Mundo & Vida vol. 3 (2) 2002
A Percepção da Radioatividade por Estudantes de Nível Superior
Alphonse Kelecom & Rita de Cássia dos Santos Gouvea
Pós-Graduação em Ciência Ambiental – PGCA e Laboratório de Radiobiologia e Radiometria
Departamento de Biologia Geral, C.P. 100.436, 24001-970 Niterói RJ, Brasil; E-mail: [email protected]
Resumo – A percepção da radioatividade por estudantes universitários é muito superficial. Suas informações provêm da
imprensa, raramente de estudos, fazendo com que ela seja desconhecida, temida e rejeitada. Em geral eles não sabem definí-la,
sequer parcialmente, nem conhecem a maioria das suas aplicações. Aceitam a existência de radioatividade natural no solo e a
execução de testes nucleares ambientalmente limpos e seguros para todas as formas de vida.
Palavras-chave: radioatividade,radioatividade natural, definição,rejeição, aplicações, alunos universitários.
Radioactivity Perception among High Level Students.
Abstract – Radioactivity perception by high level students is very superficial. Their informations originate from the midia,
seldom from studies; therefore radioactivity is mostly unkown, feared and rejected. Students are in general unable to define
radioactivity, even in part, and most of the common uses are unknown to them. The existence of natural radioactivity in soil is
acepted as are safe and environmental clean nuclear tests.
Key words: radioactivity natural radioactivity, definition, rejection, uses,high level student.
La Perception de la Radioactivité chez les Etudiants de Niveau Supérieur.
Résumé – La perception de la radioactivité chez les étudiants universitaires est très superficielle. Leurs connaissances viennent
des midias, rarement de l’école. C’est pourquoi la radioactivité est mal connue, crainte et rejetée par ces étudiants qui en
général na savent pas la définir, ni même en partie. Ils ne connaissent pas non plus ses applications courantes. Ils acceptent
l’existence de radioactivité naturelle dans le sol ainsi que l’exécution de tests nucléaires sans risques pour la vie et propres pour
l’environnement.
Mots-clé: radioactivité, radioactivité naturelle, définition, rejet, applications, étudiants universitaires.
Não se deve temer a Radioatividade e sim respeita-la. (segundo K.Z. Morgan)
1. INTRODUÇÃO
Desde a sua descoberta por Henri Becquerel em
1896, a Radioatividade tem suscitado as mais diversas
reações junto à comunidade científica em particular e
junto ao grande público em geral. Desde incredulidade,
admiração e adoção à desconfiança, rejeição e ódio,
toda uma gama de sentimentos foi aparecendo.
Com efeito, nos seus primórdios, a Radioatividade passou rapidamente de mera curiosidade de
laboratório à poderosa ferramenta que permitiu a
Ernest Rutherford de propor, entre outras coisas, um
modelo coerente para a estrutura do átomo e, com isto,
desvendar os segredos da natureza íntima da matéria.
Por outro lado, foi também baseado em experiências de desvio de partículas alfa pelos núcleos dos
átomos que Henry Mooseley deu uma forma definitiva
à Tabela Periódica dos Elementos, mostrando que a
seqüência dos mesmos obedecia, não à massa atômica
como proposto anteriormente por Mendeleiev, mas sim
ao número de prótons contidos nos núcleos (o número
atômico), o que permitiu mais tarde atribuir as
propriedades químicas dos elementos à estrutura da
nuvem eletrônica.
Paralelamente, os trabalhos do casal Curie
impulsionaram a descoberta de novos elementos
78
químicos naturalmente radioativos, bem como
permitiram desvendar a natureza complexa da radiação
nuclear, composta de partículas alfa (α) ou beta (β) e
de raios gama (γ). Observou-se também que quando o
decaimento radioativo resultava em emissão de
partículas, novos elementos químicos eram formados,
por transmutação. Era o velho sonho dos alquimistas
quase realizado. Na verdade nunca o será; mas ficava
claro que reações químicas e reações nucleares eram
fundamentalmente diferentes.
Embora estas descobertas tivessem rendido
muitos Prêmios Nobel de Física e de Química, é bem
provável que a Radioatividade nunca teria saído dos
laboratórios de pesquisa ou da literatura científica se
não fossem as inúmeras aplicações que viriam a surgir
com os anos. Entre estas, as aplicações na Medicina,
principalmente na luta contra o câncer e, mais tarde, a
produção de energia elétrica foram as primeiras
grandes conquistas.
Mas houve também a insensatez humana: a
Bomba Atômica, com seu enorme poder de destruição.
Daí em diante, a radioatividade passaria a ser questionada e, numa segunda fase, intensamente combatida,
por movimentos pacifistas, movimentos ecológicos e,
inclusive, por cientistas nucleares.
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
Laboratório de Radiobiologia e Radiometria Prof. Pedro Lopes dos Santos
Nome do Aluno : ___________________________
Data : ________________________
Curso : _______________________ Formação (Pós-Grad.) : ________________________
1. Quando você ouve falar em radioatividade, seu primeiro pensamento é positivo
ou negativo? Qual é e explique porque?
2. Você saberia definir radioatividade?
sim
não
Tente numa frase.
3. Existe, no seu entender, radioatividade natural?
caso afirmativo : onde?
na Terra
sim
não
não sei
solo
ar
águas continentais
mar
no sistema solar
sim
não
não sei
planetas
espaço interestelar
no cosmos
sim
não
não sei
nossa galáxia
outras galáxias
4. A radioatividade é utilizada em inúmeras aplicações. Apontem na lista abaixo
onde você acha que ela é usada.
armamento
produção de energia
forno microondas
conservação de alimentos
beneficiamento de pedras
(semi)-preciosas
telecomunicações
(rádio, TV, telefone fixo)
telefone celular
navegação espacial
navegação marítima
navegação submarina
diagnóstico de doenças
tratamento de doenças
Raios-X ou Abreugrafia
tomografia computadorizada
relojoaria
proteção como pára-raios
envelhecimento de objetos de arte
beneficiamento de vinho
análise laboratorial
imunologia
bioquímica
física
biologia
química
fisiologia
indústrias metalúrgicas
outros (quais?)
........................................
Figura 1. Questionário aplicado.
De maneira geral, estas atitudes resultaram e
ainda resultam de reações espontâneas de rejeição
motivadas mais pelo medo e pelo desconhecimento, do
que por uma postura refletida baseada numa análise de
riscos. Nisto, a imprensa tem uma profunda responsabilidade, pois o caráter sensacionalista invariavelmente
embutido nas notícias sobre o “nuclear” pouco
contribui para o esclarecimento do público leigo,
fazendo com que a palavra radioatividade se torne
sinônima de “coisa ruim”.
Existe de fato um forte preconceito a respeito de
tudo o que tange a esta temática, sendo ponto pacífico
a certeza de que o “nuclear” vende muito mal a sua
imagem e que seriam necessárias intensas campanhas
de esclarecimento para, se não reverter, pelo menos
amenizar este quadro.1
Surge então a pergunta : “Qual é a percepção
que um público mais esclarecido tem da radio1
Encontro Nacional sobre Aplicações Nucleares (ENAN). Debate
sobre o tema “A Imagem do Nuclear”, VI Rio de Janeiro RJ,
2000.
atividade?” Sem ter a pretensão de esgotar o assunto,
este artigo traz algumas respostas a esta pergunta.
2. METODOLOGIA
Foi escolhido como público mais esclarecido,
alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF),
inscritos numa das diversas disciplinas de
Radiobiologia ministradas pelos autores. Eles
pertencem a 9 cursos de graduação: Ciências
Biológicas, Enfermagem, Farmácia, Física, Medicina,
Medicina Veterinária, Odontologia, Nutrição e
Psicologia, e 2 cursos de pós-graduação: Biologia
Marinha (PGBM) e Ciência Ambiental (PGCA).
O
questionário
fechado
(formulário)
reproduzido acima (Figura 1) foi distribuído no início
da primeira aula de cada turma para um total de 350
alunos. Foi explicado que se tratava de uma pesquisa,
que o teste não valia nota na avaliação final da
Disciplina de Radiobiologia e que o teste era
facultativo.
79
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
Tabela 1. Primeiro sentimento relativo à radioatividade e percentual de rejeição.
Cursos
Graduações da área da Saúde
Enfermagem
Medicina
Odontologia
Veterinária
Psicologia
Nutrição
Graduações da área das Exatas
Biologia
Farmácia (ciclo básico)
Física
Pós-Graduações
Biologia Marinha PGBM
Ciência Ambiental PGCA
Total Área Saúde (Graduações)
Total Área Exatas (Graduações)
Total Graduações
Total Pós-Graduações
TOTAL GERAL
alunos
nº (%)
negativo
negativo
MAS
dividido
positivo
total da
rejeição (%)
49 (14,5)
92 (27,2)
16 (4,7)
30 (8,9)
1 (0,3)
1 (0,3)
55,1
58,7
37,5
40,0
100
100
14,3
7,6
0
6,7
0
0
18,4
19,6
56,3
30,0
0
0
12,2
14,1
6,3
23,3
0
0
69,4
66,3
37,5
46,7
100
100
41 (12,1)
27 (8,0)
20 (5,9)
56,1
51,9
35,0
7,3
11,1
10,0
26,8
22,2
15,0
9,8
14,8
40,0
63,4
63,0
45,0
12 (3,6)
49 (14,5)
189 (56,0)
88 (26,0)
277 (82,0)
61 (18,0)
338 (100)
50,0
57,1
53,4
50,0
52,3
55,7
53,0
8,3
10,2
8,5
9,1
8,7
9,8
8,9
8,3
22,4
23,8
22,7
23,5
19,7
22,8
33,3
10,2
14,3
18,2
15,5
14,8
15,4
58,3
67,3
61,9
59,1
61,0
65,6
61,8
3. RESULTADOS
PGCA
14,5%
PGBM
3,6%
Biologia
12,1%
Enfermagem
14,5%
Veterinária
8,9%
Farmácia
8,0%
Odontologia
4,7%
Medicina
27,2%
Física
5,9%
Nutrição
0,3%
Psicologia
0,3%
Figura 2. Participação Percentual dos Cursos.
Foi dado um tempo de cerca de 30 minutos para
o preenchimento do formulário. Eventuais dúvidas
quanto ao preenchimento foram esclarecidas na hora.
Dos formulários recolhidos, 12 foram descartados por terem sido apenas parcialmente preenchidos,
faltando repostas para as perguntas 3 e/ou 4 (6 casos),
por terem sido preenchidos dois formulários por um
mesmo aluno (1 caso) ou por ter sido marcado nenhum
campo (2 casos) ou, pelo contrário, todos os campos (3
casos) acrescidos de comentários explicando porque o
aluno não queria ser usado para este tipo de teste.
Sobraram 338 questionários válidos, sendo 277 de
alunos das graduações e 61 de alunos das pósgraduações (PG).
A pesquisa foi iniciada no segundo semestre de
1999 e foi encerrada em outubro de 2002.
80
3.1. Dos alunos
Trezentos e trinta e oito (338) alunos da UFF
participaram desta pesquisa. Eles se encontram distribuídos nas graduações em Ciências Biológicas (41),
Enfermagem (49), Farmácia (27), Física (20),
Medicina (92), Medicina Veterinária (30), Odontologia
(16), Nutrição (1) e Psicologia (1), e nas PG em
Biologia Marinha (PGBM, 12) e Ciência Ambiental
(PGCA, 49). No total, são 277 alunos de graduação
(82%) e 61 de PG (18%). A participação percentual
por curso aparece na Tabela 1 e na Figura 2.
Os alunos de graduação estavam cursando o
ciclo básico, do 2º ao 5º período, sendo a maioria deles
dos 3º e 4º períodos. Já os alunos de pós-graduação se
encontravam no primeiro ano dos seus cursos.
Para fins de análise dos resultados, pode-se
separar os alunos de graduação em dois outros grupos,
ligados à sua área de formação : o grupo da saúde
reunindo 189 alunos da enfermagem, medicina, medicina veterinária, odontologia, nutrição e psicologia,
representando 68% do total da graduação, e o grupo
das exatas e da terra reunindo 88 alunos das graduações em ciências biológicas, física e farmácia,
representando 32% do total da graduação (Tabela 1).
Observa-se que a graduação em Farmácia foi incluída
neste grupo pois os alunos do ciclo básico de farmácia
cursam essencialmente disciplinas da área das ciências
exatas e da terra.
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
3.2. Dos formulários
Sabe-se que os resultados das pesquisas feitas
utilizando questionários podem ser fortemente influenciados pela estrutura, clareza e até seqüência das
perguntas. Tentamos minimizar tais complicações
explicando claramente o que se pretendia com a
pesquisa e como entender as perguntas formuladas.
Assim mesmo surgiram alguns problemas inesperados.
Um destes foi relativo ao campo Nome do
Aluno. Os alunos, sobretudo os das PG, se sentiam
incomodados em declarar seus nomes, preferindo
nitidamente o anonimato. De fato, para os fins desta
pesquisa, o campo nome não era indispensável; seu
preenchimento visava apenas permitir aos autores de
avaliar o progresso dos alunos ao cursar a disciplina de
Radiobiologia. Foi então facultado aos entrevistados o
direito de preencher ou não este campo. Observou-se
que os alunos que preencheram seus nomes eram
principalmente aqueles que declaravam conhecer a
definição da radioatividade (se sentiam seguros) e os
alunos que anularam seu questionário não preenchendo
nenhum campo, ou todos eles, ou ainda fazendo
comentários
não
solicitados
(veja
acima,
Metodologia). Aqueles que não indicaram seus nomes
eram alunos das PG, das graduações onde o nível
médio é considerado mais fraco, ou das Ciências
Biológicas, único curso onde a Radiobiologia é
obrigatória.
O campo Data consta do questionário, pois
permite detectar respostas que poderiam sofrer a
influência de acontecimentos fortuitos noticiados na
imprensa, como foi o caso do afundamento do submarino nuclear russo Kursk em 2000 e que levou ao
aumento de acertos no item específico da pergunta 4.
Os campos Curso e Formação (este só para as
PG), são necessários para que se possa associar as
respostas obtidas aos centros de interesse,
sensibilidade e/ou viés profissional (no caso dos PG)
dos entrevistados, já que este teste foi feito durante a
primeira aula, ou seja ainda na ausência de
conhecimento específico sobre radioatividade.
A ordem das perguntas foi estabelecida cuidadosamente. Primeiro, pediu-se aos entrevistados de
expressar livremente seu sentimento a respeito do tema
radioatividade. Depois, perguntou-se se eles sabiam
conceituar o tema da pergunta anterior. A seguir, uma
vez que a radioatividade está muito associada a ações
antrópicas julgadas erradas ou desastrosas, pergunta-se
se a radioatividade poderia ser natural e onde ela
estaria distribuída, ou poderia ser encontrada. Por fim,
solicitou-se apontar em quais campos da atividade
humana encontram-se aplicações nucleares. Neste
ponto do formulário, tivemos que introduzir algumas
modificações, após a 1ª aplicação, pois observamos
erros de interpretação: trocamos “beneficiamento de
gemas” por “beneficiamento de pedras (semi)preciosas” pois os alunos ou não entendiam a palavra
gema, ou pensavam se tratar de gema de ovo.
Substituímos também o item “irradiação de alimentos”
por “conservação de alimentos” e “forno microondas”, pois irradiação de alimentos era entendida
como preparação de alimentos em fornos micro-ondas.
De mesmo, acrescentamos o item “telefonia celular”
separando-o de “telecomunicações”, em razão da
enorme controvérsia a respeito das antenas repetidoras,
o que levava os alunos a se esquecer da telefonia fixa,
das ondas rádio e da TV.
Os 139 primeiros formulários entregue possuíam
duas perguntas adicionais que foram retiradas pois
eram de difícil racionalização. São elas:
a. Alguns países voltaram a fazer testes nucleares. O
que você acha a respeito disto?
b. O que você sabe da posição dos movimentos
ecológicos a respeito do assunto “radioatividade”?
As respostas serão comentadas no final da Discussão.
As respostas à primeira pergunta que trata do
primeiro pensamento que vem em mente quando se
fala em radioatividade foram classificadas como:
pensamento negativo, pensamento negativo MAS
quando o aluno sabia que existem aspectos positivos
ligados à radioatividade, pensamento dividido (nem
positivo, nem negativo) e finalmente pensamento
positivo. Os resultados numéricos por curso, no total
das graduações ou das PG e no total geral aparecem na
Tabela 1.
No caso da segunda pergunta relativa à
definição da radioatividade, a ausência de marcação
de um dos quadrados Sim ou Não foi contabilizada
como uma resposta “não sei se sou capaz de definir o
tema”. As definições foram classificadas como certa
quando a definição proposta continha a maioria dos
elementos
característicos
do
fenômeno
de
radioatividade, ½ certa quando a definição era por
demais incompleta ou quando ela não permitia uma
clara distinção em relação a outras propriedades físicas
da matéria, errada quando a resposta era falsa,
inconsistente ou esotérica. Nota-se que cerca de ¼ dos
alunos não tenta propor definição alguma (classificado
como sem resposta). Os resultados desta pergunta
aparecem na Tabela 2.
A apuração das terceira e quarta perguntas sobre
radioatividade natural e aplicações prescinde de
maiores explicações. Os resultados se encontram nas
Tabelas 3 e 4 respectivamente.
81
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
Tabela 2. Definição da Radioatividade: número de respostas e percentuais.
Cursos
Graduações área da Saúde
Enfermagem
Medicina
Odontologia
Veterinária
Psicologia
Nutrição
Graduações área das Exatas
Biologia
Farmácia (ciclo básico)
Física
Pós-Graduações
Biologia Marinha PGBM
Ciência Ambiental PGCA
Total Área da Saúde
(Graduações)
Total Área das Exatas
(Graduações)
Total Graduações
Total Pós-Graduações
TOTAL GERAL
alunos
Sabe definir?
nº
sim
não
não sei
certa
½ certa
errada
sem
49
92
16
30
1
1
13
20
7
5
1
0
33
66
9
21
0
1
3
6
0
4
0
0
0
8
3
1
1
0
7
23
1
7
0
0
22
34
8
12
0
0
20
27
4
10
0
1
41
27
20
8
8
8
30
16
11
3
3
1
1
4
1
10
9
9
15
10
4
15
4
6
12
49
189
(100%)
88
(100%)
277
(100%)
61
(100%)
338
(100%)
4
17
46
(24,3%)
24
(27,3%)
70
(25,3%)
21
(34,4%)
91
(26,9%)
8
23
130
(68,8%)
57
(64,7%)
187
(67,5%)
31
50,8%)
218
(64,5%)
0
9
13
(6,9%)
7
(8,0%)
20
(7,2%)
9
14,8%)
29
(8,6%)
2
4
13
(6,9%)
6
(6,8%)
19
(6,9%)
6
(9,8%)
25
(7,4%)
2
15
38
(20,1%)
28
(31,8%)
66
(23,8%)
17
(27,9%)
83
(24,6%)
2
22
76
(40,2%)
29
(33,0%)
105
(37,9%)
24
(39,3%)
129
(38,1%)
6
8
62
(32,8%)
25
(28,4%)
87
(31,4%)
14
(23,0%)
101
(29,9%)
4. DISCUSSÃO
4.1. Do primeiro sentimento a respeito da radioatividade
A análise da Tabela 1 mostra que a rejeição à
radioatividade é quase unânime: 53% dos entrevistados
expressaram sentimentos negativos de desconfiança e
de medo, relacionados com os problemas das armas
atômicas, do terrorismo internacional, do lixo nuclear,
das poluições atmosférica, marinha e terrestre
resultantes de acidentes como o de Tchernobyl. Esta
rejeição é ligeiramente maior nas PG (55,7%) em
relação às graduações (52,3%) e é maior na área da
Saúde (53,4%) do que na área da Ciências Exatas e da
Terra (50,0%). Acrescenta-se ainda os cerca de 9% dos
entrevistados cuja reação é negativa embora saibam
que existem lados positivos nas aplicações nucleares.
Ficamos então com ~62% de rejeição. Quase ¼ dos
entrevistados (23%) está dividido, mas apenas 15%
dizem ter pensamento positivo a respeito do Nuclear.
Estas respostas se concentram nas áreas das Exatas
(Física 40% e Biologia Marinha 33%). As maiores
taxas de rejeição (negativo e negativo MAS, Tabela 1)
se encontram na Enfermagem (69,4%), Medicina
(66,3%) e, não surpreendentemente, na Ciência
Ambiental (67,3%).
82
Definição
As menores taxas de rejeição se observam na
Física (45%), como esperado, e inesperadamente na
Odontologia (38%) e na Medicina Veterinária (47%).
Nestas graduações, no entanto, a aceitação (pensamento positivo) varia muito: Física 40%, Medicina
Veterinária 23% e Odontologia somente 6%. É que,
neste curso, os alunos estão muito divididos (56,3%).
Veremos mais adiante que isto resulta de uma
confusão bastante geral na qual os RX são
considerados uma aplicação nuclear, o que é um erro
crasso.2
4.2. Da Definição da Radioatividade
A avaliação dos formulários indica que a noção
de radioatividade é muito pouco clara para o público
universitário entrevistado (Tabela 2). Mais de ¼ dos
alunos (26,9%) declara saber definir “radioatividade”,
mas apenas 7,4% apresentam uma definição aceitável,
embora incompleta, na imensa maioria dos casos.
Outro quarto (24,6%) forneceu elementos corretos de
2
Os RX são produzidos pela desaceleração de ume feixe de
elétrons nas proximidades do núcleo de átomos (Bremstrahlung)
ou pelo preenchimento com elétrons das camadas L ou M de
uma lacuna eletrônica existente na camada K da nuvem
eletrônica (RX característicos), não sendo portanto um fenômeno
nuclear.
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
definição (Tabela 2, coluna ½ certa), mas 38,1% erram
e 29,9% nem tentam propor definição alguma.
Comparando com a Graduação, um percentual
maior de alunos da PG declara saber definir “radioatividade” (34,4 % versus 25,3) e consegue: 9,8% de
acertos versus 6,9%. O percentual de definições
erradas é o mesmo para Graduação (37,7%) e PG
(39,3%). Observa-se ainda que na PG um percentual
menor de alunos desiste de propor uma definição:
apenas 23,0% contra 31,4% da graduação.
Comparando as áreas de formação “Saúde” e
“Exatas”, como definidas no item 3.1, observa-se que
um percentual ligeiramente maior de alunos das Exatas
declara saber definir “radioatividade”: 27,3% nas
graduações das Exatas versus 24,3% da Saúde, mas um
percentual idêntico acerta: 6,9% da Saúde contra 6,8%
das Exatas. Em contrapartida, um número menor de
alunos das Exatas erra na definição (Exatas 33,0% e
Saúde 40,2%) e um número maior propõe definições
semi-corretas (Exatas 31,8% e Saúde 20,1%).
Entre as propostas de definição de radioatividade, selecionamos alguns exemplos que merecem destaque. A seguir, aparecem em itálico os textos exatos e
entre parêntese a graduação ou PG do aluno autor da
definição. Para muitos, a radioatividade é uma forma
de energia (Vet); mais precisamente, uma energia
liberada (Bio, Far, Odo, Vet) através da emissão de
radiação (Fis, Med, Odo), partículas (Bio, Enf, Far,
Fís, Vet), raios (Bio, Enf, Med, Vet) ou ondas (Bio,
PGBM, PGCA). Isto é correto mas incompleto.
Os erros aparecem quando o aluno tenta ser mais
preciso! Partículas α e β são freqüentemente chamadas
de ondas, inversemente raios γ são rotulados de
partículas; UV (Vet) e RX (Med) são citados como
integrantes da radiação nuclear. Diversos alunos
lembram que a radioatividade tem algo a ver com
cargas iônicas3 (Odo), ou estaria relacionada com o
movimento de íons (Bio, Enf), ou seja: seria a atividade
exercida por íons (Med). Vagas noções herdadas das
aulas de química do 2º Grau fazem associar íons e
elétrons, o que explica talvez as definições erradas que
seguem: a radioatividade seria uma alteração no
átomo devido à perda ou ao ganho de elétrons (Odo),
ela estaria relacionada com a mudança da posição dos
elétrons em suas camadas (Enf), ou com a atividade
dos elétrons dos átomos (Med), ou ainda com a
agitação de elétrons produzindo uma reação em
cadeia (Vet), ou mais simplesmente com uma
modificação da estrutura elétrica dos átomos (Bio).
Tais erros seriam facilmente evitados se os alunos
3
As partículas α e β possuem cargas elétricas e a principal interação da radiação nuclear com a matéria resulta na ionização da
mesma.
lembrassem que radioatividade, energia atômica (ou
energia nuclear) são noções intimamente associadas, e
logo que a radioatividade é um fenômeno que ocorre
nos núcleos dos átomos.
Outro aspecto interessante está traduzido na
afirmação de um graduando em medicina : “É muito
difícil para um leigo ver a radioatividade como algo
natural”. Por isto, a imensa maioria pensa que a
radioatividade é um fenômeno induzido e não
espontâneo. Assim, a radioatividade é a emissão de
radiação por um núcleo quando bombardeado (Odo),
ou é a energia liberada pela manipulação de átomos
(Bio) ou de certos elementos químicos (Odo), ou ainda
a liberação de partículas quando um átomo é
bombardeado (Far) ou quando certa substância é
estimulada (Enf).
Neste ponto da discussão, seria oportuno definir
Radioatividade.
« A radioatividade é a propriedade que certos
nuclídeos (isótopos) apresentam de liberar aleatória e espontaneamente o excesso de energia
nuclear que possuem, em busca da sua estabilidade, sob a forma de radiação corpuscular (partículas α e/ou β) ou de radiação eletromagnética
(γ), gerando, no caso de radiação corpuscular,
novos nuclídeos por transmutação. »
Este apecto da transmutação é fundamental, mas foi
citado por pouquíssimos alunos, inclusive raramente
por aqueles cuja definição foi considerada correta. O
que muitos lembram é o caráter penetrante da radiação
emitida (Bio, Med, Odo, Vet, PGBM, PGCA), mas
poucos falam do seu caráter ionizante (só dois alunos
da Medicina e da Medicina Veterinária) ou dos benefícios que ela pode trazer (Far, Med, Vet).
A definição é dada muitas vezes em função
dos efeitos ou das aplicações da radiação. Por
exemplo, a radioatividade é: a emissão de partículas
que afetam os organismos de modo positivo ou
negativo (Far), ou a utilização de radioisótopos em
pesquisa, experiências e exames (Bio), a ação dos
raios sobre tecidos vivos (Vet), ou ainda o uso da
radiação para tratamentos (Enf, PGCA).
O preconceito ao qual fizemos alusão na
Introdução aparece em diversas definições. Citaremos
algumas. Radioatividade é “aquilo” que se usa para
destruir ou salvar vidas (Vet), são raios que
atravessam células podendo ou não ocasionar danos
(Vet), é a liberação de partículas ionizantes prejudiciais à saúde (Vet), é a emissão de partículas
prejudiciais que podem destruir células (Fís), é uma
radiação produzida que pode ser maléfica ou não
83
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
Tabela 3. Distribuição da Radioatividade Natural: número de respostas e percentuais por grupo.
item
na Terra?
sim
não
não sei
caso afirmativo
no solo
no ar
nas águas
no mar
sem resposta
no sistema Solar?
sim
não
não sei
caso afirmativo
nos planetas
no espaço
sem resposta
no Cosmos?
sim
não
não sei
caso afirmativo
na nossa galáxia
nas outras galáxias
sem resposta
Bio Enf Far
41 49 27
Fís Med Nut Odo Psi
20
92
1
16
1
Vet BM
30 12
CA
49
Saú
39
0
2
43
0
6
27
0
0
18
2
0
82
3
7
0
0
1
14
0
2
1
0
0
27
3
0
11
0
1
45
1
3
88
3
9
96
2
2
91
3
6
92
2
6
91
3
6
26
23
24
21
3
39
16
12
11
8
21
6
7
2
1
17
6
6
6
1
73
44
30
32
6
0
0
0
0
1
13
7
4
3
3
1
1
0
0
0
21
12
14
11
3
7
7
7
8
2
38
26
23
24
9
78
42
32
30
11
73
40
42
33
6
76
42
35
31
9
74
54
49
52
18
76
44
38
35
11
35
0
6
42
1
6
22
1
4
18
0
2
85
1
6
0
0
1
15
0
1
1
0
0
27
2
1
11
0
1
43
1
5
91
2
7
85
1
14
89
2
9
89
2
9
89
2
9
32
23
7
35
24
10
16
11
6
13
9
2
76
51
7
0
0
1
12
7
2
0
1
0
19
17
4
8
5
3
28
25
14
75
53
13
69
49
17
73
52
14
59
49
28
71
51
17
31
1
9
28
8
13
22
0
5
19
0
1
71
4
17
0
0
1
15
0
1
1
0
0
29
1
0
10
0
2
39
1
9
76
6
18
82
1
17
78
5
17
80
2
18
78
4
17
31
27
9
27
18
21
20
11
3
18
11
2
69
58
17
0
0
1
14
12
1
1
1
0
25
22
4
5
3
3
32
25
16
72
59
23
78
56
16
74
58
21
61
46
31
72
56
23
Totais percentuais
Exa Grad PG Geral
Bio: Ciências Biológicas, Enf: Enfermagem, Far: Farmácia, Fís: Física, Méd: Medicina, Nut: Nutrição, Odo: Odontologia, Psi: Psicologia,
Vet: Medicina Veterinária; BM: Mestrado em Biologia Marinha (PGBM) e CA: Mestrado em Ciência Ambiental (PGCA); Saú: área da Saúde
(graduação); Exa: área das Exatas (graduação); Geral: Total Geral
(Fís), é a energia que tem poder de penetrar nos
corpos prejudicando-os (PGCA), é a emissão de raios
maléficos à nossa saúde (Enf), é a radiação nuclear
que pode gerar problemas de saúde (Med), são ondas
com grande poder de destruição (Med); por fim, a
radioatividade é as vezes natural, mas principalmente
induzida e maléfica (Med). As novas tecnologias não
escapam do preconceito: a radioatividade está presente
nos eletro-eletrônicos, de uso doméstico, criados pelo
homem 4 (Med)!
O meio ambiente é usado para sustentar o
preconceito: a radioatividade é um tipo de poluição
que causa danos ao meio ambiente (PGCA), são
substâncias químicas que se comportam de maneira
singular no ambiente e nos organismos vivos (Enf), é a
ação de vários tipos de raios sobre o ambiente (Med),
é a atividade de diversas partículas altamente reativas
... com alvo específico na natureza (Bio). Por fim, é o
que existe no meio natural e que pode ser produzido
para outros fins (Bio).
4
Quando solicitado de esclarecer este ponto, o aluno apontou os
telefones celulares e os fornos a microondas.
84
Algumas definições são muito surpreendentes: a
radioatividade é a atividade radiográfica do átomo
(Odo), o movimento de ondas no espaço (Vet), tem a
ver com comprimento de onda (Bio), é uma vibração
de alta freqüência produzida por substâncias minerais
(PGCA), algo que pode alterar o desenvolvimento
natural (Enf), uma radiação emitida por seres vivos
(Med), ou ainda um tipo de emissão de energia
liberada pela vibração molecular (Bio).
Muito disto resulta de informações obtidas da
imprensa ou de lembranças de noções estudadas no 2º
Grau, mas que não foram bem assimiladas. Neste particular, pode se questionar a eficiência do ensino de 2º
Grau cujo objetivo principal parece ser a produção de
alunos capazes de passar no Vestibular, mais do que de
alunos com uma formação básica para o resto da vida.
Respostas de alunos da medicina, que, na UFF, fazem
parte dos estudantes melhor preparados, ilustram bem
a afirmação feita acima: a radioatividade resulta da
atividade dos radioisótopos, só não sei o que é
radioisótopo (!) e esta outra que diz: a radioatividade
é algo como uma energia com propriedades específicas que conheço, mas que não sei explicar (!).
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
4.3. Da Radioatividade Natural
Muito mais clareza têm os alunos da presença da
radioatividade no ambiente, no sistema solar ou no
cosmos (Tabela 3). De maneira geral, a grande maioria
dos alunos, mas não a totalidade (91%), declara existir
radioatividade natural na Terra. Na sua opinião, ela
estaria localizada principalmente no solo (76%), sendo
os demais compartimentos menos lembrados: ar (44%),
águas continentais (38%) e mares (35%), embora eles
sejam também naturalmente radioativos. A preferência
para o solo parece indicar que este é considerado mais
material do que o ar ou a água, e logo parece ser um
melhor suporte para “substâncias radioativas”. Estas
tendências são as mesmas entre alunos de graduação e
de PG, embora estes últimos apontem a presença de
radioatividade não somente no solo (74%) mas também e com freqüência maior nos demais compatimentos: ar 54% (contra 42% nas graduações), águas 49% e
mares 52% versus 35 e 31% respectivamente, nas
graduações. Isto se explica provavelmente pelo fato
das PG envolvidas (Biol. Marinha e Ciência Ambiental) terem o meio ambiente como centro de interesse.
Comparando as graduações em função da área
de formação, observa-se maior convicção da existência
de radioatividade natural na Terra entre os alunos das
Exatas (96%) do que os da Saúde (88%), apesar dos
alunos da Saúde enfatizarem mais sua presença no solo
(78%) em relação aos alunos das Exatas (73%). Os
demais compartimentos aparecem aproximadamente
com a mesma freqüência.
A idéia de existir radioatividade natural no
sistema solar alcança essencialmente os mesmos patamares do que para a Terra (~90%), com a exceção dos
alunos das graduações da área das Exatas (apenas 85%).
Surpesas aparecem ao se perguntar onde estaria esta
radioatividade. Os alunos da Saúde são mais categóricos que os alunos das Exatas ao afirmar sua presença
nos planetas (76% contra 69%). Estranhamente, apenas
59% dos estudantes de PG pensam da mesma maneira.
A razão disto não está clara, mas poderia estar ligada à
idéia de que radioatividade=poluição=homem e uma
vez que ele ainda não pisou nos demais planetas do
sistema solar, estes estariam isentos de contaminação
radioativa, o que seria então uma negação implícita da
existência de radioatividade natural. Outro ponto
deixou todos os grupos muito divididos: a existência
de radioatividade natural no espaço intersideral.
Apenas a metade dos alunos (~50%) acha que sim,
embora exista de fato. Nas décadas de 60 e 70 do
século passado, no auge da conquista espacial,
ninguém duvidaria da radioatividade interestelar, pois
falava-se muito de raios cósmicos e dos cinturões de
Van Allen sendo atravessados pelos cosmonautas.
Quanto à existência de radioatividade natural
no cosmos, aproximadamente ¾ dos entrevistados
(78%) são da opinião que existe, na nossa galáxia
(72%) e talvez nas outras (56%). Um quarto (23%) não
se pronuncia a respeito. Entre os estudantes de
graduação, a convicção é ligeiramente maior para os
das Exatas (existe sim 82% e na nossa galáxia 78%) do
que para os da Saúde (76% e 72% respectivamente).
Surpreendentemente, os pós-graduandos hesitam em se
pronunciar de maneira precisa. Para eles existe
radioatividade natural no cosmos (80%), mas apenas
61% pensam que exista na nossa galáxia e 31% se
abstêm de opinar.
Difícil é tentar entender porque os alunos que
acham existir radioatividade natural na Terra hesitam
em afirmar o mesmo no caso do sistema solar (embora
a própria Terra faça parte do sistema solar e embora o
Sol seja considerado uma gigantesca bomba atômica),
ou no caso do cosmos cuja idade é determinada pela
presença de urânio nas galáxias mais distantes. Há
nesta atitude uma falta de coerência, característica dos
alunos menos treinados a fazer correlações do que a
responder perguntas de múltipla escolha onde as
respostas mais óbvias são consideradas “pegadinhas”.
De qualquer maneira esta atitude caracteriza um
conhecimento pouco seguro do assunto tratado,
fazendo com que nosso público mais esclarecido não
se diferencie muito do público leigo ao qual fizemos
alusão no final da Introdução.
Finalmente, embora a pergunta 3 do formulário
esteja se referindo à radioatividade natural e embora
isto tenha sido enfatizado quando da entrega dos questionários e no próprio formulário ao imprimir a palavra
“natural” em negrito, não há como saber se as
respostas dos alunos se referem efetivamente à radioatividade natural e não à ações antrópicas que
resultaram nas explosões de bombas atômicas, na
construção de centrais nucleares ou na contaminação
ambiental devido a acidentes nucleares ou à estocagem
de rejeitos nucleares (o assim chamado “lixo
atômico”). Se isto tem sido o caso, as respostas e suas
análises desviariam muito do objetivo da pergunta que
era de avaliar a percepção da existência da
radioatividade não ligada a atividades humanas.
4.4. Das Aplicações da Radioatividade
Desde o fim da IIª Guerra Mundial, a radioatividade tem sido associada às bombas atômicas e à
produção de energia elétrica em usinas nucleares. Por
outro lado, a alta incidência de câncer põe uma grande
fatia da população em contato com técnicas de radioterapia. Esperar-se-ia, então, que estas três aplicações
fossem as mais freqüentemente citadas pelo nosso
85
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
Tabela 4. Das aplicações da radioatividade, valores numéricos de respostas afirmativas por orientação e
percentuais por grupo. Os itens e valores em itálicos não são aplicações nucleares.
item
Energia
RX
Tratamento doenças
Diagnóstico doenças
Armamento
Física
Química
Tomografia
Análise laboratorial
Bioquímica
Biologia
Imunologia
Telecomunicações
Navegação espacial
Forno micro-ondas
Navegação submarina
Telefonia Celular
Conservação alimentos
Fisiologia
Metalurgia
Navegação marítima
Envelh. objetos de arte
Pára-raios
Benef. pedras preciosas
Relojoaria
Outros
Benef. de vinho
Bio Enf Far
41 49 27
Fís Med Nut Odo Psi
20
92
1
16
1
Vet BM
30 12
CA
49
39
36
37
35
34
38
37
34
33
34
38
34
32
23
34
19
35
36
35
17
17
11
9
10
2
2
2
19
18
18
17
18
19
19
14
13
12
14
5
10
11
7
10
7
8
5
5
5
2
3
3
5
2
1
29
30
29
29
29
26
23
26
22
25
21
24
21
20
15
19
3
21
11
14
11
7
8
6
6
1
1
48
44
45
42
46
39
40
39
32
33
33
30
27
23
20
23
17
25
16
15
20
10
10
9
9
4
5
43
47
42
42
41
39
37
37
37
32
27
25
38
33
30
17
22
13
13
25
14
15
11
5
6
1
3
22
25
25
26
21
24
24
18
21
23
19
17
16
10
19
7
16
9
10
13
5
3
6
3
2
2
0
91
88
88
87
84
86
82
74
72
71
64
68
59
62
47
49
35
23
33
33
43
22
14
11
14
6
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
0
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
16
15
16
15
14
13
10
14
12
1
11
10
9
13
10
7
12
4
6
5
7
0
2
2
3
0
0
1
1
1
1
1
1
1
0
1
1
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
10
12
12
11
12
11
12
6
7
9
11
8
5
6
5
5
4
4
7
5
4
2
2
3
1
1
1
Totais percentuais
Saú
95,8
96,3
93,6
92,6
89,9
87,8
81,5
80,4
76,7
74,1
66,1
67,7
67,2
68,3
54,5
49,2
38,6
32,8
33,9
41,3
39,7
23,2
18,5
12,7
15,3
4,2
3,2
Exa Grad
90,9 94,2
89,8 94,2
90,9 92,8
88,6 91,3
83,0 87,7
92,0 89,2
90,9 84,5
75,0 78,7
76,1 76,5
78,4 75,5
80,7 70,8
63,6 66,4
65,9 66,8
50,0 62,5
68,2 58,8
40,9 46,6
65,9 47,3
60,2 41,5
56,8 41,2
39,8 40,8
30,7 22,4
18,2 21,7
20,5 19,1
18,2 14,4
10,2 13,7
6,8
5,1
3,4
3,2
PG
95,1
91,8
93,4
86,9
95,1
82,0
85,2
73,8
63,9
68,9
72,1
62,3
52,5
47,5
41,0
45,9
34,4
47,5
37,7
32,8
39,3
19,7
19,7
19,7
16,4
8,2
9,8
Geral
94,4
93,8
92,9
90,5
89,1
87,9
84,6
77,8
74,3
74,3
71,0
65,7
64,2
59,8
55,6
46,4
45,0
42,6
40,5
39,3
37,3
21,3
19,2
15,4
14,2
5,6
4,4
Bio: Ciências Biológicas, Enf: Enfermagem, Far: Farmácia, Fís: Física, Méd: Medicina, Nut: Nutrição, Odo: Odontologia, Psi: Psicologia,
Vet: Medicina Veterinária; BM: Mestrado em Biologia Marinha (PGBM) e CA: Mestrado em Ciência Ambiental (PGCA); Saú: área da Saúde
(graduação); Exa: área das Exatas (graduação); Geral: Total Geral; Benef.: beneficiamento; Envelh.: envelhecimento.
público-alvo. Isto é verdade apenas entre os alunos da
Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PGCA).
Analisando os dados contidos na Tabela 4, observa-se
que a área energética é a mais citada, por 94,4% do
conjunto dos entrevistados. As armas nucleares,
porém, ficam apenas em quinto lugar, com 89,1%,
após o diagnóstico de doenças – 4º lugar com 90,5%,
o tratamento de doenças – 3º lugar com 92,9% e,
surpreendentemente, os RX – 2º lugar com 93,8%,
quase empatado com a produção de energia! Este erro
fundamental (veja nota 2) é geral, sendo ligeiramente
mais freqüente nas graduações (94,2%, 1º lugar) do
que nas PG (91,8%, 4º lugar) e também entre os alunos
da área da Saúde (96,3%, 1º lugar) do que entre os
alunos das Exatas (89,8%, 5º lugar). Preocupante
mesmo são os 90% dos alunos da Física que
reconhecem os RX como uma aplicação nuclear. A
confusão se explica talvez pelo fato dos RX serem
radiações ionizantes à imagem das radiações nucleares.
Já a tomografia computadorizada, que é meramente
uma sofisticação da aplicação de RX, aparece só no 8º
lugar, com cerca de 78%. Outra incoerência!
86
Entre as ciências básicas, a Física aparece em 1º
lugar do total geral com 87,9%, seguida da Química
(84,6%), Bioquímica (74,3%), Biologia (71,0%), Imunologia (65,7%) e, menos lembrada, a Fisiologia com
apenas 40,5%. Esta situação se altera nas PG onde a
Química (85,2%) passa na frente da Física (82,0%). Já
na área das Exatas, a Física e a Química (esta empatada com Energia e Tratamento de Doenças) conquistam os 1º e 2º lugares, respectivamente com 92 e
90,9%.
Tecnologias contemporâneas parecem associadas à radioatividade no imaginário dos estudantes
universitários. Assim, as telecomunicações (64,2%), os
fornos de microondas (55,6%) e a telefonia celular
(45,0%) são erroneamente aceitas como aplicações
nucleares, talvez por que todas sejam tidas como emissoras de radiação. Há nisto, claramente, uma confusão
quanto ao significado da palavra “radiação”, confusão
esta que se encontra também na imprensa. Lembraremos aqui que nem toda radiação é de origem nuclear,
mas que toda onda eletromagnética é uma radiação,
seja ela onda de rádio, telefonia, televisão, infravermelho,
luz
visível,
ou
ultravioleta.
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
Tabela 5. Dos Testes Nucleares e da posição dos Movimentos Ecológicos:
número de respostas e percentuais por grupo.
item
Enf Far
6
24
Fís Med Odo Psi
9
51
3
1
Vet BM
26
3
CA
16
Saú
Totais percentuais
Exa Grad PG Geral
Testes Nucleares
erro
opinião dividida
sem opinião
13
9
2
4
1
1
3
5
1
26
20
5
1
2
0
1
0
0
14
10
2
2
1
0
9
5
2
52,4 46,7
39,0 40,0
8,6 13,3
51,6
39,2
9,2
57,9
31,6
10,5
52,5
38,1
9,4
Movimentos Ecológicos
são contra
não sei
outra posição
20
3
1
5
1
0
4
2
3
31
19
1
3
0
0
1
0
0
19
6
1
2
0
1
12
3
1
70,5 60,0
26,7 20,0
2,8 20,0
69,2
25,8
5,0
73,7
15,8
10,5
69,8
24,5
5,7
A diferença das radiações nucleares é que estas são
capazes de ionizar a matéria por onde elas passam,
originando efeitos físicos, químicos e biológicos. Esta
associação espontânea das tecnologias avançadas com
a radioatividade (um símbolo do moderno) ainda se
observa nas respostas relativas às navegações espacial,
submarina e marítima. Em todos os grupos de estudantes das graduações, PG, das áreas da Saúde ou das
Exatas, a navegação espacial é mais citada (~60%) do
que a navegação submarina (46,4%) que é mais
lembrada que a marítima (37,3%), muito embora
satélites, submarinos, porta-aviões e navios quebragêlo usem motores nucleares para sua propulsão.
Algumas aplicações nucleares são praticamente
ignoradas entre os estudantes universitários entrevistados. É o caso do beneficiamento de pedras (semi)preciosas, a fabricação de pára-raios e a produção de
mostradores de relógios. Por outro lado, as sugestões
erradas beneficiamento de vinhos e envelhecimento de
objetos de arte não atraíram muitos alunos.
Raros são os alunos indicando outras aplicações,
e nestes casos são citadas as técnicas de datação
arqueológicas com carbono-14 (Fís,Med), o uso de
traçadores na pesquisa básica ou na medicina (Bio), a
esterilização de seringas e equipamentos cirúrgicos
(Far), ou o uso de isótopos como ferramenta geoquímica (PGBM). Ninguém cita a ativação neutrônica.
O caso da conservação de alimentos merece
comentários. Menos de 43% dos estudantes apontam
esta técnica como uma aplicação nuclear, embora ela o
seja. Os acertos são maiores nas PG (47,5%) do que
nas graduações (41,5%), sendo que os alunos das
Exatas estão muito melhor informados a respeito
(60,2%) do que os alunos da Saúde (32,8%). Isto pode
em parte ser o reflexo de uma matéria apresentada num
canal de televisão, na época em que algumas turmas
fizeram o teste, e que enfatizou a irradiação de
alimentos dando, inclusive, uma série de informações
erradas ou distorcidas. Esta matéria, pelo seu conteúdo,
deve ter atraído principalmente um público interessado
em ciências básicas, o que pode justificar esta grande
discrepância entre alunos da Saúde e das Exatas. Entre
os alunos da Saúde, os graduandos em Medicina Veterinária se destacam, com 70% de acertos, provávelmente em razão da existência de uma disciplina de
“Tecnologia de Alimentos” que aborda a conservação
de alimentos pela irradiação com 60Co.
Como se comportaram nesta pergunta a turma
de alunos da PG em Ciência Ambiental, sendo ela a
única turma multidisciplinar a participar da pesquisa?
Os mestrandos do PGCA foram os únicos a citar
Energia, Armamento e Tratamento de doenças como
as três principais aplicações nucleares. No resto, não se
diferenciaram sensivelmente do conjunto. É possível
que no final do mestrado esta situação seja diferente.
4.5. Dos Testes Nucleares
Um número menor de estudantes participou
desta parte da pesquisa: foram 139 alunos distribuídos
entre graduação (120 alunos, 86,3%) e PG (19, 13,7%).
O grupo das Exatas é composto de 15 alunos, sendo 6
da Farmácia e 9 da Física; o grupo da Saúde é muito
maior, 105 alunos, pertencentes às graduações em
Enfermagem (24), Medicina (51), Odontologia (3),
Psicologia (1) e Medicina Veterinária (26). A PGBM
participou com apenas 3 alunos e a PGCA com 16.
A Tabela 5 (parte superior) apresenta a quantificação das respostas dadas à pergunta : “Alguns países
voltaram a fazer testes nucleares. O que você acha a
respeito disto?”
Mais da metade (52,5%) se posiciona contra os
testes nucleares e 38,1% têm uma opinião dividida;
9,4% não se define. Nas PG, a rejeição é maior ainda:
57,9%. Comparando as áreas da Saúde e das Exatas,
embora estes dois grupos sejam muito desproporcionais, observa-se, como esperado, uma menor rejeição
por parte dos alunos das Exatas (46,7%) contra 52,4%
do grupo da Saúde. Esta postura é liderada pela Física.
Entre as opiniões contrárias, lê-se que os testes
nucleares são desnecessários (Med,Psi), perigosos
87
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
(Enf,Fís,Med,Vet,PGBM,PGCA), maléficos (Enf,Med,
Vet,PGCA), que eles causam danos ao meio ambiente
(todos), provocam desigualdade entre as nações (Med,
Vet,PGCA), que constituem uma ruptura de acordos
internacionais para suspensão de testes (Enf) ou de
não-proliferação de armas nucleares (Med) e, por fim,
que visam o poder econômico (Vet,PGCA), político e
militar (Enf,Med,Vet,PGCA). São crimes ecológicos
(Fís) horríveis (Vet). Resumindo, as opiniões
contrárias expressam o medo, uma preocupação
ambiental, bem como posturas sócio-políticas.
Os argumentos a favor citam os benefícios
advindos do domínio tecnológico (Enf, Fís, Med,
Odo,Vet,PGCA) e de aplicações únicas (Enf,Med),
oferecendo uma alternativa energética para o futuro
(Vet), conquistas na medicina e na saúde em geral
(Enf,Med,Vet), sendo isto tudo importante para o
desenvolvimento de um país (Fís,Med).
Testes nucleares só são aceitos se forem subterrâneos (PGCA), absolutamente seguros (todos), se
não apresentarem perigo para o meio ambiente e a
vida em geral (todos), se informarem corretamente o
público leigo (Med) e se não forem feitos com o intuito
de desenvolver armas nucleares (todos).
Claramente, o “nuclear” suscita atitudes muito
divergentes que parecem estar ligadas ao próprio
paradoxo da radioatividade que tanto mata quanto
cura.
4.6. Dos Movimentos Ecológicos
O mesmo elenco de 139 alunos respondeu
ainda à pergunta: “O que você sabe da posição dos
movimentos ecológicos a respeito do assunto radioatividade?” A apuração das respostas aparece na
Tabela 5 (parte inferior).
Quase 70% declararam que os movimentos
ecológicos têm posição contrária ao uso da energia
nuclear quer seja bélico ou pacífico. Um quarto
(24,5%) não sabe do assunto e menos de 6%
apresentam opiniões diferentes, principalmente os
alunos da Física. Nas PG, um maior percentual de
alunos conhece a posição contrária dos movimentos
ecológicos à radioatividade (73,7%) e um número
menor (15,8%) não opina.
Os movimentos ecológicos são qualificados de
informados ou pacifistas (PGCA) pelos que os apóiam
e de mal informados (PGBM), radicais (Enf,Med,Vet)
extremistas (Med) e até de histéricos (Enf) pelos que
não apoiam suas idéias e/ou métodos. Diz-se deles que
militam pelo uso racional e contra o uso impróprio da
energia nuclear (Enf,Med,Vet), o que já resultou em
legislação mais adequada (Med). Os movimentos
ecológicos estão preocupados com o lixo (Far, Vet,
88
PGBM,PGCA), vazamentos (Enf,Fís,Med), explosões
(PGCA) e querem conscientizar a população (Enf,
PGBM). Por outro lado, os opositores sustentam que
tais movimentos fazem acreditar que só há riscos (Fís,
Med), mas conclui-se que se o uso do “nuclear” for
inevitável (PGBM), será necessário responsabilizar as
indústrias e os governos (Med) pelo gerenciamento de
tudo o que envolve o uso da radioatividade e pelos
eventuais acidentes que possam advir deste uso.
De maneira geral, os movimentos ecológicos
têm a simpatia do público universitário entrevistado.
5. CONCLUSÕES
Este estudo mostra que o público de estudantes
de nível superior, escolhido como público mais esclarecido, não se distingue muito do público leigo quando
o assunto é radioatividade. Aliás, muitos alunos, se
consideram absolutamente leigos na matéria.
Em geral, a fonte de informações invariávelmente citada, o ponto de referência do saber, é a
imprensa: jornais, televisão, revistas. Nunca uma aula,
um livro ou uma revista de divulgação científica!
Considerando que os jornalistas, incluindo os de
colunas científicas, não costumam ter uma boa formação em ciências, o valor científico e a credibilidade das
informações veiculadas na imprensa é no mínimo
questionável, principalmente pela falta de comprovação das matérias publicadas. Raramente os alunos se
referem aos seus conhecimentos adquiridos nos bancos
da escola ou da faculdade, deixando transparecer uma
profunda dicotomia entre os estudos e o que se
aproveita deste saber no dia-a-dia. Uma aluna da
Medicina se conscientizou disto ao declarar: “Alías, me
confundi agora! Não sei se toda radioatividade está
relacionada ao núcleo do átomo! Estou com vergonha,
me lembro de ter estudado isto bem...(sic)” ... mas
esqueceu.
Não há, nestas condições, de se estranhar que o
sentimento que domina quanto à radioatividade seja o
preconceito. De fato, como afirma a mesma aluna:
“Somos levados, de um ponto de vista sócio-cultural,
a encarar a radioatividade como causadora de
malefícios.” Daí os 62% de rejeição à radioatividade
apurados nesta pesquisa. Contudo, só 7% dos alunos de
graduação e 10% de PG sabem definir o tema, embora
27% declarem saber a definição. Tem-se uma idéia tão
errada da radioatividade que 94% dos alunos
consideram os RX como aplicação nuclear! Idem para
tomografia, telecomunicações, telefonia celular e até
forno micro-ondas, mas o armamento nuclear é citado
por apenas 89% dos estudantes, embora seja um dos
maiores temores confessos. Em geral, os alunos da
Mundo & Vida vol. 3 (2) 2001
área das Exatas fornecem respostas mais corretas e/ou
menos emotivas que os alunos da área da Saúde.
A existência da radioatividade natural na Terra,
no Sistema Solar e no Cosmos é aceita, mas é
associada principalmente ao meio sólido, o solo ou os
planetas. Ar, águas, mares, espaço intersideral são bem
menos citados.
Testes nucleares são aceitos, na condição que
sejam subterrâneos e absolutamente seguros para o
meio ambiente e para as diversas formas de vida. Este
parece ser um ponto crucial e que resulta provávelmente do trabalho desenvolvido pelos movimentos
ecológicos.
Ao nosso ver, a aceitação do “nuclear” está
condicionada a três ações essenciais:
Não há dúvida de que as explosões das bombas
atômicas no final da II Guerra Mundial, o acidente
nuclear de Tchernobil na Ukrânia (ex União
Soviética), em 1986, e o acidente radiológico de
Goiânia, no ano seguinte, contribuíram sobremaneira
para a desconfiança, o preconceito e a rejeição de tudo
o que tange à radioatividade. Diante da escassez
mundial de energia e face ao esgotamento progressivo
dos lençóis de petróleo, é provável que dentro de umas
duas décadas, não haverá outra alternativa a não ser o
uso mais intenso da energia nuclear. Há de se de
vencer os medos e os preconceitos.
Não se teme o que se conhece bem. Como dizia K.Z.
Morgan: “Não se deve temer a radiação e sim
respeita-la”.
a. fazer intensas campanhas de esclarecimento do
público em geral visando a absoluta transparência da qual todos sentem falta;
b. dar garantias absolutas quanto ao manejo dos
rejeitos nucleares, à proteção ambiental e à
preservação de todas as formas de vida; e
c. introduzir o ensino obrigatório de noções
básicas
de
radioatividade,
abordando
propriedades físico-químicas, efeitos biológicos
da radiação,
radioproteção e aplicações
nucleares.
6. AGRADECIMENTOS
A todos os alunos das graduações em Ciências
Biológicas, Enfermagem, Farmácia, Física, Medicina,
Medicina Veterinária, Odontologia, Nutrição e
Psicologia e alunos das pós-graduações em Biologia
Marinha e Ciência Ambiental da Universidade Federal
Fluminense que contribuíram para esta pesquisa.
89
Download

A Percepção da Radioatividade por Estudantes de Nível Superior