III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O DESCARTE DE MEDICAMENTOS ISENTOS DE
PRESCRIÇÃO MÉDICA PELA COMUNIDADE DO CENTRO UNIVERSITÁRIO
SÃO CAMILO - SÃO PAULO
1
1
1
1
Durães, Camila ; Ilário, Cássia ; Santana, Daniela; Asdorian, Gabriela ; Mayumi, Nathalia ; Neto,
2
Luciane
1
Estudantes do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo. Avenida Nazaré, 1051 Ipiranga - São Paulo – SP, CEP: 04263-200. e-mail: [email protected]
2
Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo. Avenida Nazaré, 1051 - Ipiranga
- São Paulo – SP, CEP: 04263-200
Palavras-chave: Medicamentos. MIP. Descarte de medicamentos.
INTRODUÇÃO
Todo ano no Brasil o mercado de medicamentos movimenta bilhões de reais, envolvendo
tanto a parte de produção, através das indústrias nacionais e internacionais, quanto à distribuição e o
consumo desses medicamentos por toda a sociedade. Contudo, essa produção de medicamentos
muitas vezes provoca um grande acúmulo de resíduos sólidos.
No Brasil ainda não se tem uma regulamentação específica no âmbito nacional relacionada
ao gerenciamento e destinação final ambientalmente adequada de resíduos de medicamentos
descartados pela população, tendo se assim um grande problema de contaminação por fármacos,
pois estes são materiais tóxicos e, portanto, não devem seguir o mesmo caminho do lixo comum.
Tratar incorretamente esses resíduos, como depositá-los em aterros comuns ou despachá-los pela
rede de esgoto, pode ocasionar contaminação de solo, lençóis freáticos, lagos, rios e represas,
atingindo também a fauna e flora que participam do ciclo de vida da região afetada. É um problema
marginal, pouquíssimo divulgado por órgãos de imprensa, governamentais ou entidades de terceiro
setor.
Para resolver o problema é necessário primeiramente entender por que sobram
medicamentos, fazendo com o que os mesmo sejam descartados, são algumas possíveis causas de
descartes:
 Dispensação de medicamentos além da quantidade exata para o tratamento do
paciente;
 Apresentações não condizentes com a duração do tratamento.
 Não
implantação
do
fracionamento
de
medicamentos
pela
cadeia farmacêutica.
 Interrupção ou mudança de tratamento.
 Distribuição aleatória de amostras-grátis.
 Gerenciamento inadequado de estoques de medicamentos pelas empresas e
estabelecimentos de saúde.
 Carência de informação da população relacionada à promoção, prevenção e
cuidados básicos com sua saúde.
 Fácil acesso ao medicamento, principalmente os isentes de prescrição médica.
Estas causas fazem com o que a solução do problema seja de difícil resolução, porém faz-se
necessário uma atenção as mesmas já que estas representam um grande risco para a população.
OBJETIVO
Analisar e discutir o descarte de medicamentos isentos de prescrição médica de uma
população em comparação com os demais medicamentos.
Realização
III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
METODOLOGIA
Foram colocadas caixas para o recolhimento de medicamentos de alunos e funcionários no
Centro Universitário São Camilo nos Campus Ipiranga e Pompeia, entre setembro de 2013 e fevereiro
de 2015. Para cada medicamento, foram coletadas informações sobre o nome comercial do
medicamento, o laboratório, o princípio ativo e a dosagem, o prazo de validade, o lote, a quantidade
remanescente, o aspecto visual e se era de controle especial, posteriormente foram classificados
conforme a classe farmacêutica de acordo com o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como os medicamentos em questão são todos descartes, podemos observar que os
descartes predominam em medicamentos que necessitam de prescrição, ou seja, os pacientes
compram fármacos prescritos e não tomam até o fim, até atingir o prazo de validade e o descarte é
efetuado. Com os medicamentos sem prescrição, se tratam de medicamentos que estão sempre em
uso, pois todo mundo tem acesso e são mais baratos que os medicamentos com prescrição, de forma
que os pacientes consomem em grande quantidade e antes do prazo de validade.
Porcentagem de Descarte de Medicamentos
57%
43%
MIPs
COM PRESCRIÇÃO
Gráfico 1 - Porcentagem de descarte de medicamentos no Centro Universitário São Camilo São
Paulo, campi Pompéia e Ipiranga, no período de Setembro de 2013 à Fevereiro de 2015.
Dentre os medicamentos isentos de prescrição, 29% corresponderam a medicamentos que
constam na lista do RENAME. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é uma
lista de medicamentos que deve atender às necessidades de saúde prioritárias da população
brasileira. São os medicamentos doados gratuitamente pelo SUS, o que colabora para o aumento do
consumo e consequentemente do descarte.
Dentre os medicamentos isentos de prescrição, 29% corresponderam a medicamentos que
constam na lista do RENAME. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é uma
lista de medicamentos que deve atender às necessidades de saúde prioritárias da população
brasileira. São os medicamentos doados gratuitamente pelo SUS, o que colabora para o aumento do
consumo e consequentemente do descarte.
Realização
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Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
Gráfico 2 - Porcentagem de MIPS que constam na lista do RENAME, descartados
no Centro Universitário São Camilo São Paulo, campus Pompéia e Ipiranga, no
período de Setembro de 2013 à Fevereiro de 2015.
Os medicamentos isentos de prescrição (MIP), também chamados de medicamentos de
venda livre ou OTC (sigla inglesa de “over the counter”, cuja tradução literal é “sobre o balcão”), são,
segundo o Ministério da Saúde, “aqueles cuja dispensação não requerem autorização, ou seja,
receita expedida por profissional”. Geralmente, os MIP são indicados para doenças com alta
morbidade e baixa gravidade e são considerados de elevada segurança de uso, eficácia comprovada
cientificamente ou de uso tradicional reconhecido, de fácil utilização e baixo risco de abuso, como,
por exemplo, os antiácidos, os analgésicos e os antitérmicos. Os MIP podem ser vendidos,
comprados, solicitados, fornecidos, dispensados ou doados sem obrigatoriedade de nenhuma
formalização de documento emitido por profissional legalmente habilitado para prescrevê-lo. O seu
uso tende a ser aceito hoje pelos órgãos sanitários como parte integrante do sistema de saúde. O
fácil acesso aos MIP torna-os diretamente atrelados à automedicação, prática comum, devida à
dificuldade de atendimento médico (demora na marcação de consultas médicas, atendimento
precário em prontos-socorros, etc.), este fácil acesso justificar o grande número de descartes do
mesmo.
Foi possível observar este fato na pesquisa realizada no Centro Universitário São Camilo,
pois após coletar, separar, documentar e classificar os medicamentos que necessitam prescrição e os
que não precisam de prescrição.
Dentre as 71 classes farmacológicas descartadas de Mips, os grupos que apresentaram uma
maior frequência foram os analgésicos e antipiréticos representando 19% do total. Os demais grupos
que apresentaram maior descarte foram os anti-inflamatórios (11%), antiflatulentos (7%), laxantes
(5%), antieméticos (4%) e as outras 66 classes farmacológicas descartaram-se de 1 a 2% totalizandose 54%.
A presença de analgésicos e anti-inflamatórios na farmácia caseira é compreensível, já que
servem como primeiro socorro para alívio de sintomas comuns como dores de cabeça e febre. Como
geralmente estes medicamentos são usados esporadicamente e são comprados como forma de
prevenção, acabam se acumulando nas residências, perdendo sua validade, sendo, portanto
descartados. O descarte de antiflatulentos, laxantes e antieméticos também são esperados, visto que
uma grande parte da população alimenta-se incorretamente e a consequência dessa má alimentação
muitas vezes desencadeia distúrbios no organismo como flatulência, constipação intestinal e vômito,
o que leva o consumidor a comprar medicamentos conhecidos e de fácil acesso como os mips.
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Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
19%
Analgésico/antipirético
11%
54%
7%
4%
21 a 23 de maio de 2015.
5%
anti-inflamatorio
antiflatulento
Laxante
Antiemético
Outros
Gráfico 3 - Classes farmacológicas descartadas de MIPS no Centro
Universitário São Camilo São Paulo, campi Pompéia e Ipiranga,
no período de Setembro de 2013 à Fevereiro de 2015.
CONCLUSÃO
Com a pesquisa realizada acima é possível concluir que os medicamentos isentos de
prescrição médica representam uma quantidade significativa dos descartes de medicamentos, isto
pode ocorrer pela facilidade com o que são obtidos, é necessário uma maior controle na dispensacão
desses medicamentos. É necessário também campanhas que divulguem os ricos ambientais e
sociais envolvidos sobre as contaminações dos mesmos além de uma educação de como os
medicamentos devem ser descartados.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). RDC nº306, de
7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de
serviços de saúde. Diário Oficial da União 2007; 10 dez.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução
nº 358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos
serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União 2005; 4 maio.
BRASIL. Resolução nº 35 de 25/02/2003 / ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(D.O.U. 07/03/2003) Determina todos os estabelecimentos Distribuidores e Fracionadores de
Insumos Farmacêuticos o cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico de
Boas Práticas de Distribuição e Fracionamento de Insumos Farmacêuticos. Diário das leis; 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da ciência, tecnologia e insumos estratégicos,
Departamento de assistência farmacêutica e insumos estratégicos. Relação nacional de
medicamentos essenciais RENAME 2010. 7. Ed. Brasília DF: 2010.
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