FRUTOS DA TERRA: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS ALIMENTOS PRODUZIDOS PELOS FAMILIARES DOS ALUNOS DO COLEGIO AGRÍCOLA DO SUDOESTE DO PARANÁ CARLI, C. G.*, VIELMO, H** *Graduanda em Tecnologia em Alimentos – Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Francisco Beltrão, PR e-mail: [email protected] **Professor Doutor – Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Francisco Beltrão, PR e-mail: [email protected] visando Resumo A região sudoeste do Paraná caracteriza-se com significativa produção vegetal e animal oriunda da agricultura familiar. Essas propriedades produzem alimentos para sua própria subsistência e o excedente é transformado e regulamentado para venda local. É de praxe a produção de leite, queijos, carnes, embutidos, também as geléias e conservas. A produção destes alimentos para consumo contribui no processo de desenvolvimento sustentável, e acenam para situações que induzem o pensar para a qualidade de vida através da ingestão de alimentos seguros. Logo, a preocupação com a qualidade e a origem desses alimentos foi nosso objeto de estudo o qual foi trabalhado através da realização de análises de amostras de alimentos verificar efeito dos conhecimentos adquiridos pelos alunos durante a formação técnica e sua influência na família. Foram coletadas amostras de alimentos com relevância de produção e consumo sendo eles: leite, queijo, salame, conserva e geléia, os quais foram definidos em diagnóstico próprio, aplicado em amostra de alunos. Os alimentos selecionados foram submetidos a análises físico-químicas e microbiológicas em parceria com os alunos fornecedores de tais amostras visando ampliação de conhecimentos. O resultado das análises demonstra que os produtos atendem a legislação vigente e, portanto os mesmos apontam alimentos para a boa qualidade dos produzidos, podendo ser consumidos sem riscos a saúde. produzidos pelos familiares dos alunos do Palavras-chave: colégio agrícola de Francisco Beltrão, agricultura familiar. 1/7 o Qualidade; alimentos; Abstract Introdução The southwestern region of Paraná O Sudoeste do Paraná é, is characterized with significant plant and fundamentalmente, animal production coming from the family pequenas propriedades rurais baseadas no farm. These properties produce food for trabalho familiar, que visam garantir a their own subsistence and the excess is sobrevivência converted and regulated for local sale. It is excedente por sua vez, é usado como fonte customary to produce milk, cheese, meats, de renda sendo vendido para o comércio sausages, also jellies and preserves. The local.[1] A realidade da agricultura familiar production consumption de pequenas propriedades, presentes no contributes to the sustainable development Sudoeste do Paraná é da colonização process, and point to situations that induce européia que traz nas suas raízes culturais a think for the quality of life through eating aptidão natural para a transformação da safe food. Thus, the concern with the produção.[2] of food for quality and origin of these foods was the object of our study which was worked by performing analyzes of samples of foods produced by family members of students of the college Agricola of Francisco Beltrão. Samples were collected from relevant food production and consumption which are: milk, cheese, salami, jam and preserves, which were defined as selfdiagnosis applied in a sample of students. The foods selected were submitted to physico-chemical and microbiological students in partnership with suppliers of such samples in order to increase their knowledge. The data obtained indicate the good quality of food produced. dos constituído por trabalhadores e Sendo assim a produção de derivados animal e vegetal é bastante notória. O leite e carne são os de maior destaque juntamente com a produção de alguns vegetais. Assim, objetivou-se a avaliação de produtos como leite, queijo, salame, geléia e conserva. A bacia leiteira comportada pelo Sudoeste do Paraná permitiu-lhe destaque de produção in natura e seu derivado o queijo[3]. A produção de salame oriunda da grande quantidade de suínos existentes na região. Já a produção de geléias ou doces de frutas objetiva aproveitamento das frutas da época bem como as conservas que é uma forma de conservação de alimentos[4]. Key-words: quality; food; family farming 2/7 o A forma com que esses alimentos são Agrícola de Francisco Beltrão, onde foram preparados e processados interfere em sua devidamente identificadas e armazenadas qualidade, principalmente sendo esta, feita para posterior análise em triplicata. de forma artesanal sem métodos sofisticados ou equipamentos modernos. Outros fatores também podem influenciar na qualidade, no aroma e no sabor desses alimentos, como por exemplo, a forma de coleta de amostra, o acondicionamento e a armazenagem da mesma, bem como, erros de manipulação[5]. As amostras de leite foram submetidas aos testes físico-químicos de alizarol, teste Dornic, crioscopia e gordura. As amostras de queijo e salame foram submetidas a determinação de umidade, cinzas, proteínas, pH e alcaninidade. As amostras de geléia e conserva foram submetidas ao teste de pH, cinzas e alcalinidade. O presente estudo teve como objetivo determinar a qualidade físico-química e microbiológica dos alimentos produzidos pela agricultura familiar dos alunos do Colégio Agrícola de Francisco Beltrão; a Para determinação dos teores de umidade, resíduo mineral fixo (cinzas), alcalinidade, pH e proteínas, foram utilizados métodos oficiais segundo o Instituto Adolfo Lutz[6]. técnico Os resultados de tais análises foram adquirido pelo aluno na qualidade da obtidos por média simples e constam nas produção familiar, bem como, propiciar tabelas de 01 a 05. influência do conhecimento práticas laboratoriais com estes alunos, permitindo uma interação entre a universidade e a escola pela troca de experiências. As análises microbiológicas para todas as amostras foram feitas segundo Silva ET AL, 2007[7]. Para as amostras de leite in natura, queijo e salame foram realizados testes de coliformes termotolerantes, por Materiais e Métodos técnica UFC (Unidade Formadoras de Foram coletadas amostras dos alimentos Colônia), elencados em diagnóstico prévio. Os Pesquisa de Salmonella. As amostras de alunos fornecedores de tais amostras conserva e geléia foram submetidas ao passaram por treinamento para execução teste de tal procedimento. As amostras foram leveduras. Os resultados constam nas transportadas em caixas isotérmicas para o tabelas 06 e 07. Laboratório Multifuncional do Colégio 3/7 de Staphylococcus Enumeração de aureus Bolores e e Resultados Em função da busca por melhoria na qualidade de vida, as pessoas têm buscado Tabela 3: Analises físico-químicas salame. Teste A1 A2 A3 A4 44,8 51 45 48,6 Umidade% 5,24 3,86 4,42 4,27 Cinzas 4,81 4,85 5,01 4,78 pH 20,4 25,5 23,2 22,7 Alcalinidade uma alimentação saudável a partir da ingestão de alimentos com alto valor nutritivo. O valor nutricional dos alimentos é definido baseando-se na sua composição centesimal[8]. A composição média da matéria-prima implica, quantitativamente, Tabela 4: Analises físico-químicas da Geléia. Teste A1 A2 A3 A4 3,69 5,31 5,03 4,44 pH 0,55 0,74 2,38 2,48 Cinzas% 2,08 1,85 2,23 1,56 Alcalinidade na qualidade do produto final [9]. Nas tabelas abaixo constam os resultados das análises com media simples. Tabela1: Analises físico-químicas do leite in natura. Teste A1 A2 A3 A4 Alizarol E. E. E. E. Dornic 0,15 0,17 0,17 0,16 (g/100ml) Crioscopia -0,513 -0,518 -0,524 -0,530 (°c) Gordura 3,3 3,1 3,5 4,0 (g/100) Proteína 2,95 3,5 3,4 2,98 (g/100g) Tabela 5: Analises físico-químicas de Conserva. Teste A1 A2 A3 4,26 4,04 4,43 pH 2,74 2,31 3,0 Cinzas 3,74 2,99 3,03 Alcalinidade A4 3,98 2,98 3,50 Tabela 6: Analises Microbiológicas de leite in natura. Teste * A1 A2 A3 A4 Coliformes <10 <10 <10 <10 (UFC) 2X122 3X102 3X102 4X102 S.aureus Aus. Aus. Aus. Salmonella Aus. Aus: ausência em 25 ml E.= estável ao alizarol. A1,..., A5. = amostra 1,..., amostra 5. *Todas as amostras atendem a RDC 12/2001 Tabela 2: Analises físico-químicas queijo. Teste A1 A2 A3 A4 46 43 45 46,5 Umidade % 2,9 3,3 3,1 3,5 Cinzas % Proteína 18 20 22 21 (g/100g) 4,71 5,07 4,77 5,33 pH 8,5 9,4 12,4 12,1 Alcalinidade* Lipídeo 23 24,5 22,3 26,3 (g/100g) 4/7 Tabela 7: Analises Microbiológicas de queijo. Teste * A1 A2 A3 A4 Coliformes <10 <10 <10 <10 (UFC) S.aureus 3x103 2x103 3x103 5x103 (UFC/g) Aus. Aus. Aus. Salmonella Aus. Aus:ausência em 25 gramas *Todas as amostras atendem a RDC 12/2001 Tabela 7: Analises Microbiológicas de salame. Teste * A1 A2 A3 A4 Coliformes <10 <10 <10 <10 (UFC) 2x103 3x103 2x103 5x103 S.aureus Aus. Aus. Aus. Salmonella Aus. *Todas as amostras atendem a RDC 12/2001 Tabela 8: Analises Microbiológicas de geléia. Teste * A1 A2 A3 A4 Coliformes AUS. AUS. AUS. AUS. (UFC) Bolores e AUS. 1X102 AUS. 2x102 leveduras Aus. Aus. Aus. Salmonella Aus. 62/2011) e, portanto, adequadas para o consumo humano. Teste Alizarol 72% (v/v) Dornik (g/100 ml) Índice Crioscópico (oC) Gordura (g/100g) Proteína (g/100g) Legislação IN 62/2011 Estável 0,14 e 0,18 - 0,512 e -0,531 Mínimo de 3,0 Mínimo 2,9 No que diz respeito aos resultados físico- *Todas as amostras atendem a RDC 12/2001 químicos do queijo, com base na Portaria Tabela 9: Analises Microbiológicas Conserva. Teste * A1 A2 A3 A4 Coliformes Aus. Aus. Aus. Aus. (UFC) Bolores e Aus. <1x10 Aus. <1x10 leveduras Aus. Aus. Aus. Salmonella Aus. 146 de 07 de março de 1996, do MAPA, *Todas as amostras atendem a RDC 12/2001 o item pH, verifica-se que os mesmos estão verifica-se que os mesmos enquadram-se, no item umidade, como queijos de média umidade (entre 36,0 e 45,9%) e como Semigordo (entre 25,0 e 44,9%) em relação ao conteúdo de matéria gorda. Para dentro do padrão (5,0 a 5,3)[11]. Discussão Segundo a IN 62/2011 que regulamenta a qualidade do leite tipo A, integral refrigerado, considera que os resultados devam estar dentro dos valores da Tabela 10[10]. No que diz respeito às análises microbiológicas, verificamos que todas as amostras analisadas (leite cru, queijo, salame, geléia e conserva) atendem a legislação vigente (RDC 12 de 02 de janeiro de 2001). Estes resultados Verifica-se que os resultados obtidos nas demonstram que os produtos analisados análises das amostras estudadas estão de foram produzidos e conservados em boas acordo com a legislação vigente (IN condições higiênico- sanitárias[12]. 5/7 Conclusão [2]CERRETA,G.F.As Os produtos de origem animal e vegetal, agroindústrias produzidos pelas famílias de alunos do paranaense: Colégio Agrícola de Francisco Beltrão, gerencial,2004.Disponível atendem a legislação vigente no que diz http://www.gestiopolis.com/recursos2/docu respeito mentos/fulldocs/emp/empcer.htm. a análises físico-químicas e pequenas familiares do sudoeste um enfoque em Acesso microbiológicas, podendo ser consumidos em 25 mar. 2012. sem problemas à saúde. [3]WIRBISKI,S.;BAZOTTI,A.;NAZARE Estes resultados nos permitem sugerir que os conteúdos técnicos repassados aos alunos do Colégio Agrícola de Francisco Beltrão causam efeito positivo na qualidade dos produtos oriundos produção familiar. NO,R.L.;SUGAMOTTO,M.;WAVRUK,P. Caracterização socioeconômico da atividade leiteira do Paraná. Sober,47° Congresso. Sociedade Brasileira economia, administração e de sociedade rural,Curitiba,2009. [4] Fórum Intergovernamental e da Sociedade/Programa Agricultor,1999. Agradecimentos Fábrica Disponível do em file:///F:/As%20pequenas%20agroind%C3%BA Os autores agradecem a Fundação strias%20familiares%20do%20sudoeste%20Pa Araucária pela concessão da bolsa de ranaense%20%20um%20enfoque%20gerencia Extensão e apoio financeiro para o l.%20%20%20GestioPolis.htm. Acesso em 25 de mar.2012. desenvolvimento do trabalho. [5]LEITE et al. Transiçoes de fases em alimentos: Influencia no processamento e na Armazenagem,2005. Referências Disponivel em http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev71/Art [1]SANTOS,R.A.O processo de 719.pdf . Acesso em 25 de mar.2012. modernização da agricultura no sudoeste do Paraná. Universidade Mesquita Tese Estadual de doutorado. Paulista Filho”,Presidente “Júlio Prudente- SP,2008. [6] INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 3.ed. São Paulo: IAL, 1985. 6/7 [7] DA SILVA, N. Manual de métodos de [12] ANVISA. Agência Nacional de a Vigilância Sanitária. Resolução - RDC nº edição. São Paulo/SP. Livraria Varela, 12 de 2 de janeiro de 2001 - Aprova o 2001, 552p. regulamento analise microbiológica de alimentos. 3 técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Brasília, DF: ANVISA/MS, 2001. [8] BRANDÃO, S.C.C. Tecnologia da produção industrial de iogurte. Leite e Derivados, v.5, n.25, p.24-38, Nov./Dez., 1995 [9] FAGAN, E. P. Fatores ambientais e de manejo sobre a composição química, microbiológica e toxicológica do leite produzido em duas granjas produtoras de leite tipo “a” no estado do Paraná. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Maringá- Centro de Ciências Agrárias, 2006. [10] MAPA. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa – IN nº 62 de 29 de Dezembro de 2011 - Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, Brasília, DF: MAPA/2011. [11] MAPA. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Portaria 146 de 07 de marco de 1996 - Regulamento técnico de identidade e qualidade dos produtos lácteos – Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijos. Brasília, DF: MAPA/1996. 7/7