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Patologia, em especial às secretárias Valéria e Paula, por sempre estarem disponíveis e dispostas a ajudar em qualquer situação; À Universidade Federal do Ceará pelos conhecimentos adquiridos e pela contribuição no meu engrandecimento profissional; À CAPES pelo apoio financeiro necessário para que o presente trabalho pudesse ser desenvolvido; E a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para essa construção. “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e Ele tudo fará” (Salmo 37) RESUMO Progressos no controle da transmissão vetorial e transfusional da Doença de Chagas (DC) tornaram raros os casos de jovens portadores da infecção, determinando uma elevação na média de idade dos doentes, levando ao crescente surgimento de uma população idosa portadora da infecção crônica. Resta, portanto, ao Sistema Público de Saúde o desafio de prestar assistência a esse grupo de pacientes que envelhecem nessa condição desfavorável. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil clínico e epidemiológico de pacientes idosos com DC atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica do Laboratório de Pesquisa em DC da Universidade Federal do Ceará (LPDC/UFC). Tratouse de uma pesquisa descritiva e transversal, onde foram avaliadas as informações relacionadas a dados demográficos, socioeconômicos, uso de medicamentos, comorbidades associadas à DC e hábitos de vida de todos os pacientes com idade ≥ 60 anos cadastrados no Serviço entre 2005 a 2013. Para caracterizar a forma clínica da DC, os prontuários médicos dos pacientes, disponibilizados pelo Hospital Universitário Walter Cantídeo (HUWC), foram analisados. Do total de 411 pacientes matriculados no Serviço no período de estudo, 97 (23,6%) eram idosos. A distribuição percentual de idosos em relação ao total de pacientes cadastrados no Serviço aumentou signifivativamente (p=0,003), passando de 12,9% entre julho/2005 a junho/2009 para 29,0% entre julho/2009 a junho/2013. O perfil da população estudada foi: mulheres (50,5%); média de idade de 66,9±6,5 anos; aposentados (54,6%); renda familiar de 1 salário mínimo (51,5%); nível de escolaridade fundamental incompleto (49,5%) e analfabetos (40,2%); provenientes da Microrregião do Baixo Jaguaribe (62,9%). A forma clínica predominante da DC foi a cardíaca (65,3%) e 13,7% dos pacientes apresentaram a forma cardíaca associada à digestiva, principalmente o megacólon. As principais alterações eletrocardiográficas encontradas foram: Bloqueio de ramo direito (BRD) (41,0%), Bloqueio divisional ântero-superior esquerdo (BDAS) (27,4%), alteração da repolarização ventricular (ARV) (16,8%) e extra-sístole ventricular (ESV) (13,9%). Oitenta e quatro pacientes (86,6%) relataram pelo menos uma doença concomitante à DC, com uma média de 2,23±1,54 comorbidades por paciente. As mais frequentes foram: Hipertensão arterial sistêmica (HAS) (67%), dislipidemia (32,0%), dispepsia (16,5%) e diabetes mellitus (14,4%). Uma correlação positiva foi verificada entre a variável sexo e comorbidade. A HAS foi encontrada como um fator de risco para o desenvolvimento da cardiopatia chagásica (OR=4,12; IC= 1,47-11,56). Pôde-se observar através do presente estudo que o crescimento da população chagásica idosa é uma realidade. Conclui-se, portanto, que esse grupo vulnerável de pacientes associa o processo de envelhecimento com as alterações cardíacas e/ou digestivas resultantes da evolução da DC, bem como outras comorbidades, o que exige atenção especial dos serviços de saúde que os assistem para um atendimento médico e social mais adequado. Palavras-chave: Doença de Chagas. Idoso. Comorbidade. ABSTRACT As the control of the vectorial and transfusional transmissions of Chagas disease (CD) progressed, cases of young people with the infection have become rare, causing a rise in the average age of patients, leading to the emergence of an elderly population with the chronic infection. Thus, the challenge of providing assistance to this group of patients that are in this unfavorable condition remains to the Public Health System. In this context, the present study aimed to characterize the clinical and epidemiological profile of elderly patients with CD followed at the Pharmaceutical Care Service of the Chagas Disease Research Laboratory of the Federal University of Ceará (LPDC / UFC). This was a descriptive cross-sectional survey, in which the information related to demographic, socioeconomic, medication use, comorbidities associated with CD and habits of life of all patients aged ≥ 60 years followed at the Service between 2005-2013 were evaluated. To characterize the clinical form of CD, the medical records of patients were provided by the Walter Cantídio University Hospital (HUWC). From 411 patients followed at the Service in the period of the study, 97 (23.6%) were elderly. The percentage distribution of elderly in relation to the total number of patients registered in the Service increased significantly (p = 0.003) from 12.9% between July/2005June/2009 to 29.0% between July/2009-June/2013. The profile of the studied population was: women (50.5%); mean age of 66,9±6,5 years; retired (54.6%); family income of 1 minimum wage (51.5%); incomplete primary education (49.5%) and illiterate (40.2%); coming from the Low Jaguaribe Microrregion (62.9%). The predominant clinical form was the cardiac (65.3%) and 13.7% of patients presented cardiac form associated with digestive form, mainly megacolon. The major electrocardiographic changes found were: right bundle branch block (RBBB) (41.0%), anterosuperior left bundle branch block (ASDB) (27.4%), changes in ventricular repolarization (CRV) (16.8%) and ventricular extrasystole (VES) (13.9%). Eighty four patients (86.6%) reported at least one disease associated with the CD, with a mean of 2.23 ± 1.54 comorbidities per patient. The most frequent were: systemic arterial hypertension (SAH) (67%), dyslipidemia (32.0%), dyspepsia (16.5%) and diabetes mellitus (14.4%). A positive correlation was found between the variables sex and comorbidity. The SAH was found as a risk factor for the development of Chagas heart disease (OR = 4.125, CI = 1.4711.56). It was observed in the present study that the growth of the elderly population with CD is a reality. Therefore, it is concluded that this vulnerable group of patients associate the aging process with cardiac and/or digestive changes that result from evolution of the CD, as well as with other comorbidities, which requires special attention from health services to more appropriate medical and social care. Keywords: Chagas disease, elderly, cardiac form, comorbidities. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi................................. FIGURA 2 – Local de procedência dos pacientes idosos com Doença de Chagas no Estado do Ceará (n = 97)..................................... GRÁFICO 1 – 17 45 Aumento bianual do percentual de pacientes idosos com Doença de Chagas cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará......................................... GRÁFICO 2 – 39 Pacientes idosos com Doença de Chagas em relação ao total de pacientes cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica no Ceará nos dois períodos considerados....... GRÁFICO 3 – 40 Formas clínicas da Doença de Chagas dos indivíduos idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n = 95)....................................................... GRÁFICO 4 – 49 Diferentes associações de formas clínicas da DC entre os pacientes idosos classificados na forma mista e digestiva da doença.................................................................................... GRÁFICO 5 – 50 Número de comorbidades apresentadas segundo o sexo (n=97)..................................................................................... 54 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Características sociodemográficas dos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n= 97)............................ TABELA 2 – 42 Naturalidade dos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n= 97).................................................................... TABELA 3 – 44 Características relacionadas à Doença de Chagas dos pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97)............................. TABELA 4 – 47 Principais sintomas relacionados à Doença de Chagas relatados pelos pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97)............... TABELA 5 – 48 Alterações eletrocardiográficas encontradas em paciente idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=95)............... TABELA 6 – 51 Principais comorbidades associadas à Doença de Chagas em pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97)............................. TABELA 7 – Número de comorbidades apresentadas segundo o sexo (n=97)................................................................................... TABELA 8 – 52 53 Hábitos de vida e uso terapêutico de medicamentos pelos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97).................................................................................. TABELA 9 – 55 Agentes terapêuticos mais utilizados pelos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97)............................. TABELA 10 – 56 Fatores de risco associados à cardiopatia chagásica crônica entre os pacientes idosos, segundo valores de p (IC= 95%; nível de significância p < 0,05)............................................. 57 LISTA DE TABELAS TABELA 11 – Comparação entre a média de idade dos pacientes idosos com cardiopatia e sem cardiopatia atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará..................................................................................... 58 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AEI Área eletricamente inativa ARV Alteração da repolarização ventricular AVC Acidente vascular cerebral BAV Bloquei átrio-ventricular BDAS Bloqueio divisional ântero-superior esquerdo BRD Bloqueio de ramo direito BRE Bloqueio de ramo esquerdo BS Bradicardia sinusal BZN Benzonidazol CCC Cardiomiopatia chagásica crônica CDI Cardiodesfibrilador DC Doença de Chagas ECG Eletrocardiograma ESV Extra-sístole ventricular FA Fibrilação atrial FI Forma indeterminada GEDoCh Ambulatório de Estudos de doença de Chagas HAS Hipertensão arterial sistêmica HUWC Hospital Universitário Walter Cantídeo IC Intervalo de confiança ICC Insuficiência cardíaca congestiva IECA Inibidores da enzima conversora de angiotensina LPDC Laboratório de Pesquisa em Doença de Chagas MP Marcapasso PCNDC Programa de Controle Nacional da doença de Chagas SM Salário mínimo SUCAM Superintendência de Campanhas de Saúde Pública SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 16 1.1 Considerações gerais sobre a Doença de Chagas................................ 16 1.2 Ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi.................................................. 16 1.3 Formas de transmissão da Doença de Chagas..................................... 18 1.4 Apresentação clínica da Doença de Chagas......................................... 19 1.4.1 Fase aguda............................................................................................... 19 1.4.2 Fase crônica............................................................................................. 19 1.4.2.1 Forma indeterminada............................................................................... 20 1.4.2.2 Forma digestiva........................................................................................ 20 1.4.2.3 Forma cardíaca........................................................................................ 21 1.4.2.4 Forma mista............................................................................................. 22 1.5 Tratamento etiológica da Doença de Chagas....................................... 22 1.6 Aspectos epidemiológicos e de controle da doença no Brasil e no Ceará........................................................................................................ 25 1.7 Impacto do controle da Doença de Chagas.......................................... 29 1.8 Doença de Chagas e o paciente idoso.................................................... 30 2 OBJETIVOS........................................................................................... 34 2.1 Objetivo geral......................................................................................... 34 2.2 Objetivos específicos.............................................................................. 34 3 METODOLOGIA.................................................................................. 35 3.1 Delineamento e local do estudo............................................................. 35 3.2 Sistemática de funcionamento do Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico no LPDC............................................................ 35 3.3 Amostragem, período do estudo e critérios de inclusão e exclusão... 36 3.4 Instrumento utilizado para a coleta de dados e variáveis estudadas. 36 3.5 Caracterização da forma clínica da Doença de Chagas..................... 37 3.6 Aspectos éticos........................................................................................ 38 3.7 Análise Estatística................................................................................... 38 4 RESULTADOS...................................................................................... 4.1 Percentual de idosos acompanhados no Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico ao longo dos seus 8 anos de 39 funcionamento....................................................................................... 39 4.2 Características sociodemográficas........................................................ 40 4.3 Aspectos epidemiológicos....................................................................... 43 4.4 Características relacionadas à doença de Chagas............................. 46 4.5 Aspectos clínicos da doença de Chagas............................................... 48 4.6 Comorbidades associadas à doença de Chagas................................... 51 4.7 Correlação entre o número de comorbidades e as variáveis sexo e faixa etária............................................................................................... 52 4.8 Hábitos de vida e uso de medicamentos............................................... 54 4.9 Fatores de risco associados à cardiopatia chagásica........................... 56 5 DISCUSSÃO........................................................................................... 59 6 CONCLUSÕES....................................................................................... 70 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 71 REFERÊNCIAS.................................................................................... 72 ANEXO A............................................................................................... 86 APÊNDICE A........................................................................................ 91 APÊNDICE B......................................................................................... 93 16 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações gerais sobre a Doença de Chagas A Doença de Chagas (DC) foi descrita pela primeira vez, em 1909, pelo médico brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano Chagas. Trata-se de uma enfermidade de caráter crônico causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (OLIVEIRA et al., 2008). Hoje, passado pouco mais de um século de sua descoberta, esta ainda representa um importante problema de saúde pública, atingindo 21 países das Américas, com uma estimativa de 12 a 14 milhões de pessoas infectadas (DIAS, 2007; CDC, 2013). No Brasil, estima-se a existência de cerca de 3 milhões de indivíduos infectados, encontrados em quase todos os estados brasileiros, porém, com grande predomínio nas regiões nordeste, centro-oeste e sudeste (DIAS, 2001). No início dos anos 90, a DC foi classificada pelo banco mundial como sendo a mais grave das doenças parasitárias da América Latina, com um impacto socioeconômico maior do que aquele de todas as outras infecções parasitárias (DIAS; SILVEIRA; SCHOFIELD, 2002). Isso se deve ao fato de causar alta morbidade, além de levar a incapacidade dos indivíduos para o trabalho, gerando gastos para o sistema de saúde de países em desenvolvimento (GUEDES et al., 2007). Essa doença acomete indivíduos de ambos os sexos, sendo que o perfil epidemiológico é o de um indivíduo adulto, de origem rural, de baixa escolaridade e vivendo em centros urbanos, demonstrando a íntima relação da doença com o subdesenvolvimento e a pobreza. No Brasil, predominam os casos crônicos da DC em decorrência de infecções que foram adquiridas no passado (DIAS, 2007). 1.2 Ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi O protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, de acordo com a nova classificação taxonômica dos Eucariotos baseada em biologia molecular, pertence ao subgrupo Kinetoplastea, que está incluído no grupo Euglezoa e supergrupo Excavata (ADL et. al., 2005). Ele é encontrado parasitando hospedeiros vertebrados (mamíferos) e invertebrados (numerosas espécies de hemípteros hematófagos da família Reduviidae e subfamília Triatominae) (JURBERG et al., 2004). 17 O ciclo biológico desse protozoário (Figura 1) é do tipo heteroxênico e se inicia quando o inseto triatomíneo infectado (barbeiro) se alimenta do sangue do hospedeiro vertebrado. Ao realizar o repasto sanguíneo, o triatomíneo deposita seus excrementos (fezes e urina) contaminados com a forma flagelada infectante (tripomastigota metacíclica), que penetram nas mucosas ou regiões lesadas da pele do hospedeiro. No organismo, as formas tripomastigotas metacíclicas invadem o citoplasma de células nucleadas e se diferenciam na forma de multiplicação (amastigota) por divisão binária. Quando as células estão repletas de amastigotas, estas novamente transformam-se em tripomastigotas, com a ruptura da célula hospedeira e disseminação pela corrente sanguínea, podendo infectar novas células, tecidos e órgãos. Durante um novo hematofagismo, no homem ou outro mamífero infectado, as formas tripomastigostas podem ser ingeridas pelos triatomíneos. No intestino do inseto vetor, essas formas se diferenciam em epimastigostas, que sofrem intensa multiplicação ao longo do tubo digestivo e, ao atingir a ampola retal, transformam-se em tripomastigotas metacílcicas, a forma infectante, completando o ciclo (CESTARI, 2006; PIRES, 2007). Figura 1 – Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi. Fonte: Doença de Chagas, Tripanossomíase Americana, Parasitologia Médica. 18 1.3 Formas de transmissão da Doença de Chagas As principais formas de transmissão da DC para o homem são a vetorial, transfusional e via congênita (CONSENSO, 2005; DIAS; MACÊDO, 2005). Riscos ocasionais de transmissão também conhecidos são: via oral, pela ingestão de alimentos contaminados; acidentes de laboratório; manejo de animais infectados; transplante de órgãos; e através do leite materno (FIOCRUZ, 2008). Durante muito tempo, a forma mais comum de transmissão da DC humana foi através da via vetorial, chegando a representar 80% a 90% dos indivíduos infectados. Migrações para as áreas urbanas durante os anos de 1970 e 1980 levaram a uma mudança no padrão epidemiológico da doença, trazendo a transfusão sanguínea como a segunda via mais comum de transmissão, seguida pela via congênita (BARRETO et al., 1990; DIAS, 1994). No entanto, com os avanços ocorridos nos últimos anos, tanto no controle de vetores, como na rigorosa seleção de doadores de sangue, as vias ocasionais de transmissão da DC, principalmente a via oral, tiveram sua relevância aumentada (DIAS; NETO, 2011). A transmissão da DC por vetores domiciliados (principalmente o Triatoma infestans) e/ou transfusão sanguínea foi interrompida no Brasil em 2006. Oitenta por cento da área endêmica brasileira está sob vigilância epidemiológica, com taxas de infestação domiciliar por triatomíneos inferior a 5%. Da mesma forma, é observada gradativamente uma redução da infecção entre doadores de sangue (MORAES-SOUZA, 1999; MONCAYO; SILVEIRA, 2009); nos casos de transmissão congênita (GONTIJO et al., 2009); e entre crianças (7-14 anos), como mostrado em trabalhos realizados em Minas Gerais (BORGES et al., 2006) e em outras regiões do país (SILVEIRA; VIÑHAES, 1999). A via oral, portanto, atualmente vem sendo considerada a principal via responsável por vários surtos da DC no Brasil, principalmente na região amazônica. Como exemplo, pode ser citado o caso ocorrido em Belém-PA, onde foram confirmados 41 casos de DC durante o ano de 2011 (até o mês de outubro). Destes 41 casos confirmados, 24 ocorreram somente no mês de outubro e estaríam associados ao consumo de açaí. Provavelmente, devido às baixas condições de higiene dos manipuladores, o alimento poderia ter chegado contaminado com excrementos do barbeiro ao consumidor final, explicando a ocorrência do surto (PA: Especialistas associam..., 2011). Em 2009, no Estado do Ceará também foi registrado um surto de transmissão oral da DC. Em Aratuba e Redenção, 8 pessoas, duas mulheres e seis crianças, com sintomatologia 19 característica da DC, tiveram o diagnóstico confirmado após a demonstração direta de formas amastigotas nos linfonodos, tecido muscular e medula. A fonte de contaminação possivelmente foi uma sopa à qual havia sido adicionada coento e cebolinha liquidificados, provavelmente contaminados com fezes de barbeiros, provenientes do horto domiciliar (CAVALCANTI et al., 2009). 1.4 Apresentação clínica da Doença de Chagas 1.4.1 Fase aguda Após um período de cerca de oito a dez dias da infecção inicial (período de incubação), inicia-se a fase aguda da DC, que geralmente é inaparente ou oligossintomática, com manifestações clínicas diversas tais como febre, edema, hipertrofia dos linfonodos, hepatomegalia, esplenomegalia e insuficiência cardíaca em casos mais graves (DIAS; COURA, 1997; ASSIS, 2011). O indivíduo infectado por via vetorial pode apresentar sinais de porta de entrada aparente como o sinal de Romanã (edema ocular bipalpebral unilateral) e o chagoma de inoculação, que podem permanecer por cerca de 2 a 4 meses (PEREIRA; MARCOS; BOAINAIN, 1989; SARMENTO, 2008). A fase aguda, devido à alta parasitemia, é caracterizada do ponto de vista laboratorial pela demonstração do parasito no sangue periférico por meio de exame direto a fresco, gota espessa e esfregaço sanguíneo (LARANJA, 1953). Esta fase pode ser letal em crianças de baixa idade e em indivíduos imunocomprometidos (CARLIER et al., 2002); e em casos de manifestações clínicas mais graves, com acometimento cardíaco (miocardite aguda) ou meningo-encefálico, 5 a 10% dos pacientes podem evoluir para o óbito (PRATA, 2001). Infelizmente, o diagnóstico da fase aguda, na maioria dos casos, é difícil porque alguns pacientes são assintomáticos, passando despercebidos, e quando os sintomas estão presentes, estes são inespecíficos e comuns a outras doenças infecciosas. 1.4.2 Fase crônica Após 6 a 8 semanas, como resultado da resposta imune no hospedeiro, a fase aguda evolui naturalmente para a fase crônica, sendo esta caracterizada pela dificuldade de detecção do parasito no sangue periférico (devido à baixa parasitemia), desaparecimento das 20 manifestações clínicas, desaparecimento progressivo de IgM e elevação dos anticorpos específicos da classe IgG. Esta fase se subdivide em três formas clínicas distintas: indeterminada, digestiva e cardíaca (ASSIS, 2011). 1.4.2.1 Forma indeterminada A maioria dos indivíduos (50-70%) desenvolve a forma indeterminada da DC, que é caracterizada por um longo período assintomático (que pode durar a vida toda), com ausência de manifestações clínicas, eletrocardiográficas e/ou radiológicas, sendo o diagnóstico realizado pela positividade sorológica e/ou parasitológica (ASSIS, 2011; CONSENSO, 2005). Na maioria das vezes, os indivíduos chagásicos portadores desta forma clínica da doença desconhecem a presença da infecção e apresentam bom prognóstico a médio e longo prazo, mas devem ser acompanhados regularmente (MACÊDO, 1997). Sabe-se que cerca de 2-5% desses pacientes, evoluem anualmente para a forma cardíaca e/ou digestiva (MACÊDO, 1980; MANZULLO et al., 1982). 1.4.2.2 Forma digestiva A forma digestiva manifesta-se pelo acometimento do esôfago e do intestino grosso, levando ao aparecimento do megaesôfago e do megacólon, respectivamente. O diagnóstico do megaesôfago é realizado através do exame clínico (onde disfagia é o sintoma predominate), associado ao raio X do esôfago e à endoscopia digestiva alta; enquanto que o megacólon é diagnósticado pelo exame clínico (onde constipação é o sintoma predominante), associado ao enema opaco e colonoscopia (CONSENSO, 2005). Estima-se que no Brasil, a forma digestiva esteja presente em 7 a 11% dos casos crônicos de DC. O megaesôfago pode surgir em qualquer idade, desde a infância até a velhice, com maior frequência entre 20 e 40 anos e maior destaque no sexo masculino. Os principais sintomas são: disfagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose. O megacólon é mais comum em adultos entre 30 e 60 anos, estando também mais presentes no homem do que na mulher. É comum a associação entre o megaesôfago e o megacólon, fato que agrava e muito a desnutrição. As complicações mais graves do megacólon são a obstrução intestinal e a perfusão, podendo levar à peritonite (NEVES; MELO; VITOR, 2011). 21 1.4.2.3 Forma cardíaca A forma cardíaca, geralmente diagnosticada na terceira ou quarta década de vida (LARANJA et al., 1956), é responsável pela maioria dos óbitos decorrentes da infecção chagásica, sendo considerada a forma clínica mais grave da infecção pelo T. cruzi (CHAGAS; VILLELA, 1922; ASSIS, 2011). A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é a principal manifestação mórbida da DC, com uma prevalência, na maioria dos estudos, variando de 10 a 40%. Acomete indivíduos em plena fase produtiva, a partir dos 30 anos de idade, tendendo a evoluir pior nos homens do que nas mulheres, sendo aparentemente mais grave nos indivíduos de raça negra (DIAS, 1992). Ela pode apresentar-se clinicamente com ausência de sintomas ou com sintomas leves, podendo evoluir para quadros de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), arritmias de tipo e gravidades variáveis, bloqueio de condução do estímulo elétrico, fenômenos tromboembólicos, acidente vascular isquêmico e morte súbita (CONSENSO, 2005; ROCHA; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2007). Vários mecanismos podem ser citados como responsáveis pela patogênese da CCC como: lesão direta causada pelo microorganismo; auto-imunidade induzida por antígenos do T. cruzi, com consequente destruição de miócitos, gânglios simpáticos e parassimpáticos; doença microvascular e mecanismos neurogênicos com disfunção parassimpática e, menor escala, simpática. Também não se pode deixar de mencionar o papel das lesões inflamatórias determinadas por eosinófilos, macrófagos e monócitos mediadas por óxido nítrico, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e outras citocinas e quimiocinas (HIGUCHI et al., 2003; BARBOSA, 2009). A histologia na fase crônica da patologia é representada por uma miocardite associada à fibrose reparativa. Esse processo ocorre de maneira difusa e indiscriminadamente, envolvendo o tecido elétrico especializado na condução atrial e ventricular (nó sinusal, nó atrioventricular, sistema His-Pukinjie e ramos). Entretanto, costuma ocorrer de forma heterogênea, com necrose/fibrose em graus variáveis nas diferentes regiões miocárdicas e lesões em distintas fases de evolução. Dessa forma, as manifestações eletrofisiológicas e clínicas terão relação direta com o grau de envolvimento do tecido elétrico (doença do nó sinusal, bloqueios atrioventriculares, bloqueis de ramo, etc.) e do miocárdio. Além disso, acrescenta-se o fato de a doença cursar com denervação parassimpática e distúrbios da microcirculação, portanto, com desequilíbrios regionais autonômicos e de perfusão 22 (isquemia), facilitando o surgimento de arritmias (LOPES et al., 1975; MATEOS; LOBO; MATEOS, 2009). A função ventricular esquerda, as arritimias ventriculares complexas, assim como as bradiarritimias potencialmente relacionadas ao risco de morte súbita, são fatores prognósticos significativos na CCC. Entre àqueles indivíduos que desenvolvem a forma cardíaca da doença, um grupo significativo se torna candidato ao uso de dispositivos cardíacos artificiais, como cardiodesfibriladores (CDI) e marcapassos (MP), sendo a DC, no Brasil, uma das principais causas de implantes desses dispositivos (ROCHA; RIBEIRO; TEIXEIRA, 2003; RASSI JUNIOR; RASSI; RASSI, 2007). A presença de alterações eletrocardiográficas constitui elemento fundamental na caracterização de comprometimento cardíaco significativo na DC (CONSENSO, 2005). O eletrocardiograma (ECG) ainda é o meio mais prático e sensível para a detecção, avaliação e acompanhamento da CCC (GUIMARÃES, 1985). O Consenso (2005) considera as seguintes alterações eletrocardiográficas como as mais características da DC: bloqueio de ramo direito (BRD) com ou sem bloqueio divisional ântero-superior esquerdo (BDAS), extra-sístole ventricular (ESV), bradicardia sinusal (BS) com frequência cardíaca menor que 40 bpm, bloqueio átrio ventricular (BAV) de 2° grau e total, alterações primárias da onda T, presença de áreas eletricamente inativas (AEI), disfunção do nó sinusal, taquicardia ventricular nãosustentada (TVNS), fibrilação atrial (FA) e bloqueio de ramo esquerdo (BRE). 1.4.2.4 Forma mista É caracterizada por uma forma cardiodigestiva, com ocorrência simultânea de lesões compatíveis com as formas cardíacas e digestivas (megaesôfago e/ou megacólon) da DC (OPAS, 2009). 1.5 Tratamento etiológico da Doença de Chagas O único fármaco atualmente disponível no Brasil para o tratamento etiológico da DC é o Benzonidazol (BZN), produzido a princípio pela Hoffman – La Roche (na Suíça) sob a denominação de Rochagan® e introduzido no país em 1978 (GRUNBERG et al., 1968). Em abril de 2003, os direitos e a tecnologia de fabricação do medicamento foram cedidos ao 23 Brasil pela Roche, passando a ser produzido pelo Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE) (SCHOFFIELD; JANNIN; SALVATELLA, 2006). O BZN é uma droga nitroheterocíclica (N-benzil-2-nitroimidazol-1-acetamida), cujo efeito tripanocida se dá através da formação do intermediário nitro radicalar ( R-NO2 .-), levando à formação de ligações covalentes com macromoléculas do parasita (DIAZ DE TORANZO et al., 1988). O BZN atua também diminuindo a síntese de proteínas, reduzindo a incorporação de precursores de RNA e diminuindo a incorporação de timidina em DNA, resultando em uma diminuição na biossíntese de macromoléculas (POLAK; RICHLE, 1978). Alguns estudos descrevem ainda que o BZN atua aumentando a fogocitose, levando à lise de T. cruzi induzida por IFN-Ɣ (ROMANHA et al., 2002). O tratamento da DC com o BZN tem como objetivo a eliminação do T. cruzi, a fim de diminuir as chances de progressão da doença e interromper a cadeia de transmissão do parasito (SOSA-STANI; VIOTTI; SEGURA, 2009; MENEZES et al., 2011). Dessa forma, o tratamento é recomendado para todas as pessoas diagnosticadas com a infecção aguda, casos de infecção congênita, crianças na fase crônica, contaminação acidental e em casos de pacientes imunodeprimidos (WHO, 2010a). Apesar da falta de evidências que garantam o sucesso da terapia, o tratamento pode ser instituído também na fase crônica recente (período de cinco a doze anos da infecção inicial), na fase crônica tardia (acima de doze anos da infecção inicial), na forma indeterminada e nas formas cardíacas e digestivas leves (CONSENSO, 2005). Para os pacientes acima de 50 anos, sem cardiopatia avançada, o tratamento antitripanosomal é considerado opcional. Decisões de tratamento individualizado devem levar em consideração o potencial benefício, o curso prolongado da terapia e os efeitos adversos frequentes da droga (OLIVEIRA et al., 2008). Dados da literatura mostram que, na fase aguda da DC, o BZN apresenta uma alta eficácia, com índices de cura que variam de 40 a 76% (BAHIA-OLIVEIRA et al., 2000; CANÇADO, 2002). Já na fase crônica da DC, principalmente na fase tardia, a efetividade do BZN é limitada, com baixos índices de cura (CANÇADO, 2002; FABBRO et al., 2007; FERNANDES et al., 2009). No entanto, tem sido verificado por alguns autores que indivíduos chagásicos tratados na fase crônica da infecção, embora não curados, apresentam uma redução significativa no surgimento de alterações eletrocardiográficas (SUASNABAR et al., 2000; ZULANTAY et al., 2005), com uma evolução clínica mais lenta e melhor 24 prognóstico (VIOTTI et al., 2006; SOSA-ESTANI; SEGURA, 2006), e com reversão da fibrose em modelo murino (ANDRADE et al., 1991). De acordo com o Consenso (2005), a negatividade sorológica tem sido utilizada como único critério indicador de cura. No entanto, o tempo necessário para a negativação é variável e depende da fase da doença, sendo de 3-5 anos para a fase aguda, 5-10 anos para a fase crônica recente e acima de 20 anos para a tardia. Nesses períodos de acompanhamento, pode ser observada uma queda persistente e progressiva acima de 3 diluições dos títulos sorológicos, sendo um resultado sugestivo de futura negativação. É importante comentar que a positividade dos exames parasitológicos em qualquer momento da evolução do paciente, indica fracasso terapêutico. Um estudo recente, realizado no Laboratório de Pesquisa em Doença de Chagas da Universidade Federal do Ceará (LPDC/UFC), avaliou os parâmetros cardíacos e sorológicos de 13 pacientes chagásicos crônicos tratados com o BZN em uma farmacoterapia de 4 anos de seguimento. Os autores observaram uma redução significativa (p < 0,05) nos títulos de anticorpos anti T. cruzi 4 anos após o início do tratamento e, no geral, os pacientes mantiveram o quadro clínico da doença estável, sem alterações significativas no ECG, mostrando que a terapia com o BZN pode ser benéfica mesmo na fase crônica da doença (ANDRADE et al., 2013). No entanto, o BZN possui como inconveniente a alta toxicidade. De acordo com o Consenso (2005), cerca de 30% dos usuários desenvolvem algum tipo de reação adversa ao medicamento. As reações adversas associadas ao BZN podem ser classificadas em 3 grupos: a) Hipersensibilidade, incluindo dermatite com erupções cutâneas (geralmente aparecendo entre o 7° e 10° dia de tratamento), mialgias, artralgias e linfadenopatia; b) Polineuropatia, parestesias e polineurite (aparecendo normalmente durante a 4ª semana de tratamento); c) Alterações na medula óssea com manifestações como púrpura trombocitopênica e agranulocitose (geralmente após a 2ª semana de tratamento). Outras reações que se encontram descritas na literatura são prurido, cefaléia, epigastralgia, febre, fadiga, náuseas, vômitos, perda de peso, anorexia e insônia (SOSA ESTANI et al., 2004; BERN et al., 2007). Um estudo envolvendo reações adversas, desenvolvido por Pontes et al. (2010), demonstrou um percentual de reação ao BZN ainda maior do que o previsto no Consenso. Dos 32 pacientes crônicos em uso de BZN, no estado do Ceará, 28 (87,5%) relataram pelo menos uma reação adversa. As reações mais relatadas foram: prurido (50,0%), formigamento (43,8%), fraqueza muscular (37,5%) e rash cutâneo (31,3%). Dos 28 pacientes que 25 apresentação efeitos indesejáveis ao BZN, oito (28,57%) tiveram o tratamento suspenso devido a erupções cutâneas e/ou formigamento. Os autores concluem, salientando a importância do acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes chagásicos submetidos ao tratamento com o BZN como uma ferramenta de grande relevância na prevenção e detecção precoce de reações, evitando problemas mais graves. 1.6 Aspectos epidemiológicos e de controle da doença no Brasil e no Ceará Atualmente, estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas estejam infectadas pelo T. cruzi em todo o mundo, principalmente na América Latina, onde a doença é endêmica e mais de 25 milhões de pessoas estão expostas ao risco de adquirir a parasitose (WHO, 2010b). Devido às migrações populacionais, a DC, antes restrita à América Latina, pôde ser levada de áreas endêmicas para áreas não endêmicas como: América do Norte (Estados Unidos e Canadá), oeste do Pacífico (principalmente Japão e Austrália) e Europa (sobretudo Bélgica, Espanha, França, Itália, Reino Unido e Suíça e, em menor grau, Alemanha, Áustria, Croácia, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Romênia e Suécia). Segundo estimativas, acredita-se que haja mais de 300.000 indivíduos infectados com o T. cruzi nos Estados Unidos, cerca 5.500 no Canadá, 80.000 na Europa e na região do Pacífico ocidental, 3.000 no Japão e 1.500 na Austrália. Os movimentos populacionais começaram a criar desafios epidemiológicos, econômicos, sociais e políticos. Com a ausência de vetores naturais em áreas não endêmicas, as transfusões de sangue contaminado, transmissão vertical de mãe para filho, transplante de órgãos e acidentes de laboratório tornam-se as principais ameaças de transmissão da doença (SCHMUNIS, 2007; SCHMUNIS; YADON, 2010; COURA; VIÑAS, 2010). Em 1943, com a criação do “Centro de Estudos e Profilaxia” da DC do Instituto Oswaldo Cruz em Bambuí-MG, iniciou-se um período de consolidação das informações disponibilizadas pelos estudos sobre a DC, bem como o seu reconhecimento como uma importante endemia rural, tanto no Brasil quanto em outros países (RAMOS JUNIOR, 2001). Estudos iniciais sobre as estratégias de controle da DC foram confirmados por Dias e Pellegrino (1948) através das primeiras experiências com inseticidas de ação residual, controlando populações de triatomíneos localizados no intradomicílio. 26 No Brasil, o controle da transmissão vetorial da DC somente foi sistematizado e estruturado na forma de programa de alcance nacional a partir de 1975. Até os anos 70, apenas o Estado de São Paulo mantinha ações regulares de controle, em paralelo com trabalhos pioneiros de investigação em Minas Gerais (Município de Bambuí e algumas áreas do Triângulo Mineiro) (SILVEIRA, 1999). Como parte da rotina de operações do Programa de Controle Nacional da DC (PCNDC), instituído em todo o país pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), a partir de 1975 foi delimitada a área onde havia risco de transmissão da doença para o restante do país, através de inquérito de soroprevalência da infecção na população humana e de inquérito entomológico. Os inquéritos realizados apontavam para: a) uma área com risco de transmissão vetorial que correspondia a 36% do território nacional, com triatomíneos domiciliados em 2.493 municípios, distribuídos em 18 estados; b) 711 municípios de 11 estados eram positivos para a principal espécie vetora, o T. infestans; c) uma prevalência da infecção chagásica na população rural de 4,2%, com mais altos coeficientes em Minas Gerais (8,8%), Rio Grande do Sul (8,8%), Goiás (7,4%) e Bahia (5,4%), estados onde a dispersão e infestação por T. infestans eram mais significativas (VINHAES; DIAS, 2000). No contexto epidemiológico da DC no Brasil, a região Nordeste ocupa importância acentuada, tendo sido a segunda em número de infectados e de índices de infestação por triatomíneos nos inquéritos nacionais de prevalência e distribuição dos vetores realizados entre 1975 e 1980. A prevalência da infecção por T. cruzi entre a população nordestina foi de 3,05%, com as maiores taxas nos Estados de Sergipe (6%) e Bahia (5,4%), e menores taxas no Ceará (0,8%) e Maranhão (0,1%) (DIAS et al., 2000; CARMARGO et al., 1984). A fim de interromper a cadeia de transmissão da DC pelo controle do vetor, foi realizada a desinsetização domiciliar de toda área que se reconheceu endêmica. O PCNDC alcançou sua cobertura máxima em 1983 e, em 1986, com o programa já francamente consolidado, o impacto foi altamente positivo, com redução drástica dos índices triatomínicos-tripanossômicos ao longo das áreas endêmicas (DIAS, 1987; VINHAES; DIAS, 2000). As capturas de T. infestans caíram de mais de 80 mil no ano de 1979 para pouco mais de 40 exemplares em 2005 (DIAS, 2006). Em julho de 1991, um marco de considerável relevância foi assumido pelos ministros de saúde dos países do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai), onde foi aprovada a Iniciativa Internacional de Controle da DC (SCHOFIELD; DIAS, 1999; MONCAYO, 1999). A lógica subjacente à Iniciativa era a idéia de que o acordo internacional 27 favoreceria a continuidade da PNCDC, enquanto os objetivos comuns reduziriam o risco acidental de transporte transfronteira de vetores ou de produtos sangüíneos infectados. O objetivo principal de eliminação do T. infestans incluía a idéia de suprimir ou controlar populações de outras espécies de importância local. E o objetivo secundário era o de reduzir o risco da transmissão da DC por transfusão sanguínea, mediante o fortalecimento das redes de banco de sangue e o controle efetivo dos doadores (DIAS; SILVEIRA; SCHOFIELD, 2002). Como resultado de uma Iniciativa bem sucedida, o Ministério da Saúde do Brasil recebeu no dia 9 de junho de 2006 a Certificação Internacional de Eliminação da Transmissão da DC pelo T. infestans, conferida pela OPAS (FERREIRA; SILVA, 2006). Não se pode negar que esta Iniciativa também estimulou a Formulação da Lei do Sangue (promulgada em 1994) nos países envolvidos, aumentando o grau de cobertura da sorologia pré-transfusional nas áreas chagásicas e melhorando o padrão das técnicas sorológicas utilizadas, levando ao controle da transmissão transfusional. Além disso, esperase também uma redução dos casos de transmissão congênita da doença para os próximos anos, uma vez que possivelmente no prazo de 10 ou 20 anos não mais serão observadas mulheres chagásicas em idade fértil (DIAS; SCHOFIELD, 1998). Estudos atuais mostram uma prevalência da infecção chagásica no Brasil inferior a 0,2% (DIAS, 2007). Desapareceram os jovens e crianças infectadas, chegou-se a 100% de controle nos bancos de sangue e a prevalência da infecção baixou para 0,65% entre os candidatos a doação de sangue (DIAS, 2006). No estado do Ceará, o programa de controle da DC foi concebido nos mesmos moldes das demais regiões endêmicas do país. Desde o seu início até o ano de 2002, o Programa cobriu um total de 182 municípios dos 184 existentes no Estado. O processo de trabalho do Programa envolveu atividades como: a) identificação das localidades de cobertura do Programa, com detecção do tipo de habitação encontrada e a realização de um levantamento dos triatomíneos, objetivando-se conhecer o percentual de localidades positivas, a magnitude da infestação triatomínea e quais as espécies mais encontradas; b) expurgo periódico nas localidades que apresentavam positividade para triatomíneos; c) realização de campanhas de ação educativa, com atividades de conscientização e conhecimento da população sobre a doença e suas consequências através de palestras, reuniões, eventos comunitários e programas de rádio (SILVA et al., 2009). Não se pode deixar de comentar que o T. infestans, espécie erradicada no Brasil, é um triatomíneo não encontrado no Estado do Ceará. A principal espécie transmissora da DC 28 nesse Estado é o Triatoma brasiliensis. De acordo com o livro História Natural da DC, que mencionou um resumo dos estudos a respeito das espécies e distribuição geográfica de triatomíneos no período de 1955-1983, o T. brasilensis foi encontrado em 85,8% (121/141) dos municípios do Estado (ALENCAR, 1987). Dessa forma, é compreensível que as diversas medidas adotadas pelo programa de controle da DC no Estado do Ceará foram importantes na redução das demais espécies vetores da doença, com consequente redução nos níveis de transmissão. Os dados sobre a DC no Ceará tiveram em grande parte como base as pesquisas conduzidas pelo Dr. Joaquim Eduardo de Alencar, um dos pioneiros a se interessar pela importância epidemiológica da doença nessa região (SILVA, 2004). Diversos estudos realizados entre 1942-1967 por esse pesquisador, em vários municípios do Estado do Ceará, mostravam prevalências altas de infecção humana (entre 6,7 a 40,7%). Estudos posteriores, também realizados por ele, no período de 1979-1981, que tinham como objetivo avaliar o impacto das medidas de profilaxia em 21 municípios do Estado do Ceará, já mostravam uma diminuição progressiva da infecção humana, não mais se observando as frequências elevadas do início das pesquisas (ALENCAR, 1987). Dados mais recentes, também têm mostrado essa tendência. Silva et al. (2009), ao realizarem um trabalho que tinha como objetivo avaliar o impacto do processo de implantação e de desenvolvimento das ações de controle da DC no Estado do Ceará, no período de gestão federal da SUCAM/FUNASA, de 1975 a 2002, por meio da utilização de indicadores epidemiológicos, também mostrou uma forte tendência à redução nos índices de infestação por triatomíneos nas unidades domiciliares e do intradomicílio ao longo dos anos, sugerindo um impacto positivo do programa de controle da DC na maioria das regiões analisadas. Borges-Pereira et al. (2008), ao realizarem um inquérito sorológico para a infecção chagásica em quatro localidades rurais de Jaguaruana, verificaram uma prevalência de 3,1%, prevalência esta significativamente inferior ao valor de 6,1% estimado para a população rural do referido município durante o inquérito sorológico nacional, realizado entre 1975-1980, o que indica uma queda na prevalência da infecção. Tal tendência é resultado das medidas de controle da transmissão vetorial, principalmente no intradomicílio, implantadas no território brasileiro. 29 1.7 Impacto do controle da Doença de Chagas Progressos nos programas de controle, tanto da transmissão vetorial como da transfusional, tornaram raros os casos de formas agudas da DC, determinando assim uma elevação na média de idade dos doentes constatada em estudos clínicos e em candidatos a doação de sangue com sorologia positiva para a doença (MENEGELLI; EJIMA; SILVA, 1991; WENDELL, 1997) Diversos estudos realizados têm demonstrado uma progressiva redução da soropositividade para a DC em faixas etárias mais jovens. Almeida et al. (2007), ao comparar um grupo de pacientes idosos (≥ 60 anos) com um grupo de não-idosos (< 60anos) com relação a apresentação clínica da DC, observou que nenhum dos pacientes não-idosos incluídos no estudo, apresentava idade menor do que 22 anos. Num outro caso constatado na literatura, dos 496 casos de megacólon e megaesôfago avaliados, não foram encontrados indivíduos abaixo de 20 anos de idade e verificou-se que 59% dos pacientes apresentavam mais do que 50 anos, e 31% mais que 60 anos, atribuindo-se esta observação a uma efetiva interrupção da transmissão vetorial (MENEGELLI; EJIMA; SILVA, 1991). Esse fenômeno de aumento da prevalência da DC entre indivíduos mais velhos e a consequente redução entre grupos com faixa etária mais jovem é conhecido como efeito coorte por Lima-Costa et al. (2001). Estes autores vêm desenvolvendo uma série de estudos em Bambuí-MG, município onde foram realizados os primeiros experimentos utilizando-se inseticidas (DIAS, 1945), e tornou-se pioneiro no controle da DC no Brasil, tendo sido a transmissão interrompida com sucesso por volta de 1970. Ao avaliarem a prevalência da infecção por T. cruzi em Bambuí 50 anos após o início do programa de controle, observaram que nenhum caso de soropositividade para a DC foi encontrado em indivíduos com idade inferior a 20 anos (nascidos após 1977), identificando uma alta prevalência (37,7%) da infecção em indivíduos com idade ≥ 60 anos. No estado do Ceará, os achados apontam para essa mesma tendência. No estudo realizado por Borges-Pereira et al. (2008), para a detecção da soroprevalência da infecção chagásica em quatro localidades rurais de Jaguaruana, resultados semelhantes também foram encontrados. Das 541 amostras analisadas, 17 (3,1%) apresentaram-se soropositivas, sem registro de soropositividade em menores de 16 anos. Dos 17 pacientes soropositivos, 52,9% (9/17) apresentavam idade igual ou superior a 50 anos. 30 Resultado semelhante foi encontrado por Coutinho (2010) ao analisar fatores associados ao risco de infestação por triatomíneos e transmissão da DC na localidade de Miguel Pereira, Município de Russas. Foram investigados e caracterizados 220 domicílios durante a investigação entomológica e 812 pessoas foram entrevistadas. A prevalência da endemia no período estudado (2007-2009) foi de 1,2%, maior entre pessoas com mais de 50 anos e sem diferença significativa em relação ao sexo. Apesar do sucesso das medidas de controle da DC, esta ainda permanece como um grande problema de saúde nos países da América Latina, estendendo-se desde o México até a Argentina e o Chile, onde se estima que haja 13 milhões de pessoas infectadas, principalmente residentes no Cone Sul. No Brasil, a estimativa é de que haja três e meio milhões de chagásicos (WHO, 2005a). Portanto, resta ao Sistema Público brasileiro o desafio de prestar assistência a milhões de infectados na sua fase crônica da doença. Acredita-se que grande proporção desses indivíduos, ou já se encontram na terceira idade, ou se tornarão idosos em um futuro próximo (GUARIENTO; ALLIEGRO; ALMEIDA, 2009). 1.8 Doença de Chagas e o paciente idoso Em todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária, com repercussões nas demandas sociais e econômicas (WHO, 2005b). No Brasil, a proporção de idosos na população geral vem aumentando de forma progressiva em todas as regiões do país, sobretudo no sexo feminino. Segundo dados do IBGE (2002), a população brasileira maior que 60 anos ultrapassa 15 milhões de habitantes. Esse envelhecimento populacional é acompanhado pelo aumento na morbimortalidade, com predomínio das doenças do aparelho circulatório, não fugindo à regra, no entanto, as doenças infecciosas crônicas, como a DC (OPAS, 2002; ALMEIDA et al., 2007). Essa associação frequente de doenças crônicas ao processo de envelhecimento acarreta uma demanda expressiva por serviços de saúde e medicamentos, predispondo a população idosa a inúmeros riscos. Tal associação, além de incrementar a morbimortalidade, atua piorando a qualidade de vida daqueles que se encontram nessa condição desfavorável (ALMEIDA et al., 2007; KAMIJI; OLIVEIRA, 2005). 31 Lima-Costa et al. (2001) ao investigar as diferenças entre idosos soropositivos e soronegativos para a DC quanto aos indicadores relacionados ao estado de saúde (autopercepção de saúde) e ao uso de serviços de saúde, observaram uma forte associação entre a soropositividade e fatores como auto-percepção de saúde ruim/muito ruim (OR = 1,89, 95%, IC: 1,30-2,75), prostração nas duas semanas anteriores à entrevista (OR = 1,88, 95%, IC: 1,21-1,92), hospitalização nos últimos 12 meses (OR = 1,41, 95%, IC: 1,05-1,89) e uso de mais de 5 medicamentos prescritos nos últimos 3 meses (OR = 1,75, 95%, IC: 1,15-2,59). Uma alta prevalência de acometimento cardíaco é esperada entre indivíduos soropositivos (DIAS, 1995), de forma que essas associações podem ser parcialmente explicadas pelo comprometimento cardíaco e/ou demais sintomas da DC. Os autores do estudo concluem que a soropositividade para a DC em indivíduos idosos está fortemente associada a um pior estado de saúde e a uma maior busca e utilização dos serviços de saúde. A associação da DC ao processo de envelhecimento dos seus portadores merece especial ênfase. Somado ao declínio que ocorre com a idade, o processo de envelhecer com essa doença pode ter especialidades que precisam ser mais conhecidas (CARVALHO FILHO et al., 1985). Alguns autores têm sugerido uma associação entre a infecção pelo T. cruzi e o comprometimento cognitivo em indivíduos mais velhos. Lima-Costa et al. (2009) realizaram um estudo de base populacional envolvendo 1449 indivíduos com idade ≥ 60 anos em uma área brasileira endêmica para a DC (Bambuí-MG). Constatou-se uma prevalência de 37,6% para a infecção chagásica e, ao se avaliar o estado mental da população estudada, observou-se uma associação gradual e independente entre a infecção e as menores pontuações obtidas pelo Mini-exame do Estado Mental (OR= 1,99, 95%, IC: 1,43-2,76), exame este voltado para a avaliação do comprometimento cognitivo. A associação entre a DC e a disfunção cognitiva é biologicamente plausível. A ICC e o tromboembolismo são manifestações graves da CCC (DIAS, 1995; PRATA, 2001), e existem evidencias de associação com a doença vascular cerebral (CAROD-ARTAL et al., 2005), uma vez que doenças cardíacas aumentam o risco de isquemia, levando ao comprometimento cognitivo (SACCO, 1997). Enfarto cerebral foi encontrado na autópsia de pacientes chagásicos com ICC (ARAS et al., 2003). Além disso, a auto-imunidade é uma característica estabelecida da DC e a presença de auto-anticorpos contra receptores muscarínicos contribuem para a patogênese da forma cardíaca da DC, provavelmente por desensibilização e progressivo bloqueio dos receptores de neurotransmissor (RIBEIRO et al., 32 2007). Alguns estudos têm sugerido que auto-anticorpos contra receptores muscarínicos também podem estar envolvidos na patogênese da doença de Alzheimer, onde o estado mental do indivíduo encontra-se comprometido (ZUCHNER; SCHLIEBS; PEREZ-POLO, 2005). Alguns estudos têm se voltado à análise da função cardíaca em indivíduos idosos com a cardiopatia chagásica. Rocha et al. (2003), ao avaliar o grau e o tipo de dano ao coração em pacientes chagásicos idosos (> 55 anos) atendidos em um centro de referência ambulatorial e compará-los com as alterações encontradas em pacientes chagásicos jovens (< 35 anos) com grau semelhante de dano, observaram que os idosos chagásicos sem cardiopatia avançada apresentaram um bom comportamento funcional, semelhante ao de adultos jovens. No entanto, com a piora no grau de dano cardíaco, os pacientes idosos passaram a apresentar um número significativamente maior de ESV no ECG de 24h (p=0,04), e uma capacidade funcional (avaliada pelo consumo máximo de oxigênio no teste ergométrico) significativamente menor (p=0,03), quando comparados aos chagásicos jovens com grau semelhante de dano. A capacidade funcional cardíaca é sabidamente menor em pacientes idosos do que em jovens adultos (BRUCE; HORNSTER, 1969). Além disso, ESV frequentes e complexas no ECG de 24 horas podem ser encontradas na população geriátrica saudável (FLEG; KENNEDY, 1982). Assim, a idade, por si só pode contribuir para a presença de ESV no ECG de 24 horas (KOSTIS et al., 1981). No entanto, parece provável que a associação da idade com esta arritmia ventricular é muito mais evidente em pacientes chagásicos do que na população normal (ZICKER et al., 1990). Assim, Rocha et al. (2003) concluem que associação de dano cardíaco característico do envelhecimento com os danos secundários devido à doença de Chagas poderia explicar o maior comprometimento funcional encontrado em pacientes chagásicos idosos. O aumento da média de idade dos indivíduos com a DC pôde ser esperado com o sucesso das medidas de controle. Somam-se a isso, as inovações nas técnicas cirúrgicas (implantes de MP e CDI) e o maior acesso ao tratamento e às informações na área de saúde, o que contribui para o aumento da sobrevida, levando consequentemente ao surgimento de uma população idosa portadora da infecção chagásica crônica (DIAS, 2002; GUARIENTO, ALLIEGRO, ALMEIDA, 2009). É essencial que seja dado importância para a associação entre o processo de envelhecimento e a DC, pois essa pode evoluir para a fase crônica, com acometimento do aparelho cardiovascular, digestivo ou ambos, associando-se a outras doenças crônicas da 33 velhice como: cardiopatia isquêmica, diabetes mellitus, hipertensão arterial, artrose, entre outras (MAIA et al., 2006). A escassez de estudos sobre a DC em indivíduos idosos contrasta com a importância da enfermidade nessa faixa etária (CARVALHO FILHO et al., 1985; LIMA-COSTA et al., 2001). Dessa forma, torna-se mandatória a distinção do cuidado ao chagásico idoso, que associam o risco de morbimortalidade pela CCC com outras comorbidades frequentemente presentes, além de apresentarem risco de interação medicamentosa devido à polifarmácia, aumentando a demanda de uma assistência médica mais adequada e acesso a intervenções mais sofisticadas. (SILVA, 2006). O presente estudo, portanto, se propõe a oferecer elementos que permitam conhecer melhor o perfil clínico e epidemiológico de idosos com DC atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará, para uma assistência mais adequada por parte do Sistema Público, tendo em vista que a atenção médica e social aos chagásicos crônicos que envelhecem é um dos principais desafios dessa enfermidade no Brasil. 34 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral • Caracterizar o perfil clínico e epidemiológico da população de pacientes idosos com DC atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará, entre julho de 2005 a junho de 2013. 2.2 Objetivos específicos • Definir o percentual de idosos acompanhado no Serviço durante o período do estudo; • Descrever as características demográficas e socioeconômicas dos pacientes idosos; • Classificar os pacientes quanto à forma clínica da DC; • Descrever as alterações eletrocardiográficas encontradas na população estudada; • Identificar as principais comorbidades associadas à DC; • Estabelecer uma relação entre o número de comorbidades e as variáveis sexo e faixa etária; • Identificar os tipos de agentes terapêuticos mais frequentemente utilizados pela população estudada; • Detectar possíveis fatores de risco associados ao desenvolvimento da cardiopatia chagásica. 35 3 METODOLOGIA 3.1 Delineamento e local do estudo Tratou-se de uma pesquisa descritiva e transversal, realizada no Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico do Laboratório de Pesquisa em Doença de Chagas do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Universidade Federal do Ceará (LPDC/DACT/UFC) no período de julho de 2005 a junho de 2013. 3.2 Sistemática de funcionamento do Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico no LPDC No LPDC é desenvolvido o Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico desde o ano de 2005, sob coordenação da Prof(a) Dr(a) Maria de Fátima Oliveira. O Serviço possui parceria com o Ambulatório de Cardiologia especializado em DC do Hospital Universitário Walter Cantídeo (HUWC), onde os pacientes são atendidos pelo Dr. Francisco Marcondes Tavares da Cruz. A associação de dados clínicos característicos da DC com dados epidemiológicos do paciente levam a suspeita médica, que é confirmada através de testes sorológicos. A sorologia para a DC é processada no Laboratório de Parasitologia do Departamento de Patologia e Medicina Legal (DPML) da Faculdade de Medicina da UFC. A positividade em pelo menos dois testes sorológicos que utilizem princípios diferentes para a infecção pelo T. cruzi (ELISA, Imunofluorescência indireta e/ou Hemaglutinação indireta) confirmam o diagnóstico para a doença (CONSENSO, 2005). Uma vez diagnosticados com a DC pelo Ambulatório da Cardiologia, e possuindo indicação para o tratamento medicamentoso com o Benzonidazol (BZN), os pacientes chagásicos são encaminhados ao LPDC, onde têm acesso ao medicamento e são acompanhados por meio de um atendimento farmacêutico especializado. A sistemática de atendimento dos pacientes chagásicos no LPDC é padronizada, sendo os atendimentos realizados tanto por estudantes do curso de Farmácia, quanto por pósgraduandos (mestrandos e doutorandos) previamente treinados. No primeiro contato do paciente com o LPDC, é aplicado um questionário padrão (ANEXO A) que aborda informações como características sociodemográficas, aspectos da DC, história médica 36 pregressa, história familiar, antecedentes alérgicos, medicamentos de uso contínuo, dados relacionados à prescrição do BZN, comorbidades, hábitos de vida e evolução de parâmetros laboratoriais e clínicos. Após a entrevista inicial, o paciente é orientado sobre a terapia medicamentosa com o BZN, sendo o contato encerrado com a dispensação do medicamento. Os demais atendimentos são destinados a obter informações sobre adesão do paciente à terapia, efeitos indesejáveis resultantes do tratamento, qualidade de vida e satisfação do paciente quanto ao serviço prestado. Essas últimas informações não serão utilizadas nesse estudo. 3.3 Amostragem, período do estudo e critérios de inclusão e exclusão Foram analisadas as fichas de todos os pacientes cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica ao pacientes chagásico no período de julho de 2005 (data em que foram iniciadas as atividades no Serviço) a junho de 2013, perfazendo um total de 8 anos. Foram incluídos no estudo indivíduos idosos de ambos os sexos, selecionados de acordo com o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que limita a faixa etária de 60 anos ou mais (IBGE, 2002). Além dos dados obtidos através da Ficha de Caracterização e Seguimento do Pacientes (ANEXO A), preenchida no primeiro atendimento (arquivos do LPDC), foram também utilizadas como objeto de estudo as informações contidas nos prontuários médicos dos pacientes selecionados. Tais prontuários foram disponibilizados pelo Setor de Arquivo Médico (SAME) do HUWC. Excluiu-se da avaliação clínica do presente estudo aqueles pacientes cujos prontuários não estavam disponíveis para consultas ou apresentavam dados insuficientes para os objetivos e análises propostas. A pesquisa foi iniciada com 97 pacientes, entretanto dois foram excluídos da avaliação clínica do estudo devido à escassez de informações disponíveis nos prontuários médicos, o que impossibilitou classificá-lo quanto à forma da DC. 3.4 Instrumento utilizado para a coleta de dados e variáveis estudadas Para a coleta de dados nas fichas arquivadas no LPDC, utilizou-se um formulário previamente elaborado (APÊNDICE A). Foram coletadas informações como: dados 37 demográficos (incluindo sexo, idade, ocupação, estado civil, naturalidade, procedência e cor da pele), dados socioeconômicos (escolaridade e renda familiar), dados relacionados à DC (tempo em que sabe possuir a doença, como a descobriu e sintomas que podem ser atribuídos à patologia), uso contínuo de medicamentos, comorbidades associadas à DC, hábitos de vida (se fumante, se ingere bebidas alcoólicas e se pratica atividade física) e histórico familiar de DC. Para a obtenção de informações dos prontuários médicos, utilizou-se também uma ficha semiestruturada (APÊNDICE B), construída a partir de leituras sobre o tema. Através dos prontuários foi possível a obtenção de dados complementares como: a queixa principal (QP) e o histórico da doença atual (HDA) no dia da admissão do paciente no Ambulatório da Cardiologia, laudo do ECG, do raio X de tórax, esofagograma, endoscopia digestiva, enema opaco e colonoscopia, quando estes foram solicitados pelo médico e possuíam resultado registrado no prontuário. Como o ECG é o exame fundamental na caracterização de comprometimento cardíaco significativo na DC, os pacientes chagásicos são acompanhados com realização anual desse exame. Portanto, para fins de padronização, considerou-se para o estudo o laudo referente ao ano em que o paciente foi cadastrado no LPDC. 3.5 Caracterização da forma clínica da Doença de Chagas Para a caracterização da forma clínica da doença foram utilizados os seguintes critérios em consonância com a literatura (CONSENSO, 2005; BORGES-PEREIRA et al., 2008): I- Forma cardíaca (FC): Indivíduos sintomáticos ou não, com alterações no eletrocardiograma (ECG) sugestivas de comprometimento cardíaco e/ou com registro de cardiomegalia (detectada pelo raio X do tórax) no prontuário; II- Forma digestiva (FD): Indivíduos com registro no prontuário de resultados de exames (esofagograma ou endoscopia, enema opaco ou colonoscopia) compatíveis com megaesôfago e/ou megacólon; e/ou registro de antecedentes de cirurgia de megaesôfago e/ou megacólon. III- Forma indeterminada (FI): Indivíduos assintomáticos, apresentando eletrocardiograma (ECG) normal, sem registro de cardiomegalia no prontuário, e sem registro de alterações de exames compatíveis com megaesôfago e/ou megacólon; 38 IV- Forma mista (FM): Indivíduos com associação entre a forma cardíaca e digestiva, com presença de megaesôfago e/ou megacólon. 3.6 Aspectos éticos O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUWC sob número de protocolo 031.05.12, estando de acordo com as normas que regulamentam a pesquisa com seres humanos do Conselho Nacional de Saúde (Resolução CNS 466/12, 251/97, 292/99, 303/00, 304/00, 347/05, 346/05). 3.7 Análise Estatística Para a análise descritiva, os dados coletados foram repassados para planilhas previamente criadas no Microsoft Excel. A análise estatística foi realizada utilizando-se o Programa Graphpad Prisma versão 6.0. As variáveis contínuas, com distribuição normal, foram expressas na forma de média e desvio-padrão. Quando necessário, o teste “t” de Student foi usado para distribuições normais e o teste de Mann Whitney nos casos em que os valores não assumiam a distribuição normal. Para verificar possíveis associações entre as variáveis estudadas, foi utilizado o teste o exato de Fisher. Em todos os casos, foi adotado nível de significância de p menor do que 0,05. 39 4 RESULTADOS 4.1 Percentual de idosos acompanhados no Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico ao longo dos seus 8 anos de funcionamento Do total de 411 pacientes cadastrados, 97 (23,6%) eram indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos. Uma progressiva elevação no percentual de idosos em relação ao total de pacientes cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica foi observada ao longo dos seus 8 anos de funcionamento. Entre julho/2005-junho/2007, foram cadastrados apenas 2 idosos entre 59 pacientes (3,4%). No período de julho/2007-junho/2009, foram 16 idosos de um total de 80 pacientes (20,0%). No período seguinte, julho/2009-junho/2011, foram 105 pacientes cadastrados, dos quais 22 eram idosos (21,0%). E por fim, entre julho/2011-junho/2013, foram cadastrados 167 pacientes, sendo que 57 eram idosos (34,1%). A figura 2 mostra a evolução do percentual de idosos a cada dois anos. Gráfico 1 – Aumento bianual do percentual de pacientes idosos com Doença de Chagas cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará. Fonte: LPDC, 2013. 40 Considerando o período de julho/2005-junho/2009, correspondente aos 4 primeiros anos do Serviço de Atenção Farmacêutica (1° período), dos 139 pacientes matriculados, 18 (12,9%) eram idosos. Já no período correspondente 4 anos subsequentes, entre julho/2009junho 2013 (2° período), foram identificados 79 idosos de um total de 272 pacientes cadastrados (29,0%). Percebe-se que o percentual de idosos cresceu pouco mais que o dobro e, ao se aplicar o teste estatístico exato de Fisher, foi possível observar o aumento significativo desse percentual (p = 0,003). Esses dados encontram-se representados na figura 3. Gráfico 2 – Pacientes idosos com Doença de Chagas em relação ao total de pacientes cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica no Ceará nos dois períodos considerados. Fonte: LPDC, 2013. 4.2 Características sociodemográficas As características sociodemográficas da população em estudo encontram-se descritas na tabela 1. Com relação ao sexo, 50,5% (49) dos pacientes idosos eram mulheres e 49,5% (48) homens. A maioria tinha entre 60 e 69 anos de idade (70,1%), com uma média de idade de 66 anos (66,9±6,5). Com relação à ocupação, 54,6% (53) relataram estar aposentados, e dentre aqueles ainda na ativa (40), as principais ocupações registradas foram agricultor (55,0%) e “dona de casa” (30,0%). 41 Quanto à escolaridade, a maioria (49,5%) apresentava fundamental incompleto, tendo sido encontrado um percentual alto de analfabetos (40,2%). A maioria dos pacientes tinham uma renda familiar de 1 salário mínimo (51,5%), eram casados (49,5%), declararam cor da pele parda (52,6%) e não possuíam plano de saúde (89,7%). 42 Tabela 1 – Características sociodemográficas dos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n= 97). Variáveis Sexo Idade* Ocupação Escolaridade Renda Familiar Estado civil Cor da pele Plano de saúde Categoria Feminino Masculino Total 60 – 69 anos ≥ 70 anos Total Aposentado Agricultor Dona de Casa Desempregado Outros** Total Analfabeto Fundamental incompleto Fundamental completo Médio completo Médio incompleto Total < 1 SM 1 SM 2 a 4 SM NI Total Amigado Casado Solteiro Viúvo NI Total Branco Negro Pardo NI Total Sim Não Total n 49 48 97 68 29 97 53 22 12 04 06 97 39 48 01 04 05 97 03 50 42 02 97 02 48 02 06 39 97 33 10 51 03 97 10 87 97 % 50,5 49,5 100,0 70,1 29,9 100,0 54,6 22,7 12,4 4,1 6,2 100,0 40,2 49,5 1,1 4,1 5,1 100,0 3,1 51,5 43,3 2,1 100,0 2,1 49,5 2,1 6,1 40,2 100,0 34,0 10,3 52,6 3,1 100,0 10,3 89,7 100,0 * Idade: Média (Desvio padrão; Intervalo de Confiança) = 66,9 (6,5; 65,6-68,2 anos) ** Outros: Pedreiro, costureira, motorista, autônomo e marceneiro; NI = Não informado; SM = Salário mínimo; CE = Ceará. Fonte: LPDC, 2013. 43 4.3 Aspectos epidemiológicos Com relação à naturalidade, 90 (92,8%) pacientes relataram ter nascido em cidades no Estado do Ceará, sendo que apenas dois deles (2,1%) eram naturais da capital, Fortaleza, e os demais (90,7%) eram naturais de cidades interioranas do estado do Ceará. As principais cidades natais dos pacientes idosos foram: Jaguaruana (17,5%), Russas e Quixeré, ambas com 16,5%, e Limoeiro do Norte (11,3%). Sete pacientes (7,2%) afirmaram ter nascido em outros Estados como: Pará (1,0%), Piauí (1,0%), Paraíba (2,1%), Maranhão (1,0%) e São Paulo (2,1%) (Tabela 2). 44 Tabela 2 – Naturalidade dos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n= 97). Naturalidade Estado do Ceará Baturité Boa viagem Capistrano Crateús Crato Fortaleza Forquilha Ico Iguatu Indepedência Ipu Ipueiras Iracema Jaguaruana Juazeiro do Norte Limoeiro do Norte Milhã Nova Russas Novo Oriente Orós Palhano Quixadá Quixeré Russas Santa Quitéria Sobral Tabuleiro do Norte Estado do Pará Belterras Estado do Piauí Cidade não informada Estado da Paraíba Cidade não informada Estado do Maranhão Cidade não informada Estado de São Paulo Cruzeiro São Miguel Total Fonte: LPDC, 2013. n 90 02 01 01 01 01 02 01 03 01 01 01 01 01 17 01 11 01 01 01 02 02 01 16 16 02 01 01 01 01 01 01 02 02 01 01 02 01 01 97 % 92,8 2,1 1,0 1,0 1,0 1,0 2,1 1,0 3,1 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 17,5 1,0 11,3 1,0 1,0 1,0 2,1 2,1 1,0 16,5 16,5 2,1 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 2,1 2,1 1,0 1,0 2,1 1,0 1,0 100,0 45 Quanto à procedência, 81 pacientes (83,5%) residiam em cidades no interior do Estado do Ceará e 16 (16,5%) eram provenientes da capital, Fortaleza. As principais cidades interioranas citadas como locais de procedência pelos pacientes foram: Quixeré (18; 18,5%), Jaguaruana (16; 16,5%), Russas (14; 14,4%) e Limoeiro do Norte (13; 13,4%), municípios localizados na Microrregião do Baixo Jaguaribe, no Vale do Jaguaribe. Do total de 97 pacientes, 65 (67,0%) eram provenientes da Microrregião do Baixo Jaguaribe. As demais cidades citadas pelos pacientes como locais de residência podem ser observadas na figura 3. Figura 2 – Local de procedência dos pacientes idosos com Doença de Chagas no Estado do Ceará (n = 97). Fonte: Wikipédia com adaptação do LPDC, 2013. 46 4.4 Características relacionadas à Doença de Chagas Quando questionados sobre o tempo em que sabiam possuir a DC, a maioria dos pacientes (44,3%) responderam ter descoberto a doença há menos de 1 ano do atendimento inicial no Serviço de Atenção Farmacêutica do LPDC. Vinte e quatro pacientes (24,7%) afirmaram já saber da existência doença entre 1 a 5 anos, enquanto seis (6,2%) afirmaram já saber há mais de 20 anos. Com relação à forma como descobriram serem portadores da DC, a maioria (30,9%) dos pacientes afirmaram ter sido a partir da apresentação de sintomas cardíacos e/ou digestivos característicos da doença, como palpitação intensa, dor no peito, constipação e disfagia, sintomatologias que os fizeram procurar o atendimento médico. Vinte e sete pacientes (27,8%) pacientes afirmaram ter descoberto a DC através de exames sorológicos, entre estes, estão aqueles que solicitaram a sorologia por conta própria devido a casos de DC na família ou por serem provenientes de zona endêmica (3); aqueles que passaram por triagens sorológicas nas cidades onde moram (7); e aqueles que realizaram exames de rotina (17). Dezenove (19,6%) pacientes relataram ter descoberto a doença através de alterações eletrocardiográfica características da DC, o que levou o médico à suspeita da doença e à solicitação da sorologia. E por fim, 6,2% (6) descobriram a doença através de doação de sangue. A informação relacionada ao histórico de DC na família só estava presente nas fichas de 61 pacientes. Destes, 31 (50,8%) tiveram história familiar positiva e 30 (49,2%) referiram desconhecer a história dessa doença na família. Quanto à sintomatologia, no primeiro contato do paciente com o LPDC, o mesmo era questionado sobre sintomas que pudessem ser atribuídos à DC. Dezoito pacientes (18,5%) afirmaram não apresentar nenhum sintoma característico da doença, enquanto 79 (81,5%) relataram pelo menos um sintoma. Trinta e três pacientes (34,0%) relataram apresentar apenas sintomas relacionados à função cardíaca, enquanto 31 (32,0%) afirmaram apresentar pelo menos um sintoma cardíaco associado a uma alteração no trato gastrointestinal. Uma minoria (15,5%) relatou apenas sintomas digestivos. Esses achados podem ser observados na Tabela 3, que traz a distribuição dos dados relacionados à DC dos pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Ceará. 47 Tabela 3 – Características relacionadas à Doença de Chagas dos pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97). Variáveis Tempo em que sabe possuir a doença Como descobriu a doença Histórico de DC na família (n=61) Sintomatologia Categoria Menos de 1 ano 1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos Mais de 20 anos NI Total Alteração no ECG Doação de sangue Exame sorológico Sintomatologia da DC NI Total Sim Não Total Assintomático Cardíaca Digestiva Cardíaca + Digestiva Total n 43 24 04 05 03 06 12 97 19 06 27 30 15 97 31 30 61 18 33 15 31 97 % 44,3 24,7 4,1 5,2 3,1 6,2 12,4 100,0 19,6 6,2 27,8 30,9 15,5 100,0 50,8 49,2 100,0 18,5 34,0 15,5 32,0 100,0 ECG = Eletrocardiograma; DC = Doença de Chagas; NI = Não informado. Fonte: LPDC, 2013. A média de sintomas atribuídos à DC pelos pacientes idosos foi de 1,94 ± 1,45 (IC:1,65-2,23). Os principais sintomas cardíacos relatados foram: dor no peito (42,3%), dispneia (36,1%) e palpitação/taquicardia (23,7%). E os sintomas digestivos mais citados foram constipação (36,1%) e disfagia (23,7%). A distribuição dos principais sintomas relacionados à DC relatados pelos pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Ceará pode ser encontrada na Tabela 4. 48 Tabela 4 – Principais sintomas relacionados à Doença de Chagas relatados pelos pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97). Sintomas* Cardíacos Cansaço Dispnéia Dor no peito Palpitação/Taquicardia Síncope Tontura Digestivos Disfagia Epigastralgia Constipação n % 17 35 41 23 06 07 17,5 36,1 42,3 23,7 6,2 7,2 23 01 35 23,7 1,0 36,1 *Sintomas = Média (Desvio padrão; Intervalo de Confiança) = 1,94 (1,45; 1,65-2,23). Fonte: LPDC, 2013. 4.5 Aspectos clínicos da Doença de Chagas Para a avaliação da forma clínica da DC, dois pacientes foram excluídos devido à falta de informações nos prontuários médicos (perda de 2,1%). Dessa forma, os 95 pacientes analisados apresentaram a seguinte distribuição quanto à forma clínica: 62 pacientes (65,3%) foram classificados na forma cardíaca, 14 (14,7%) na forma indeterminada, 13 (13,7%) na forma mista e 6 (6,3%) na forma digestiva (Figura 5). 49 Gráfico 3 – Formas clínicas da Doença de Chagas dos indivíduos idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n = 95). Fonte: LPDC, 2013. Entre os pacientes classificados na forma mista (13), predominou a associação entre a forma cardíaca e o megacólon chagásico (61,5%), seguida da forma cardíaca associada ao megaesôfago (30,8%). Um paciente (7,7%) apresentou a forma cardíaca associada ao megacólon e ao megaesôfago simultaneamente. Quanto àqueles classificados na forma digestiva, quatro pacientes (66,7%) sofriam de megacólon, enquanto dois (33,3%) sofriam de megaesôfago (Figura 6). 50 Gráfico 4 – Diferentes associações de formas clínicas da DC entre os pacientes idosos classificados na forma mista (n=13) e digestiva (n=6) da doença. Fonte: LPDC, 2013. Com relação aos achados eletrocardiográficos, 75 pacientes (77,3%) apresentaram pelo menos uma alteração característica da DC no eletrocardiograma (ECG) e apenas 20 pacientes (20,6%) tinham resultado de ECG normal. Dois pacientes (2,1%) não possuíam resultado de ECG arquivado no prontuário, tendo sido excluídos da avaliação da forma clínica da DC no estudo. As principais alterações eletrocardiográficas encontradas foram: BRD (41,0%), BDAS (27,4%), ARV (16,8%), ESV (13,9%), baixa voltagem nas derivações periféricas (BVDP) (6,3%), BAV e BS, estes dois últimos com percentuais de 5,3%. Outras alterações foram encontradas em menor frequência: AEI em 4,2%, e BRE, FA e hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE), ambos com percentual de 3,2%. As eletrocardiográficas encontradas no estudo estão descritas na Tabela 5. principais alterações 51 Tabela 5 – Alterações eletrocardiográficas encontradas em paciente idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=95). Alterações eletrocardiográficas Bloqueio de ramo direito (BRD) Bloqueio divisional ântero superior esquerdo (BDAS) Alteração da repolarização ventricular (ARV) Extra-sístole ventricular (ESV) Baixa voltagem nas derivações periféricas (BVDP) Bloqueio átrio ventricular (BAV) Bradicardia sinusal Área eletricamente inativa (AEI) Bloqueio de ramo esquerdo (BRE) Fibrilação atrial (FA) Hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE) N 39 26 16 13 06 05 05 04 03 03 03 % 41,0 27,4 16,8 13,9 6,3 5,3 5,3 4,2 3,2 3,2 3,2 Fonte: LPDC, 2013. Ao longo dos 8 anos, dentre os 75 pacientes que apresentaram a forma cardíaca isolada ou associada à forma digestiva (forma mista da DC), foram identificados 9 (12,0%) que necessitaram do implante de dispositivos cardíacos devido a alterações graves resultantes da DC. Sete pacientes realizaram o implante de MP, e dois tiveram que implantar um cardiodesfibrilador, devido às alterações resultantes da arritmia provocada pela DC. Dentre os 13 pacientes classificados como portadores de megacólon chagásico isolado ou associado ao megaesôfago ou a forma cardíaca (forma mista da DC), oito (61,5%) já haviam passado por cirurgia ou tinham indicação de procedimento cirúrgico de sigmoidectomia. Por fim, dentre os 7 pacientes classificados como portadores de megaesôfago isolado ou associado ao megacólon ou a forma cardíaca (forma mista da DC), dois (28,6%) já haviam passado por procedimento cirúrgico de cardiomiotomia. 4.6 Comorbidades associadas à doença de Chagas Quanto à existência de doenças associadas à DC, treze pacientes (13,4%) não apresentavam registro de comorbidades, enquanto 84 (86,6%) apresentavam pelo menos uma doença concomitante à DC. A média de comorbidades por paciente no presente estudo foi de 2,23±1,54 (IC: 1,92 – 2,54). As principais doenças crônicas encontradas associadas à DC foram: hipertensão arterial sistêmica (HAS) (67,0%), dislipidemia (32,0%), dispepsia (16,5%), diabetes mellitus 52 (14,4%), osteoporose (11,3%), depressão e artrite, estas duas últimas em proporções iguais (6,2%). Outras comorbidades foram citadas em menores proporções como: doença isquêmica do coração, reumatismo e asma com percentuais de 4,1%; bem como acidente vascular cerebral (AVC), hipotireoidismo e insuficiência renal crônica (IRC) com 3,1%. Esses dados encontram-se distribuídos na Tabela 6. Com relação às alterações resultantes da evolução da DC, 12,4% (12/97) dos pacientes incluídos no estudo apresentavam arritmia e 8,2% (8/97) ICC. Tabela 6 – Principais comorbidades associadas à Doença de Chagas em pacientes idosos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97). Comorbidades* Hipertensão arterial sistêmica (HAS) Dislipidemia Dispepsia Diabetes mellitus Osteoporose Depressão Artrite Doença isquêmica do coração Asma Reumatismo Hipotireoidismo Acidente vascular cerebral (AVC) Insuficiência renal crônica (IRC) n 65 31 16 14 11 06 06 04 04 04 03 03 03 % 67,0 31,9 16,5 14,4 11,3 6,2 6,2 4,1 4,1 4,1 3,1 3,1 3,1 *Comorbidades = Média (Desvio padrão; Intervalo de Confiança) = 2,23 (1,54; 1,92 – 2,54). Fonte: LPDC, 2013. 4.7 Correlação entre o número de comorbidades e as variáveis sexo e faixa etária Ao dividir os idosos em dois grupos de acordo com o número de comorbidades: aqueles com menos de três (58,8%) e aqueles com três ou mais (41,2%), conforme a Tabela 7, observou-se que o número de comorbidades variou de acordo com o sexo. A percentagem de homens com menos de 3 doenças concomitantes foi de 72,9%, enquanto o valor correspondente para as mulheres foi de 44,9%. Um número significativamente maior de mulheres (55,1%) apresentou três ou mais comorbidades quando comparadas ao sexo masculino (27,1%) (p = 0,007). 53 Ao se estabelecer uma relação entre a média de comorbidades por sexo, observou-se uma diferença que foi estatisticamente significativa. As mulheres idosas apresentaram uma média de 2,71±1,63 (IC: 2,24-3,18) doenças associadas à DC, enquanto que os homens idosos apresentaram uma média de 1,73±1,28 (IC: 1,36-2,10). Ao se aplicar o Teste t não pareado, encontrou-se um valor de p = 0,001. A representação gráfica desses dados encontra-se detalhada na figura 7. Relacionando o número de comorbidades e o grupo etário, observou-se que entre os pacientes com ≥ 3 comorbidades, predominou aqueles mais velhos (44,7%), com idade maior do que 66 anos. Já com relação àqueles pacientes com menos de três comorbidades, houve predomínio dos pacientes com idade ≤ 66 anos (61,0%), no entanto, essa diferença não foi significativa (p = 0,673). A Tabela 7 apresenta a relação entre o número de comorbidades presentes nos idosos com DC com o sexo e o grupo etário. Tabela 7 – Número de comorbidades em idosos com Doença de Chagas de acordo com o sexo e o grupo etário (n=97). Sexo Masculino Grupo de idade Feminino ≤ 66 anos > 66 anos Comorbidades <3 ≥3 n 35 13 % 72,9 27,1 n 22 27* % 44,9 55,1 N 36 23 % 61,0 39,0 n 21 17 % 55,3 44,7 Total 48 100,0 49 100,0 59 100,0 38 100,0 * p < 0,05 (Teste exato de Fisher). 54 Gráfico 5 – Número de comorbidades apresentadas segundo o sexo (n=97). Fonte: LPDC, 2013. 4.8 Hábitos de vida e uso de medicamentos Com relação aos hábitos de vida, a maioria dos pacientes afirmaram ser ex-fumantes (48,5%), não ingerir bebidas alcoólicas (69,0%) e não praticar qualquer tipo de atividade física (75,3%). Quanto ao uso contínuo de medicamentos, 15 (15,5%) pacientes relataram não fazer uso de nenhum; 44 (45,3%) afirmaram utilizar de 1 a 3 medicamentos; e 38 (39,2%) relataram utilizar 4 ou mais medicamentos. A média de medicamentos por paciente idoso foi de 3,12 ± 2,44 (IC: 2,63 – 3,61). Os dados relacionados aos hábitos de vida e ao uso terapêutico de medicamentos pelos pacientes idosos com DC atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Ceará podem ser encontrados na Tabela 8. 55 Tabela 8 – Hábitos de vida e uso terapêutico de medicamentos pelos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97). Variáveis Fumante Ingestão de bebida alcoólica Prática de atividade física Medicamentos de uso contínuo* Categoria Sim Não Ex-fumante Total Sim Não Etilismo pregresso Total Sim Não Total Nenhum 1 a 3 medicamentos ≥ 4 medicamentos Total n 10 40 47 97 09 67 21 97 24 73 97 15 44 38 97 % 10,3 41,2 48,5 100,0 9,3 69,1 21,6 100,0 24,7 75,3 100,0 15,5 45,3 39,2 100,0 *Medicamentos = Média (Desvio padrão; Intervalo de Confiança) = 3,12 (2,44; 2,63-3,61). Fonte: LPDC, 2013. Os tipos de agentes terapêuticos mais frequentemente usados pelos pacientes idosos com DC estão descritos na Tabela 8 e são estes: os diuréticos (45,4%); os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) (36,1%), os α e β-bloqueadores (21,6%), os anticoagulantes (21,6%), as estatinas (17,5%), e os antiácidos/antiulcerosos (16,5%). 56 Tabelas 9 – Agentes terapêuticos mais utilizados pelos pacientes idosos com Doença de Chagas atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=97). Agentes terapêuticos Diuréticos Inibidores da Enzima conversora de angiotensina (IECA) α e β-bloqueadores Anticoagulantes Estatinas Antiácidos/Antiulcerosos Anseolíticos/sedativos Antagonistas dos receptores de angiotensina 1 (AT1) Hipoglicemiantes Antiarritimicos Bloqueador dos canais de Cálcio Laxantes Tratamento da osteoporose Drogas inotrópicas positivas N 44 35 21 21 17 16 15 14 13 12 10 08 08 07 % 45,4 36,1 21,6 21,6 17,5 16,5 15,5 14,4 13,4 12,4 10,3 8,2 8,2 7,2 Fonte: LPDC, 2013. 4.9 Fatores de risco associados à cardiopatia chagásica Para a identificação de possíveis fatores de risco associados a alterações cardíacas, foram efetuadas análises utilizando as variáveis independentes: sexo, idade, e cor da pele; e a variável dependente: presença ou não de HAS. Para cada uma delas individualmente comparou-se, por meio de teste estatístico, se havia significância ou não com relação ao desenvolvimento da cardiopatia (Tabela 10). Quando a variável sexo foi analisada, observou-se que a prevalência de cardiopatia foi maior entre as mulheres (81,6%), quando comparada aos homens (76,1%). No entanto, com a aplicação do teste estatístico Exato de Fisher, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa para esse achado (p=0,616). Quanto à variável idade, foi observada uma prevalência de cardiopatia chagásica maior (86,1%) entre aqueles pacientes mais velhos, com idade > 66 anos, quando comparados àqueles da faixa etária menos idosa (74,6%), com idade ≤ 66 anos. Apesar disso, também não foi encontrada diferença significativa (p=0,206). 57 No entanto, quando se comparou a média de idade dos pacientes idosos com cardiopatia e sem cardiopatia (Tabela 11), observou-se que para o grupo de pacientes cardiopatas, a média de idade foi maior (67,4 anos) do que àquela encontrada no grupo não cardiopata (64,8 anos). Ao se aplicar o teste de Mann-Whitney, observou-se uma forte tendência de associação entre essas variáveis, com p= 0,054. Quanto à cor da pele, observou-se que a cardiopatia estava mais presente entre indivíduos negros (80,0%) quando comparado àqueles não negros (brancos e pardos) (78,8%). Porém, diferenças estatísticas significativas também não foram encontradas (p=1,00). Por fim, quando se considerou a variável presença ou não de HAS, observou-se que a cardiopatia estava presente em 87,3% dos idosos que relataram apresentar a HAS associada à DC, enquanto apenas 62,5% dos cardiopatas relataram não apresentar a HAS. Ao se aplicar o teste Exato de Fisher, observou-se uma diferença estatisticamente significativa (p= 0,007). Para essa associação, encontrou-se um Odss ratio de 4,12 (IC 95% = 1,47-11,56). Tabela 10 – Fatores de risco associados à cardiopatia chagásica crônica entre os pacientes idosos, segundo valores de p (IC= 95%; nível de significância p < 0,05). COM cardiopatia SEM cardiopatia Variável independente n % n % Sexo - Masculino 35 76,1 11 23,9 Feminino 40 81,6 09 18,4 Idade - ≤ 66 anos 44 74,6 15 25,4 > 66 anos 31 86,1 05 13,9 08 80 02 20 67 78,8 18 21,2 Cor - Negro Não negro COM cardiopatia Variável dependente SEM cardiopatia OR (IC 95%) p* - - 0,71 (0,26-1,93) 0,616 0,47 (0,16-1,44) 0,206 1,07 (0,21-5,51) 1,00 OR (IC 95%) p* n % n % - - HAS - Sim 55 87,3 08 12,7 0,007 Não 20 62,5 12 37,5 4,12 (1,74-11,56) *Aplicado o teste Exato de Fisher; OR= Odss Ration; IC= Intervalo de Confiança; HAS = Hipertensão arterial sistêmica. Fonte: LPDC, 2013. 58 Tabela 11 – Comparação entre a média de idade dos pacientes idosos com cardiopatia e sem cardiopatia atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará (n=95). COM cardiopatia SEM cardiopatia Média de idade (anos) 67,4 64,8 Desvio Padrão (IC 95%) p* 6,6 (65,8-68,9) 6,7 (62,0-67,6) 0,054 * Aplicado o Teste de Mann-Whitney; IC= Intervalo de Confiança; Fonte: LPDC, 2013. 59 5 DISCUSSÃO O presente estudo demonstrou um aumento significativo no número de idosos cadastrados no Serviço de Atenção Farmacêutica ao longo de seus oito anos de funcionamento. Esse achado corrobora com o estudo de Guariento et al. (2011), que observou um aumento progressivo no percentual de pacientes idosos matriculados no Ambulatório de Estudos de DC (GEDoCh) no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) ao longo de 25 anos (1980-2005). Esses mesmos autores demostraram que entre 1980-1994, a média de idade dos pacientes idosos matriculados no GEDoCh foi de 65,3 anos, enquanto que no período de 1995-2005 essa média aumentou de forma significativa para 67,8 anos (p < 0,002) (GUARIENTO et al., 2011). Essa tendência ao aumento na média de idade dos pacientes chagásicos pôde ser esperada com o sucesso das campanhas de controle, tanto da transmissão vetorial, quanto transfusional. (MENEGELLI; EJIMA; SILVA, 1991; WENDELL, 1997). A literatura destaca uma progressiva redução nos índices de mortalidade por DC em todo o país, bem como o deslocamento da mesma para idades mais avançadas que no passado (DIAS, 2002). Pode-se atribuir esse achado à crescente diminuição da incidência dessa moléstia no Brasil, porém também é bastante aceitável supor que, além disso, os portadores da DC que estão envelhecendo se beneficiem das melhores condições sociais e dos avanços nas técnicas cirúrgicas (DIAS, 2002; GUARIENTO; ALLIEGRO; ALMEIDA, 2009), além de serviços especializados como o Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico no Estado do Ceará, que se preocupa em garantir um tratamento seguro, efetivo e visa melhorar a qualidade de vida destes pacientes. . O declínio no número de novos casos de DC nos últimos anos é consequência de ações desenvolvidas nas últimas décadas, que envolvem a erradicação do T. infestans, o maior controle dos bancos de sangue e a melhoria das habitações em regiões endêmicas (WHO, 2008). Aliado a isso, não se pode deixar de mencionar que a população brasileira, de uma forma geral, encontra-se em processo de transição demográfica, no qual o aumento de pessoas com mais de 60 anos vem ganhando destaque (IBGE, 2002). Este fenômeno é comum à maioria dos países em desenvolvimento, onde a queda da mortalidade, associada ao declínio rápido e acentuado da fecundidade, tem acarretado um envelhecimento populacional (ALVES; RODRIGUES, 2005). 60 Através desse estudo foi possível identificar um padrão sociodemográfico para os pacientes idosos chagásicos atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica. Os seguintes grupos foram predominantes na população em estudo: mulheres, pacientes entre 60 e 69 anos de idade, aposentados (as), casados (as), com baixo nível de escolaridade, baixa renda familiar (1 SM), sem plano de saúde e cor da pele parda. Perfil semelhante foi encontrado em Bambuí-MG, cidade pioneira nos estudos envolvendo inseticidas contra o vetor da DC (DIAS, 1945), tendo sido a transmissão da doença interrompida com sucesso nessa localidade por volta de 1970. Os pesquisadores têm demonstrado um efeito de coorte em seus estudos, com um aumento cada vez maior de idosos soropositivos para a infecção por T. cruzi, não sendo encontrado nenhum caso de soropositividade entre indivíduos com menos de 20 anos de idade (LIMA-COSTA et al., 2001). Os idosos chagásicos encontrados em Bambuí-MG, em sua maioria, são mulheres (60%), casados (as) (48,9%) ou viúvos (as) (35,4%), com renda mensal entre 1 e 2,99 SM (62%) e com 4 anos ou menos de escolaridade (89,1%) (LIMA-COSTA et al., 2000b). Um estudo mais recente, desenvolvido por Alves et al. (2009) no GEDoCh do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, envolvendo 90 pacientes com idade igual ou superior a 60 anos, também mostrou perfil semelhante: mulheres (55,6%), aposentados (as) (73,3%), casados (as) (51,1%) ou viúvos (as) (30%), com renda familiar inferior a 2 SM (67,8%), com 4 anos ou menos de escolaridade (64,4%) e alta taxa de analfabetismo (30%). Sabe-se que, de uma forma geral, o perfil epidemiológico do paciente com DC é o de um indivíduo adulto, de origem rural, de baixa escolaridade e vivendo em centros urbanos, demonstrando a íntima relação da doença com o subdesenvolvimento e a pobreza (DIAS, 2007). É importante destacar o elevado percentual (40,2%) de pacientes analfabetos que foram detectados na presente pesquisa. Alves et al. (2009) referem em seu estudo que essa realidade é reflexo das condições socioeconômicas dos pacientes chagásicos, que têm poucas oportunidades sociais, salários baixos e pouca instrução. Quanto à renda familiar, um estudo envolvendo idosos, realizado no Município de São Paulo, demonstrou que estes, em geral, têm limitado poder de compra, possuem poucos benefícios previdenciários ou mesmo não possuem renda (ALVES; RODRIGUES, 2005). A maioria dos pacientes chagásicos vive em condições insalubres e, muitas vezes, necessitam de trabalhar longas horas para sobreviver (DIAS, 2007; GUARIENTO; CAMILO; CAMARGO, 61 1999). Dessa forma, o impacto social da doença em termo de sua repercussão na saúde ocupacional deve ser levado em conta, uma vez que a maioria dos pacientes envolvidos no estudo ganhavam apenas 1 SM. No presente estudo, apesar de pequena a diferença, o percentual de mulheres chagásicas idosas (50,5%) foi maior em relação ao percentual de homens (49,5%). Em outros estudos, também envolvendo pacientes idosos, o sexo feminino foi predominante em relação ao sexo masculino (ALMEIDA et al., 2007; ALVES et al., 2009; GUARIENTO et al., 2011). Guariento et al. (2011) ressaltam que tal aspecto pode estar relacionado ao pior prognóstico da DC associada ao sexo masculino. Este fato já está bem evidenciado na literatura, onde o sexo masculino atua como fator de risco para uma pior evolução entre os portadores crônicos dessa doença, de forma que os homens tendem a morrer mais jovens, não chegando à velhice (RASSI JUNIOR et al., 2006). Além disso, um estudo demonstrando a situação de saúde dos idosos no Brasil, documentou a ocorrência de sobre-mortalidade masculina em relação à população feminina (LIMA-COSTA et al., 2000a). Esta situação representa o que a literatura sobre gerontologia se refere como a feminização do envelhecimento, resultado de uma maior expectativa de vida entre as mulheres aos 60, 70 e 80 anos de idade (PAPALÉO-NETO; YUASO; KITADAI, 2005). Quanto à naturalidade, observou-se que a grande maioria dos idosos (92,8%) era natural de cidades localizadas no Estado do Ceará, sendo que apenas 2 pacientes (2,1%) relaram ter nascido na Capital, Fortaleza, e os demais (90,7%) eram naturais de cidades do interior do Estado. Sabe-se que a maioria dos pacientes com DC se originam em áreas rurais. No entanto, nas últimas décadas, devido a políticas econômicas urbanizadoras, uma boa parte desses indivíduos esta sendo atraída para a periferia das grandes cidades, conferindo uma progressiva urbanização da doença (DIAS et al., 1991). A prova disso, é que quando questionados sobre a procedência, observou-se no presente estudo um percentual de 16,5% dos pacientes já residindo na Capital (Fortaleza). Quanto à procedência, verificou-se no presente estudo que a maioria (67,0%) dos pacientes eram provenientes da Microrregião do Baixo Jaguaribe. Uma das primeiras áreas no estado do Ceará a despertar interesse e a concentrar atenções a respeito da importância epidemiológica da DC foi a mesorregião do Jaguaribe, que inclui 4 microrregiões: Baixo Jaguaribe, Litoral de Aracati, Médio Jaguaribe e a Serra do Pereiro. Essa região foi escolhida por já ter sido registrado um índice de infecção humana alto de 11,6% no município de Russas (1959) (ALENCAR, 1965). 62 A microrregião do Baixo Jaguaribe é composta por 10 Municípios que incluem: Alto Santo, Ibicuitinga, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Palhano, Quixeré, Russas, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte (WIKIPÉDIA, 2013). Outros estudos envolvendo municípios do Baixo Jaguaribe também foram realizados por Alencar (1965) como, por exemplo, a avaliação da taxa de infecção em reservatórios animais do ciclo doméstico, com a detecção de altas taxas em Russas (24,4%) e Limoeiro do Norte (28,95); e a análise de exemplares de vetores da DC, onde a espécie predominante encontrada foi o T. brasilienses, com infecção elevada tanto no município de Russas (19,9%), quanto em Limoeiro do Norte (12%). A partir desses achados, o autor considerou essa área de importância epidemiológica para as questões de saúde da população aí residentes, visto que nessa região já se instalava um foco da doença. Tendo em vista a importância epidemiológica dada por Alencar à microrregião do Baixo Jaguaribe, ao longo dos últimos anos, diversos estudos também foram desenvolvidos nessa região. Um inquérito soroepidemiológico foi realizado por Freitas (2011), no período de fevereiro a setembro de 2011, na comunidade de Sapé, zona rural de Limoeiro do Norte. A soroprevalência da infecção chagásica também foi avaliada por Borges-Pereira et al. (2008) em quatro localidades rurais de Jaguaruana entre março de 2000 a abril de 2002. Coutinho (2010) realizou estudo em área rural no Município de Russas entre 2007 a 2009, onde foi possível também detectar a prevalência da DC. Acredita-se que os intensos trabalhos voltados para a região já citada sejam responsáveis pelo elevado percentual de pacientes idosos portadores crônicos da infecção chagásica que relataram ser provenientes de cidades localizadas na Microrregião do Baixo Jaguaribe. É importante salientar que o acúmulo de pesquisas voltadas a estas localidades é reflexo da tendência em se encontrar grandes quantidades de triatomíneos vetores da DC nessa região, conforme foi demonstrado por Alencar (1965) em seus estudos, no entanto, a escassez de pesquisas envolvendo as diversas outras áreas rurais que compõem o estado do Ceará pode estar subestimando a prevalência da DC nas demais regiões. Cabe destacar que o HUWC é centro de referência para todo o Estado do Ceará e que no período do estudo atendeu pacientes provenientes de 18 municípios diferentes. De acordo com Ronan et al. (2000) os pacientes chagásicos são onerosos ao sistema público de saúde e indesejáveis ao setor privado. O Ministério da Saúde do Brasil preconiza que os serviços públicos devem ser de qualidade e com baixos custos. Dessa forma, os hospitais universitários 63 devem proporcionar atendimento diferenciado aos pacientes chagásicos no intuito de prevenir as complicações da doença, reduzindo os custos (BOZELLI et al., 2006). É viável salientar que a população envolvida no presente estudo, em especial, merece atenção médica diferenciada, uma vez que devido à idade avançada, os pacientes tendem a apresentar um maior comprometimento resultante da evolução da DC (SILVA, 1999), além de associarem tal doença a outras comorbidades. Bozelli et al. (2006) ao analisarem 95 prontuários que correspondiam ao total de pacientes com diagnóstico de DC atendidos no Hospital Universitário de Maringá (HUM) entre 1998 e 2003, verificaram que a média de idade dos pacientes chagásicos atendidos no serviço de internação (61,2 anos ± 12,8) foi significativamente maior que a média de idade daqueles atendidos no ambulatório (50,1 anos ± 12,5). Os principais motivos que levaram os pacientes chagásicos à internação foram a constipação intestinal e os sintomas resultantes da ICC. De acordo com França e Abreu (1996), a presença dessas complicações em pacientes internados eleva os custos terapêuticos, ressaltando a importância dos hospitais universitários no atendimento diferenciado a esse grupo de pacientes. Quanto à forma como descobriram serem portadores da DC, os achados desse estudo corroboram com Araújo et al. (2000). Segundo esses autores, 66,2% das mulheres e 49,2% dos homens de um total de 129 pacientes chagásicos atendidos no Laboratório de DC da Universidade Estadual de Maringá (UEM) relataram ter descoberto a doença após terem apresentado sintomas da DC e procurado o serviço médico, onde foram diagnosticados. Por outro lado, 23,5% das mulheres e 36,1% dos homens descobriram a infecção quando foram doar sangue. No presente estudo, o pequeno percentual de pacientes que descobriram a doença por meio de doação de sangue (6,2%) pode ser explicado pela idade avançada (≥ 60 anos) dos pacientes envolvidos, o que faz com que estes geralmente não sejam os candidatos preferenciais à doação. Na presente pesquisa, os principais sintomas cardíacos relacionados à DC referidos pelos pacientes idosos foram dor no peito (42,3%) e dispneia (36,1%); e os principais sintomas digestivos foram constipação (36,1%) e disfagia (23,7%). Resultados semelhantes foram encontrados por Silva et al. (2010), ao detectarem uma média de idade de 67 anos entre os indivíduos com sorologia positiva para a DC no Distrito de Serra Azul (Mateus LemeMG). O sintoma cardíaco mais frequente encontrado por esses autores foi a dispnéia aos esforços, referida por 10 (71%) pessoas. Já o sintoma digestivo mais comum foi a constipação intestinal superior a 5 dias, relatado por 5 (36%) pessoas. 64 Quanto à apresentação da forma clínica da DC, constatou-se no presente estudo a predominância da forma cardíaca, seguida pela forma indeterminada, mista e digestiva. Esses achados corroboram com outros encontrados na literatura, onde a forma cardíaca é predominante entre chagásicos idosos (ALMEIDA et al., 2007, ALVES et al., 2009, GUARIENTO et al., 2011). O elevado percentual de forma cardíaca encontrada nesse estudo (65,3%) pode ser explicado por tratar-se de um estudo realizado em pacientes com idade superior a 60 anos. Tal interpretação se associa ao fato de que uma idade mais avançada está relacionada a uma forma clínica mais grave da DC, com comprometimento da função cardíaca (GUARIENTO; ALLIEGRO; ALMEIDA, 2009). Esse fenômeno já foi documentado na literatura, onde o caráter evolutivo da DC reflete o progressivo envelhecimento de seus portadores, à medida que se interrompeu a transmissão da doença (DIAS, 2002). É importante destacar, no entanto, que a literatura também discorre que as formas graves da DC, que levam a uma evolução desfavorável do paciente, ocorrem predominantemente entre indivíduos mais jovens, implicando em incapacidade e morte antes de chegar à velhice (PAULA, 1981; CARNEIRO; REZENDE, 1982; BARRETO; ANDRADE, 1994). De forma que, estudos têm mostrado que as causas de morte em chagásicos idosos são semelhantes às de idosos não chagásicos (ALMEIDA NETTO; MELLO; BARBOSA, 1970; MENEZES et al., 1989). A verdadeira prevalência da forma digestiva não é bem conhecida ou deve ser subestimada devido à maior dificuldade propedêutica e, no caso da colonopatia, à falta de consenso para a interpretação dos resultados (PIANCASTELI, 1998). Além disso, não se pode deixar de mencionar que os pacientes incluídos nesse estudo são provenientes do Ambulatório da Cardiologia do HUWC e que o fato de, muitas vezes, não serem acompanhados por um médico especialista em trato gastrointestinal, pode estar subestimando o real percentual de pacientes com a forma digestiva da doença. Os achados eletrocardiográficos no presente estudo estão de acordo com a literatura. Almeida et al. (2007), ao avaliarem 61 idosos chagásicos, encontraram 85,2% de eletrocardiogramas com anormalidades, sendo as principais alterações encontradas: BDAS (41,0%), BRD (32,8%), ESV (22,9%) e ARV (11,5%). O distúrbio de condução mais prevalente detectado na amostra do presente estudo foi o BRD (41,0%), associado ou não ao BDAS, dado também convergente com a literatura. Almeida Netto et al. (1970), estudando pacientes idosos, confirmaram o BRD como a alteração mais frequente no grupo de 65 chagásicos. O achado de apenas 3 pacientes com BRE no presente estudo pode apontar o perfil clínico mais “benigno” da amostra estudada (SILVA, 2006). Quanto à existência de doenças crônicas concomitantes à DC, o elevado percentual (86,6%) de pacientes com relato de pelo menos uma comorbidade associada à infecção chagásica era de se esperar no presente estudo, uma vez que, segundo a literatura, os idosos têm índice de morbidade superior a outros grupos de pacientes (VERAS, 2001; ZASLAVSKY; GUS, 2002). Resultado semelhante ao presente estudo foi encontrado por Alves et al. (2009), onde a média de comorbidades associadas à DC por paciente idoso foi de 2,8 ± 1,8, sendo as mais prevalentes: HAS (56,7%), osteoporose (23,3%), osteoartrite (21,2%), dislipidemia (20%), doença isquêmica cardíaca, diabetes mellitus e dispepsia em proporções iguais (10%), bem como ICC e hipotireoidismo com 7,78%. Esses mesmos autores, também verificaram uma relação entre o número e o tipo de comorbidade e a faixa etária, observando uma diferença estatisticamente significativa para a doença isquêmica do coração (p= 0,0038) e para a ICC (p= 0,0209) em indivíduos com idade superior a 67 anos. Dados da literatura enfatizam que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e morbidade em idosos e são responsáveis por 18 milhões de mortes por ano no mundo (BEAGHOLE; SARACI, PANICO, 2001; RICH, 2001; ZASLAVSKY; GUS, 2002). Em uma pesquisa realizada a partir da análise de dados do Ministério da Saúde, constatou-se que no Município de Maringá-PR, entre as décadas de 1970 e 1990, foi registrado um aumento expressivo do número de mortes associadas à HAS (119%) e verificado um risco crescente de óbito associado às doenças cardiovasculares, em ambos os sexos, à medida que a idade avança (MATHIAS; JORGE; LAURENTI, 2004). Na população do presente estudo, as doenças cardiovasculares mais encontradas foram: HAS, ICC, doença isquêmica do coração e o AVC. Publicações anteriores têm mostrado que a HAS é a doença cardiovascular mais frequente na população chagásica (IANNI et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2006; ALMEIDA et al., 2007; SILVA et al., 2010) e que a mesma tem maior prevalência nos pacientes com idade superior a 50 anos, evidenciando um caráter somatório entre as duas patologias (GUARIENTO et al., 1993). Dessa forma, é plausível supor que exista um risco de morte mais elevado entre os portadores crônicos da DC que envelhecem, e que esteja associado à maior ocorrência de doenças cardiovasculares (particularmente à maior ocorrência de HAS) (ALVES et al., 2009). Não se pode esquecer, além disso, que as próprias alterações 66 fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento cardiovascular contribuem para a deterioração da função cardíaca, levando a um declínio funcional (LIMA-COSTA; BARRETO; GIATTI, 2003; MAGNANI; OLIVEIRA; GOTIJO, 2007). Estudo recente tem demonstrado que as complicações resultantes da CCC incluem arritmias, cardiomegalia, insuficiência cardíaca e morte, e que essa condição é uma importante causa de hospitalização e aumento da mortalidade associada à descompensação clínica (COELHO et al., 2007). Verificou-se no presente estudo que as mulheres idosas relataram apresentar um número significativamente maior de comorbidades quando comparadas aos homens (p = 0,001). De acordo com Romero (2002), o estado de saúde declarado pelo idoso varia de acordo com o sexo. Os homens são menos propensos a "declarar-se estar doente" do que as mulheres. Outro aspecto que merece uma investigação mais aprofundada é o fato de que os homens procuram o serviço médico com menos frequência (OSTCHEGA et al., 2007), recebendo, portanto, menos diagnósticos. Os agentes terapêuticos mais comumente utilizados pela população de idosos chagásicos envolvidos no estudo foram condizentes com a forma clínica da DC mais prevalente (forma cardíaca). Os principais medicamentos utilizados atuavam na função cardiovascular, sendo eles: diuréticos (45,4%), IECA (36,1%), α e β-bloqueadores (21,6%) e anticoagulantes (21,6%). A média de uso de 3 medicamentos por paciente já era de se esperar, uma vez que os idosos, devido ao acúmulo de doenças crônicas, compõem o grupo mais medicalizado na sociedade (GOTIJO et al., 2012). A polifarmácia é um assunto importante entre a população geriátrica, tendo em vista que as consequências do amplo uso de medicamentos têm impacto no âmbito clínico e econômico, repercutindo na segurança do paciente (SECOLI, 2010). Os riscos relacionados à polifarmácia são maiores na faixa etária mais velha devido às alterações fisiológicas resultantes do envelhecimento (Ex.: redução da capacidade metabólica do fígado e comprometimento renal), que acarretam um aumento na incidência de reações adversas e, em repercussões mais graves, podem atuar aumentando a morbimortalidade (SECOLI, 2010; AGUIAR et al., 2008; BURTON et al., 2005). Diversos autores têm investigado possíveis fatores de risco associados ao desenvolvimento da cardiopatia chagásica, dentre eles: o sexo masculino (ZICKER, 1990; DIAS, 1992; PEREIRA-BARRETO et al., 1993; RASSI JUNIOR et al., 2006); a idade 67 (ZICKER, 1990; SILVA, 2006); a cor negra (BARUFFA; ALCANTARA-FILHO; AQUINONETO, 1987; DIAS, 1992); e a presença ou não de HAS (SILVA, 2006). No presente estudo, observou-se uma forte tendência de associação entre a média de idade e a presença de cardiopatia. Constatou-se que os idosos cardiopatas apresentavam uma média de idade mais avançada quando comparados aos idosos não cardiopatas (p= 0,054). Achados na literatura têm demonstrado que a variável idade atua como um fator de risco associado ao desenvolvimento da CCC. Silva (2006) demonstrou um risco quase três vezes maior de pacientes com mais de 60 anos apresentarem cardiopatia, quando comparados àqueles na faixa etária de 50 a 59 anos (OR= 2,89, 95%, IC= 1,09-7,61). Resultado semelhante, mostrando que quanto mais velho o paciente, maior o risco de desenvolvimento da cardiopatia, também foi encontrado por Zicker (1990). Este achado parece plausível, já que a taxa anual de conversão da FI para CCC, apesar de pequena, é dependente do tempo (MACÊDO, 1973). Uma vez que o crescimento da população chagásica acima de 60 anos é uma realidade, esse achado deve chamar a atenção das autoridades sanitárias para a melhoria do acesso aos serviços de saúde, bem como para o treinamento de profissionais capacitados no atendimento e reconhecimento das diferenças clínicas inerentes à população mais idosa, principalmente no que diz respeito à associação do envelhecimento com a DC (SILVA, 2006). Ainda é grande a desinformação sobre o idoso e as particularidades e desafios do envelhecimento populacional para a saúde pública em nosso contexto social (WHO, 2005b). Devido ao fato da população idosa apresentar características específicas e peculiares, a atenção à saúde nesse grupo de pacientes requer dos profissionais uma avaliação mais cuidadosa (PILGER; MENON; MATHIAS, 2011), de forma que o quadro clínico sugestivo da DC no idoso não seja confundido com outras patologias de maior prevalência nestes indivíduos, tais como a cardiopatia dilatada, a cardiopatia isquêmica, a cardiopatia por HAS, as neoplasias do esôfago, etc (CARVALHO FILHO et al., 1985). No presente estudo, foi observado um maior percentual de mulheres idosas cardiopatas quando comparadas ao sexo masculino, sem que, no entanto, as diferenças fossem significativas. Com relação à variável sexo, Silva (2006) afirma que o sexo não constitui fator de risco para a cardiopatia, conflitando, no entanto, com os achados de outros autores que estabelecem o sexo masculino como fator de risco (ZICKER, 1990; DIAS, 1992; PEREIRABARRETO et al., 1993; RASSI JUNIOR et al., 2006). 68 Tem sido salientado na literatura que as formas mais graves da DC crônica e sua evolução desfavorável, com morte súbita resultante do dano funcional e orgânico causado pela CCC, frequentemente ocorrem durante os estágios mais produtivos da vida, antes mesmo do paciente atingir a velhice (CARNEIRO; REZENDE, 1982; PORTO; RASSI; FARIA, 1985; MENEZES et al., 1989; BARRETO; ANDRADE, 1994). Segundo Rassi Junior et al. (2006), a cardiopatia tende a evoluir pior nos homens do que nas mulheres, o que acarreta uma maior mortalidade de homens chagásicos em faixas etárias mais jovens, impedindo que estes cheguem à velhice. Por tanto, as pacientes do sexo feminino com mais de 60 anos podem ter sido naturalmente selecionadas entre os sobreviventes da cardiopatia, apresentando maiores percentuais em relação aos homens. De acordo com Dias (1992), a CCC tende a apresentar pior prognostico entre os indivíduos de raça negra. No entanto, no presente estudo, não foi encontrado nenhum tipo de associação entre a CCC e a cor da pele negra, provavelmente decorrente do tamanho da amostra. Por se tratar de um agravo de alta prevalência na prática clínica, sobretudo em idosos, conforme foi observado no presente estudo, optou-se por avaliar a presença da HAS como fator de risco para o desenvolvimento da cardiopatia. Observou-se um risco quatro vezes maior de pacientes idosos com HAS apresentarem cardiopatia, quando comparados àqueles idosos sem HAS. Sabe-se que a HAS também pode levar à miocardiopatia (hipertensiva) (CORREIA; RIBEIRO; ROCHA, 2000). Guariento et al. (2002), ao investigarem a interação entre a DC e a HAS, observaram que maior dano do miocárdio ocorreu em pacientes com esta combinação de doenças (56%). Eles também determinaram que as formas mais graves da doença cardíaca ocorreram em pacientes chagásicos que sofriam de HAS quando comparados àqueles que não apresentavam a HAS. A possível influência da HAS em idosos em relação à historia natural da DC e viceversa tem sido objeto de estudo. Correia, Ribeiro e Rocha (2000), ao analisarem variáveis da função cardíaca, no entanto, não atribuíram à HAS condição agravante ou determinante de disfunção cardiovascular nesse indivíduos chagásicos idosos. Outros autores referem que 50% dos indivíduos com essa associação entre a DC e a HAS têm mais de 45 anos e já apresentam algum grau de ICC, atribuindo à fisiopatologia da tripanossomíase a condição de fator contribuinte para a elevação da pressão arterial (GUARIENTO et al., 1993; GUARIENTO; OROSZ; GONTIJO, 1998). 69 Sabe-se que o controle da transmissão da DC resultou em queda acentuada da incidência de novos casos nos últimos anos. Isto, no entanto, não significa o fim das repercussões de uma doença crônica com elevado impacto socioeconômico (SILVA et al., 2010). Para o futuro, problemas e desafios a serem superados continuam, principalmente em termos de assistência médica a milhões de indivíduos já infectados (e que como demonstrado no presente trabalho, grande percentual em processo de envelhecimento) e da manutenção da vigilância epidemiológica (DIAS, 2000; DIAS, 2007). Entre as doenças infecciosas e parasitárias, a DC representa a segunda causa mais frequente de morte entre idosos brasileiros (LIMA-COSTA; PEIXOTO; GIATTI, 2004). Tal fato indica, portanto, que a importância e as consequências da associação entre a infecção chagásica e o processo de envelhecimento devem ser reconhecidas e valorizadas pelos profissionais de saúde que atuam no SUS, a fim de que uma assistência mais adequada seja voltada a esse grupo vulnerável de pacientes. Dessa forma, o conhecimento do perfil clinico e epidemiológico dos idosos com DC atendidos no Serviço de Atenção Farmacêutica permitirá a melhoria no atendimento voltado a esse crescente grupo de pacientes, com o desenvolvimento de condutas sistematizadas de acompanhamento e elaboração de protocolos com finalidades preventivas, visando identificar os principais problemas de saúde relatados, solucionando-os, e evitando a todo modo complicações mais severas da DC. Além disso, o Serviço de Atenção Farmacêutica se propõe a atuar como um grupo de apoio tanto psicossocial integrado ao tratamento clínico com o BZN (terapia específica para a DC) quanto terapêutico, no que diz respeito ao tratamento das demais comorbidades associadas à patologia chagásica. 70 6 CONCLUSÕES - O presente estudo detectou um percentual de 23,6% (97/411) de idosos acompanhados no Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente chagásico durante os seus 8 anos de funcionamento; - Foi possível identificar o perfil sociodemográfico da população de idosos que participou desse estudo: mulheres (50,5%), idade média de 67 anos, aposentados (54,6%), casados (51,6%), alto índice de analfabetismo (40,2%), e renda familiar de 1 salário mínimo (51,5%); - As formas clínicas predominantes da DC foram a cardíaca (65,3%) e a indeterminada (14,7%); - As alterações eletrocardiográficas mais frequentes foram o bloqueio de ramo direito (41,0%), associado ou não ao bloqueio ântero superior esquerdo (27,4%); - O número médio de comorbidades por paciente foi de 2,23±1,54, tendo sido a HAS a mais encontrada (67,0%); e as mulheres apresentaram um número significativamente maior de comorbidades associadas à DC quando comparadas ao sexo masculino (p= 0,007); - O número médio de medicamentos utilizados por paciente foi 3,12±2,44, tendo sido encontrado principalmente aqueles que atuam no sistema cardiovascular (diuréticos, IECA e α e β-bloqueadores); - A variável presença de HAS foi encontrada como um fator de risco para o desenvolvimento da cardiopatia chagásica, tendo sido obtido um Odss Ratio de 4,12. 71 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, observa-se que os idosos chagásicos compreendem um grupo vulnerável de pacientes que associam o risco de morbimortalidade pela cardiopatia chagásica com outras comorbidades frequentemente presentes nessa faixa etária (principalmente a HAS), além de apresentarem risco de interação medicamentosa devido à polifarmácia. Uma vez que o crescimento da população chagásica acima de 60 anos é uma realidade, esse achado deve alertar as autoridades sanitárias para a melhoria do acesso aos serviços de saúde, bem como para a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde no atendimento e reconhecimento das diferenças clínicas e condutas terapêuticas inerentes a esse grupo de pacientes. 72 REFERÊNCIAS ADL, S. M.; SIMPSON, A. G. B.; FARMER, M. A.; ANDERSEN, R. A.; ANDERSON, O. R; BARTA, J. R. et al. The new higher level classification of eukaryotes with emphasis on the taxonomy of protists. Journal Eucaryotic Microbiology, v. 52, n. 5, p. 399-451, 2005. AGUIAR, P. M.; LYRA, J. D. P.; SILVA, D. T.; MARQUES, T. C. Avaliação da farmacoterapia de idosos residentes em instituições asilares no nordeste do Brasil. Revista Latino-Americana de Farmácia, v. 27, n. 3, p. 454-459, 2008. ALENCAR, J. E. Estudo sobre a epidemiologia da Doença de Chagas no Ceará. III – Região do Baixo Jaguaribe. 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Estudo caso controle de fatores associados à cardiopatia chagásica em pacientes com mais de 50 anos. 2006. 110 p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pósgraduação em Clínica Médica) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006. SILVEIRA, A. C. Profilaxia. In: BRENER, Z.; ANDRADE, Z. A.; BARRAL NETTO, M. (Org.). Trypanosoma cruzi e Doença de Chagas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 75-87. SILVEIRA, A. C.; VIÑHAES, M. C. Elimination of vector-borne transmission of Chagas disease. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 94, supl. 1, p. 405-411, 1999. 84 SOSA ESTANI, S. A.; ARMENTI, G.; ARAUJO, R.; VIOTTI, B.; LOCOCO, B.; RUIZ VERA, C.; VIGLIANO, A. M. R.; SEGURA, E. L. Treatment of Chagas’ disease with benznidazole and thioctic acid. Medicina (B. Aires), v.64, p. 1-6, 2004. SOSA ESTANI, S.; VIOTTI, R.; SEGURA, E. L. Therapy, diagnosis and prognosis of chronic Chagas disease: insight gained in Argentina. 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WIKIPÉDIA. Microrregião do Baixo Jaguaribe. 2013. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Microrregi%C3%A3o_do_baixo_jaguaribe>. Acesso em: 10 out. 2013. 85 ZASLAVSKY, C.; GUS, I. Idoso: doença cardíaca e comorbidades. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v.79, n.6, p. 635-639, 2002. ZICKER, F. Epidemiology of Chagas heart disease in an urban area in Central Brasil: a population-based study to assess risk factors for cardiopathy. 1990. 249 p. (PhD Thesis) Tropical Health Epidemiology Unit, London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, 1990. ZICKER, F.; SMITH, P. G.; ALMEIDA NETTO, J. C. A.; OLIVEIRA, R. M.; ZICKER, S. E. M. Physical activity, opportunity for reinfection, and sibling history of heart disease as risk factors for Chagas’ cardiopathy. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.43, p. 498-505, 1990. ZUCHNER, T.; SCHLIEBS, R.; PEREZ-POLO, J. R. 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Qual? _____________________________ Estado OBS.: Se o paciente for idoso (≥ 60 anos): Possui cuidador? ( ) S ( ) N 1º. At.: / / ( ) Cumprido ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( Antes do tto. 2º. At.: / / ( ) Cumprido 30 dias 3°. At.: / / ( ) Cumprido ) Primeira entrevista ) SF-36 ) Ficha conhecimentos ) Entregue 1ª ficha RAM ) Contar medicamento ) Recebida 1ª ficha RAM ) Entregue 2ª ficha RAM ) Ficha de adesão ao tto ) Contar medicamento ) Recebida 2ª ficha RAM ) Ficha de adesão ao tto 60 dias AGENDAMENTO DO PACIENTE ( ) PA 4°. At.: / / ( ) Coleta de sangue ( ) Cumprido ( ) Massa corpórea 180 dias ( ) Entregue medicam. ( ) PA 5°. At.: / / ( ) Coleta de sangue ( ) Cumprido 6 meses após ( ) Massa corpórea o 4° At. ( ) Entregue medicam. 6°. At.: / / ( ) PA ( ) Cumprido ( ) Coleta de sangue 1 ano após o ( ) Massa corpórea 5° At. Trabalha? Se sim, qual a ocupação? ( ) S ( ) N ______________________________ Renda familiar ) < 1 SM ( ) 1 SM ( ) 2 a 4 SM ( ) ≥ 5 SM )S ( Sexo ( )M ( ( ) Solteiro ( Altura )F ) Médio inc. ( ) Casado ( ) Viúvo ( IMC ) M. Cp. ( ) Superior ) Amigado Religião: _____________________________ ) Pardo ( ) Negro Plano de saúde ( ) SF-36 ) PA ) Coleta de sangue ) Massa corpórea ) SF-36 ) PA ) Coleta de sangue ) Massa corpórea Escolaridade Série: __________ ( ) AN ( ) Fundamental inc. ( ) Fund. cp. ( Estado civil: Peso Cor ( ) Branco ( ( ( ( ( ( ( ( ( DADOS SOCIO-DEMOGRÁFICOS/ECONÔMICOS Local de nascimento: Data de nascimento ( ( ) Satisfação ( ) PA ( ) SF-36 ( ) Coleta de sangue ( ) Ficha conhecimentos ( ) Massa corpórea Pratica? ( )S ( )N Onde adquire medicamentos? )N Residiu o tempo todo em um mesmo local? Se NÃO, assinale as classificações abaixo: Se NÃO, assinale as classificações abaixo: RESIDÊNCIA 1 – PERÍODO: ___________________ RESIDÊNCIA 2 – PERÍODO: ___________________ - Área: ( ) Urbana ( ) Rural - Área: ( ) Urbana ( ) Rural - Tipo de Cobertura: ( ) Palha ( ) Telha - Tipo de Cobertura: ( ) Palha ( ) Telha - Tipo de casa: ( ) Tijolo com reboco ( ) Tijolo sem - Tipo de casa: ( ) Tijolo com reboco ( ) Tijolo sem reboco ( ) Pau-à-pique e barro reboco ( ) Pau-à-pique e barro - Peridomicílio: ( ) Galinheiro ( ) Chiqueiro ( ) Currais - Peridomicílio: ( ) Galinheiro ( ) Chiqueiro ( ) Currais 87 ( ( ) Sim ) Não - Animais domésticos: ( ) Cães ( ) Gatos ( ) Pássaros - Animais domésticos: ( ) Cães ( ) Gatos ( ) Pássaros Quantidade de familiares: ______________ Quantidade de familiares: ______________ Se NÃO, assinale as classificações abaixo: Se NÃO, assinale as classificações abaixo: RESIDÊNCIA 3 – PERÍODO: ___________________ RESIDÊNCIA 4 – PERÍODO: ___________________ - Área: ( ) Urbana ( ) Rural - Área: ( ) Urbana ( ) Rural - Tipo de Cobertura: ( ) Palha ( ) Telha - Tipo de Cobertura: ( ) Palha ( ) Telha - Tipo de casa: ( ) Tijolo com reboco ( ) Tijolo sem - Tipo de casa: ( ) Tijolo com reboco ( ) Tijolo sem reboco ( ) Pau-à-pique e barro reboco ( ) Pau-à-pique e barro - Peridomicílio: ( ) Galinheiro ( ) Chiqueiro ( ) Currais - Peridomicílio: ( ) Galinheiro ( ) Chiqueiro ( ) Currais - Animais domésticos: ( ) Cães ( ) Gatos ( ) Pássaros - Animais domésticos: ( ) Cães ( ) Gatos ( ) Pássaros Quantidade de familiares: ______________ Quantidade de familiares: ______________ ASPECTOS RELACIONADOS À DOENÇA DE CHAGAS Há quanto tempo sabe que tem a doença (anos)? ( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 15 a 20 anos ( ) Mais de 20 anos Como descobriu que tem a doença? Você percebe algum sofrimento, desconforto ou dor física que associe a essa doença? Qual (is)? (Citar sintomas relacionados ao coração e ao TGI) Estágio da doença (a partir do prontuário): ( ) Forma Indeterminada ( ) Forma Cardíaca ( ) Forma Digestiva ( ) Forma Mista OUTROS PROBLEMAS DE SAÚDE/ PREOCUPAÇÕES DE SAÚDE Problema de saúde / Preocupação Controlado: Sim (s) Não (n) 1. 2. 3. 4. 5. 6. Início HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA HISTÓRIAFAMILIAR 1. Possui histórico de Doença de Chagas na família? ( ) Sim ( ) Não 2. Possui histórico de morte súbita em indivíduos com menos de 40 anos na família? ( ) Sim ( ) Não 3. Possui histórico de doenças cardiovasculares na família (Ex.: Infarto, AVC, arritmias cardíacas, angina, isquemia, etc.)? ( ) Sim ( ) Não ANTECEDENTES ALÉRGICOS Alergias Histórico de RAM: ( ) S ( ) N ( ) NS Medicamento causador: _______________________________________________________________ Especificar RAM: _____________________________________________________________________ Alergia a algum alimento? ( ) S ( ) N ( ) NS Especificar: ____________________________________________________________________ Outros: Medicamento MEDICAMENTOS UTILIZADOS A 15 DIAS ATRÁS Indicação Resposta Período de uso 88 No. Medicamento Posologia MEDICAMENTOS QUE UTILIZA (uso contínuo) Indicado Indicação Início Modo de uso por* de uso Resposta Efeitos indesejáveis 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. * Indicado por: AM- automedicação; Md- Médico; Par- Parente; ProfS- Profissional de saúde; Ot.-Outro (OBS.: Se paciente mulher em idade fértil, questioná-la sobre o uso de anticoncepcional) INFORMAÇÕES SOBRE A PRESCRIÇÃO DO BENZONIDAZOL Quantidade total de comp. prescritos:___________________________ Posologia: __________________________________________________ Dose diária (mg/Kg/dia): _________________________________ Dose total ingerida durante o tto (g): ______________________ Sistema REVISÃO DE SISTEMAS (Avaliação de comorbidades) Aparelho/Sinais e sintomas Geral (1) Perda de apetite; (2) Alteração de peso; (3) Dor; (4) Tonteira; (5) Edema Olhos/Ouvidos/ Nariz/Boca (1) Alterações visuais; (2) Diminuição da audição; (3) Zumbidos; (4) Epistaxe; (5) Rinite alérgica; (6) Glaucoma; (7) Hemoptise Cardiovascular (1) Dor no peito; (2) Hiperlipidemia; (3) Hipertensão; (4) Infarto do miocárdio Pulmonar (1) Asma; (2) Falta de ar; (3) Chiado TGI (1) Queimação; (2) Dor abdominal; (3) Diarréia; (4) Náusea; (5) Constipação Endócrino (1) Diabetes; (2) Hipertiroidismo; (3) Sintomas da menopausa Urinário (1) Freqüência urinária (2)Insuficiência Renal crônica Geniturinário/ Reprod. (1) Disminorréia; (2) Incontinência; (3) Impotência; (4) Diminuição do desejo sexual; (5) Corrimento vaginal/coceira; (6) Ondas de calor Hematopoiéticos (1) Formação de hematomas; (2) Hemorragia; (3) Anemia Musculoesquelético (1) Dor nas costas; (2) Artrite (osteo/reumatóide); (3) Tendinite; (4) Dor muscular Nervoso (1) Parestesia; (2) Tremor; (3) Perda de equilíbrio; (4) Depressão; (5) Suicídio; (6) Ansiedade/nervosismo; (7) Perda de memória (8) Doença de Alzheimer (9) Doença de Parkinson Pele (1) Eczema/psoríase; (2) Prurido; (3) Rash Doenças Infecciosas (1) Malária; (2) Sífilis; (3) HPV; (4) Gonorréia; (5) Herpes; (6) Calazar 89 HÁBITOS DE VIDA Prática Prática atual Fuma? ( )S ( )N Toma Café? ( )S ( )N Ingere bebidas alcoólicas? ( )S ( )N Utiliza chás de plantas medicinais? ( )S ( )N Pratica atividade física? ( )S ( )N Você considera sua alimentação saudável? ( )S ( )N HEMOGRAMA 1ª. COLETA Observações Se fuma: Qual a freqüência? ( ) 0-10 cigarros/dia ( )10-20 cigarros/dia ( ) Acima de 20 cigarros/dia Se já fumou: Há quanto tempo deixou de usar? __________ Motivo?____________________________ Se toma café: Qual a freqüência? ( )1 xícara/dia ( )2-3 xícara/dia ( )4-6 xícaras/dia ( ) Acima de 6/dia Se tomava café: Há quanto tempo deixou de tomar? _________ Motivo?_________________________ Se bebe: analisar possibilidade do paciente ser alcoólatra. Em média consome: ( ) 1 copo/semana ( ) 2-6 copos/semana ( ) 7-12 copos/semana Se bebia: Há quanto tempo deixou de beber? ____________ Motivo?___________________________ Se sim, qual a frequência? ( )1 xícara/dia ( )2-3 xícara/dia ( )4-6 xícaras/dia ( ) Acima de 6/dia Tipo de planta que utiliza? _____________________________________________________________ Para qual indicação?__________________________________________________________________ Tipo de prática que realiza: ______________________________________________________________ Freqüência: ( ) 1-2x/semana ( )3-4x/semana ( ) 5-7x/semana Tipo de alimentação: ( ) Rica em massa ( ) Rica em carne branca ( ) Rica em frutas ( ) Rica em óleos e gorduras ( ) Rica em carne vermelha ( ) Outros. Especificar: ___________________ ( ) Rica em verdura EVOLUÇÃO DE PARÂMETROS LABORATORIAIS E CLÍNICOS 2ª. COLETA 3ª. COLETA OBSERVAÇÕES ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ 1ª. COLETA 2ª. COLETA 3ª. COLETA ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ 1ª. COLETA 2ª. COLETA 3ª. COLETA ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ 1ª. COLETA 2ª. COLETA 3ª. COLETA ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ Hemácias Mlh/mm3 Hb g/dL Hc % Leuc. /mm3 Neut. % Linf. % Monóc. % Eosin. % Monóc. % Basóf. % Plaq. /mm3 FUNÇÃO RENAL OBSERVAÇÕES Uréia (mg/dL) Creat. (mg/dL) FUNÇÃO HEPÁTICA OBSERVAÇÕES TGO( U/L) TGP (U/L) OUTROS EXAMES BIOQUÍMICOS Colesterol total (mg/dL) OBSERVAÇÕES 90 Triglicerídeos (mg/dL) LDL (mg/dL) HDL (mg/dL) Glicose (mg/dL) Na+/k+ (mmol/L) Globulina (g/dL) Albumina (g/dL) Proteínas totais (g/dL) TESTES PARA CHAGAS 1ª. COLETA 2ª. COLETA 3ª. COLETA ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES HAI IFI ELISA Xenodiagnóstico OUTROS PARÂMETROS 1ª. COLETA 2ª. COLETA 3ª. COLETA 4ª. COLETA 5ª. COLETA 6ª. COLETA ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ PA (mmHg) Massa corpórea (Kg) EXAMES CLÍNICOS Eletrocardiograma (1) Normal (2) Anormal ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES Ecocardiograma (1) Normal (2) Anormal ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES RX coração (1) Normal (2) Dilatação ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES RX esôfago (1) Normal (2) Dilatação ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES Enema opaco (1) Normal (2) Dilatação ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ OBSERVAÇÕES (1) (2) Holter Normal Anormal 91 APÊNDICE A UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ANALISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS (DACT) LABORATÓRIO DE PESQUISA EM DOENÇA DE CHAGAS PROGRAMA DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PACIENTE CHAGÁSICO 1° Atend.: ___/___/___ 2° Atend.: ___/___/___ FICHA PARA COLETA DE DADOS (Retrospectivo) Informações pessoais Paciente: N° prontuário: N° no projeto: Entrada no projeto (ano): Ocupação: Sexo: ( ) M ( ) F Idade: Estado civil: ( ) Solteiro Local onde nasceu: Procedência: ( ) NI ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Cidade ( ) Interior. Qual? _______________ ( ) Amigado Renda familiar: ( ) < 1 SM ( ) 1 SM ( ) 2 a 4 SM ( ) ≥ 5 SM Escolaridade: ( ) AN ( ) Fund. inc. ( ) Fund. cp. ( ) Méd. inc. Cor: ( ) Branco ( ) Pardo ( ) Negro Tel.: Possui plano de saúde? ( ) Sim ( ) Não ( ) M. Cp. ( ) Superior Informações sobre a Doença de Chagas Há quanto tempo sabe que tem a doença (anos)? ( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 15 a 20 anos ( ) Mais de 20 anos Como descobriu que tem a doença? Forma Clínica da Doença: ( ) Indeterminada ( ) Cardíaca ( ) Megaesôfago ( ) Megacólon ( ) Mista Sintomas característicos da DC? _________________________________________________________________________________________________ Informações adicionais sobre o paciente Histórico de RAM? ( ) Não ( ) Sim; Se sim, especificar RAM: ____________________________________________ Medicamento causador:______________________________________________ Histórico de alergia? ( ) Não ( ) Sim; Se sim, citar tipo de alergia: ________________________________________ Agente causador: ________________________________________________ Uso de medicamentos (uso contin.)? ( ) Não ( ) Sim; Se sim, quais? Total: ________________________________ _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Existência de comorbidades? ( ) Não ( ) Sim; Se sim, quais? Total: _______________________________ _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Hábitos de vida: Paciente fumante? ( ) Não ( ) Sim ( ) Ex-fumante Ingere bebida alcoólica? ( ) Não ( ) Sim ( ) Etilismo pregresso Pratica atividade física? ( ) Não ( ) Sim Qual? __________________ Frequ.: ________________ 92 Histórico de DC na família? ( ) Não ( ) Sim OBS.: Ver possibilidade de investigar internações anteriores Informações sobre o tratamento com o Benzonidazol Inicio do tratamento: Fim do tratamento: Total de dias: Quantidade de cp. prescritos: Posologia: Dose total ingerida em (g): Suspendeu medicamento? ( ) Não ( ) Sim; Se sim, por qual motivo? ____________________________________ Apresentou RAM? ( ) Não ( ) Sim; Se sim, quais? ___________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ Peso: Exames laboratoriais HEMOGRAMA Hemácias Mlh/mm3 Hb g/dL Hc % 1ª Coleta ___/___/___ 2ª Coleta ___/___/___ 3ª Coleta ___/___/___ FUNÇÃO RENAL Uréia mg/dL Leuc. /mm3 Neut. % TGP U/L Mono. % Eosin. % Basóf. % Plaq. /mm3 2ª Coleta ___/___/___ 3ª Coleta ___/___/___ 1ª Coleta ___/___/___ 2ª Coleta ___/___/___ 3ª Coleta ___/___/___ Creat. mg/dL FUNÇÃO HEPÁTICA TGO U/L Linf. % 1ª Coleta ___/___/___ 93 APÊNDICE B UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ANALISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS (DACT) LABORATÓRIO DE PESQUISA EM DOENÇA DE CHAGAS PROGRAMA DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PACIENTE CHAGÁSICO N° mestrado: ______________ Nome: ___________________________________________________________ Ano de entrada: ____________________ QP: ____________________________________________________Data: ______________________________ ___________________________________________________________________________________________ HDA: ______________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ FC: ______________________________________________PA:_______________________________________ EXAMES LABORATORIAS: Data:______________________________ IFI:________________________________________________________________________________________ HI:________________________________________________________________________________________ ELISA:______________________________________________________________________________________ XENO: _____________________________________________________________________________________ ELETROCARDIOGRAMA: ___________________________________________________________________________________________ TGI: ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ N° mestrado: ______________ Nome: ___________________________________________________________ Ano de entrada: ____________________ QP: ____________________________________________________Data: ______________________________ ___________________________________________________________________________________________ HDA: ______________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ FC: ______________________________________________PA: ______________________________________ EXAMES LABORATORIAS: Data:______________________________ IFI:________________________________________________________________________________________ HI:________________________________________________________________________________________ ELISA:______________________________________________________________________________________ XENO: _____________________________________________________________________________________ ELETROCARDIOGRAMA: ___________________________________________________________________________________________ TGI: ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________