SOBRE A FAMÍLIA QUE SE TEM... IVANA ARQUEJADA FAES /GEPPRU- UFF/[email protected] DIRLEI DA SILVA ROSA/ PMCG ELIANE HENRIQUES MOTA LEITÃO DANYELLE NUNES ALECRIN DA SILVEIRA/UFF PAMELLA FRANCISCO DO ROSARIO/UFF Resumo: A investigação em curso busca estudar a construção do conhecimento em serviço social, partindo da compreensão do significado atribuído ao conceito de família na constituição do processo identitário que se irradia na experiência humana de homens sujeitados à situações de violência intrafamiliar. Trabalho apresentado no 4º Seminário de pesquisa do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal Fluminense - UFF, realizado em Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, em março de 2010 A FAMÍLIA… Contra “a violência e pela vida” constitui o interesse pelo estudo acerca dos significados que se atribui à família neste início de século. Interessadas especialmente no “como se processa a organização interna de famílias que têm suas vidas circunstanciadas pela violência no âmbito intrafamiliar”, a pesquisa em curso se autodetermina pela pergunta “minha família é assim...”, se revelando a partir desta “pergunta”, o incursionar das problematizações que vimos processando. Consideramos que os modos de vida, os valores e as normas que envolvem a família, vão sendo modificados, e essas mudanças vão se processualizando e se fortalecendo, criando mecanismos de enfrentamento dentro de campo de forças instituído no espaço intrafamiliar. Identidades vão sendo assim re – significadas, a partir da interpretação da própria vida e do contexto onde ela se situa, porque a identidade, enquanto categoria “(...) política e sócio – histórica (...)” (Martinelli, 1991, p. 17), se engendra por valores e emoções sentidos e vividos ativamente em seu “fazer-se”. Assim é que identidades vão sendo reconstruídas através das “estruturas de sentimento” (WILLIAMS,1979,s.p.) estabelecidas na vida cotidiana. O autor australiano Robert Conell(1995,p.188), estudioso da masculinidade, afirma que os homens são vítimas de violências e isso influencia o modo pelo qual convivem com a experiência de sofrer ou perpetrar violências em suas vidas. Segundo o autor, na construção histórica do termo, “masculinidade significa uma configuração de prática em torno da posição dos homens na estrutura das relações de gênero”. A violência se constitui como prática experimentada pelos homens de forma sócio cultural. Em assim o sendo, processa-se através do comportamento que é possível e valorizado pelo contexto em que se situa, segundo determinadas épocas e sociedades. Para compreender os determinantes da violência, muitos aspectos presentes na dinâmica das relações que interferem nos comportamentos e atitudes diferenciais entre homens e mulheres devem ser examinados. Isto é o que afirma Schaiber (et al.,2005,p.66). Tais diferenciais apontam para os padrões de identidade, isto é, o que cada um entende por ser homem ou ser mulher diante de referências ou imagens coletivas (sociais) e ideais, fatores que precisam ser desencadeados a partir de como nos “reorganizamos” para viver a identidade idealizada. Na problematização de Schaiber (et al.,2005,p63-72), essa vivência é construída ao longo do tempo de vida enfrentada e, modifica-se constantemente a partir do modo como são experimentadas as relações com o mesmo sexo e com o sexo oposto no espaço publico e também no interior da casa. A esse processo a autora chama de construção dinâmica do ser homem ou mulher, e corresponde ao exercício da imagem que temos de masculino e feminino. Há que se considerar que haverá sempre um modelo dominante socialmente instituído na sociedade. Isso cria uma tensão entre o que se pretende ser/viver e o que está se realizando vir a gerar situações de conflito nas relações entre homens ou entre homens e mulheres que terminam em violências na pressuposta “comum unidade” familiar. Ao situar a importância da família como instancia central na produção e reprodução de símbolos e normas que regem o dever ser masculino e feminino, Salles (1992,s.p.) sugere a necessidade de encarar com novos olhares a realidade das famílias contemporâneas. Este enfoque ganha visibilidade quando se analisa a família não apenas no lugar de instituição que a determina, mas, sobretudo como realidade vivida pelas pessoas que protagonizam relações interpessoais singulares, Assim, a estrutura da organização familiar deve ser vista pela influência dos imperativos sociais que sustentam a divisão sexual do trabalho (sob a realidade que impulsiona os pais a saírem para o trabalho, desincumbindo a figura feminina - mãe - da criação dos filhos), emergindo no limiar do século XX e inicio do século XXI outros lugares que regem a organização interna da família. Sob o enfoque da teoria marxiana , a família seria um grupo social voltado para a reprodução da força de trabalho, no qual os membros do sexo feminino se encarregariam da produção de valores de uso na esfera privada, cabendo aos homens a produção de valores de troca, através da venda da sua força de trabalho no mercado. (BRUSCHINI, 2000, p. 59) Não estamos problematizando a desigualdade de gênero situada entre homens e mulheres, através de relações de poder que aí se engendram. Estamos afirmando que na atualidade, é preciso reler as paginas da agenda familiar, pois muitos escritos têm sido diferentes, no sentido de que as famílias devem ser tomadas ainda como seres que articulam relações de caráter intimo no âmbito privado, em espaços de convivência que as determinam família, muito embora suas relações tenham sido tecidas correspondendo aos modos de vida que circunstanciaram as determinações recíprocas que lhes ofereceram sentido na história vivida. Neste sentido, para repensar a instituição família é necessário destacar que as relações sociais de natureza familiar produzem práticas e símbolos que precisam receber o sentido de legitimidade da cultura, um sentido que situa modos de vida na experiência humana, que é social, histórica e , portanto carregada de cultura. Sarti(1996,p.25) nos alerta acerca dos riscos que corremos quando concebemos autonomamente o significado cultural das categorias que emergem do real, uma vez que é preciso “[...] entender o significado mais amplo dos fenômenos que expressam os valores, normas e idéias que estruturam e dão sentido às experiências vividas pelos homens nas sociedades chamadas complexas[...]”. No livro de sua autoria (SARTI,1996),“A família como espelho”, problematiza o tema afirmando que as relações familiares ( seu estudo é entre famílias pobres) seguem um padrão tradicional de autoridade e hierarquia, por isso o universo familiar está refletido nos padrões morais, situando “lugar de homem e lugar de mulher”. A autora (SARTI,1996,p.41-42) sugere um olhar especial para o fato de que “quem casa quer casa [...] com o casamento, o ideal é a formação de um núcleo independente, porque a família precisa de uma casa [...] condição [...] para viabilizar uma família[...]” , talvez seja o espaço físico casa, o espaço do concreto idealizado da formação de um lar e todas as determinações de significados aí atribuídos. Na concepção da autora os fatos básicos da vida, tais como o nascimento, a união entre os sexos, a morte se estabelecem na família como instância centralizadora da vida social, isto “[...] porque a família regula atividades de base biológica, como o sexo e a reprodução humana. A família constitui, então, um terreno privilegiado para estudar a relação entre a natureza e a cultura.” ( SARTI , 1995, p. 40) Brushini (2000,p.50) considera que o olhar à naturalização da família, tanto no nível do senso comum quanto da própria reflexão cientifica, determina o grupo conjugal como forma básica e elementar de toda família , motivando a interpretação da percepção do parentesco e da divisão de papéis como fenômenos naturais. Mas, a autora enfatiza que a família é “Criação humana mutável.” Neste sentido, a família formata, segundo Brushini (2000,p.63) o “espaço social onde as gerações se defrontam mútua e diretamente, é onde os sexos definem suas diferenças e relações de poder”. Ao reconhecermos a dimensão cultural encarnada no conceito de família, nos interessamos em compreender os significados atribuídos aos agrupamentos familiares sob as diferentes caracterizações que as determinam, conforme a literatura apresentada no texto. Com este entendimento, podemos situar diversas configurações, tais como famílias que se organizam em torno da afetividade sob amarras do casamento ou união estável; famílias que se mantém pelo adoecimento da co dependência afetiva vinculada especialmente pela enfermidade conseqüente do uso das drogas químicas; famílias que se formatam com a subjugação da violência intrafamiliar e suas respectivas ingerências e, famílias que se reinventam conforme expressão utilizada por Cavalcante(2003), ao revelar a vida de pessoas que se colocam na contramão do território analítico (e positivista) que define a linha da família envolta por relações sociais imersas em “comportamentos de adaptação variados “ (LACAN,1987 apud SALLES,1994,p.166). Olhando preliminarmente para o contexto de famílias que agregam pessoas com deficiência ou pessoas portadoras de necessidades especiais, observamos que estes sujeitos sociais (portadores de necessidades especiais) têm recebido ao longo da historia o registro de penalidades, sinalizadas ora por sentimentos de compaixão, ora por sentimentos de respeito. Na atualidade, tem-se presente o debate sobre inclusão daquele ainda “não cidadão” aos nossos olhares, mas por nós, sociedade, considerado “diferente”. Na intenção de apreender outra face desse real (carregado da violência social do preconceito) e objetivando revelar o lugar de cidadania dessas pessoas e de seus familiares, é que reconhecemos a densidade e importância da afirmação de Cavalcante (2003) quando analiticamente determina que, ao se criar espaço na família e na sociedade para o portador de deficiência, ocorre um processo dialético em que a pessoa deficiente e a família interagem a partir de praticas mediadas por instituições sociais, se influenciando mutuamente, a ponto de fazer emergir a dimensão de pessoas do portador de deficiência por um lado e a reinvenção da família por outro. Trata-se de uma reinvenção ancorada por um complexo estoque de conhecimentos para lidar com o filho especial; uma reinvenção criada pelo desenvolvimento de padrões de interação mútua, através de um elenco de ações favorecedoras do desenvolvimento do portador e dos demais membros familiares. Aqui o assistente social encontra amplos espaços à agenda de sua prática profissional para intervenção nas potencialidades da vida familiar do portador de deficiência. Outra problemática a ser referenciada está no reconhecimento de que, diante das ingerências da reestruturação produtiva em curso na vida social, a reconstrução da identidade familiar vem sendo afetada pela perda do sentido da tradição. Sarti (1995,p.43) nos lembra de que [...]Vivemos numa sociedade onde a tradição vem sendo abandonada como em nenhuma outra época da História. Assim, o amor, o casamento, a família, a sexualidade e o trabalho, antes vividos a partir de papéis preestabelecidos, passam a ser concebidos como parte de um projeto em que a individualidade conta decisivamente e adquire cada vez maior importância social. [...] A afirmação da individualidade sintetiza o sentido das mudanças atuais, o que tem implicações evidentes nas relações familiares, fundadas no princípio da reciprocidade e da hierarquia. Importante enfoque a ser analisado diz respeito à situação de famílias que estão se divorciando. As problemáticas humanas tratadas no Direito e no Judiciário apresentam complexidades na sua organização interna. Devido às dificuldades e limites que se apresentam no cotidiano dos sujeitos envolvidos, é que estes procuram a intervenção do Judiciário, instituição vista pela sociedade como pólo normatizador e disciplinador das tensas relações indefinidas entre os homens. Ocorre que, muito provavelmente, as problemáticas familiares não revelam situações conflitivas a serem dissolvidas somente pela burocracia dos processos judiciais. Elas revelam também questões delicadas, dolorosas, decorrentes da ruptura de laços afetivos cujos significados comportam atribuições diferentes para cada um dos sujeitos envolvidos. Ao analisar a ambiência social e afetiva em famílias que vivem conflitos conjugais, Cezar –Ferreira (2004,p.32) afirma ser a família “(...) a primeira promulgadora de leis da vida do indivíduo.” Para Cézar-Ferreira (2004,p.180-182) é fundamental interpretar a família como um sistema, no sentido de aceitar que as influências entre seus membros sejam recíprocas e circulares, pois “(...) nenhum evento é totalmente individual numa família, mas faz parte do padrão relacional. (...)Todos os dias, pequenos eventos afetam o padrão de interação familiar”. Segundo Pereira (2004,p.39) na leitura mais atualizada acerca da família, se reconhece que , além das mudanças na estrutura familiar, os divórcios e os novos casamentos tornam muito mais complexas e intricadas as redes de parentesco e de solidariedade. É fato observável que “(...) as famílias, a partir dos anos 1990, tornaram-se mais efêmeras e heterogêneas. Assumiram uma variedade de formas e arranjos, e exigiram revolucionárias mudanças conceituais e jurídicas.” Há no contexto societário, famílias que possuem um ou mais de seus membros dependentes químicos. A maior divulgação pela mídia tem sido a dependência ao álcool, sendo esta reconhecida como desencadeadora de motivação ao uso de outros tipos de drogas (lícitas e/ou ilícitas). A dependência química em família é determinante para o experimentar de relacionamentos tensos, sentimentos de vergonha, crises graves que culminam em separação familiar, suicídio, violência física, moral e, sobretudo social, provocando alto grau de exaustão emocional que desencadeia sentimentos permanentes de proteção familiar ao dependente, pois se está processando a co-dependência (entendida como parceria na dependência do outro). Importante reconhecer que a dependência química não se constitui “um ato imoral” praticado pelo indivíduo, trata-se de uma doença progressiva, incurável, causando morte ante a falência das funções orgânicas. Por isso famílias por ela afetadas, sofrem também o impacto da violência social. No campo da saúde mental a família é reconhecida por Rosa (2009,p.167) como “(...) um grupo histórico que é determinado por instâncias macroeconômicas, mas também cria novas determinações que remetem à sociedade. É assujeitada e é sujeito do processo histórico.” Na análise sobre as interferências da ação do Estado na família, têm-se o reconhecimento do controle a partir de normas e estratégias sistematizadas para garantia da reprodução das relações de produção. A ingerência através das políticas sociais, bem como a inserção do Serviço Social nessa relação constitui sinônimo desse controle. No entanto, é preciso considerar que (...)na ausência de direitos sociais, é na família que os indivíduos tendem a buscar recursos para lidar com as circunstâncias adversas. Dessa forma, as mais diversas situações de precariedade social, desemprego, doença, velhice, encaradas como dramas da esfera privada, tendem a ser solucionadas na família, como responsabilidade de seus membros. Na maioria das vezes, a responsabilidade recai sobre as mulheres, tornando-as responsáveis pelo cuidado de seus filhos menores, dos idosos, doentes e deficientes, sobrecarregando-a ainda mais, considerando-se que grande parte das famílias são chefiadas por mulheres. (TELLES,1990 apud ALENCAR, 1992, p.6364) Mioto (2004,p.51) referencia que a construção histórica da relação entre Estado e família foi permeada pela ideologia de que as famílias, independentemente de suas condições objetivas de vida e das próprias vicissitudes da convivência familiar, “(...)devem ser capazes de proteger e cuidar de seus membros. Essa crença pode ser considerada, justamente, um dos pilares da construção dos processos de assistência às famílias. A distinção entre famílias capazes e famílias incapazes.” Campo fecundo de nosso interesse investigativo é o conceito de família na literatura que aborda violência intrafamiliar. Tais famílias são vistas como “(...) estruturas fechadas em que seus componentes têm pouco contato social, principalmente a vítima(...)”.(PEREIRA,2002,p.19). . Pressupomos que, distante do conhecimento de outras formas de convivência social, a sociabilidade da vítima ocorre no interior da “família que se tem”, podendo a essa família ser atribuído outro conceito, pois permeada por atos de violência, sua organização interna diferencia da organização das famílias imersas no contexto societário da qual fazem parte (embora considerando suas peculiaridades). A violência intrafamiliar vem sendo reconhecida por Rodrigues (2002, p.12) como fenômeno preponderante no surgimento da violência social estabelecendo o cruel ciclo da, SIMPLESMENTE, VIOLENCIA, que se inscreve na agenda do social e se institui no individual, situando-se “ENTRE”, como um mal conceituado como agressão, destruição sob todas as formas da vida e ou da alegria de viver –campo imanente da subjetividade. Analisar o que a literatura registrou sobre a família ganha sentido quando se busca uma renovação teórica, bem como uma renovação temática, nuances essenciais para o profissional de Serviço Social que se depara constantemente com famílias que vivem outros significados ao conceito que lhes tem sido manifesto. A renovação teórica intentará não oferecer relevância aos papeis domésticos que definem a formação de identidades. A renovação temática sugere analisar tais agrupamentos a partir da natureza da convivência familiar que envolve pequenos grupos de pessoas. Nesse sentido, ganha relevância a definição de Andre-Fustier; Albertel (apud CAVALCANTE,2003,p.26): A família é um grupo específico, caracterizado por vínculos de aliança e de filiação; e pelas proibições que regem estes vínculos (proibição do incesto e do assassinato). Ela articula as relações entre diferentes membros e as diferentes gerações, e isto em função da história e dos mitos próprios. Mas ela também pertence a um conjunto social e cultural e, desta forma, deve articular o lugar de cada individuo da família e seu lugar no conjunto social. A CULTURA... No olhar investigativo acerca da busca de significados atribuídos à família, no ano de 2009, em um dos minicursos oferecidos pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Práticas Sociais Rurais e Urbanas (GEPPRU), utilizou-se como instrumento de observação sistemática do real entre os participantes, uma frase impressa com a pergunta: “como você conceitua família?”. Não era obrigatória a resposta, mas algumas pessoas devolveram como resposta os registros descritos abaixo: “a família nos recebe quando nascemos, nos apresenta pela primeira vez o mundo e nos constituímos sujeitos a partir deles (pessoas que pertencem a família), passam valores e cultura” (estudante de psicologia) “núcleo no qual o sujeito inicia o aprendizado de ser e de relacionar-se com os outros e com o mundo” (assistente social) “um projeto importante que nasceu no coração de Deus. Um porto seguro para o ser humano. Lugar de formação de caráter, valores, personalidade e cidadania. Pena que hoje não temos esse tipo de família. Ela não tem cumprido esse papel na sociedade.” (professora e universitaria) “base principal para o desenvolvimento de um ser humano)”(estudante) “é uma das bases mais importantes de apoio, incentivo, aprendizagem do ser humano na formação” (balconista e universitária)” Observamos que nos conceitos registrados, as relações familiares expressam experiências socializadoras, formatando personalidades, construindo identidades imersas em funções afetivas e determinadas também pela Divindade. Parece-nos determinante reconhecer que tais conceitos formatam famílias ora reais, ora ideais, na forma de assim se constituir ou de assim se auto determinar ou idealizar. Entretanto, a partir das ingerências das relações societárias aos complexos familiares, conflitos têm sido experimentados, demonstrando-nos que esse ideal harmônico se transmuta em outro real diferente daquele ideal, ou seja, trata-se daquele real que se vive na experiência humana. Na interpretação de Holien Gonçalves Bezerra(1995) sobre os textos do historiador Edward Palmer Thompson na contribuição do conhecimento histórico, está importante afirmação de que na experiência humana (categoria criada por Thompson) está a expressão do que há de mais vivo na história, no sentido de que aí se revela a história de homens e mulheres retornando (diríamos, se revelando) como sujeitos, construtores do devir e do presente. O registro é relevante, pois desconstrói a noção de que a história é construída pelas estruturas. Contrapondo a essa afirmativa a autora registra que pelo olhar de Thompson (BEZERRA,1995,p.125), a história é construída “[...] pelas pessoas carregadas de experiência [...]. Suas situações e suas relações produtivas lhes são determinadas como necessidades[...]”. Na profundidade analítica do termo, essa experiência se formata trabalhada na consciência e na cultura das pessoas e dos agrupamentos de pessoas, de acordo com o pertencimento de suas relações interpessoais. Assim, [...] a experiência e a cultura não são vivenciadas apenas como idéias e no campo do pensamento. A experiência passa a ser experimentada como sentimento, como parte da vida cotidiana, que é incorporada na cultura em seu sentido mais concreto: normas criadas, obrigações familiares e de parentesco [...]. Passa a constituir um conjunto de valores que atuam imperceptivelmente nos meandros da vida inteira dos indivíduos e das classes assim constituídas e construídas [...]”. (BEZERRA,1995,p.126) Neste sentido, é importante reconhecermos que o conceito de cultura se revela como norte direcionador para apreensão dos significados que buscamos acerca da família em suas relações reais, concretas, na especificidade de se manifestar em sua organização interna a prática de violências. Registramos nesse momento, a importância que estamos atribuindo à expressão cultura como uma categoria teórica que se consubstancia “[...] quando percebemos que os conceitos dos quais participamos não são conceitos, mas problemas, e não problemas analíticos, mas movimentos históricos ainda não definidos.” (WILLIAMS,1979 apud FENELON,1993,P.83). Trata-se segundo Fenelon (1993,p.83) de “compreender que os supostos teóricos são indicações para a investigação e não conceitos fechados para enquadrar o real[...]” Nosso interesse para apreender o conceito de família em famílias que têm suas vidas intercambiadas pela violência é expressar a importância da experiência social sendo experimentada na coexistência de interesses e sentimentos, situando a cultura como “[...] „um sistema de significações‟ de maneira ampla, de modo a permitir a inclusão de todas as práticas e assim definir-se como um „processo social constitutivo que cria diferentes e específicos modos de vida‟”(FENELON,1993,p.86) A expressão cultural dessas vidas em relação contidas em “modos de vida global”, [...] representa sempre uma luta, que é de classe e se dá também no campo dos valores e dos interesses, porque pessoas „experimentam‟ suas vivências, situações e relações produtivas como necessidades e interesses, mas também como antagonismos, tratam essa „experiência‟ em sua consciência e em sua cultura das mais complexas maneiras. Os seres humanos estão constantemente engajados em refletir sobre sua própria „experiência‟, bem como a dos outros e assim cresce sua compreensão da vida social, sua cultura, enfim, que ainda não depende dela. (THOMPSON, 1981 apud FENELON,1993,p.90) Nossa pergunta nesse momento é como as pessoas, na organização interna de seus agrupamentos familiares tratam a sua “experiência” na coexistência com as circunstancialidades da violência intrafamiliar a que estão sujeitadas? Mais que isso, afinal, do que se trata a violência intrafamiliar e seus determinações correlatas, se revela como o conceito a ser revelado pelo olhar dos diversos autores que já vêm desenvolvendo estudos acerca da temática. A VIOLÊNCIA... Na agenda de debates sobre violência, não se pode desconsiderar sua pluralidade e sua diversidade de formatos. Comecemos por situar suas interfaces a partir do que se denomina e reconhece como violência estrutural. A violência estrutural se aplica em micro e macro espaços e se expressa em contextos familiares e societários, provocando a opressão de agrupamentos humanos ou entre indivíduos isolados, que, em estando ausentes das possibilidades de consumo que possam imprimir qualidade às suas vidas, tornam-se segmentos de população “vulneráveis ao sofrimento e à morte”. Em resposta à violência estrutural, esses agrupamentos vulneráveis produzem a violência da resistência quando acessam a justiça legitimada pela ordem pessoal ou pelo próprio punho: assim agindo, o homem trilha constantemente os labirintos da sobrevivência. Nesta caminhada, às vezes se utilizam dos mecanismos da violência da delinqüência, fazendo uso da própria força na reação, tornando-se um diferente de seus iguais, um discriminado porque delinqüiu, podendo vir a compor o lugar de encarcerado pela ação fora da lei instituída como correta numa sociedade estruturalmente violenta pela desigualdade que constrói permanentemente na vida de relação. Existem violências que ocorrem no âmbito das relações entre pessoas muito próximas, acontecendo ou não dentro de casa: a violência doméstica (VD) e as violências praticadas por parceiros íntimos (VPI) (SCHRAIBER et allii,2005,p.19) No livro violência dói e não é direito (SCHRAIBER et allii,2005,p.105-119) , o termo violência significa agressão ou abuso que vitimiza homens, mulheres, crianças, jovens, idosos . Trata-se de comportamentos que desconhecem e transgridem os direitos humanos, “[...] a violência é uma transgressão ética nas relações interpessoais e uma violação aos direitos humanos [...]” Podemos atribuir ao conjunto de violências apresentado, uma única denominação : violência social. A violência assim experimentada, no intercâmbio de contradições impostas, se torna para nós, um desafio a ser enfrentado e uma definição a ser construída: o que é família para agrupamentos humanos que tem suas vidas contextualizadas por violências? Ocorre que a violência intrafamiliar se interpõe no percurso da violência social, manifesta numa dinâmica peculiar: ela é praticada no lócus da proteção, do zelo, do afeto, do porto seguro – o LAR, espaço idealizado para agregar a família constitutiva do ser. Kempe e Kempe (1985 apud SILVA, 2002,p.74), pediatras norte-americanos, foram os primeiros profissionais a identificar o fenômeno violência intrafamiliar. No entanto, segundo Silva (2002,p.75) Entender a violência intrafamiliar implica ter uma compreensão histórico-psicossocial do indivíduo e da família. Em outras palavras, como ocorrem as interações pai/mãe/filhos(as) e a forma de relacionamento interpessoal familiar. Implica também perceber que a violência não é um fenômeno natural como querem alguns, mas, ao contrário, construída e transmitida às novas gerações. Mas, segundo Azevedo e Guerra (1995 apud SILVA,2002,p.75) “[...}quando uma família apresenta padrão abusivo de relacionamento interpessoal, está revelando as cicatrizes de sua história pessoal dentro de um contexto históricocultural de determinada sociedade.” Neste sentido, “é a violência dentro da família gerando a violência social.” (SILVA,2002,p.77) A violência intrafamiliar vem sendo reconhecida por Rodrigues (2002, p.12) como fenômeno preponderante no surgimento da violência social ”estabelecendo o cruel ciclo da violência, que se inscreve na agenda do social e se institui no individual, situando-se “ENTRE”, como um mal conceituado como agressão, destruição sob todas as formas da vida e ou da alegria de viver –campo imanente da subjetividade A violência intrafamiliar carece de um alerta à nação para provocar uma resposta da sociedade civil ao eco provocado pelo medo que impõe o silêncio de seres humanos, um silêncio que é desoculto pelas marcas físicas no corpo, diante de olhares de desespero e aparente estado humano debilitado, refletindo-se através de sentimentos de solidão, abandono, rejeição – as dores da alma, que não podem ser vistas , mas sentidas. Nas palavras de Azevedo ( ano, p.81-82), o termo violência se compactua diante de uma relação assimétrica (hierárquica) de poder com o fim de dominação, exploração e opressão. A violência é portanto, segundo a autora,uma ação que envolve a perda de autonomia, ficando sujeitada à vontade e o desejo de outros. Dalka Ferrari (2002,p.38-45)afirma que quando se detecta a presença da violência dentro de um grupo familiar está instalada a violência intrafamiliar (VIF). A VIF determina um padrão de relacionamento abusivo entre pai, mãe, filho; entre homem e mulher, entre família e idoso, entre as novas formações familiares _ homossexuais e heterossexuais, entre brancos e negros. Na análise sobre família abusiva desenvolvida por Scodelário(2002,p.96-104), é possível que na rede familiar possam ser desenvolvidas experiências de realização ou fracasso, que ao nosso olhar podem resultar tanto em maturidade quanto em práticas reprodutoras de agressividade, manifestas através de violências que estão potencialmente contidas em ações destrutivas ao outro. A autora relaciona aspectos que contribuem para compreensão do fenômeno “violências” como dinâmica comum em famílias abusivas. A dificuldade de comunicação entre os membros familiares oculta o silêncio favorecedor da “(re) produção de violência”. O silêncio deve ser compreendido como mecanismo de defesa, negando-se o que para seus membros é natural: a violência como lugar comum, ato permanente na rotina da experiência familiar. Famílias abusivas forjam situações existenciais envoltas por abuso de poder, auto estima rebaixada e isolamento social acentuado. A pratica da VIF manifesta dominação e cerceamento da liberdade do outro, das relações de igualdade entre os seres preconizada pelos direitos humanos e pela vida. As interfaces da VIF mais freqüentemente reconhecidas pela bibliografia que vem sendo consultada acerca do tema estão sistematizadas em torno da violência física, sexual e psicológica. A violência física é manifesta concretamente pela utilização de força física excessiva sob alguém mais frágil, expressando atitudes de perversidade e covardia tais como:-aterrorizar pela ameaça de morte e abandono; práticas de isolamento social –castigos freqüentes, acorrentamento, prisão...; corrupção em diversas nuances -delinqüência, pornografia, roubo; exploração – trabalho forçado, trabalho infantil. Quando se trata de violência física é mais comum o agressor ser do sexo masculino, mas não se desconhece a violência ministrada por mulheres sob crianças. A violência sexual se expressa através da satisfação de necessidades sexuais do agressor causando danos físicos e morais às vítimas. Manifesta-se através de abuso verbal, atos físico-genitais, prostituição forçada, incesto, estupro, brutalização e assassinato. Quando se trata de violência sexual, segundo a literatura sobre o tema, o agressor geralmente é do sexo masculino. A violência psicológica está assentada sob as bases da negligencia e do abandono, causando efeitos psicológicos habituais tais como: humilhações, ameaças de agressão; privação de liberdade , danos propositais a objetos pessoais, danos a animais de estimação, danos ou ameaças a pessoas queridas. Quando se trata de negligencia/abandono, maus tratos a crianças,adolescentes e idosos no âmbito doméstico, o agressor é geralmente a mulher pois a ela é atribuído o dever de cuidar da casa, da prole, dos enfermos, dos mais velhos.... A literatura consultada revela que quando mulheres praticam negligencia ou abandono, carregam em sua história o sentimento de perda e abandono do parceiro, o homem que se ausenta do lar porque não considera este espaço uma responsabilidade masculina. Queremos destacar que a violência é expressão de autoritarismo, poder e descaso, repercutindo em toda a rede familiar quando se instala no ambiente doméstico Mas, ressaltamos também, que a VIF está contida na violência social que se institui como conseqüência das difíceis e desiguais relações instituídas pelo nosso descaso, preconceito, egoísmo, em atitudes corriqueiras quando empiricamente reproduzimos expressões corriqueiras tais como: “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” ; “quem pariu mateu que o carregue”;“um tapinha não dói”;“quem gosta de velho é reumatismo”... Ao reproduzirmos tais expressões, fortalecemos a negligência do Estado que não reconhece a VIF como tema central a ser incluído na agenda política , instituindo políticas publicas de prevenção , tratamento e proteção (como abrigos). Embora constitucionalmente, desde 1988, tornamos possível a democracia e a cidadania na letra da lei e vimos reconhecendo quão importantes são os segmentos infanto – juvenil com o ECA, a população idosa com o Estatuto do Idoso, e já se sente os anseios e expectativas para a instituição de um Estatuto para a mulher, bem como a Lei Maria da Penha... OBRAS CONSULTADAS: ALENCAR,Mônica Maria Torres de. Transformações econômicas e sociais no Brasil dos anos 1990 e seu impacto no âmbito da família. In: In: Sales, Mione Apolinário; Matos, Marílio Castro de; Leal, Maria Cristina, (orgs.) . Política Social, família e juventude. São Paulo: Cortez, 2004. PT 1: família na contemporaneidade. Cap 3: p.61-78. AZEVEDO, Maria Amélia; GUERRA,Viviane N. de A., orgs. 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