O ETERNO PENSAR E REPENSAR ESPAÇOS E PROCEDIMENTOS: A REESTRUTURAÇÃO DO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E SUAS POSSIBILIDADES Ana Lúcia do Valle Simões* Cláudia Blando Manieri** Sílvia Medeiros Thaler*** Resumo: O Laboratório de Biologia e Química da Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer sofreu um processo de reforma física, visando à adequação do espaço para o desenvolvimento de habilidades como levantar novos questionamentos, aprofundar conceitos, desenvolver o pensamento analítico e propor novas alternativas para aulas teóricas e práticas. Palavras-chave: repensar – habilidades – procedimentos – parceria - UFRGS O espaço do Laboratório de Biologia e Química da Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer, anteriormente inadequado e subutilizado, com mau aproveitamento do espaço e grande número de armários, muitos inacessíveis, sofreu um processo de reforma física. Recebeu revestimento novo no piso, pintura, banquetas altas e móveis novos, como mesas altas hexagonais, o que oportuniza inúmeras distribuições. O acervo, que conta com coleções, vidrarias e equipamentos, foi reorganizado. A reforma era uma demanda antiga dos professores de biologia e química que compartilhavam o espaço, agora mais amplo e limpo, com a retirada de materiais inúteis ou obsoletos. Os materiais imprescindíveis, mas que se encontravam em excesso, como vidrarias, foram acomodados na sala de apoio anexa. Sentia-se a necessidade de um ambiente adequado para o desenvolvimento de atividades que aproximassem a teoria da prática, oportunizando ao aluno o manuseio de instrumentos de laboratório. Alguns alunos acabam destacando-se por seu natural interesse pelas atividades, por sua curiosidade e envolvimento com as aulas práticas e teóricas. Esses alunos, os quais denominamos monitores, além da *Ana Lúcia do Valle Simões é graduada em Ciências Biológicas pela UFRGS, com Especialização e Mestrado em Zoologia pela PUC/RS. **Cláudia Blando Manieri é licenciada em Ciências Biológicas e Bacharel em Zoologia pela UFRGS, com Especialização em Educação Ambiental. ***Sílvia Medeiros Thaler é graduada em Ciências Biológicas pela UFRGS, com Especialização em Ecologia Humana pela UNISINOS desenvoltura com que manuseiam os materiais e da facilidade de entendimento dos conteúdos trabalhados, invariavelmente acabam propondo novas alternativas para as aulas teóricas e práticas, como materiais concretos e formas de abordar o conteúdo. Esses novos desafios para a disciplina de biologia enriquecem constantemente o processo de ensinar e aprender. A aproximação com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através do Projeto Novos Talentos, que é voltado para a formação de professores e alunos de ensino médio, rendeu novos frutos. Oportunizou a ida, em três oportunidades, de alunos do turno da tarde, ao Departamento de Ciências Morfológicas, onde vivenciaram aulas práticas e teóricas de biologia celular. Outras experiências nesse sentido estão sendo planejadas, com a possibilidade, inclusive, de bolsa auxílio para os alunos da escola que prestarem monitoria aos colegas. O estímulo ao espírito científico-investigativo se constitui no principal motivo da existência do laboratório. Mais do que um local onde os alunos têm oportunidade de testar teorias aprendidas em aula, substituindo a simples aceitação pela comprovação experimental, a aula prática é um momento de levantar novos questionamentos, aprofundar conceitos e desenvolver o pensamento analítico. Todas essas habilidades visam à aproximação com a vivência universitária, para a qual desejamos alavancar nossos alunos já estimulados e incentivar aqueles cujo desejo de ingressar no ensino superior ainda é incipiente. Trata-se de incorporar a atividade experimental como uma reinvenção curricular, de maneira que tais atividades estejam conectadas a projetos construídos pelos professores em suas possibilidades de exercitar ações docentes, resistindo a fazer uma mera demonstração de conteúdo (FERREIRA, MARANDINO & SELLES, 2009, p.113). Dentre as muitas atividades realizadas esse ano (extração de DNA, montagem de ecossistemas, visualização microscópica de células, etc), os alunos montaram experimentos com plantas e analisaram características genéticas das quais são portadores, tendo sido ambos os trabalhos aprovados e apresentados no VII Salão Jovem da UFRGS. O desempenho dos alunos no referido evento foi (e é) motivo de muito orgulho para a disciplina de biologia e para toda a escola! Revelaram transcender a pesquisa em si, sendo capazes de realizar raciocínios abrangentes e pertinentes na amplitude em que foram levados pelos questionamentos dos professores da banca. Observa-se que a utilização, por parte dos alunos, de instrumentais e procedimentos, desenvolve habilidades e autoconfiança, refletindo em aspectos emocionais e afetivos. Isto comprova a validade do eterno pensar e repensar espaços e procedimentos pedagógicos, trazendo benefícios que se estenderão por toda a vida adulta, em todas as áreas. De acordo com KINDEL (2012, p.14), criar condições para a aprendizagem é a base para desenvolver um vínculo com o conhecimento. Referências Bibliográficas: FERREIRA, Márcia, MARANDINO, Martha & SELLES, Sandra E. Ensino de Biologia: história e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009. KINDEL, Eunice Aita Isaia. A docência em ciências naturais: construindo um currículo para o aluno e para a vida. Erechim: Edelbra, 2012.