UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Ciências Contábeis Abner Aélcio Soares Bruno Rafael Ferreira Moura Herton Firme da Silva Borba A GESTÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL EM UMA PROPRIEDADE RURAL Fazenda Liberdade Lins – SP LINS - SP 2013 ABNER AÉLCIO SOARES BRUNO RAFAEL FERREIRA MOURA HERTON FIRME DA SILVA BORBA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL EM UMA PROPRIEDADE RURAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Ciências Contábeis sob a orientação dos Professores Me. Everton Rodrigo Salvático Custódio e orientação técnica Ma. Heloisa Helena Rovery da Silva. LINS-SP 2013 Soares, Abner Aélcio; Moura, Bruno Rafael Ferreira; Borba, Herton Firme da Silva S652c A Gestão da Informação Contábil em uma Propriedade Rural: Fazenda Liberdade / Abner Aélcio Soares; Bruno Rafael Ferreira; Herton Firme da Silva Borba. – – Lins, 2013. 83p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Ciências Contábeis 2013. Orientadores: Everton Rodrigo Salvático Custódio; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Contabilidade Gerencial. 2. Custos. 3. Gestão Agrícola. I Título. CDU 657 ABNER AÉLCIO SOARES ABNER AÉLCIO SOARES BRUNO RAFAEL FERREIRA MOURA HERTON FIRME DA SILVA BORBA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL EM UMA PROPRIEDADE RURAL Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do titulo de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em:____/____/_____ Banca examinadora: Profº Orientador: Everton Rodrigo Salvático Custódio Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba. Assinatura:_______________________ 1º Prof. (a):______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ Assinatura_______________________ 2º Prof. (a):______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ Assinatura_______________________ Dedico este trabalho ao meu DEUS, o Alfa e o Ômega, e a duas pessoas muito especiais, minha querida esposa Thais e minha adorável filha Isabelly, cujo amor, compreensão, paciência, e persistência me impulsionam a continuar lutando para crescer. Também aos meus pais responsáveis do meu viver, a o meu eterno irmão Oseias in memoria, no qual sempre me espelhei para atingir seus conhecimentos científicos e culturais. Abner Aélcio Soares Dedico este estudo a todas as pessoas que fazem parte da minha vida, em especial a duas pessoas que foram responsáveis pela minha existência, meus pais, que desde então me deram apoio, sabedoria, base para um caminhar brilhante e acima de tudo, muito amor. Dedico também a minha irmã Thais e minha namorada Virgínia, pessoas que amo incondicionalmente. E espero da melhor forma possível, retribuir todo esse carinho. Amo vocês sempre! Bruno Rafael Ferreira Moura Dedico este trabalho, primeiramente, a minha esposa Priscila, que foi a principal responsável por me fazer voltar a sala de aula e que me acompanhou nesta jornada, trazendo força e coragem, me mostrando o quanto este curso seria importante para o meu crescimento pessoal e profissional, que de fato foi. Dedico também aos meus Pais, que mesmo distantes fisicamente, sempre me apoiaram nesta empreitada difícil que é conciliar os papéis de filho, esposo, amigo, bancário e universitário. Herton Firme da Silva Borba AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS por ser o autor da minha existência, por ter misericórdia e me ajudar em todos os momentos da minha vida. A minha querida esposa Thais e filha Isabelly, por me motivar e me ajudar a não desistir dos meus objetivos, e compreender a importância dessa conquista e aceitar a minha ausência quando necessário. Aos meus pais Alésio Soares e Neide Cardoso Soares, pelo amor incondicional e pela paciência. Por terem feito o possível e o impossível para me oferecerem a oportunidade de estudar, acreditando e respeitando minhas decisões e nunca deixando que as dificuldades acabassem com os meus sonhos, serei imensamente grato. Ao meu irmão Oseias, que embora não mais neste mundo, porem eternamente em meu coração, me ajudou de todas as maneiras, sendo além de irmão amigo, a correr atrás dos meus objetivos, agradeço de coração. Agradeço a todas as pessoas do meu convívio que acreditaram e contribuíram, mesmo que indiretamente, para a conclusão deste curso. Ao meu amigo e orientador Everton Rodrigo Salvático Custódio, pelo empenho, paciência e credibilidade, obrigado por tudo. À todos os familiares, que torceram e acreditaram na conclusão deste curso, fico muito grato. Aos amigos da turma e professores, “É uma festa” pelas agradáveis lembranças que serão eternamente guardadas no coração, muito obrigado. Abner Aélcio Soares Esta é mais uma fase da minha vida, que há algum tempo atrás era tudo novidade e que em um piscar de olhos se conclui. Foi uma jornada e tanto, que necessitou de atenção, trabalho árduo, dedicação e muito amor. Fases de horas cansativas, de desânimo, de dúvidas, de conhecimento, de muita alegria também, fase de novas amizades e descoberta de pessoas inesquecíveis. A tudo isso agradeço a Deus, por ter me guiado nas horas difíceis, ter me abençoado por chegar até aqui, me feito acreditar que eu seria capaz de enfrentar qualquer obstáculo, mesmo no momento mais dificultoso, colocando em meu caminho pessoas incomparáveis. E desde então peço ao senhor que continue iluminando minha vida, que ainda há uma longa estrada a seguir. Dando-me sabedoria e que meu amor e minha fé aumentem a cada dia. Obrigada! Aos meus pais, pela dedicação, pelo amor incondicional e apoio sempre, estando comigo durante esta jornada. A minha irmã, Thais, que vivenciou os momentos bons e os mais difíceis, que de alguma forma, me ajudou. A uma pessoa muito querida e que amo muito, que me esperou todo esse tempo para concluir um curso, minha namorada Virgínia. Pessoas maravilhosas em minha vida, minha família, que em todo momento estiveram presentes, me ouvindo, me aconselhando, me passando suas experiências de vida e sempre com o objetivo de me proporcionar o melhor. Aos amigos de forma geral, que sempre estiveram comigo, me ouvindo, aconselhando, motivando com um sorriso, um abraço e suportando meus momentos de stress. E com certeza às pessoas que participaram do meu estudo, que dispuseram de tempo para a realização deste. O meu muito obrigado! Ao meu orientador professor Everton, que me auxiliou no desenvolvimento deste trabalho, ampliando meus conhecimentos. Agradeço a todas as pessoas que passaram algum momento desta jornada comigo, me auxiliando, ajudando de alguma forma, aconselhando, apoiando. Meu obrigado de coração. Bruno Rafael Ferreira Moura Agradeço a Deus por nos dar força e saúde, e permitir a realização deste trabalho. Mesmo diante de várias dificuldades, sempre conseguimos encontrar solução para os problemas, e tenho certeza que não foi por obra do acaso e sim de Deus. Agradeço a coordenadoria do curso, em especial ao Professor André, que sempre confiou na nossa turma, e esteve a nossa inteira disposição desde o início. Ao nosso orientador, Professor Everton, que acreditou no grupo e no sucesso deste trabalho. Aos demais Mestres, que contribuíram imensamente para o nosso crescimento ao longo de todo o curso. Por fim, preciso agradecer aos meus parceiros que formaram comigo este trio vitorioso, Abner e Bruno, pois sem a dedicação e compreensão deles, a realização deste trabalho não seria possível. Herton Firme da Silva Borba RESUMO Este trabalho é o resultado de um estudo sobre a Contabilidade Gerencial e de Custos e foi elaborado com o objetivo de se analisar o Processo da Gestão na Fazenda Liberdade. Apresenta-se inicialmente um breve histórico sobre a propriedade, que fica localizada na área rural da cidade de Lins, e sua evolução no Agronegócio desde o ano de 1930, quando iniciou sua produção com o cultivo de café, até a presente data, mostrando que atualmente a Fazenda tem como sua principal atividade o cultivo de Cana de Açúcar. A pesquisa apresenta também o organograma da Fazenda, com os cargos e funções dos colaboradores, que explica as atribuições de cada um na administração da propriedade e no restante do processo produtivo. Em seguida, serão apresentados conceitos sobre os elementos da Contabilidade Gerencial, que estão diretamente ligados à gestão de uma Propriedade Rural, bem como o Planejamento, que diz respeito às análises dos ambientes e das escolhas a serem feitas; Execução, que trata do trabalho e seus processos; Controle, ligado a verificação dos processos e dos resultados; Receitas, que abrange as entradas de valores referentes às transações; Custos, ligados aos gastos na produção; Despesas, ligadas aos dispêndios da propriedade; Resultado, Lucro ou Prejuízo. Além disso, pretende-se mostrar também a viabilidade de se utilizar Sistemas e Ferramentas de Gestão para facilitar a administração da propriedade e proporcionar uma correta mensuração dos resultados da atividade rural, a partir da elaboração do Planejamento Estratégico e Operacional, implantação e utilização de sistemas de informação, gestão e controle destas informações. Por fim, mostra-se o resultado da pesquisa que disponibilizou novas ferramentas de gestão para a administração da Fazenda. Palavras-chave: Contabilidade Gerencial. Custos. Gestão Agrícola. ABSTRACT This work is the result of a study about of the Managerial Accounting and Cost Accounting and was developed with the objective of analyzing the Process of Management on the Fazenda Liberdade. Initially presents a brief historic of the property that is localized in the rural area of the Lins city, and their evolution in Agribusiness since the 1930s, when started their production with coffee cultivation, up to this date, showing that currently the Farm has as their main activity the Sugar Cane cultivation. The research also shows the organogram of Farm, with the positions and duties of the employees, which explains the attributions of each in the administration of the property and the remainder of the production process. Then, will be presented important concepts about the elements of Managerial Accounting, which are directly linked to the management of a Rural Property well as Planning, as regards to the analysis of environments and choices to be made; Execution, which speaks of the work and its processes; Control, linked to checking of the processes and its results; Recipes, that encompasses entries of values referring to transactions; Costs, related to expenditures of the production; Expenses, related to the expenditures of the property; Income, Profit or Injury. Furthermore, it is intended to show the viability of using Systems and Management Tools to facilitate the administration of the property and to provide a correct measuring of the results of rural activity, as from the elaboration of Strategic and Operational Planning, deployment and use of information systems, management and control of these informations. Finally is shown the result of research that provided new management tools for the administration of Farm. Keywords: Managerial Accounting. Costs. Agricultural Management. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Criação de Gado de Corte ................................................................ 18 Figura 2: Criação de bezerro para cria, recria e engorda ................................ 20 Figura 3: Cana de açúcar ................................................................................. 24 Figura 4: Plantio manual de cana de açúcar .................................................... 25 Figura 5: Plantio mecânico de cana-de-açúcar ................................................. 25 Figura 6: Gema da cana-de-açúcar ................................................................. 26 Figura 7: Organograma da Fazenda Liberdade ................................................ 29 Figura 8: Análise SWOT ................................................................................... 33 Figura 9: Gráficos das espécies de canas plantadas........................................ 65 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Relação de imobilizados ................................................................ 66 Quadro 02: Cálculos dos salários ..................................................................... 67 Quadro 03: Planilha de receitas e despesas .................................................... 68 Quadro 04: Planilha de calculo de recebimento de cana .................................. 69 Quadro 05: Controle dos custos do plantio ....................................................... 71 Quadro 06: Planilha de custo total por área ...................................................... 72 Quadro 07: Planilha do lucro operacional ......................................................... 73 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABC – Activity Based Costing ATR - Açúcar Total Recuperável CNPJ- Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária GECON –Gestão Econômica SWOT –Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats PEPS –Primeiro que Entra, Primeiro que Sai UEPS –Último que Entra, Primeiro que Sai SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14 CAPÍTULO I - A FAZENDA LIBERDADE LTDA ............................................. 17 1 HISTÓRIA DA FAZENDA.............................................................. 17 1.1 Ampliação dos negócios para usina canavieira ............................. 17 1.2 Pecuária de corte ........................................................................... 17 1.2.1 Fases da produção do gado .......................................................... 19 1.2.1.1 Cria ................................................................................................ 19 1.2.1.2. Recria............................................................................................. 21 1.2.1.3 Engorda ......................................................................................... 21 1.3 Cultivo de Cana de Açúcar ............................................................ 23 1.3.1 Plantio ............................................................................................ 24 1.3.1.1 Época de plantio na Fazenda Liberdade........................................ 27 1.3.1.2 Sistema de ano e meio .................................................................. 27 1.3.1.3 Sistema de ano .............................................................................. 27 1.3.1.4 Sistema de inverno ........................................................................ 28 1.4 Parcerias ........................................................................................ 28 1.5 Estrutura Organizacional................................................................ 28 1.5.1 Diretoria e Departamento financeiro .............................................. 29 1.5.2 Gestão contábil .............................................................................. 29 1.5.3 Gestão de campo ........................................................................... 30 1.6 Recursos físicos ............................................................................. 30 1.7 Controle de estoque ....................................................................... 30 1.8 Objetivo principal do negócio ......................................................... 30 CAPÍTULO II – CONTABILIDADE GERENCIAL E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ................................................................................................. 32 2 CONCEITOS .................................................................................. 32 2.1 Ferramentas de Gestão ................................................................. 32 2.1.1 Planejamento estratégico............................................................... 34 2.1.2 Planejamento operacional.............................................................. 35 2.1.3 Execução ....................................................................................... 35 2.1.4 Controle ......................................................................................... 36 2.2 Definição dos elementos na Contabilidade Gerencial .................... 36 2.2.1 Receitas ......................................................................................... 37 2.2.2 Custos ............................................................................................ 37 2.2.2.1 Contabilidade de Custos ................................................................ 39 2.2.3 Insumos ......................................................................................... 40 2.2.4 Matéria-prima ................................................................................. 41 2.2.5 Materiais em estoque ..................................................................... 42 2.2.6 Despesas administrativas e operacionais ...................................... 43 2.2.7 Mão de obra ................................................................................... 43 2.3 Métodos de mensuração dos Resultados ...................................... 44 2.3.1 Resultado Operacional, Econômico e Financeiro .......................... 45 2.3.2 Identificação dos resultados em cada área .................................... 45 2.3.3 Margem de Contribuição por atividade .......................................... 46 2.3.4 Atividades Responsáveis pela Geração do Lucro .......................... 47 2.3.5 Poder de geração do lucro ............................................................. 47 2.3.6 Lucro ou prejuízo ........................................................................... 47 2.4 Eficácia da empresa....................................................................... 48 2.5 Princípio de Sistemas de informação ............................................. 48 2.5.1 Porque estudar sistema de informação.......................................... 49 2.5.2 Sistemas de informação baseados em desempenho .................... 50 2.5.3 Características da Informação ....................................................... 51 2.6 Contabilidade Rural........................................................................ 53 2.6.1 Objeto da Contabilidade Rural ....................................................... 53 2.6.2 Contabilidade Rural e seus objetivos ............................................. 54 2.6.3 Importância da Contabilidade Rural ............................................... 55 2.6.4 Especificidades da Contabilidade Rural ......................................... 56 2.7 Ano Agrícola X Exercício Social ..................................................... 56 2.8 Formação do preço da cana de açúcar.......................................... 57 2.9 Contratos Agrários ......................................................................... 58 2.9.1 Contrato de Arrendamento Rural ................................................... 59 2.9.2 Valor máximo do arrendamento (preço) ......................................... 59 2.9.3 Contrato de Parceria ...................................................................... 60 2.9.4 Tipos de parceria rural ................................................................... 60 2.9.5 Percentuais de participação dos parceiros .................................... 61 2.9.6 Diferença entre contrato de arrendamento e de parceria............... 61 CAPÍTULO III – A GESTÃO CONTABIL DA ATIVIDADE RURAL NA FAZENDA LIBERDADE ................................................................................... 63 3 O NEGÓCIO .................................................................................. 63 3.1 Planejamento Estratégico na Fazenda .......................................... 64 3.2 Planejamento do Plantio ................................................................ 64 3.3 Processo Produtivo ........................................................................ 65 3.4 Controle dos Processos ................................................................. 66 3.5 Elementos mensurados ................................................................. 66 3.6 Sistemas de informação na Fazenda ............................................. 68 3.6.1 Ferramentas utilizadas ................................................................... 69 3.7 Resultados dos Estudos ................................................................ 70 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO......................................................................74 CONCLUSÃO....................................................................................................75 REFERÊNCIAS.................................................................................................76 APÊNDICES......................................................................................................80 14 INTRODUÇÃO Uma boa gestão leva a empresa a realizar um diagnóstico de sua situação econômica, destacando suas forças e fraquezas. A utilização de ferramentas da Contabilidade Gerencial permite que os gestores tenham um acompanhamento real das informações financeiras e operacionais, auxiliando no planejamento, execução e controle de suas atividades, ou seja, tratando as atividades de uma empresa em centros de resultados que permita reconhecer o aspecto operacional, econômico e financeiro da mesma, apurando inclusive, sua margem de contribuição. Na área rural, a Contabilidade Gerencial pode ser aplicada como uma ferramenta de acompanhamento e controle dos números referentes à produção, em todas as suas fases. Desde o planejamento até a colheita, a produção agrícola pode e deve ser contabilizada para possibilitar uma análise confiável do seu resultado. Uma das principais culturas agrícolas do Brasil, a cana de açúcar, vem recebendo tratamento digno de uma legítima commodity, e sua produção acompanhada de perto pela Controladoria. O inicio do cultivo da cana-de-açúcar ocorreu no período colonial, e desde então, esta cultura vem se transformando em uma de suas principais economias. Atualmente o País não é apenas o maior produtor de cana, mas é também o primeiro do mundo na produção de açúcar e etanol, e conquista cada vez mais o mercado externo com o uso do biocombustível como alternativa energética. Responsável por mais da metade do açúcar comercializado no mundo, de acordo com pesquisas da EMBRAPA, o Brasil deve alcançar uma taxa média de aumento da produção de 3,25%, até 2018/19, e colher 47,34 milhões de toneladas do produto, o que corresponde a um acréscimo de 14,6 milhões de toneladas em relação ao período 2007/2008. Para as exportações, o volume previsto para 2019 é de 32,6 milhões de toneladas (MAPA, 2013). O clima é uma das variáveis mais importantes na produção agrícola, determinando a adequação da produção pela ocorrência de adversidades climáticas e pela definição das áreas onde se podem explorar as culturas. Evidências científicas contemporâneas têm advertido para anomalias na 15 temperatura e nos padrões de precipitação, com consequências diretas nas atividades humanas e, especialmente, naquelas relacionadas à produção agrícola, obrigando as empresas a incluírem em seu planejamento práticas de sustentabilidade que ajudem na preservação do meio ambiente. A pesquisa de campo foi desenvolvida na Fazenda Liberdade, localizada no município de Lins, onde por sua vez, tem como principais atividades o cultivo de cana-de-açúcar e a pecuária de corte. A empresa conta com o apoio de sete funcionários sendo, um Administrador, um Contador, um campeiro, que atua no manejo dos animais, e quatro empregados para serviços gerais, produzindo aproximadamente 6000 toneladas de cana de açúcar por ano e, em media, de 80 a 100 animais nascidos em seu plantel. Possui uma infraestrutura que atende perfeitamente suas necessidades diárias como barracões, currais, maquinários de ultima geração, ferramentas de primeira linha, animais para serviços e casas para seus funcionários, tudo localizado em uma área de 566,9 alqueires. Pensando na atual degradação que o meio ambiente vem sofrendo a entidade também age em busca de desenvolver suas atividades com sustentabilidade através da recuperação ambiental das áreas de mananciais que possui na fazenda, plantando mudas de árvores nativas nas beiras de córregos. Para o desenvolvimento do trabalho um questionamento norteou a pesquisa desenvolvida: A utilização da Contabilidade Gerencial e suas ferramentas ajudam o empresário a mensurar corretamente o resultado das atividades rurais? Inicialmente, propõe-se o seguinte pressuposto teórico: Toda a análise das alternativas é um ponto chave no processo decisório. É necessário que o gestor esteja munido de todas as informações possíveis para reduzir o grau de incertezas, porém, essas informações deverão ser levadas ao gestor de maneira estruturada e de fácil entendimento evitando o aumento no tempo de resposta. Os métodos e técnicas de pesquisa utilizados na coleta de dados estão descritos no capítulo III. O trabalho está assim estruturado: 16 O capítulo I apresenta a empresa estagiada, um breve histórico desde a sua fundação, até os dias atuais, trata também de seu principal ramo de atuação, a cana de açúcar e da sua estrutura administrativa. O capítulo II aborda a teoria pesquisada referente a Contabilidade Gerencial e Ferramentas de Gestão, conceitos que podem ser facilmente aplicados à Gestão de uma Propriedade Rural., além da própria e Contabilidade Rural, que possui características específicas por conta das necessidades próprias da atividade rural. O capítulo III demonstra por meio da pesquisa de campo, a prática da Gestão Contábil da Fazenda Liberdade, apresentando sua administração, organograma, as ferramentas utilizadas pelos gestores para levantamento, tratamento e controle das informações. A pesquisa pretende demonstrar que é de suma importância que o gestor receba em tempo hábil as informações sobre os processos para que sejam tomadas as decisões necessárias para a otimização dos resultados. 17 CAPÍTULO I A FAZENDA LIBERDADE 1 HISTÓRIA DA FAZENDA A empresa Fazenda Liberdade está situada na cidade de Lins, interior do estado de São Paulo, Zona Rural, na estrada vicinal Lins/Tangará, S/N, está inscrita no CNPJ 08.200.576/0001-04 e Inscrição Estadual 419.118.854.117, possui uma área de 566,9 alqueires, com estruturas que acomodam seus funcionários, barracões, currais, escritório e maquinários. A fazenda foi fundada no ano de 1930 pelo Sr. Francisco Malzoni e que posteriormente à deixou como herança para seu filho Roberto Malzoni. Ainda na década de 30, o Sr. Francisco Malzoni, juntamente com outros acionistas e apoiado pelos filhos, iniciaram a construção de uma usina canavieira na cidade de Matão – SP, onde por sua vez usavam a Fazenda Liberdade como produtora de madeira e serraria para a construção daquela usina. Tinha como principal atividade o cultivo da lavoura cafeeira, mas em decorrência de fatores econômicos o Sr. Roberto investiu também na atividade de pecuária de corte. Atualmente os novos proprietários são seus filhos Anita Ferraz Malzoni e Eduardo Ferraz Malzoni que dão continuidade aos trabalhos, sem deixar as tradições se perderem. 1.1 Ampliação dos negócios para usina canavieira Em 2000, diante de um mercado promissor e com uma excelente visão, Anita e Eduardo começaram a assumir os negócios da família, como acionistas da usina canavieira e produtores rurais. Continuaram com a pecuária de corte por muitos anos, comprando gado e os vendendo para frigoríficos, porém, com o passar do tempo viram que poderiam diversificar as culturas, incluindo em suas atividades o cultivo da cana-de-açúcar. 1.2 Pecuária de corte 18 A bovinocultura de corte possui grande participação dentro do ambiente socioeconômico brasileiro, é uma atividade desenvolvida na quase totalidade dos municípios do país, com uma ampla variedade de raças, sistemas de produção e comercialização, de acordo com as peculiaridades e exigências de cada região e do mercado à que se destina. Em Silva (2012), o autor comenta que a pecuária de corte é destinada à criação de rebanhos com objetivo de produção de carne para o consumo humano. Na intensiva, o gado é criado preso ou em pequenos espaços, alimentado com ração específica. Assim, Marion, Santos e Segatti (2002) definem a pecuária como sendo a arte de criar e tratar o gado. Figura 1: Criação de Gado de Corte Fonte: Pecuária de corte..., 2013. Para fazenda Liberdade, a pecuária bovina de corte sempre representou uma atividade econômica de grande importância para a economia nacional e, como qualquer empresa, sua administração necessita de informações confiáveis e úteis para a tomada de decisão, auxiliando na gestão operacional, econômica e financeira de suas atividades com o fim de orientar seus gestores 19 sobre a eficácia do negócio, explanando conceitos básicos da pecuária bovina de corte e sua forma de manejo. Esta atividade em 1990 era responsável por 90% de toda geração de receita da propriedade, hoje, porém, existem apenas 159 cabeças de gado para consumo próprio de leite e carne, e para incrementar o caixa na Fazenda em épocas de entressafra, por conta de sua fácil negociação. 1.2.1 Fases da produção do gado Basicamente, a especialização da atividade pecuária na fazenda Liberdade se resume em três fases: a cria, a recria e a engorda. Essas fases representam etapas pelas quais passam os animais destinados ao abate, podendo ser desenvolvidas de forma conjunta ou separadamente. A importância de se estabelecer as fases de produção, além da justificativa econômica, está principalmente no manejo, ou seja, na aplicação de medicamentos, alimentação, tipo de pastagem, recursos naturais, entre outros. Uma das explicações disso é porque um animal jovem tem tratamento diferenciado de um animal adulto, assim como o ser humano. 1.2.1.1 Cria Segundo Lazzarini Neto (2000), a cria é desenvolvida caracteristicamente por pequenos e médios pecuaristas em terras de baixa fertilidade. O mesmo autor explica que: a menor rentabilidade da cria deve-se ao grande capital imobilizado do criador em matrizes, touros, novilhas e na própria terra, ao contrário da recria onde o capital aplicado tem giro muito mais rápido, devido a constante compra e venda, sempre procurando o melhor negócio. (LAZZARINI NETO, 2000) Marion (2007) explica que a cria é a produção de bezerros que só serão vendidos após o desmame. Todo o processo de reprodução é iniciado na Fazenda através de monta natural, onde a cobertura é feita por reprodutores com genética de alta qualidade, programando o manejo dentro da estação de monta, proporcionando maior índice de prenhes. 20 Figura 2: Criação de bezerro para cria, recria e engorda Fonte: Cria, recria e engorda, 2013. Vale lembrar que o desmame ocorre normalmente entre o oitavo e o décimo mês após o nascimento, e que o período de gestação da vaca corresponde ao período entre a fecundação da vaca e a parição, que no caso de bovinos dura de 280 a 290 dias, e é aconselhável que se utilize a proporção de 25 a 30 vacas por touro em monta natural. Contudo essa proporção deve ser aumentada em função de vários fatores, como: condições nutricionais, extensão do período de monta, qualidade do touro. Segundo o funcionário Cristiano, para alcançar uma maior eficiência no negócio de pecuária bovina de corte, a Fazenda Liberdade faz uma seleção dos melhores animais que serão os responsáveis pela continuidade do plantel. Para isso eles verificam algumas características e competências, como: fertilidade, habilidade materna, taxa de crescimento até o ponto de abate, eficiência alimentar, rendimento de carcaça. Para eles uma boa seleção de reprodutores e matrizes é de extrema importância, pois gera uma melhor genética e, consequentemente, maior produtividade e qualidade, não só na carne, mas também dos outros subprodutos, como o couro. 21 1.2.1.2 Recria Marion (2007) menciona que, na recria a atividade básica é a partir do bezerro adquirido, a produção é a venda do novilho magro para a engorda. Para Lazzarini Neto (2000), a recria corresponde à etapa que se estende da aquisição de bezerros e novilhos até que atinjam determinado peso, quando são comercializados “em pé”. Essa atividade é normalmente explorada por médios e grandes produtores. Lazarini Neto (2000) afirma que essa atividade exige a presença constante do empresário/produtor à frente do negócio, porque a compra e a venda do gado, na recria, são constantes, processando-se praticamente no diaa-dia. A atividade de recria, por ser um comércio constante, é bastante arriscada, pois é refém das leis de mercado. Recria pode também ser entendida como a etapa que complementa a fase de cria até que o bezerro obtenha peso necessário para ser comercializado em pé para o setor de engorda ou para fins reprodutivos. 1.2.1.3 Engorda Marion (2007) entende que, na engorda a atividade básica é a partir do novilho magro adquirido e que a produção é a venda do novilho gordo. Lazzarini Neto (2000) lembra que o peso ideal para abate se situa ao redor de quinze arrobas, devido ao maior aproveitamento da parte comestível da carcaça e menor quantidade de gordura, além da maior maciez da carne, por serem animais mais jovens. Para as fêmeas, o abate ocorre ao redor de doze a treze arrobas. Atualmente, apesar da recomendação, os animais estão sendo abatidos um pouco mais acabados; os machos, em média, com dezessete arrobas, e as fêmeas, com quinze arrobas. Vale lembrar que o ideal é comprar animais menos pesados para realizar a engorda, visto que a comercialização do animal dá-se em arrobas. Assim, quanto mais pesado o animal, mais caro é, e o lucro com a engorda será menor. Baseado em Lazzarini Neto (2000), os critérios para seleção de animais para a engorda são: 22 a) grau de estrutura corporal: refere-se ao tamanho do esqueleto do animal, que quanto maior, maior será a sua propensão à engorda; b) condição corporal: expressa quão gordo está o animal. É preciso evitar a aquisição de animais muito erados (gordos ou acabados), pois é sinal que já estão prontos e que engordarão pouco no pasto; c) idade e peso vivo: a engorda de bovinos jovens de menor peso é mais eficiente, porque estes apresentam melhor conversão alimentar do que animais mais erados, apesar do maior período de terminação e menor giro de capital; d) sexo: os machos são mais eficientes na engorda do que as fêmeas, porém pode ser interessante a aquisição destas, a preços compensadores, levando-as até cerca de doze a treze arrobas; e) castração: os animais não castrados têm maior potencial para o ganho de peso, porém os frigoríficos exigem que os animais sejam castrados, pois a presença de alguma fração de gordura na carcaça é importante para a conservação e o aspecto da carne; f) raça: é importante escolher a raça que melhor se adapte ao pasto e às condições climáticas da região. As fases de produção devem ser encaradas como uma especialização no negócio. A opção por uma dessas especializações ou mesmo a adoção do ciclo completo depende de uma análise das condições que o produtor detém no momento, como: quantidade de terra, qualidade da terra, tipo de pasto, capital de giro, disponibilidade para investimentos e qualidade dos reprodutores. Atraídos pelo baixo custo de produção e alto retorno financeiro, os irmãos apostam no plantio de cana-de-açúcar primeiramente para poder atender sua própria usina. Com o passar dos anos o próprio mercado econômico forçou-os a se aperfeiçoarem no ramo e aumentarem sua produção, investindo em mão-de-obra qualificada e maquinários com tecnologia avançada. Com esse avanço tecnológico foi possível aumentar a lavoura, cobrindo 90% da propriedade com essa cultura, produzindo atualmente cerca de 5.050 toneladas de cana por ano. Pensando na atual degradação que o meio ambiente vem sofrendo, a entidade também procura desenvolver suas atividades com sustentabilidade 23 através da recuperação ambiental das áreas de mananciais que existem na fazenda, plantando mudas de árvores nativas nas beiras dos córregos. Com o acelerado crescimento econômico e produtivo da propriedade, surgiu a necessidade de ter um gestor que não tivesse interferência afetiva da família, uma pessoa com feedback em todos os processos de produção da cana-de-açúcar, tornando a administração profissional. Nesta etapa com a contratação deste novo gestor, as mudanças logo de início começaram a ser efetuadas como a implantação de novas técnicas administrativas do agronegócio, profissionalizando todo os seus processos de controles na produção. Desta forma tornaram-se mais precisas suas informações para as tomadas de decisões. 1.3 Cultivo de Cana de Açúcar A cana de açúcar é uma planta proveniente do sul e sudeste asiático e foi trazida para o Brasil no início do século XVI com a instalação de engenhos de açúcar. A planta é a principal matéria-prima para a produção do açúcar e do etanol, ganhando status positivo para a economia mundial. Com a emergência de novas fontes de energia, a cana-de-açúcar ganha destaque importante com o etanol no mercado de energias renováveis. Este cenário positivo trás uma abertura de âmbito internacional para o futuro desta cultura, tanto para o açúcar, como para o álcool, de usos doméstico ou combustível. No mercado interno, observa-se crescimento das vendas dos veículos flex, que aquece todo o ciclo produtivo da cana de açúcar. O etanol, produzido no Brasil, a partir da cana-de-açúcar, também conta com projeções positivas para os próximos anos, devidas principalmente, ao crescimento do consumo interno. A produção projetada para 2019 é de 58,8 bilhões de litros, mais que o dobro da registrada em 2008. O consumo interno está projetado em 50 bilhões de litros e as exportações em 8,8 bilhões (MAPA, 2013). A Fazenda Liberdade trabalha com espécies de Cana que possuem ótimo teor de açúcar, o que proporciona um etanol de altíssima qualidade para a fabricação de aguardente, álcool combustível e outros derivados. 24 Figura 3: Cana-de-açúcar Fonte: Elaborado pelos autores, 2013. 1.3.1 Plantio Para implantar um canavial é necessário realizar o planejamento da área a ser utilizada, fazendo um levantamento topográfico do terreno e dividindo-o em talhões de aproximadamente 10 a 20 hectares, de preferencia planos e com linhas de cana largas de comprimento, pois evitam manobras das máquinas, otimizando operações mecanizadas. O plantio compreende basicamente quatro etapas principais: corte das mudas; distribuição no sulco; corte dos colmos em pedaços menores, dentro do sulco; cobertura, podendo ser manual ou mecânico. O plantio convencional de cana-de-açúcar, também denominado manual é, tecnicamente, considerado semi-mecanizado por envolver operações manuais e mecanizadas em suas etapas. As operações envolvidas no plantio semi-mecanizado são: sulcação mecanizada, juntamente com a aplicação de defensivos e fertilizantes; distribuição de mudas, manualmente; picação e alinhamento das mudas dentro do (fechamento) dos sulcos, mecanicamente. sulco, manualmente, e cobrição 25 Figura 4: Plantio manual de cana de açúcar Fonte: Plantio manual..., 2013. O plantio mecanizado necessita de preparo do terreno para que as operações sejam realizadas satisfatoriamente. O planejamento dos talhões e da sulcação devem ter o mínimo possível de sulcos curtos para reduzir manobras dos equipamentos. A manobra implica em perda de tempo e pisoteio, resultando em compactação sobre a área a ser plantada. O preparo de solo deve eliminar as camadas compactadas do ciclo anterior e não apresentar torrões. Figura 5: Plantio mecânico de cana de açúcar Fonte: Plantio mecânico..., 2013. 26 É de extrema importância e necessidade que, antes de realizar o plantio seja coletado amostragem de solo em cada talhão para análise com vistas às operações de correção e adubação do solo. Deve-se verificar se o tipo de muda escolhida é de boa procedência e adaptável às características do ambiente projetado, pois moléstias existentes podem prejudicar sua produtividade. A quantidade necessária de mudas varia entre 10 e 15 toneladas por hectare. Pode-se optar por menores quantidades de mudas quando a época de plantio é adequada e a qualidade da muda está excelente. As mudas devem ser de canas jovens, com oito a dez meses, plantadas em condições ótimas, bem fertilizadas, com controle de pragas e doenças. É necessária a distribuição de, pelo menos, 12 gemas por metro de sulco. Para o plantio em épocas de estiagem, é necessário dar preferência para densidade de 15 a 18 gemas por metro. Figura 6: Gema da cana de açúcar Fonte: Elaborado pelos autores, 2013. Escolher um espaçamento adequado é de fundamental importância, já que possibilita otimizar as atividades com o uso intensivo de máquinas. O espaçamento adequado contribui para o aumento da produção, pois interfere favoravelmente na disponibilização de recursos como luz, água e 27 temperatura, variáveis consideradas determinantes para que haja aumento de produção. Na fazenda Liberdade a profundidade do sulco varia entre 20 e 30 centímetros por seus solos serem arenosos, por ser mecanizado, o espaçamento utilizado é de 1,5 metros para evitar o pisoteamento e a compactação das linhas de cana pelas rodas das máquinas 1 metro ou 1,20 metros, permitindo que o fechamento da entrelinha ocorra mais rapidamente, facilitando o controle do mato. 1.3.1.1 Época de plantio na Fazenda Liberdade A escolha adequada da época de plantio é fundamental para o bom desenvolvimento da cultura, que necessita de condições climáticas ideais para se desenvolver e acumular açúcar. Para seu crescimento, a cana necessita de alta disponibilidade de água, temperaturas elevadas e alto índice de radiação solar. Na fazenda as canas são plantadas em três épocas diferentes: sistema de ano-e-meio, sistema de ano e plantio de inverno. 1.3.1.2 Sistema de ano e meio É plantada entre os meses de janeiro e março. Nos primeiros três meses, a planta inicia seu desenvolvimento e, com a chegada da seca e do inverno, o crescimento passa a ser muito lento durante cinco meses (abril a agosto), vegetando nos sete meses subsequentes (setembro a abril), para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses. Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio da cana-de-açúcar, pois apresenta condições hídricas do solo favoráveis ao crescimento e desenvolvimento da cultura. Essa condição possibilita a brotação rápida, reduzindo a incidência de doenças nos toletes. 1.3.1.3 Sistema de ano 28 O sistema de plantio de ano raramente é utilizado na fazenda Liberdade, pois apresenta vantagens e desvantagens, já que a cana pode ser plantada no período de outubro a novembro. Obtêm-se vantagens quando se tem grandes áreas para plantio, uma segunda época de plantio facilita o gerenciamento e otimiza a utilização de máquinas e de mão-de-obra, que ficam subdivididas entre o período de plantio de cana de ano-e-meio e cana de ano. Já as desvantagens fica explicita menor produtividade que a cana de ano e meio, pois a de ano terá aproximadamente sete ou oito meses de crescimento; o preparo do solo pode ser prejudicado em função do tempo disponível para o serviço, e se a área for muito grande será necessário o aumento da mão-de-obra, o que aumentaria o custo de produção; seria necessária em algumas situações a utilização de inibidores de florescimento. 1.3.1.4 Sistema de inverno Nesse sistema o período de estiagem não favorece o plantio, contudo a fazenda Liberdade utiliza a torta de filtro onde contem cerca de 70% a 80% de umidade sendo aplicada no sulco. Essa torta fornece a umidade necessária para a brotação e se complementar com uma fertirrigação com vinhaça, o plantio pode ser feito durante o ano todo. 1.4 Parcerias A Fazenda Liberdade encontra nas parcerias uma boa opção de rentabilizar áreas que não são exploradas diretamente. Esta não é sua principal fonte de receita, pois a Fazenda é originalmente produtora de cana, mas consiste em um ótimo ganho e com custo que se aproxima do zero. Atualmente, o processo de parceria consiste na disponibilização de alguns hectares da fazenda, que estão destinados ao plantio de cana de açúcar realizado por terceiro, então é cobrado um percentual sobre toda a produção vendida. 1.5 Estrutura Organizacional 29 A Estrutura Organizacional da empresa é formada a partir de seu donos, que ocupam cargos de diretores, a administração é de responsabilidade de um gestor que não faz parte da família, assim como os cargos operacionais. Figura 7: Organograma da Fazenda Liberdade Anita e Eduardo (DIRETORIA E FINANCEIRO) Cristiano (GERÊNCIA) Valdemir (CONTABILIDADE) Auxiliar 1 Auxiliar 2 Auxiliar 3 Auxiliar 4 Campeiro (OPERACIONAL) (OPERACIONAL) (OPERACIONAL) (OPERACIONAL) (OPERACIONAL) Fonte: Elaborado pelos autores, 2013. 1.5.1 Diretoria e Departamento financeiro O processo financeiro é feito com base no lançamento e envio da nota e boleto para o dono da empresa, pelo contador responsável. Conforme a necessidade o gestor de campo compra os produtos necessários e encaminha a nota fiscal para o responsável contábil, com isso o mesmo efetua o lançamento da nota e encaminha o boleto para os sócios onde irão efetuar o pagamento e devolver comprovante para ser arquivado. 1.5.2 Gestão contábil O controle contábil é feito pelo Sr. Valdemir Bonifácio, Contador experiente da cidade de Lins-SP. O mesmo contribui para com as atividades da empresa há mais de 15 anos, respondendo por todas as atividades e ocorrências contábeis da fazenda. A interação entre a administração e a contabilidade da Fazenda se dá de forma colaborativa, que contribui para um levantamento de informações com agilidade sempre que necessário. 30 1.5.3 Gestão de campo A gestão da empresa é realizada por um profissional de Administração, o Sr. Cristiano, que não faz parte da família. Esta necessidade surgiu com a ampliação dos negócios devido à demanda de mercado na região em que atua. Um profissional com conhecimentos na área agrícola é de suma importância, uma vez que os sócios não estavam totalmente preparados para executar essas funções. O mesmo fica responsável por coordenar as tarefas diárias, controlar a produção e prospectar novos clientes e parceiros. Dos colaboradores que a empresa possui, um trabalha como tratorista e é responsável pelo transporte das ferramentas e materiais, preparação do solo e plantios, já os Auxiliares são direcionados aos serviços gerais e realizam tarefas voltadas ao manejo do gado e cultivo da cana de açúcar, e por fim o Campeiro fica diretamente responsável pelo manejo dos animais. 1.6 Recursos físicos Dentre os recursos físicos a empresa possui dois tratores, um arado, uma roçadeira, um subsolador, escritório que está instalado na sede da empresa, galpões e tulhas para armazenamento, quatro casas onde residem os funcionários, currais para manejo do gado, animais para serviços e cerca de 200 matrizes bovinas. 1.7 Controle de estoque A referida empresa não faz uso de controle de estoque de mercadoria, já que o gestor possui a facilidade de comprar os produtos de acordo com as necessidades, em tempo hábil. Uma das causas para esse processo deixar de existir na entidade, foi o alto índice de furtos que ocorria na propriedade, pois essa cultura necessita de grandes quantidades de insumos, adubos, fertilizantes e venenos de alto valor comercial, ocasionando prejuízos indesejáveis. 1.8 Objetivo principal do negócio 31 A empresa tem como objetivo atingir o máximo da sua produtividade, trabalhando com espécies de cana selecionadas e adequadas à nossa região. Quanto à sua administração, busca diminuir seus custos, dentre outras formas, por meio de parcerias com fornecedores e, consequentemente aumentar seu lucro, realizando negócios éticos e sempre respeitando as Leis Ambientais. Seu campo de atuação abrange a região de Lins, uma vez que seus produtos são comercializados in-natura e tendo em vista a complicada logística de transporte da cana, principalmente pelas rodovias. 32 CAPÍTULO II CONTABILIDADE GERENCIAL E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 2 CONCEITOS A Contabilidade Gerencial é uma importante aliada da gestão de uma organização. Sua visão analítica dos números proporciona um detalhamento maior da situação da empresa e facilita a tradução destas informações para quem deve, de fato, tomar as decisões. Segundo Iudícibus (2009), a contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial, conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos, e tratados na contabilidade financeira e de balanços, colocado em outra perspectiva, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. Para Horngren, Sundem e Stratton (2004), a Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais. Para Padoveze (2010), Contabilidade Gerencial significa gerenciamento da informação contábil. O uso da contabilidade como instrumento da administração. Para garantir o bom funcionamento da Contabilidade Gerencial dentro de uma organização é necessário um sistema de informação que atue como um conjunto organizado de elementos, podendo ser pessoas, dados, atividades ou recursos materiais em geral, interagindo entre si para processar a informação e divulgá-la de forma adequada em função dos objetivos da organização. O conceito da Teoria Geral dos Sistemas, conforme Bertalanffy (1995) diz que o objetivo é a formulação de princípios válidos para os sistemas em geral, qualquer que seja a natureza dos elementos que os compõe e as relações ou forças existentes entre eles. 2.1 Ferramentas de Gestão 33 O crescimento no volume da produção e comercialização dos artigos do campo fez surgir uma necessidade até então desconhecida, a gestão operacional, econômica e financeira da produção. Uma boa gestão leva a empresa a realizar um diagnóstico de sua situação econômico/financeira, no que diz respeito às informações internas e do ambiente de mercado. A utilização de ferramentas e sistemas de Contabilidade Gerencial facilita o tratamento destas informações e cria um banco de dados de relevante importância para a administração da organização. Lobato (2003) diz que para facilitar esse levantamento de informações, podem-se utilizar ferramentas como a análise de SWOT (strenghts, weaknesses, opportunities, threats), desenvolvida em Harvard, ela está relacionada à avaliação do ambiente interno da empresa, mediante a análise de suas forças e fraquezas, e do ambiente externo, pela análise de suas oportunidades e ameaças. Figura 8: Análise SWOT Fonte: Adaptado de Padoveze (2003, p.97). Para Serra, Torres e Torres (2002), a análise SWOT é um instrumento muito útil na elaboração de estratégias para uma empresa. Por intermediário dela, pode-se relacionar, metodicamente, em um gráfico, por exemplo, quais são as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças que norteiam a empresa e prospectar cenários, apoiando-se em um gerenciamento voltado para melhorar o desempenho. 34 Segundo Machado (2005), este tipo de análise fornece uma orientação estratégica bastante significativa ao permitir : (a) Eliminar pontos fracos nas áreas que a empresa enfrenta ameaças, (b) Compreender oportunidades descobertas a partir de seus pontos fortes, (c) Corrigir pontos fracos nas áreas em que se vislumbra oportunidades potenciais, (d) Monitorar áreas onde se possui pontos fortes para não ser surpreendida por possíveis riscos e incertezas. Um exemplo da utilização desta ferramenta no campo seria uma análise estratégica das ocorrências ambientais que influenciam diretamente na produtividade, como por exemplo, o índice pluviométrico no decorrer do ano que interfere no momento adequado para a adubação do solo, pois determinados tipos de fertilizantes necessitam de umidade para agir de forma eficiente. Para garantir o êxito de uma análise, é necessária a coleta de uma gama de dados, que preencherão relatórios e se transformarão em informações estrategicamente importantes. Assim como nas grandes empresas comerciais e industriais, a gestão do agronegócio deve ser composta por etapas que são, basicamente, planejamento, execução e controle, que precisam estar sustentadas por informações atualizadas e confiáveis. 2.1.1 Planejamento estratégico Figueiredo e Caggiano (2008), afirmam que o planejamento estratégico é um processo de reflexão que precede a ação futura. Sendo assim, o planejamento é dirigido para a tomada de decisão, definindo-se o comportamento da organização em relação ao meio ambiente. O planejamento estratégico, segundo Santos (2005), tem as seguintes fases: variáveis ambientais; análise ambiental, projetar cenário futuro; identificar oportunidades e ameaças; identificar pontos fortes e fracos; estabelecer as diretrizes estratégicas. A gestão do agronegócio possibilita, por exemplo, o planejamento de metas e objetivos para a safra, a escolha da melhor cultura a ser produzida em função das demandas e oportunidades de mercado, o gerenciamento de 35 informações como custos de insumos e mão de obra, que ajudarão na correta elaboração do preço de venda, além de outros dados e parâmetros que podem ser facilmente trabalhados dentro de um sistema de informações aplicado às atividades rurais. Para Catelli (2007), o planejamento estratégico tem como premissa fundamental assegurar o cumprimento da missão da empresa. Evidentemente, o processo de planejamento estratégico contempla a análise das variáveis do ambiente externo (identificação das oportunidades e ameaças) e do ambiente interno da empresa (identificação de seus pontos fortes e fracos). O objetivo é evitar as ameaças, aproveitar as oportunidades, utilizar os pontos fortes e superar as deficiências dos pontos fracos. 2.1.2 Planejamento operacional Definida a estratégia da empresa, a fase seguinte é operacionalizá-la, ou seja, realizar a estratégia. Isto é feito no planejamento operacional, que consiste na definição de políticas e metas operacionais da empresa. No planejamento operacional os orçamentos global e setorial da entidade são elaborados, bem como o custo padrão é fixado. De acordo com Peleias (2002), é no planejamento operacional que ocorre o levantamento de recursos, produtos, volumes, preços e outras variáveis, compreendendo um horizonte de tempo (curto, médio e longo prazos). Na visão de Catelli (2007), o papel do planejamento operacional de médio e longo prazo é o detalhamento das alternativas operacionais aprovadas de forma a aperfeiçoar o desempenho nos períodos considerados. O produto obtido é um plano operacional aprovado. O processo utilizado envolve a definição do horizonte de planejamento, dos módulos temporais de planejamento, a determinação dos recursos necessários ao atingimento dos objetivos e metas e para que estas sejam cumpridas, o estabelecimento das etapas e prazos. 2.1.3 Execução 36 Segundo Mosimann e Fisch (1999), a execução é a fase do processo de gestão onde as coisas acontecem, as ações emergem. Essas ações devem estar em consonância com o que anteriormente foi planejado. Dessa forma, o planejamento antecede as ações de execução. É por meio das ações (do fazer), que surgem os resultados. Nessa etapa procura-se alcançar os objetivos e metas estabelecidas no planejamento operacional de curto prazo de forma a otimizar cada negócio/evento, sendo o seu produto as transações realizadas. Na execução, dados são armazenados no que concerne ao desempenho realizado para a comparação com os planos e padrões na fase de controle. Todas as fases do processo de gestão devem ser alicerçadas por um sistema de informação gerencial, para fins de planejamento, acompanhamento e controle. 2.1.4 Controle Controle é um processo contínuo e recorrente que avalia o grau de aderência entre os planos e sua execução, compreendendo a análise dos desvios ocorridos, procurando identificar suas causas e direcionando ações corretivas. Dentro do enfoque sistêmico, o controle faz também o papel de retroalimentação do sistema. Atkinson et al. (2011) conceituam controle organizacional como o processo de monitorar, avaliar e melhorar o desempenho da empresa para alcançar seus objetivos. 2.2 Definição dos elementos na Contabilidade Gerencial O processo de geração de valor não começa e termina no momento da venda dos produtos de uma empresa, ele se dá ao longo de todas as atividades empresariais (compra, estocagem, produção, venda, entre outras). Esse processo depende das especificidades de cada empresa, do setor em que elas atuam e da metodologia utilizada para a apuração dos resultados. Dentro de uma análise da Contabilidade Gerencial existem alguns elementos que devem ser analisados e valorizados para uma melhor tomada de decisão. 37 2.2.1 Receitas Receitas são os recursos provenientes da venda de mercadorias ou de uma prestação de serviços. A definição de receita abrange tanto receitas propriamente dita como ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias de uma entidade e são oriundas de vendas, honorários, juros, dividendos, royalties e aluguéis. Segundo Hendriksen e Breda (1999), as receitas são entradas de ativos de uma entidade decorrentes da entrega ou produção de bens, prestação de serviços, ou outras atividades correspondentes às suas operações. É a entrada monetária que ocorre em uma entidade ou patrimônio, em geral sob a forma de dinheiro ou de créditos representativos de direitos e são classificadas por receitas operacionais e não operacionais onde as receitas operacionais correspondem aos eventos econômicos relacionados com a atividade ou atividades principais da empresa, independentemente de sua frequência, já as receitas não operacionais correspondem aos eventos econômicos aditivos ao patrimônio líquido; não associados com a atividade ou atividades principais da empresa, independentemente, da sua frequência. 2.2.2 Custos Conforme Martins (2008), alguns tipos de custos bastante empregados são definidos segundo as necessidades a que devem atender: a) Custos Diretos e Indiretos - Quando a contabilidade deseja conhecer os custos dos produtos, dos serviços, dos componentes organizacionais e outros, surgem os custos diretos e indiretos. Os custos diretos são aqueles custos (ou despesas) que são facilmente identificados como objeto de custeio. Os custos indiretos são aqueles custos que não são facilmente identificados com o objeto de custeio; b) Custo Padrão, estimados por atividades – uma das finalidades da contabilidade de custos é fornecer aos usuários (diversos níveis gerenciais) informações (tipos diferentes de custos) que os auxiliem a controlar as operações que estão sob seu comando e supervisão. 38 Este é um custo predeterminado, que leva em conta condições consideradas normais de operação. É o custo que deve ser. Os valores-padrão monetários (de materiais, mão de obra e despesas de fabricação) são calculados com base em determinadas expectativas de eficácia e eficiência operacionais; c) Custos Estimados – Utilizado em algumas ocasiões em que as operações não são padronizadas, especialmente quando os produtos ou os serviços são feitos por encomenda e possuem características exclusivas, diferentes das características de outros produtos e serviços realizados pela empresa. Os custos estimados são também aplicados a planos alternativos, atividades e componentes organizacionais. Para produzir estimações a contabilidade de custos utiliza-se de orçamentos e instrumentos estatísticos, do que aconteceu no passado e da experiência dos responsáveis pelos objetos de custeio; d) Custos por Atividade - A contabilidade de custos criou o custeio ABC que, em inglês, se diz Activity Based Costing e, em português foi traduzido por Custeio Baseado em Atividades. Entretanto, apesar de erradamente, todos passaram a chamar esse critério, aqui no Brasil, de custeio ABC. Quando dissemos que a “contabilidade de custos criou”, na verdade esse sistema de custeio estava adormecido desde a década de 60. Esse sistema tem sido para alguns apenas mais um critério de custeio e não encontra uma aceitação ampla. Ele é muito detalhado, utiliza enormemente os rateios e seus resultados, portanto é bastante poluído como qualquer outro sistema de alocações; e) Custos e despesas do produto (inventariáveis) - São os custos (e despesas) que relacionam diretamente com os produtos; a contabilidade de custos descobre que esses custos (e despesas) acompanham de perto os processos produtivos e que seus consumos podem ser facilmente computados em cada um dos produtos. Diz-se também que são custos ou despesas inventariáveis porque eles são debitados aos inventários, sobretudo ao estoque de produtos em processo; 39 f) Custos e despesas do período (não inventariáveis) – Os custos e despesas que a contabilidade de custos não consegue com facilidade ligar aos produtos, que são repetitivos e mais ou menos fixos, pertencem mais aos períodos do que aos produtos. São chamados “do período”. São custos e despesas cujos benefícios se realizam no próprio momento em que os custos e as despesas acontecem; g) Custos (ou despesas) Variáveis - São os custos (ou despesas) que variam de acordo com os volumes das atividades. O volume das atividades deve estar representado por bases de volume. Que são geralmente medições físicas; h) Custos (ou despesas) Fixos – São custos ou despesas que não variam com variabilidade da atividade escolhida. Isto é, o valor total dos custos permanece praticamente igual mesmo que a base de volume selecionada como referencial varie. 2.2.2.1 Contabilidade de Custos A Contabilidade de Custos desempenha um papel relevante na identificação da estrutura de custos da empresa, pois esta contribui para a estratégia da empresa, sendo fator diferencial de competitividade entre as empresas. Segundo Leone (2010), a Contabilidade de Custos é o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade como auxilio as funções de determinação de desempenho, de planejamento e controle das operações e de tomada de decisões. Identificar e quantificar as atividades que compõem o processo de produção na organização é função da Contabilidade de Custos. Mensura de maneira eficaz as variações patrimoniais, independentemente da sua natureza ou razões de sua ocorrência, que acontecem no seu ciclo operacional interno. Essas variações no ciclo operacional das entidades podem ser inicialmente de natureza qualitativa ou permutativa (alteram a natureza ou a quantidade do patrimônio) sem, contudo modificarem o patrimônio líquido. Na conclusão do ciclo, prevalece a variação quantitativa, também chamada modificativa, tendo 40 em vista que elas alteram o patrimônio liquido das empresas. Pode-se concluir que a contabilidade de custos concentra sua atenção para as variações do tipo qualitativo. Dessa forma entende-se que uma eficiente aplicação da Contabilidade de Custos fica vinculada ao perfeito entendimento da ocorrência e do domínio sobre as variações patrimoniais que ocorrem no processo produtivo das empresas, atentando para o fato de que esse domínio deve acontecer em relação aos valores econômicos, mas, sobretudo nos aspectos físicos, visando à perfeita e correta alocação dos custos. A importância das informações contábeis para a operação bem sucedida de uma empresa, incluindo dados sobre custos específicos, foi reconhecida há muito tempo. Diante do atual ambiente da economia globalizada e altamente competitiva essas informações são mais críticas do que nunca. É evidente a pressão exercida por esse ambiente quer seja interna ou externamente e, por conta disso, as empresas estão dando mais ênfase no controle dos custos em uma tentativa de manter os seus produtos e ou serviços competitivos. Segundo Leone (2010), a contabilidade de custos olha os custos de maneira diferente para produzir informações diferentes que atendam as necessidades diferentes. Olhar os custos de maneira diferente significa que o contador realiza diferente sistema de custos e adota critérios diferentes de avaliação. A contabilidade de custos acompanha a evolução da tecnologia de processos de produção, de modelos gerenciais e das novas necessidades informativas. Dito isso, conclui-se que a Contabilidade de custos fornece informações detalhadas para os gestores planejarem e controlarem as operações da empresa, fornece ainda informações que permitem à gerencia alocar recursos nas áreas mais eficientes e rentáveis da produção. 2.2.3 Insumos De acordo com a Receita Federal do Brasil (2013) entende-se como insumos: a) utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: 41 - as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; - os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; b) utilizados na prestação de serviços: - os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; - os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. De acordo com o dicionário Aurélio, Insumo é o elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços (máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.); fator de produção. Na atividade agrícola os insumos são compreendidos como todos os produtos necessários à produção vegetal e animal: adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros. Os insumos podem ser classificados genericamente como todas as despesas e investimentos que contribuem para formação de determinado resultado, mercadoria ou produto até o acabamento ou consumo final. 2.2.4 Matéria-prima Segundo Martins (2008), matéria-prima é o nome dado a um material que sirva de entrada para um sistema de produção qualquer, é um produto natural ou semimanufaturado, podendo ser de origem animal, como vegetal ou mineral, que deve ser submetido a um processo produtivo até tornar-se um produto acabado. Somente podem ser considerados como matéria-prima ou produto intermediário, além daqueles que se integram ao produto novo, os bens que sofrem desgaste ou perda de propriedade, em função de ação diretamente 42 exercida sobre o produto em fabricação, ou proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização e desde que não correspondam a bens do ativo permanente. Ou seja, a definição de matéria-prima é a seguinte: todo o material que está agregado no produto e que é empregado na sua fabricação, tornando-se parte dele. Muitas vezes, insumo é confundido com matéria-prima, mas na verdade, os insumos são todo e qualquer tipo de material utilizado para a produção de um determinado tipo de produto, mas que não, necessariamente, faça parte dele. 2.2.5 Materiais em estoque Conforme Chiavenato (2005), estoque é a composição de materiais, materiais em processamento, materiais semiacabados, materiais acabados, que não é utilizada em determinado momento na empresa, mais que precisa existir em função de futuras necessidades.” Estoque está definido como uma reserva de material que poderá ser consumidos com a utilização na produção de um produto ou um bem ou na venda dos mesmos. Desde o início da sua história que a humanidade tem usado estoques de variados recursos, de modo a suportar o seu desenvolvimento e sobrevivência, tais como ferramentas e alimentos. Existem diversas classificações dos estoques, que são definidas de acordo com a natureza dos produtos fabricados, das atividades da empresa, os estoques recebem diferentes classificações como estoques de matéria prima, estoque de insumos, estoques de produtos em processo, estoque de produtos acabados, estoque de materiais administrativos, estoque de segurança ou mínimo que pode ser avaliados considerando quatro critérios, que são PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair); UEPS (último a entrar, primeiro a sair); Preço médio ponderado e Custo Padrão (Standard Cost). De acordo com Chiavenato (2005), avaliar os estoques significa levantar o valor financeiro dos materiais, que vai desde a matéria prima inicial até o produto final, tendo como base o preço do mercado. A gestão de estoques é o principal critério de avaliação de eficiência do sistema de administração de materiais e abrange uma série de atividades, que 43 vão desde a programação e planejamento das necessidades de materiais em estoque, até ao controle das quantidades adquiridas, com a intenção de medir a sua localização, movimentação, utilização e armazenagem desses estoques de modo a responder com regularidade aos clientes em relação a preços, quantidades, e prazos. Controlar um estoque de alto giro é tão importante quanto ter produtos a serem vendidos. Não importa quanto tenha em estoque, mas sim o giro do seu estoque onde o giro do estoque demonstra a rotatividade do mesmo, ou seja, quanto tempo cada item do estoque permanece na empresa antes de ser vendido ou consumido no processo produtivo. 2.2.6 Despesas administrativas e operacionais Na visão de Padoveze (2005a), são todos os gastos necessários para a comercialização dos produtos, portanto, são todos os gastos necessários para a manutenção da atividade comercial da empresa em um determinado período: os salários do pessoal administrativo, os fretes para entrega dos produtos, os materiais de uso e consumo, materiais de escritório, entre outros. São os gastos necessários para vender produtos, administrar a empresa e financiar as operações, gastos que têm função de gerar receita e são divididas em três grupos, despesas com vendas, que são gastos relacionados às vendas, como comissões sobre venda, propaganda e publicidade, marketing, provisão para devedores duvidosos, dentre outros, despesas administrativas, são gastos necessários para se administrar e empresa, como folha de pagamento do pessoal administrativo, aluguéis de salas, material de expediente, seguros, combustíveis, manutenção de veículos, assinatura de jornais, dentre outros e despesas financeiras, que são as remunerações aos capitais de terceiros, tais como juros pagos, comissões bancárias, correção monetária pré-fixada, descontos concedidos, juros de mora pagos, etc. Em outras palavras, trata-se de gastos efetuados pela empresa que não compõem o custo dos produtos, das mercadorias nem dos serviços vendidos. 2.2.7 Mão de obra 44 Segundo Rocha (1992), o termo mão de obra se designa ao trabalho manual empregado diretamente na produção industrial e quando o tempo de trabalho do operário pode ser identificado com o produto, lote de produtos, processo fabril ou centro de custos, o salário correspondente é considerado como mão de obra direta, ou seja, mão de obra direta é quando a aplicação do salário ao operário resulta diretamente na produção do produto e a mão de obra indireta é a que o trabalho é realizado em atividades de supervisão ou apoio à produção, tais como a manutenção de máquinas e equipamentos, limpeza ou vigilância, ou seja, quando o trabalho de um operário é importante para a produção, mas ela continua sem a presença dele ou de um substituto. 2.3 Métodos de mensuração dos Resultados Para mensurar os resultados de uma empresa deve-se levar em conta os resultados econômicos de todas as atividades, onde cada evento é reconhecido o aspecto operacional, financeiro, econômico e patrimonial. Almeida (2002) define a mensuração como um conjunto de procedimentos cujo objetivo é fornecer a base conceitual adequada para a mensuração de eventos, de acordo com as necessidades do modelo de gestão da empresa. Dentre esses aspectos, a empresa deve ter um sistema de controle que possibilite os gestores medir sua eficácia e qual atividade é responsável pela geração de lucro a partir da margem de contribuição de cada uma dessas atividades dentro do plano operacional, financeiro e econômico. Um modelo de mensuração deve identificar, mensurar e reportar os resultados das atividades, além de conter conceitos que fundamentem o resultado econômico correto, tendo como premissa que o lucro é a melhor medida de eficácia e que o resultado deve ser apurado corretamente. Um modelo de mensuração deve obedecer alguns conceitos básicos, como o reconhecimento das receitas das atividades pela produção de bens e serviços e não apenas pelo valor de venda, preços de transferências departamentais, método de custeio variável, resultado dos produtos e dos centros de resultados, margem de contribuição, eficiência, produtividade, dentre outros, onde todas essas informações devem ser transformadas em um banco de dados, para que um sistema eletrônico possa transformar esses 45 dados em informações dinâmicas, possibilitando que os gestores tomem decisões pontuais e com base em valores no momento da ocorrência dos eventos. 2.3.1 Resultado Operacional, Econômico e Financeiro A mensuração dos resultados de uma empresa passa por três aspectos para cada atividade desenvolvida por ela, os quais devem ser observados de modo interdependentes. Neste sentido, o resultado operacional está direta ou indiretamente relacionado com a atividade principal da empresa e diz respeito à qualidade, quantidade e cumprimento de prazos estabelecidos, traçados de acordo com o planejamento estratégico da empresa. Para que essas atividades sejam realizadas, os processos consomem recursos e gera sempre algum tipo de benefício na forma de produtos e serviços, isso caracteriza o aspecto econômico da atividade. Por fim, o resultado financeiro, cujas operações envolvem prazos de pagamentos e recebimentos dos valores envolvidos na atividade, é o resultado das aplicações financeiras da empresa e seus custos de financiamentos. 2.3.2 Identificação dos resultados em cada área Dentre as áreas funcionais de uma empresa industrial, a área de produção é a que mais recebe pressões por mudanças, decorrentes de influências do ambiente externo e também de necessidades do ambiente interno. Essas influências e necessidades exigem que se definam sistemas de gestão da produção de acordo com o novo contexto, ou seja, menores custos, melhor qualidade e maior diversificação de produtos. A área de produção deve ser entendida como uma área que apresenta imenso potencial para criar vantagem competitiva, sustentada pelo atingimento da excelência em suas atividades. Não basta eficiência, é necessário eficácia, ou seja, consumir o que estava previsto sem desperdícios e desenvolver e introduzir outros critérios de desempenho, além de eficiência e custos, que 46 possam avaliar sua eficácia, tais como, qualidade, prazos de entrega, confiabilidade e flexibilidade da produção. Conforme Cavenaghi (1996) entende-se que a área de produção tem como missão específica produzir os produtos e serviços demandados pelo mercado, nas condições de quantidade, qualidade e produtividade, definidas pelas políticas da empresa, com o resultado econômico desejado. Sua contribuição à eficácia da empresa está, portanto, em desenvolver e fabricar produtos/serviços de valor econômico, que usem os recursos de maneira eficiente e tenham como resultado econômico, no mínimo, o lucro esperado. 2.3.3 Margem de Contribuição por atividade A margem de contribuição tem uma influencia muito grande quando se trata de decidir sobre o futuro de um produto ou uma atividade da empresa, podendo analisar qual produto ou atividade estará proporcionando uma maior viabilidade. Além disso, outras variáveis como a qualidade, concorrências, participação no mercado, volume de produção e de venda devem ser levados em consideração. De acordo com Bernardi (2010), a margem de contribuição é a diferença entre o valor das vendas, os custos variáveis e as despesas variáveis da venda. Isto significa que se pode avaliar o quanto cada venda contribui para pagar os custos fixos e despesas fixas. Tendo como base o fato da margem de contribuição ser a diferença financeira entre a receita proporcionada pelo produto, processo, serviço, atividade ou qualquer outro segmento da empresa e seus custos diretos e variáveis, onde o melhor produto ou a melhor atividade em termos de desempenho será aquele que oferecer maior margem, os gestores devem ter o custo real de cada produto e cada atividade para chegar ao valor real. Santos (2005) diz que uma companhia possui dois tipos de resultado de suas operações comerciais: o resultado do produto/serviço vendido, que é sua margem de contribuição propriamente dita e o resultado da empresa como um todo, obtido pela somatória da margem de contribuição de cada produto/serviço deduzida do custo fixo total incorrido, em certo período de tempo, para preservar a capacidade instalada. 47 2.3.4 Atividades Responsáveis pela Geração de Lucro A análise da contribuição que cada atividade tem pela geração do lucro global da empresa tem sido um desafio para os gestores. Embora todas as atividades desenvolvidas pela empresa contribuam para a formação do lucro da empresa, é necessário identificar e subdividir a empresa em áreas de responsabilidades, centro de resultados e centro de custos. Para Martins (2008), cada atividade é uma combinação de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para se produzirem bens ou serviços, logo, a consolidação dos resultados obtidos por cada atividade da empresa será responsáveis pela sua eficácia global. 2.3.5 Poder de geração de lucro Em Guerreiro (2006) encontra-se a definição de Adam Smith sobre o lucro, dizendo que lucro é a quantia que pode ser consumida sem prejudicar o capital. Partindo da premissa que o lucro é o resultado positivo do confronto das receitas operacionais, receitas não operacionais, custos, despesas operacionais e despesas não operacionais, a informação do resultado econômico gerado por uma atividade permite a identificação da formação do lucro. Esta mensuração, se feita por cada atividade da empresa, mostrará quais atividades são as mais rentáveis ou não, ou seja, quais atividades contribuem mais ou menos para a formação do resultado econômico global da empresa. Este resultado é de suma importância para a tomada de decisão da empresa, podendo observar qual atividade vale a pena terceirizar, qual atividade vale a pena manter, e qual a perda econômica pela manutenção de atividades estratégicas deficitárias. 2.3.6 Lucro ou prejuízo O lucro ou prejuízo de uma empresa é o resultado do confronto das receitas operacionais, não operacionais, custos, despesas operacionais, 48 despesas não operacionais, sendo que o resultado final do exercício se torna lucro quando for positivo e prejuízo se negativo. 2.4 Eficácia da empresa Em Robbins (2003), vê-se que a eficácia da empresa se caracteriza pelo grau de atingimento das metas estipuladas no planejamento, em outras palavras, é a capacidade de atingir os resultados planejados. Para mensurar a eficácia da empresa alguns indicadores de desempenho devem ser levados em consideração como os recursos físicos, produtividade, posição no mercado, inovação, recursos financeiros, desempenho e desenvolvimento de seus trabalhadores e executivos, aliado a esses indicadores, alguns requisitos devem ser atendidos como a produtividade, eficiência, desenvolvimento, dentre outros. Esses recursos devem estar ligados a toda a estratégia da empresa, que, por sua vez, devem orientar a potencialização do lucro através de seus planos, metas e ações. 2.5 Princípio de Sistemas de Informação Segundo Padoveze (2010), Sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação. As organizações sempre tiveram algum tipo de sistema de informação, mesmo que ele não tenha sido reconhecido como tal. No passado esses sistemas eram muito informais em sua montagem e utilização. Só com o advento dos computadores, com sua capacidade de processar e condensar quantidade de dados, o projeto do sistema de informação se tornou um processo formal e um campo de estudo. O estudo dos sistemas de informação surgiu como uma subdisciplina das ciências da computação, com o objetivo de racionalizar a administração da tecnologia no seio das organizações. O campo de estudo foi-se desenvolvendo até vir mesmo a fazer parte dos estudos superiores dentro da administração. No prisma empresarial, os sistemas de informação podem classificar-se de diversas formas. Existem, por exemplo, sistemas de informação operacional 49 ou de processamento de transações (que geram a informação referente às transações que têm lugar numa empresa), sistemas de informação de gestão (para solucionar problemas empresariais em geral), sistemas de informação estratégicos ou de apoio à decisão (analisam as distintas variáveis de negócio para a tomada de decisões), sistemas de informação executiva (para diretores, gerentes e administradores), sistemas de automatização de escritórios (aplicações que ajudam no trabalho administrativo) e sistemas especializados (que emulam o comportamento de um especialista numa área concreta). Padoveze (2007) descreve três tipos de Sistemas de Informação que trabalham integrados: Sistemas Operacionais (tratam das transações rotineiras da organização, encontradas principalmente nas empresas automatizadas e surgiu da necessidade de administrar e desenvolver as operações fundamentais destas empresas); Sistemas de Gestão (agrupam e sintetizam os dados econômico-financeiros da organização para propiciar um planejamento e controle financeiro e a avaliação do desempenho dos negócios); Sistema de Informação de Apoio à Gestão (integram e sintetizam dados de fontes internas e externas, utilizando ferramentas de análise e comparação complexas, porém flexíveis e ágeis, simulação e outras facilidades para a tomada de decisão da cúpula estratégica da organização). 2.5.1 Porque estudar Sistemas de Informação Estudos têm mostrado que o envolvimento dos gerentes e tomadores de decisão em todos os aspectos dos sistemas de informação representa o principal fator para o sucesso organizacional, incluindo os maiores lucros e os menores custos. O conhecimento de sistemas de informação capacita, não só para ampliar a contribuição no trabalho, mas também para avançar na carreira ou no campo escolhido. Os recentes desenvolvimentos nas tecnologias da informação têm provocado um grande impacto na sociedade. A informação passou a representar o conceito central da grande maioria das atividades modernas e as redes de comunicação interferem constantemente no modo como as pessoas e organizações conduzem seus negócios, o que originou, inclusive, o termo "Era da Informação" para o momento atual. 50 Um sistema de informação possui vários elementos inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e armazenam (processo), disseminam (saída) os dados e informações, proporcionando um mecanismo de realimentação para atender a um objetivo determinado. Esse feedback representa a saída que será utilizada para promover eventuais mudanças na entrada ou nas atividades de processamento. Por exemplo, a saída de um SI pode indicar que o nível de estoque de um determinado produto está muito baixo. Um administrador pode usar essa informação de feedback e solicitar a reposição desse estoque rapidamente. Matsuda (2007) define que dentro de um Sistema de Informação empresarial, há diversos aspectos que devem ser observados como, por exemplo: a criação da informação (coleta); a comunicação da informação (transmissão); tratamento da informação (interpretação); memorização da informação (arquivamento). É muito importante que a empresa controle política e logisticamente sua informação. Politicamente para definir que informações serão utilizadas e logisticamente para definir como obter as informações. Matsuda (2007), ainda esclarece que a informação deve ser analisada por diversos ângulos, como informação para o trabalho e relacionais; informação interna e externa; informação qualitativa e quantitativa; informação formal e informal e informação altamente especializada. Informação certa e disponível no tempo correto é determinante para que os administradores tomem decisões mais acertadas. Os sistemas de informação estão difundidos por todas as funções organizacionais. Eles são usados por áreas como contabilidade, finanças, vendas, produção e assim por diante. Em consequência, esse uso generalizado aumenta a necessidade por novos sistemas cada vez mais complexos e por profissionais com conhecimento no seu desenvolvimento e gerenciamento. 2.5.2 Sistemas de informação baseados em desempenho Em Padoveze (2007), pode-se ver que os sistemas de informação são usados em todas as áreas funcionais e divisões operacionais das empresas. Em finanças e em contabilidade, os sistemas de informação objetivam prever a 51 receita e a atividade empresarial, determinar as melhores origens e aplicações de recursos, gerenciar o caixa e outros recursos financeiros, analisar investimentos e executar auditorias para garantir que a organização esteja financeiramente sadia e que todos os relatórios e documentos financeiros são precisos. Em vendas e em marketing, os sistemas de informação visam a desenvolver novos produtos e serviços (análise de produtos), determinar o melhor local para as instalações de produção e de distribuição (análise de localização ou logística), determinar as melhores abordagens de propaganda e de vendas (análise de promoção) e estabelecer os preços de produtos para obter receita mais alta (análise de preços). 2.5.3 Características da Informação Informação vem do latim informare que significa dar forma. É um conjunto de dados aos quais os seres humanos deram forma para torná-los significativos e úteis. Quando uma informação não é suficientemente precisa ou completa, um profissional pode tomar decisões equivocadas, podendo gerar grandes prejuízos sociais e/ou econômicos. Por esse motivo, a importância da informação pode apresentar diferenças dependendo do valor que é atribuído para cada uma de suas características de qualidade. Stair e Reyonds (2011) apresentam um quadro com características de valor que se pode atribuir à informação, das quais se destaca: a) Precisão: A informação não deve conter erro. Uma informação imprecisa normalmente é originada por dados imprecisos que alimentam o processo; b) Completa: A informação contém todos os fatos importantes; c) Confiável: A confiabilidade da informação depende do método de coleta dos dados (fonte dos dados), quanto mais precisa essa fonte, mais confiável a informação; d) Relevante: Uma informação relevante é essencial na tomada de decisões; 52 e) Verificável: A informação pode ser conferida para assegurar que está correta; f) Acessível: A informação deve ser facilmente acessível aos usuários autorizados, que podem obtê-la na forma correta e no tempo certo; g) Segura: A informação deve ser segura para possibilitar o seu acesso apenas pelos usuários autorizados. Neste sentido, ainda sob a ótica destes autores, pode-se afirmar que os sistemas de informações gerenciais podem, sob determinadas condições, trazer os seguintes benefícios para as empresas: a) redução dos custos das operações; b) melhoria no acesso as informações, propiciando relatórios mais precisos e rápidos, com menor esforço; c) melhoria de produtividade, tanto setorial quanto global; d) melhoria nos serviços realizados e oferecidos; e) melhoria na tomada de decisões, por meio de fornecimento de informações mais rápidas e precisas; f) melhoria na estrutura organizacional, por facilitar o fluxo de informações; g) melhoria na adaptação da empresa para enfrentar os acontecimentos não previstos, a partir das constantes mutações nos fatores ambientais; h) otimização na prestação dos seus serviços aos clientes; i) melhor interação com seus fornecedores; j) aumento do nível de motivação das pessoas envolvidas. Todas as funções da administração – planejamento, organização, liderança, e controle são necessários para o bom desempenho da organização. Pode-se concluir que os Sistemas de Informações atuais devem atender a todas as necessidades de uma empresa, desde áreas como recursos humanos até ao chão de fábrica. Os gestores das empresas só tomaram uma decisão, apoiados em relatórios bem elaborados em com uma informação precisa. É de fundamental importância os funcionários estarem integrados ao ambiente e políticas de trabalho da empresa para que o Sistema de Informação seja planejado e implantado na organização. 53 2.6 Contabilidade Rural A contabilidade, como muitos outros campos do saber, costuma atribuir adjetivos a seus ramos de especialização, dessa forma, tem-se a contabilidade de custos, a contabilidade pública, entre outras. São designações que levam em conta o ramo de atividade, não sendo diferente com a Contabilidade Rural. Crepaldi (2012) afirma que a Contabilidade Rural é um instrumento da função administrativa que tem como finalidade: controlar o patrimônio das entidades rurais e apurar-lhe o resultado; prestar informações sobre o patrimônio e sobre o resultado das entidades rurais aos diversos usuários. Comenta ainda que a Contabilidade é um método universal utilizado para registrar todas as transações de uma empresa rural, que possam ser expressas em termos monetários. Marion e Iudícibus (2009), por sua vez, afirma que a Contabilidade pode ser analisada de modo geral ou particular e que, quando aplicada a um ramo específico, normalmente é denominada de acordo com a atividade daquele ramo. Dessa forma, a Contabilidade Rural é assim denominada por debruçarse sobre o patrimônio das entidades rurais. Percebe-se, a partir da leitura dos conceitos mencionados, que a Contabilidade Rural utiliza-se de todas às suas técnicas e métodos para registrar, controlar e analisar os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades rurais, visando subsidiar as decisões a cargo da Administração Rural (proprietários, investidores), além de atender aos usuários externos (governos, investidores e órgãos de controle). 2.6.1 Objeto da Contabilidade Rural O objeto da Contabilidade Rural, como não poderia ser diferente, é o patrimônio das entidades rurais. É verdade que nem todas às entidades deste setor realizam registros de suas transações, contudo, nem por isso, essa passa a ser menos importante, pois, conforme Crepaldi (2012), a Contabilidade Rural surgiu da necessidade de controlar o patrimônio. É fato que existem pessoas, entidades e empresas que realizam muitas transações, decorrendo, daí, maior complexidade de controle. Seria impossível controlar um patrimônio, que é o 54 conjunto de bens, direitos e obrigações, sem que houvesse registros organizados de todas as mutações ocorridas. Em muitos casos, especialmente para as pessoas físicas, é perfeitamente dispensável a escrituração, pois o controle deste pequeno patrimônio não necessita de uma Contabilidade sistematizada para exercê-lo. Crepaldi (2012) ilustra bem os dois extremos: de um lado aqueles casos onde é inevitável a utilização de controles sobre o patrimônio – determinado pelo volume e complexidade das transações e do outro aqueles que, pela raridade e simplicidade de ocorrências, não se recomendaria tais registros. Esta afirmação pode ser plenamente justificada por um limitador – o custo da informação – porque o valor gasto para gerar qualquer informação, não deve ser superior aos resultados práticos gerados a partir dela. Porém, isso não afirma que entidades de pequeno porte não devam manter registros e acompanhamentos das ocorrências patrimoniais. Pois esses registros e controles podem e devem ser realizados pelos próprios interessados, proprietários ou Contador. 2.6.2 Contabilidade Rural e seus objetivos Crepaldi (2012) apresenta uma lista extensa de objetivos ou finalidades específicas da Contabilidade Rural, conforme segue: a) Orientar as operações agrícolas e pecuárias; b) Medir o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada atividade produtiva individualmente; c) Controlar as transações financeiras; d) Apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das vendas e dos investimentos; e) Auxiliar as projeções de fluxos de caixa e necessidades de crédito; f) Permitir a comparação da performance da empresa no tempo e desta com outras empresas; g) Conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família; h) Justificar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa junto aos agentes financeiros e outros credores; i) Servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos; 55 j) Gerar informações para a declaração do Imposto de Renda. Observa-se que são muitas as finalidades a que se presta a Contabilidade Rural. São objetivos claros e bem definidos colocados à disposição do Administrador Rural, com vistas ao fortalecimento do seu negócio e do setor agrícola e pecuário. Neste momento inusitado em que a economia mundial se encontra, com queda de confiança no sistema financeiro mundial – interrompendo, mesmo que momentaneamente, uma trajetória de crescimento das atividades, inclusive agrícolas. Ter uma base de dados confiável tornou-se indispensável e a contabilidade do setor rural pode ser utilizada, tanto pelos grandes empreendimentos agropecuários, como pelos de menor porte com este objetivo. Martins (2008) aborda o modo de custeio ABC como uma ferramenta que permite melhor visualização dos custos através da análise das atividades executadas dentro da empresa e suas respectivas relações com os produtos. Desta forma a Contabilidade Rural pode ser utilizada com fins gerenciais, como por exemplo, através do custeamento baseado em atividades, de forma que se possa medir o desempenho de cada cultura, tanto em relação a períodos passados, como em relação a outras culturas desenvolvidas por esta mesma entidade. 2.6.3 Importância da Contabilidade Rural Toda entidade bem assessorada, apresenta melhor desempenho. Numa entidade rural, tal premissa também é verdadeira. Se os proprietários rurais utilizassem mais as ferramentas da Contabilidade Rural, poderiam alcançar melhores resultados. Entretanto, conforme Crepaldi (2012), os produtores brasileiros utilizamna pouco, isto porque, a veem como uma técnica de difícil execução e que pouco retorno trás. De acordo com o autor, tal fato é verificado, dentre outros motivos, pela: 56 a) adaptação de sistemas estrangeiros e de Contabilidade Comercial e Industrial, inadequados para retratar as características da agropecuária brasileira; b) a falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologias administrativas aos fazendeiros; c) a não inclusão da Contabilidade Rural como instrumento de políticas governamentais agrícolas ou fiscais; Esta visão reducionista da contabilidade a algo caro e complicado, deve ser encarada como um desafio para os profissionais da contabilidade. Seu objetivo deverá ser: demonstrar que a Contabilidade, quando aplicada ao setor rural, também, pode contribuir com a agregação de valor nas atividades agrícolas e pecuárias. 2.6.4 Especificidades da Contabilidade Rural A existência de especificidades em contabilidade é bastante comum, a própria contabilidade rural é uma delas, pois a depender da atividade de cada entidade – comércio, indústria, agropecuária, banco, construtora, órgão público etc. tem-se nuanças que se caracterizam como algo específico. Apresentamse, em seguida, de forma objetiva, algumas das especificidades da Contabilidade Rural. 2.7 Ano Agrícola X Exercício Social Ao contrário da maioria das entidades do setor comercial, industrial e público, por exemplo, que têm o exercício social encerrado a 31 de dezembro, verifica-se no setor rural, o encerramento do exercício social logo após a colheita ou a comercialização dos produtos. Marion (2007) diz que, ao término da colheita e, quase sempre, da comercialização dessa colheita, temos o encerramento do ano agrícola. Ano agrícola é o período em que se planta, colhe e, normalmente, comercializa a safra. Algumas empresas, em vez de comercializarem o produto, desde que possível, armazenam a safra para obter melhor preço. Neste caso considera-se ano agrícola o término da colheita. 57 Conforme o autor, verificando-se o fim do ano agrícola, pode-se encerrar o exercício social e proceder à apuração do resultado porque, dessa forma, mostra-se adequadamente a avaliação do desempenho da safra agrícola. Já na hipótese de haver mais de um produto agrícola e que implique em períodos diferentes de colheita, deve-se encerrar o exercício, tomando-se por base o final da colheita daquela cultura que prevaleça economicamente sobre as demais. Com relação à pecuária bovina, pode-se determinar o fim do exercício social, logo após o nascimento dos bezerros ou da comercialização do gado. Para que tal procedimento seja factível, torna-se necessário o planejamento da época de monta e de comercialização. Note-se que em relação ao Imposto de Renda, o exercício social coincide com o ano civil que vai de primeiro de janeiro a trinta e um de dezembro. 2.8 Formação do preço da cana de açúcar Para a determinação do preço da cana de açúcar, além dos dados específicos da unidade industrial, deverão ser utilizadas as seguintes informações: a) O produto comercializado convertido em quilogramas de ATR, conforme os fatores estequiométricos de conversão para os seguintes produtos; b) O mix de comercialização da unidade industrial durante o ano/safra, conforme escrituração feita no livro TI-01, expresso em percentual, para os seguintes produtos; c) Os preços médios (PM), convertidos em preço de ATR, praticados durante o ano safra, livres de tributos e frete, na condição PVU/PVD de cada um dos produtos derivados da cana, relacionados no Art 7o, serão divulgados em Circular do CONSECANA-SP até o 10o dia do novo ano-safra e arredondados com 2 (duas) casas decimais; d) A participação (P) do custo médio de reposição da matéria prima, em relação ao custo médio de reposição de cada produto acabado. 58 Sachs (2007) explica que para determinar o preço da cana de açúcar que deve ser pago ao produtor, aplica-se a seguinte equação: V TC = (PATR x ATR produtor), onde: V TC = Preço da cana de açúcar/t; PATR = Preço médio do kg de ATR; ATRprodutor = é a quantificação de ATR do produtor. Ainda conforme Sachs (2007), quando o fornecedor entrega sua cana na unidade industrial, onde é calculado o total de ATR é feito o faturamento e o cálculo dos adiantamentos, que 20% é uma parcela do valor faturado, baseado no valor do ATR acumulado. O CONSECANA sugere um adiantamento de cerca de 80%, o que pode variar de contrato para contrato. Ao final do ano-safra, o preço final da cana de açúcar entregue pelo produtor à unidade industrial durante a moagem será apurado considerandose o mix de produção da unidade industrial, o mix de comercialização da unidade industrial, na quantificação do ATR do produtor durante o período de moagem e nos preços médios finais do quilograma do ATR dos produtos derivados da cana de açúcar para o Estado de São Paulo. Assim, com os valores reais do quilograma do ATR de cada unidade industrial, são feitos os ajustes com base nos valores já pagos nos adiantamentos. Esses valores podem resultar em crédito ou débito para o produtor de cana de açúcar. Apesar da complexidade dos cálculos, essa precificação do sistema CONSECANA tem conseguido abarcar a realidade com suas “n” variáveis da maneira mais próxima possível. Em função disso, observa-se um alto nível de detalhamento o que gera a possibilidade de maior compreensão para quem necessite. 2.9 Contratos Agrários Segundo Braga (1991), o contrato agrário é a relação jurídica que consiste no acordo de vontade comum destinado a reger os direitos e obrigações dos intervenientes na atividade agrária. Partindo destes dois conceitos pode-se dizer que toda ação jurídica que 59 se referem à produtividade de terra, trata-se de contrato agrário. Os contratos agrários são destinados aos imóveis rurais, eles têm como destino a orientação para exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial. Estes tipos de contratos são nominados na legislação especial como o arrendamento rural e a parceria rural. Sob tal prisma, o art. 39 do Decreto n 59.566/66 dispõe que: Art. 39 Quanto o uso ou posse da terra for exercido por qualquer outra modalidade contratual, diversa dos contratos de arrendamento e Parceria, serão observadas pelo proprietário do imóvel as mesmas regras aplicáveis a arrendadores e parceiros, e em especial, a condição estabelecida no art. 38 supra. (BRASIL, 1966) 2.9.1 Contrato de Arrendamento Rural Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo do imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da lei (art. 3º do Decreto nº 59.566/66). Como se verifica no conceito, o arrendatário, em decorrência do contrato, passa a ter o uso e gozo do imóvel, não estando definido o tipo de atividade a ser exercida. O uso e gozo supõe o livre exercício de qualquer atividade agrária licita, observadas as regras legais de uso do solo. 2.9.2 Valor máximo do arrendamento (preço) Pelas regras específicas em vigor, o valor do arrendamento não pode ser ajustado livremente, uma vez que há limites legais. (Estatuto da Terra, art. 95,XII e art. 17, § 1º da Lei 4.504/64), não podendo ser superior a 15% (no caso de arrendamento total) do valor cadastral do imóvel (valor da terra nua), acrescido do valor das benfeitorias que entrarem na composição do negócio. 60 Valor da terra nua é o valor total do imóvel, menos o valor das benfeitorias, culturas, pastagens cultivadas e florestas plantadas. Tratando-se de arrendamento parcial, com exploração intensiva e alta rentabilidade, o preço pode ir ao limite de 30% sobre o valor cadastral da parte que for arrendada. Ajuste e pagamento: O preço do arrendamento sempre deve ser ajustado em dinheiro, em valor certo, mas o pagamento pode ser efetuado tanto em dinheiro, como em produtos ou frutos, conforme preço de mercado local, nunca inferior ao preço mínimo oficial. (art. 18 do Decreto 59.566/66). 2.9.3 Contrato de Parceria Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias primas de origem animal, mediante partilha de riscos de caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais da Lei (art. 4º do Decreto 59.566/66). 2.9.4 Tipos de parceria rural a) Parceria agrícola - quando o objeto é a atividade de produção vegetal; b) Parceria pecuária - quando são cedidos animais para cria, recria, invernagem ou engorda; c) Parceria agro-industrial - quando se visa o uso do imóvel rural e ou de máquinas e implementos para a atividade de transformação de produto agrícola, pecuário ou florestal; d) Parceria extrativa - quando visa a atividade de extração de produto agrícola, animal ou florestal; 61 e) Parceria mista - quando o objeto for a realização de mais de uma das modalidades acima indicadas. 2.9.5 Percentuais de participação dos parceiros Apesar da cota máxima estabelecida para a participação do proprietário nos frutos da parceria, a prática tem levado a relações contratuais onde as regras legais não são cumpridas. E muito comum a prática da lavoura à meia (50%), o que não deixa de ser um tipo de parceria, porém, as condições não são aquelas estabelecidas pela lei, de forma que o parceiro outorgado normalmente arca com todo o custo de preparo do solo, plantio, sementes, adubo, etc, e ainda assim, entrega 50% do resultado para o proprietário. Contudo, o art. 35, § 3º do Decreto 59.566/66 é claro ao dispor que: Art. 35. Não valerão as avenças de participação que contrariarem os percentuais fixados neste artigo, podendo o parceiro prejudicado reclamar em Juízo contra isso e efetuar a consignação judicial da cota que, ajustada aos limites permitidos neste artigo, for devida ao outro parceiro, correndo por conta deste todos os riscos, despesas, custas e honorários advocatícios. (BRASIL, 1966). Caso o parceiro outorgado tenha entregue percentual maior do que o máximo previsto por lei, terá direito ao ressarcimento do excedente ou à correspondente indenização. 2.9.6 Diferença entre contrato de arrendamento e de parceria A diferença entre o contrato de arrendamento e contrato de parceria, é nas vantagens que o arrendatário usufrui, pois no contrato de parceira é cedido o uso específico do imóvel rural para a exploração, limitando-se assim a utilização das benfeitorias existentes, e os pagamentos são divididos dos lucros obtidos. E no contrato de arrendamento quem usufrui de todas as vantagens do 62 imóvel é o arrendatário, conforme acordo efetuado no contrato, e os pagamentos devem ser ajustados em dinheiro. No contrato de arrendamento, os riscos são todos do arrendatário, já no contrato de parceria, ambos sofrem em caso de prejuízo. Conforme Venosa (2013), no contrato de arrendamento a posse direta do imóvel e necessariamente transferida ao arrendário, que assume todos os riscos de exploração e usufrui de todos os proveitos. Em contrapartida, o arrendador recebe remuneração certa consubstanciada no aluguel estabelecido em um valor pecuniário. Ainda segundo Venosa (2013), na parceria, é cedido o uso da coisa, sem que necessariamente seja transferida a posse do imóvel ao parceiro outorgado. Com a partilha dos frutos e levadas em considerações as perdas, as partes contratantes receberão a fruição decorrente desse contrato. A parceria é contrato que sublima o espirito associativo; as partes unem-se perante o mesmo desiderato. Tanto o contrato de arrendamento como o de parceria são bilaterais, consensuais, onerosos e não solenes. A parceria é um contrato aleatório, pois a vantagem esperada é incerta, enquanto no arrendamento geralmente não é. 63 CAPÍTULO III A GESTÃO CONTÁBIL DA ATIVIDADE RURAL NA FAZENDA LIBERDADE 3 O NEGÓCIO A Fazenda Liberdade é uma empresa familiar, passada de geração em geração. A cada integrante que recebia a empresa trazia formas novas de cultivo da terra. Porém, a forma de administrar sempre foi a mesma, no canhoto de cheques, em algumas planilhas elaboradas sem objetivos finais, e o principal, na memória dos filhos. No período, verificou-se que a Fazenda é constituída por dois irmãos, que possuem partes iguais da empresa. Sendo os primeiros capitais da empresa herdados do pai, e com o trabalho dos filhos aumentaram seu capital, até o montante que se encontra hoje. Na Fazenda Liberdade observa-se a utilização da contabilidade, na qual o contador adere à escrituração contábil rural, pois na agricultura há algumas etapas a serem desenvolvidas pelo empreendedor como o preparo do solo para o plantio, o plantio de mudas, colheita e produtos, devendo ser contabilizados nos padrões desta área de atuação. Devido a estas características peculiares, a Contabilidade Agrícola possui particularidades que a distingue, em boa parte, da Contabilidade Comercial ou Industrial. A contabilidade Rural possui várias peculiaridades, que devem ser consideradas. A dependência do clima, de condições biológicas, utilização da terra como fator principal, épocas de plantio, riscos associados à seca, produtos não uniformes, geada e granizo, são peculiaridades que a atividade agrícola possui por natureza. No período de coleta de dados foram utilizados questionários como roteiros de entrevistas, que objetivaram levantar o grau de conhecimento dos gestores e funcionários operacionais com relação aos seus conceitos sobre Contabilidade Gerencial, sistemas de apoio para gestão e planejamento estratégico. O objetivo do caso foi de explorar a utilização da Contabilidade Gerencial como uma ferramenta de gestão, que, ao ser aplicada no processo 64 produtivo, viabiliza o levantamento das informações com a utilização de novas ferramentas adequando-as a realidade da empresa. 3.1 Planejamento Estratégico na Fazenda Na Fazenda Liberdade aplica-se o planejamento estratégico referente às variedades e reformas dos canaviais, e também por variedade da cana de açúcar, divisões dos talhões, área por hectare, quantidades e datas dos cortes. Para efetuar o plantio da cana de açúcar, é iniciado todo um processo de avaliação financeira e econômica em torno do mercado para saber qual a perspectiva do valor do Açúcar Total Recuperável (ATR) e, entre linhas, qual valor que este plantio de cana de açúcar poderá atingir na hora de sua colheita. Assim antes de começar o plantio, os administradores da fazenda fazem levantamentos com agrônomos para saber qual melhor época para efetuar o plantio, e qual tipo de cana poderá obter, naquele período, o maior valor do ATR. Pois toda esta preocupação refletirá na lucratividade no momento da venda do produto. 3.2 Planejamento do Plantio Na Fazenda Liberdade, em 254 hectares de sua área, é plantada a cana do tipo/espécie SP81-3250 em outros 237 ha a do tipo/espécie RB83-5453 e nos 73 ha restantes, a do tipo/espécie RB86-7515. Porém, em seus planejamentos, pretende eliminar o cultivo da cana SP81-3250, tendo em vista que este tipo de cana é muito bom com relação a ganho de maior teor de açúcar e peso, mas por motivos climáticos aqui no estado de São Paulo ela não vem resistindo aos fungos e brocas, causando danos na plantação e prejuízos financeiros. Através do planejamento e controle da produção, é montado um programa de reformas nos canaviais baseado na manutenção da cana. Dessa forma, têm-se áreas com canas plantadas e prontas para o corte em momentos diferentes, o que permite seu manejo durante a safra. A proporção dos tipos de Cana plantadas atualmente na Fazenda estão demonstradas na figura 9: 65 Figura 9: Gráficos das espécies de canas plantadas ESPÉCIES DE CANAS PLANTADAS NA PROPRIEDADE 45% 42% 13% SP81-3250 RB83-5453 RB86-7515 Fonte: Elaborado pelos autores, 2013. 3.3 Processo Produtivo Com a experiência adquirida em safras anteriores, os gestores puderam analisar e decidir que a manutenção de máquinas e equipamentos próprios gera mais despesa que lucro e que o peso destes ativos imobilizados poderia ser transformado em investimento nos canaviais. Por conta disso, no início do processo de plantio, a Fazenda contrata uma empresa terceirizada para preparar o solo a ser plantado, pois não dispõe mais de todos os equipamentos e maquinários necessários para erguer as curvas de nível, tombar, gradear e sulcar a terra. Em seguida, utilizando-se de recursos próprios, os colaboradores da Fazenda realizam a adubação e fertilização do solo, iniciando o processo de plantio da cana para melhor controle da lavoura e menor custo de produção, Durante todo o período de crescimento da cana, é feito um acompanhamento dos canteiros por um engenheiro agrônomo, que através de análises, recomenda as adubações necessárias até o momento da colheita. Atualmente a Fazenda possui Contrato de Fornecimento Exclusivo com a Usina Lins, para quem fornece toda sua produção. Este contrato define que o cliente é responsável pelo corte, carregamento e transbordo da cana, ou seja, 66 ele retira toda a produção do campo e a transporta até a Usina para pesagem e processamento. 3.4 Controle dos Processos Todos os controles utilizados no processo produtivo da Fazenda são elaborados em forma de planilhas, dados que dizem respeito aos gastos com contratação de serviços, mão de obra, insumos, entre outros, são agrupados e analisados pelo administrador. Com estes controles se consegue obter informações das receitas, custos, despesas e outros elementos de grande utilidade em seu dia a dia na gestão da propriedade. O levantamento destas informações é feito de forma simples e os dados coletados são eficazes e permitem um bom acompanhamento analítico dos processos da Fazenda. 3.5 Elementos mensurados Para poder mensurar seus resultados, a Fazenda utiliza planilhas, nas quais são englobados seus ativos, investimentos, suas despesas, lucros e prejuízos, compras de mercadorias desde o plantio à colheita, permitindo uma boa análise do período. A composição do imobilizado se encontra no quadro a seguir: Quadro 01: Relação de imobilizados RELAÇÃO DE IMOBILIZADOS DATA AQUISIÇÃO VALOR DO MERCADO Trator 680 2009 R$ 70.000,00 6 R$ 23.333,33 Arado 2009 R$ 5.000,00 6 R$ 500,00 Subsolador 2008 R$ 15.000,00 5 R$ 1.500,00 Roçadeira 2010 R$ 7 R$ 500,00 BEM VIDA UTIL REMANESCENTE DEPRECIAÇÃO 5.000,00 Fonte: Adaptada da administração da Fazenda Liberdade, 2013. 67 Com relação aos ativos, a empresa possui estrutura montada com algumas máquinas, tratores e implementos utilizados na manutenção e acompanhamento da atividade agrícola. A empresa não possui expectativa de valor de troca futura, ou seja, os sócios não sabem ao certo quando e por quanto pretendem trocar ou vender seus bens. Desta forma, foi adotada pelos sócios, uma premissa de 10 anos para venda dos imobilizados que não possuem estimativa de venda. O controle de custos é concentrado diretamente no Administrador da Fazenda, que analisa todas as necessidades de investimento, contratação de mão de obra, aquisição de insumos e produtos, entre outros. Essa análise é feita com base em cotações em diversos estabelecimentos, fornecedores e parceiros, na busca de melhores preços e condições de pagamento diferenciado. A Fazenda possui sete funcionários fixos, contratados e registrados, que auferem seus salários conforme demonstração a seguir: Quadro 02: Cálculos dos salários. Fonte: Adaptada da administração da Fazenda Liberdade, 2013. 68 A alocação da despesa com a folha de pagamento é feita em cada área, utilizando como base o tamanho das áreas de colheita daquele ano. Os sócios possuem um pró-labore fixo de R$4.500,00 totalizando R$9.000,00 mensais. As receitas obtidas ao final do ciclo dependem de diversos fatores que influenciam no seu ganho, pois, por ser uma cultura vulnerável as variações climáticas ou infestações de pragas, podem aumentar ou diminuir drasticamente. Na Fazenda Liberdade, são recebidos ao final da colheita apenas 80% de seu faturamento, já deduzidas as despesas com CCT (corte, carregamento e transbordo) com base na cotação do dia, os outros 20% são recebidos no ano seguinte, divididos em 5 parcelas nos meses janeiro a maio. Quadro 03: Planilha de receitas e despesas. Fonte: Administração da Fazenda Liberdade, 2013. 3.6 Sistemas de Informação na Fazenda Na Fazenda Liberdade, a geração e o tratamento das informações ocorrem com a interação de seus colaboradores, que acompanham os fatos e repassam as informações para armazenamento. 69 A mensuração é feita a cada transação efetuada e os relatórios diários são de forma verbal ou escrita. 3.6.1 Ferramentas utilizadas Observou-se na Fazenda que, em quase todos os processos, o levantamento dos dados é feito de forma simples, mediante a verificação e conferência dos comprovantes das negociações e movimentações realizadas para a propriedade. Nas movimentações financeiras, por exemplo, compras de insumos, pagamento da mão de obra ou venda dos produtos têm-se o cuidado de que todas as Notas Fiscais e Recibos sejam passados para o contador da Fazenda que, de posse destes dados, se utiliza de planilhas Excel para seus lançamentos e o devido tratamento e controle das informações, objetivando a regularidade e a manutenção das obrigações fiscais da propriedade. Quadro 04: Planilha de calculo de recebimento de cana. Fonte: Administração da Fazenda Liberdade, 2013. Da mesma maneira, o tratamento dos dados gerenciais da propriedade, é feito em planilhas Excel, nas quais seu administrador acompanha o desempenho dos números a cada safra. O acompanhamento é realizado de forma criteriosa e a partir do tratamento destes dados nas planilhas, são geradas informações úteis ao 70 administrador para a gestão dos negócios da Fazenda. Ele tem condições de apurar, mesmo que com alguma margem de erro, a produtividade, os custos, as despesas, a margem de lucro, e outras informações relevantes que o ajudam a analisar o andamento dos negócios e até mesmo projetar números futuros com base em estatísticas. 3.7 Resultados dos Estudos Os estudos realizados permitiram a elaboração de novas ferramentas para o levantamento das informações e, com isso, a apuração de resultados mais aderentes à realidade da propriedade. Segundo o Administrador, a Fazenda Liberdade não mantém estoques de mudas, herbicidas, inseticidas, adubos ou quaisquer outros insumos utilizados no plantio e tratos da cana-de-açúcar, tudo é comprado e logo utilizado, nada fica armazenado na propriedade. Portanto, não há que se falar em controle de estoque. Com relação à atividade da Fazenda, cana de açúcar, possui três etapas básicas, plantio, tratos culturais e colheita. Na fazenda identificam-se que essas etapas possuem os seguintes itens, associados ao custo direto: a) Plantio - Herbicida - Inseticida - Muda - Mão de obra terceirizada b) Tratos culturais - Herbicida - Inseticida - Adubo - Mão de obra terceirizada c) Colheita - Frete - Depreciação colhedeira 71 A classificação dos custos como diretos e indiretos, não se baseou apenas na necessidade de informação, mas sim no que se pode controlar por área/talhão. Os custos que não podem ser controlados por desta forma, foram alocados como custos gerais de produção. A mão de obra da colheita, por exemplo, é um custo direto por área para a atividade. Os custos de combustível, outras depreciações e pró-labore são custos indiretos, mas não alocados por área. Foram apresentadas ao Administrador da Fazenda algumas planilhas contendo itens mais elaborados e detalhados, com as divisões dos talhões da propriedade cultivada para facilitar o controle da Contabilidade Gerencial. No controle dos custos do plantio pode-se utilizar os exemplos de planilhas a seguir: Quadro 05: Controle dos custos do plantio. Fonte: Elaborado pelos autores, 2013. O plantio é realizado em um único ano, sendo os custos do plantio anotados na planilha em um único ano e amortizados anualmente, durante os cinco anos de colheita. Os tratos culturais são realizados anualmente, durante os cinco anos de colheita. 72 Ao final das anotações na planilha (plantio, tratos e colheita), o produtor alocará todos os saldos no item de lucro total por área, conforme quadro a seguir: Quadro 06: Planilha de custo total por área. Fonte: Elaborado pelos autores, 2013. O rateio por área deverá ser feito através da tonelada da cana de açúcar. Será realizada a proporção de reais por tonelada para se chegar aos custos por área. 73 Após todas as marcações nas planilhas, de cada área plantada, cultivada e colhida, o saldo deve ser transferido para a planilha resumo. Nesta, o produtor chegará ao seu lucro operacional, conforme quadro abaixo: Quadro 07: Planilha do lucro operacional Fonte: Adaptada da administração da Fazenda Liberdade, 2013. Diante das pesquisas realizadas, pôde-se perceber a importância da utilização da Contabilidade Gerencial dentro das peculiaridades da Atividade Rural. Além disso, verificou-se também que a informação gerencial contábil na atividade rural é uma das fontes de informação primárias para controle e tomada de decisão. 74 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Diante da atual situação observada na Fazenda Liberdade, percebeu-se a necessidade de aperfeiçoar sua Contabilidade Gerencial, com a utilização de novas ferramentas e sistemas de gestão, pois o grau de detalhamento dos dados contábeis precisa ser melhorado para gerar informações mais eficazes. Propomos, como forma de melhorar a qualidade da informação, organizar a apresentação dos dados gerenciais em planilhas formatadas especialmente para sua atividade e adequadas aos padrões contábeis. O capítulo III retro apresenta alguns modelos de planilhas desenvolvidas especialmente para a atividade da Fazenda, além disso, existem inúmeros sistemas que podem ser aplicados à Contabilidade Gerencial e gerar, com isso, resultados mais precisos para a tomada de decisão. Sabe-se da importância do envolvimento e capacitação de todos os colaboradores para o êxito desta mudança, com isso torna-se indispensável o compromisso dos membros envolvidos nos processos da Fazenda, para que as informações sejam fiéis e cheguem com clareza aos administradores e gestores. 75 CONCLUSÃO O agronegócio vem cada vez mais evoluindo suas técnicas de gestão com base em ferramentas, que antes, eram utilizadas somente nas grandes empresas urbanas. A Contabilidade Gerencial e seus derivados são ótimas ferramentas para a gestão agrícola, a partir da utilização de seus métodos de mensuração e controle das informações. A estrutura atual da Fazenda, principalmente no que diz respeito ao pessoal envolvido no processo produtivo, não admitiria a implantação de Sistemas mais complexos. Percebe-se a necessidade de uma mudança na cultura dos colaboradores e um aprimoramento das ferramentas de gestão para que as informações sejam tratadas de forma esquematizada ou sistematizada, diminuindo a margem de erro das informações e proporcionando resultados mais fiéis a realidade. O objetivo da pesquisa não foi simplesmente mostrar o resultado da empresa, mas sim apresentar ao gestor técnicas e modelos de gestão e controle que potencializem o desempenho do processo produtivo e melhorem o resultado final da Fazenda. 76 REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. B. 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São Paulo: Atlas, 2013. 80 APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso 1 INTRODUÇÃO (Metodologia) Serão levantados todos os dados de Ativo, Pessoas e Insumos para cadastro em um sistema de informações onde serão calculados os custos e resultados de cada atividade. 1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado: a) Levantamento dos ativos e do valor para poder calcular depreciações; b) Calculo dos valores referente a folha de pagamento; c) Custos dos insumos utilizados em cada atividade; d) Controle de estoques; e) Depoimentos de profissionais. 1.2 Discussão Diante da pesquisa realizada, será feita uma analise entre as praticas atuais da empresa, confrontando com a teoria estudada. 1.3 Parecer Final Conforme pesquisa de campo da atual gestão da empresa, serão apresentadas sugestões de melhora ou manutenção dos processos já utilizados. 81 APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática I – IDENTIFICAÇÃO Formação: ______________________________________________________ Experiência: _____________________________________________________ Localidade: _____________________________________________________ II – ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Demanda dos produtos oferecidos (oferta e procura); 2 Planejamento estratégico e operacional; 3 Estrutura organizacional; 4 Pontos positivos e negativos das atividades; 5 Analise de terceirização dos processos; 6 Parcerias de produtividade; 7 Visão de mercado; 8 Custos e despesas. 9 Estoque de mercadorias; 10 Prestação de serviços; 11 Valorização das atividades. 82 APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista para o Gerente Administrativo e Operacional I – IDENTIFICAÇÃO Formação: ______________________________________________________ Experiência: _____________________________________________________ Localidade: _____________________________________________________ II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 Qual o conceito utilizado pela empresa de contabilidade Gerencial? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2 Qual o método usado para controle dos custos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3 A empresa possui algum sistema que auxilie em sua gestão? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4 Diante de tal concorrência no mercado, a empresa possui algum planejamento estratégico? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5 Com o atual sistema de gestão é possível mensurar com eficácia seus resultados econômicos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 83 6 Como é calculado o Custo Direto dos plantios? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7 Qual a relação da empresa com seus parceiros? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8 Qual a participação do profissional contábil nas decisões da empresa? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________