EXTRATO DO MURICI COMO INIBIDOR DE CORROSÃO DO AÇO-CARBONO EM HCl 1M Rafaella da Silva Gomes, Camila Peixoto de Aquino Araujo Dantas, Laudelyna Rayanne Freitas de Oliveira, Mauro Filho Alves de Alencar, Marcos Aurélio Nunes da Silva Filho, Carlos Emanuel de Carvalho Magalhães e Rui Carlos Barros da Silva. Palavras-chave: extrato do murici, aço-carbono, HCl, corrosão. INTRODUÇÃO O murici pertence à família Malpighiácea, a mesma da acerola. Possui várias espécies e, por isso, pode ser encontrada em cores diferentes, dependendo do local da sua ocorrência. A estimativa é que o gênero Byrsonima possua mais de 200 espécies, sendo que 100 delas estão amplamente distribuídas no País [1]. É uma das plantas comumente consumida no nordeste brasileiro, sendo amplamente encontrada nos vários estados da região. O aço carbono é a composição da liga que confere ao aço o seu nível de resistência mecânica. O ferro gusa, primeira etapa de fabricação do aço, é o mesmo para todos os produtos. Na fase seguinte, quando os elementos de liga são adicionados ou suprimidos no ferro gusa, é que são determinadas as grandes famílias de aço, dos mais rígidos aos mais estampáveis. O carbono é o principal elemento endurecedor em relação ao ferro [2]. As soluções ácidas são, muitas vezes, utilizadas na indústria de limpeza e decapagem de estruturas metálicas, processos que normalmente são acompanhados por uma grande dissolução do metal. Um método útil para proteger metais e ligas empregadas em diversos setores e em ambientes agressivos, contra a corrosão está à adição de espécies na solução em contato com a superfície, a fim de inibir a reação de corrosão e reduzir a taxa de corrosão. Uma série de compostos orgânicos é conhecida por serem aplicáveis como inibidores de corrosão do aço em ambientes ácidos. Esses compostos normalmente contêm nitrogênio, oxigênio ou enxofre em um sistema conjugado no qual suas moléculas através de adsorção depositam-se sobre a superfície metálica, criam uma barreira ao ataque corrosivo [3] Embora haja muitos compostos orgânicos com propriedade de inibição de corrosão, a gama de inibidores e a grande variedade de sistemas em que a corrosão pode ocorrer. Embora muitos desses compostos tenham alta eficiência de inibição, muitos são indesejáveis devido a sua toxicidade ao meio ambiente, e seu alto custo [4]. Recentemente, devido ao aumento da consciência ambiental e a necessidade de desenvolver processos ecológicos, a atenção tem sido focada nas propriedades inibidoras de corrosão dos recursos naturais, especificamente produtos de origem vegetal. Esta área de pesquisa é de grande importância porque, além de serem ambientalmente amigáveis e ecologicamente aceitáveis produtos vegetais são baratos, fontes prontamente disponíveis e materiais renováveis. Propriedades de inibição de corrosão de partes diferentes das plantas têm sido estudadas e o processo de inibição é devido à adsorção de componentes fotoquímicos das plantas na superfície do metal [5]. Seu desempenho depende do tipo de metal, do meio corrosivo e da composição fotoquímica das plantas . Isto porque os extratos de plantas contêm diferentes compostos orgânicos (por exemplo, taninos, alcaloides, pigmentos, saponinas, carboidratos, proteínas, orgânicas e aminoácidos); alguns dos quais têm sido relatados a possuir habilidade inibidora de corrosão [7]. Este trabalho teve como proposta básica investigar a eficiência de inibição da corrosão, observando a perda de massa do aço carbono em HCl 1M na presença e ausência de extrato; este oriundo da fruta de Bysonima sericea (vulgarmente conhecia como Murici). MATERIAS E MÉTODOS Fazendo um paralelo entre o valor da perda de massa do aço-carbono imergido em HCl 1M sem o extrato e HCl 1M com o extrato, calculando assim a eficiência de inibição. Preparação do aço-carbono: Primeiramente, mediu-se o diâmetro dos discos com um paquímetro e com isso 2 calculou-se a área 0,785cm . Cada disco passou pelo processo de polimento mecânico de sua superfície usando lixas d’água de espessuras: 180, 220, 360 e 1200, respectivamente. Depois lavadas com água destilada, nesta fase tendo cuidado, pegando os discos com uma pinça para evitar contaminação e assim influenciar em seu peso final, pesando-as e anotando seu peso, ainda pegando com a pinça, colocou-se um isolante (fita gomada) em um dos lados do disco para fazer a analise da perda de massa de um dos lados. Preparação do HCl 1M Para preparar 1L de HCl 1M, foram diluído 0,1L de HCl 38% em 0,9L de água destilada em dois balões de fundo chato de 0,5L, sendo que um seria para a solução de HCl 1M sem o extrato e o outro para a solução de HCl 1M adicionado de extrato. Preparação do HCl + extrato diluído Pesou-se 0,5g do extrato e adicionou-se 30 mL de HCl 1M da solução já preparada anteriormente. Misturou-se a solução com o extrato com o bastão de vidro, não havendo diluição colocou-se na chapa aquecedora por 10min, a 30° C, após o aquecimento não obtendo diluição completa da solução, levou-se ao banho ultrasônico por 2h30min, acrescentou-se 6 mL de álcool etílico 46° INPM para melhor diluição e mais 30min no banho ultrasônico. Misturando esses 30 mL de solução com 470 mL de HCl 1M, colocou-se no agitador e no chapa aquecedora por 10min, à 30° C. Não havendo diluição total do extrato foram feitas três filtrações até obter uma solução de cor amarelo claro, pesou-se os papéis filtro (secos), antes e depois das filtrações, calculando assim a quantidade de extrato presente na solução e tendo assim o ponto de saturação da solução. Foram colhidos, nos papéis filtros, das três filtrações 0,3757g de extrato, e a concentração da solução final ficou em 0,259 g/L obtendo esse valor com a equação abaixo (equação 1): C m x100 V (1) onde C é a concentração da solução final, o m é a massa do extrato presente na solução e o V é o valor do volume multiplicando por 100 para ter a concentração em ppm, tendo o valor de 259 ppm. Ensaio de imersão com ou sem extrato Foram separados 12 béqueres, em cada um foram adicionados 10 mL da solução do HCl 1M sem o extrato e nos outros seis foram adicionados 10 mL de HCl 1M + extrato, os discos ficaram imersos por: 0,5; 1 ; 4; 10; 15 e 24h, e depois lavadas com água destilada, secadas e pesadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizados ensaios de imersão, com extrato e sem extrato, observou-se que quando as amostras foram colocadas em béqueres sem o filme de PVC transparente para tampá-los a perda de massa foi menor mesmo sendo comparados aos ensaios feitos no mesmo intervalo e sem extrato, pois com o aumento de oxigênio favoreceu a formação de óxido de ferro, formando uma camada sobre a superfície do aço. Esta camada, possivelmente, está inibindo a formação de íons de Fe em solução. A Figura 1 exibe a variação da perda de massa do metal aço-carbono em solução ácida na presença e na ausência do extrato etanólico Bysonima sericea. Foi observado que, na ausência do extrato na solução, o perfil é acentuado ao se comparar com o perfil denotado quando na presença do extrato. Ambos os perfis denotam que o processo corrosivo na superfície do aço-carbono ocorre; porém, é minimizado na presença do extrato. A partir do gráfico da Figura 1, foram determinados os valores da taxa de 2 corrosão: 0,00957 e 0,00606 mg /cm .h, para na ausência e na presença do extrato, respectivamente. Portanto, indicando que o extrato tem baixo efeito inibidor, encontrando-se o valor de 36,6% de eficiência inibitória do processo corrosivo na superfície do aço carbono em solução de HCl. Figura 1 Variação da perda de massa do aço carbono em HCl 1M com o tempo de imersão A partir destes valores encontrados podem-se calcular as eficiências de inibição de acordo com a seguinte equação: EI TCs TCc x100 TCS (2) Onde EI é a eficiência inibitória, em percentagem; TCs e TCc são as taxas de corrosão do aço carbono. em solução na ausência e na presença de extrato, respectivamente, expressadas em 2. g / cm h. Figura 2 Quantidade de íons ferro na solução de HCl 1M em relação ao tempo de imersão do aço carbono Com os valores oriundos da aplicação da técnica de espectrometria de absorção atômica, pode-se obter o teor de íons ferro total na solução de imersão do aço carbono em função do tempo, demonstrado na Figura 2. E, com isso, calcula-se a taxa de corrosão: 10,9 e 2 7,8 mg/cm .h, ausência e presença do extrato, respectivamente. Portanto, indicando uma concordância entre esse resultado e o obtido anteriormente, encontrando-se o valor de 28,24% de eficiência inibitória do processo corrosivo da superfície do aço carbono em solução de HCl. CONCLUSÃO Concluiu-se que o extrato do murici não é um bom inibidor de corrosão do açocarbono em HCl 1M, pois sua eficiência de inibição (36,6%) é menor que aquela considerada para um bom inibidor (70%). É encontrado que a eficiência de inibição em termos de íons Fe em soluça é igual 28,4%. Este valor é menor que aquele encontrado a partir da perda de massa. No entanto, esta em concordância, haja vista os fenômenos químicos e eletroquímicos ocorrendo na superfície do aço. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] http://www.folhadaregiao.com.br. Acesso em 17 fev. 2012 [2] http://metalica.com.br/o-que-e-aco-carbono. Acesso em 20 fev. 2012 [3] M.A. Ameer, E. Khamis and G. Al-Senani. The Electrical Double Layer Parameters for the Group 4 Metal Oxide/Electrolyte System. Adsorpt. Sci. Technol. 18 (2000). [4] E.E. Oguzie, Mater. Corrosion inhibition of mild steel in hydrochloric acid solution by methylene blue dye. Lett. 59 (2005), p. 1076. [5] (Okafor et al., 2005). [7] (Martinez e Stern, 2001; Martinez, 2002; Kosar et al, 2005; Oguzie et al, 2006).