SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL.setembro | outubro 2011.ano 11.n.º 42 Festa une cidade pág. 7 Qualidade garantida Obra de mais de 3 milhões de euros moderniza Mercado do Livramento, de onde sai a sardinha, eleita o melhor peixe de Portugal págs. 4, 5 e 15 Privatização da água e redução de autarquias preocupam págs. 11 a 14 Orgulho coletivo embeleza concelho pág. 8 Música passa de mão em mão pág. 18 2SETÚBALsetembro|outubro11 Acordo Ortográfico O “Setúbal – Jornal Municipal” é escrito de acordo com as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa aprovado em 1990, que tem de entrar em vigor no País até ao início de 2014. Pedimos a compreensão por qualquer lapso resultante da adaptação e das dúvidas que ainda subsistem. SETÚBAL o 11.n.º 42 | outubro 2011.an IPAL.setembro JORNAL MUNIC Festa une cidade pág. 7 a d i t n a r a g e d a d i l Qua Obra de mais de 3 milhões de euros moderniza Mercado do Livramento, de onde sai a sardinha, eleita o melhor peixe de Portugal tarquias preocupa ua e redução de au ág da o çã iza at iv Pr págs. 4, 5 e 15 págs. 11 a 14 o Orgulho coletivho embeleza concel pág. 8 Música passa de mão em mpágão . 18 sumário 4 PRIMEIRO PLANO O Mercado do Livramento está renovado, mas mantém a tradição da qualidade dos produtos. A requalificação também avança no Fórum Luísa Todi e moradores repararam prédio na Bela Vista. 6 LOCAL O Bosque do Centenário é um novo espaço de lazer num concelho que comemorou com entusiasmo o feriado municipal. A privatização da água é um cenário que preocupa a Autarquia. 9 FREGUESIA Anunciada e Santa Maria foram as mais recentes freguesias por onde passou o “Ouvir a População, Construir o Futuro”. A Junta de S. Simão criou um estaleiro e a do Sado recupera entrada no Faralhão. 10 AMBIENTE Terrenos baldios estão a ser limpos no âmbito de um plano de desmatações. O combate a doenças que afetam o arvoredo do Concelho é outra das áreas de atuação em termos ambientais. 11 PLANO CENTRAL A campanha “Setúbal Mais Bonita” foi um exemplo de cidadania. Sete mil pessoas de todas as idades participaram nas ações de voluntariado que, em muitos casos, foram propostas por munícipes. 15 TURISMO Setúbal tem o melhor prato de peixe do País, a sardinha assada, eleita uma das 7 Maravilhas da Gastronomia. A ostra é outra iguaria de excelência como ficou demonstrado num festival que foi um êxito. 16 INCLUSÃO O apoio aos sem-abrigo é desenvolvido em Setúbal através de uma rede de parcerias. Câmara Municipal e diversas entidades juntaram as mãos para enfrentar um problema que ganha novos contornos. 18 CULTURA O Mês da Música irradiou sonoridades por cada recanto de Setúbal, com iniciativas que abriram as portas a outras expressões artísticas. A Festa do Teatro é outro evento em destaque no Concelho. 19 DESPORTO O melhor treinador de futebol do mundo, José Mourinho, é o patrono da edição de 2012 de uma prova internacional de natação que decorre em Setúbal. A cidade discutiu a gestão desportiva. 20 EDUCAÇÃO A comunidade educativa foi recebida numa festa em que ficou a conhecer o que tem sido feito para a melhoria do parque escolar. O ano letivo conta ainda com apoios para diversas atividades. 21 ACADEMIA Projetos inovadores continuam a sair da Escola Superior de Tecnologia. Professora propõe desinfeção de águas com recurso a lâmpadas LED e aluna cria aparelho que facilita as análises ao sangue. 22 RETRATOS Praticamente todos os eventos de relevo contam com a presença de um “cameraman” que trabalha por gosto. António Simões da Silva ocupa a reforma a registar o presente para memória futura. 23 INICIATIVA São 15 anos a percorrer caminhos da cultura em passeios que contribuem para uma mente sã em corpo são. A aposta da SAL vai agora para rotas citadinas, no âmbito de protocolo com a Autarquia. 24 PLANO SEGUINTE O maestro Rui Serodio, pianista e autor de composições que inovaram dentro da tradição, deixa saudade e um vazio nas artes. A Fundação Escola Profissional de Setúbal completa 20 anos. informações úteis Câmara Municipal Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: DICI/Divisão de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Manuel Cordeiro, Marco Silva, Susana Manteigas Fotografia: Mário Peneque, Rui Minderico Paginação: Humberto F. Impressão: Sogapal Redação: DICI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: [email protected] Tiragem: 60.000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02 O Jornal Municipal é distribuído domiciliariamente no concelho de Setúbal pelos CTT. Em caso de deteção de alguma anomalia na distribuição, é favor contactar a nossa redação pelo telefone 265 541 500. Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica. Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência [email protected] Departamento de Administração Geral e Finanças | [email protected] Gabinete da Participação Cidadã [email protected] Edifício da Praça do Brasil Praça do Brasil, 17 265 547 900 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas [email protected] Departamento de Obras Municipais [email protected] Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Praça Almirante Reis 265 534 086 Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Belo Horizonte – Escarpas de Santos Nicolau 265 545 150 [email protected] SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 [email protected] Gabinete da Juventude Rua Amílcar Cabral, 12 265 236 168/9 [email protected] Turismo Museu do Trabalho Michel Giacometti Utilidade Pública Lg. Defensores da República Casa da Baía de Setúbal 265 537 880 Governo Civil Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 336 - 2º Av. Luísa Todi, 468 Casa Bocage 265 546 710 265 545 010 | 915 174 442 Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Rua Edmond Bartissol, 12 Loja do Cidadão Posto Municipal de Turismo - Azeitão 265 229 255 Av. Bento Gonçalves, 30 – D Rua José Augusto Coelho, 27 265 550 200 212 180 729 Museu Sebastião da Gama Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Rua de Lisboa, 11 Loja municipal “Coisas de Setúbal” Vila Nogueira de Azeitão Piquete de água 265 529 800 Praça de Bocage – Paços do Concelho 212 188 399 Piquete de gás 800 273 030 [email protected] Eletricidade 800 505 505 Casa do Corpo Santo espaços culturais Museu do Barroco Urgências Rua do Corpo Santo, 7 Biblioteca Pública Municipal 265 534 402 SOS 112 Serviços Centrais Intoxicações Av. Luísa Todi, 188 217 950 143 equipamentos 265 537 240 SOS Criança desportivos 808 242 400 Polo da Bela Vista Linha Saúde 24 Complexo Piscinas das Manteigadas Av. da Bela Vista, 10 808 242 424 Via Cabeço da Bolota 265 751 003 Hospital S. Bernardo 265 729 600 265 549 000 Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra Hospital Ortopédico do Outão Estrada Nacional 10, Pontes Piscina Municipal das Palmeiras 265 543 900 265 706 833 Av. Independência das Colónias Companhia Bombeiros Sapadores 265 542 590 Polo de S. Julião 265 522 122 Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) Linha Verde CBSS Piscina Municipal de Azeitão 265 552 210 800 212 216 Rua Dr. Agostinho Machado Faria Bombeiros Voluntários de Setúbal 212 199 540 Polo Sebastião da Gama 265 538 090 Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão Proteção Civil Complexo Municipal 212 188 398 265 739 330 de Atletismo de Setúbal Proteção à Floresta Estrada Vale da Rosa Fórum Municipal Luísa Todi 117 265 793 980 Av. Luísa Todi, 61-67 Capitania do Porto de Setúbal 265 522 127 265 548 270 Pavilhão Municipal das Manteigadas Comissão Proteção Crianças Cinema Charlot – Auditório Municipal Via Cabeço da Bolota e Jovens de Setúbal 265 739 890 Rua Dr. António Manuel Gamito 265 550 600 265 522 446 PSP Pavilhão João dos Santos Museu de Setúbal/Convento de Jesus 265 522 018 Rua Batalha do Viso Galeria de Pintura Quinhentista GNR 265 573 212 Rua do Balneário Dr. Paula Borba 265 522 022 265 537 890 editorial 3SETÚBALsetembro|outubro11 Mercado renovado numa Setúbal Mais Bonita Cento e trinta e cinco anos depois de ter aberto as portas pela primeira vez, o Mercado do Livramento, verdadeiro ícone de Setúbal e orgulho dos setubalenses, reabriu, no dia 11 de outubro, renovado e mais funcional, mais agradável, mais moderno. A reabertura aconteceu depois de um ano de obras e de funcionamento em instalações que, apesar do caráter provisório, cumpriram eficazmente o objetivo de acolher comerciantes e clientes num espaço onde todos se sentissem bem. Foi um ano difícil, de menos conforto e funcionalidade reduzida, mas sempre com a mesma qualidade na prestação dos serviços a que a nossa praça e os nossos comerciantes e operadores nos habituaram. Foi um ano de permanente diálogo e procura das melhores respostas para os comerciantes do Mercado do Livramento, eles que, afinal, são a verdadeira alma desta praça. Encerrada a primeira fase da obra, podemos afirmar, sem margem om os setubalenses para qualquer dúvida, que esta foi uma operação muito complexa, mas absolutamente bem sucedida. e azeitonenses unidos Complexa porque implicou a mudança de centenas de comerciantes e de toda a logística que os envolve, durante um ano, para um espaço etúbal e zeitão serão provisório, no qual foi necessário construir bancas e locais de venda ainda mais bonitas adequados às necessidades de cada um para que todos pudessem prestar, como sempre fazem, o melhor serviço. Bem sucedida porque, e isso foi óbvio ao longo do tempo em que o mercado funcionou em instalações provisórias, tudo correu bem, todos ficaram satisfeitos com os seus espaços, todos tiveram uma palavra a dizer no processo. Com a participação de todos concluímos a parte mais importante desta obra. Com a participação de todos fizemos um mercado melhor, fizemos uma cidade melhor. C , S A Os setubalenses e azeitonenses uniram-se. Juntos fizeram o concelho mais bonito, mais agradável. Juntos deram um exemplo de cidadania e provaram que têm a certeza de que uma cidade e um concelho melhor são possíveis. Saíram de casa no fim de semana de 24 e 25 de setembro armados de pincéis, trinchas, baldes de tinta, ancinhos e enxadas e fizeram mais cidade no embelezamento de espaços públicos. A mais poderosa ferramenta que levaram foi a vontade e a força para fazer com que o concelho que é a nossa casa fosse ainda mais bonito. A todos eles, às empresas, associações, coletividades, a todas as pessoas de boa vontade que fizeram Setúbal Mais Bonita, provando que são mais os que querem fazer bem do que aqueles que se empenham em sujar e destruir, a Câmara Municipal agradece. Um agradecimento profundo que queremos repetir no próximo ano, quando, no primeiro fim de semana de junho, se repetir esta iniciativa, que passa a ter periodicidade anual. Estamos já abertos a receber mais e novas propostas. Com os setubalenses e azeitonenses unidos, Setúbal e Azeitão serão ainda mais bonitas. Obrigada a todos! Presidente da Câmara Municipal de Setúbal 4SETÚBALsetembro|outubro11 Mercado ganha alma nova O Mercado do Livramento está como novo. O espaço comercial aumentou a qualidade com condições de funcionamento requalificadas. As melhorias continuam com a ampliação do edifício para a criação de uma zona técnica e há a possibilidade de construção de um novo parque de estacionamento primeiro plano O comércio tradicional ganhou outro fulgor no Mercado do Livramento, equipamento municipal histórico fundado há 135 anos e agora totalmente remodelado, com novas e melhores condições de funcionamento para operadores e clientes. A qualidade e a variedade dos produtos disponíveis, do peixe à carne, do pão e dos doces regionais aos produtos hortofrutícolas e vinhos, continuam a surpreender setubalenses e visitantes que mantêm o Mercado do Livramento no topo das preferências. Com renovadas dinâmicas e um novo conceito de funcionamento, o Mercado do Livramento, “verdadeiro ícone de Setúbal e orgulho dos setubalenses”, como sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na cerimónia de reabertura do equipamento, a 11 de outubro, apresenta-se “mais funcional e agradável”. As novidades saltam à vista assim que se entra. Os locais de venda, agora mais amplos, sem estruturas superiores e adaptados às exigências legais, permitiram implementar o conceito de espaço aberto, o que confere um efeito de panorâmica geral. As novas bancadas foram executadas em alvenaria e mármore. “Uma exigência dos nossos comerciantes que ajuda a preservar a tradição da praça de Setúbal e, num mundo estandardizado, a criar a diferença que se impõe e tanto agrada a quem aqui vem”, acentuou Maria das Dores Meira. A típica calçada portuguesa continua presente na alameda principal do Mercado do Livramento, onde foram colocadas quatro estátuas que retratam algumas das atividades dos comerciantes. As esculturas, da autoria de Augusto Cid, ofe- recidas à Autarquia pela Fundação Buehler ‑Brockhaus ao abrigo do mecenato, captam a atenção dos clientes, que não perdem a oportunidade de tirar uma fotografia com o talhante, a florista, a camponesa e o descarregador de peixe. As bancas de venda, com exceção de algumas mudanças, estão dispostas da mesma forma, com a venda de peixe ao fundo e a zona de produtores nas alas, enquanto as áreas de restauração e talhos continuam em lojas localizadas também no piso térreo. Os comerciantes do Mercado do Livramento são “a verdadeira alma desta praça, o verdadeiro motivo que atrai tanta gente a este espaço que, mais do que a vertente comercial, é um local de convívio de velhos e novos amigos e um ponto de encontro para setubalenses e forasteiros”, vincou a edil setubalense. O mercado foi reaberto após um ano de profundas obras e de funcionamento temporário em instalações que, “apesar do caráter provisório, cumpriram eficazmente o objetivo de acolher comerciantes e clientes num espaço onde todos se sentissem bem”, frisou a autarca, exprimindo, emocionada: “Valeu a pena.” A segunda fase de intervenções, com conclusão prevista para o final do ano, vai permitir ampliar o edifício do Mercado do Livramento com vista à criação de uma zona de cargas e descargas, áreas de frio, portaria, arrecadação, balneários e instalações sanitárias para os comerciantes e ainda mais oito lojas. Finalizada esta fase, os painéis de azulejos do Mercado do Livramento, que vão continuar protegidos durante as delicadas operações de demolição que ainda são necessárias, são alvo de operações de restauro, executadas por técnicos especializados. A presidente da Câmara Municipal revelou que foram iniciadas “negociações para adquirir um novo espaço para instalar um estacionamento dedicado ao mercado”, o que “muito contribuirá para melhorar os acessos a esta grande superfície comercial”. A empreitada “Requalificação e Modernização do Mercado do Livramento”, do PIVZRS – Programa Integrado de Valorização da Zona 5SETÚBALsetembro|outubro11 Ribeirinha de Setúbal, constitui um investimento global de 3 milhões, 206 mil e 265,16 euros, com uma comparticipação de 1 milhão, 183 mil e 524,43 euros de fundos comunitários através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. Comércio renovado O Mercado do Livramento reabriu após obras que, nomeadamente, integram uma nova estrutura de betão ao nível do primeiro piso, o que permitiu a ampliação da área das lojas. Foram executadas novas infraestruturas de águas, gás, esgotos e eletricidade e a cobertura foi substituída por painéis metálicos, mantendo-se a estrutura de acordo com o original. Todos os revestimentos de paredes, tetos e pavimentos foram substituídos, incluindo as lojas da zona norte. Os trabalhos da primeira fase da empreitada de requalificação do Mercado do Livramento incluíram também a recuperação dos vãos exteriores e da fachada exterior. “Temos um espaço em que a modernidade convive harmoniosamente com a tradição de um mercado fundado em 1876”, reforçou a edil. O mercado tem 30 lojas no piso inferior, onde funcionam talhos, cafés e uma garrafeira, e oito no superior, prevendo‑se a existência de esteticista, cafés, lojas de isco e artigos de pesca e um salão de cabeleireiro. Nas ilhas do piso térreo estão instalados 70 comerciantes de peixe, 38 de fruta e produtos hortícolas, sete concessionários de venda de pão, cinco de queijos, três de flores e cerca de 120 produtores de fruta e hortofrutícolas, espaço onde estão também incluídos três produtores de mel. A nova definição dos espaços de venda implicou a redução do total de bancas, resultante de conversações com todos os concessionários e respetivas associações para a redução e agrupamento do número de titularidades em função das características e da disposição das novas áreas. Moradores requalificam edifício Remodelação do Fórum na reta final A união fez o trabalho. Um grupo de moradores resolveu meter mãos à obra e realizou um conjunto de intervenções de requalificação nos espaços comuns do prédio que habitam. O número 12 da Avenida da Bela Vista, no bloco E2B, já veste outros tons. A iniciativa partiu de um grupo de jovens que, numa das sessões de apresentação do RUBE – Programa de Regeneração da Bela Vista e Zona Envolvente, responderam afirmativamente ao desafio lançado pela Câmara Municipal para apoiar a mudança da face do bairro. A ideia foi rapidamente materializada, tendo os moradores organizado, de forma autónoma mas com o apoio da Autarquia, um grupo de trabalho para a ação, que já está praticamente concluída. As intervenções realizadas na Bela Vista pelos moradores, que angariaram grande parte dos materiais, sendo outros cedidos pela Câmara Municipal, consistiram na reparação e consolidação de fendas, no remate de vários vãos de corrimão das escadas e na recuperação e pintura das caixas de correio e portões. A pintura de todas as áreas comuns foi outra das ações primordiais desta intervenção, faltando finalizar alguns locais, somente acessíveis através de andaimes. Também para mais tarde fica a execução dos degraus das escadas de acesso comum. Para complementar o trabalho desenvolvido pelos moradores, a Autarquia, no âmbito da regeneração do parque habitacional do Bairro da Bela Vista, está a preparar uma empreitada de requalificação exterior, com trabalhos de reparação de fachadas e pintura, do bloco E2B, composto por seis prédios, começando os trabalhos exatamente pelo número 12. O desafio lançado pela Câmara Municipal para a organização de grupos de moradores, apelando à participação dos munícipes na defesa e manutenção das habitações, continua a dar frutos. Estão já a ser constituídos outros grupos de moradores, mediados por interlocutores escolhidos pelos residentes, dispostos a arregaçar as mangas para executar as tarefas de recuperação. A Autarquia avançou entretanto, em setembro, com uma empreitada de 72 mil euros que visa a realização de intervenções no interior de diversas habitações da Bela Vista. As obras destinam-se a reparar defeitos e anomalias nas canalizações de abastecimento de água e nas redes de drenagem de esgotos, trabalhos que, em virtude da complexidade de execução, não podem ser assegurados pelos serviços municipais. Esta empreitada, que se estende até 2012, decorre em frações habitacionais em vários pontos da Bela Vista e pretende melhorar as condições de habitabilidade. A consignação da obra de modernização do Fórum Municipal Luísa Todi, realizada a 15 setembro durante as comemorações do Dia da Cidade, marca o arranque da fase final da intervenção, com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2012. No lançamento oficial da última fase da operação de requalificação do equipamento cultural, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, destacou a importância desta obra estruturante para o Concelho. “Vamos ter um Fórum Luísa Todi renovado e ampliado, para que Setúbal volte a estar no roteiro dos grandes espetáculos que percorrem o País.” A empreitada “Ampliação e Modernização do Fórum Municipal Luísa Todi”, projeto do ReSet – Programa de Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal, foi adjudicada à Alexandre Barbosa Borges pelo valor de 4 milhões, 279 mil e 461,71 euros, empresa que dispõe de um prazo máximo de execução de sete meses. “O valor final da adjudicação fica bastante abaixo dos cinco milhões e 830 mil euros previstos no caderno de encargos, o que representa, desde logo, uma importante economia de recursos para a Autarquia”, vincou a autarca, esclarecendo, ainda, que “até ao fim de 2011 as despesas do Fórum Luísa Todi apresentadas à entidade gestora dos fundos comunitários serão comparticipadas a 65 por cento”. O conjunto de intervenções programadas para o Fórum Municipal Luísa Todi, que dota este equipamento cultural das mais modernas condições de conforto para os espetadores e para a realização de iniciativas culturais, contempla a ampliação da caixa de palco e dos camarins e a criação de uma sala polivalente a construir por cima. A remodelação integral e apetrechamento do palco, a criação de um fosso de orquestra, a dotação do edifício com acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida, novos equipamentos de climatização, régie de som e luz e cabinas de tradução e um pequeno espaço destinado a crianças são outras ações programadas. “A primeira mudança que os utentes da sala vão sentir será, porém, a mudança da entrada principal do edifício para o alçado poente, onde ficará situada a nova bilheteira e se instalará um elevador que garantirá o acesso do público ao balcão”, explicou Maria das Dores Meira. O alçado nascente terá duas escadas exteriores independentes para saída de emergência da sala polivalente e acesso a zonas técnicas. É por este lado que se faz o acesso à nova sala polivalente, por elevador, área que terá um pequeno espaço de restauração com uma grande janela virada a sul, para o estuário do Sado e a península de Troia. 6SETÚBALsetembro|outubro11 Escola recupera fachadas Plantação da República Uma obra liderada pela Câmara Municipal, numa empreitada no valor de 150 mil euros, recuperou as fachadas do edifício da Fundação Escola Profissional de Setúbal. Os trabalhos incluíram a selagem e reparação de fissuras, a limpeza de superfícies e a impermeabilização e pintura de fachadas. As memórias da implantação da República estão no Bosque do Centenário. O mais recente espaço verde da cidade, em Vale do Cobro, que alia o conhecimento ao lazer, tem cem árvores e mais de meio milhar de arbustos dispersos por uma área superior a quatro mil metros quadrados Parque recebe investimento O Bosque do Centenário, espaço público de lazer que exalta os valores e a memória da implantação da República, é o mais recente investimento da Câmara Municipal na criação de áreas verdes, com a requalificação de uma zona expectante e descaracterizada. “É um monumento vivo que evoca a fundação da República Portuguesa e estimula, simultaneamente, atitudes de cidadania urbana”, sublinhou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na inauguração do equipamento, a 5 de outubro. A autarca sublinhou que o bosque é “mais um grande espaço verde no território do Concelho que dá continuidade a um vasto plano de construção e de beneficiação de parques, que, sendo uma necessidade imperiosa, revertem em contributo indispensável para o bem-estar de todos”. Localizado em Vale do Cobro, numa área confinada entre a Avenida das Descobertas e a Rua Cristóvão Colombo, o Bosque do Centenário resulta de um projeto de âmbito nacional, apresentado aos municípios pela Comissão para as Comemorações do Centenário da República. A área de intervenção, com mais de 4300 metros quadrados, conta com cem árvores de sete espécies autóctones e com 537 arbustos, plantas oferecidas pelo grupo Portucel Soporcel. O espaço possui ainda mais de três mil metros quadrados de relvados, além de diverso mobiliário urbano, como papeleiras e bancos, num investimento da Autarquia da ordem dos 67 mil euros que contemplou, também, a instalação de um sistema de rega automático, a criação de novos caminhos de ligação e a requalificação dos acessos circundantes. A iniciativa de construção do Bosque do Centenário inseriu-se também no programa municipal “Setúbal Mais Bonita”, que envolveu voluntários na plantação das árvores e arbustos, dia 24 de setembro. Na inauguração do novo espaço verde, num gesto simbólico, foi plantada a última árvore, ato a que se associaram membros do Executivo municipal e muitos populares. local Espaço de lazer revitaliza praceta Um conjunto de intervenções urbanísticas executadas pela Câmara Municipal requalificou a praceta interior à Avenida Avelar Brotero. “De um local descaracterizado fizemos um novo espaço de lazer para usufruto das populações”, referiu a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na inauguração da obra, realizada a 15 de setembro, no âmbito do Dia da Cidade. As intervenções, numa empreitada com um custo superior a 70 mil euros, incluíram a construção de novas acessibilidades, a definição de espaços verdes, a pintura de muros, a criação de estacionamentos e a pré-instalação do sistema de iluminação da rede pública. Neste local, por administração direta, ou seja, com recurso a meios técnicos e humanos da Autarquia, foram ainda instalados diversos impedimentos urbanos, nomeadamente pilaretes. O Azeitão Bacalhôa Parque já está dotado de redes de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais. As obras, realizadas por uma empreitada no valor de sete mil euros, também envolveram uma travessia para cabos de rede de baixa tensão e maciços de suporte para instalação de uma ponte pedonal. Vanicelos substitui coletor A Autarquia está a executar uma obra de criação de um novo coletor de águas residuais domésticas junto do Parque de Vanicelos, numa extensão aproximada de 160 metros. A intervenção, numa empreitada com custos superiores a 13 mil euros, visa retirar a antiga infraestrutura do domínio privado. Obra moderniza Vale de Cães Uma empreitada de requalificação urbana está a decorrer na zona de Vale de Cães, em Brejos de Azeitão, numa intervenção que abrange cerca de 20 arruamentos desta área habitacional. A obra, no valor de 691 mil e 372,08 euros, com um prazo de execução previsto de 18 meses, contempla a pavimentação de diversos arruamentos, a criação de lugares de estacionamento e investimentos ao nível de infraestruturas de água e saneamento. No lançamento da primeira pedra da intervenção, a 15 de setembro, no âmbito das comemorações do Dia da Cidade, a presidente da Câmara Municipal sublinhou a importância de uma “obra estruturante na resolução de vários problemas que há largos anos afetam” a zona de Vale de Cães, em S. Lourenço. “Depois desta obra de grande complexidade e relevância pouco fica a fazer nesta freguesia relativamente a este tipo de intervenções. É o princípio do fim dos grandes problemas destas populações”, referiu Maria das Dores Meira. Azeitão melhora acesso Uma empreitada no valor de seis mil euros melhorou as acessibilidades pedonais na Rua Poeta Sebastião da Gama, em Vila Nogueira de Azeitão. A obra incluiu a criação de lancis, o calcetamento do acesso e a aplicação de remates betuminosos entre o novo passeio e o pavimento existente. 7SETÚBALsetembro|outubro11 Medalhas distinguem cooperação O Dia de Bocage e da Cidade galardoou quem ajuda a tornar Setúbal melhor. As comemorações juntaram o Concelho em torno de iniciativas em que a cultura esteve em destaque Pessoas e instituições que se destacaram com ações recentes de contributo para aumentar o prestígio e o desenvolvimento de Setúbal foram galardoadas a 15 de setembro com a Medalha de Prata da Cidade, importante distinção honorífica do município. Helen Hamlyn, uma das distinguidas, pelo empenho e envolvimento na organização do Festival de Música de Setúbal, cuja primeira edição se realizou em maio, mostrou-se “comovida” e “honrada”. A presidente da fundação Helen Hamlyn Trust agradeceu e afirmou: “Não esqueçam que têm uma cidade preciosa, uma joia muito especial.” Nas cerimónias, realizadas no Salão Nobre dos Paços do Concelho, ponto alto das comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, o mesmo galardão foi atribuído a Hugo O’Neill, que, ao ser considerado um “cidadão notoriamente empenhado em fomentar a constante atração de apoios a projetos que revertem no desenvolvimento do concelho de Setúbal”, afirmou que a medalha era dedicada à memória dos seus antepassados, que, ao longo de três sé- culos, “ajudaram a pôr Setúbal ao mais alto nível no mapa da Europa”. Rui Nabeiro, presidente do Grupo Nabeiro/ Delta Cafés, viu os seus feitos beneméritos, como o contributo para a renovação das instalações da Casa da Baía, serem reconhecidos com a atribuição do mesmo galardão. “Amor com amor se paga”, ilustrou o empresário, afirmando que estava ali a “recompensa dada pela Câmara de Setúbal”. Outra Medalha de Prata da Cidade foi entregue ao Exército Português – Regimento de Engenharia 1 pela “disponibilidade mostrada” nomeadamente na concretização de várias ações no domínio da proteção civil e do planeamento de riscos no Concelho. Ações que, indicou o coronel de engenharia António Pato, tiveram uma “cooperação excelente”. A Medalha de Honra da Cidade, em diferentes categorias, foi atribuída Neils Fisher, Pedro Carneiro, Rui Serodio, José Miguel da Fonseca, fábrica de pasta de papel Portucel, Mário de Brito Pinheiro, Sociedade Filarmónica Providência, Clube Recreativo Palhavã, Dia de cultura O programa de comemorações do Dia de Bocage e da Cidade incluiu ainda uma atuação do grupo musical Tódicos, do Agrupamento Vertical de Escolas Luísa Todi, e uma homenagem a três dezenas de funcionários municipais que, “depois de uma vida dedicada à Câmara Municipal de Setúbal a fazer sempre o melhor”, se aposentaram entre setembro de 2010 e agosto de 2011, como destacou Maria das Dores Meira. A inauguração da exposição que assinala os 50 anos do Museu de Setúbal/Convento de Jesus, patente até 12 de novembro, na sede da Aerset, foi outra iniciativa, a par da cerimónia de entrega de prémios do XIII Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, iniciativa da LASA – Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, com o apoio da Autarquia, que distinguiu João Baptista Coelho, Manuel Branco de Matos e Catarina Alexandra Duarte Almeida. Confrades promovem Moscatel Pré-história a caminho da divulgação Um protocolo de colaboração entre as autarquias de Setúbal e Sesimbra, a Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (FBAL) e a Casa do Calhariz, celebrado em setembro, dá um avanço determinante na recolha de informação científica para a criação do futuro Parque Arqueológico da Arrábida. As sondagens arqueológicas de diagnóstico em sítios identificados na área da Serra do Risco, local da propriedade da Casa do Calhariz, onde se realizou a cerimónia de assinatura do protocolo, são uma das missões de uma equipa de trabalho da FBAL, que integra o Centro de Investigação e Estudo em Belas ‑Artes/Secção Francisco de Holanda. Lapa da Nazaré, Povoado da Idade do Bronze do Risco/Marmitas, Povoado Neolítico final/ calcolítico dos Prados, Povoado Neolítico antigo da Roça do Casal do Meio e Lapa da Cova são os locais a estudar, com o objetivo de recolher elementos científicos para a elaboração de conteúdos museológicos do futuro parque pré-histórico. José Luís Gonçalves, diretor da FBAL, salientou todo o trabalho efetuado, desde há quatro anos, com a elaboração da Carta Arqueológica de Sesimbra, permitindo identificar o património cultural, além do natural, como o Povoado do Bronze no Risco, um brinco de ouro e um santuário fenício na Lapa da Cova, e placas de madeira com escritos árabes, de SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social e, a título póstumo, a António Maria Eusébio, “O Calafate”, Ireneu Cruz e Carmelindo Vitorino Elias. há mais de mil anos, nas “grutas das janelas”, na Azoia. Recriação de povoados As câmaras municipais de Setúbal e de Sesimbra atribuem um subsídio de 45 mil euros cada, em parcelas anuais de 15 mil euros, até 2013, ano em que finda o protocolo, e prestam apoio na disponibilização de materiais arqueológicos, bem como de bibliografia. A recriação de povoados pré-históricos e o desenvolvimento de ateliers de tecnologias desses períodos, como o talhar a pedra, o fogo, a cerâmica e a tecelagem, são algumas valências apresentadas, que vão permitir um melhor entendimento da ocupação humana ao longo dos tempos. Outras ideias estão a ser pensadas, como a de permitir ao próprio visitante ser incluído no processo de construção de cabanas. A Confraria do Moscatel de Setúbal investiu 12 novos membros em juramento feito a 1 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, selado num brinde com vinho generoso centenário. A defesa, valorização e promoção do Moscatel de Setúbal foi o juramento dos mais recentes elementos, entre eles João Bosco Mota Amaral, antigo presidente da Assembleia da República, entronizado Confrade de Honra. Aníbal José Simões Coutinho, enólogo e crítico de vinhos, Agostinho Nuno de Azevedo Ferreira Lopes, deputado da Assembleia da República, a Câmara Municipal de Grândola, representada pelo presidente Carlos Beato, a Associação dos Escanções de Portugal, representada pelo presidente Manuel Henrique Miranda, e Luís Rodrigues, ex-deputado da Assembleia da República, foram entronizados Confrades de Mérito. Como Confrades Irmãos foram entronizados Mário Figueiredo, presidente da Adega de Santo Isidro de Pegões, Joana Ferreira Cordeiro Vida, da Venâncio da Costa Lima, André Mário Pinto da Cruz Meunier da Silva, gastrónomo e enófilo, Joana Isabel de Freitas Campos, da Casa Ermelinda Freitas, Luís Miguel Nunes de Oliveira da Silva, da Adega Cooperativa de Palmela, e Miguel Florindo dos Santos Cachão, da AVIPE. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria da Dores Meira, considera gratificante a Autarquia, um dos confrades fundadores, ter sido escolhida para a realização da cerimónia. “Temos esta confraria reforçada com personalidades tão importantes”, destacou. 8SETÚBALsetembro|outubro11 Estudo projeta entrada norte A Autarquia aprovou, a 19 de outubro, o Estudo Urbanístico da Entrada Norte da Cidade de Setúbal (EUENCS), instrumento de orientação elaborado com o objetivo de reorganizar uma área superior a 464 mil metros quadrados. O instrumento urbanístico, numa área delimitada pela Avenida Mestre Lima de Freitas, a norte, pela Rua dos Bombeiros de Setúbal, a sul, pela A2 e pela Avenida Pedro Álvares Cabral, a nascente, e pela Avenida Avelar Brotero, a poente, aponta uma reformulação viária, a criação de áreas de habitação e de serviços e de espaços de estacionamento e a instalação de zonas verdes de utilização coletiva. A reorganização “da principal entrada na cidade de Setúbal, transformando uma zona desqualificada e sem identidade num espaço de excelência”, sublinha o documento aprovado, é a principal meta do estudo, que assenta num modelo urbano equilibrado, com funções diversificadas. O EUENCS engloba os bairros Magalhães Mexia, dos Pinheirinhos e da CHE Setúbal, duas grandes superfícies comerciais (Jumbo e AKI) e ainda o Estabelecimento Prisional de Setúbal. O estudo propõe o reperfilamento da Avenida Antero de Quental, tornando-a numa via mais urbana e ligada ao peão, e a desclassificação do troço da A12 que entra no perímetro da cidade e a sua consequente integração na rede viária municipal. Centro auxilia no crescimento O acompanhamento de crianças de várias faixas etárias com problemas de desenvolvimento é o principal objetivo do Centro de Apoio e Desenvolvimento Infantil (CADIn), instituição de solidariedade social que possui, desde setembro, um polo em Setúbal. As perturbações de espetro do autismo, os défices cognitivos, a perturbação de hiperatividade e o défice de atenção, além de outros problemas de comportamento e dificuldades de aprendizagem, são as áreas mais trabalhadas no polo de Setúbal do CADIn, no Edifício Bocage, na Avenida 5 de Outubro, em instalações cedidas pela Câmara Municipal. Quadros de ardósia, almofadas e lápis coloridos são alguns dos objetos lúdico-pedagógicos utilizados pelas equipas de profissionais em sessões de intervenção especializada, cujo acompanhamento se desenvolve de acordo com a especificidade de cada perturbação, sendo a frequência dos acompanhamentos estabelecida de acordo com as necessidades e possibilidades da família. A pensar nas famílias com baixos recursos económicos, incapazes de suportar os custos dos serviços prestados pelo CADIn, foi criada uma bolsa social. Municípios repudiam privatização das águas A Associação Intermunicipal de Água da Região de Setúbal está contra a privatização do setor da água. Os municípios que integram esta entidade alertam para os impactes negativos da medida governativa e receiam o aumento de preços no acesso a este bem essencial Os municípios que integram a Associação Intermunicipal de Água (AIA) da Região de Setúbal manifestaram, em declaração conjunta, apresentada publicamente no início de outubro, a total oposição à privatização do setor da água através da venda da AdP – Águas de Portugal. A privatização, indica a declaração, “entregaria às multinacionais o controlo das componentes essenciais do abastecimento de água e saneamento”, uma vez que a AdP controla “as origens e captação de água da maior parte do País e numerosos sistemas completos de abastecimento de água e saneamento”. A total oposição à retirada de competências aos municípios, nomeadamente em matéria de água e saneamento, é manifestada na declaração, assim como os objetivos de privatização das políticas governativas em curso. Os impactes que esta medida tem nas populações, sobretudo ao nível do aumento de preços e tarifas de serviços, motivam a preocupação da AIA da Região de Setúbal. “Portugal encontra-se perante uma profunda ameaça aos direitos sociais das populações, com a implementação de políticas que conduzirão à desqualificação, desmantelamento e privatização de setores produtivos estratégicos da economia nacional e dos serviços públicos prestados às populações”, frisa o documento. Os municípios que integram a AIA da Região de Setúbal – Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal – reafirmam ainda a “intenção de criação do Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água em ‘Alta’ à Península de Setúbal”. O documento sublinha que o “conjunto dos municípios que integram a Península de Setúbal apresenta elevados níveis de cobertura para todos os indicadores do setor”. Nestes valores, salienta-se a cobertura de 99 por cento para o abastecimento de águas, 85 por cento para a drenagem e perto de 70 por cento para o tratamento de águas, valor que pode vir a aumentar assim que as novas estações de tratamento de águas residuais domésticas sejam construídas. “Estas conquistas materiais foram suportadas num regime tarifário com profundas preocupações sociais, numa estratégia e num esforço centrado nas reais necessidades das comunidades”, salientam os municípios. Redução de autarquias preocupa A intenção do Governo de reduzir o número de autarquias locais, medida incluída no Programa de Ajustamento Económico e Financeiro imposto pela “troika”, foi repudiada pela Câmara Municipal de Setúbal numa moção aprovada a 19 de outubro. “A extinção de autarquias, que em quase nada contribuirá para reduzir a despesa pública, não só acarretará novos e maiores gastos para um pior serviço às populações, como constituirá um fator de empobrecimento da vida democrática local”, assinala o documento. O texto sublinha que “as autarquias locais têm um importante papel na promoção das condições de vida local e na realização de investimento público, indispensáveis ao progresso local, no combate às assimetrias regionais e nas ações que contribuam para atenuar os efeitos da crise e em particular os reflexos sociais mais negativos do que a aplicação do atual programa de ingerência externa está a impor aos portugueses”. Velhice ativa à procura de caminhos A realidade existente e a procura de novas soluções para uma velhice salutar foram os principais assuntos em debate no encontro “Envelhecimento Ativo: Que Caminhos?”, realizado em setembro no Auditório Municipal Charlot. A importância do “envolvimento e esforço conjunto” na promoção da qualidade de vida da população sénior foi destacada pela presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, no encerramento do encontro, promovido pelo Observatório Sénior, organismo que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal, a Uniseti – Universidade Sénior de Setúbal e o Instituto Politécnico de Setúbal. A autarca referiu que o “envelhecimento ativo deve ser promovido quer a nível individual, quer coletivo”, reforçando, contudo, que “o investimento individual e das respetivas famílias carece de políticas e investimento comunitário”. Portucel abre portas ao público COMEMORAÇÕES. O Dia Internacional da Pessoa Idosa foi assinalado entre setembro e outubro com um conjunto de iniciativas promovidas pela Câmara Municipal, pelas juntas de freguesia e por outras instituições. Passeios, visitas a locais de interesse histórico, convívios e espetáculos culturais foram algumas das iniciativas realizadas. Moradores da Anunciada divertiram-se a assistir à revista “Rrasta parrta a crrise”. O grupo Portucel Soporcel promove, nos dias 12, 19 e 26 de novembro, visitas à nova fábrica de papel, que mostram algumas das principais áreas da unidade industrial. Sala de controlo, máquina de papel, sala e linha offset, armazém robotizado, linha cut size e área de expedição integram o circuito das visitas “Portas Abertas 2011”, iniciativa de aproximação da comunidade à empresa. Os interessados em participar na atividade, que decorre das 10h00 às 13h30, devem inscrever-se até dia 8 pelo telefone 800 100 088 ou em www.portucelsoporcel.com. O ponto de encontro é no Largo José Afonso, sendo o transporte assegurado em parceria com a Câmara Municipal. freguesia 9SETÚBALsetembro|outubro11 Juntos com a população A gestão municipal não é feita apenas nos gabinetes. Passa muito pelo terreno. O Executivo quer manter a proximidade com quem serve, os munícipes. Por isso, fez visitas, rua a rua, freguesia a freguesia. Os problemas foram apontados. Muitos foram resolvidos e os outros não estão esquecidos, como anunciou em reuniões nos bairros O projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro” está a levar o Executivo municipal a realizar um conjunto de reuniões públicas com a população das oito freguesias, depois de efetuadas visitas de levantamento de necessidades no terreno. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, acompanhada dos vereadores com pelouros, fala diretamente com os munícipes, apresentando soluções para as situações detetadas. O “Ouvir a População” já completou o ciclo de trabalho nas freguesias de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, de S. Lourenço, de S. Simão, do Sado, da Anunciada e de Santa Maria, faltando apenas fazer encontros com os munícipes de S. Julião e S. Sebastião. “Esta é uma reunião para conversar sobre o trabalho que tem sido desenvolvido e outros assuntos que ainda estão por solucionar”, explicou, na freguesia do Sado, o vereador do Urbanismo, André Martins, afirmando: “Assumimos a responsabilidade de tentar resolver os problemas das populações.” O projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro” é uma operação sem precedentes de aproximação dos munícipes da gestão autárquica que levou Executivo e corpo técnico da edilidade a percorrer, com minúcia, cada freguesia de Setúbal, para inventariação de necessidades. Depois são realizadas as reuniões com a população. Num dos dois encontros realizados no final de setembro na freguesia do Sado o vereador das Obras Municipais, Carlos Rabaçal, confirmou junto dos munícipes que “70 das mais de 200 situações identificadas nas visitas ao terreno já estão resolvidas”, adiantando novos investimentos programados a curto prazo. Noutra sessão, realizada em outubro, na Anunciada, a presidente Maria das Dores Meira, respondendo a uma munícipe que questionou sobre que projetos de modernização urbana têm ali sido concretizados, enumerou uma série de intervenções recentes, como a criação do Parque Urbano de Albarquel e da Casa da Baía, a requalificação da Rua da Saúde, a reabilitação do parque escolar e os arranjos de miradouros executados em parceria com a Junta de Freguesia. Alguns dos aspetos analisados referem-se a questões específicas de bairros e outras áreas públicas, relacionadas, nomeadamente, com o estado de conservação de arrua mentos e edifícios, soluções de estacionamento, iluminação e limpeza públicas, asfaltamento, abandono e requalificação de terrenos e manutenção de espaços verdes. Assuntos relacionados com sanea mento e drenagem de águas pluviais são outros exemplos das preocupações do programa “Ouvir a População, Construir o Futuro”, projeto que dá voz aos munícipes e promove uma cidadania ativa, possibilitando identificar problemas e resolvê-los, nalguns casos com intervenções simples mas que melhoram significativamente a qualidade de vida nos bairros. Estaleiro melhora serviços As condições de trabalho dos funcionários da Junta de Freguesia de S. Simão melhoraram com a criação de um estaleiro nas antigas instalações do mercado de Vendas de Azeitão, desativado há mais de dez anos. O equipamento constitui uma obra estruturante para o reforço do desempenho dos serviços prestados à população e de “grande importância” para S. Simão, destaca o presidente da Junta de Freguesia, João Carpelho. O autarca, salientando que o estaleiro “permite que os trabalhadores possam executar a sua atividade na freguesia com melhores condições de trabalho”, frisa igualmente que o equipamento “facilita a operacionalização dos serviços da Junta em prol da população e permite um maior controlo de materiais e consumíveis” usados nos serviços diários. O edifício é constituído por três áreas distintas, em concreto uma oficina, utilizada para efetuar pequenas reparações, um espaço de arrumos de equipamentos e materiais de consumo, instalada na nave central, e uma copa e uma zona de balneários para uso dos funcionários. No exterior foi criada uma zona de lavagem de equipamentos após a sua utilização. As obras de criação do estaleiro, realizadas pela Junta de Freguesia com apoio da Câmara Municipal de Setúbal, que fez o acompanhamento técnico, e do mecenato, constituem um investimento global de cerca de 90 mil euros. Faralhão requalifica entrada A Junta de Freguesia do Sado está a preparar um projeto para a Estrada de Santo Ovídeo, que visa requalificar a totalidade da principal via de acesso ao Faralhão. As ações a executar no âmbito desta intervenção incluem a criação de passeios e lancis e a instalação de sistemas de drenagem de águas pluviais. “Esta é uma intervenção importante pois assegura uma maior segurança na circulação de transeuntes e aumenta a imagem urbana daquela que é a principal entrada, na área nascente, do Faralhão”, explica o presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias. Paralelamente a esta futura intervenção, a Junta de Freguesia já avançou com a construção de um muro de suporte de terras na Estrada de Santo Ovídeo. A obra, concluída no final de setembro, revestiu-se de particular importância pois permite aumentar a segurança na circulação pedonal e melhorar as condições do trânsito rodoviário. As intervenções consistiram na limpeza do terreno, uma vasta área de canavial, e na construção de um muro de suporte, erguido em alvenaria, numa extensão de mais de cem metros lineares. 10SETÚBALsetembro|outubro11 Fonte Nova iluminada A Autarquia procedeu à limpeza e reparação de luminárias e à substituição de lâmpadas nas praças Machado dos Santos e Marquês de Pombal, depois de uma advertência dos comerciantes locais para a fraca iluminação pública. A limpeza de 37 luminárias nas duas praças e ruas de acesso, bem como a substituição de vidros danificados, casquilhos e lâmpadas foram os trabalhos executados, que implicaram um investimento de cerca de 1200 euros. Plano limpa terrenos A melhoria da imagem urbana e a diminuição do risco de insalubridade pública e de propagação de incêndio são objetivos do Plano Municipal de Desmatação. As ações decorrem em terrenos públicos e privados Mais de 70 ações de desmatação e limpeza de terrenos em vários pontos do Concelho foram realizadas no primeiro semestre do ano no âmbito do Plano Municipal de Desmatações. A melhoria da imagem urbana e a diminuição do risco de insalubridade pública e de propagação de incêndios são objetivos da estratégia de desmatação adotada pela Câmara Municipal de Setúbal. As zonas de Vale do Cobro, Monte Belo Norte, São Gabriel, Nova Azeda, Manteigadas, Mal Talhado e Variantes e os bairros Humberto Delgado, da Liberdade e do Peixe Frito foram alguns dos locais intervencionados, assim como a Saboaria e as quintas dos Bonecos, de Santo António e do Quadrado. As operações incluíram trabalhos de desmatação manual e mecânica, aplicação de herbicidas e limpeza de terrenos. Além da manutenção e limpeza de terrenos públicos expectantes, a Autarquia pretende que também os proprietários de lotes de terreno privados que se encontrem por urbanizar procedam voluntariamente à vedação e à limpeza dos espaços, tendo identificado mais de 200 situações incumpridoras. Neste sentido, a Câmara Municipal está a proceder à notificação dos particulares para o cumprimento desse desígnio. Sempre que tal não se verifique, os serviços municipais executam trabalhos de desmatação e limpeza coerciva, imputando, posteriormente, os custos aos proprietários. Com a execução do Plano Municipal de Desmatação, a Autarquia pretende resolver de forma programada e regular as situações existentes relacionadas com terrenos expectantes, prevenir eventuais situações de risco e prestar um serviço mais eficaz neste domínio, contribuindo para a salubridade e a melhoria da imagem do Concelho. Recolha de lixo melhora As mais recentes alterações na recolha de resíduos sólidos urbanos incluem a transição do serviço para a Autarquia no Montalvão, que passa a integrar o circuito da Anunciada, reformulado e com o horário alargado. O mesmo tipo de medidas foi tomado no Monte Belo Norte, na Azeda de Cima, na Nova Azeda e em Vale do Cobro, zonas do circuito de S. Sebastião. Já no Alto da Guerra há novos pontos de recolha nas estradas Nacional 10 e de Poçoilos. ambiente Ecologia move veículos Eliminar o mal pela raiz Mais de mil ações de controlo e tratamento de infestantes em árvores localizadas no domínio público estão a ser promovidas pela Câmara Municipal de Setúbal em consonância com as recomendações da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Os tratamentos para controlo da praga da galerucela do ulmeiro (Xanthogaleruca luteola), um infestante devastador para esta espécie, em número já redu zido no Concelho, que ataca a folhagem das árvores, foram os primeiros a ser efetuados, em final de junho. As ações de tratamento dos 69 ulmeiros foram realizadas através da pulverização de copas e troncos. Os tratamentos, que, caso seja necessário, são repetidos, visam, além do controlo da praga, salvaguardar árvores de valor patrimonial para o Concelho. A operação inclui, também, tratamentos fitossanitários para controlo de afídeos em várias espécies de árvores. Nesta tipologia de controlo, perto de 70 exemplares de tipuana tipu, os mais infestadas, foram já tratados no início de agosto. As intervenções são realizadas através de prestação de serviços, pelo período vigente de dois anos, com 800 ações de tratamentos e controlo a representar um custo que ronda os nove mil euros. Outra prestação de serviços, igualmente válida por dois anos, no valor de cerca de 7500 euros, destina-se à processionária do pinheiro (Thaumetopoea pityocampa schiff), lagarta causadora de graves alergias, com 350 tratamentos no outono e no inverno, por microinjeção no tronco das árvores infestadas. Demonstrações de veículos não poluentes e amigos do ambiente e sensibilização para o uso de transportes coletivos foram ações promovidas pela Autarquia no Dia Europeu Sem Carros, a 22 de setembro. O vereador André Martins aproveitou as atividades, na Praça de Bocage, para destacar investimentos na área, como a aquisição de viaturas ecológicas para a higiene urbana e a opção pela composição da frota municipal com veículos híbridos. Segurança motiva cortes Uma operação de limpeza e corte de centena e meia de pinheiros, previamente identificados, criou corredores de segurança junto de habitações e equipamentos de uso público em várias zonas de Pinhal de Negreiros, em Azeitão. A intervenção, que decorreu em setembro, foi motivada por reclamações de moradores, uma vez que o crescimento incorreto e o risco de queda dos espécimes punham em causa a segurança de pessoas e bens. 11SETÚBALsetembro|outubro11 A Câmara Municipal lançou o desafio e a comunidade civil disse "presente"! Eram necessários 500 voluntários, apareceram 7000. Empresas e instituições deram um contributo precioso. Tão valioso que equivale a um milhão de euros. Foi a primeira edição da campanha “Setúbal Mais Bonita”. Em junho de 2012 escrevem-se novas páginas da história da participação cidadã plano central Jornada bonita! M ais de sete mil voluntários participaram, entre 23 e 25 de setembro, na campanha “Setúbal Mais Bonita”, desafio lançado pela Câmara Municipal à população e a entidades públicas e privadas para sugerirem e realizarem projetos de requalificação urbana. A iniciativa teve início nas escolas, com o dia 23 completamente dedicado ao parque escolar do Concelho, em que alunos e professores abdicaram de horas de aulas para pintar e embelezar os estabelecimentos onde estudam e ensinam. Os dois dias seguintes, um sábado e um domingo, foram reservados aos restantes espaços públicos da maioria das freguesias de Setúbal, em que munícipes ou cidadãos com atividade profissional no Concelho destinaram o tempo livre para pintar, requalificar e arranjar todo o tipo de equipamento urbano. No total dos projetos aprovados pela Autarquia foi estimada a necessidade de cerca de meio milhar de voluntários para a execução das tarefas. Só entre sexta-feira e sá- bado a participação já se cifrava em cinco mil pessoas. Além da adesão, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, enalteceu o envolvimento de empresas e instituições que, na qualidade de mecenas, facultaram a esmagadora maioria do material usado na concretização das intervenções. “Se tivesse feito todas estas ações e com o que foi doado, a Câmara teria de pagar cerca de um milhão de euros”, sublinhou. O muro exterior e parte da fachada do Estádio do Bonfim foi uma das iniciativas desenvolvidas na campanha, que incluiu, em mais de cem ações executadas, intervenções tão significativas como a pintura do edifício do Clube Naval Setubalense, a recuperação de bancos e pintura de muretes e do coreto no Jardim da Algodeia e a plantação do Bosque do Centenário, novo espaço verde em Vale do Cobro. Setúbal está mais bonita em muitos outros locais, uns mais evidentes do que outros. Numa das principais portas de entrada na cidade, o muro da Estrada dos Ciprestes, no enfiamento da Avenida Antero de Quental, foi decorado por voluntários municipais com dezenas de figuras em formato de peixe e um cartaz que recorda o facto de Setúbal ser detentora de uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa: a sardinha assada. A campanha ganhou tal dimensão que Maria das Dores Meira anunciou, ainda durante o fim de semana em que decorreu o projeto, que uma nova edição já está a ser preparada para junho de 2012. “O leque de ações, além de manter o mesmo tipo de intervenções, também deve ser alargado, sendo um dos objetivos a pintura de fachadas na Baixa”, adiantou. A autarca, para quem “não é surpresa a excelente resposta da comunidade civil ao apelo da Câmara Municipal”, salientou que o projeto representa uma afirmação cabal da importância das autarquias locais, que substituem “muitas vezes e com melhor qualidade” a administração central. 12SETÚBALsetembro|outubro11 Foi muito mais do que uma campanha. Foi um apelo à cidadania. Foi um desafio ao trabalho em comunidade. Para lá do slogan “Setúbal Mais Bonita” ficou uma mensagem mais profunda. O Concelho é de todos e todos devem lutar por um Concelho melhor A semana de trabalho mal acabou de ficar atrás das costas, quando, no despertar do sábado, já se ouvem lixas a raspar bancos públicos da Praça de Bocage. O mobiliário urbano não está propriamente estragado, mas antes gasto e envelhecido pelo tempo e uso. Com o peito a inspirar brio e orgulho, voluntários setubalenses dão o corpo ao manifesto e abdicam das horas de descanso para transformar o lazer em horas de trabalho que resultam numa espécie de operação plástica do Concelho até ao final de domingo. Antes de começar a visitar a centena de ações previstas para a “Setúbal Mais Bonita”, a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, não deixa de se juntar à infindável lista de voluntários envolvidos na campanha e também agarra na lixa para preparar o envernizamento dos bancos da praça central, dedicada a Elmano Sadino. Pelo caminho, curiosos perguntam ao grupo do que se trata a atividade. “Não me diga que não ouviu falar na ‘Setúbal Mais Bonita’?”, indaga um dos voluntários. “Não, mas isso também não é novidade nenhuma. Toda a gente sabe que a minha cidade é a mais bonita”, responde a transeunte, que, de premeio, aproveita para perguntar: “E onde é que posso arranjar mais lixas?...” Entre os dias 24 e 25 de setembro foi fácil encontrar munícipes e até cidadãos de outros concelhos a trabalhar em uníssono para que Setúbal ficasse de cara lavada, mais agradável e apelativa para se viver e trabalhar. Nos bastidores e preparativos para a campanha, foram várias as empresas e instituições que responderam ao desafio lançado pela Câmara Municipal e contribuíram com uma lista quase infindável de materiais para Todos a alind que o fim de semana de voluntariado e participação cidadã fosse, mais do que uma realidade, um êxito. Simples mas eficaz Nos campos de ténis de Vanicelos são vários os bancos de jardim alvo de intervenção de embelezamento a meio da manhã de sábado. Sónia, funcionária da Autarquia, veio do Pinhal de Novo de propósito para se juntar à festa. “Estou aqui por amor à camisola. É tempo bem passado junto das minhas colegas, mas se fizessem isto onde vivo também aderia. A ideia é muito gira”, conclui. Alguns metros à frente, junto da entrada de um dos campos de ténis, está João Sanona, na casa dos 30 anos, com dificuldades de locomoção, encarregado de construir uma rampa de acesso para deficientes. “Fiquei a saber da campanha através do clube e do Facebook da Câmara. Aqui, havia uma rampa de madeira já estragada. Agora vamos fazer uma de cimento.” E mais bonita, claro está. Nas imediações, o Agrupamento de Escuteiros 118 trabalha afincadamente na pintura da sede que encerra um dos lados da Praceta Florbela Espanca. Bruno Cosme coordena cerca de trinta pessoas, entre jovens e adultos, e sublinha a boa hora em que a Câmara fez o convite. “A ideia é tão simples, mas ao mesmo tempo muito eficaz: pôr todas as pessoas a contribuir para que possamos viver num mundo melhor.” Dentro da sede, Miguel Grossinho já sua ao tentar retirar umas grades de janelas para posterior pintura. Miguel não pertence aos escuteiros, mas sim os filhos. Curiosamente, o engenheiro eletrotécnico, que está ali após “recrutamento” familiar, chegou antes dos próprios descendentes, entusiasmado com a ideia de passar algum tempo a fazer bricolage, de que tanto gosta, mas também a “contribuir para uma boa causa”. Boa vontade ajuda Ainda a manhã não acabou, quando uma das ações mais emblemáticas está já perto da conclusão. Numa das principais portas de entrada da cidade, na Estrada dos Ciprestes, na interseção com a Avenida Antero de Quental, nasceu um muro renovado e cheio de orgulho. Da carcaça antiga, sensivelmente meia centena de voluntários, funcionários da Câmara Municipal, pintaram 180 metros de parede com figuras em formato de peixe, aludindo ao recente galardão atribuído ao Concelho pela maravilha da sardinha assada. Lénia Guerreiro, coordenadora do grupo, esclarece que, apesar das dimensões, não foi difícil concretizar o projeto. “Com boa vontade, tudo fica mais fácil.” Os exemplos de voluntariado e de esforço pelo aumento da autoestima urbana repetem-se um pouco por toda a parte. Em Vale do Cobro são plantados 4500 metros quadrados com 98 árvores autótones. O par de espécies em falta para se atingir o número redondo que compõe o Bosque do Centenário fica guardado para as comemorações da República, a 5 de outubro. Fernando Jorge, um dos voluntários “jardineiros”, sublinha o essencial: “Todos, sejam entidades ou população, devem contribuir para que o espaço que é de todos fique mais arru mado”. E assim foi durante três dias, se contarmos com o 23 de setembro, dedicado principalmente ao parque escolar do Concelho. 13SETÚBALsetembro|outubro11 dar a casa comum Testemunhos voluntários Andreia PINA 14 anos, estudante Aprendi a ter mais prazer ao olhar para a escola depois de a ajudar a pintar. João Sanona 32, analista de solos Não custa nada participar nesta iniciativa. É com todo o prazer que aqui estou. Miguel Grossinho 42, engenheiro eletrotécnico Vim por causa dos meus filhos. Eles ainda não chegaram. Na freguesia do Sado pintaram-se abrigos de autocarro. Na EN10 plantaram-se magnólias, aproximando a natureza do alcatrão. Nas Casas de Azeitão moradores deram as mãos e requalificaram centenas de metros quadrados de muro sujo e, por vezes, vandalizado. No Largo José Afonso crianças integradas no programa de inclusão social “Escolhas” aprenderam que fazer da cidade um local mais aprazível também pode ser uma importante forma de inclusão social. A “Setúbal Mais Bonita” requalificou não apenas muros, coretos, bancos de jardim e tantos outros equipamentos urbanos. O Concelho fez-se mais bonito através dos sorrisos que se uniram em torno de um sentimento que aparenta estar por vezes esquecido, mas que, pelos vistos, está bem vivo debaixo da pele de quem conhece a terra sadina: amar Setúbal. Os números da beleza A organização e a dimensão dos três dias da campanha “Setúbal Mais Bonita” foram impressionantes. Alguns factos, traduzidos, na maior parte, em dados estatísticos, refletem os recursos técnicos e humanos necessários para que o projeto se tornasse uma realidade e um exemplo para o mundo do poder da participação cidadã. 7000 110 29 1516 600 7 22 266 2 7484,5 voluntários associaram-se às iniciativas agendadas para a campanha. ações propostas pela comunidade civil e aceites pela Autarquia, mas muitas outras ficaram por contabilizar. estabelecimentos de ensino públicos e privados foram embelezados. sandes foram distribuídas em sacos de lanche, compostos por um pão com queijo, uma água e uma peça de fruta. madalenas reforçaram os lanches servidos nos turnos da tarde. carros utilizados nos vários circuitos de distribuição de comida. funcionários voluntários da Câmara Municipal responsáveis pela distribuição dos lanches. almoços servidos apenas pela Câmara Municipal. barquinhas, veículos equipados com cestos elevatórios, foram utilizados nos trabalhos. litros de tinta e diluente usados obrigaram à distribuição de: 534 rolos, 25 escovas de aço, 464 tabuleiros, 12 vassouras, 2 escadotes, 13 andaimes, 73 folhas de lixa e 1202 trinchas e pincéis. Luís Castela 53, técnico de instrumentos Não me faz confusão estar cá a um sábado. A Câmara que desafie mais vezes, que eu cá estarei. Luís Campos 68, reformado Vim para cá com o meu filho e o meu neto. Amanhã há mais? Cá estaremos! Patrícia Silva 36, técnica social Esta é uma campanha em benefício de todos. Inclusivamente, favorece a inclusão social. PEDRO COSTA 19, estudante Este tipo de ação envolve muito a população e ajuda a aproximar as pessoas da cidade. 14SETÚBALsetembro|outubro11 Aula de cidadania As aulas pararam, não por gazeta, mas porque foi dia de embelezar a escola. Nalguns estabelecimentos de ensino até se trabalhou ao fim de semana. Pátios e muros ficaram mais agradáveis. Alunos, professores e, nalguns casos, encarregados de educação foram os artistas. A autoestima nunca esteve tão alta De pequenino se torce o pepino. O provérbio, por muito gasto que esteja, comporta a verdade perene de que os valores ficam mais gravados na personalidade de um adulto quando instruídos em criança. Perto de 30 escolas do Concelho, públicas, privadas e de quase todos os níveis de ensino, participaram na campanha “Setúbal Mais Bonita”. A manhã ainda é nova quando, no dia 23 de setembro, sorrisos e pincéis a pingar tinta correm desenfreadamente pelo pátio da EB1 da Bela Vista para ver onde se pode dar mais uma pincelada artística. Crianças dos 6 aos 10 anos têm a oportunidade de pintar colunas e paredes da escola, decorando-a a gosto. O pátio nem precisa de grandes arranjos. Mas o trabalho coletivo entre corpo docente e alunos esconde algo mais precioso: a elevada autoestima criada na comunidade e o prazer em voltar à escola todos os restantes dias do ano letivo. O Eduardo, 9 anos, ainda se digna a afirmar que pintou muito, antes de arrancar com o rolo, sem aviso e sem terminar a frase, em direção a uma coluna necessitada de uma demão de branco. O Ruben, 10 anos e mais calmo, aguarda na expectativa de poder dar as primeiras pinceladas. No breve descanso que dá à atenção que presta a ver se chega a sua vez, explica que gosta muito do que está a fazer.“É bom deixar a escola mais bonita.” Este é o sentimento que se procura. Lídia Machado, professora de atividades de enriquecimento curricular na EB1 dos Pinheirinhos, onde também decorre a campanha, sublinha que “é sempre bom este tipo de sensibilização, porque as crianças chegam a casa e levam tudo à risca, influenciando a família”. Para a docente “é importante incutir em pequeninos estas noções de cidadania e preservação do espaço que é de todos. Esta é a nossa missão, formar bons cidadãos”. A diretora da EB1 dos Arcos, Lígia Figuei- redo, sublinha, igualmente, outro mérito da “Setúbal Mais Bonita”, o facto de ser uma “iniciativa humana e que cria nas crianças, que passam tanto tempo da escola, um sentimento forte de propriedade”. Perspetiva partilhada por Carla Vinagre, presidente da associação de pais daquele estabelecimento de ensino. “A maioria dos pais vê com muito bons olhos esta iniciativa. Aceitaram extremamente bem. É um projeto muito interessante e sem dúvida que devia haver mais atividades destas”, sublinhou. Dos mais novos aos mais velhos, os efeitos benéficos da campanha são transversais. O professor de Educação Visual Luís Ribeiro, da EB 2,3 de Bocage, realça que todo o trabalho de voluntariado é útil para a sociedade. “Neste caso é também relevante na formação dos jovens, para adquirirem noções de regras sociais e de inclusão social.” O docente coordena os trabalhos de pintura de um muro dedicado ao tema “Arte Urbana”, que conta com a participação de alunos dos 12 aos 15 anos de diferentes turmas. Andreia, 14, e Neuza, 12, partilham opiniões. “Isto é um trabalho de todos. Se alguém estragar, claro que vou lá chamar a atenção”, salienta a primeira, enquanto a colega frisa que “é sempre giro e bom participar numa iniciativa em que a escola fica mais bonita”. Situações há em que se trabalha, por gosto, nos três dias da campanha e não apenas na sexta-feira reservada às escolas. Este é o caso da EB1 de Brejos do Clérigo, Azeitão, onde, até domingo, participam por gosto e iniciativa própria 74 crianças e 15 adultos nas pinturas decorativas e do campo de futebol. Na Escola Profissional de Setúbal há mesmo manifestações de júbilo. “Quando a nossa carrinha chegou os alunos começaram a aplaudir. Isto é demonstrativo da adesão e do carinho que a campanha gerou”, relata Nuno Costa, da Junta de Freguesia de S. Sebastião. E talvez seja bom guardar e alimentar as memórias destes três dias. No final, todos ficam a ganhar com o trabalho de todos. 15SETÚBALsetembro|outubro11 turismo Ostra em boas mãos Ao natural ou com uma confeção mais requintada, a ostra do Sado esteve em destaque entre o final de setembro e o início de outubro numa iniciativa composta por diferentes ações que aliaram a degustação do molusco às artes. O “Festival da Ostra”, organizado pela Autarquia, chegou às ementas de 25 restaurantes de Setúbal, com muitas propostas. “A degustação de ostras ao natural é a mais comum em Portugal. Aqui, damos um toque mais latino a estes bivalves, muito fáceis de trabalhar e que ficam bem com inúmeros ingredientes”, salientou o chef Tozé, da “490 Taberna Latina STB. A originalidade e a descoberta de combinações gastronómicas foram também exploradas no restaurante “O Miguel”, com ostras pingadas com sumo de romã, com recheio de sapateira, gratinadas, ao natural e ainda em canjinha. Acompanhadas de pão barrado com manteiga, as ostras servidas no “Kefish” foram complementadas com molho de vinagre balsâmico com chalotas para contrastar o sabor. O festival incluiu outras iniciativas, como a sessão “Ostras com Sentidos”, na Casa da Baía, com um workshop conduzido por Óscar Fernandes e Miguel Peixoto e uma exposição da artista plástica Paula Lima, atividade em que participou uma centena de pessoas. Sensivelmente o mesmo número de pessoas esteve presente no “Ostra Party”, também na Casa da Baía, com Mário de Brito Pinheiro a destacar a importância histórica deste molusco e a crescente integração no setor comercial e da restauração. A sessão gastronómica contou com um apontamento musical de blues do grupo Eddie&Charlie. Antes, no mesmo local, o chef italiano Gemelli fez uma exibição de culinária envolvendo receitas em que a ostra era o ingrediente principal. Na Herdade da Mourisca, houve uma mostra com degustação na ObservaNatura, certame de promoção da observação das aves nas vertentes turística e ambiental. Sardinha aumenta prestígio da região Vinho servido com arte O top 7 da gastronomia portuguesa conta com aquela maravilha a pingar no pão e Setúbal é o sítio ideal para comê-la. A “nossa” sardinha assada é mesmo o melhor prato de peixe de todo o País. O Concelho está de parabéns e orgulhoso com a distinção A eleição da sardinha assada de Setúbal como uma das “7 Maravilhas da Gastronomia” traz “prestígio acrescentado” ao Concelho, considera a presidente da Câmara Municipal. “Acho que foi com toda a justiça que fomos premiados nesta nomeação”, salienta Maria das Dores Meira. “A nossa sardinha faz parte da alma de ser setubalense”, refere a autarca, salientando que “o peixe de Setúbal é dos alimentos mais procurados”. A sardinha, em particular, é uma “pérola de Setúbal”, acentua, com qualidade certificada internacionalmente em 2008, que, graças aos votos dos portugueses, ganhou o concurso “7 Maravilhas da Gastronomia” na categoria de melhor prato de peixe, juntando-se aos vencedores das outras categorias, a alheira de Mirandela, o queijo da Serra da Estrela, o caldo verde, o arroz de marisco, o leitão da Bairrada e o pastel de Belém. “Felizmente que os portugueses de Norte a Sul do País ajudaram no reconhecimento da sardinha de Setúbal”, refere Maria das Dores Meira em jeito de agradecimento pelos votos, uma vez que a divulgação e promoção do produto setubalense foi limitada devido às dificuldade financeiras do Município. A autarca acredita que o facto de o Portinho da Arrábida ter vencido em 2010 o concurso “7 Maravilhas Naturais de Portugal” na categoria “Praias e Falésias” teve influência no resultado da sardinha assada. “Juntar às maravilhas naturais uma maravilha gastronómica vai continuar a ter repercussões”, congratula-se Maria das Dores Meira, otimista com a promoção turística da região. A autarca participou, dia 10 de setembro, em Santarém, na cerimónia de anúncio dos vencedores, afirmando na ocasião que “Setúbal e os setubalenses agradecem a distinção”, tanto mais que “a sardinha é a alma dos setubalenses”. Agradeceu ainda à organização do concurso “7 Maravilhas da Gastronomia”, promovido pela New 7 Wonders Portugal, a oportunidade que o evento proporciona de “dar a conhecer o que é português ao mundo”. Fernando Tomé, padrinho da candidatura da sardinha assada, dedicou o prémio “aos pescadores de Portugal e em especial aos de Setúbal”. Na gala, transmitida em direto pela RTP 1, concorriam os 21 finalistas à eleição das “7 Maravilhas da Gastronomia”, concurso que envolveu um processo de votação dos portugueses desenvolvido ao longo de quatro meses, com quase um milhão de registos. O vinho é exaltado em experiências únicas que harmonizam a gastronomia com manifestações artísticas graças ao “Vinum Senses”, que está a percorrer os espaços dos 37 produtores vitivinícolas da Península de Setúbal. Este projeto de promoção enoturística, organizado pela Câmara Municipal em parceria com as empresas do setor, desenvolve, desde julho, uma sessão por mês, que, dependendo do formato, pode começar ao fim da tarde ou já de noite. Os participantes são brindados com vinhos de qualidade, da respetiva adega, que acompanham ementas surpreendentes, e assistem a espetáculos que variam a cada sessão, do fado à ópera, passando pelo bailado. Depois da Quinta do Alcube, da José Maria da Fonseca, da Casa Ermelinda de Freitas e da Bacalhôa Vinhos de Portugal, segue-se, em novembro, a Casa Agrícola Horácio Simões, dia 25, às 22h00, num evento que junta os vinhos desta adega da Quinta do Anjo, Palmela, a um espetáculo de dança das Hijas del Flamenco. A compra e a reserva dos bilhetes para qualquer sessão do “Vinum Senses” podem ser feitas pelo endereço [email protected], pelo telefone 265 545 010 ou na Casa da Baía. 16SETÚBALsetembro|outubro11 Pessoas temporariamente Ao certo não se sabe quantos são. Os rostos, esses, podem estar cobertos pela fingida normalidade quotidiana. Ou expostos sem vergonha. Aos sem-abrigo já nada resta. Ou quase nada. Já não são só os que dormem na rua mas também os que se deitam debaixo de um teto que deixa passar o silêncio da noite inclusão B runo pôs gravata, não para a fotografia mas porque vai à procura de trabalho. Com traquejo nas palavras, diz ocupar, há “sensivelmente” um mês, uma das 14 camas do centro de acolhimento temporário da Cáritas Diocesana de Setúbal. Partilhar um quarto com outras pessoas “não é difícil”. O que custa é pensar que já teve um só seu. Embora sejam 14 pessoas todas diferentes umas das outras, Bruno é só mais um entre iguais. Mais do que a igualdade medida em cada mão‑cheia de nada, é o teto que os abriga o denominador comum destes homens. Bruno é, como os outros camaradas, um sem-abrigo. Mas está longe de ter a figura estereotipada do homem em farrapos, descalço, barba grande e cabelo desgrenhado, a dormir ao relento em qualquer banco de jardim. Este é um jovem de 31 anos que perdeu o emprego em Lisboa e regressou a Setúbal à procura da família em busca de apoio. Os familiares nada puderam fazer por ele. Sem alternativa bateu à porta da Cáritas. Os dias são passados à procura de trabalho. “Ainda não perdi a esperança”, assegura ao verbalizar uma fé que não se esgota com o passar do tempo. As horas que restam dessa busca incessante reserva-as a ler, a escrever ou a desenhar. Embora diferente, a história de Ludgero, o mais novo membro da camarata, levou-o a cruzar-se com Bruno, há mês e meio, no centro de acolhimento. O jovem açoriano deixou a casa dos pais, na Ilha Terceira, há cerca de quatro meses, para encontrar trabalho no continente. Não encontrou. Bateu a muitas portas. A única que se abriu foi a da casa de uma prima, onde ficou alojado quando chegou a Setúbal, para depressa se fechar, pouco mais de um mês depois, e encaminhá-lo para uma saída que o deixou sem abrigo. Bateu a muitas portas e a da Cáritas, na Praça Teófilo Braga, onde funciona a valência de acolhimento aos sem-abrigo “Tornar a Ser” abriuse, proporcionando-lhe um teto. A fuga dos Açores deste jovem com 24 anos tem por trás a homossexualidade assumida mas não aceite pelo pai. “Lá ainda é tabu”, lamenta Ludgero, perentório na recusa de um regresso à ilha. Apenas a mãe lhe envia “tabaco e algum dinheiro”. Com o 4.º ano de escolaridade, sem trabalho, mas com conhecimen- to de línguas e informática, como frisa, Ludgero, que não recebe qualquer tipo de subsídio, viu uma oportunidade para fazer o 9.º ano, através do Centro de Emprego. Até que outras oportunidades surjam, permanece no centro que o acolhe, onde desabafa com o pessoal que lá trabalha. “Não tenho nada a esconder”, confessa, sem amargura na voz, dando “graças a Deus” por ter um abrigo. Ciclo de pobreza Das 14 camas, uma é para uma situação de emergência. Todas estão ocupadas. A camarata, que pode ser um quarto temporário, no máximo por seis meses, está sobrelotada por homens, de todas as idades, a maioria ainda proveniente da rua. “É o sem-abrigo ‘tradicional’”, explica Isabel Monteiro, diretora do Centro Social S. Francisco Xavier, da Cáritas Diocesana de Setúbal, onde funciona o centro de acolhimento, que salienta estar a assistirse a uma mudança de conceito. “Há por trás um ciclo de pobreza que é necessário cortar”, denota, afirmando que “muita gente se habituou a viver desta forma”. Não porque o queiram assim, mas porque a “sociedade permitiu que vivessem assim”. O centro de acolhimento temporário aos sem-abrigo não se limita a proporcionar teto, comida, cama e roupa lavada. Ali delineia-se um projeto de vida individual que encaminhe, nem sempre para a família, mas para a instituição mais apta a responder às necessidades de cada um, seja um serviço de saúde ou um lar de idosos. Por outro lado, este ciclo que se quer cortar não se prende propriamente com a pessoa. E a pergunta impõe-se: o que está por trás de um sem-abrigo? Estão as dependências, prevalecendo o álcool às outras substâncias, e um outro fator, muitas vezes descuidado: as doenças psiquiátricas. “Isto está a surgir abruptamente”, alerta Isabel Monteiro. Nestes casos, despidos de competências anímicas e pessoais, o ciclo não quebra sem os devidos cuidados e tratamentos psiquiátricos. Mas respostas acertadas e ótimas são raras e, muitas vezes, é à porta da Cáritas que voltam a bater. Perdidos na noite A derradeira condição humana, tantas vezes esquecida neste retrato social, tem aberto exceções. A ausência de soluções sujeitou aquilo que deveria ser um acolhimento temporário e de transição a um espaço de considerável duração. “Temos aqui um doente mental há cinco anos”, conta Isabel Monteiro, indignada, dizendo que nunca encontraram uma instituição capaz de o acolher. “Quando aqui chegou nem sequer falava”, recorda. Sem documentos, sem família e sem pronunciar um nome, conseguiram descobrir que o Pedro tinha estado num lar da Misericórdia de Lisboa. Depois de exames médicos feitos chegou-se à conclusão de que não tinha autonomia, o que o obriga a ficar sob cuidados definitivos de uma instituição. Durante o dia, Pedro vagueia pelas ruas, “a pedir cafés”, quando 17SETÚBALsetembro|outubro11 e abrigadas Conceito de sem-abrigo A Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem-Abrigo definiu o novo conceito para a pessoa sem-abrigo. “Aquela que, independentemente da sua nacionalidade, idade, sexo, condição socioeconómica e condição de saúde física e mental, se encontre em situação de sem teto (vive no espaço público, alojada em abrigo de emergência ou paradeiro em local precário) ou sem casa (encontra-se em alojamento temporário destinado para o efeito). Núcleo junta entidades O Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Setúbal (NPISA), entidade criada no final de 2010, é apresentado no encontro “Tecer a Mudança”, a 9 de novembro, na Casa da Baía. O NPISA, que assegura a implementação da estratégia nacional para a integração das pessoas sem-abrigo, inclui diversas instituições, como o Agrupamento dos Centros de Saúde de Setúbal e Palmela, a Associação CASA – Delegações de Setúbal e Azeitão, a Câmara Municipal de Setúbal, a Cáritas Diocesana de Setúbal, o Centro Hospitalar de Setúbal e a Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Setúbal. As outras instituições que fazem parte do NPISA são Direção-Geral de Reinserção Social – Equipa de Setúbal 1, IEFP – Centro de Emprego de Setúbal, Instituto da Droga e da Toxicodependência, Instituto da Segurança Social, IP – Centro Distrital de Setúbal, Polícia de Segurança Pública e Rede Europeia Antipobreza/Portugal. nem sequer os deveria beber. Pela noite, regressa, nem sempre, ao quarto partilhado com outros, mais ou menos com a mesma história. As noites em que a cama de Pedro permanece vazia deixam adivinhar que, uma vez mais, foi arrastado, na sua inconsciência pessoal e social, para a prostituição. Apesar de a prostituição masculina ser um fenómeno em crescimento, é a feminina que vai mantendo a mulher longe dos centros de acolhimento aos sem‑abrigo. É a vender o corpo, e por vezes a alma, que encontram defesas para resistir ao limite do sem-abrigo de rua. Os casos que existem no concelho de Setúbal, que são poucos, são encaminhados para o CATI – Centro de Apoio à Terceira Idade, que, tal como a Cáritas, dispõe de camas para acolhimento temporário. Fim de linha O velho errante do banco de jardim deixou de ter exclusividade na designação de sem-abrigo, que ganhou um sentido mais lato, al- bergando todos aqueles que vivem em condições degradantes de habitabilidade, sem suporte económico para a sustentabilidade das necessidades básicas e primárias. “Em Setúbal não os encontramos na rua, mas sabemos que vivem assim”, afirma Isabel Monteiro. Embora o número de camas seja ínfimo para os casos que batem à porta, a instituição está disponível para oferecer uma refeição e proporcionar lavagem de roupa e higiene pessoal ou outro tipo de apoio. Cada caso é um caso. Chegue através da linha de emergência 144 ou por uma instituição. De acordo com a problemática apresentada, e se não existe suporte técnico de qualquer entidade, a pessoa é reencaminhada para a instituição mais indicada. Num cenário indefinido, é ali, na Cáritas, que lhe é atribuído um gestor que ajuda na integração dessa pessoa. Pelo meio há o Rendimento Social de Inserção, sustentado por um protocolo de direitos e deveres atribuídos a quem o recebe, que abre portas a um novo encaminhamento técnico. “Nós ficamos sempre na retaguarda, a complementar o trabalho do técnico do RSI”, assegura Isabel Monteiro. Isto porque, mesmo que essa pessoa consiga pagar um quarto ou viver numa pensão, a prestação do RSI é insuficiente para tudo o resto, como a compra de medicamentos. “Pretendemos que essas necessidades se vão esvaziando e a pessoa consiga autonomia.” Além de todos os que ali recebem apoio, existem os que não se integram no conceito de sem-abrigo, mas com uma carência económica acentuada que ameaça arruinar toda uma estrutura familiar. “Pessoas completamente normais que estão em fim de linha”, refere a coordenadora. “Acabando o subsídio de desemprego ou acabando o subsídio social de emprego ficam sem conseguir aguentar os compromissos que têm.” A impossibilidade de assegurar as prestações da hipoteca da casa ao banco é um exemplo. É para este grupo de risco – pessoas sem suporte familiar à saída de um processo de desinstitucionalização, que sofrem risco de despejo, víti- mas de desalojamento ou com dívidas, recorrendo sistematicamente aos serviços sociais – que toda uma rede de instituições concelhias, coordenadas pela Cáritas Diocesana, tem trabalhado. É o combate ao fenómeno dos sem-abrigo. Quantos são? Quem são? Porque o são? Saber responder a estas perguntas obrigou a um trabalho conjunto de instituições e entidades que, em questões de sem-abrigo, tem um único “lema”. É na Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem-Abrigo (2009-2015) que o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Setúbal (NPISA) encontra o fio condutor para uma atuação em sintonia. Composto por mais de uma dezena de instituições, entre as quais a Câmara Municipal, o NPISA (ver caixa), coordenado pela Cáritas Diocesana, que em 2002 constituiu a valência “Tornar a Ser” e conseguiu traçar o perfil dos sem-abrigo de Setúbal. Através de um questionário, orientado pelo GIMAE – Grupo de Implementação, Monitorização e Ava- liação da Estratégia, aplicado junto de instituições de solidariedade social, fez-se um primeiro levantamento de situações de sem-abrigo. O número estabelecido foi de 241 pessoas sem-abrigo ou em risco, na esmagadora maioria de nacionalidade portuguesa. Neste levantamento, que indica um maior número de pessoas sozinhas e sem crianças, as dívidas financeiras, a perda de emprego, a rutura familiar e os problemas de dependência e de saúde são as razões mais apontadas para a situação de sem ‑abrigo. Embora apresente constrangimentos ao nível do tempo de aplicação e apesar de não retratar cabalmente a realidade, o resultado do questionário permitiu reconhecer sinais. A partir daí, e sempre com base na Estratégia Nacional, o NPISA tem atuado nas três frentes de combate: a prevenção, junto de grupos de risco, a intervenção, em situações de rua e de alojamento temporário, e o acompanhamento, posterior ao acesso a alojamento e respetiva inserção. 18SETÚBALsetembro|outubro11 Esculturas de peso Parte do espólio doado pelo escultor Virgílio Domingues ao Município de Setúbal motivou a mostra “Os Antimonumentos. Prefácio a uma exposição”, patente na Casa da Baía entre 17 de setembro e 13 de novembro. As 28 peças doadas pelo escultor em 2009, com valor estimado em mais de 450 mil euros, ficam expostas na futura Galeria Municipal de Arte, a instalar no edifício da Escola de Hotelaria e Turismo, no antigo Quartel do 11. Música para todos A Câmara Municipal, em colaboração com várias entidades do Concelho, promove, todos os anos, em outubro, o Mês da Música. Os espetáculos abrangem diversos géneros e estilos. Tudo num programa diversificado em que esta forma de arte também é tema de conversa cultura Popular, filarmónica, eletrónica, de percussão ou fado, o Mês da Música apresentou ao longo de outubro géneros musicais para todos os ouvidos, num programa municipal com a parceria de várias entidades do Concelho. A solo ou em grupo, num estilo moderno ou mais clássico, instrumental ou vocal, os mais de 20 espetáculos realizados passaram por locais como Salão Nobre dos Paços do Concelho, Capricho Setubalense, Auditório do Inatel, Cooperativa “Bem-Vinda a Liberdade” e Igreja de Santa Maria, além de espaços ao ar livre. O Mês da Música abriu ainda em setembro, no dia 30, com a atuação da banda da Força Aérea Portuguesa, na Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense. A Capricho Setubalense, além de ser palco de concertos, como Iconoclasts, Hills Have Eyes, Celina da Piedade e The Doups, dinamizou workshops para os mais novos e também de música eletrónica e guitarra elétrica. O compositor Amílcar Vasques Dias, intérprete de piano e de música eletroacústica, atuou na noite do Dia Mundial da Música, assinalado a 1 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, espaço que recebeu o percussionista Pedro Carneiro, a poesia de Sebastião da Gama no projeto e-Vox e o Grupo Coral da Escola Secundária de Bocage. A música também passou pelo Faralhão, mais propriamente pela cooperativa “Bem ‑Vinda a Liberdade”, com os vERSONS A DUO, conduzidos pelo açoriano João da Ilha, o folclore dos Uxu Kalhus e o “Novo Baile Antigo”, uma vez mais com a acordeonista Celina da Piedade. O fado, o rock e as tunas académicas também tiveram lugar nesta iniciativa que contou ainda, na Galeria-Bar La Bohème, com um ciclo de cinema, com a música como tema comum, e outro de tertúlias intitulado “Musicando – Conversas com música dentro”. O Coral Luísa Todi aproveitou para iniciar as comemorações da passagem dos 50 anos da primeira atuação, num concerto na Igreja de Santa Maria, encerrando o Mês da Música. Teatro capta público A estreia da peça “Cabaret DisPuta” foi o ponto alto da XIII Festa do Teatro, certame dinamizado pelo Teatro Estúdio Fontenova, que reúne anualmente companhias teatrais de vários pontos do País e do estrangeiro. O melhor parece ter ficado para o fim, a estreia de “Cabaret DisPuta”, pelo grupo setubalense Teatro Estúdio Fontenova, que encerrou a edição de 2011, realizada entre 19 e 28 de agosto. Ao longo de dez dias, a Festa do Teatro, que conta com o apoio da Câmara Municipal, apresentou espetáculos como “Hot Potato Syncopators”, Meio século à mostra Objetos da coleção do Museu de Setúbal saí ram “de casa” para uma exposição na sede da Aerset, entre 15 de setembro e 12 de novembro, comemorativa dos 50 anos daquele espaço museológico. Entre objetos de arte e decorativos e documentos históricos, que integram um acervo com mais de cinco mil catalogações, uma cómoda/oratório que terá pertencido a descendentes de Luísa Todi foi mostrada pela primeira vez ao público. Fado percorre Setúbal Fadistas locais e convidados, acompanhados à guitarra e à viola, têm atuado em espaços como a Pousada de S. Filipe e a Casa da Baía, na iniciativa municipal “Fado em Setúbal”. A Autarquia tem apostado na divulgação deste género musical, bem como na promoção dos artistas setubalenses, através de espetáculos, alguns integrados nos programas municipais “Noites com... estória” e “Noites da Baía”, conquistando novos públicos. Eurovisão revê ídolos “A Louca História de uma Península”, “Napoleon Pursued by Rabbits”, “Silêncios Rasgados”, “Caixa Preta” e “O Regresso de Natasha”. O diretor artístico, José Maria Dias, congratulou-se com o êxito do festival. “Tivemos bastante público, alguns espetáculos esgotados e um sobrelo tado.” O cartaz incluiu ainda uma mostra de curtas-metragens e uma sessão de conversas sobre teatro, subordinada à temática “M(in)istérios da Cultura”. Artistas de 12 países marcaram presença no “Eurovision Live Concert”, promovido em parceria pela Organisation Générale des Amateurs De L’Eurovision – Portugal (OGAE), a Câmara de Setúbal e o sítio de internet Eurovision On TOP. Nesta edição, rea lizada a 10 de setembro, no Auditório José Afonso, foi distinguida a cantora luso-francesa Marie Myriam, vencedora do Festival Eurovisão da Canção em 1977 pela França. desporto 19SETÚBALsetembro|outubro11 Prova no Sado ganha patrono ‘especial’ José Mourinho é o patrono da próxima edição da “Setúbal Bay”, a derradeira prova internacional de natação de águas abertas que permite o apuramento para os Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Os melhores atletas da especialidade marcam presença no Sado a 9 e 10 de junho José Mourinho é o patrono da prova internacional de natação de águas abertas “FINA Olympic Marathon Swim Qualifier 2012”, que apura, em Setúbal, a 9 e 10 de junho, os últimos atletas da especialidade para os Jogos Olímpicos de Londres. O treinador do Real Madrid aceitou o convite que a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, lhe endereçou no dia 26 de outubro, pessoalmente, na capital espanhola, onde a autarca se deslocou com o presidente da Federação Portuguesa de Natação, Paulo Frischknecht. Maria das Dores Meira, que recebeu uma camisola do Real Madrid autografada pelo melhor treinador de futebol do mundo, assistiu ainda ao encontro que o clube disputou com o Villarreal para a Liga espanhola, no estádio Santiago Barnabéu. No dia seguinte, a autarca visitou o centro de treinos do Real Madrid, em Valdebedas. A “FINA Olympic Marathon Swim Qualifier 2012”, derradeira prova de qua- lificação olímpica de natação de águas abertas na distância de dez quilómetros, reúne em Setúbal os melhores atletas mundiais e nacionais da especialidade. A competição de águas abertas conta com José Mourinho como patrono, que mais uma vez associa o seu nome a uma iniciativa da cidade para, desta feita, aumentar o prestígio da “Setúbal Bay”, que se realiza pelo sétimo ano consecutivo, a qual decorre num circuito retangular de dois mil metros (cinco voltas), defronte do Parque Urbano de Albarquel. Voluntários tratam troféus As inscrições de voluntários e estagiários para participarem no projeto de preservação e conservação do património da sala de troféus do Vitória Futebol Clube encontram-se abertas. A iniciativa resulta de um protocolo de colaboração celebrado entre a Câmara Municipal e o Vitória, que enquadra os trabalhos de conservação das mais de três mil peças da Sala de Troféus Josué Monteiro. Os interessados podem candidatar-se a trabalho de voluntariado ou a estágios curriculares, sendo que, devido à minúcia e responsabilidade das tarefas, é dada prioridade a participantes maiores de 18 anos. Os voluntários e estagiários são orientados e coordenados por técnicos municipais especializados em conservação, ficando incumbidos de tarefas como registo, identificação, inventariação, recolha de imagens e conservação preventiva. Arm azenamento, acondicionamento e acompanhamento dos trabalhos de limpeza dos espaços expositivos são outras das funções a atribuir aos candidatos. As inscrições podem ser feitas em [email protected] ou através dos telefones 265 537 890 e 916 333 694. APPACDM medalhada A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Setúbal conquistou o terceiro lugar na 2.ª Taça Nacional de Natação da ANDDI, realizada a 15 de outubro, no Estádio Alvalade XXI. A equipa de nadadores setubalense, constituída por Ângelo Pais, Arsénio Gonçalves, Miguel Gonçalves, Miguel Santos, Milton Costa, Nuno Barradas e João Pedro Lopes, foi apenas superada pelo Sporting, que ganhou a competição, e pelo Clube de Natação da Maia. Ângelo Pais e Miguel Santos sobressaíram a título individual, vencendo as provas em que estiveram envolvidos no troféu da Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual. Reflexão da gestão desportiva A importância do desporto como “elemento agregador e decisivo do desenvolvimento social” foi destacada pela presidente da Câmara Municipal na sessão de abertura do “2.º Seminário de Gestão do Desporto de Setúbal”, realizado a 14 de outubro. “Continuamos a investir no apoio e organização de diversos projetos e eventos desportivos e também na constante melhoria e modernização de equipamentos e infraestruturas desportivas”, frisou Maria das Dores Meira no início do encontro, que decorreu no Auditório Municipal Charlot, numa organização conjunta da Autarquia e do Instituto Politécnico de Setúbal, com o apoio da empresa Cedis e da associação Apogesd. A autarca vincou que “o presente e o futuro passam pelo desenvolvimento da qualidade das condições de vida das populações, tendo o desporto, neste aspeto, uma importância decisiva e vital”. Na sessão de abertura do seminário, subordinado ao tema “A Importância do Desporto no Desenvolvimento Local”, participaram também o adjunto do secretário de Estado do Desporto e Juventude, Paulo Marcolino, e o vice-presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Pedro Dominguinhos. Paulo Marcolino, indicando a importância da iniciativa na “partilha e troca de experiências, que podem dar algumas pistas para uma melhor gestão no futuro”, afirmou, contudo, que “os tempos que correm implicam um maior sentido de inovação em todas as áreas desportivas”. Já o vice-presidente do Instituto Politécnico de Setúbal aproveitou para destacar o papel do desporto no “processo de desenvolvimento do território” em áreas como a educação e a formação, a coesão social e a economia e alertou para a necessidade da realização de “parcerias que aumentem as capacidades de gestão dos agentes de desenvolvimento desportivo locais”. Vários oradores Pedaladas pela cidade Cerca de 900 pessoas participaram, a 2 de outubro, no “Setúbal Bike Tour”, iniciativa com um percurso de 15 quilómetros que abrangeu vários locais da cidade intervencionados com ações de embelezamento urbano. O passeio de cicloturismo, organizado pela Câmara Municipal e pelo Núcleo BTT Vila Fresca, foi realizado no âmbito do projeto municipal “Setúbal Mais Bonita”, com o percurso a incluir locais onde a população participou diretamente na execução de arranjos e de melhorias do espaço urbano. O circuito, que contou com a participação de muitas famílias e de ciclistas que se foram juntando ao grupo pelo caminho, teve início na Praça de Bocage e percorreu vários pontos da zona ribeirinha e do centro histórico, incluindo parques verdes e de lazer da cidade. O encontro, de reflexão e debate sobre temáticas relativas à gestão e organização desportiva, teve, entre os oradores, o diretor do Departamento de Desporto da Câmara Municipal de Lisboa, Mário Guimarães, o diretor do Departamento Desportivo e Cultural da Universidade do Minho, Fernando Parente, e o gestor nacional do Quadro Comunitário de Apoio ao Desporto, João Paulo Bessa. Os restantes participantes foram o presidente da Associação de Gestores do Desporto da Extremadura Espanhola, Benito Ramos Granado, José Pinto Correia, professor da Universidade Técnica de Lisboa, e Miguel Furtado, da direção da pós-graduação em Direito do Desporto e Gestão Desportiva da Universidade Lusófona. 20SETÚBALsetembro|outubro11 Convívio sob o signo do investimento Verbas apoiam atividade letiva Perto de 80 mil euros vão ser canalizados pela Câmara Municipal na primeira fase do apoio financeiro aos agrupamentos escolares do Concelho durante o ano letivo 2011/2012. Só na aquisição de livros e materiais a Autarquia disponibiliza um total de 57 mil e 703,30 euros. Esta medida de ação social escolar abrange 1693 alunos carenciados do 1.º ciclo do ensino básico, sendo que os agrupamentos verticais de escolas recebem entre quase quatro mil euros e mais de 21 mil, consoante a quantidade de alunos. Noutra vertente, mais de cinco mil alunos são abrangidos por um apoio autárquico no valor de 20 mil e 256 euros, distribuído por todos os agrupamentos verticais. O investimento destina-se à aquisição de material de desgaste e à realização de atividades educativas. A Câmara Municipal decidiu ainda atribuir um apoio de dois mil euros ao Agrupamento Vertical de Escolas Barbosa du Bocage e de 2500 ao Agrupamento Vertical de Escolas Luísa Todi para despesas de funcionamento de reprografia. Os apoios foram aprovados a 19 de outubro, em reunião pública ordinária da Autarquia. educação Muitos foram os que apareceram na receção à comunidade educativa. Nas boas-vindas ao ano letivo, a presidente da Autarquia sublinhou que a Educação merece especial atenção no Concelho. Setúbal conta com mais e melhores equipamentos. Para ensinar e aprender cada vez melhor A aposta na qualidade e modernização do equipamento escolar foi sublinhada pela presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na tradicional receção à comunidade educativa, a 28 de setembro, no Jardim da Algodeia. Perante mais de 600 pessoas, entre docentes e representantes de entidades com projetos na área educativa, a autarca salientou que “não há inclusão sem educação”, mas, advertiu, “não basta dizê-lo, é preciso fazê-lo”. Maria das Dores Meira recordou que um “parque escolar completamente degradado e abandonado” deu lugar a escolas “devidamente equipadas com mobiliário, material didático, equipamento informático e de reprografia”. A Câmara Municipal, só em 2010/2011, investiu um milhão de euros numa série de intervenções desenvolvidas num vasto conjunto de estabelecimentos de ensino. A recuperação de instalações elétricas, projeto em curso, a substituição de coberturas, a construção de refeitórios e copas, a instalação de uma unidade de apoio especializado a crianças com multideficiência, a reconversão de campos de jogos e a aquisição de monoblocos para atividades extracurriculares foram as intervenções executadas. Com a conclusão das instalações elétricas, serão disponibilizados computadores novos e quadros interativos. Maria das Dores Meira destacou ainda a aprovação da candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional da ampliação da EB1 do Bairro Afonso Costa, sendo que está prevista a conclusão da segunda fase de requalificação desta escola antes do início do próximo ano letivo. Para 2012 o Município de Setúbal conta dar continuidade à substituição de mais coberturas e terminar o processo de criação de condições para o serviço de refeições em todas as escolas, com obras nas EB1 das Manteigadas e Faralhão n.º 2. A construção da escola básica com jardim de infância da Quinta da Caiada e a reabilitação da EB/JI do Viso foram outros projetos a curto prazo do Município partilhados pela edil com as centenas de professores presentes na receção. As apostas num serviço de alimentação escolar mais saudável, nas iniciativas de promoção de práticas desportivas, nas atividades extracurriculares e nas artes, neste caso nomeadamente com o desenvolvimento de ações nas bibliotecas escolares, foram outras garantias deixadas pela presidente da Câmara Municipal. Na receção à comunidade educativa, em que marcaram também presença vereadores da Autarquia, presidentes de juntas de freguesia e profissionais de várias áreas sociais com projetos desenvolvidos junto dos alunos do Concelho, os professores tiveram oportunidade de confraternizar e partilhar ideias. Os participantes receberam agendas do professor para o atual ano letivo e um CD de divulgação dos vários projetos municipais para as escolas de Setúbal. RECEÇÃO. Quarenta alunos e professores de vários países foram recebidos na Câmara Municipal de Setúbal a 12 de outubro. A comitiva participava no “Business Week Setúbal”, atividade promovida pela Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal, este ano subordinado ao tema “Internacionalização e Competitividade”. Bibliotecas escolares em festa Visitas guiadas, encontros com escritores e um seminário foram atividades desenvolvidas em outubro nas comemorações do Mês Internacional e Dia Nacional das Bibliotecas Escolares em Setúbal, município que se associou à efeméride pelo décimo ano consecutivo. No âmbito da IV Feira das Bibliotecas Escolares do Concelho de Setúbal decorreram ao longo do mês visitas guiadas e sessões de apresentação de livros pelos autores. Os novos alunos de cada estabelecimento de ensino tiveram também a oportunidade de realizar visitas guiadas às respetivas bibliotecas escolares. Para assinalar o Dia Nacional, a Câmara Municipal promoveu, a 25 de outubro, na Escola Secundária Sebastião da Gama, o “Encontro Leitur@s”, seminário que, à imagem do que aconteceu com o restante programa comemorativo, foi especialmente orientado para a comunidade educativa. O encontro, com o objetivo da partilha de ideias sobre as adaptações necessárias das bibliotecas escolares às novas tecnologias, teve o envolvimento de profissionais da comunidade docente, do Ministério de Educação, de bibliotecas, da comunicação social e de técnicos de associações culturais com atividade no campo da promoção da leitura. 21SETÚBALsetembro|outubro11 Da Escola Superior de Tecnologia saíram mais dois projetos inovadores. Uma professora propõe a substituição de lâmpadas para a obtenção de ganhos no tratamento de águas residuais e outras. Uma aluna aceitou o desafio lançado por uma empresa e criou um protótipo que aumenta a eficácia do processo laboratorial das análises clínicas Lâmpadas LED-UV purificam água Um projeto inovador que visa a introdução de uma técnica pioneira para desinfeção de águas residuais, de piscinas e outras com recurso à utilização de lâmpadas LED-UV (ultra-violet light emitting diode) obteve o primeiro lugar no concurso regional Poliempreendre 2011, promovido pelo Instituto Politécnico de Setúbal. Para a líder do projeto vencedor, Carla Carneiro, professora da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal, as vantagens do sistema concebido são óbvias: a eficiência energética e a durabilidade, bem como a ausência de compostos tóxicos. “Ao contrário da tecnologia LED, as tradicionais lâmpadas ultravioleta contêm mercúrio que depois é libertado no ambiente” ao se partirem durante o normal funcionamento do sistema, refere a docente. Atualmente, a última fase de tratamento de águas residuais, nas estações, é feito pela passagem do efluente por um sistema de luzes composto por lâmpadas de vapor de mercúrio que procede à desinfeção final, permitindo a deposição. As lâmpadas de vapor de mercúrio em uso, aponta a investigadora, têm no entanto uma baixa resistência a impactos de operação, manutenção e transporte, elevados tempos de arranque e tempos de vida curtos, que rondam somente as 10 mil horas. Com as lâmpadas LED-UV, refere Carla Carneiro, os consumos energéticos podem des- cer até 80 por cento, o tempo de vida útil das lâmpadas é maior e há uma menor suscetibilidade a danos. Várias utilizações As principais utilizações previstas por esta tecnologia à base de lâmpadas LED-UV são as estações de tratamento de águas residuais, na etapa final, na qual “quanto mais água for tratada maior é o impacte” em termos financeiros devido aos avultados custos associados ao funcionamento das unidades industriais, o que, para a docente, justifica a adoção de uma solução que reduza substancialmente os encargos. Carla Carneiro destaca também as mais-valias associadas à saúde pública e à preservação ambiental do LED-UV, designadamente pela redução da “pegada de carbono”. As piscinas públicas e privadas e mesmo os spa são outras possibilidade de utilização desta tecnologia, afirma a doutorada em bioquímica, já que “o LED-UV poderá vir a competir com os processos clássicos de tratamento, como o cloro”, o que pode contornar os frequentes casos de alergias associados à utilização de piscinas. O cloro, “além de causar alergias e ser um agente sensibilizante, forma subprodutos perigosos que, ao reagirem com matéria orgânica ou outros elementos dissolvidos na água, estão associados a problemas de saúde como cancros, efeitos no sistema nervoso e anemias”, alerta Carla Carneiro. A utilização da tecnologia LED-UV para a “eliminação/inativação de micropatogénicos presentes nas águas” é de tal modo inovadora, que, embora exista o conceito, o sistema não é utilizado em qualquer parte do mundo, encontrando-se em fase de testes para poder ser colocada em uso. A inovação associada ao projeto, desenvolvido em conjunto com os alunos finalistas de mestrado em engenharia Sérgio Salgueiro, Susana Sanches e Márcia Pinheiro, abre possibilidades para a criação de uma empresa “já que se constata uma ausência da aplicação da tecnologia no mercado”, aponta Carla Carneiro, indicando tratar-se de “uma boa oportunidade para a criação de um negócio e para se poupar o ambiente”. academia Análises com mais autonomia Uma estudante da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS) concebeu um protótipo inovador para análises laboratoriais ao sangue na sequência de proposta feita pelo setor privado ao estabelecimento de ensino. O desafio lançado por uma empresa de análises assentou na melhoria de um equipamento que possui e que denotava algumas limitações. A EST/IPS apresentou a ideia aos alunos finalis- tas do curso de Engenharia Biomédica como um dos projetos a desenvolver e Cátia Mesquita, de 23 anos, aceitou-o. A estudante tinha de elaborar um protótipo que, além de superar as limitações-base do aparelho da empresa, introduzisse mais funcionalidades e, simultaneamente, fosse mais económico durante a laboração. O “Sistema Semiautomático de Coloração de Lâminas para Análises Hematológicas – EVOStainer” foi a solução apresentada, com valências inovadoras face aos processos manuais atualmente em uso. Entre estas conta-se a introdução de mecanismos de automatização, que se traduz numa rentabilização do trabalho executado pelos técnicos laboratoriais. Com a nova proposta, que inclui a possibilidade de o equipamento poder ser programado, o técnico de saúde não tem de estar em permanência junto da máquina para fazer uma análise microbiológica com o recurso a métodos de coloração, o que se traduz “num procedimento longo e fastidioso”, refere a finalista do curso de Engenharia Biomédica da EST/IPS. O protótipo concebido apresenta num ecrã LCD as temporizações associadas e fornece informações acerca do método de coloração em curso, bem como um dispositivo visual e sonoro que alerta para o final do trabalho. Com a introdução de elementos mecânicos automatizados, o EVOStainer permite igualmente a mudança das lâminas em análise para as tinas que contêm os líquidos de contraste necessários a cada exame. “A programação associada contempla o tempo para submergir o suporte das lâminas em cada tina, tempos de repouso e períodos de agitação”, prevenindo-se que os reagentes não sejam contaminados. Desafios superados A construção do protótipo, que decorreu durante cerca de ano e meio, teve como principais dificuldades o facto de se tratar de “um projeto muito ambicioso” e de ter sido realizado de forma “solitária”, uma vez que teria seguramente a execução mais facilitada se fosse distribuído por um grupo de alunos. O desafio não assustou Cátia Mesquita, que aponta como recompensas pessoais a obtenção de um maior sentido de autonomia e autoconfiança, bem como o alargamento da experiência académica através do estudo de matérias não contempladas no curso de Engenharia Bioquímica que frequenta, designadamente a interação com a eletrónica e a mecânica. Como objetivo imediato, Cátia Mesquita exprime o desejo de patentear e comercializar o equipamento e o reconhecimento do trabalho desenvolvido. Em busca do primeiro emprego, mostra-se pronta a enfrentar novos desafios e recetiva a aceitar projetos inovadores porque acredita que, “com esforço e empenho, muito do que se pensa que não é possível, afinal é”. 22SETÚBALsetembro|outubro11 De olho em Setúbal Sem nunca largar a câmara, pois “pode sempre aparecer alguma coisa”, António Simões da Silva, 65 anos, é já uma cara conhecida no Concelho por marcar presença e filmar a atividade cultural que se realiza em Setúbal. Simões, como é conhecido por grande parte das pessoas, fala com empenho do passatempo de eleição que escolheu para a reforma. Tanto é o entusiasmo que fica difícil “travá ‑lo” quando começa a contar por onde esteve, ao que assistiu e, naturalmente, o que gravou. “Faço aquilo que gosto. Mais vocacionado para a cultura, pois é o que me cativa mais.” É assim que tenta reduzir em palavras todo o prazer que tem em assistir, filmar, editar e arquivar as horas infindáveis de vídeos que grava de tertúlias, concertos, peças de teatro e todo o género de expressões artísticas no quotidiano setubalense. Os números impressionam. A dedicação ao passatempo já produziu, numa rude estimativa do “cameraman” de Setúbal, mais de 50 mil fotos e ultrapassou as duas centenas de vídeos. Com precisão, os factos reforçam as estatísticas de António Simões, uma vez que o canal do Youtube “simoesdasilva2” conta com 256 vídeos, 376.067 exibições no total e 73 utilizadores inscritos. Na plataforma do Sapo, as visualizações ascendem as 125 mil. No Facebook são mais de 700 as fotos publicadas no perfil, que conta com praticamente 200 amigos. Igualmente avassalador é o arquivo deste amador (leia-se no duplo sentido da palavra) das filmagens e da cultura. Com uma divisão da casa dedicada só ao acervo, já perdeu a conta às caixas de DVD e aos discos externos para guardar os ficheiros em formato digital. “São uns sete ou oito. Alguns com capacidade de centenas de ‘gigas’, mas muitos já com ‘teras’ de capacidade.” Se considerarmos que um terabyte corresponde a 1024 gigabytes, rapidamente se desiste de tentar encontrar o número de horas de filmagens e de fotos com memórias de Setúbal organizadamente acarinhadas por António Simões. Sem perder pitada Filmar não extrai nada às experiências culturais a que assiste. Este autoditada da tec- retratos O tempo livre da reforma está quase todo ocupado. Faz o que gosta, pois outra coisa não faria sentido. António Simões é uma figura constante na atividade cultural do Concelho. Essa presença é captada com a câmara de filmar em riste. Do passatempo e amor a Setúbal resultam milhares de imagens das memórias sadinas recentes nologia não procura grandes panorâmicas ou ângulos cinematográficos. “É o que sai. Isto não é uma obsessão”, sublinha. O facto de olhar para os eventos através da câmara ajuda-o “a ver frequentemente mais coisas do que a maioria das pessoas vê”. Até porque revisiona as gravações em casa, mais uma vez por prazer, mas também devido às edições que faz. Modéstia posta de parte, confessa o orgulho nos filmes e nas caixas de DVD que já fez “com muita pinta” [risos]. O empenho e o espírito de iniciativa já lhe causaram, contudo, alguns imbróglios com instituições. Como exemplo, recorda a impossibilidade de filmar a Festa do Teatro deste ano por uma questão de direitos de imagem dos artistas. Porém, só não grava quando não pode estar presente ou quando não o deixam. De resto, faz uma gestão quase profissional da agenda cultural do Concelho. “Estou sempre atento às notícias de ‘O Setubalense’ e às publicações da Câmara. Não escapa nada.” O que encontra guarda numa agenda eletrónica, o que faz com que esteja sempre a par de todos os eventos. “Centro-me mais na cidade, por uma questão de deslocação”, completa. Amor dava um filme filmagens que faz. Muitos já ficaram mesmo com os seus pedaços de memória, como os Bombeiros Voluntários, a Cruz Vermelha e até o bispo de Setúbal. Quanto ao futuro do vasto arquivo que possui da história recente da cidade não sabe o que será. “Não faço ideia ao que lhe vou fazer. Só espero não ter de pensar nisso tão depressa. Seria mau sinal”, conclui, bem-disposto. Natural de Santiago do Escoural, no concelho de Montemor-o-Novo, chegou a Setúbal com 11 anos. Profissionalmente, grande parte da atividade foi realizada como eletricista na ENI (Eletricidade Naval e Industrial) e na Lisnave. Os anos passados à beira do Sado desenvolveram-lhe uma devoção profunda pelo Concelho. “Eu amo Setúbal. Esta terra deu-me tudo. Emprego, família, casa. Tudo. Nunca poderei fazer o suficiente para retribuir o que Setúbal me deu.” Talvez por isso não procure o lucro com as O Livramento é um mercado de gerações. Vai-se perdendo a conta aos anos que a praça mais conhecida de Setúbal abastece a população. De cara lavada na foto de Mário Peneque, tirada em outubro, é evidente o contraste com a memória gravada por Américo Ribeiro em 1952. As balanças são outras e os fatos de macaco deram lugar a uma indumentária mais simples, que inclui luvas. Até a brilhantina dá hoje outras formas ao cabelo. A semelhança entre as imagens é que ontem está invisível nesta comparação, a qualidade, imagem de marca sempre presente no Mercado do Livramento. hoje Passo a passo pela cultura Os passeios pedestres estão na moda e recomendam-se. A atividade, em contexto urbano ou na natureza, alia a prática física a momentos culturais de descoberta do património natural e histórico. A Arrábida surge em destaque na mais de uma centena de circuitos da SAL, empresa que dinamiza os “Passeios Pedestres Municipais do Concelho de Setúbal” Os pontos de encontro variam consoante o passeio escolhido, que, regra geral, realiza-se no período da manhã. Roupa e calçado confortável, marmita na mochila, disposição em alta e vontade de descobrir encantos da natureza ou património histórico. São assim os passeios pedestres dinamizados pela SAL – Sistemas de Ar Livre, empresa que funciona desde 1996 e divulga, de forma inovadora, as potencialidades naturais e arquitetónicas da região de Setúbal e de outros locais do território nacional. “Apercebi-me da potencialidade dos passeios pedestres ao longo de várias visitas ao estrangeiro e vi uma janela de oportunidade para criar o negócio, associada a um profundo gosto pela natureza e pela região”, refere o diretor-geral da SAL, José Pedro Calheiros. A Arrábida está na génese da maio- ria dos passeios pedestres, num eixo que engloba Setúbal, Palmela e Sesimbra. Contudo, os circuitos abrangem também outros locais da Área Metropolitana de Lisboa e, no Alentejo, Alcácer, Grândola, Montemor-o-Novo e Évora. “Antes de os propormos ao público, vamos ao local, fazemos o reconhecimento do terreno e uma pesquisa sobre locais de interesse relevante”, esclarece o responsável, adiantando que cada passeio é programado tendo em consideração “a carga de esforço, Protocolo reforça turismo Um protocolo entre a Câmara Municipal e a SAL, celebrado a 27 de setembro, no âmbito das comemorações locais do Dia Mundial do Turismo, permitiu avançar com o programa “Passeios Pedestres Municipais do Concelho de Setúbal”, que aposta em mais percursos citadinos e em descontos. “A oferta turística na área dos passeios pedestres, atividade de promoção da região e de hábitos saudáveis, vai ter um grande desenvolvimento através desta parceria”, destacou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na cerimónia, realizada na Casa da Baía. O acordo com a SAL – Sistemas de Ar Livre – Atividades Turísticas, Ambientais e Lúdicas, dinamiza o projeto “Passeios Pedestres Municipais do Concelho de Setúbal”, pacote que conta com 20 circuitos pedestres de cariz campestre e citadino, enquadrando as mais‑valias do património natural e cultural da região. “Com este protocolo criámos mais quatro circuitos urbanos”, destacou o diretor-geral da SAL, José Pedro Calheiros, sublinhando, igualmente, a implementação de preços bonificados. o grau de interesse, a duração, mais curtos aos sábados e mais longos aos domingos, e os pontos clímax que surpreendam as pessoas”. Já as distâncias, por vezes, são relativas. “No passeio ‘Arrabaldes do Céu’ vamos do Creiro ao Portinho da Arrábida, subimos ao Convento e descemos. Em distância é pouco, mas levamos sete horas, porque a dificuldade é maior.” José Pedro Calheiros sublinha ainda que o conceito de cultura associada ao exercício físico está presente em todos os passeios, destacando “a capacidade de comunicação e a interação com os participantes” como principais mais-valias da SAL. “Queremos ser intérpretes da história e passar esse conhecimento para os participantes, que também interagem connosco, sem qualquer tipo de receio, complementando, várias vezes, a informação dos monitores com histórias pessoais.” Os passeios pedestres da SAL têm um custo que varia entre os três e os oito euros, havendo também pacotes especiais de participação (informações em www.sal.pt). Ao longo de mais de década e meia de atividade, os números impressionam. 15 anos de SAL 19 monitores em atividade 117 passeios diferentes 50.000 participantes 650.000 quilómetros Também a indumentária usada, os macacões amarelos e os bonés verdes, surpreende. “São cómodos, práticos, úteis e uma imagem de marca ostensiva. Amarelo porque é uma cor da natureza e que se destaca. Também simboliza a criatividade, característica que marca a empresa.” Novos passeios urbanos Com a dinamização dos “Passeios Pedestres Municipais do Concelho de Setúbal” (ver caixa), novos percursos urbanos de forte caráter cultural integram a promoção de locais como o Convento de Jesus e a Casa da Baía, e ainda igrejas, museus, Parque Urbano de Albarquel e Pedra Furada. Em meio urbano, são cinco os passeios disponíveis, quatro completamente novos. “Nos Passos de Bocage”, num percurso reformulado pela zona da Baixa, são revisitados locais associados à vida do poeta e outros que perpetuam a sua memória. No “Setúbal Monumental e Popular” são focados importantes locais de interesse histórico, assim como os bairros típicos do Troino e da Fonte Nova, enquanto a visão modernista nos séculos XIX e XX é mostrada no “Setúbal da Elegante Arte Nova”, iniciado na estação de comboios, com passagem pelo Bairro Salgado. O “Setúbal e o Rio” aborda a ligação da população com a atividade piscatória, num percurso ao longo da frente ribeirinha, entre o Parque Urbano de Albarquel e a Pedra Furada. Já o “Setúbal Boulevard”, com início e fim na Casa da Baía, é centrado nos inúmeros pontos de interesse existentes em toda a extensão da Avenida Luísa Todi. iniciativa 23SETÚBALsetembro|outubro11 rosto Dedicação exclusiva José Pedro Calheiros, 43 anos, é o principal rosto e mentor das atividades dinamizadas pela SAL. Nascido e criado em Setúbal, é licenciado em Engenharia de Minas pelo Instituto Superior Técnico, mas a maior parte de formação e aprendizagem na área dos passeios pedestres ganhou-a nos quatro anos que passou no Clube de Montanhismo da Arrábida. “Os últimos 15 anos da minha vida foram inteiramente dedicados à SAL”, indica José Pedro Calheiros, que, todos os fins de semana, está numa das atividades dinamizadas pela empresa que gere. Entre a panóplia de percursos que delineou ou ajudou a criar, “O Desafio da Arrábida”, o primeiro passeio de sempre da SAL, é um dos que lhe dão mais prazer e que mais gosta de acompanhar em grupo. “O nome foi inspirado num livro editado pelo Parque Natural da Arrábida. É um passeio que vai ao ponto mais alto do Concelho, o Alto do Formosinho, com 500 metros de altitude”, explica. 24SETÚBALsetembro|outubro11 Música perde artista maior Diplomas em mês de festa O mundo da música, não só em Setúbal mas no País, ficou mais pobre a 22 de outubro com a morte do pianista e compositor Rui Serodio. Várias personalidades de todos os quadrantes sociais juntaram-se a familiares e amigos para marcarem presença no funeral do músico, sepultado no Cemitério da Paz, em Algeruz. Os méritos artísticos e humanos de Rui Serodio são reconhecidos por toda a comunidade, sendo que a Câmara Municipal lhe atribuiu recentemente, no Dia de Bocage e da Cidade, a 15 de setembro, a Medalha de Honra da Cidade, na classe Atividades Culturais. Ao nível artístico, Rui Serodio participou num Memórias de Calafate A exposição “António Maria Eusébio: o Calafate entre a Monarquia e a República” abre as portas no dia 22 de novembro, na Biblioteca Pública Municipal, para, até 17 de dezembro, revelar o percurso da história recente de Portugal tendo como protagonista o cantador de Setúbal, falecido há cem anos. A mostra, promovida pela Autarquia, pode ser vista das 13h00 às 19h00, de segunda-feira a sábado. Documental e bibliográfica, a exposição inclui vários objetos de arte e o molde usado para o busto do Parque do Bonfim. vasto conjunto de projetos. Um dos mais recentes é o coro municipal “Afina Setubal”, grupo de funcionários da Autarquia que dirigia desde a fundação, em janeiro de 2010. De trato fácil, humilde e sempre com ponta de humor, Rui Serodio, em entrevista ao “Guia de Eventos” de outubro do ano passado confessava não ter “vida fora da música”. Com graça, desabafou que, enquanto não tinha “pachorra para ensinar piano, que demora muito tempo”, adorava dar aulas de composição de música, até porque a “sorte de saber mais de música do que outros” lhe conferia “o dever de ensinar”. Dedicado ao cancioneiro mais popular, Rui Festival promove jazz O primeiro Círculo de Jazz Festival abre dia 11 de novembro, no Auditório Charlot, às 22h00, com Tim Holehouse. Segue-se João Vítor Quarteto, a 12, às 22h00, na Capricho Setubalense. Os Logadogue Swing Project e o trio de Mário Delgado atuam no dia 19, às 22h00, na Capricho. Jazz Class Dámsom e Filipe Melo Trio encerram, a 20, às 21h30, no Club Setubalense, os concertos do festival, promovido pela Autarquia. O programa inclui workshops, às 15h00, nos dias 19 e 20, com Mário Delgado e Filipe Melo, respetivamente. Bebés vão ao teatro S erodio, mestre na arte do improviso, autodescreveu-se como um “pianista ligeiro com toda a escola clássica”. Com antepassados hispânicos, natural de Lisboa, o maestro apaixonou-se e veio viver para Setúbal. Depois deu-se novo amor, mas pelo concelho sadino. “Adoro a Baixa. Acho Setúbal uma cidade muito fresca e saudável”, indicava na entrevista, para, no jeito brincalhão que o caracterizava, acrescentar: “Já sou um bocadinho charroco.” A cidade que o adotou há 25 anos está mais triste e pobre com a partida deste protagonista da vida artística local. Espetáculos, ateliers e conversas compõem a segunda edição do festival ABETO – Artes para Bebés E Todos os Outros, do Teatro do Elefante. O objetivo da iniciativa, apoiada pela Autarquia, é promover a reflexão em torno da arte para bebés. O evento decorre entre 12 e 20 de novembro na Casa da Baía, na União Setubalense e na Escola Superior de Educação. As reservas devem ser feitas pelo número de telefone 265 535 640 ou pelo mail [email protected], contactos a usar também para mais informações. Luciano em homenagem “Luciano (1911-2006). Evocação no Centenário do Nascimento” é o título da exposição evocativa do autor do Tríptico dos Setubalenses Ilustres, patente nos Paços do Concelho, do painel do átrio da Escola Sebastião da Gama e dos painéis cerâmicos do Mercado da Conceição e do Hotel Esperança. A paisagem, o retrato e a figura estão nesta mostra promovida pela Autarquia. A exposição, que pode ser vista de 26 de novembro a 29 de janeiro, das 11h00 às 14h00 e das 15h00 às 19h00, na Casa da Baia, inclui obras do início do percurso do artista. plano seguinte Jovial e humilde, Rui Serodio abraçou a música e Setúbal com todas as forças. Partiu aos 74 anos, mas deixou arte que faz sorrir muitos corações. O piano do maestro e compositor calou-se e o vazio da saudade enche-se agora com o seu legado artístico O Centro de Novas Oportunidades da Fundação Escola Profissional de Setúbal assinala o 10.º aniversário, a 28 de novembro, no auditório do estabelecimento de ensino, com uma sessão comemorativa em que mais de 150 adultos recebem os diplomas de curso. Durante a cerimónia, antigos alunos partilham testemunhos da experiência vivida no centro e dos conhecimentos entretanto adquiridos. O Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação foi criado na Escola Profissional de Setúbal em 2001, tendo sido um dos polos pioneiros no País na prestação de serviços desta natureza. Só no primeiro ano de funcionamento foram certificados 178 adultos, sendo que, até 2011, esse número já ultrapassou as 2800 pessoas, total de certificações que engloba tanto o Nível Básico (9.º ano), como o Nível Secundário (12.º ano). O Centro de Novas Oportunidades tem como principal objetivo o acolhimento, acompanhamento e encaminhamento de adultos que procuram informação, formação ou certificação. Estas comemorações são, em certa medida, o prolongamento das festividades com início a 4 de novembro, data em que a Fundação Escola Profissional de Setúbal assinala o 20.º aniversário, com a entrega de diplomas aos alunos recém-formados.