0 FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE WELLBER STEPHANY AUGUSTO DA SILVA LIMA Análise da implantação de um Centro de Distribuição no estado de São Paulo comparando com a operação anterior de um Crossdocking: estudo de caso de uma empresa de alimentos São Paulo 2009 1 FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE WELLBER STEPHANY AUGUSTO DA SILVA LIMA Análise da implantação de um Centro de Distribuição no estado de São Paulo comparando com a operação anterior de um Crossdocking: estudo de caso de uma empresa de alimentos Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia da Zona Leste como requerido parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Logística com ênfase em Transporte Área de concentração: Logística com ênfase em transporte Orientador: Prof. Arnaldo Prestes Oliveira São Paulo 2009 2 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à fonte. LIMA, Wellber Stephany Augusto da Silva. Análise da implantação de um Centro de Distribuição no estado de São Paulo comparando com a operação anterior de um Crossdocking: estudo de caso de uma empresa de alimentos / Wellber Stephany Augusto da Silva Lima; orientador Arnaldo Prestes Oliveira. - São Paulo – São Paulo, 2009. 63 f.: il. Monografia--Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2009. 1. Logistica 2. Centro de Distribuição 3 Nível de Serviço. I. Oliveira, Arnaldo Prestes. II. Análise da implantação de um Centro de Distribuição no estado de São Paulo comparando com a operação anterior de um Crossdocking. III. Estudo de caso de uma empresa de alimentos. 3 LIMA, W. S. A. da S. Análise da implantação de um Centro de Distribuição no estado de São Paulo comparando com a operação anterior de um Crossdocking: estudo de caso de uma empresa de alimentos. Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia da Zona Leste como requerido parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Logística com ênfase em Transporte. Aprovado em: Banca Examinadora Profº. _______________________ Julgamento: __________________ Instituição: ___________________ Assinatura: __________________ Profº. _______________________ Julgamento: __________________ Instituição: ___________________ Assinatura: __________________ Profº. _______________________ Julgamento: __________________ Instituição: ___________________ Assinatura: __________________ 4 A Deus, aos meus pais e aos meus amigos... companheiros de todas as horas... 5 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, que me apoiaram em todas minhas decisões e foram a base de todo o meu caráter. Agradeço a minha mãe por sempre estar ao meu lado cuidando de mim. Agradeço aos meus dois grandes amigos Pedro e Tata que me ajudaram muito para que este trabalho pudesse ser concluído, saibam que sempre podem contar comigo. Agradeço aos meus irmãos da diretoria que mesmo perto ou longe, de bem ou de mal sempre vão ser meus irmãos. Agradeço ao sexteto, que graças a este grupo consegui várias conquistas na Fatec. Agradeço ao professor Arnaldo, que me aceitou e me ajudou como meu orientador para conclusão deste trabalho. Obrigado professor. Obrigado todos aqueles que eu conheci na Fatec e que hj graças a vocês eu estou onde estou. 6 “Apenas duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Só tenho dúvidas quanto ao universo.” (Albert Einstein) 7 RESUMO LIMA, W. S. A. da S. Análise da implantação de um Centro de Distribuição no estado de São Paulo comparando com a operação anterior de um Crossdocking: estudo de caso de uma empresa de alimentos. 2009. 63 f. Monografia - Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, São Paulo, 2009 A operação de distribuição de produtos alimentícios para todo o Brasil incide em um controle muito firme e gerencial sobre a logística. Por conseqüência de algumas escolhas equivocadas sobre a melhor forma de distribuição, a Ducoco Alimentos S/A estava tendo prejuízos consideráveis principalmente no que tange a logística, especificamente a logística reversa. Para poder contornar esta situação, foram feitos estudos sobre a melhor estratégia de distribuição para a região de maior faturamento da empresa, buscando uma melhoria do nível de serviço e da satisfação do cliente. O presente trabalho visa mostrar os itens necessários para a melhor escolha gerencial na distribuição dos produtos da Ducoco Alimentos S/A. Sempre buscando o nível de serviço ideal, serão detalhados os aspectos logísticos que foram relevantes para a tomada de decisão: custos, operação, tecnologias e gestão logística. Finalizado o estudo foi verificado que a melhor opção para a logística da Ducoco Alimentos S/A foi o investimento na logística visando o nível de serviço com a implantação de um Centro de Distribuição. Estes investimentos trouxeram uma diminuição nos custos logísticos, tendo em vista o aumento do faturamento. Palavras-chave: Nível de serviço, Custos, Centro de Distribuição 8 ABSTRACT LIMA, W. S. A. da S. Analysis of the implementation of a distribution center in the state of Sao Paulo compared to the previous operation of a Crossdocking: a case study of a food company. 2009. 63 f. Monografia Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, São Paulo, 2009 The operation of food products distribution throughout Brazil focuses on a very firm logistics control and management. As a result of some wrong choices on the best way for distribution, Ducoco Alimentos S/A was having considerable damage mainly related to logistics, specifically reverse logistics. To get around this, studies were made searching for the best distribution strategy for the company’s region of higher sales, seeking an improvement level of service and customer satisfaction. This paper aims to show the items needed to choose the best management in the distribution of Ducoco Alimentos S/A products. Always looking for the ideal level of service, it will detail logistical matters that were relevant to the decision-making: costs, operations, technology and logistics management. Following completion of the study, it was found out that the best option for the logistics of Ducoco Alimentos S/A was the investment in logistics aimed at service level with the implementation of a Distribution Center. These investments have brought a reduction in logistics costs, with a view to increasing sales. Keywords: Level of service, Costs, Distribution Center 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Etapas da logística reversa ........................................................................ 22 Figura 2 Ciclo do Centro de Distribuição ................................................................. 30 Figura 3 Canais de distribuição ................................................................................. 41 Figura 4 Faturamento por vendas internas da empresa DuCOCO ..................... 51 Figura 5 Distribuição física com o CrossDocking ................................................... 52 Figura 6 Distribuição física com o Centro de Distribuição .................................... 53 Figura 7 Centro de Distribuição (movimentação produtos paletizados) ............. 55 Figura 8 Centro de Distribuição ................................................................................ 55 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Evolução histórica e acompanhamento das estratégicas logísticas.. 18 Tabela 2: Vantagens e desvantagens da operação de um Cross Docking ....... 33 Tabela 3: Relação Custo-benefício com a implantação de um CD ..................... 56 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12 2. LOGÍSTICA .............................................................................................................. 15 2.1. Conceito ................................................................................................................... 15 2.2. Histórico................................................................................................................... 16 2.3. Logística de distribuição .......................................................................................... 19 2.4. Logística Reversa ..................................................................................................... 21 3. NÍVEL DE SERVIÇO ............................................................................................... 23 3.1. Conceito ................................................................................................................... 23 3.2. Nível de serviço aplicado à distribuição.................................................................. 25 3.3. Lead Time ................................................................................................................. 27 4. CD- CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO ...................................................................... 29 4.1 Conceito e funções .................................................................................................... 29 4.2. Cross Docking .......................................................................................................... 31 4.2.1. Conceito ................................................................................................................ 31 4.2.2. Operações de um Cross Docking .......................................................................... 32 5. CUSTOS LOGÍSTICOS .......................................................................................... 34 5.1. Custos de Armazenagem e movimentação ............................................................... 34 5.2. Custos de transportes ............................................................................................... 36 5.3. Custos de embalagens .............................................................................................. 37 6. GESTÃO LOGÍSTICA ............................................................................................ 40 7. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ...................................................................... 45 7.1 Sistemas de informação ............................................................................................ 45 7.2 Tipos de sistemas de informação .............................................................................. 46 7.3 Vantagens competitivas com sistemas de informação .............................................. 47 8. ESTUDO DE CASO ................................................................................................ 48 8.1 A Empresa ................................................................................................................. 48 8.1.1 Breve histórico ....................................................................................................... 48 8.1.2 Fábrica Linhares ..................................................................................................... 48 8.1.3 Fábrica Itapipoca .................................................................................................... 49 8.2 Atuação ..................................................................................................................... 49 8.3 Faturamento .............................................................................................................. 50 8.4 Operação CrossDocking X CD ................................................................................. 51 8.4.1 Implantação do Sistema Novo ............................................................................... 53 8.4.2 Pós-processo de implantação ................................................................................. 54 8.4.3 Visão Futura ........................................................................................................... 56 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 58 12 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento desta monografia busca ir além dos princípios logísticos dentro da questão de redução de custos partindo para outro patamar que é primordialmente aumentar lucros através de mudanças logísticas de distribuição com retorno no faturamento empresarial. O novo modelo de distribuição com a utilização de um centro de distribuição analisado e estudado neste trabalho visa não somente apresentar os resultados positivos obtidos por meio da apuração dos custos logísticos, mas também servir como modelo com embasamento teórico e prático para empresas que buscam diferenciais competitivos através da aplicação da logística. Para ilustrar a importância deste estudo serão utilizadas revisões bibliográficas que darão suporte ao estudo e este também se apoiará nos resultados obtidos da empresa Ducoco Alimentos. Este estudo poderá verificar o quão necessária é a analise gerencial para uma decisão que afetará todos os setores desta empresa. Essa necessidade poderá ser respondida a partir de duas perguntas: A logística é uma ferramenta para a redução de custos? Quais os aspectos que precisam ser analisados para uma decisão gerencial? A Logística é um setor estratégico de uma empresa que necessita tanta atenção quanto outros setores ditos essenciais como produção e financeiro, tão importantes para a sustentação da empresa. Por isso se faz necessário o entendimento completo de sua conceituação e histórico. Compreender a logística é compreender o fluxo de toda a empresa, como o fluxo de informações, pessoas, materiais, etc. A relevância que essa compreensão do fluxo nos trás é a possibilidade de controlar o nível de serviço que a empresa deseja aplicar na sua operação. A escolha desse nível de serviço está diretamente ligada aos anseios financeiros que a empresa almeja. Um nível de serviço alto atrai mais clientes que desejam um melhor atendimento de suas necessidades. Só que o aumento do nível de serviço aumenta proporcionalmente o custo operacional da empresa. Para determinar o nível de serviço é necessário que a empresa defina quais os custos relevantes para a tomada desta decisão. Por exemplo, para a melhoria num atendimento personalizado é necessário um aumento do quadro 13 de funcionários. Investimentos em pessoal geram custos com folha de pagamento, custos tributários, custo de compra de equipamentos necessários para estes trabalharem, também será necessário um espaço físico maior para que essas aquisições possam ser corretamente instaladas de acordo com o novo layout. Para o alcance do nível de serviço desejado é necessário que o gestor equilibre o custo com este atendimento personalizado. Para tanto é necessário o estudo aprofundado de todos os pontos para a tomada de decisão. Conhecer as ferramentas é necessário para que um gestor tome as decisões que darão um norte à empresa. Um gestor logístico precisa ter todos os dados em suas mãos para a análise correta da situação atual da empresa e a situação que se almeja chegar. Situação esta que pode, por exemplo definir qual canal de distribuição a empresa utilizará em sua operação, quais transportadoras serão contratadas, dentre outros fatores. Para as decisões dos gestores são necessários dados que por muitas vezes provém de indicadores de seu Sistema de Informações.1 A tecnologia da informação disponibilizará para a organização, através de diversas ferramentas, um leque muito abrangente de muitas ferramentas de acordo com a necessidade. Com estas ferramentas será permitido que a organização crie estratégias de negócios que possibilite agregar valores aos processos existentes além de potencializar novos serviços gerando vantagem competitiva. Intensificando o uso da tecnologia da informação para a tomada de decisão potencializará a gestão dos processos internos da empresa e a integração de parceiros e locais onde será necessária a troca de informações. (CREPALDI, 2009, p. 82) Para a empresa Ducoco Alimentos foi utilizado todo esse acompanhamento gerencial quanto aos indicadores oriundos da tecnologia da informação, quanto aos indicadores vindos do nível de serviço apontado pelos clientes. A mudança da empresa para outro estado afetou o “comodismo” que os clientes tinham do local anterior. Optou-se pela instalação de um Cross 1 A gestão da logística e do fluxo de informações em toda a cadeia permite pontos fortes e pontos fracos na sua cadeia de fornecimento, auxiliando decisões que resultam na redução de custos, aumento da qualidade, aumentando a competitividade do produto e/ou criando valor agregado e concorrência (SHAPIRO apud CREPALDI, 2009, p. 83) avaliação dos a tomada de entre outros, diferenciais a 14 Docking para tentar otimizar a distribuição da região de maior faturamento. Trouxe um alivio momentâneo, porém acarretaram problemas que começaram a afastar os clientes. Então os gestores embasados em análises feitas decidiram pela implantação de um Centro de Distribuição onde fossem faturadas as notas. Para poder descrever o resultado desta operação foi utilizado o estudo de caso da empresa Ducoco Alimentos, do ramo alimentício, suas dificuldades anteriores, seus gastos, sua transformação e seus anseios futuros. 15 2. LOGÍSTICA Muitas são as abordagens sobre a logística que envolve especialmente empresas nas questões de otimização de processos e redução de custos para aumento na competitividade. Este capítulo trata brevemente da evolução deste conceito e sua aplicabilidade na área de distribuição. 2.1. Conceito Para definição mais clara e precisa do conceito de logística, Novaes (2001, p.36) sintetiza sua essência no âmbito empresarial mencionando como: o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. A definição de Ballou (1993, p. 24) é: A logística empresarial trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria – prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. Desta forma é simples a compreensão da importância da logística para a melhoria nos serviços empresariais para com o consumidor e na otimização processual e financeira para a empresa. Há anos as empresas estiveram permanentemente envolvidas em atividades de movimentação e armazenagem (transporte e estoque). A novidade então deriva do conceito da gestão coordenada de atividades inter-relacionadas em substituição à prática histórica de administrá-las separadamente, e do 16 conceito de que a logística agrega valor a produtos e serviços essenciais para a satisfação do consumidor e aumento das vendas. (BALLOU, 2006, p. 26) Conforme mencionou Ballou, a logística se preocupa com a união dos processos anteriormente tratados separadamente, e esta união é que faz com que o nível de serviço possa ser melhorado, já que a unificação traz uma maior preocupação com cada detalhe para que seu resultado final seja mais uma agregação de valor para os produtos e serviços envolvidos. As primeiras definições de logística a resumiam apenas como sendo a entrada de matérias-primas e a saída de produtos acabados. Com o crescimento do mercado em nível global, a definição mais atual de acordo com Philippe (2000) é a que engloba também a maneira de como esses itens são movimentados e todos os fluxos dos produtos e informações. A competição entre as empresas tornou-se mais agressiva, resultando em um consumidor disponíveis. Cabe às extremamente empresas exigente, que querem pelas inúmeras permanecer opções “vivas” o desenvolvimento de estratégias que promovam uma maior eficiência em seus processos e que crie um diferencial competitivo forte. A logística é um componente importante nas operações de qualquer organização, como varejistas, atacadistas e outros prestadores de serviços. Sua administração eficaz complementa o esforço de marketing da empresa, proporcionando um direcionamento eficaz do produto ao cliente e colocando o produto no lugar certo e no momento certo (LAMBERT, 1998, p. 22). A logística, portanto, trata essencialmente da melhor forma de atuação em cenários diversos, proporcionando sempre benefícios frente os desafios. 2.2. Histórico A logística não é um conceito recente apesar de sua ampla difusão nos últimos anos. Tem-se que sua aplicabilidade ganho força inicialmente com a Segunda Guerra Mundial, na década de 40, onde a logística passou a ser 17 utilizada principalmente pelas Forças Armadas. Desta forma, muitos autores consideram sua origem como essencialmente ligada às operações militares. Após este período, os países se voltam para sua reconstrução, utilizando-se da logística para a reestruturação dos processos industriais, ampliação dos complexos produtivos com a utilização da maior mão-de-obra possível (RODRIGUES, 2005). Este crescimento industrial trouxe a busca do mercado pelas novas ofertas de produtos e a logística passa então a atuar principalmente na distribuição de bens. A década de 70 é marcada pelo aumento dos custos logísticos devido à grande variedade de produtos, que levou as corporações a buscarem alternativas logísticas para diferencial competitivo na qualidade dos produtos e melhoria dos níveis de serviço. Um fato determinante é a Revolução Tecnológica ocorrida por volta da década de 80. Sistemas informatizados tornaram-se mais acessíveis economicamente e mudaram quase que completamente o sistema de comunicação e informação. Para as empresas, esta nova era da tecnologia proporcionou a agilidade na tomada de decisões e simulações de situações que se apresentavam cada vez mais complexas. Este planejamento estratégico possibilitou a inovação como diferencial competitivo com a redução de custos operacionais e a melhora no gerenciamento das atividades logísticas. A partir desta revolução, o mundo se deparou com um dos temas mais abordados na atualidade: globalização. A aproximação dos mercados e a possibilidade de comércio e agregação de valor internacional ampliaram o número de fornecedores e consumidores. Novas técnicas de produção, armazenagem e distribuição, além de níveis de qualidade na prestação de serviço, começam a surgir para novamente buscar diferenciais competitivos, porém agora em âmbito mundial. A tabela abaixo sintetiza os acontecimentos históricos no mundo e as estratégias logísticas utilizadas em cada época de nossa história: 18 Tabela 1: Evolução histórica e acompanhamento das estratégicas logísticas Década Anterior a 30 Fato histórico Exploração territorial e constantes guerras para conquista de terras e reinos 40 Segunda Guerra Mundial 50 Reconstrução dos países no pós-guerra 60 Aparecimento do marketing como ferramenta de mercado 70 Ampliação das ofertas de produtos no mercado 80 Revolução tecnológica Estratégia logística Preparação dos combatentes, do transporte, da armazenagem e, principalmente, da distribuição de alimentos, munição e armas, entre outras atividades. Após as conquistas e em seus reinos, a aritmética aplicada para a construção de templos e monumentos Forças Armadas buscando o melhor planejamento e organização do alojamento, equipamento, transporte de tropas, produção, distribuição, manutenção e transporte de material bélico e de outras atividades não combatentes relacionadas Reestruturação dos processos industriais, ampliação dos complexos produtivos com a utilização da maior mão-de-obra possível. Distribuição de bens com o aumento do mercado Agregação de valor ao produto através da prestação de serviços ao cliente. Foco nos processos de manufatura e nas cadeias de distribuição Planejamento estratégico de manufatura, transporte e distribuição física das organizações. Maior qualidade e melhoria dos níveis de serviço Redução dos custos operacionais e realização de um melhor gerenciamento das atividades logísticas. Integração e coordenação de atividades de diferentes áreas. Inovação como diferencial competitivo no 19 90 Atualidade mercado Globalização Agregação de valor internacional. Novas técnicas de produção, armazenagem e distribuição. Qualidade e competitividade deixaram de ser apenas um diferencial entre as companhias para se tornarem fator de sobrevivência no mercado global Competitividade mundial Visão estratégica global com e integração de países gestão de toda a cadeia de em atividades diversas suprimentos, enxergando todas as funções para alteração criativa e coletiva das mesmas. Busca constante de aperfeiçoamento de técnicas logísticas para acompanhamento do mercado Fonte: RODRIGUES (2005). É visível a aplicação da logística nas indústrias, voltada pata o mercado consumidor somente após a Segunda Guerra Mundial, mesmo que sua possível origem tenha sido para a sobrevivência das nações. Hoje podemos considerar a logística como estratégia fundamental para a sobrevivência das organizações. 2.3. Logística de distribuição Conforme pôde ser observado na evolução do conceito da logística, este esteve fortemente envolvido com as guerras, e este passado não foge à logística de distribuição. De acordo com Rodrigues (2005, p. 124), a primeira tentativa de definir logística foi de Barão Antonie Henri de Jomini, que se referiu a mesma como: “A arte prática de movimentar exércitos”. O mesmo autor afirma ainda que após a segunda grande guerra o significado de logística tornou-se muito mais amplo, em decorrência das grandes operações militares 20 praticadas nesta guerra. Souza (2007) define o sistema logístico como uma abrangência do fluxo total dos materiais, sendo este a compreensão da distribuição desde o ponto de aquisição até a entrega ao consumidor. Esta atividade de distribuição é bastante extensa e complexa quando levamos em consideração não só a roteirização2, mas também a determinação da melhor estratégia de transporte, armazenagem, localização de depósitos, filiais, estoques, processamento de pedidos, enfim, todas as atividades relacionadas à transferência física dos produtos aos clientes. De acordo com o mesmo autor, os canais de distribuição possuem elementos que formam os seus membros diretamente responsáveis: O canal é o caminho percorrido pelo produto para transferir-se do produtor ao consumidor final. Um fabricante pode vender para um atacadista, que venderá para um varejista, que venderá, finalmente, para o consumidor final. A escolha de cada um desses caminhos vincula-se totalmente a administração da empresa. Las Casas apud Souza (2007, p. 56) Segundo Donier et al. (2000, p. 38), a definição de logística de distribuição abrange áreas de atuação novas incluindo gerenciamento dos fluxos reversos: Logística é gestão de fluxos entre funções de negócios. A definição atual de logística engloba maior amplitude de fluxos que no passado. Tradicionalmente as companhias incluíam a simples entrada de matérias-primas ou fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto essa definição expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações. Seguindo a mesma diversidade e amplitude, Farah (2002) descreve a logística de distribuição como uma das principais ferramentas coordenadoras do fluxo de mercadorias e de informações de milhares de pontos de vendas dos 2 O processo para a determinação de um ou mais roteiros ou seqüências de paradas a serem cumpridos por veículos de uma frota, objetivando visitar um conjunto de pontos geograficamente dispersos, em locais pré-determinados, que necessitam de atendimento. (Cunha – artigo Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010365132007000100007 Acessado em 10/09/2009) 21 mais variados tipos de bens e serviços de modo a disponibilizá-los nos locais e tempos necessários. Há uns anos vêm-se utilizando uma nova estratégia para a logística de distribuição: os Centros de Distribuição espalhados por todo o mundo sendo utilizados como ferramenta estratégica de transporte e distribuição. Este conceito será mais bem explicado no capítulo 6. 2.4. Logística Reversa Há uma parte da logística que se desenvolve no estudo do reaproveitamento dos materiais por motivos diversos retornados ou os próprios retornáveis como nos casos de reciclagem. A logística reversa recebe esta denominação por cuidar justamente das situações de processo inverso à logística já apresentada até o presente capítulo. São situações de retorno de materiais onde providências de revenda, recondicionamento ou reciclagem devem ser tomadas visando a minimização dos prejuízos logísticos. A logística reversa, segundo Leite (2002), tem sido citada com freqüência e de forma crescente em livros modernos de Logística Empresarial, citações, revistas, artigos nacionais e internacionais. Em Stock (1998, p. 20) encontra-se a definição: Logística Reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura [...]. Leite (2002), expõe a logística reversa como a área que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo, através dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas formas. Lambert et al (1998) apontam a logística desempenhando importante papel no planejamento estratégico nas empresas. Empresas com um bom 22 sistema logístico conseguem grande vantagem competitiva sobre aquelas que não o possuem. Sua grande contribuição é na ampliação do serviço ao cliente, satisfazendo exigências e expectativas. Baseado nos conceitos apresentados, a logística reversa busca o tratamento do retorno de bens através de sua reinserção no ciclo de produção (reparo ou retrabalho) ou de negócios (pós-consumo). A figura abaixo ilustra o ciclo da logística reversa. Figura 1 Etapas da logística reversa Fonte: Chaves, et al. (2005, p. 85) A logística reversa vem recebendo cada vez mais atenção não só devido ao seu potencial para redução de custos ou agregação de valor às empresas. Seu conceito vem crescendo muito também devido à crescente conscientização ambiental dos consumidores e de toda a legislação ambiental, que faz com que as empresas busquem formas para realizar suas atividades sem com isto agredir o meio ambiente. [...] as etapas, as formas e os meios em que uma parcela desses produtos, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios, readquirindo valor em mercados secundários pelo reuso ou reciclagem de seus materiais constituintes. (LEITE, 2003, p. 4) A gestão da logística reversa traz vantagens competitivas às empresas que a emprega, pois não propicia somente a entrega precisa de produtos, mas também suporte ao produto após sua venda ou consumo 23 3. NÍVEL DE SERVIÇO Este capítulo visa mostrar a importância do nível de serviço logístico para as organizações como uma agregação de valor às atividades logísticas. O nível de serviço preocupa-se com a qualidade com que os produtos e serviços são oferecidos aos consumidores/clientes. 3.1. Conceito De acordo com Ballou (1999), “Nível de serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado. [...] É o desempenho oferecido pelos fornecedores aos seus clientes no atendimento dos pedidos. O nível de serviço logístico é o fator-chave do conjunto de valores logísticos que as empresas oferecem a seus clientes para assegurar sua fidelidade. Como o nível de serviço logístico está associado aos custos de prover esse serviço, o planejamento da movimentação de bens e serviços deve iniciar-se com as necessidades de desempenho dos clientes no atendimento de seus pedidos”. Granemann (1995) aplica este conceito ao fluxo de bens e serviços: O objetivo da logística é servir o consumidor, então se torna importante oferecer serviços de qualidade através de boa gestão do fluxo de bens ou serviços. Esta qualidade de gerenciamento do fluxo de bens e serviços define o que se entende por nível de serviço. Os clientes estão cada vez mais exigentes e a competitividade entre as empresas agora em nível mundial deixa cada vez mais clara a necessidade de buscar diferenciais competitivos, sobretudo com ações que vão além do preço, descontos, garantias ou condições de pagamento do produto/serviço oferecido ao consumidor. Os níveis de serviço logísticos vão além da integração com o marketing, e Silva (2002) explica como o nível de serviço é fundamentado na logística: 24 Manter clientes tornou-se uma tarefa muito difícil para as organizações. Após extensos trabalhos elaborados pelo departamento de marketing das organizações a fim de captar clientes, mantê-los torna-se um desafio que ultrapassa os elementos básicos de administração que necessita cada vez mais de um alinhamento estratégico com o cliente fundamentado numa logística eficiente para suprir as expectativas do cliente. SILVA (Guia log 2002) Para Meirim (2006), os seguintes tópicos podem ser úteis se estudados como principais indicadores de Nível de Serviço Logístico: • • • • • • • • • • • Tempo médio de Entrega Variabilidade do Tempo de Entrega Informações sobre o atendimento do pedido (rastreabilidade3) Serviços de Urgência Resolução de Reclamações Políticas de Devolução Procedimentos de Cobrança Flexibilidade do Sistema Serviços Técnicos Nível de Estoque Reposição temporária do produto durante reparos. Faria e Costa (2007) detalha mais esta questão do nível de serviço logístico, elevando-o para a busca da excelência: Um nível de serviço de excelência é aquele que “encanta” o cliente, ou seja, surpreende e vai além da simples satisfação de seus requerimentos. Envolve fatores como freqüência de entrega, tempo de ciclo do pedido, confiança no atendimento, flexibilidade no ressuprimento, acurácia no atendimento do pedido completo e na documentação, qualidade dos produtos/serviços, etc. (FARIA E COSTA, 2007, p. 44) Este serviço logístico deve então ser gerenciado para o atendimento das necessidades dos clientes e também para o controle de seus custos, fazendo com que desta forma a empresa saiba exatamente como deverá ser 3 A possibilidade efetiva de estabelecer o conjunto de acontecimentos ao longo do tempo e das ações, utilização de um item ou atividade e itens ou atividades semelhantes através de informações devidamente registradas. (JURAN, 1991, p. 360) 25 cobrado dos clientes de acordo com o nível de serviço proporcionado (FIGUEIREDO (2000a) e FIGUEIREDO (2000b)). Desta forma a fidelização de clientes deve estar diretamente ligada aos níveis de serviços prestados de maneira que torne a imagem da empresa como sendo de eficiência, eficácia e até mesmo customização. 3.2. Nível de serviço aplicado à distribuição Embora o entendimento do fluxo logístico esteja diretamente ligado ao gerenciamento da cadeia de suprimentos, a inclusão da análise do nível de serviço logístico é fator primordial para a melhoria contínua deste gerenciamento. O suprimento do mercado com a distribuição de produtos deve garantir a disponibilidade destes no momento em que seu consumo for desejado e para isto a aliança entre logística e marketing entra como uma estratégia conforme explica Harrison e Hoek (2003): Com o intuito de alcançar a meta do produto certo, no local certo e na hora certa, os sistemas e processos de logística precisam ser projetados para sustentar produtos no mercado. Uma interação eficaz entre marketing e logística exige desenvolvimento e a implementação de praticas que gerem o atendimento ao cliente. (HARRISON E HOEK, 2003, p. 59) Nickels e Wood (1999) afirmam que a qualidade do serviço logístico na distribuição depende também dos canais de distribuição, sua padronização e estruturação, o que atingirá também o nível de serviço esperado pelo cliente: Decisões sobre praça dizem respeito ao estabelecimento de uma política de canais de distribuição que, implica em outras coisas, a formalização de padrões de serviços para cada um dos canais de distribuição. Por padrões de serviços entendemse um conjunto de variáveis como disponibilidade de produtos, prazos de entrega, consistência dos prazos, flexibilidade do serviço, serviço pós venda, etc. Uma vez estabelecido os canais de distribuição e seus respectivos padrões de serviços, cabe a logística a missão de estruturar-se para garantir seu 26 cumprimento. Portanto, a política de serviço ao cliente deve ser vista como um componente central da estratégia de marketing, que sob o ponto de vista operacional se transforma em uma missão a ser cumprida pela organização logística. (NICKELS E WOOD, 1999, p. 298) Havendo a preocupação com a disponibilidade da quantidade exata do produto no local e hora certa amplia as possibilidades de fidelização do cliente. Fleury (2002) acrescenta que este nível de serviço incorporado à variedade e promoções dos produtos aumentará ainda mais esta fidelidade: O desafio da logística é reforçar a fidelidade do cliente contribuindo para o mix do marketing. Oferecer suporte a disponibilidade dos sistemas de distribuição e apoio a revendedores ajuda a alimentar a fidelidade do cliente. O mesmo acontece com o suporte oferecido pela logística as características do produto tais como, variedades e espectros dos produtos e as promoções. (FLEURY, 2000, p. 35) Silva (2002) reforça a questão da fidelização de clientes através da diversidade dos produtos justificando com o fato de que os interesses e necessidades dos consumidores são distintos já que as pessoas são em sua essência diferentes umas das outras. Assim sendo, um produto ou serviço que interessa a um cliente não necessariamente interessa a outro: Algumas empresas adotam um serviço único e padronizado para todos os clientes, adotando uma teoria de que todos os clientes são iguais. Na prática este processo adotado não funciona na maioria das organizações, pois ao tratarmos de diferentes clientes, com necessidades diferentes, com dimensões também diferenciadas, um serviço padronizado pode significar muito para um determinado cliente e pouco para outro. Ou seja, para propiciar níveis de serviços logísticos ao cliente deve-se segmentá-los dentro de um panorama logístico e personalizar os respectivos serviços de acordo com as diferenças existentes entre os mesmos, projetando serviços diferenciados a fim de reestruturar as operações logísticas e garantir a lucratividade do negócio, propiciando assim aos clientes, serviços adequados a sua realidade sem perder a qualidade e tampouco diminuir o nível de atendimento. SILVA (2002) É notável o principal objetivo na determinação do nível de serviço na distribuição para a empresa ser o atendimento das necessidades do cliente. Desta forma deve-se buscar sempre a melhor forma logística de distribuição 27 para ter o produto no lugar certo na hora certa e na quantidade certa, tudo muito bem alinhado com os objetivos do marketing mix4 para a melhor determinação do produto a ser distribuído, seu preço, promoção e praça. 3.3. Lead Time Para um nível de serviço que satisfaça os consumidores, além da distribuição mais adequada, o tempo que o processo logístico levará desde a colocação do pedido no fornecedor, sua manufatura até a entrega efetiva do produto. É exatamente este tempo necessário para a conclusão do processo logístico que se denomina lead time. Muitos autores contribuem para esta conceituação essencial na área da logística. Posseti (2003) resume o termo como “o tempo decorrido entre a adoção de uma providência e sua concretização” ou também como o tempo despendido para cada ciclo/processo logístico: A redução dos tempos envolvidos no processo de produção é importante para aumentar a flexibilidade da empresa em relação ao seu concorrente Utiliza-se para o ciclo produtivo (Lead Time de Produção), para o ciclo de pedido (Lead Time do Pedido) e para o ciclo total da operação logística (Lead Time de Ressuprimento) sendo entendido como o tempo de compra mais o tempo de transporte. O Lead Time Logístico ou Tempo de Ciclo Total é o tempo decorrido desde a emissão de uma ordem a um fornecedor até o atendimento da ordem do cliente final. Também, chamado de Tempo de Resposta, para designar o tempo compreendido entre o início da primeira atividade até a conclusão da última, em uma série de atividades. Arnold (1999) destrincha este conceito em mais outros quatro, diferenciados por suas finalidades: 4 O Marketing Mix, pode ser definido como a combinação de elementos variáveis que compõe as atividades de Marketing. Atualmente, o composto de Marketing é conhecido internacionalmente como “Os 4 Ps do Marketing”. Por esse motivo, diversos países trataram de traduzir para o seu idioma, os 4 grupos, em palavras que mantivessem a grafia iniciada por “P”. Dessa forma, no Brasil as atividades passaram a ser: Produto, Preço, Promoção e Praça (ou Ponto-de-Venda) (http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/4_Ps_do_Marketing.htm) 28 1 Engineer-to-Order – Especificações do cliente requerem um projeto de engenharia único ou uma customização significativa. Normalmente o cliente é altamente envolvido no projeto do produto. O estoque de materiais normalmente não será adquirido até que a produção necessite dele. O lead time de entrega é longo porque inclui não apenas o lead time de compra, mas também o de projeto. 2 Make-to-Order – Fabricante não começa a fabricar o produto antes que a encomenda do cliente seja recebida. O produto final normalmente é feito com itens padronizados, mas pode ser incluído também componentes feitos sob medida. O lead time de entrega é reduzido porque requer pouco tempo de projeto e o estoque é tratado como matéria-prima. 3 Assemble-to-Order – Produto é feito com componentes padronizados onde o fabricante pode estocá-los e montá-los de acordo com a encomenda do cliente. O lead time de entrega é mais reduzido porque o tempo de projeto não é necessário e o estoque de materiais está pronto para a montagem. O envolvimento do cliente no projeto é limitado à seleção do conjunto de componentes necessários. 4 Make-to-Stock – Fornecedor produz os bens e os vende com base em um estoque de produtos acabados. O lead time de entrega é o menor de todos. O cliente possui pequeno envolvimento direto no projeto do produto. O tempo que um serviço ou operação leva para ser completamente executado, desde sua solicitação até sua entrega é, portanto o chamado lead time de um processo logístico. E este lead time é por muitas vezes fator determinante para a conquista de novos clientes e fidelização de antigos, já que os consumidores poderão ter tempo de espera menor ou até mesmo nenhuma espera dependendo do planejamento da empresa quanto ao lead time de sua produção e distribuição e o estudo das necessidades do mercado para saber exatamente quanto e quando o consumidor necessitará do produto. 29 4. CD- CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO Para escolha de um centro de distribuição, os gestores necessitam usar critérios para otimizarem os recursos e as instalações. Para Farah (2002 p. 78): A estruturação do gerenciamento logístico deve se voltar para a questão central da distribuição dos produtos, dentro de critérios que otimizem o uso das instalações, atentando para que não haja interrupção no fornecimento e que o serviço para o cliente represente um apoio ao seu core business. 4.1 Conceito e funções Os Centros de distribuição são instalações onde são recebidas cargas consolidadas de diversos fornecedores, essas podem ser armazenadas para futura expedição ou podem ser diretamente encaminhada para expedição. O conceito de cd é um conceito moderno, sua função ultrapassa as tradicionais funções de depósitos e almoxarifados. Os depósitos são instalações cuja função é armazenar produtos aguardando uma demanda para este, já os CDs tem por objetivo receber os produtos de maneira Just-in-time para atender as necessidades do cliente. Segundo Pizzolato (2003) as etapas de um CD são: • Recebimento: sendo a primeira etapa do ciclo do produto no CD, envolve a conferência da quantidade e da qualidade dos produtos entregues pelos fornecedores. • Movimentação: é o transporte de pequenas quantidades de produtos no armazém. A movimentação e o manuseio de materiais absorve tempo, mão-deobra e dinheiro. Assim, é preciso minimizar o manuseio dos materiais, a fim de não provocar movimentos desnecessários, além de aumentar o risco de dano ou perda do produto. • Armazenagem: é a guarda temporária de produtos para posterior distribuição. Os estoques são necessários para o equilíbrio entre a demanda e 30 a oferta. • Cross Docking: é a operação na qual o produto é recebido e encaminhado diretamente para a expedição, com o mínimo de tempo possível a fim de não manter estoque. • Separação: segundo Lima (1998), separação é a “coleta do mix correto de produtos, em suas quantidades corretas da área de armazenagem para satisfazer as necessidades do consumidor”. • Faturamento: é a emissão da nota fiscal precificação etiquetagem para ajudar a roteirização do produto. • Expedição: esta é a última etapa do processo realizada no Centro de Distribuição, consiste basicamente na verificação e no carregamento dos produtos nos veículos. Figura 2 Ciclo do Centro de Distribuição Fonte: Adaptado de Calazans (2001) Calazans (2001) aponta as seguintes vantagens na utilização de um CD: redução do custo de transporte, liberação de espaço nas lojas, redução de mão-de-obra nas lojas para o recebimento e conferência de mercadorias e a diminuição da falta de produtos nas lojas. Pizzolato (2003) identifica também duas vantagens na adoção do CD no sistema logístico: a capacidade de agregar valor ao produto (postergação) e os diferentes tipos de operações que podem ser realizadas. Segundo Farah (2002), alguns fatores atrapalham na fluidez da operação de um Centro de Distribuição, dentre eles: pedidos incompletos, longo tempo de preparação dos pedidos (separar, embalar, classificar, etiquetar, disponibilizar para embarque, etc.), dificuldade de localizar os 31 produtos e embalagens, elevado índice de retorno de pedidos que não saíram conforme solicitado, baixa produtividade do trabalho e do capital aplicado em ativos fixo, elevado número de operações de retrabalho, inventários físicos demorados e com elevado custo de processamento e de veracidade não muito confiável, etc. Para Calazans (2001), alguns complicadores são encontrados na operação de recebimento e da expedição que podem afetar sua eficiência: atrasos de transportadoras, atrasos na emissão da lista de separação, quebra da sincronia entre os processos de recebimento e expedição nas operações de crossdocking e picos de demanda que não foram adequadamente planejados. Sendo assim os centros de distribuições se fazem necessário para uma estratégia logística competitiva frente às necessidades dos clientes para a melhoria do nível de serviço. Cabendo ao gestor a decisão da finalidade do Centro de distribuição se faz necessária para atender a esse nível requerido. 4.2. Cross Docking 4.2.1. Conceito Segundo Barroso (2008) uma definição simplista de Cross Docking seria “... uma operação na qual os produtos são roteados5 aos seus destinos tão logo são recebidos em um armazém ou centro de distribuição”, para ele basta um espaço físico para que exista a operação do cross docking, sendo esta a recepção dos produtos e sua pronta expedição após ser roteado. Para Barroso (2008) existe uma definição ainda mais elaborada para Cross Docking: Cross Docking é um processo onde os produtos são recebidos em uma dependência, ocasionalmente junto com outros 5 Roteamento é o mecanismo através do qual duas máquinas em comunicação “acham” e usam um caminho ótimo (o melhor) através de uma rede. Conceito retirado do site: http://www.walfredo.dsc.ufcg.edu.br/cursos/2003/redes20032/p4c.pdf 32 produtos de mesmo destino,são enviados na primeira oportunidade, sem um armazenagem longa. Isso requer alto conhecimento dos produtos de entrada, seus destinos, e um sistema para roteá-los apropriadamente aos veículos de saída. Com esta definição podemos entender que o Cross Docking se faz necessário para uma operação que requer agilidade na recepção e expedição dos produtos, pois não pode haver armazenagem desses produtos por muito tempo, tendo eles que ser expedidos na primeira oportunidade. Barroso explica que para alguns especialistas o tempo máximo de permanência em um Cross Docking deve ser de um dia, porém existe alguns operadores que consideram essa de até três dias. 4.2.2. Operações de um Cross Docking Para que um Cross Docking atinja sua máxima funcionalidade é necessário verificar alguns pontos referentes a escolha de fornecedores e fluxos que serão executados dentro do local (informações, pessoas, produtos, equipamentos) (BARROSO 2008). Os fornecedores precisam ser escolhidos com cuidado, eles precisam estar alinhados com a necessidade do abastecimento da quantidade correta no tempo exato. As pessoas envolvidas na operação do Cross Docking precisam estar cientes da necessidade da agilidade dos processos e que não se pode criar estoque no meio desses processos. Para que tanto os fornecedores e o pessoal do Cross Docking hajam da maneira correta para a operação se faz necessário um fluxo de informações sincronizado no processo. Idem A funcionalidade desses fluxos na operação de um Cross Docking se faz necessária a aquisição de equipamentos correspondentes com a demanda do processo. No quadro a seguir ilustra as vantagens e desvantagens de um Cross Docking. 33 Tabela 2: Vantagens e desvantagens da operação de um Cross Docking Vantagens • Aumenta a velocidade do fluxo de produtos e circulação do estoque; • Reduz custo de manuseio; • Permite consolidação eficiente de produtos; • Dá suporte as estratégias de Just-in-Time; • Promove melhor utilização de recursos; • Reduz necessidade de espaço; • Reduz danos aos produtos devido ao menor manuseio; • Reduz furtos e compresão dos produtos; • Reduz obsolescência dos produtos; • Acelera pagamento aos fornecedores melhorando a parceria; • Diminui o uso de papeis associados ao processamento de estoque. Fonte: Barroso (2008) Desvantagens • Dificuldade de determinação dos produtos candidatos; • Requer sincronização entre fornecedores e demanda; • Relações imperfeitas com fornecedores, pequena ou nenhuma credibilidade nos fornecedores, relutância dos fornecedores; • Sindicato teme perda de empregos; • Dependências inadequadas, ou retorno dos investimentos insuficientes para justificar a compra de um local apropriado; • Sistemas de informações inadequados; • Gerencia nem sempre possui uma visão holística da cadeia; • Medo de stock-out pela ausência de estoque de segurança. O Cross Docking é um redutor do custo na cadeia logística. Sua agilidade e rotatividade dos produtos de uma empresa permite que as empresas possam reduzir custos com armazenagem e estoque em transito. Porém se faz necessário um planejamento preciso que abrange o setor de vendas e produção, para que o cross docking não acabe virando um gargalo logístico. 34 5. CUSTOS LOGÍSTICOS “A cadeia de suprimentos é uma mina de ouro em potencial no que diz respeito a melhorar o resultado final do desempenho dos negócios. Mas os diretores de muitas empresas são impacientes em relação à melhoria de custos e consideram a atitude de cortar estoques e o número de funcionários suficiente. Isso pode resultar numa melhora nas margens de lucro a curto prazo, mas a gestão estratégica da cadeia de suprimentos envolve melhorar a maneira como as coisas são feitas, aprimorando o desempenho dos custos a longo prazo.” (HARRISON e HOEK 2003 p,84) Diante de um contexto de intensa competição, na maioria dos segmentos da economia, a gestão dos custos logísticos tem como principal objetivo estabelecer políticas que possibilitem as empresas, simultaneamente, uma redução nos custos e a melhoria no nível de serviço oferecido ao cliente. Segundo IMA apud Faria e Costa (2007, p.69) “Os Custos logísticos são os custos de planejar, implementar e controlar todo o inventário de entrada, em processo e de saída, desde o ponto de origem até o ponto de consumo.” Neste capitulo serão explanados alguns custos logísticos inerentes a tomada de decisão do processo a ser seguido pela empresa. 5.1. Custos de Armazenagem e movimentação Os custos operacionais de armazenagem, no tocante ao acondicionamento dos estoques, contemplam questões relativas ao layout envolvendo as embalagens e as estruturas (porta-pallets, cantilever, roletes, drive-in, mezaninos, estantes, flowracks etc.) para acondicionamento dos estoques e movimentação dos materiais/embalagens/produtos, como por exemplo: a ocupação volumétrica e acessibilidade; volumes; pesos; tempo de 35 permanência; condições para itens críticos; tipos de padronização de pallets; os níveis de estoque; o sistema de registro e controle. Além disso, requerem, também que sejam solucionadas questões referentes a localização, dimensionamento da área, arranjo físico, projeto de docas e configuração dos armazéns, tecnologia de movimentação interna, estocagem e sistemas. Os custos de espaço de armazenagem, para acondicionar os estoques de materiais e produtos, podem estar relacionados a diferentes instalações, como armazéns próprios ou armazéns públicos/gerais. (FARIA e COSTA 2007, p.79) No que diz respeito ao manuseio e a movimentação de materiais, são incluídos todos os movimentos associados ao recebimento na aquisição de materiais até o local onde serão utilizados ou os produtos expedidos para distribuição. É imprescindível verificar se a movimentação de materiais e produtos é necessária. Se for, deve-se verificar se a distância entre as operações é mínima, se o layout existente proporciona o melhor fluxo, se os materiais são estocados no ponto de uso, entre outros fatores. De acordo com o Instituto dos Contadores Gerenciais (IMA 1989) apud Faria e Costa (2007), há numerosos fatores que contribuem para a determinação dos custos de armazenagem, tais como: • Características de recebimento: contemplando volumes por grupo de produto, modo de transporte, características da carga etc.; • Características de acondicionamento (estocagem – quantidade por pallet, empilhamento de pallet, temperatura requerida etc.); • Características de seleção de pedido ou embarque – volume por grupo de produto, quantidade de lote pedido, modo de transporte taxa de atendimento do pedido e tempo de atendimento; • Necessidade de etiquetagem; • Características de re-embalagem (bens danificados e especiais); • Necessidades de mão de obra direta e de equipamentos; e • Necessidade de recursos indiretos (supervisão, manutenção de equipamentos, limpeza, segurança, suprimentos etc.). 36 Um desafio nos custos de armazenagem é assegurar que as estratégias de armazenagem e gerenciamento de custos sejam consistentes com todas as estratégias de nível de serviço da empresa, o que inclui novas tecnologias, com um alto nível de atendimento completo de pedidos e separação por clientes. Para isso, existe, também, a função de separação, que é responsável pela coleta do mix correto de produtos da área de armazenagem para satisfazer ás necessidades de cada cliente. Dependendo do segmento, dos tipos de produtos, do tempo do ciclo de pedido, pode ser uma das atividades mais críticas da armazenagem. FARIA e COSTA (2007) 5.2. Custos de transportes Muitas empresas conseguem um diferencial competitivo no mercado mediante uma correta utilização dos modos de transporte; como o elo entre o fabricante e o consumidor final, portanto precisa ser visto e analisado cuidadosamente, tendo em vista o seu impacto na apuração final dos custos logísticos totais; portanto, as empresas devem sempre estar atentas ao gerenciamento dessa função, visto que sua eficiência está ligada a satisfação do cliente e a minimização dos custos. Segundo Gurgel (2000) apud Faria e Costa (2007), os principais objetivos da qualidade do transporte estão associados aos objetivos finais da empresa; portanto devem ser tratados de modo a corresponder as expectativas previstas em termo de qualidade. • Fazer com que o produto chegue ao seu destino final sem qualquer tipo de avaria; • Cumprir os prazos previstos, evitando, assim, transtornos ao cliente; • Entregar a mercadoria no local certo, bem como facilitar o processo de descarga para o cliente; • Investir no aprimoramento dos processos, possibilitando, assim executar o processo de forma mais ágil; e 37 • Reduzir os custos de entrega, levando-se em consideração a satisfação do cliente e os benefícios gerados para a organização. A decisão de manter frota própria ou terceirizada deve considerar os aspectos custo, qualidade do serviço e a rentabilidade financeira das alternativas, ou seja, deve dar retorno ao acionista. Algumas características contribuem para essa decisão, tais como o tamanho da operação, a capacitação interna, a competência do setor, captação de cargas de retorno e o modal6 utilizado, pois se houver necessidade de um investimento muito alto, tal como em uma ferrovia ou dutovia, é preferível terceirizar a operação. Os custos de transportes, segundo Bowersox e Closs(2001) apud Faria e Costa (2007), são influenciados, basicamente, pelos seguintes fatores econômicos: distância, volume, densidade, facilidade de acondicionamento, facilidade de manuseio, responsabilidade e mercado. O impacto dos custos de transporte pode ser compensado, também, pela pontualidade do serviço na entrega dos pedidos, na flexibilidade de manuseio de uma grande variedade de produtos, no gerenciamento dos riscos associados a roubos, danos e avarias. A solução para cada uma dessas exigências está vinculada ao desempenho e tipo de modo de transporte utilizado. Em contra partida, esse subprocesso contribui para o nível de serviço que a empresa presta a seus clientes, evitando o custo de vendas perdidas. (FARIA e COSTA 2007) O custo do transporte para operação logística de uma empresa requer um estudo detalhado da necessidade da mesma. Sem o qual, a empresa estará sujeita a prejuízos indesejáveis e uma diminuição brusca de seu nível de serviço. 5.3. Custos de embalagens Um dos objetivos da logística é movimentar bens sem danificá-los. As embalagens e os dispositivos de movimentação, na logística, têm como 6 Há cinco modais básicos de transporte que são: rodoviário, ferroviário, hidroviário (pode ser denominado de aquaviário), aeroviário e o dutoviário. Cada modal possui características particulares, servindo para certo tipo de operação ou para determinados produtos. FLEURY(2002) 38 principais objetivos facilitar o manuseio e a movimentação, bem como a armazenagem, garantir a utilização adequada do equipamento/veiculo de transporte, proteger o produto e prover o valor de reutilização para o usuário. Segundo Alvarenga e Novaes (2000) apud Faria e Costa (2007) há três tipos de embalagem: • Invólucros diversificados: como caixas de madeira ou papelão, sacas, tambores etc., que são os mais comuns, onde são movimentados sem outro invólucro especial; • Pallets: são estrados de madeira, plástico ou metal, necessitando de empilhadeiras para mover a carga para o transporte; • Contêineres; caixas grandes normalmente de aço ou alumínio utilizadas, principalmente na importação e exportação de produtos. As embalagens e dispositivos de movimentação podem ser de uma única utilização (descartáveis) ou retornáveis, que são reutilizados. O capital investido na compra de embalagem retornáveis, aquelas que voltam à empresa após a entrega dos produtos aos clientes, bem como sua manutenção e administração, está associado aos custos de embalagem. Segundo Faria e Costa (2007) para uma decisão de qual embalagem utilizar em uma operação logística, deverá ser levado em consideração o investimento que deverá ser feito na embalagem retornável, bem como o número de vezes em que será reutilizada, verificando se existe um retorno positivo, frente ao custo das embalagens descartáveis. A embalagem, de qual tipo for, impacta o custo de diversas atividades logísticas, conforme mencionam Bowersox e Closs (2001) apud Faria e Costa (2007) • O controle do estoque depende da identificação que, normalmente, é afixada na embalagem do produto; • Viabiliza a rapidez na separação dos pedidos pela identificação e facilidade no manuseio; • O custo de manuseio e movimentação do produto depende da capacidade de unitização e das técnicas aplicadas; 39 • Os custos de transporte e de armazenagem são influenciados pelas dimensões e densidade das unidades embaladas; • A qualidade do serviço ao cliente, também, depende da embalagem, para manter especificações de qualidade durante a distribuição, e atender às legislações ambientais vigentes. O custo da embalagem está ligado diretamente ao seu grau de proteção, para um grau maior de proteção para as embalagens usadas no manuseio e transporte de produtos, maior será o custo da mesma. Porém em compensação, uma melhor embalagem de custo alto resulta nas diminuições dos custos de avarias, perdas danos nos produtos. Ocorrendo o contrário, diminuindo o custo de embalagens, poderá diminuir a proteção do produto e, consequentemente, aumentar os custos em perdas e danos. A embalagem deve ser analisada e projetada em função de sua movimentação e utilização na cadeia logística e não, como frequentemente ocorre, condicionando a cadeia aos tipos de embalagem preexistentes. Significa que, eventualmente, o maior custo de uma embalagem pode resultar em importante redução do custo total da cadeia em que ela é utilizada. (FARIA e COSTA 2007, p. 101) 40 6. GESTÃO LOGÍSTICA Atualmente os clientes estão exigindo melhores níveis de serviço, porém não querem pagar mais por isso. Perante o mercado, o preço é um qualificador, enquanto o nível de serviço se torna um diferenciador. Por isso um dos principais desafios da logística seja gerenciar a relação custo e nível de serviço. Segundo Lima (1998) algumas exigências relativas ao nível de serviços podem-se destacar: a de redução do prazo de entrega, a maior disponibilidade de produtos, a entrega com hora determinada, o maior cumprimento dos prazos de entrega, a maior facilidade de colocação do pedido. Para manterem sua competitividade as empresas acabam segmentando seus canais de atendimento, essa decisão se faz necessário, pois cada cliente tem uma necessidade especifica. Então o dimensionamento do Cross Docking é um redutor do custo na cadeia logística. Sua a cadeia de atendimento tem que ser direcionado par o perfil de cada cliente selecionando o canal de distribuição desejado (Figura 3). Por conta de sofisticação e diversificação da estrutura logística duas questões: Qual o impacto da melhoria do nível de serviço nos custos da empresa? E qual o efeito na sua rentabilidade? Quando se demora a perceber os problemas que afetam a rentabilidade esses se agravam sendo necessário direcionar os esforços para resolvê-los antes que se tornem críticos. Sendo os sistemas gerencias fundamentais para este esforço da empresa. (LIMA, 1998) Para a tomada de decisão esses sistemas necessitam de indicadores financeiros, porém nem sempre esses indicadores corresponde a necessidade para a tomada de decisão correta: A má qualidade da informação de custos pode trazer uma série de distorções no processo de tomada de decisão. Usualmente, são utilizadas informações da contabilidade da empresa para fins gerenciais. No entanto, o fato destas estarem direcionadas a um objetivo sobretudo fiscal e com foco na produção, pode prejudicar, ou mesmo inviabilizar, algumas análises gerenciais. [...] os custos de transporte de suprimento compõem o custo do produto vendido, como se fossem custo de material; os custos de distribuição aparecem como despesas de vendas e outros 41 custos aparecem como despesas administrativas. Desta maneira, nenhuma informação referente às atividades logísticas são evidenciadas. (ARKADER, 1998) Figura 3 Canais de distribuição Fonte:Lima (1998) A falta de informações de custos que sejam relevantes ao processo de decisão e ao controle das atividades torna necessário o avanço de subsídios para tomada de decisões com diretrizes definidas. Estas diretrizes podem ser formuladas a partir de duas perguntas básicas: - Qual a análise desejada: em curto ou em longo prazo? (a diferencia básica neste caso se refere a possibilidade ou não da alteração da capacidade, possível somente a longo prazo) - Quais os custeios: produtos, canais de distribuição, regiões de atendimento e/ou clientes? 42 Apesar de necessária a definição das diretrizes, um mesmo sistema pode ser desenvolvido para suprir diversas necessidades. Para o gerenciamento dos custos logísticos7, pode ser usado como foco o objetivo desejado. Assim é possível desenvolver um sistema que atenda apenas uma necessidade, um conjunto de necessidades específicas, ou mesmo todas as necessidades logísticas da organização. É importante perceber, no entanto, que o aumento da gama de atividades tangíveis por um sistema pode ocasionar na falta de foco. Surge então a necessidade de objetivar o sistema para o tipo de controle ou decisão que se pretende dar suporte. O sistema de gerenciamento de custos pode exceder os limites de recursos definidos no escopo do projeto de desenvolvimento e manutenção por parte da organização, considerando também outras atividades desenvolvidas por outros componentes da cadeia de suprimento. Em casos de serviços terceirizados, este gerenciamento é mais importante. No ambiente logístico, a ferramenta de custos de produção deve-se voltar às necessidades do planejamento e controle com o intuito de apoiar as tomadas de decisões referentes a tamanho de lotes e alocação da produção entre as plantas e as linhas de produção. Para tal, o sistema deve simular diferentes políticas de produção para relacionar as diferenças de comportamento dos custos diante as políticas simuladas. Além disso, o sistema deve alocar os custos indiretos de forma não distorcida, para que desta forma se possa custear a mercadoria e mensurar sua rentabilidade e a de clientes. Em distribuição física, pode-se desenvolver um sistema que abranja todas as atividades a partir da saída da mercadoria da linha de produção até sua entrega. O fator mais importante do sistema é rastrear os custos através da estrutura logística, evitando o rateio indiscriminado dos custos. Assim é possível quantificar os custos dos canais de distribuição dos clientes e até das entregas. 7 A gestão de custos logísticos é a atividade de utilização ou desenvolvimento de novas estratégias para gerenciamento dos respectivos custos. Tem por objetivo monitorar os custos operacionais dos serviços logísticos, por meio de indicadores, visando a acompanhar resultados, tendências e oportunidades, bem como desenvolver estudos de impacto logístico e respectivo custeio, de maneira a dar suporte ao processo de tomada de decisão em seus diversos níveis: estratégico, tático e operacional. FARIA e COSTA (2007, p 184) 43 Com os custos quantificados, qualificados e classificados, os responsáveis pela área comercial utilizam-se destas informações para segmentação da carteira de clientes. Desta forma, os níveis de serviço são estabelecidos não só em relação das necessidades dos clientes, mas também da rentabilidade que estes propiciam para a organização. A importância de uma atividade no processo logístico e sua necessidade de controle faz com que possa ser desenvolvida uma ferramenta focada nos custos de uma função específica. No caso de distribuição física, muitas vezes o transporte tem destaque, principalmente quando é necessário remunerar os transportadores e readquirir o valor a partir da conta do cliente. Outros fatores se fazem importantes em relação a custos: a determinação de prelo, simulação de cenários e controle de custos. Os preços não são formados diretamente com base nos custos, no entanto, os custos são agentes importantes na formação de preços, principalmente em longo prazo. No caso de relações comerciais estáveis e parcerias, os custos têm maior influência na formação de preços. O cenário mais característico do preço formado com base no custo é o fret de entrega. Outro benefício das ferramentas de custeio é permitir a simulação de diversos cenários. Por exemplo, o quão impactante será no custo de distribuição: • • • Encerramento das atividades de um centro de distribuição? Variação do preço de um determinado insumo? Aumento da produtividade de determinada atividade? Desta maneira, através das informações recorrentes das simulações é possível melhorar o processo decisório, assim como desenvolver planos orçamentários e de contingência. O sistema de custos também pode assumir a atividade de controladoria. Não conformidades como a baixa utilização de ativos, que afeta a rentabilidade das empresas, podem ser apontados por este tipo de ferramenta. No caso do transporte de entrega, por exemplo, o tempo em fila de carga e descarga, quando excedido faz com que seja baixa a utilização do veículo, efetuando assim a rentabilidade. 44 É relevante destacar que o sistema por si só na ira reduzir qualquer tipo de custo, porém pode identificar gargalos e melhorias em processos. Neste exemplo o gargalo seria o tempo de fila e, por meio de melhoria de processo, conseguir reduzir este tempo, consequentemente diminuir o tamanho de frota, esta ação que será de fato a responsável por reduzir os custos. Conforme explanado, a grande dificuldade de definir os custeios das atividades logísticas está relacionada à alta proporção de custos indiretos e à elevada segmentação de produtos e serviços8. 8 Adaptado do artigo LIMA (1998). 45 7. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Tecnologia da informação em seu conceito mais amplo engloba os sistemas de informação, o uso de hardware e software, telecomunicações, automação, recursos multimídia, utilizados pelas organizações para fornecer dados, informações e conhecimento (LUFTMAN et al., 1993). Sendo assim a parte da tecnologia da informação necessária para explanação será sistemas de informação. 7.1 Sistemas de informação São diversos os conceitos de sistemas, porém modernamente destacamse os seguintes: conjunto de pares que interagem entre si, integrando-se para atingir um objetivo ou resultado; partes interagentes e interdependentes que conjuntamente forma um todo unitário com determinados objetivos e efetuam determinadas funções; em informática é o conjunto de software, hardware e recursos humanos; componentes da tecnologia da informação e seus recursos integrados; empresa ou organização e seus vários subsistemas ou funções organizacionais. (REZENDE, 2005, p.20). Para que o sistema de informação seja implementado de maneira efetiva faz-se necessário saber sua aplicabilidade tendo como base a visão do futuro da organização com seus objetivos e metas. Dependendo do tipo, quantidade e qualidade da informação que dispõem, o sistema de informação possui um publico específico dentro da organização. 46 7.2 Tipos de sistemas de informação Segundo Turban et al. (2002, p.65) uma das formas de se classificar sistemas de informação é de acordo com o tipo de suporte por eles proporcionado, não importando aí a área funcional. Os gerentes, seja qual for o seu local de trabalho, podem contar com o apoio de um sistema decisório computadorizado. Os principais tipos de sistemas nesta categoria são: • Sistema de processamento de transação (SIT): suporte a atividades repetitivas vitais e ao administrativo. • Sistema de informação gerencial (SIG): suporte a atividades funcionais e aos seus respectivos administradores. • Sistema de administração do conhecimento (KMS): suporte a todos os tipos de necessidades de informações corporativas dos funcionários. • Sistema de automação de escritório (SAE): suporte ao setor administrativo • Sistema de apoio a decisões (SAD): suporte à tomada de decisões pelos administradores e analistas. • Sistema de informação empresarial (EIS): suporte a todos os administradores de uma organização. • Sistema de apoio a grupos (GSS): suporte a grupos de trabalho prédefinidos. • Sistema de suporte inteligente: suporte principal aos profissionais do conhecimento, utilizando-se de sistemas especialistas em sua tecnologia. (TURBAN et al. 2002, p.65) O intuito da definição das diretrizes de um sistema de informação é trazer vantagens competitivas a organização de qual faz parte dando suporte com informações fidedignas que possam ser utilizados pelos respectivos gestores. 47 7.3 Vantagens competitivas com sistemas de informação O ambiente interno das empresas está se transformando; buscando a maximização das vantagens competitivas, as empresas lutam para alavancar sua vocação, a partir da consciência de seus pontos forte e pontos fracos. É uma busca permanente por maior atenção ao cliente, mais agilidade e flexibilidade, nível superior de qualidade e constante capacitação e motivação dos recursos humanos, onde nesta linha, a tecnologia da informação aparece como recuso estratégico para a vantagem competitiva. (ROSINI, PALMISANO, 2003, p.87) Os sistemas de informação por si só não traz vantagens competitivas, mas se bem administrado, suas informações íntegras são o suporte que cada camada da hierarquia organizacional necessita para desempenhar suas atividades. Em nível operacional a agilidade dos SITs suprem o grande volume movimentado de informações entre os setores, os SIGs e SADs consolidam os dados a fim de fornecer as informações que os responsáveis por setores gerenciais necessitam para definir as diretrizes de seus setores e os EISs trazem informações para que os responsáveis pela organização possam traçar metas e objetivos, além de descobrirem novas oportunidades no mercado. 48 8. ESTUDO DE CASO 8.1 A Empresa 8.1.1 Breve histórico Nascida a partir de uma pequena plantação de coqueiros em 1982 no Ceará, hoje a Ducoco é um grupo que conta com 7 fazendas, 2 fábricas, mais de 1800 colaboradores e distribui seus produtos em todo território nacional e internacional. Além de produtos derivados de coco, a empresa oferece ao mercado uma linha completa de sobremesas, achocolatados e refrescos em pó, com as marcas DuCOCO, Menina e Frutop. A Ducoco é líder de mercado e a maior exportadora de água de coco do país. Em 1984, a Ducoco iniciou a produção de Coco Ralado e Leite de Coco, que serviam como matéria-prima para indústrias alimentícias como Nestlé, Kraft Foods , Garoto e Danone. 8.1.2 Fábrica Linhares Em outubro de 2006 a Ducoco desativou sua fábrica em Santo Amaro, inaugurando uma nova planta, em Linhares, Espírito Santo. A nova fábrica ocupa uma área de 12 mil m² e conta com instalações modernas. A unidade iniciou suas operações em Janeiro de 2007 e movimentou a economia da região. 49 8.1.3 Fábrica Itapipoca A fábrica de derivados de coco está localizada em Itapipoca, perto de Fortaleza e tem capacidade de processar 320 mil cocos por dia. Em Itapipoca, 900 colaboradores trabalham na produção do Leite de Coco, Coco Ralado e Água de Coco. Cada etapa do processo produtivo passa por um rígido controle, garantindo a alta qualidade dos produtos finais. Comprometida com a preservação do meio ambiente, a empresa usa filtros acoplados nas caldeiras para proteger a qualidade do ar. E todos os resíduos industriais são reaproveitados pela própria fábrica. 8.2 Atuação A experiência de fabricar produtos para grandes indústrias deu tão certo que a DuCôco decidiu ampliar sua área de atuação, ingressando no varejo em 1987. Assim, os consumidores já podiam ter em casa o Leite de Coco e o Coco Ralado com a mesma qualidade oferecida às grandes indústrias. O Leite de Coco é utilizado como matéria-prima em pratos especiais e é apresentado ao mercado em duas opções de embalagens: vidro e Tetra Pak. Em 1992, a Ducoco lançou a primeira embalagem com janela transparente em toda linha de coco ralado, permitindo a avaliação do produto no ato da compra. Motivada pela reação positiva dos consumidores, a Ducoco partiu para uma postura mais agressiva, aumentando seu leque de opções com dois novos produtos ainda sem similares no mercado: Flocos de Coco e Coco Queimado. 50 Em 1999, para completar sua família de produtos, a DuCOCO lançou a Água de Coco. Naturalmente isotônica, hidratante e pouco calórica a Água de Coco DuCôco. Em menos de um ano, a Água de Coco conquistou os prêmios Sial D'Or do Salão Internacional de Alimentação de Paris como melhor lançamento do Brasil e o Prêmio Abras como lançamento do ano na categoria bebida não alcoólica. Seguindo sua política de expansão, a DuCOCO adquiriu a empresa de derivados de coco Menina, incorporando suas fazendas e sua marca. Com isso, dobrou a capacidade de produção de matéria-prima própria e aumentou sua participação no mercado. 8.3 Faturamento Em 2007, as vendas externas representaram 5% do faturamento, alta de 12% em relação ao ano anterior. Apesar da valorização do real em relação ao dólar, o executivo afirmou que pretende continuar exportando. Só no primeiro trimestre deste ano, os embarques internacionais cresceram 30%. Os Estados Unidos compraram 60% do total vendido pela empresa no mercado internacional. O restante foi para Portugal e Angola, entre outros países. Hoje, 60% do faturamento da Ducoco vêm das vendas dos produtos derivados de coco (leite de coco, coco ralado, entre outros), 25% das vendas de misturas prontas (bolo, pudim) e 15% das vendas de água de coco. O detalhamento deste faturamento por região pode ser melhor observado na figura abaixo: 51 Figura 4 Faturamento por vendas internas da empresa DuCOCO Fonte: Do autor. O Sudeste, com maior representatividade no faturamento representa 40% das vendas. Em seguida temos o Centro-oeste com 20%. Nordeste e Sul empatam com 17% do faturamento total e a região-origem da matéria-prima vem somente com 6% do faturamento total da empresa. 8.4 Operação CrossDocking X CD Até o ano de 2007 a empresa DuCOCO atuava no mercado de distribuição de alimentos pelo Brasil utilizando-se de um CrossDocking como meio de estratégia logística pela alta rotatividade de suas vendas e também pela perecibilidade dos alimentos. A operação, visualizada na figura 5, funcionava da seguinte forma: a nota era faturada em Linhares, descia para São Paulo em carreta batida com várias outras notas. Estas notas eram descarregadas no CrossDocking e separadas por transportadoras. Estas coletavam e levavam para seus respectivos destinos. Esta operação era feita para entregas para o Sul, Centro Oeste, Acre Rondônia e São Paulo. 52 Para o Nordeste era feito um milkrun9 em 4 (quatro) transportadoras diferentes para que entregassem suas notas. Manaus era feito por cabotagem. E Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo as transportadoras responsáveis por essa regiões coletavam na própria fábrica em Linhares. Neste cenário as notas sempre eram faturadas em Linhares e distribuídas para o Brasil partindo deste ponto. Cada uma com um Lead Time referente a região. Distribuição com Cross Docking Legenda Fábrica Cross Docking Entrega Cliente Transferência Cabotagem Figura 5 Distribuição física com o CrossDocking Fonte do autor Os clientes começaram a reclamar do prazo de entrega. E como a mercadoria era transportada “batida”10, ocorriam muitas avarias, causando devoluções parciais e as vezes até mesmo totais. Na transferência havia muitas avarias por que na fiscalização era obrigado a abrir a carreta para a verificação física das mercadorias, o lacre era rompido e havia faltas também. Como esta 9 Milk Run consiste num planeamento de entregas, mantido por uma empresa de transporte, onde para cada dia a empresa realiza uma recolha dos componentes de cada fornecedor em quantidades pré determinadas com o objectivo de os entregar no fabricante. (Disponivel em http://books.google.com/books?id=YVW02D29n_8C&hl=pt-PT acessado em 21/10/2009) 10 Carga batida - É quando a carga é carregada e descarregada de forma manual, sem paletização. (Disponível em www.darj.aer.mil.br/caalf/Transportes.pdf, acessado em 21/10/2009) 53 nota estava já em São Paulo muitas vezes seguiam com falta para o cliente para não aumentar o lead time do pedido. Essa situação causou além de um gasto muito alto com logística reversa, fez com que vários clientes deixassem de comprar produtos da Ducoco para comprar de concorrentes. Acarretando um déficit no faturamento, principalmente para São Paulo e as regiões Sul e Centro-Oeste, que juntas correspondem a 57% do faturamento em vendas. 8.4.1 Implantação do Sistema Novo Para solucionar os problemas de avaria no transporte e prazos altos entre faturamento e entrega foi analisada a melhor opção custo x benefício. E foi decidido pela implantação de um CD no Estado de São Paulo. Como já existia o Cross Docking em funcionamento e a empresa contratada tinha infra estrutura foi escolhida a MestraLog para abrigar o CD da Ducoco em São Paulo. Distribuição com CD Legenda CD São Paulo Fábricas Transferencia (Nota interna) Entrega Cliente Cabotagem Figura 6 Distribuição física com o Centro de Distribuição Fonte do autor 54 Com o faturamento em São Paulo, o Lead Time de entrega para região caiu pela metade. Pois não dependia da transferência entre fábrica e CrossDocking. As avarias diminuíram porque os produtos vinham paletizados (figura 5) da fábrica, fazendo com que as avarias de transferência caíssem 92%. Por conseqüência as notas chegam com menos faltas e avarias no cliente final diminuindo a incidência de notas fiscais de devoluções. As devoluções por conta de prazo de entrega caíram 85%. Isto num prazo de 4 (quatro) meses de implantação. O custo dessa implantação foi alto. Os gastos logísticos cresceram 35% mais os valores da implantação. Porém na logística reversa os gastos (que vão desde o frete de devolução até o pagamento da nota fiscal devolvida) diminuíram 21%. De imediato os gastos logísticos saltaram para 33,75% do faturamento. E o custo de implantação (contratos, investimentos e burocracia) foi correspondente a 20% do faturamento da época. 8.4.2 Pós-processo de implantação Com a diminuição de ocorrências de entregas os clientes passaram a confiar mais nas entregas da Ducoco Alimentos que dessa forma começaram a comprar mais, e com uma ação de Marketing para estimular as vendas foi verificado um aumento no faturamento, sem o aumento significativo nos gastos logísticos. O gasto de implantação já não existe mais, somente restaram os gastos de manutenção que não se alteraram. Entre os meses de janeiro e julho deste ano o faturamento da Ducoco Alimentos cresceu 31% na comparação com o mesmo período em 2008. O índice supera a meta de crescimento de 28% estipulada para 2009. 55 Figura 7 Centro de Distribuição (movimentação produtos paletizados) Fonte: do site Figura 8 Centro de Distribuição Fonte do site. Com isso os gastos logísticos foram de 33,75% para 15% do faturamento mensal. As devoluções totais em comparação ao período de préinstalação diminuíram em 45%. 56 Tabela 3: Relação Custo-benefício com a implantação de um CD Antes Implantação Faturamento Bruto X* X Custos Manutenção CD 7% 9% Custos Logísticos 25% 33,75% Demais Custos da Empresa 65% 65% Implantação 0% 23% Lucro Bruto11 3% -30,75% Depois X** 9% 15% 65% 0% 11% (*)Viés de baixa (**)Viés de alta Fonte: Do autor. É notável o aumento nos custos decorrentes da implantação do novo sistema de distribuição, porém o retorno imediato com relação à redução das perdas é significativo e praticamente cobre estes gastos. Ao término da instalação é possível notar (conforme resume a Tabela 3) que o faturamento liquido quase quadruplicou enquanto que a redução dos custos logísticos se manteve em ótimo nível. 8.4.3 Visão Futura Com a melhoria do nível de serviço com a instalação do CD em São Paulo, a Ducoco está estudando uma implantação de um CD em Recife ou Fortaleza. Com esta implantação é pretendido o aumento das vendas para as Regiões Nordeste e Norte em 25%, reduzindo prazos e gastos com logística reversa. Pois esta é uma região delicada, com vários locais de difícil acesso fazendo com que os produtos perdessem a validade no processo de devolução por causa da morosidade do retorno. 11 Lucro Bruto simplificadamente, nada mais é do que o resultado positivo deduzido das vendas os custos e despesas. Diferença entre a receita e o custo de produção, incluindo-se os gastos com insumos, energia e outras despesas, mais impostos e remuneração dos empregados. Disponível em www.emater.df.gov.br/sites/200/229/agroinf/conceitosfinanc Acessado em 07/10/2009 57 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas revisões bibliográficas foi possível analisar que a logística é muito mais ampla do que somente uma ferramenta de redução de custos. É uma ferramenta estratégica que, alinhada ao marketing pode trazer melhorias ao processo de distribuição de uma empresa. O estudo detalhado de suas aplicações e retornos que vão desde processuais até financeiros permitiu que a empresa Ducoco Alimentos escolhesse a melhor opção para gerenciamento estratégico de distribuição num momento delicado de suas operações. As decisões gerenciais foram tomadas em torno do nível de serviço que se queria alcançar para o cliente. Optou-se por investir na logística, gerando custos altos de implantação num primeiro momento. Porém o retorno a curto e médio prazo foi realmente muito satisfatório, ultrapassando até mesmo as expectativas inicialmente previstas. A mudança fez com que diminuíssem as perdas com logística reversa e de reposições. Os prazos de entrega diminuíram e aumentaram as vendas tanto com clientes antigos como com novos clientes, aumentando a carteira e fidelizando-os à mesma. O investimento em logística, resultou em uma diminuição dos custos proporcionais em logística, tendo em vista o sucesso da inovação logística que aumentou o faturamento e a margem de lucro, mostrando que ao final de toda a implantação do Centro de Distribuição foi tomada uma ótima decisão gerencial para a empresa Ducoco Alimentos. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCANTARA, R. L. C. Logística, Nível de Serviço e Ciclo de Pedido Compreender para Otimizar. Disponível em: <www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T5401.PDF> Acesso em 20 de maio de 2009 ARAKADER, R. Custos Logísticos uma visão geral. Disponível em <http://www.multistrata.com.br/site-brasilian/biblioteca/custos_logisticos_2.htm> Acesso em 10 de outubro de 2009 ARNOLD, J. R.. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 1999. BALLOU, R.H. Business logistics Management. Prtntice-Hall, Inc. 4th ed. 1999. BALLOU, R. H. Logística Empresarial – Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993. 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