REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA
LOCAL/REGIONAL NO ENSINO DE HISTÓRIA _ APRESENTAÇÃO DE
IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA1
VENDRUSCOLO, Roseli Terezinha2
GANDRA, Edgar Ávila3
RESUMO: A temática da história local/regional foca o conhecimento e valorização de
fatos, memória, locais e
reconstrução da memória social como instrumentos na
preservação do patrimônio histórico-cultural da comunidade. Dá ênfase na abordagem do
processo ensino-aprendizagem de História como forma de contribuir para a promoção e
construção da cidadania e identidade dos estudantes como sujeitos históricos. O artigo
destaca a história local/regional como forma de aproximar os estudantes de fatos
concretos, do seu espaço social sem perder a contextualização historiográfica oficial
permitindo a promoção da discussão entre a micro e a macro-história. Para tanto,
apresenta uma experiência de implementação realizada no Centro Estadual de Educação
Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA, com o tema da história local/regional: a Revolta
dos Posseiros, ocorrida em 1957, na região sudoeste do Paraná.
PALAVRAS-CHAVE: História. Ensino. Local/Regional. Memória. História Oral. Patrimônio.
ABSTRACT: The local and regional thematic history focuses on knowledge and
valorization of facts, local memory and social memory reconstruction as tools to preserve
the historical and cultural community inheritance. It emphasizes the teaching and leaning
process as a form of contributing to the promotion and construction of students’
citizenship and identity, as historic subjects. The paper highlights the local and regional
history as a way of getting students close to the materialized facts of their social context
without missing the official and historic-geographic contextualization which allows the
promotion of the discussion between micro and macro history. Thus, the paper aims to
describe a project applied at Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos –
CEEBJA, which the local/regional historic theme: “a Revolta dos Posseiros” that occurred
in 1957, in the Southwestern Paraná.
KEY WORDS: History. Teaching. Local/Regional. Memory. Oral History. Inheritance.
1
Artigo apresentado como trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE.
2
Professora de História da Educação Básica do Paraná – SEED.
3
Orientador Professor Dr. Edgar Ávila Gandra, História - UNICENTRO.
1 INTRODUÇÃO
Este texto tem como finalidade apresentar algumas reflexões
sobre a relevância do conhecimento e da valorização da história
local/regional no ensino de História e apresentar a experiência de
implementação, realizada na escola CEEBJA – Centro Estadual de
Educação Básica para Jovens e Adultos, com o tema: “A Revolta dos
Posseiros, ocorrida em 1957, na região Sudoeste do Paraná”.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de
Educação Básica do Paraná, disciplina História - DCE (2006, p.21), é
necessário considerar a diversidade cultural nos locais de memória
paranaense, contemplando-os como espaços em que se situam os
movimentos sociais organizados. Essa abordagem atende, dessa forma, ao
cumprimento da Lei n. 13.381/01, que torna obrigatório, no Ensino
Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, o conteúdo de História do
Paraná.
O ensino de História, apesar de seguidamente rediscutido e
ressignificado, continua, no geral, com sua prática centrada na história
tradicional, que valoriza a história política e econômica, linear, factual,
representada por heróis, que exclui a participação de outros atores,
sobretudo os indivíduos vinculados aos setores subalternos da sociedade:
silenciando-os. Tal silêncio não contribui para o desenvolvimento de uma
escola crítica e cidadã, pois, não valoriza as ações e os valores de atores
comuns, de suas famílias e comunidade.
O ensino e a valorização da história local/regional, por conseguinte,
apresentam-se como um campo de possibilidades e também como ponto
de partida para a construção do conhecimento e aprendizagem histórica.
Possibilitam trabalhar com a realidade mais próxima das relações sociais
que se estabelecem entre professor/aluno/sociedade e o meio em que
vivem e atuam.
2
Essa reconstrução e aprendizagem históricas oportunizam a
reflexão permanente acerca das ações dos homens e mulheres que vivem
num determinado espaço/território como sujeitos históricos e cidadãos. Os
alunos, por sua vez, constatam que seu papel no mundo é de um sujeito
que intervém, um sujeito ativo e não passivo da História e que, estando
inserido nesse debate, pode mudar e transformar a realidade. Além disso,
torna a disciplina de História importante na vida dos alunos e amplia a
participação dos mesmos no processo de ensino-aprendizagem.
Cainelli e Schimidt (2005, p.125) afirmam que “como todos os
homens são determinados pela história vivida, todos são sujeitos da
própria história; isso equivale entender que a História é feita por todos”.
Nesse sentido, corrobora Bezerra (2005, p.45), quando afirma que
é necessário acentuar que a trama da História não é o resultado
apenas da ação de figuras de destaque, consagradas pelos
interesses explicativos de grupos, mas sim a construção
consciente/inconsciente, paulatina e imperceptível de todos os
agentes sociais, individuais ou coletivos.
Justifica-se, assim, a relevância do conhecimento e da valorização
da história local/regional, considerando-se o propósito de contribuir para
uma nova abordagem do currículo da disciplina. Contribui, também, para a
valorização e o respeito pelo patrimônio histórico-cultural da localidade e
região, para a preservação da memória da comunidade em que se está
inserido e para o processo de construção da identidade do aluno. Não
silenciar a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos torna-se
primordial no processo de ensino-aprendizagem de História.
2 A HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL NO ENSINO DE HISTÓRIA
Um desafio a ser superado no trabalho com história local/regional é,
primeiramente, vencer preconceitos. Recentemente, novas discussões e
ressignificações em História têm contribuído enormemente para o
3
desenvolvimento
de
um
conhecimento histórico
que vislumbra
as
vivências das mais diversas localidades brasileiras. Abre-se, assim, espaço
para a ocorrência de uma modalidade de História escrita a partir de
realidades particulares. Essa História é,no entanto, ainda, encarado com
certa desconfiança, desvalorização e, por isso, seguidamente silenciada no
cotidiano escolar. No entanto, se utilizada de forma crítica, torna-se
significativa no processo de ensino em sala de aula.
Sustentar a defesa do estudo da história local/regional significa
optar por temáticas ligadas ao espaço e ao cotidiano de comunidades
específicas, que, por certo, ficariam sem atenção nas abordagens
genéricas. O estudo de temas locais opera, assim, em escala de
observação específica, com possibilidades de experiências próximas aos
documentos, bibliotecas e testemunhos de pessoas que vivenciaram fatos
históricos num passado recente e que são fontes vivas do cotidiano
vivenciado por essas comunidades.
A história local/regional, trazendo à tona acontecimentos, atores e
lugares comuns ao estudante, faz com que este se aproxime da disciplina,
percebendo a relação entre o passado ignorado e o presente tão próximo.
Pode-se, assim, estabelecer uma problematização que estimule o aluno na
busca do conhecimento crítico da sua realidade, contribuindo para a
construção de sua consciência histórica e o amadurecimento de sua
cidadania.
É, pois, pertinente que, na prática de ensino da História, o
professor reconstrua, com os alunos, os aspectos culturais da sociedade
em que está inserido, leve em conta a construção da identidade social
estabelecida no devir histórico da comunidade, estabelecendo uma
releitura das experiências constituídas e construídas.
Decorre daí a problematização que norteia essa reflexão: como
possibilitar aos alunos da Educação Básica a aquisição e valorização do
conhecimento histórico local/regional? Como permitir a apreensão de
histórias silenciadas no cotidiano escolar?
A história local/regional apresenta inúmeras possibilidades de
descrição, análise, crítica, interpretação e de revisão historiográfica. Para
4
tanto, deve deixar de ser vista como uma História inferior, que necessita
de legitimidade diante das “grandes questões” que permeiam a história
tradicional dos heróis, factual e linear.
De acordo com Burke (1992, p.12),
a história tradicional oferece uma visão de cima, no sentido de
que tem sempre se concentrado nos grandes feitos dos grandes
homens, estadistas, generais ou ocasionalmente eclesiásticos. Ao
resto da humanidade foi destinado um papel secundário no drama
da história.
A tradição histórica sempre se preocupou com a história nacional
ou internacional dificilmente tratando, ou tornando significativa, a história
local/regional.
Assim, o estudo da localidade e/ou da região contribui para a análise
da história “vista de baixo”, que considera mais seriamente as opiniões e
experiências de pessoas comuns, permitindo aos indivíduos tornarem-se
partícipes das mudanças sociais. Jim Sharpe (1992, p.62), nesse sentido,
afirma que “a história vista de baixo ajuda a convencer aqueles de nós
nascidos sem colheres de prata em nossas bocas de que temos um
passado, de que viemos de algum lugar”.
Nesse aspecto, ao dar ênfase aos estudos locais/regionais, à
história vista de baixo e à micro-história, valorizam-se os sujeitos comuns
em detrimento à valorização de grandes homens e da elite política.
Ressalva-se, entretanto, que não se exclui o caráter complementar da
macro-história, mas defende-se a inter-relação entre os aspectos micro e
macro na atividade docente e do necessário equilíbrio entre ambos para
um profícuo resultado no processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, o
objeto de estudo da micro-história deve ser contextualizado para não
fragmentar demasiadamente o conhecimento histórico ou torná-lo sem
sentido.
A relação entre micro-história e macro-história possibilita ao
estudante obter clareza dos conteúdos e apropriar-se do conhecimento
histórico e ao fazer a ligação dos fatos locais com o contexto nacional e
internacional, torna-se sujeito crítico do aprender histórico. Nesse sentido,
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a micro-história tenta não sacrificar o conhecimento dos
elementos individuais a uma generalização mais ampla, e de fato
acentua as vidas e os acontecimentos individuais. Mas, ao mesmo
tempo, tenta não rejeitar todas as formas e abstração, pois fatos
insignificantes e casos individuais podem servir para revelar um
fenômeno mais geral (LEVI, 1992, p. 158).
Desse modo, o estudo e o conhecimento do local/regional
contribuem
e
podem
se
tornar
fundamentais
para
o
estudo
e
conhecimento do geral. Entretanto, o que se observa, em geral, é que na
historiografia oficial há maior ênfase em aspectos macro-históricos e,
consequentemente, tratamento pouco enfático à micro-história, ao local e
aos elementos individuais. Não se trata, pois, de optar por um ou outro,
mas sim, de unir, de articular, uma vez que são complementares e
inseparáveis
no
processo
da
construção
do
conhecimento.
Como
asseguram Cainelli e Schimidt (2004, p.112),
é importante observar que uma realidade não contém em si
mesma a chave de sua própria explicação pois os problemas
culturais, políticos, econômicos e sociais de uma localidade
explicam-se, também, pela relação com outras localidades, outros
países e até mesmo, por processos históricos mais amplos.
Por conseguinte, a micro-história torna-se importante para a
construção da consciência histórica, da construção ou reconstrução da
identidade e para o desenvolvimento da cidadania sem desvincular o local
do universal, ou seja, os elementos da história local constituem
particularidades que dão sustentação à história geral.
É diante dessas reflexões que se pode afirmar que a história
local/regional apresenta-se para o processo de ensino-aprendizagem como
instrumento básico para motivar a investigação, despertar a curiosidade e
para formar a consciência de inserção dos educandos na sociedade e no
mundo. É assim que
os estudos de história local revelam-se extremamente
motivadores para os alunos porque lhes permitem realizar
atividades sobre temas que lhe despertam o interesse, pela sua
relação com o passado do que ainda reconhecem os mais
variados vestígios. A motivação deve, contudo, ultrapassar a
satisfação da simples curiosidade, para fomentar um verdadeiro
trabalho de investigação (FONSECA, 2003, p. 158).
6
A história local/regional dá, então, ao pesquisador uma idéia mais
imediata do passado, posto que esse passado pode se encontrar, ouvir ou
ler nos monumentos, casas, instituições e pessoas da comunidade. Não é
um saber artificial, mas um saber que tem bases concretas e próximas ao
aluno.
Estimulados pela curiosidade, os estudantes demonstram afeição à
sua localidade, estudam de maneira mais entusiasta, diferentemente da
abordagem da história tradicional que é vista apenas pela versão dos
livros didáticos, geralmente ensinada em escolas numa rotina que repete
saberes artificiais e distantes inibindo as possibilidades de conhecimento e
aprendizagem. Sob esse aspecto, Fonseca (2003, p. 222) argumenta que
o estudo regional oferece novas óticas de análise ao estudo de
cunho nacional, podendo apresentar todas as questões
fundamentais da história (como os movimentos sociais, a ação do
estado, as atividades econômicas, a identidade cultural, etc) a
partir do ângulo de visão que faz aflorar o específico, o próprio, o
particular. A historiografia nacional ressalta as semelhanças, o
regional lida com as diferenças...
A partir das colocações de Fonseca (2003), pode-se afirmar que a
região está historicamente inserida no todo, ou seja, as diferenças e a
multiplicidade da região pertencem às questões mais amplas, nacional e/
ou mundial.
Desse modo, a motivação dos alunos para o estudo da História e
para a construção do seu conhecimento histórico passa por um processo
de ensino-aprendizagem sensível às questões referentes à identidade
cultural, aos espaços sociais e à construção da cidadania.
A relação dos acontecimentos históricos do seu cotidiano com os
processos históricos mais abrangentes possibilita ao aluno compreender,
assim, a contextualização histórica dos acontecimentos.
2.1 HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DA HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL
Nesse processo de construção de relações e contextualizações do
conhecimento histórico, a história local/regional torna-se um dos campos
7
em que a história oral tem plena aplicação e pode trazer distintos
resultados, pois, através dos testemunhos dos mais idosos, é possível
resgatar aspectos dos fatos históricos vivenciados. Entende-se, então, que
o espaço e os lugares jamais aparecem como suporte neutro na vida das
pessoas e dos grupos. É o resultado da ação humana que muda a
realidade natural e cria paisagens humanas e humanizantes. “Os lugares e
as paisagens fazem parte da memória coletiva. A lembrança do que
aconteceu no passado dá forte valor sentimental a certos lugares”
(CLAVAL, 2002).
Nesse sentido, Cainelli e Schimidt (2005, p. 127)
defendem, também, que
a opção pelo trabalho com a oralidade no ensino da História
precisa considerar que a reflexão acompanha todo o processo, e
não ocorre somente a posteriori. Ademais, é necessário entender
que o trabalho com a oralidade consiste numa fonte diferenciada
para captação de informações, a qual está muito relacionada com
o estudo da história local.
Sob essa perspectiva, pode-se afirmar que, através do trabalho
com a oralidade, é possível historiar os acontecimentos importantes da
localidade que, muitas vezes, não têm lugar ou não mereceram, por
alguma questão, registro na documentação oficial. Os alunos passam a
perceber, então, que as identidades individuais e coletivas estão
fortemente ligadas ao espaço construído socialmente.
Dentro
desse
quadro,
a história
oral constitui-se
em
uma
metodologia de representação do passado através da memória reavivada
de indivíduos que foram partícipes de contextos históricos importantes. É
um método de recolher e preservar a informação histórica através do
registro de vivências e acontecimentos vividos pelos testemunhos ou
pelos entrevistados.
Dessa forma, o trabalho com a história oral se baseia, logicamente,
em fontes orais que registram a experiência vivida, o depoimento do
indivíduo ou de indivíduos de uma comunidade. Entretanto, há polêmica
em torno das fontes orais, no que diz respeito à sua credibilidade, tendo
em vista que para os que se utilizam da história tradicional, há a crença
de que essa metodologia é uma fonte subjetiva que pode ser falível e
8
fantasiosa: o entrevistado pode ter falha de memória, pode criar
acontecimentos artificiais, se autopromover, fantasiar ou omitir. No
entanto, pode-se afirmar que a subjetividade é real em todas as fontes
históricas: escritas, visuais ou orais, e é a história oral que, muitas vezes,
faz a diferença, pois não conta apenas o que o indivíduo ou a comunidade
fez, mas também reflete os seus anseios, desejos e crenças.
Considera-se que a memória oral é uma fonte com possibilidades
de utilização no ensino da história local/regional como forma de
aprofundar as relações com o grupo de pertencimento, de classe e
comunidade em que se vive. É uma forma de oportunizar espaço e voz a
diferentes narradores. Além disso,
a história oral pode certamente ser um meio de transformar tanto
o conteúdo quanto a finalidade da história. Pode ser utilizada para
alterar o enfoque da própria história e revelar novos campos de
investigação; pode derrubar barreiras que existam entre
professores e alunos, entre gerações, entre instituições
educacionais e mundo exterior, e na produção da história - seja
em livros, museus, rádio ou cinema – pode devolver às pessoas
que fizeram ou vivenciaram a história um lugar fundamental,
mediante suas próprias palavras (THOMPSON, 2002, p.22).
Nesse sentido, pode-se assegurar que a história oral, no ensino da
história local/regional, possibilita a aproximação do estudante com a
comunidade e conduz a sala de aula à casa e à comunidade, bem como a
comunidade à escola.
Destaca-se que é através de atividades, como a de entrevistas
com
as pessoas
da
comunidade, que
o estudante
fortalece
sua
identificação em relação à comunidade em que vive na medida em que,
segundo Thompsom (2002, p. 19), “permite construir a história a partir
das próprias palavras daqueles que vivenciaram e participaram de um
determinado
período,
mediante
suas
referências
e
também
seu
imaginário”.
Torna-se, assim, relevante a atividade com a história oral, tendo
em vista que o aluno participa de uma investigação válida dentro do seu
próprio grupo familiar, étnico e local. O resultado é algo de valor para o
9
aluno; a família e a própria comunidade se sentem valorizadas nesse
processo de ensino-aprendizagem.
A história oral, dessa maneira, volta seus interesses para os
anônimos, seus modos de viver e pensar. Valoriza a análise qualitativa e
resgata a importância das experiências individuais, focando para o
particular, para espaços próximos de uma história vista de baixo. Essa
fonte oral transforma os “objetos” de estudo em “sujeitos”, contribuindo
para uma História mais interessante, mais viva, mais comovente e,
logicamente, mais verdadeira.
Nesse sentido, possibilita a percepção do passado como algo que
tem continuidade hoje e cujo processo histórico não está acabado.
Evidencia a trilha da História dos cidadãos comuns em uma rotina
explicada na lógica da vida coletiva de gerações que vivem no presente.
Trabalhando com as testemunhas orais através de entrevistas, vídeos,
produz-se uma fonte que possibilita a construção e a análise do fato
histórico em questão. Assim, é nesse contexto que
a história oral pode dar grande contribuição para o resgate da
memória nacional, mostrando-se um método bastante promissor
para a realização de pesquisa em diferentes áreas. É preciso
preservar a memória física e espacial, como também descobrir e
valorizar a memória do homem. A memória de um pode ser a
memória de muitos, possibilitando a evidência dos fatos coletivos
(THOMPSON, 2002, p.17).
Possibilita-se, então, de forma diferenciada, registrar, conservar e
valorizar a memória e as recordações dos indivíduos. Recolhem-se as
memórias individuais formando-se a memória coletiva de fatos históricos
ou realidades locais, bem como, de outros espaços.
2.2 A MEMÓRIA
E O PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL
DA
LOCALIDADE E/OU REGIÃO
“A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar
identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades
10
fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na
angústia” (LE GOFF, 2003, p. 469).
Assim, os elementos da memória são acontecimentos vividos
pessoalmente, pelo grupo ou pela coletividade a qual a pessoa pertence.
São, dessa forma, as pessoas e são os lugares, particularmente lugares,
ligados a algum contexto significativo como é, no caso, a Revolta dos
Posseiros de 1957, na região sudoeste do Paraná. Esses elementos da
memória são experiências individuais ou de grupo que permaneceram
preservados na memória social, e sendo a memória, um processo seletivo,
deve-se ter presente os limites do seu uso. Alguns contextos que
permaneceram tornam-se essenciais na construção da identidade, tanto
individual quanto coletiva, na medida em que são, também, fatores
extremamente importantes ligados ao sentimento de continuidade de uma
pessoa ou de um grupo em sua própria reconstrução.
O ensino de História, voltado à valorização da memória local e do
patrimônio histórico-cultural, torna-se necessário para alcançar uma
aprendizagem significativa, ancorada em conceitos que o aluno assimila e
relaciona no seu coletivo. Estimula o senso de preservação dessa memória
social coletiva como forma de construir uma nova cidadania e identidade e
possibilita a análise das semelhanças e diferenças da memória dos que
viveram o fato histórico da Revolta dos Posseiros em 1957 e da memória
social dos que vivem hoje na região.
Pode-se compreender a memória como sendo qualquer forma de
pensamento, percepção ou prática que tenha o passado como principal
referência. A memória de experiências passadas está presente no saber
possuído ou no saber que está sendo adquirido. Conhecer essa memória
local/regional é significativo tendo em vista que
a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta
das forças sociais pelo poder. Tornar-se senhores da memória e
do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes,
dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as
sociedades históricas. O esquecimento e os silêncios da história
são reveladores destes mecanismos de manipulação da memória
coletiva (LE GOFF, 2003, p.422).
11
É, pois, com o objetivo de romper esses esquecimentos e silêncios,
que se busca, a pesquisa, a análise em pequena escala, a verificação da
importância da dimensão local e o registro e conservação do patrimônio
histórico-cultural.
Assim, o estudo da história local/regional permite gerar atitudes
investigativas, a reflexão acerca do sentido da realidade social e o
estabelecimento de continuidades, diferenças e permanências. Tratar
dessa história local/regional é tratar do patrimônio histórico-cultural desse
espaço, é ressignificar a memória social, considerando que a “preservação
do
patrimônio
histórico
como
uma
questão
de
cidadania
implica
reconhecer que, como cidadãos, temos direito à memória, mas também o
dever de contribuir para a manutenção desse rico e valioso acervo
cultural” (ORIÁ, 2005, p.140).
Esse acervo cultural e, logicamente, histórico, vai além dos
prédios, monumentos, edificações de valor arquitetônico, entende-se
também o patrimônio documental, bibliográfico, oral, enfim todo o
conjunto de bens que atestam a História de uma sociedade.
Deve ser preocupação e finalidade, por conseguinte, do ensino de
História revelar que
a valorização e o conhecimento de um bem cultural, que
testemunha a História ou a vida do país, pode ajudar-nos a
compreender quem somos, para onde vamos, o que fazemos,
mesmo que muitas vezes pessoalmente não nos identifiquemos
com o que esse mesmo bem evoca, ou até não apreciemos sua
forma arquitetônica ou o seu valor histórico. O importante é que
ele faz parte de um acervo cultural que deve ser preservado por
toda a comunidade, pois é revelador e referencial para a
construção de nossa identidade histórico-cultural (ORIÁ, 2005,
p.134).
Tendo em vista que a melhor forma de conservar a memória é
lembrá-la, deve-se, então, atuar com um ensino de História que rompa
obstáculos e faça da escola um espaço de reação, de debate e de criação,
voltado para o desenvolvimento e valorização do indivíduo como sujeito
histórico. Um sujeito que passa a valorizar o conhecimento e o contato
com a memória e com o patrimônio histórico-cultural da localidade e
região como elementos cruciais para sua formação e cidadania.
12
Conhecer a história local/regional torna possível a tomada de
consciência de que há um passado e um presente e que a História se faz a
cada momento, em todos os espaços e por muitos sujeitos. E é, nesse
sentido, que Oriá (2005, p.137) afirma que, “a preservação do patrimônio
histórico é vista, hoje, prioritariamente, como uma questão de cidadania e,
como tal, interessa a todos por se constituir em direito fundamental do
cidadão e esteio para a construção da identidade cultural”.
A memória coletiva é uma das maiores garantias de nossa
identidade cultural e mais um motivo para a busca de um trabalho voltado
para o estudo da história local/regional e para a história cultural de nossa
região e consequentemente de nosso Estado. Nesse processo, não se trata
de investigar o passado somente através da memória, mas de procurar
compreender o presente através das reconstruções feitas do passado.
Na reconstrução do passado, cada relato obtido pode ser associado
a um aspecto social determinado, dependendo da inserção de cada
indivíduo
em
seu
grupo.
Os
indivíduos
guardam
fragmentos
de
experiências vivenciadas, e precisam das construções coletivas para que
possam correlacionar e dar sentido aos diversos fragmentos que
rememoram. Nesse sentido, cita-se Oriá (2005, p.139), quando afirma que
”é a memória dos habitantes que faz com que eles percebam, na
fisionomia da cidade, sua própria história de vida, suas experiências
sociais e lutas cotidianas [..]”.
2.3 ESTUDO DE CASO: A IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA
Justifica
e
dá
credibilidade
à
validade
da
Proposta
de
Implementação que prioriza, no espaço escolar, a reconstrução e a
valorização da história local/regional, da memória da comunidade, dos
saberes e experiências dos alunos, no caso, da Educação de Jovens e
Adultos – EJA, a confiança de que se confere maior protagonismo aos
estudantes na sua trajetória escolar e na construção do conhecimento
histórico. Possibilita um interesse maior, em estudar História, na medida
13
em que há a valorização do cotidiano e do espaço em que vivem, não se
tratando de algo distante ou desligado da realidade em que estão
inseridos.
A construção da Proposta de Implementação esteve direcionada
para um ensino de História mais crítico, capaz de despertar a criatividade,
de mobilizar ações e transformações através de um novo tema de estudo:
A Revolta dos Posseiros, ocorrida em 1957, na região sudoeste do Paraná.
Um tema que não trata de heróis distantes e do passado longínquo e,
também, não necessariamente do jogo de luta de classes pelo domínio do
poder político e das estruturas econômicas, mas de uma abordagem da
história local/regional. Uma abordagem que permite ao estudante um
referencial para a compreensão da dinâmica social, para perceber-se
integrante da História, estabelecendo relações com os elementos comuns
da comunidade através da pesquisa oral e escrita, bem como da
valorização da memória e do patrimônio histórico-cultural da localidade
em que vive.
Na abordagem da Proposta de Implementação, no Centro Estadual
de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA foram elencados os
seguintes objetivos para trabalhar o tema Revolta dos Posseiros, em 1957,
no sudoeste do Paraná:
 contribuir para a construção de um saber criativo e reflexivo;
 discutir a ressignificação da identidade e cidadania;
 contribuir com uma nova abordagem no currículo da
disciplina História;
 valorizar o patrimônio histórico-cultural da localidade e
região e
 colaborar com a preservação da memória local/regional.
A temática permitiu que o aluno percebesse o local onde mora
como espaço de sociabilidade em que as pessoas interagem, produzem e
vivem histórias. Problematizar a Revolta dos Posseiros, ocorrida na região
sudoeste,
em
1957,
permitiu,
também,
o
estabelecimento
das
semelhanças e diferenças com outros espaços e outras memórias.
14
A partir das reflexões, foi realizada a Proposta de Implementação
no CEEBJA, durante o primeiro semestre de 2008, com os alunos da
disciplina de História – Ensino Médio. Devido às especificidades do horário
do
CEEBJA,
a
Proposta
teve
seu
desenvolvimento
metodológico
direcionado para a organização de um cronograma baseado em oito
períodos, com a duração de quatro horas/aula (exceto o sétimo período
que teve a duração de oito horas), num total de trinta e seis horas/aulas.
A temática desenvolveu-se conforme a seqüência:
No primeiro período, foram organizadas as orientações gerais
sobre a Implementação dessa temática na escola, os objetivos, a carga
horária e as atividades que envolveriam a Proposta. Buscou-se saber, por
meio de um levantamento de idéias, o que os alunos já conheciam sobre a
Revolta dos Posseiros de 1957, seus conhecimentos prévios sobre o tema.
Por serem alunos ainda jovens, e mesmo adultos, constatou-se que
possuíam conhecimento superficial sobre o tema ou tinham algum parente
que havia participado daquele momento histórico, ou ainda, que tinham
ouvido ou assistido algo sobre o tema.
Ainda, como forma de motivar e/ou despertar o interesse dos
alunos para conhecer a história local/regional e o seu patrimônio históricocultural, houve a análise e discussão da letra de algumas músicas: o Hino
Municipal de Pato Branco, o Hino Municipal de Francisco Beltrão e de uma
música regional – “A Revolta dos Posseiros”.
O segundo período foi organizado com aulas expositivas, análises e
questionamentos sobre os movimentos sociais de luta pela terra que
ocorreram no Paraná e/ou envolvendo alguma região do Estado: Guerra do
Contestado em 1916, Revolta de Porecatu, em 1951 e a Revolta dos
Posseiros em 1957. O paralelo entre esses movimentos sociais possibilitou
aos alunos a compreensão da dimensão de cada movimento, das
diferenças
e
semelhanças
entre
os
movimentos,
bem
como
as
conseqüências e envolvimentos nas diversas esferas da sociedade.
A análise desses movimentos sociais foi realizada de forma
contextualizada com o momento histórico que o país e o mundo viviam.
Conhecer a realidade cultural, política e econômica dessa localidade
15
implicou estabelecer relações com outras localidades, outros espaços e
com outros processos históricos mais abrangentes.
É inegável a contribuição da tecnologia em sala de aula na medida
em que colocou o aluno em contato com uma nova maneira de pensar e
entender a História. Nesse sentido, no terceiro período, como forma de
despertar o interesse e o desejo de pesquisa para aprofundar o assunto,
foram vistas partes do filme “Guerra dos Pelados” do cineasta Sylvio Back
(1971), sobre a Guerra do Contestado e documentários com depoimentos
de alguns participantes e/ou líderes da Revolta dos Posseiros.
Depois de assistir aos vídeos, realizou-se a discussão e a análise
das informações obtidas por meio das observações realizadas e dos
conhecimentos adquiridos. O filme e documentários não se constituíram
somente de um pretexto para a discussão ou uma simples ilustração, mas
sim de elementos fundamentais e motivadores para a construção do
conhecimento sobre os movimentos na luta pela terra. Buscou-se uma
análise e um debate, baseando-se na afirmação de Scherer-Warren (1987,
p.20) de que” os movimentos sociais são uma ação grupal que busca
transformar uma realidade sob os mesmos objetivos e sob orientação e
direção definidas. Uma ação, um projeto, uma ideologia e uma direção”.
A sala de aula foi transformada numa biblioteca, num lugar de
pesquisa, durante o quarto período. Buscou-se esse instrumento didático
metodológico, no processo de ensino-aprendizagem, para que ocorresse
uma interação de modo cooperativo e participativo na construção do
conhecimento. Assim o ensino e a aprendizagem fundamentaram-se,
através de pesquisa em diferentes fontes. Desta forma, um cidadão
consciente e transformador emerge porque o aluno participa ativamente
do processo de construção do conhecimento histórico.
Nesse período, houve, também, a elaboração das questões que
seriam abordadas, pelos alunos, na pesquisa oral com as pessoas que
viveram durante o período da Revolta dos Posseiros de 1957, ou que
participaram ativamente do movimento.
O quinto período aconteceu fora da sala de aula. Os alunos
entrevistaram pessoas idosas da comunidade, resgatando a memória de
16
quem viveu aquele momento histórico. Como metodologia de pesquisa, a
história oral contribuiu para que se pudesse conhecer e aprofundar os
conhecimentos através de conversas, depoimentos, entrevistas e relatos
sobre o tema em estudo. Foi o processo de rememorar o passado,
compondo as peças de um “quebra-cabeça” da melhor forma possível.
Com essa atividade, possibilitou-se o resgate da História com
elementos significativos e diferenciados com aqueles que estiveram
relacionados de forma muito próxima ao movimento da Revolta dos
Posseiros. Tornou-se possível, ainda, a discussão e reflexão sobre a
necessidade de valorização da oralidade na construção das memórias da
comunidade e em relação à preponderância, em nossa sociedade, da
cultura escrita sobre outras formas de registro.
No sexto período, por sua vez, ocorreu um grande momento dessa
Implementação: a palestra e o depoimento de um dos líderes da Revolta
dos Posseiros, no município de Pato Branco, Jácomo Trento (conhecido
como Porto Alegre) com 75 anos de idade. Houve, também, a aulapalestra da professora convidada, Neri Bocchese, que realizou uma
pesquisa sobre a vida de um dos heróis da Revolta: Pedrinho Barbeiro
(assassinado pelos jagunços das Companhias de Terra). Os alunos foram
participativos, debatendo, intervindo, revelando interesse pelo conteúdo
histórico antes desconhecido e estranho.
Ouvir a história de vida, a memória de quem viveu esse momento
histórico contribui para a valorização da história local/regional, da história
vista de baixo, bem como, para o desenvolvimento do sentimento de
pertencimento
a
uma
determinada
comunidade.
Ocorre
o
redescobrimento do local em relação ao global, o olhar para o patrimônio
histórico como um bem que representa identidade e que serve como elo
entre o passado e o presente, dando sentido de continuidade, conforme
defendem Oriá (2205), Le Goff (2003), Thompsom (2002) entre outros.
Na perspectiva de contribuir para uma novo olhar, conhecimento e
valorização do patrimônio histórico da localidade e região em que se está
inserido, realizou-se, no sétimo período (num domingo, tendo em vista que
o aluno de EJA é trabalhador) uma visita investigativa aos monumentos
17
construídos em 2007, quando houve a comemoração do cinqüentenário da
Revolta dos Posseiros, em alguns municípios da região sudoeste do
Paraná: Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos. O objetivo foi
conhecer para preservar e promover esses bens que fazem parte do
patrimônio histórico da região, dando continuidade e ressignificação à
memória local/regional.
No oitavo e último período dessa Implementação ocorreu a
socialização do saber adquirido, através da apresentação das atividades,
em exposição na escola, realizada pelos alunos como: músicas, frases,
fotografias e textos que resgataram a Revolta dos Posseiros.
Tendo em vista que a pretensão dessa Implementação foi
contribuir para o crescimento do aluno, enquanto cidadão, entendendo os
seus espaços, sua história e colocando-o como um sujeito ativo e
participativo na História, a avaliação efetivou-se através de um processo
contínuo e progressivo com relação à participação nas atividades
realizadas individualmente ou coletivamente, como: debates, produção de
textos, análise de vídeos e documentos históricos, pesquisas, entre outras.
Assim,
pesquisar,
analisar,
compreender
e
ampliar
as
possibilidades dos estudantes na busca de sua identidade como sujeitos
pertencentes a uma comunidade e na busca do conhecimento histórico,
foi possível, através de uma avaliação com diferentes dimensões,
instrumentos e critérios.
Todas as atividades dessa Implementação aconteceram com
metodologias
específicas
para
a
educação
de
jovens
e
adultos.
Valorizaram-se a experiência e a vivência dos alunos, pois, embora
afastados do sistema regular de ensino, têm desenvolvido outros valores
que são compartilhados com colegas e professores.
Houve uma comunicação entre diferentes esferas: o saber formal e
a vivência do aluno jovem e/ou adulto no sentido de resgatar a memória
de cada um e da coletividade, o que possibilitou uma relação mais
próxima com a escola e com a comunidade.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto acima, torna-se decisiva e significativa a
necessidade do conhecimento histórico local/regional na medida em que
essa abordagem coloca o aluno diante de fatos mais próximos de sua
realidade, elevando sua auto-estima e recuperando a vitalidade da
experiência histórica com maior interesse. Conhecer o seu meio social
também é uma forma de se conhecer e entender que a sociedade e o
homem estão sempre em transformação. Transformação que leva a uma
reflexão sobre a realidade atual, e que maneiras seriam possíveis para
mudar e/ou romper com as dificuldades sociais, políticas e econômicas do
cotidiano.
Esse conhecimento promove a consciência de pertencimento e de
inserção social, conduzindo à formação da consciência crítica e cidadã. Tal
ensino de História pelo fato de promover a aproximação da memória
histórica com vivências e experiências concretas, incentiva e motiva o
estudante à prática da pesquisa que possibilita a construção do
conhecimento significativo. Permite também uma mudança no processo
de ensino na sala de aula, tendo em vista que, segundo as DCE (2006),
está, ainda, centrado nos “grandes homens”, nas batalhas, tratados, datas
e nos saberes apenas dos livros didáticos.
Nesse sentido, o professor exerce um trabalho de fundamental
importância para a formação de cidadãos situados em seus espaços,
socialmente
engajados
e
culturalmente
identificados,
capazes
de
apreender a realidade local e relacioná-la com os fenômenos globais, de
relacionar a micro-história à macro-história e de interagir na concretização
das mudanças históricas. É, dessa forma, não deixar que a história
local/regional e o patrimônio cultural sejam reduzidos à preservação de
restos do passado, que expressam apenas a vontade, o desejo e a
memória de poucos, mas enfatizar as diversidades e as dinâmicas
culturais que efetivamente marcam a riqueza das comunidades e regiões
do Estado.
19
Finalmente, tomando a história local/regional como um campo de
pesquisa e ensino, é importante salientar a necessidade da mudança e
apropriação desse processo por um maior número de professores. Alargar
esse campo de pesquisa no processo ensino-aprendizagem de História
torna-se, portanto, um desafio a ser enfrentado na educação atual.
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