FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA DOCENCIA ONLINE
Wilson dos Santos Almeida
Paulo Roberto Rufino Pereira
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais –
campus de Juiz de Fora
[email protected]
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Resumo
A pedagogia tradicional é baseada em uma modalidade de comunicação caracterizada por
separar a emissão da recepção, conhecida como pedagogia da transmissão. O docente aqui é
visto como o detentor do conhecimento e fonte de transmissão para o aluno. Nas salas de aula
presenciais ou a distância podem ser utilizados recursos tecnológicos da informação e
comunicação para atingir os objetivos didático-pedagógicos, nesses nossos tempos de
cibercultura, principalmente, nos cursos de educação online. A pedagogia da “interatividade” deve
ser implementada superando a separação emissão-recepção, fundamentando-se na: participaçãointervenção, bidirecionalidade-hibridação e permutabilidade-potencialidade (SILVA, 2007). Nessa
perspectiva faz-se necessária a formação de professores para a docência online.
Palavras-chave: Educação a distância – Interatividade – Aprendizagem – Cibercultura – Educação
Online
Introdução
A educação a distância (EaD) tem como característica e diferencial o
desenvolvimento de suas atividades educativas em lugares e tempos diversos.
Pode ser potencializada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação, que
amplia as possibilidades dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) como
sala de aula virtual, possibilitando atingir seus objetivos didático-pedagógicos.
Como acontece, a priori, no processo tradicional de ensino aprendizagem
estão envolvidos estudantes e professores no desenvolvimento das atividades
educativas. Mas na EaD, além deles também estão envolvidos outros profissionais
na elaboração e execução dessa modalidade educacional.
A educação presencial tradicional centra-se no falar-ditar do mestre. É a
pedagogia baseada em uma modalidade de comunicação caracterizada por
separar a emissão da recepção, conhecida como pedagogia da transmissão. O
docente aqui é visto como o detentor do conhecimento, fonte de transmissão para
o aluno. A educação a distância como modalidade educacional tem como
característica e diferencial da educação presencial o desenvolvimento das
atividades educativas em lugares e tempos diversos.
Nas salas de aula presenciais ou a distância podem ser utilizados recursos
tecnológicos da informação e comunicação para atingir os objetivos didáticopedagógicos, principalmente, nos cursos de educação online, nesses nossos
tempos de cibercultura. A modalidade educacional a distância pode estar baseada
na pedagogia da transmissão, sendo uma mera transposição da prática docente
do presencial para essa modalidade ou baseada na superação da separação
emissão-recepção, emancipando o aluno para a participação, para a co-criação,
usuário das interfaces de interatividades dos ambientes virtuais de aprendizagem.
O grande desafio é a mudança paradigmática da pedagogia da
transmissão, que está arraigada nas instituições escolares, para a pedagogia da
interatividade. São três os fundamentos da pedagogia da interatividade:
participação-intervenção,
bidirecionalidade-hibridação
e
permutabilidadepotencialidade (SILVA, 2007).
Educação e a interatividade
Na educação escolar clássica, estão diretamente envolvidos os professores
e os alunos, sem considerar toda a estrutura educacional. Os professores
exercem suas funções depois de passarem por um longo período de preparação,
sendo necessária sua contínua formação e capacitação. Durante esse percurso,
os professores atuais, em sua formação inicial se defrontaram com professores
dos mais variados tipos, com as mais variadas características. Mas, possivelmente
dentre outras características uma deve ser comum, o professor transmitindo
informações, não podemos generalizar, mas essa característica é comum a
2
grande maioria dos professores que estão atuando de norte a sul do nosso país, e
possivelmente pelo mundo afora. Esse tipo de educação denomina-se pedagogia
da transmissão. Mas como ficam esses professores diante da diversidade e
diferenças, das diferentes gerações?
Bordenave (1983) descreve que ao se falar de “fatores pedagógicos” estão
incluídos nesta categoria os processos de ensino aprendizagem vinculados as
necessidades do sistema produtivo, de acordo com os interesses de um
determinado grupo social. Os processos educacionais têm por base uma
determinada pedagogia, uma determinada concepção de como as pessoas
aprendem, fundamentada em uma epistemologia ou teoria do conhecimento.
Esse autor reconhecendo
pedagógicas destacou três:
uma
numerosa
diversidade
de
opções
 a pedagogia da transmissão,
 a pedagogia do condicionamento e
 a pedagogia da problematização.
A pedagogia da transmissão é realidade e está arraigada nas instituições
escolares, mas existem críticos a essa forma de educação. Essa pedagogia parte
da premissa de que os professores são detentores do conhecimento, do saber, e
os alunos uma tábula rasa a espera da recepção dos conhecimentos transmitidos
por eles. Na maior parte dos casos esses professores utilizam-se somente da
exposição oral.
As práticas pedagógicas trazem conseqüências individuais e sociais. Dentre
as conseqüências individuais, citamos algumas levantadas por Bordenave (1989):
a) conseqüências individuais: transmissão e anotações e memorização das
informações; alunos passivos; aceitação das fontes de informação (professores e
livros); distância entre teoria e prática; distanciamento da realidade pelas faltas de
discussões.
b) Conseqüências sociais:
adoção inadequada de informações e tecnologia de
países desenvolvidos; adoção indiscriminada de modelos de
pensamento elaborado em outras regiões(inadaptação
cultural); conformismo; individualismo e falta de participação
e cooperação; falta de conhecimento da própria realidade e,
conseqüentemente, imitação de padrões intelectuais,
artísticos e institucionais estrangeiros;
submissão à
dominação e ao colonialismo; manutenção da divisão de
classes sociais (do status quo) (BORDENAVE, 1989, s/p.).
A pedagogia da transmissão atende aos interesses da sociedade disjuntiva,
fragmentária, como as linhas de produção, em que o aluno chega à escola e
3
recebe do professor as informações. Uma linha de produção do modelo fabril, dos
“Tempos Modernos” de Chaplin, onde as peças defeituosas eram descartadas, e
as boas seguiam até a conclusão de sua construção. Uma escola onde os
diferentes, os deficientes, os com dificuldade de aprendizagem etc. são deixados
de lado.
Silva (2007) destaca que os desafios educacionais extrapolam a figura do
professor, são desafios da escola, dos sistemas de ensino, para a educação em
geral. O modelo comunicacional da pedagogia da transmissão, baseado no umtodos pode ser modificado pela ação efetiva dos professores. Mas terá pouco
progresso, enquanto a escola se mantiver na lógica da distribuição. Seu
posicionamento favorável para a mudança da lógica da distribuição para a lógica
da comunicação está na necessidade de repensar e superar o sistema de ensino
semelhante a uma fábrica, com toda sua lógica. Mudança do sistema escolar que
tenha os seus alunos como clientes ou consumidores, recebendo, sob essa ótica,
o que é distribuído nas salas de aula, as informações.
Esse modelo escola-fábrica para Tardif apud Silva (2007, p. 76) engendrou
a concepção de sistemas escolares concebidos como “instituições de massa que
dispensam, ao conjunto da população a ser instruída, um tratamento uniforme,
garantido por um sistema jurídico e um planejamento centralizado. Seu modelo
canônico de referência é o modelo fabril de produção”. Modelo dicotomizado onde
uns produzem e outros executam, por exemplo, os livros são produzidos por uns,
os escritores, e executados por outros, os professores. Nesse modelo o professor
perde sua autoria, sendo um repetidor de conteúdos necessários para a
progressão dos alunos no “processo produtivo”, não toma decisões sobre o que
fazer, o que ensinar, quais as finalidades, quais conteúdos serão discutidos em
sala, limita-se a reproduzir conteúdos que serão cobrados nos exames escolares
ou pelo sistema educacional, o Ministério da Educação, por exemplo, com suas
provas de avaliação em massa.
A escola ao assumir essa disjunção, da lógica da distribuição, faz com que
o professor assuma o papel de mero transmissor de conteúdos para platéias
passivas, receptoras de informações e repetidoras do que “receberam” nos
processos avaliativos. Nessa escola não é possível a participação dos alunos.
Essa prática enraizada historicamente tem hoje o desafio posto pelas novas
tecnologias, para as quais as escolas e os professores não estão preparados.
Na pedagogia do condicionamento a ênfase está nos resultados
comportamentais. Sua fundamentação é no behaviorismo e na reflexologia.
Baseia-se no estímulo – recompensa, com objetivo de condicionar o aluno. Essa
pedagogia tem conseqüências individuais: emissão das respostas condicionadas
pelas informações dadas pelo professor; falta de questionamentos dos objetivos e
métodos; falta de problematização da realidade; o aluno não tem oportunidade de
criticar conteúdos; tendência ao individualismo e a competitividade;
impossibilidade de criatividade; etc. Tem também conseqüências sociais:
tendência a robotização enfatizando produtividade e eficiência; dependência de
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uma fonte externa na condução das atividades; não se desenvolve a consciência
crítica a cooperação; falta do conflito nas discussões como aprendizado social;
conformismo; etc.
A Pedagogia da problematização parte do princípio que estamos em um
mundo em constantes transformações, em constantes e rápidas mudanças, para
essa pedagogia o importante não são só os conhecimentos, idéias e bons
comportamentos dos alunos. Mas a capacidade dos alunos como participantes da
transformação social. A capacidade desejada é de desenvolver o poder de
problematizar, fazer perguntas, analisá-las, entendê-las e resolvê-las seja
individualmente ou coletivamente. Como nos ensina Silva (2007) “faça você
mesmo”.
Nessa pedagogia, esperam-se como conseqüências individuais: aluno
ativo, observador, formulador de perguntas, que expressa suas percepções e
opiniões; aluno solucionador de problemas; aprendizagem relacionada com a
realidade; desenvolvimento das capacidades de observação, análise, avaliação,
etc.; intercâmbio, cooperação, superação de conflitos nas atividades em grupo. E
como conseqüências sociais: população conhecedora da realidade; cooperação
na superação dos problemas comuns; redução da necessidade de líderes, pois
também são emancipados, líderes; resistência a dominação; etc.
Essas três concepções pedagógicas, dentre outras existentes, nos mostra
as possibilidades de diferentes alunos que podem ser formados em sala de aula,
repetidores das informações recebidas, por meio de treinamento
comportamentalista ou de cidadãos conscientes de seus papeis no mundo,
questionadores, críticos e “solucionadores de problemas”. Essa possibilidade
parece ser contemplada com a pedagogia da problematização. Isso não nos
permite somente tecer críticas as outras concepções pedagógicas, pois, essas
também tem suas contribuições, existindo momentos em que seus métodos são
necessários. O objetivo fundamental da educação está na formação integral do
aluno capaz de pensar, raciocinar e tomar decisões embasadas em
conhecimentos técnicos, éticos e sociais.
A pedagogia da problematização tem como pressupostos as propostas de
Silva (2007) para as salas de aula presenciais “inforricas” ou “infopobres” e para
as “salas de aula” virtuais, online. Esse autor propõe a “pedagogia da
interatividade” sem insistir ferrenhamente em estar nominando uma nova
pedagogia, mas por explicitar a marcação do terreno complexo na educação que
em nosso tempo marcado pela “dissolução do sujeito”.
A educação online se apresenta como um grande desafio aos professores,
que não se apropriaram do uso de mídias analógicas em suas salas de aula e
agora tem os desafios do digital.
O professor que assume na educação online os procedimentos adotados na
sala de aula presencial, principalmente o professor da pedagogia da transmissão,
5
do modelo um-todos, não romperá com a barreira do silêncio virtual. Não haverá
êxito nas atividades docentes do professor que simplesmente realiza a
transposição do seu trabalho presencial para o virtual, a transposição implica na
“transformação de significado, de relevância e de valor estético e ético, coerente
com a mudança do espaço da ação educativa, do presencial ao virtual” (SEED,
2009). No ambiente virtual o professor deve modificar seu modo de comunicação,
deixando de ser o contador de histórias, aquele que transfere os conhecimentos
para os alunos. Não deve assumir ações simplificadoras do seu papel, tais como:
“conselheiro”, “parceiro”, “„guia‟, „facilitador‟, „administrador da curiosidade da
criança ou do jovem‟” (SILVA, 2007, p. 73). Para esse autor, o professor que
assume o papel de mediador na educação online, deve ter como importante
característica ser provocador.
O professor nessa perspectiva não será mais um mero transmissor de
informação, mas aquele que:
 Disponibiliza múltiplas experimentações, múltiplas expressões;
disponibiliza um montagem de conexões em rede que permite múltiplas
ocorrências;
 Formula problemas;
 Provoca situações de aprendizagem;
 Arquiteta percursos, como o webdesigner;
 Mobiliza a experiência do conhecimento sempre promovendo a
interlocução diálogica e colaborativa entre os aprendizes.
As faculdades estão recebendo os primeiros “nativos digitais”. Esses
adolescentes que estão iniciando suas vidas adultas, diferentes dos “imigrantes
digitais” têm suas redes de relacionamentos ampliadas para além do mundo real.
Interatividade
Basicamente são três os fundamentos da interatividade que podem ser
encontrados em sua complexidade nas disposições da mídia online: a)
participação-intervenção: a participar não se restringe a apenas responder “sim”
ou “não” ou escolher uma opção dada, o significado de participação e intervenção
do usuário está na sua efetiva modificação da mensagem; b) bidirecionalidadehibridação: a comunicação é produção conjunta, colaborativa, da emissão e da
recepção, é co-criação, os dois pólos codificam e decodificam, esses pólos devem
ser entendidos no sentido da emissão e do usuário; c) permutabilidadepotencialidade: a comunicação nessa perspectiva supõe múltiplas redes
articulatórias de conexões e ampla liberdade de trocas, de associações e
significações (SILVA, 2009).
O professor ao operar como provocador no processo de ensino
aprendizagem de acordo com Silva (2009 s/p.):
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Em lugar de guardião da aprendizagem transmitida, o
professor propõe a construção do conhecimento
disponibilizando um campo de possibilidades, de caminhos
que se abrem quando elementos são acionados pelos
educandos. Ele garante a possibilidade de significações
livres e plurais e, sem perder de vista a coerência com sua
opção crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a
ampliações, a modificações vindas da parte dos aprendizes.
Assim ele educa na cibercultura. Assim ele constrói
cidadania em nosso tempo.
Os docentes ao assumirem seus papeis de provocadores podem na
construção do conhecimento, baseado na mediação interativa, ter sua atuação
mais coerente se apropriando das seguintes sugestões de Silva (2008):
1.
Propiciar
oportunidades
de
múltiplas
experimentações, múltiplas expressões;
2. Disponibilizar uma montagem de conexões em rede
que permita múltiplas ocorrências;
3. Provocar situações de inquietação criadora;
4. Arquitetar colaborativamente percursos hipertextuais;
5. Mobilizar a experiência do conhecimento.
Ao assumirem a docência interativa, operando com as cinco sugestões
acima, o professor deverá garantir atitudes comunicacionais que são específicas.
Deverá: acionar a participação intervenção do usuário; garantir bidirecionalidade
na comunicação; disponibilizar múltiplas redes articulatórias; “engendrar
cooperação”; “suscitar a expressão e a confrontação das subjetividades no
presencial e nas interfaces” possíveis com as novas tecnologias; ter no ambiente
online de aprendizagem funcionalidades específicas, tais como: intertextualidade,
intratextualidade, multivocalidade, usabilidade, integração de várias linguagens e
hipermídia; estimular a autoria coletiva da avaliação, que favoreça seguramente a
avaliação formativa e contínua (SILVA, 2009)
O maior educador brasileiro, Paulo Freire, já nos ensinou que “educação
autêntica não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B”.
Na sala de aula online as possibilidades acima podem ser ampliadas com a
utilização de interfaces chat, fórum, blog, wiki, videoconferência, audioconferência,
portfólio etc. A dinâmica dessas interfaces potencializa a interativadade.
O professor deverá garantir na proposição dos seus conteúdos de
aprendizagem, intertextualidade, multivocalidade e usabilidade. Precisa ser
incluído digital e ciberculturalmente. Necessita ter formação inicial e continuada
específica para a docência na modalidade online e parceria e sintonia com o corpo
técnico administrativo.
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Na educação baseada na interatividade o professor formula problemas,
provoca interrogações, valorizando o diálogo e a colaboração, tendo Paulo Freire
como referência.
Os professores mesmo tendo lido esse mestre ainda continuam guardiões e
transmissores da cultura, transmissores de pacotes fechados de informações em
sala de aula presencial e a distância. Eles precisam investir em relações de
reciprocidade para construir conhecimento, favorecendo uma atitude
comunicacional que favoreça as participações e a dialógica como condição sine
qua non da aprendizagem.
O digital permite transformações, modificações infinitamente, por todos os
que desejarem agir ativamente, a plasticidade é característica dos textos, sons e
imagens digitais. Os “objetos” assumem o caráter de imaterialidade, dando
liberdade ao usuário de manipulações infinitas, de acordo com suas decisões e
interesses.
Diferente da tela da televisão que é somente um meio de transmissão de
informações, o computador permite o “adentramento e manipulação de janelas
móveis, plásticas e abertas a múltiplas conexões e conteúdos e interagentes
geograficamente dispersos” (SILVA, 2007). A possibilidade da interação permitida
pelos computadores conectados em diferentes locais, dos mais próximos aos mais
longínquos pontos do planeta, permite o funcionamento de educação, cursos,
treinamentos etc. com a participação efetiva de todos os envolvidos.
Para se considerar um bom curso seja presencial ou distância, esse deve
ter, sob o ponto de vista de Moran (2009): docentes bem preparados intelectual e
emocionalmente, educadores; alunos motivados; uma equipe de suporte,
administradores, diretores e coordenadores conscientes dos seus papeis no
processo pedagógico e de ambientes que favoreçam a aprendizagem. Nesse caso
em particular a educação a distância que não deve se reduzir a um lugar restrito a
textos e conteúdos. Os bons cursos devem instigar a pesquisa, a troca, a
produção conjunta. Devem contar com uma equipe multidisciplinar da área técnica
e pedagógica, que trabalhem com espírito colaborativo, cooperativo, organizando
esses cursos da melhor forma possível, para que aluno não se sinta
“abandonado”, apesar da distância física entre professores e alunos (MORAN,
2009).
Um bom curso a distância requer a preparação de materiais com
antecedência, pois os alunos não contam com a presença física do docente em
tempo real na maioria dos casos. As atividades didáticas que ocorrem em tempo
real dos docentes e discentes são chamadas atividades síncronas. Os recursos da
internet contemplam e potencializam essa possibilidade.
Os professores por não estão preparados para trabalharem no novo
paradigma comunicacional, com interfaces que permitem a interatividade, que
possibilitam e ampliam a cooperação dos grupos na participação do todos os
8
envolvidos, sejam alunos ou professores. O professor facilitador, o guia, narrador,
subutilizará os recursos possíveis, disponíveis pelas novas tecnologias. Sua
tendência será de transpor para as aulas virtuais o mesmo modelo de ensino da
sala de aula presencial, na perspectiva da transmissão.
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9
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MEC,
2009
a
http://etecbrasil.mec.gov.br/conteudo.php?noticia_id=62&tipo_pagina=5
acesso em 12 de março de 2009.
–
Teses e Dissertações – recentes que nos permitam levantar o Estado da Arte, da
educação a distância, em geral, e da educação online, em particular.
Em relação ao uso das tecnologias digitais na educação a distância o Brasil
está em relação de igualdade com os países mais avançados, o que é verificado
com uma grande competência de usabilidade. Os recursos técnicos e as
metodologias utilizadas no Brasil e em outros países são equivalentes. O desafio
brasileiro está em promover a democratização do acesso ao ensino de graduação,
com maior capilaridade, flexibilidade, menor preço e com qualidade.
Existia um mito que a formação obtida por essa modalidade de ensino não
seria de boa qualidade, mas no mês de setembro de 2007 com a divulgação dos
resultados do ENADE de 2005 e 2006, na maior parte dos cursos avaliados os
alunos oriundos de cursos de EaD tiraram melhores notas que os da educação
presencial (SILVA; SANTOS, 2008).
Além dessas avaliações, as pesquisas já mostraram que a qualidade da
aprendizagem na educação a distância pode ser até mesmo superior à do ensino
presencial.
10
Desde o ano de 1999 foram diplomados alunos oriundos de formação nos
cursos de graduação a distância no país, e esses primeiros alunos apesar de
estarem na maior parte dos casos exercendo a profissão tiveram a garantia de
prosseguir na profissão e tiveram êxito em concursos e com ótimas classificações.
Além dessas conquistas, verificou-se também uma melhoria na auto-estima deles.
Os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o ENADE,
demonstram os reflexos positivos dos alunos que se formaram em cursos a
distância.
Embora venha melhorando a qualidade dos cursos, o MEC recebeu entre
2004 e 2007 muitas denúncias do mal uso de educação a distância. Em resposta
a essa situação o MEC passou a criar mecanismos mais rígidos de regulação e
credenciamento das instituições, autorizações e reconhecimento de cursos. Além
disso, houve também por parte das instituições um amadurecimento, com a
consolidação de pesquisas em instâncias de doutorados e mestrados, mostrando
caminhos para oferta da educação a distância de qualidade.
O Brasil, entre os países da América Latina, foi pioneiro na legislação de
educação a distância. Mas, apesar da legislação existente só criou um instituição
pública de caráter nacional depois de outros países da América Latina que ainda
não tinha legislação referente a educação a distância.
Pode-se dizer que o Brasil vai bem graças ao empenho de milhares de
pesquisadores nas Universidades de todo território, inclusive com a exportação de
conteúdos já formatados para a educação a distância. Permitindo a efetiva
aprendizagem e fazendo chegar a educação superior de qualidade a brasileiros
onde quer que estejam. Nosso país serve inclusive de local de estágio para
Universidade européias e latino-americanas que estão implantando a educação a
distância.
Como instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições de
educação superior e seus pólos de apoio presencial para a modalidade de
educação a distância, o Instituto Nacional de Pesquisas e Pesquisas Educacionais
(INEP), Silva aponta que:
 São bem vindos os ajustamentos da política de implementação da
educação a distância.
 O INEP é órgão qualificado para avaliação dessa modalidade de
ensino.
 Tutores desqualificados e submetidos a salários aviltantes são
colocados no lugar dos professores.
 Educação online se faz com uso das interfaces: fórum, chat e blog
substituindo o olhar presencial superando a distância geográfica entre aprendizes
e professor, a depender de formação qualificada e específica do docente online.
 Docência online deve ser feita sem subutilização das potencialidades
interativas dos “ambientes virtuais de aprendizagem”.
11
 Questiona a educação a distância à base de impressos via Correio e
vídeos pré-gravados distribuídos em massa pra milhares de alunos (SILVA,
SANTOS, 2008).
E também identifica quatro
desenvolvidos em cursos a distância:
precariedades
comuns
nos
projetos
1)
Falta de formação de professores para as especificidades da modalidade a
distância.
2)
Modelo baseado no impresso e na televisão, na distribuição em massa de
pacotes de informação com pouco investimento em ambientes virtuais de
aprendizagem.
3)
Pólos carentes em infra-estrutura tecnológica.
4)
Tutor, profissional forjado na lógica da auto-instrução, que rechaça a
presença do professor em nome do mero administrador da burocracia do feedback
do aluno (SILVA, SANTOS, 2008).
As diretrizes de avaliação para credenciamento de Instituições de Ensino
Superior na modalidade a distância, foram estabelecidas na Portaria nº 1.047, de
07 de novembro de 2007, Santos (SILVA; SANTOS) destacou a necessidade da
construção de itens presentes na Portaria, tais como: organização institucional
para oferta de educação a distância, formação e capacitação permanente dos
docentes e tutores, instalações físicas dos pólos equipados com computadores,
banda larga, biblioteca etc.
Os critérios de avaliação de aprendizagem e docência na modalidade de
educação a distância são específicos, não sendo possível a transposição do
ensino presencial para a modalidade a distância.
Um bom curso seja presencial ou a distância, “é aquele que nos empolga,
nos surpreende, nos faz pensar, os envolve ativamente, traz contribuições
significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias
interessantes” (MORAN, 2009) Esse autor considera que um bom curso presencial
ou distância deve ter docentes bem preparados intelectual e emocionalmente,
educadores; alunos motivados; uma equipe de suporte, administradores, diretores
e coordenadores conscientes dos seus papeis no processo pedagógico e de
ambientes que favoreçam a aprendizagem. Nesse caso em particular a educação
a distância que não deve se reduzir a um lugar restrito a textos e conteúdos. Os
bons cursos devem instigar a pesquisa, a troca, a produção conjunta. Devem
contar com uma equipe multidisciplinar da área técnica e pedagógica, que
trabalhem com espírito colaborativo, cooperativo, organizando esses cursos da
melhor forma possível, para que não se sinta “abandonado”, apesar da distância
física entre professores e alunos.
Um bom curso a distância valoriza os materiais feitos com antecedência,
além disso, como eles são pesquisados, trabalhados, apropriados e avaliados.
12
Têm uma linha de ação pedagógica que norteia as ações individuais e que ao
respeitar as características e diferenças individuais não se descuide do coletivo.
O acesso ao computador e a internet importantes para auxiliar na educação
ainda não estão incorporados no cotidiano dos professores brasileiros. Foram
apontados como obstáculos, por Mindlin (GIFE, 2009) custo dos computadores,
poucas escolas que possibilitam o acesso a salas de informática, quando elas
existem, e como mais importante obstáculo verificou-se a falta de capacitação dos
professores e mesmo o medo de usar os recursos tecnológicos.
Os professores por não estarem preparados para trabalharem no novo
paradigma comunicacional, com interfaces que permitem a interatividade, que
possibilitam e ampliam a cooperação dos grupos na participação do todos os
envolvidos, sejam alunos ou professores. O professor facilitador, guia, narrador
subutilizará os recursos possíveis, disponíveis pelas novas tecnologias. Sua
tendência será de transpor para as aulas virtuais o mesmo modelo de ensino da
sala de aula presencial, na perspectiva da transmissão.
Na sala de aula online as possibilidades acima podem ser ampliadas com a
utilização de interfaces chat, fórum, blog, wiki, videoconferência, audioconferência,
portfólio etc. A dinâmica dessas interfaces potencializa a interativadade.
O professor deverá garantir na proposição dos seus conteúdos de
aprendizagem, intertextualidade, multivocalidade e usabilidade. Precisa ser
incluído digital e ciberculturalmente. Ter formação inicial e continuada específica
para a docência na modalidade online e parceria e sintonia com o corpo técnico
administrativo.
Na educação baseada na interatividade o professor formula problemas,
provoca interrogações, valorizando o diálogo e a colaboração, tendo Paulo Freire
como referência.
Os professores mesmo tendo lido esse mestre ainda continuam guardiões e
transmissores da cultura, transmissores de pacotes fechados de informações em
sala de aula presencial e a distância. Eles precisam investir em relações de
reciprocidade para construir conhecimento, favorecendo uma atitude
comunicacional que favoreça as participações e a dialógica como condição sine
qua non da aprendizagem.
O processo avaliativo deve ser formativo, com caráter emancipatório,
integrante do processo de ensino e aprendizagem com um todo. Na educação
online é possível desenvolver processos de auto-avaliação, co-avaliação e
heteroavalização, a partir do acompanhamento da construção do conhecimento
expressada pelos registros dessa produção nas interfaces síncronas e
assíncronas.
13
O digital permite transformações, modificações infinitamente, por todos os
que desejarem agir ativamente, a plasticidade é característica dos textos, sons e
imagens digitais. Os “objetos” assumem o caráter de imaterialidade, dando
liberdade ao usuário de manipulações infinitas, de acordo com suas decisões e
interesses.
Diferente da tela da televisão que é somente um meio de transmissão de
informações, o computador permite o “adentramento e manipulação de janelas
móveis, plásticas e abertas a múltiplas conexões e conteúdos e interagentes
geograficamente dispersos” (SILVA, 2007). A possibilidade da interação permitida
pelos computadores conectados em diferentes locais, dos mais próximos aos mais
longínquos pontos do planeta, permite o funcionamento de educação, cursos,
treinamentos etc. com a participação efetiva de todos os envolvidos.
As transformações que vêm recentemente ocorrendo trazem avanços e
influências de três esferas que citaremos em separado para entendimento
didático, mas ocorrem imbricados, ou seja, ocorrem interligadas, são as esferas:
social, mercadológica e tecnológica.
Na esfera social observa-se um aumento da atividade do usuário frente aos
meios digitais superando a passividade existente frente a televisão com sua tela
que não possibilita sua intervenção. Aqui só é possível a recepção do que é
transmitido, a escolha do que será transmitido é realizada por aqueles que tem
esse poder de escolha, o espectador recebe passivamente os pacotes que para
ele são concedidos. Os recursos digitais superam essa lógica, em nossa
sociedade,os usuários vem se “acostumando” a essa nova possibilidade
comunicacional.
Na esfera mercadológica os produtores de tecnologia devem “ouvir” o
mercado, a esfera social produzindo e colocando a venda equipamentos que
atendem as necessidades dos usuários. E ainda podem ouví-los nas diversas e
recentes interfaces, os consumidores podem expressar suas satisfações e
insatisfações utilizando, os blogs, os chats, os canais de comunicação com as
empresas e com outros consumidores.
Na esfera tecnológica o computador conectado a internet, essa “grande”
rede global sem fronteiras geográficas amplia, os horizontes dos usuários que
interagem criando, co-criando, com os recursos digitais, sua imaterialidade, seus
infinitos recursos e as interfaces tecnológicas possibilitam a transição da lógica da
distribuição, da transmissão de informações em massa, do modelo um-todos para
a lógica comunicacional, em que a interatividade é realizada na dinâmica todostodos.
Silva (2007) analisa a educação sob duas perspectivas. Uma mais antiga
arraigada em nossa sociedade, que como ele mesmo diz, está presente nas
escolas há cinco mil anos, baseada no falar-ditar do mestre, é um modelo
clássico, fundamentado no paradigma comunicacional dominante – um-todos –
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nesse modelo a emissão está separada da recepção. Essa emissão partindo de
um indivíduo para a recepção de uma platéia passiva de diferentes tamanhos e
públicos é herança das Igrejas, dos comícios políticos que se enraizou em nossas
escolas. A outra perspectiva mais recente se fundamenta no paradigma
comunicacional todos-todos, da existência da interatividade entre os atores
envolvidos em um espírito de colaboração.
Wilson dos Santos Almeida Doutorando em educação - UNESA - linha de pesquisa - Tecnologia
da Informação e Comunicação. Orientador: Prof. Dr. Marco Silva. Professor do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IFSEMG), campus de Juiz de Fora –
MG. E-mail: [email protected]
Paulo Roberto Rufino Pereira Mestrando em educação - UNESA - linha de pesquisa - Tecnologia
da Informação e Comunicação. Orientador: Prof. Dr. Marco Silva. Professor do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IFSEMG), campus de Juiz de Fora –
MG; Coordenador do Núcleo de Educação a Distância do IFSEMG. E-mail:
[email protected]
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Almeida, Wilson dos Santos