10 Segunda-feira 5 de maio de 2014 Jornal do Comércio - Porto Alegre Economia AGRONEGÓCIOS Dilma afirma que Brasil necessita de setor agropecuário competitivo Em discurso realizado no sábado, na abertura da 80ª Expozebu, em Uberaba (MG), a presidente Dilma Rousseff destacou a importância das parcerias entre as empresas públicas e privadas para o desenvolvimento da agropecuária brasileira. “Temos um resultado extraordinário que será visto nos oito dias do evento. Esta parceria é um exemplo para o todo Brasil, que vai precisar cada vez mais de parcerias bem sucedidas para levarmos adiante nosso desenvolvimento”, disse a presidente. De acordo com Dilma, o País necessita de inovação para enfrentar o desafio da competitividade. “Cada vez mais precisamos de produção agropecuária competitiva e sustentável. Isso significa aumentar a qualificação do trabalho, através, sem dúvida, da educação. No nosso caso, da educação técnica e qualificação profissional. Isso exige comprometimento da construção da infraestrutura logística”, disse, citando as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e também obras públicas do governo como aeroportos, rodovias e gasodutos, entre outras. Dilma afirmou ainda que seu governo “tem buscado contribuir para a equação entre produtores e tecnologia por meio de iniciativas concretas”. Nesse sentido, a presidente destacou o fortalecimento do plano agrícola e de pecuária, “construído a partir do diálogo” com representantes do setor. Mencionou, entre as medidas adotadas, as taxas de juros baixas, a ampliação de finan- MARCIA RIBEIRO/ FOLHAPRESS/JC Presidente destacou a importância das parcerias entre as empresas públicas e privadas Dilma Rousseff participou da cerimônia de abertura da 80ª Expozebu, realizada em Uberaba, Minas Gerais ciamentos e a política do preço mínimo para dar segurança aos produtores. Segundo a presidente, dos R$ 136 bilhões para o crédito rural na safra 2013-2014, R$ 116 bilhões já haviam sido contratados até março. “Hoje, portanto, esse número é maior”, disse. O governo deverá fortalecer fortalecer o financiamento para pecuaristas adquirirem bovinos e matrizes. A presidente destacou programas de estímulo e desenvolvimento da agropecuária brasileira lançados pelo governo para aumentar a produtividade do campo. Entre eles, a presidente mencionou o Inova-Agro e crédito para a agricultura que con- some baixos índices de carbono. Dilma Rousseff enfatizou em seu discurso a atenção do governo em relação à sanidade animal, tema “decisivo para as exportações de carne” e para as relações bilaterais e multilaterais. “Sempre que pudermos, nos colocaremos na ofensiva nas relações comerciais”, disse. “Persistimos atuando de forma firme e fortalecendo nosso sistema de vigilância para conquistar o rótulo de área livre da aftosa, para evitar surgimento de barreiras às exportações e ampliar mercados”, disse. “Sempre que necessário, meu governo atuou em áreas de negociação com outros países”, acrescentou. De acordo com a presidente, o governo finalizará em breve a elaboração do plano agrícola e pecuário da safra 2014-2015. “Queremos sugestões e propostas, pois queremos melhorar a cada ano e garantir instrumentos e medidas cada vez mais adequados ao apoio à agropecuária. Vamos manter as diretrizes dos anos anteriores, como ampliar recursos e simplificar procedimentos”, observou Dilma. “Queremos avançar mais, criando condições para o aumento da competitividade da agropecuária. Precisamos ampliar o acesso dos pequenos produtores à assistência técnica da produção rural”, complementou. Durante a abertura da 80ª Expozebu, a presidente Dilma Rousseff informou que será publicado nesta segunda-feira o decreto com as regras necessárias à implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). “O CAR permitirá dar início aos processos de recuperação ambiental rural previstos no novo Código Florestal”, disse a presidente. Introduzido pelo novo Código Florestal, aprovado em 2012 pelo Congresso, o cadastro estabeleceu a obrigatoriedade de que todas as 5,6 milhões de propriedades e posses rurais do País façam parte do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR). Assim que o governo federal publicar o decreto, os proprietários rurais terão um ano para cadastrar suas terras. O proprietário deve especificar as áreas destinadas à produção e aquelas de conservação ambiental. “Todos os proprietários, a partir daí, terão um ano para aderir ao programa e regularizar a situação das áreas de uso restrito e reserva legal”, disse Dilma. Segundo a presidente, o CAR será um instrumento para melhorar a gestão das propriedades e garantir a segurança jurídica pedida pelos produtores. JOÃO MATTOS/JC Regulamentação do Cadastro Ambiental Rural será publicada hoje Proprietários rurais terão prazo de um ano para cadastrar suas terras OIE confirma caso atípico de vaca louca em Mato Grosso O Ministério da Agricultura aguarda para esta semana o resultado final das análises, por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), sobre o suposto caso atípico da encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como mal da vaca louca, em um animal que estava pronto para abate no frigorífico da JBS em São José dos Quatro Marcos (MT). Em nota, o Ministério informou que o prazo para a divulgação do exame que apontará a “tipificidade do caso” é esperado para a semana que vem. Apesar disso, o Ministério já adianta que o laboratório da OIE, em Weybridge, na Inglaterra, ratificou na noite de quinta-feira (dia 1) o laudo positivo para marcação priônica, realizado no Laboratório Nacional Agropecuário de Pernambuco (Lanagro-PE). O Ministério informou que exames feitos em 49 bovinos que tiveram contato com o animal morto em Mato Grosso mostraram que eles não estavam doentes. Após a identificação da vaca com suspeita da doença, uma varredura foi feita por técnicos da pasta e autoridades sanitárias do estado. Foram investigadas 11 propriedades onde esteve a vaca sacrificada. Depois que mais de 4 mil animais foram inspecionados, 49 foram selecionados por terem nascido um ano antes ou um ano depois da vaca que levantou a suspeita, e a conclusão foi de que todos estavam em plena condição física e de saúde e não possuíam a doença. O Ministério ressaltou aplicar medidas de prevenção e vigilância da doença, que são atualizadas constantemente, em harmonização às informações científicas disponíveis e às recomendações da OIE. “Um registro de enfermidade não configura risco sanitário, visto que as mitigações em curso são suficientes para evitar a reciclagem e amplificação do agente causador”, diz. No mercado, a atitude é de cautela, já que o caso pode se mostrar isolado, atípico, mas, ainda assim, atrapalhar as vendas para alguns países. Há comentários de que Egito e Irã poderiam ter suspendido temporariamente as compras de carnes nacionais, mas a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) diz que não há confirmação de embargos.