III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. DESCARTE DE MEDICAMENTOS SOB CONTROLE ESPECIAL (PORTARIA SVS/MS Nº 344/98): ESTUDO BASEADO NA COLETA REALIZADA NO CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - SÃO PAULO 1 1 1 UETA, Beatriz Mika ; GUTIERREZ, Thatiane Constancio ; BRUNO, Bárbara P. Previtale ; SANTANA, 1 1 2 Larissa Oliveira ; HESSEL, Fabíola ; RIBEIRO NETO, Luciane M. 1 Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. [email protected] 2 Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo. Avenida Nazaré, 1051 Ipiranga - São Paulo – SP, CEP: 04263-200 Palavras-chave: Descarte de medicamento. Medicamentos sob controle especial. Antidepressivos. INTRODUÇÃO O descarte irracional de medicamentos mostra que, existem problemas no fornecimento desse material. Diversos são os motivos para o descarte de medicamentos no ambiente, dentre eles, estão a dispensação de medicamentos em quantidade além da necessária para o tratamento, as amostras-grátis distribuídas e o gerenciamento inadequado de medicamentos nos estabelecimentos de saúde, automedicação, assim como medicamentos vencidos ou mal utilizados. (FISCHER, et.al, 2011) É necessário informar a população sobre esse grande problema, propor soluções para a correta destinação, mas o mais indicado, seria um melhor fornecimento de medicamentos através do fracionamento, minimizando a geração de resíduos, isso permitiria inclusive o uso racional de medicamentos. O Brasil tem enfrentado problemas de uso excessivo, abusivo e indiscriminado de medicamentos como entorpecentes, psicotrópicos e derivados de anfetaminas, bem como alvo de falsificação e desvio para o comércio clandestino. Estas classes de medicamentos estão sujeitas a um controle especial definido pela Portaria SVS/MS nº 344/1998. Esta norma está organizada em listas de medicamentos identificadas por letras do alfabeto como A1, A2, A3, B1, B2, C1, C2, C4 e C5, as quais foram definidas de acordo com a característica do produto de ocasionar ou não dependência física e ou psíquica. Os medicamentos encontrados na lista de controlados são ainda mais preocupantes com relação ao descarte, reduzir o volume de resíduos perigosos e a incidência de acidentes ocupacionais ao se tornarem acessíveis a dependentes. (FISCHER, et. al, 2011) OBJETIVO Quantificar e avaliar descarte de medicamentos sujeitos a controle especial relacionados na SVS/MS Nº 344/1998 realizados pela população que frequenta o Centro Universitário São Camilo – São Paulo em relação ao total de medicamentos descartados e seus respectivos motivos de descarte bem como avaliar possíveis danos ambientais causados pelo descarte inadequado. METODOLOGIA Foram colocadas caixas para o recolhimento de medicamentos de alunos e funcionários no Centro Universitário São Camilo no Campus Pompeia e no Campus Ipiranga, entre setembro de 2013 e fevereiro de 2015. Cada medicamento foi contabilizado por unidade básica e foram coletadas informações sobre o nome comercial do medicamento, o laboratório, o princípio ativo e a dosagem, o prazo de validade, o lote, a quantidade remanescente, o aspecto visual e se era de controle especial, posteriormente foram classificadas conforme a classe terapêutica de acordo com o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF). Em segundo plano, visando o impacto ambiental do descarte inadequado de medicamentos, fez-se uma discussão para abordar os motivos para a sobra de medicamentos sob controle especial e quais seriam as ações necessárias para o descarte correto e qual o gerenciamento para esse tipo de resíduo. Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. RESULTADOS E DISCUSSÃO Baseado na coleta realizada observou-se que apenas 2,68% dos medicamentos descartados pertencem às classes de medicamentos regulados pela Portaria SVS/MS nº 344/1998. Ou seja, das 1491 unidades de medicamentos coletados apenas 40 pertenciam à classe citada, sendo dezoito desses antidepressivos. A figura 1 apresenta a relação de medicamentos antidepressivos com o total coletado. MEDICAMENTOS COLETADOS 55% 1451 40 45% NÃO CONTROLADOS CONTROLADOS ANTIDEPRESSIVOS OUTROS MEDICAMENTOS CONTROLADOS Figura 1. Relação de medicamentos coletados. Isso sugere que tais medicamentos estão sofrendo um controle efetivo, sendo assim prescritos de maneira mais racional, ou como segunda possibilidade, que estão sendo consumidos de forma abusiva, por isso não ocorre o descarte. Além disso, a dificuldade em encontrar postos de descarte pode levar ao descarte incorreto em lixo comum. O aumento da prescrição de medicamentos psicotrópicos se tornou mais comum na sociedade contemporânea, levando em consideração as preocupações da sociedade atual, como a depressão, ansiedade, solidão, transtornos psicóticos e crises econômicas (IGNÁCIO & NARDI, 2007), explicando a quantidade de medicamento antidepressivo coletado. Nos últimos anos o país vem elevando os investimentos em saneamento básico, assim como têm se buscado compreender melhor a relação direta entre saúde ambiental e saúde do homem. Todavia há muito a ser implementado, o controle nos processos de produção e distribuição de fármacos, a conscientização da população sobre o uso e descarte seguro de medicamentos obtendo assim uma redução de riscos à saúde e ao meio ambiente. Além do investimento em saneamento algumas ações, estudos e projetos vêm sendo desenvolvidos no âmbito da gestão de saúde. Como exemplo tem a RDC 306/2004 (ANVISA, 2004), que estabelece o regulamento para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que desenvolveu e implantou em março de 2007 o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados. Essa ferramenta é estratégica para as ações Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. de regulação e vigilância sanitária assegurando o consumo e a prescrição consciente de medicamentos da Portaria SVS/MS nº 344/1998. Em relação ao gerenciamento e destinação final de medicamentos gerados pela população, no Brasil, ainda não se tem legislação específica em vigor, são substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, por isso a conscientização da população de que é necessário que o descarte seja feito de forma que assegure que sua disposição final seja feita em aterros sanitários com proteção ao aquífero e esgotos ou incinerados em containers fechados ou ainda sujeitos à decomposição química. CONCLUSÃO A campanha de recolhimento de medicamentos descartados é de grande importância para estimar o uso e descarte de medicamentos controlados pela população que frequenta o Centro Universitário São Camilo, campus Pompéia e Ipiranga. Foi possível observar que há pouco descarte dos medicamentos de controle especial inscritos na SVS/MS nº 344/1998 em relação ao total da coleta de medicamentos, podendo indicar uso racional por parte dos pacientes, prescrições racionais por parte dos médicos, entre outros. O descarte correto de medicamentos também evita um maior impacto ambiental, visando que outras pessoas não tenham acesso aos medicamentos descartados, evitando uma possível intoxicação, e também preservando o meio ambiente contra os efeitos da degradação dos mesmos. É necessária a participação não só dos pacientes, como profissionais de saúde, indústrias e órgãos governamentais para o melhor gerenciamento de resíduos. REFERÊNCIAS ANVISA. RDC Nº306, de 7 de dezembro de 2004, disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/10d6dd00474597439fb6df3fbc4c6735/RDC+N%C2%BA +306,+DE+7+DE+DEZEMBRO+DE+2004.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 21 abr. 2015 ALVARENGA, Luciana Santos Vieira; NICOLETTI, Maria Aparecida. 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Dissertação (Mestrado) - Curso de Química Medicinal, Universidade de Minho, Braga, 2013. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30107/1/Marta Daniela Valença Machado.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2015. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename 2013/ Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – 8. ed. – Brasília; Ministério da Saúde, 2013. 200 p. Realização