A República dos Coronéis
(1894/1930)
Momentos críticos
Centro Educacional N. S. Auxiliadora
Disciplina: História do Brasil
Ensino Médio
Profª: Júlia Zehuri Delbons Moraes
1. Movimentos Rurais
a) MESSIÂNICOS, porque eram
liderados por beatos, como Canudos
e Contestado, buscavam a justiça
social usando a fé e viviam em
comunidade.
O mundo rural vivia em condições de
extrema miséria e abandono. Cerca de 70%
da população ainda residia nas áreas rurais,
vítima de incontáveis doenças, do
analfabetismo, da miséria, do abandono por
parte do governo, do paternalismo dos
grandes proprietários, submetida ao
controle político dos “coronéis”. Explorada
secularmente, essa massa de pessoas parte
para movimentos de caráter suicida e
messiânico, que refletem as condições
sociais da gente do campo, mas que nunca
foram admitidos pelos governantes, que só
se preocupavam com a repressão violenta
Revolta do Contestado
A revolta do Contestado ocorreu numa região
disputada pelos Estados do Paraná e de Santa
Catarina. Quando a empresa norte-americana
Brazil Railway Company iniciou a construção de
uma estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio
Grande do Sul, os camponeses que viviam nas
terras mais valorizadas da região do Contestado
foram sumariamente expulsos. O “monge” João
Maria conseguiu articular a resistência dos
camponeses, mas, evidentemente, a repressão
governamental foi extraordinária, levando ao
esmagamento do movimento, em 1912 e à
destruição das pequenas e várias comunidades,
as VILAS SANTAS.
Seguidores do beato João Maria, preso em
Santa Catarina, após a repressão à Revolta
do Contestado, com suas “Vilas Santas”.
Revolta de Canudos
A revolta de Canudos ocorreu na Bahia entre 1893 e
1897. Consistiu num movimento de resistência das
populações sertanejas contra a opressão do
latifúndio. Os sertanejos (apelidados de jagunços pelo
governo) uniram-se em torno do líder messiânico
Antônio Conselheiro, originando uma resistência
fanática e desesperada contra a estrutura agráriolatifundiária da região. Apesar de resistirem a três
ataques das forças policiais, em 5 de outubro de 1897
os habitantes do arraial foram totalmente
massacrados. Como bem observou Euclides da
Cunha, que narrou a revolta em seu livro “Os sertões”,
Canudos foi, antes de tudo, uma revolta social.
Arraial de Canudos visto pela estrada do
Rosário. Desenho de Urpia.
1. Movimentos Rurais
b) BANDITISMO SOCIAL, porque visavam a
justiça social pelas armas, como o
Cangaço. Viviam em bandos pelo interior.
O cangaço teve fim em 1940, com o
assassinato de Corisco, que liderou o
movimento após o massacre de Lampião
e seu bando, em 1938.
Lampião, “o Rei do Cangaço”, e Maria Bonita
1. Movimentos Rurais
c) POLÍTICOS, sendo uma reação à política
das salvações (Hermes da Fonseca),
como a Revolta de Juazeiro, liderada pelo
padre Cícero, contra a substituição das
antigas oligarquias estaduais por novas
oligarquias..
Padre Cícero de Juazeiro - Ceará
2. Movimentos Urbanos
a) A Revolta da Vacina (1904)
No governo de Rodrigues Alves foi
executada uma reforma urbana
autoritária que mudou a face do Rio de
Janeiro, então capital do Brasil.
A construção de largas avenidas no
centro da cidade desalojou os pobres
que viviam em pequenos cômodos,
deslocando-os para a periferia.
O governo combateu também
epidemias como a peste bubônica, a
febre amarela e a cólera, sob o
comando do médico Osvaldo Cruz.
Na erradicação da varíola,
através da vacina tornada
obrigatória, a população pobre
do Rio se rebelou, não apenas
por falta de informação mas
sobretudo devido ao método
autoritário adotado e ao “botaabaixo” de Rodrigues Alves.
“Bota-abaixo” + Lei da Vacina
= Revolta da Vacina.
Durante uma semana a capital
se amotinou em protesto,
forçando finalmente o governo
a recuar em sua atuação
autoritária.
Caricatura publicada pela
Revista da Semana
(2/10/1904). Reação popular
contra a vacina obrigatória no
Rio de Janeiro.
O Bota-Abaixo – Pereira Passos
Abertura da Avenida Central no Rio de Janeiro.
Vista do Rio de Janeiro, transformado em cidade
maravilhosa, em 1908.
b) A Revolta da Chibata (1910)
Em 1910, os marinheiros se rebelaram contra os
métodos disciplinares que tradicionalmente vigoravam
na Marinha: os castigos corporais.
Revoltados com o castigo imposto a um marinheiro, ao
qual foram obrigados a assistir, os marinheiros do
navio Minas Gerais se rebelaram contra os oficiais,
conseguindo a adesão de três outros navios de guerra.
Com a ameaça de bombardeio do Rio de Janeiro, as
autoridades prometeram abolir o castigo cruel e
anistiar os revoltosos.
Os marinheiros se entregaram, a anistia foi falsa, mas
foram retirados do Código Disciplinar da Marinha os
castigos físicos.
O marinheiro João Cândido, que sobreviveu à
punição imposta as revoltosos, faleceu em 1969.
João Cândido, o “Almirante Negro”,
líder da Revolta da Chibata.
João Bosco e Aldir Blanc não se esqueceram
de João Cândido, homenageando-o na
música “Mestre-Sala dos Mares”.
c) O Operariado
No começo, a principal corrente política entre os
operários era o socialismo. A partir de 1906,
começou a ganhar força o anarquismo, em sua
forma anarcossindicalista. Entre 1917 e 1919,
eclodiram greves e mobilizações generalizadas
em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e outras
cidades. Todas elas foram violentamente
reprimidas pela polícia. Em 1922, foi fundado o
Partido Comunista, que passaria a atuar também
no movimento operário.
Cavalarianos da Força Pública dispersam manifestação
operária durante a greve geral que paralisou e agitou
São Paulo em 1917. Cenas como essa tornaram-se
comuns durante a República Velha, época em que a
questão social era considerada “caso de polícia”.
Socialismo – Tendência política que
condenava o capitalismo e a propriedade
privada dos meios de produção. No Brasil, no
início do século XX, os socialistas defendiam
a participação dos trabalhadores na luta
política legal como caminho para a conquista
de direitos.
Anarquismo – Os anarquistas lutavam pela
libertação dos trabalhadores por meio da
eliminação do Estado e da propriedade
privada.
Anarcossindicalismo – Corrente do
anarquismo que propunha a utilização dos
sindicatos como instrumento para a
destruição do Estado e da sociedade
burguesa.
Comunismo – Do mesmo modo que os
anarquistas, os comunistas queriam destruir a
sociedade capitalista. Mas, diversamente do
anarquismo, que pretendia suprimir o Estado
de um só golpe, propunham a substituição do
Estado burguês pela ditadura do proletariado
como via para se chegar ao socialismo e a
partir da eliminação das diferenças, aí sim
atingir-se-ia o comunismo.
3. Crise da República Oligárquica:
a década de 20 e as contestações
Contestação Social
A imigração continuou a crescer, agora, inclusive, com
novas perspectivas, já que o trabalho escravo não mais
existia. Milhares de imigrantes europeus aportaram ao
Brasil, contribuindo decisivamente para mudanças sociais.
A classe dominante, pelo menos até 1930, continua a ser a
dos grandes latifundiários, notadamente os do setor
cafeeiro. É importante notar, entretanto, que em função do
surto industrial verificado com a I Guerra Mundial, novos
grupos se formaram ou se firmaram, como a burguesia
industrial, em parte formada por imigrantes, e o
proletariado urbano, composto por operários nacionais e
estrangeiros (na sua maioria).
As condições de vida da classe operária eram as
piores possíveis: longas jornadas de trabalho,
baixos salários, inexistência de organização
sindical, inexistência de leis trabalhistas,
exploração desenfreada do trabalho infantil e
feminino. As idéias trazidas pelos imigrantes
encontrarão eco nesse grupo, principalmente o
Anarquismo e o Anarco-sindicalismo. Somente
depois da Revolução Russa é que o Socialismo
Marxista encontrou mais condições de se
propagar. Data de 1922 a criação do Partido
Comunista Brasileiro e no fim da década de 20 a
criação do Bloco Operário e Camponês (BOC).
A ação repressora do Estado oligárquico se fazia
sentir com muita clareza. Em 1904, o governo
baixou a Lei Adolfo Gordo, que permitia a
expulsão de trabalhador estrangeiro e, em 1927, a
Lei Celerada, que permitia a aplicação de penas
aos acusados de “delito ideológico” (era contra
os tenentes e operários).
A ação dos operários manifestou-se sobretudo
através de greves, notadamente aquelas que, em
1917, sacudiram o país. No entanto, a
insensibilidade dos governantes para com as
reivindicações operárias era uma constante. No
dizer do presidente Washington Luís, a “questão
operária era uma questão para a polícia resolver”.
A partir de 1922, o quadro começa a se modificar.
Apesar dos presidentes Arthur Bernardes e
Washington Luís pertenceram ainda ao esquema
do “café-com-leite”, a nova situação social que o
país vivenciava levou os setores populares e de
classe média a questionarem de forma mais viva
o predomínio das oligarquias. É por essa razão
que se diz que o período 1922/1930 é o momento
da “crise do regime”, crise essa que culmina no
movimento de 1930.
Contestação Política
Merece destaque a atuação da jovem oficialidade
do Exército – os “Tenentes” – que, através de
sucessivas revoltas e manifestações, deixava clara
a sua insatisfação com o quadro vigente. Houve
revoltas no Rio, em 1922, em São Paulo (1924), no
Rio Grande do Sul (1924), de onde partiu a famosa
Coluna Prestes, que percorreu o interior do país
pregando a Revolução.
As revoltas tenentistas apresentavam uma nítida
configuração social, pois, apesar de
ideologicamente difuso, o movimento traduzia as
insatisfações da classe média.
Marcha dos Tenentes na praia de Copacabana
após o bombardeio do Forte.
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1822) ou
o 1º 5 de julho.
Contestação Cultural
Grande parte dos
artistas e escritores
modernistas brasileiros
estudaram na Europa e
foram bastante
influenciados por estas
novas tendências. De
volta ao Brasil,
buscaram criar uma
nova arte, rompendo
com as antigas
estruturas acadêmicas.
Genericamente, as características do Modernismo
dos Anos 20 são:
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liberdade de criação;
valorização dos temas nacionais;
visão crítica da realidade;
primitivismo (valorização das origens);
valorização da linguagem popular cotidiana;
despreocupação com regras gramaticais;
valorização do concreto, formas geométricas;
busca do moderno;
preocupação com o futuro e a modernização...
4. O Fim da República Oligárquica
ou dos Coronéis: O Golpe de 1930
Em 1930, ocorreu no Brasil um movimento armado que
ficou conhecido como a “Revolução de 1930” e, segundo a
historiografia tradicional, é um marco significativo, pois
que determinaria o fim da “República Velha”, inaugurando
uma nova etapa do desenvolvimento nacional.
As razões dessa “Revolução” de 1930 são encontradas na
década de 1920, quando ocorreram as revoltas tenentistas,
os movimentos populares/urbanos, a ampla discussão
sobre a realidade brasileira propiciada pela Semana da Arte
Moderna (1922) e, sobretudo, por alguns fatores
conjunturais: a crise do café, em 1929, e as eleições para a
sucessão de Washington Luís, quando ocorreu um
rompimento entre as oligarquias mineira e paulista.
A crise econômica levou a um momentâneo
enfraquecimento dos setores agrários dominantes,
num momento particularmente crítico. As eleições se
aproximavam e, dentro de um certo espírito de
revezamento, seria a vez de um candidato mineiro ser
indicado. Tal não aconteceu, pois o governo federal
indicou Júlio Prestes, paulista, para ser o candidato
oficial. O governador de Minas, Antônio Carlos de
Andrada, aliou-se então aos governadores Getúlio
Vargas, do Rio Grande do Sul, e João Pessoa, da Paraíba,
formando a Aliança Liberal, que lançou a chapa de
oposição: Getúlio para presidente e João Pessoa para
vice. Nas eleições, fraudulentas como sempre, a vitória
do candidato da situação se confirmou. No entanto,
apesar de vitorioso, Júlio Prestes não chegou a tomar
posse, pois, em outubro de 1930, eclodiu o movimento
que depôs Washington Luís e levou Vargas ao poder.
O povo nas ruas do Rio de Janeiro, a 24 de outubro de
1930, comemorando a vitória do movimento que, além
de encerrar a República Velha das oligarquias agrárias,
iria mudar a face do país nas três décadas seguintes.
Cartaz da Aliança Liberal,
divulgado durante a
Campanha Eleitoral de 1930.
Cartaz do candidato da situação,
Júlio Prestes, à presidência da
República, em 1930.
Getúlio Vargas chegando ao Palácio do Catete
após a vitória da “Revolução, em 1930.
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