REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL NO ENSINO DE HISTÓRIA _ APRESENTAÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA1 VENDRUSCOLO, Roseli Terezinha2 GANDRA, Edgar Ávila3 RESUMO: A temática da história local/regional foca o conhecimento e valorização de fatos, memória, locais e reconstrução da memória social como instrumentos na preservação do patrimônio histórico-cultural da comunidade. Dá ênfase na abordagem do processo ensino-aprendizagem de História como forma de contribuir para a promoção e construção da cidadania e identidade dos estudantes como sujeitos históricos. O artigo destaca a história local/regional como forma de aproximar os estudantes de fatos concretos, do seu espaço social sem perder a contextualização historiográfica oficial permitindo a promoção da discussão entre a micro e a macro-história. Para tanto, apresenta uma experiência de implementação realizada no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA, com o tema da história local/regional: a Revolta dos Posseiros, ocorrida em 1957, na região sudoeste do Paraná. PALAVRAS-CHAVE: História. Ensino. Local/Regional. Memória. História Oral. Patrimônio. ABSTRACT: The local and regional thematic history focuses on knowledge and valorization of facts, local memory and social memory reconstruction as tools to preserve the historical and cultural community inheritance. It emphasizes the teaching and leaning process as a form of contributing to the promotion and construction of students’ citizenship and identity, as historic subjects. The paper highlights the local and regional history as a way of getting students close to the materialized facts of their social context without missing the official and historic-geographic contextualization which allows the promotion of the discussion between micro and macro history. Thus, the paper aims to describe a project applied at Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – CEEBJA, which the local/regional historic theme: “a Revolta dos Posseiros” that occurred in 1957, in the Southwestern Paraná. KEY WORDS: History. Teaching. Local/Regional. Memory. Oral History. Inheritance. 1 Artigo apresentado como trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. 2 Professora de História da Educação Básica do Paraná – SEED. 3 Orientador Professor Dr. Edgar Ávila Gandra, História - UNICENTRO. 1 INTRODUÇÃO Este texto tem como finalidade apresentar algumas reflexões sobre a relevância do conhecimento e da valorização da história local/regional no ensino de História e apresentar a experiência de implementação, realizada na escola CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, com o tema: “A Revolta dos Posseiros, ocorrida em 1957, na região Sudoeste do Paraná”. De acordo com as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Paraná, disciplina História - DCE (2006, p.21), é necessário considerar a diversidade cultural nos locais de memória paranaense, contemplando-os como espaços em que se situam os movimentos sociais organizados. Essa abordagem atende, dessa forma, ao cumprimento da Lei n. 13.381/01, que torna obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, o conteúdo de História do Paraná. O ensino de História, apesar de seguidamente rediscutido e ressignificado, continua, no geral, com sua prática centrada na história tradicional, que valoriza a história política e econômica, linear, factual, representada por heróis, que exclui a participação de outros atores, sobretudo os indivíduos vinculados aos setores subalternos da sociedade: silenciando-os. Tal silêncio não contribui para o desenvolvimento de uma escola crítica e cidadã, pois, não valoriza as ações e os valores de atores comuns, de suas famílias e comunidade. O ensino e a valorização da história local/regional, por conseguinte, apresentam-se como um campo de possibilidades e também como ponto de partida para a construção do conhecimento e aprendizagem histórica. Possibilitam trabalhar com a realidade mais próxima das relações sociais que se estabelecem entre professor/aluno/sociedade e o meio em que vivem e atuam. 2 Essa reconstrução e aprendizagem históricas oportunizam a reflexão permanente acerca das ações dos homens e mulheres que vivem num determinado espaço/território como sujeitos históricos e cidadãos. Os alunos, por sua vez, constatam que seu papel no mundo é de um sujeito que intervém, um sujeito ativo e não passivo da História e que, estando inserido nesse debate, pode mudar e transformar a realidade. Além disso, torna a disciplina de História importante na vida dos alunos e amplia a participação dos mesmos no processo de ensino-aprendizagem. Cainelli e Schimidt (2005, p.125) afirmam que “como todos os homens são determinados pela história vivida, todos são sujeitos da própria história; isso equivale entender que a História é feita por todos”. Nesse sentido, corrobora Bezerra (2005, p.45), quando afirma que é necessário acentuar que a trama da História não é o resultado apenas da ação de figuras de destaque, consagradas pelos interesses explicativos de grupos, mas sim a construção consciente/inconsciente, paulatina e imperceptível de todos os agentes sociais, individuais ou coletivos. Justifica-se, assim, a relevância do conhecimento e da valorização da história local/regional, considerando-se o propósito de contribuir para uma nova abordagem do currículo da disciplina. Contribui, também, para a valorização e o respeito pelo patrimônio histórico-cultural da localidade e região, para a preservação da memória da comunidade em que se está inserido e para o processo de construção da identidade do aluno. Não silenciar a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos torna-se primordial no processo de ensino-aprendizagem de História. 2 A HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL NO ENSINO DE HISTÓRIA Um desafio a ser superado no trabalho com história local/regional é, primeiramente, vencer preconceitos. Recentemente, novas discussões e ressignificações em História têm contribuído enormemente para o 3 desenvolvimento de um conhecimento histórico que vislumbra as vivências das mais diversas localidades brasileiras. Abre-se, assim, espaço para a ocorrência de uma modalidade de História escrita a partir de realidades particulares. Essa História é,no entanto, ainda, encarado com certa desconfiança, desvalorização e, por isso, seguidamente silenciada no cotidiano escolar. No entanto, se utilizada de forma crítica, torna-se significativa no processo de ensino em sala de aula. Sustentar a defesa do estudo da história local/regional significa optar por temáticas ligadas ao espaço e ao cotidiano de comunidades específicas, que, por certo, ficariam sem atenção nas abordagens genéricas. O estudo de temas locais opera, assim, em escala de observação específica, com possibilidades de experiências próximas aos documentos, bibliotecas e testemunhos de pessoas que vivenciaram fatos históricos num passado recente e que são fontes vivas do cotidiano vivenciado por essas comunidades. A história local/regional, trazendo à tona acontecimentos, atores e lugares comuns ao estudante, faz com que este se aproxime da disciplina, percebendo a relação entre o passado ignorado e o presente tão próximo. Pode-se, assim, estabelecer uma problematização que estimule o aluno na busca do conhecimento crítico da sua realidade, contribuindo para a construção de sua consciência histórica e o amadurecimento de sua cidadania. É, pois, pertinente que, na prática de ensino da História, o professor reconstrua, com os alunos, os aspectos culturais da sociedade em que está inserido, leve em conta a construção da identidade social estabelecida no devir histórico da comunidade, estabelecendo uma releitura das experiências constituídas e construídas. Decorre daí a problematização que norteia essa reflexão: como possibilitar aos alunos da Educação Básica a aquisição e valorização do conhecimento histórico local/regional? Como permitir a apreensão de histórias silenciadas no cotidiano escolar? A história local/regional apresenta inúmeras possibilidades de descrição, análise, crítica, interpretação e de revisão historiográfica. Para 4 tanto, deve deixar de ser vista como uma História inferior, que necessita de legitimidade diante das “grandes questões” que permeiam a história tradicional dos heróis, factual e linear. De acordo com Burke (1992, p.12), a história tradicional oferece uma visão de cima, no sentido de que tem sempre se concentrado nos grandes feitos dos grandes homens, estadistas, generais ou ocasionalmente eclesiásticos. Ao resto da humanidade foi destinado um papel secundário no drama da história. A tradição histórica sempre se preocupou com a história nacional ou internacional dificilmente tratando, ou tornando significativa, a história local/regional. Assim, o estudo da localidade e/ou da região contribui para a análise da história “vista de baixo”, que considera mais seriamente as opiniões e experiências de pessoas comuns, permitindo aos indivíduos tornarem-se partícipes das mudanças sociais. Jim Sharpe (1992, p.62), nesse sentido, afirma que “a história vista de baixo ajuda a convencer aqueles de nós nascidos sem colheres de prata em nossas bocas de que temos um passado, de que viemos de algum lugar”. Nesse aspecto, ao dar ênfase aos estudos locais/regionais, à história vista de baixo e à micro-história, valorizam-se os sujeitos comuns em detrimento à valorização de grandes homens e da elite política. Ressalva-se, entretanto, que não se exclui o caráter complementar da macro-história, mas defende-se a inter-relação entre os aspectos micro e macro na atividade docente e do necessário equilíbrio entre ambos para um profícuo resultado no processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, o objeto de estudo da micro-história deve ser contextualizado para não fragmentar demasiadamente o conhecimento histórico ou torná-lo sem sentido. A relação entre micro-história e macro-história possibilita ao estudante obter clareza dos conteúdos e apropriar-se do conhecimento histórico e ao fazer a ligação dos fatos locais com o contexto nacional e internacional, torna-se sujeito crítico do aprender histórico. Nesse sentido, 5 a micro-história tenta não sacrificar o conhecimento dos elementos individuais a uma generalização mais ampla, e de fato acentua as vidas e os acontecimentos individuais. Mas, ao mesmo tempo, tenta não rejeitar todas as formas e abstração, pois fatos insignificantes e casos individuais podem servir para revelar um fenômeno mais geral (LEVI, 1992, p. 158). Desse modo, o estudo e o conhecimento do local/regional contribuem e podem se tornar fundamentais para o estudo e conhecimento do geral. Entretanto, o que se observa, em geral, é que na historiografia oficial há maior ênfase em aspectos macro-históricos e, consequentemente, tratamento pouco enfático à micro-história, ao local e aos elementos individuais. Não se trata, pois, de optar por um ou outro, mas sim, de unir, de articular, uma vez que são complementares e inseparáveis no processo da construção do conhecimento. Como asseguram Cainelli e Schimidt (2004, p.112), é importante observar que uma realidade não contém em si mesma a chave de sua própria explicação pois os problemas culturais, políticos, econômicos e sociais de uma localidade explicam-se, também, pela relação com outras localidades, outros países e até mesmo, por processos históricos mais amplos. Por conseguinte, a micro-história torna-se importante para a construção da consciência histórica, da construção ou reconstrução da identidade e para o desenvolvimento da cidadania sem desvincular o local do universal, ou seja, os elementos da história local constituem particularidades que dão sustentação à história geral. É diante dessas reflexões que se pode afirmar que a história local/regional apresenta-se para o processo de ensino-aprendizagem como instrumento básico para motivar a investigação, despertar a curiosidade e para formar a consciência de inserção dos educandos na sociedade e no mundo. É assim que os estudos de história local revelam-se extremamente motivadores para os alunos porque lhes permitem realizar atividades sobre temas que lhe despertam o interesse, pela sua relação com o passado do que ainda reconhecem os mais variados vestígios. A motivação deve, contudo, ultrapassar a satisfação da simples curiosidade, para fomentar um verdadeiro trabalho de investigação (FONSECA, 2003, p. 158). 6 A história local/regional dá, então, ao pesquisador uma idéia mais imediata do passado, posto que esse passado pode se encontrar, ouvir ou ler nos monumentos, casas, instituições e pessoas da comunidade. Não é um saber artificial, mas um saber que tem bases concretas e próximas ao aluno. Estimulados pela curiosidade, os estudantes demonstram afeição à sua localidade, estudam de maneira mais entusiasta, diferentemente da abordagem da história tradicional que é vista apenas pela versão dos livros didáticos, geralmente ensinada em escolas numa rotina que repete saberes artificiais e distantes inibindo as possibilidades de conhecimento e aprendizagem. Sob esse aspecto, Fonseca (2003, p. 222) argumenta que o estudo regional oferece novas óticas de análise ao estudo de cunho nacional, podendo apresentar todas as questões fundamentais da história (como os movimentos sociais, a ação do estado, as atividades econômicas, a identidade cultural, etc) a partir do ângulo de visão que faz aflorar o específico, o próprio, o particular. A historiografia nacional ressalta as semelhanças, o regional lida com as diferenças... A partir das colocações de Fonseca (2003), pode-se afirmar que a região está historicamente inserida no todo, ou seja, as diferenças e a multiplicidade da região pertencem às questões mais amplas, nacional e/ ou mundial. Desse modo, a motivação dos alunos para o estudo da História e para a construção do seu conhecimento histórico passa por um processo de ensino-aprendizagem sensível às questões referentes à identidade cultural, aos espaços sociais e à construção da cidadania. A relação dos acontecimentos históricos do seu cotidiano com os processos históricos mais abrangentes possibilita ao aluno compreender, assim, a contextualização histórica dos acontecimentos. 2.1 HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DA HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL Nesse processo de construção de relações e contextualizações do conhecimento histórico, a história local/regional torna-se um dos campos 7 em que a história oral tem plena aplicação e pode trazer distintos resultados, pois, através dos testemunhos dos mais idosos, é possível resgatar aspectos dos fatos históricos vivenciados. Entende-se, então, que o espaço e os lugares jamais aparecem como suporte neutro na vida das pessoas e dos grupos. É o resultado da ação humana que muda a realidade natural e cria paisagens humanas e humanizantes. “Os lugares e as paisagens fazem parte da memória coletiva. A lembrança do que aconteceu no passado dá forte valor sentimental a certos lugares” (CLAVAL, 2002). Nesse sentido, Cainelli e Schimidt (2005, p. 127) defendem, também, que a opção pelo trabalho com a oralidade no ensino da História precisa considerar que a reflexão acompanha todo o processo, e não ocorre somente a posteriori. Ademais, é necessário entender que o trabalho com a oralidade consiste numa fonte diferenciada para captação de informações, a qual está muito relacionada com o estudo da história local. Sob essa perspectiva, pode-se afirmar que, através do trabalho com a oralidade, é possível historiar os acontecimentos importantes da localidade que, muitas vezes, não têm lugar ou não mereceram, por alguma questão, registro na documentação oficial. Os alunos passam a perceber, então, que as identidades individuais e coletivas estão fortemente ligadas ao espaço construído socialmente. Dentro desse quadro, a história oral constitui-se em uma metodologia de representação do passado através da memória reavivada de indivíduos que foram partícipes de contextos históricos importantes. É um método de recolher e preservar a informação histórica através do registro de vivências e acontecimentos vividos pelos testemunhos ou pelos entrevistados. Dessa forma, o trabalho com a história oral se baseia, logicamente, em fontes orais que registram a experiência vivida, o depoimento do indivíduo ou de indivíduos de uma comunidade. Entretanto, há polêmica em torno das fontes orais, no que diz respeito à sua credibilidade, tendo em vista que para os que se utilizam da história tradicional, há a crença de que essa metodologia é uma fonte subjetiva que pode ser falível e 8 fantasiosa: o entrevistado pode ter falha de memória, pode criar acontecimentos artificiais, se autopromover, fantasiar ou omitir. No entanto, pode-se afirmar que a subjetividade é real em todas as fontes históricas: escritas, visuais ou orais, e é a história oral que, muitas vezes, faz a diferença, pois não conta apenas o que o indivíduo ou a comunidade fez, mas também reflete os seus anseios, desejos e crenças. Considera-se que a memória oral é uma fonte com possibilidades de utilização no ensino da história local/regional como forma de aprofundar as relações com o grupo de pertencimento, de classe e comunidade em que se vive. É uma forma de oportunizar espaço e voz a diferentes narradores. Além disso, a história oral pode certamente ser um meio de transformar tanto o conteúdo quanto a finalidade da história. Pode ser utilizada para alterar o enfoque da própria história e revelar novos campos de investigação; pode derrubar barreiras que existam entre professores e alunos, entre gerações, entre instituições educacionais e mundo exterior, e na produção da história - seja em livros, museus, rádio ou cinema – pode devolver às pessoas que fizeram ou vivenciaram a história um lugar fundamental, mediante suas próprias palavras (THOMPSON, 2002, p.22). Nesse sentido, pode-se assegurar que a história oral, no ensino da história local/regional, possibilita a aproximação do estudante com a comunidade e conduz a sala de aula à casa e à comunidade, bem como a comunidade à escola. Destaca-se que é através de atividades, como a de entrevistas com as pessoas da comunidade, que o estudante fortalece sua identificação em relação à comunidade em que vive na medida em que, segundo Thompsom (2002, p. 19), “permite construir a história a partir das próprias palavras daqueles que vivenciaram e participaram de um determinado período, mediante suas referências e também seu imaginário”. Torna-se, assim, relevante a atividade com a história oral, tendo em vista que o aluno participa de uma investigação válida dentro do seu próprio grupo familiar, étnico e local. O resultado é algo de valor para o 9 aluno; a família e a própria comunidade se sentem valorizadas nesse processo de ensino-aprendizagem. A história oral, dessa maneira, volta seus interesses para os anônimos, seus modos de viver e pensar. Valoriza a análise qualitativa e resgata a importância das experiências individuais, focando para o particular, para espaços próximos de uma história vista de baixo. Essa fonte oral transforma os “objetos” de estudo em “sujeitos”, contribuindo para uma História mais interessante, mais viva, mais comovente e, logicamente, mais verdadeira. Nesse sentido, possibilita a percepção do passado como algo que tem continuidade hoje e cujo processo histórico não está acabado. Evidencia a trilha da História dos cidadãos comuns em uma rotina explicada na lógica da vida coletiva de gerações que vivem no presente. Trabalhando com as testemunhas orais através de entrevistas, vídeos, produz-se uma fonte que possibilita a construção e a análise do fato histórico em questão. Assim, é nesse contexto que a história oral pode dar grande contribuição para o resgate da memória nacional, mostrando-se um método bastante promissor para a realização de pesquisa em diferentes áreas. É preciso preservar a memória física e espacial, como também descobrir e valorizar a memória do homem. A memória de um pode ser a memória de muitos, possibilitando a evidência dos fatos coletivos (THOMPSON, 2002, p.17). Possibilita-se, então, de forma diferenciada, registrar, conservar e valorizar a memória e as recordações dos indivíduos. Recolhem-se as memórias individuais formando-se a memória coletiva de fatos históricos ou realidades locais, bem como, de outros espaços. 2.2 A MEMÓRIA E O PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL DA LOCALIDADE E/OU REGIÃO “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades 10 fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia” (LE GOFF, 2003, p. 469). Assim, os elementos da memória são acontecimentos vividos pessoalmente, pelo grupo ou pela coletividade a qual a pessoa pertence. São, dessa forma, as pessoas e são os lugares, particularmente lugares, ligados a algum contexto significativo como é, no caso, a Revolta dos Posseiros de 1957, na região sudoeste do Paraná. Esses elementos da memória são experiências individuais ou de grupo que permaneceram preservados na memória social, e sendo a memória, um processo seletivo, deve-se ter presente os limites do seu uso. Alguns contextos que permaneceram tornam-se essenciais na construção da identidade, tanto individual quanto coletiva, na medida em que são, também, fatores extremamente importantes ligados ao sentimento de continuidade de uma pessoa ou de um grupo em sua própria reconstrução. O ensino de História, voltado à valorização da memória local e do patrimônio histórico-cultural, torna-se necessário para alcançar uma aprendizagem significativa, ancorada em conceitos que o aluno assimila e relaciona no seu coletivo. Estimula o senso de preservação dessa memória social coletiva como forma de construir uma nova cidadania e identidade e possibilita a análise das semelhanças e diferenças da memória dos que viveram o fato histórico da Revolta dos Posseiros em 1957 e da memória social dos que vivem hoje na região. Pode-se compreender a memória como sendo qualquer forma de pensamento, percepção ou prática que tenha o passado como principal referência. A memória de experiências passadas está presente no saber possuído ou no saber que está sendo adquirido. Conhecer essa memória local/regional é significativo tendo em vista que a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. O esquecimento e os silêncios da história são reveladores destes mecanismos de manipulação da memória coletiva (LE GOFF, 2003, p.422). 11 É, pois, com o objetivo de romper esses esquecimentos e silêncios, que se busca, a pesquisa, a análise em pequena escala, a verificação da importância da dimensão local e o registro e conservação do patrimônio histórico-cultural. Assim, o estudo da história local/regional permite gerar atitudes investigativas, a reflexão acerca do sentido da realidade social e o estabelecimento de continuidades, diferenças e permanências. Tratar dessa história local/regional é tratar do patrimônio histórico-cultural desse espaço, é ressignificar a memória social, considerando que a “preservação do patrimônio histórico como uma questão de cidadania implica reconhecer que, como cidadãos, temos direito à memória, mas também o dever de contribuir para a manutenção desse rico e valioso acervo cultural” (ORIÁ, 2005, p.140). Esse acervo cultural e, logicamente, histórico, vai além dos prédios, monumentos, edificações de valor arquitetônico, entende-se também o patrimônio documental, bibliográfico, oral, enfim todo o conjunto de bens que atestam a História de uma sociedade. Deve ser preocupação e finalidade, por conseguinte, do ensino de História revelar que a valorização e o conhecimento de um bem cultural, que testemunha a História ou a vida do país, pode ajudar-nos a compreender quem somos, para onde vamos, o que fazemos, mesmo que muitas vezes pessoalmente não nos identifiquemos com o que esse mesmo bem evoca, ou até não apreciemos sua forma arquitetônica ou o seu valor histórico. O importante é que ele faz parte de um acervo cultural que deve ser preservado por toda a comunidade, pois é revelador e referencial para a construção de nossa identidade histórico-cultural (ORIÁ, 2005, p.134). Tendo em vista que a melhor forma de conservar a memória é lembrá-la, deve-se, então, atuar com um ensino de História que rompa obstáculos e faça da escola um espaço de reação, de debate e de criação, voltado para o desenvolvimento e valorização do indivíduo como sujeito histórico. Um sujeito que passa a valorizar o conhecimento e o contato com a memória e com o patrimônio histórico-cultural da localidade e região como elementos cruciais para sua formação e cidadania. 12 Conhecer a história local/regional torna possível a tomada de consciência de que há um passado e um presente e que a História se faz a cada momento, em todos os espaços e por muitos sujeitos. E é, nesse sentido, que Oriá (2005, p.137) afirma que, “a preservação do patrimônio histórico é vista, hoje, prioritariamente, como uma questão de cidadania e, como tal, interessa a todos por se constituir em direito fundamental do cidadão e esteio para a construção da identidade cultural”. A memória coletiva é uma das maiores garantias de nossa identidade cultural e mais um motivo para a busca de um trabalho voltado para o estudo da história local/regional e para a história cultural de nossa região e consequentemente de nosso Estado. Nesse processo, não se trata de investigar o passado somente através da memória, mas de procurar compreender o presente através das reconstruções feitas do passado. Na reconstrução do passado, cada relato obtido pode ser associado a um aspecto social determinado, dependendo da inserção de cada indivíduo em seu grupo. Os indivíduos guardam fragmentos de experiências vivenciadas, e precisam das construções coletivas para que possam correlacionar e dar sentido aos diversos fragmentos que rememoram. Nesse sentido, cita-se Oriá (2005, p.139), quando afirma que ”é a memória dos habitantes que faz com que eles percebam, na fisionomia da cidade, sua própria história de vida, suas experiências sociais e lutas cotidianas [..]”. 2.3 ESTUDO DE CASO: A IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA Justifica e dá credibilidade à validade da Proposta de Implementação que prioriza, no espaço escolar, a reconstrução e a valorização da história local/regional, da memória da comunidade, dos saberes e experiências dos alunos, no caso, da Educação de Jovens e Adultos – EJA, a confiança de que se confere maior protagonismo aos estudantes na sua trajetória escolar e na construção do conhecimento histórico. Possibilita um interesse maior, em estudar História, na medida 13 em que há a valorização do cotidiano e do espaço em que vivem, não se tratando de algo distante ou desligado da realidade em que estão inseridos. A construção da Proposta de Implementação esteve direcionada para um ensino de História mais crítico, capaz de despertar a criatividade, de mobilizar ações e transformações através de um novo tema de estudo: A Revolta dos Posseiros, ocorrida em 1957, na região sudoeste do Paraná. Um tema que não trata de heróis distantes e do passado longínquo e, também, não necessariamente do jogo de luta de classes pelo domínio do poder político e das estruturas econômicas, mas de uma abordagem da história local/regional. Uma abordagem que permite ao estudante um referencial para a compreensão da dinâmica social, para perceber-se integrante da História, estabelecendo relações com os elementos comuns da comunidade através da pesquisa oral e escrita, bem como da valorização da memória e do patrimônio histórico-cultural da localidade em que vive. Na abordagem da Proposta de Implementação, no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA foram elencados os seguintes objetivos para trabalhar o tema Revolta dos Posseiros, em 1957, no sudoeste do Paraná: contribuir para a construção de um saber criativo e reflexivo; discutir a ressignificação da identidade e cidadania; contribuir com uma nova abordagem no currículo da disciplina História; valorizar o patrimônio histórico-cultural da localidade e região e colaborar com a preservação da memória local/regional. A temática permitiu que o aluno percebesse o local onde mora como espaço de sociabilidade em que as pessoas interagem, produzem e vivem histórias. Problematizar a Revolta dos Posseiros, ocorrida na região sudoeste, em 1957, permitiu, também, o estabelecimento das semelhanças e diferenças com outros espaços e outras memórias. 14 A partir das reflexões, foi realizada a Proposta de Implementação no CEEBJA, durante o primeiro semestre de 2008, com os alunos da disciplina de História – Ensino Médio. Devido às especificidades do horário do CEEBJA, a Proposta teve seu desenvolvimento metodológico direcionado para a organização de um cronograma baseado em oito períodos, com a duração de quatro horas/aula (exceto o sétimo período que teve a duração de oito horas), num total de trinta e seis horas/aulas. A temática desenvolveu-se conforme a seqüência: No primeiro período, foram organizadas as orientações gerais sobre a Implementação dessa temática na escola, os objetivos, a carga horária e as atividades que envolveriam a Proposta. Buscou-se saber, por meio de um levantamento de idéias, o que os alunos já conheciam sobre a Revolta dos Posseiros de 1957, seus conhecimentos prévios sobre o tema. Por serem alunos ainda jovens, e mesmo adultos, constatou-se que possuíam conhecimento superficial sobre o tema ou tinham algum parente que havia participado daquele momento histórico, ou ainda, que tinham ouvido ou assistido algo sobre o tema. Ainda, como forma de motivar e/ou despertar o interesse dos alunos para conhecer a história local/regional e o seu patrimônio históricocultural, houve a análise e discussão da letra de algumas músicas: o Hino Municipal de Pato Branco, o Hino Municipal de Francisco Beltrão e de uma música regional – “A Revolta dos Posseiros”. O segundo período foi organizado com aulas expositivas, análises e questionamentos sobre os movimentos sociais de luta pela terra que ocorreram no Paraná e/ou envolvendo alguma região do Estado: Guerra do Contestado em 1916, Revolta de Porecatu, em 1951 e a Revolta dos Posseiros em 1957. O paralelo entre esses movimentos sociais possibilitou aos alunos a compreensão da dimensão de cada movimento, das diferenças e semelhanças entre os movimentos, bem como as conseqüências e envolvimentos nas diversas esferas da sociedade. A análise desses movimentos sociais foi realizada de forma contextualizada com o momento histórico que o país e o mundo viviam. Conhecer a realidade cultural, política e econômica dessa localidade 15 implicou estabelecer relações com outras localidades, outros espaços e com outros processos históricos mais abrangentes. É inegável a contribuição da tecnologia em sala de aula na medida em que colocou o aluno em contato com uma nova maneira de pensar e entender a História. Nesse sentido, no terceiro período, como forma de despertar o interesse e o desejo de pesquisa para aprofundar o assunto, foram vistas partes do filme “Guerra dos Pelados” do cineasta Sylvio Back (1971), sobre a Guerra do Contestado e documentários com depoimentos de alguns participantes e/ou líderes da Revolta dos Posseiros. Depois de assistir aos vídeos, realizou-se a discussão e a análise das informações obtidas por meio das observações realizadas e dos conhecimentos adquiridos. O filme e documentários não se constituíram somente de um pretexto para a discussão ou uma simples ilustração, mas sim de elementos fundamentais e motivadores para a construção do conhecimento sobre os movimentos na luta pela terra. Buscou-se uma análise e um debate, baseando-se na afirmação de Scherer-Warren (1987, p.20) de que” os movimentos sociais são uma ação grupal que busca transformar uma realidade sob os mesmos objetivos e sob orientação e direção definidas. Uma ação, um projeto, uma ideologia e uma direção”. A sala de aula foi transformada numa biblioteca, num lugar de pesquisa, durante o quarto período. Buscou-se esse instrumento didático metodológico, no processo de ensino-aprendizagem, para que ocorresse uma interação de modo cooperativo e participativo na construção do conhecimento. Assim o ensino e a aprendizagem fundamentaram-se, através de pesquisa em diferentes fontes. Desta forma, um cidadão consciente e transformador emerge porque o aluno participa ativamente do processo de construção do conhecimento histórico. Nesse período, houve, também, a elaboração das questões que seriam abordadas, pelos alunos, na pesquisa oral com as pessoas que viveram durante o período da Revolta dos Posseiros de 1957, ou que participaram ativamente do movimento. O quinto período aconteceu fora da sala de aula. Os alunos entrevistaram pessoas idosas da comunidade, resgatando a memória de 16 quem viveu aquele momento histórico. Como metodologia de pesquisa, a história oral contribuiu para que se pudesse conhecer e aprofundar os conhecimentos através de conversas, depoimentos, entrevistas e relatos sobre o tema em estudo. Foi o processo de rememorar o passado, compondo as peças de um “quebra-cabeça” da melhor forma possível. Com essa atividade, possibilitou-se o resgate da História com elementos significativos e diferenciados com aqueles que estiveram relacionados de forma muito próxima ao movimento da Revolta dos Posseiros. Tornou-se possível, ainda, a discussão e reflexão sobre a necessidade de valorização da oralidade na construção das memórias da comunidade e em relação à preponderância, em nossa sociedade, da cultura escrita sobre outras formas de registro. No sexto período, por sua vez, ocorreu um grande momento dessa Implementação: a palestra e o depoimento de um dos líderes da Revolta dos Posseiros, no município de Pato Branco, Jácomo Trento (conhecido como Porto Alegre) com 75 anos de idade. Houve, também, a aulapalestra da professora convidada, Neri Bocchese, que realizou uma pesquisa sobre a vida de um dos heróis da Revolta: Pedrinho Barbeiro (assassinado pelos jagunços das Companhias de Terra). Os alunos foram participativos, debatendo, intervindo, revelando interesse pelo conteúdo histórico antes desconhecido e estranho. Ouvir a história de vida, a memória de quem viveu esse momento histórico contribui para a valorização da história local/regional, da história vista de baixo, bem como, para o desenvolvimento do sentimento de pertencimento a uma determinada comunidade. Ocorre o redescobrimento do local em relação ao global, o olhar para o patrimônio histórico como um bem que representa identidade e que serve como elo entre o passado e o presente, dando sentido de continuidade, conforme defendem Oriá (2205), Le Goff (2003), Thompsom (2002) entre outros. Na perspectiva de contribuir para uma novo olhar, conhecimento e valorização do patrimônio histórico da localidade e região em que se está inserido, realizou-se, no sétimo período (num domingo, tendo em vista que o aluno de EJA é trabalhador) uma visita investigativa aos monumentos 17 construídos em 2007, quando houve a comemoração do cinqüentenário da Revolta dos Posseiros, em alguns municípios da região sudoeste do Paraná: Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos. O objetivo foi conhecer para preservar e promover esses bens que fazem parte do patrimônio histórico da região, dando continuidade e ressignificação à memória local/regional. No oitavo e último período dessa Implementação ocorreu a socialização do saber adquirido, através da apresentação das atividades, em exposição na escola, realizada pelos alunos como: músicas, frases, fotografias e textos que resgataram a Revolta dos Posseiros. Tendo em vista que a pretensão dessa Implementação foi contribuir para o crescimento do aluno, enquanto cidadão, entendendo os seus espaços, sua história e colocando-o como um sujeito ativo e participativo na História, a avaliação efetivou-se através de um processo contínuo e progressivo com relação à participação nas atividades realizadas individualmente ou coletivamente, como: debates, produção de textos, análise de vídeos e documentos históricos, pesquisas, entre outras. Assim, pesquisar, analisar, compreender e ampliar as possibilidades dos estudantes na busca de sua identidade como sujeitos pertencentes a uma comunidade e na busca do conhecimento histórico, foi possível, através de uma avaliação com diferentes dimensões, instrumentos e critérios. Todas as atividades dessa Implementação aconteceram com metodologias específicas para a educação de jovens e adultos. Valorizaram-se a experiência e a vivência dos alunos, pois, embora afastados do sistema regular de ensino, têm desenvolvido outros valores que são compartilhados com colegas e professores. Houve uma comunicação entre diferentes esferas: o saber formal e a vivência do aluno jovem e/ou adulto no sentido de resgatar a memória de cada um e da coletividade, o que possibilitou uma relação mais próxima com a escola e com a comunidade. 18 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto acima, torna-se decisiva e significativa a necessidade do conhecimento histórico local/regional na medida em que essa abordagem coloca o aluno diante de fatos mais próximos de sua realidade, elevando sua auto-estima e recuperando a vitalidade da experiência histórica com maior interesse. Conhecer o seu meio social também é uma forma de se conhecer e entender que a sociedade e o homem estão sempre em transformação. Transformação que leva a uma reflexão sobre a realidade atual, e que maneiras seriam possíveis para mudar e/ou romper com as dificuldades sociais, políticas e econômicas do cotidiano. Esse conhecimento promove a consciência de pertencimento e de inserção social, conduzindo à formação da consciência crítica e cidadã. Tal ensino de História pelo fato de promover a aproximação da memória histórica com vivências e experiências concretas, incentiva e motiva o estudante à prática da pesquisa que possibilita a construção do conhecimento significativo. Permite também uma mudança no processo de ensino na sala de aula, tendo em vista que, segundo as DCE (2006), está, ainda, centrado nos “grandes homens”, nas batalhas, tratados, datas e nos saberes apenas dos livros didáticos. Nesse sentido, o professor exerce um trabalho de fundamental importância para a formação de cidadãos situados em seus espaços, socialmente engajados e culturalmente identificados, capazes de apreender a realidade local e relacioná-la com os fenômenos globais, de relacionar a micro-história à macro-história e de interagir na concretização das mudanças históricas. É, dessa forma, não deixar que a história local/regional e o patrimônio cultural sejam reduzidos à preservação de restos do passado, que expressam apenas a vontade, o desejo e a memória de poucos, mas enfatizar as diversidades e as dinâmicas culturais que efetivamente marcam a riqueza das comunidades e regiões do Estado. 19 Finalmente, tomando a história local/regional como um campo de pesquisa e ensino, é importante salientar a necessidade da mudança e apropriação desse processo por um maior número de professores. Alargar esse campo de pesquisa no processo ensino-aprendizagem de História torna-se, portanto, um desafio a ser enfrentado na educação atual. REFERÊNCIAS BEZERRA, H. G. In KARNAL, L. (org) História Na Sala de Aula: Conceitos, Práticas e Propostas. São Paulo: Contexto, 2005. BURKE, P (org). A Escrita da História: Novas Perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. CAINELLI, M; SCHIMIDT, M. A. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2005. CLAVAL,P. A volta do Cultural na Geografia. In: MERCATOR – REVISTA DE GEOGRAFIA/DA UFC, Ano 01, Número 01, 2002. Disponível em: www.mercator.ufc.br/revista. Acesso em: 7 set. 2005. FONSECA, S. G. Didática e Prática de Ensino de História: Experiências, Reflexões e Aprendizados. Campinas, São Paulo: Papirus, 2003. LE GOFF, J. História e Memória. São Paulo: UNICAMP, 2003. LEVI, G. In BURKE, P. (org) A escrita da História: Novas Perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. 20 MAGALHÃES, T. L; DUARTE, S. D. Memórias em resgate. 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