IDENTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS E ANÁLISE DE RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM BACTÉRIAS ISOLADAS EM TOMATE Dionísio, Fernando Sérgio Ferreira1; Carrasco Dionísio, Marisa Maurício1; Zangaro Renato Amaro 2; Kozusny-Andreani, Dora Inés2 1 Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica - Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO) 2 Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica - Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO) [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Resumo- O tomate é um fruto frequentemente consumido in natura que pode estar contaminado por microorganismos deteriorantes e patogênicos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de amostras de tomates comercializados em um supermercado de Votuporanga,SP, bem como bem como verificar a resistência a antibióticos dos micro-organismos isolados. As amostras foram submetidas a análise microbiológica segundo os protocolos convencionais de análise de alimentos. Verificou-se contaminação por Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Salmonella, estes microorganismos apresentaram multirresistência aos antibióticos. Palavras-chave: Resistência a antibióticos, tomate, enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa Área do Conhecimento: Bioengenharia Introdução O tomate, Lycopersicon esculentum, é um fruto pertencente à família Solanaceae, o qual pode ser consumido in natura ou processado. É na parte externa dos frutos que ocorre a maior parte da microbiota contaminante desses alimentos. Essa contaminação pode se dar por meio da colheita, da lavagem a qual os frutos são submetidos e das condições higiênico-sanitárias dos manipuladores, equipamentos e ambiente de conservação e comercialização. (FERREIRA, 2010). Para se prolongar o tempo de prateleira e a prevenção de contaminação dos consumidores por patógenos é necessário que se façam análises de coliformes e a contagem total de aeróbios e de bolores e leveduras indicam a qualidade higiênico-sanitária dos frutos. Além disso, a contagem de Salmonella tem como objetivo prevenir o consumidor de surtos alimentares causados pela ingestão desse patógeno (ARBOS, 2010; FERREIRA, 2010). A determinação da incidência de patógenos e micro-organismos deteriorantes no tomate é fundamental para se especificar padrões microbiológicos, além de fornecer subsídios para o conhecimento de aspectos tecnológicos de produtos minimamente processados e boas práticas de fabricação (PINHEIRO, 2005). Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de amostras de tomates comercializados em um supermercado de Votuporanga,SP, bem como bem como verificar a resistência a antibióticos dos microorganismos encontrados nas amostras. Metodologia Para a realização deste trabalho, foram coletados tomates em um supermercado do município pesquisado. O material foi submetido a análise microbiológica nos laboratórios do Centro Universitário de Votuporanga – UNIFEV e da Universidade Camilo Castelo Branco – Unicastelo, câmpus Fernandópolis. Para a realização das análises, foi adaptado o protocolo proposto por Silva et al (2010). Foram realizadas análises microbiológicas para coliformes totais e Escherichia coli e pesquisa para Salmonella e Pseudomonas aeruginosa. O material para análise foi coletado com swab, considerando-se 2 uma região de 2 cm na região do pedúnculo e na lateral. Posteriormente foram feitas diluições seriadas em NaCl (0,5%), utilizadas para inocular tubos contedo caldo Lauril Sulfato Triptose (teste presuntivo), e incubados a 35 ºC por 24 horas. Os tubos com resultado positivo (com crescimento e produção de gás) foram submetidos a um teste confirmativo para coliformes totais em caldo Verde Brilhante Bile 2%, as soluções foram incubadas em banhomaria a 42ºC (24 horas). Dos tubos com resultado positivo, foram retirados 0,1mL de solução e inoculados em placas de EMB (Eosina Azul de Metileno) e SS (Ágar Salmonella Shigella). As diluições seriadas foram também inoculadas em placas de Petri contendo TSA Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 377 (Trypticase Soy Agar) Após a incubação foram realizadas leituras para a quantificação de colônias. As bactérias isoladas foram submetidas ao teste e resistência aos antibióticos por meio do método de difusão em placas. Resultados Nas amostras analisadas foram isoladas Salmonella sp., Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa (tabela 1): Tabela 1- Espécies bacterianas isoladas de tomate (Lycopersicon esculentum) Espécies bacterianas E.coli Salmonella P.aeruginosa Tratamento (amostra) 1 2 16 16 *1,0x10 1,0x10 16 1,0x10 Ausente 16 16 1,0x10 1,0x10 -1 * UFC g As bactérias identificadas foram submetidas a um antibiograma, obtendo-se os resultados mostrados na tabela 2 Tabela 2: Porcentagem de micro-organismos resistentes a antibióticos isolados em tomate. Antibiótico E. coli Salmonella P.aeruginosa Trimetoprim 100 100 100 Neomicina 40 40 100 Ampicilina 80 100 100 Enrofloxacina 20 20 100 Cefotaxime 100 80 40 Amicacina 100 100 100 Clindamicina 100 100 100 Ciiprofloxacina 20 20 40 Canamicina 20 100 80 Sulfazotrim 100 100 100 Estreptomicina 100 100 100 Cloranfenicol 80 80 100 Discussão As duas amostras analisadas neste trabalho apresentavam coliformes totais e Salmonella, apresentando contagem fora dos padrões estabelecidos pela RDC 12 de 2001, indicando que os tomates analisados seriam considerados impróprios para consumo humano. Para avaliar a diversidade dos coliformes presentes em cada amostra de tomate analisada, diferentes colônias crescidas nos meios EMB, SS e TSA foram submetidas à identificação. Dentre as bactérias isoladas, Escherichia. coli e Pseudomonas aeruginosa foram as mais frequentes. Salmonella foi encontrada em apenas uma amostra. A identificação de Salmonella em tomate constitui um fato muito preocupante, uma vez que esta bactéria é o agente etiológico de várias doenças associadas a alimentos, como enterite e febre tifóide, sendo considerado impróprio para consumo humano, pela legislação vigente, qualquer alimento em que seja detectada essa bactéria. Todas as estirpes bacterianas analisadas apresentaram multirresistência a antibióticos. A P. aeruginosa mostrou maior nível de resistência que as outras bactérias pesquisadas. Este trabalho, portanto, confirma que tomates utilizados in natura constituem um importante veículo de transmissão de coliformes e outras enterobactérias. Considerando o risco de contaminação por micro-organismos associados a alimentos consumidos sem cozimento e a alta frequência de contaminação por estes patógenos, sugere-se maior empenho da vigilância sanitária nos supermercados onde tais alimentos são comercializados e um processo de descontaminação mais eficiente para esses vegetais. Referências ARBOS, K. A. et al. Organic vegetables safety: sanitary and nutritional aspects. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2010, Vol.30, p.215220. FERREIRA, S. M. R. et al . Qualidade póscolheita do tomate de mesa convencional e orgânico. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 30, n. 4, Dec. 2010. PINHEIRO, N.M.S. - Avaliação da qualidade microbiológica de frutos minimamente processados comercializados em supermercados de Fortaleza . Revista brasileira de fruticultura [0100-2945]2005 vol:27 pg:153 -156 SILVA, N. et al. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. 4ª ed. São Paulo,: Varela, 2010. Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 378