INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA Programa de Mestrado Profissional em Economia Marcelo Santa Rosa Arraes DETERMINANTES DO BLOCK TIME PARA A AVIAÇÃO COMERCIAL BRASILEIRA São Paulo 2014 Marcelo Santa Rosa Arraes Determinantes do Block Time para a Aviação Comercial Brasileira Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Economia do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia Orientador: Prof. Dr. José Heleno Faro – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa São Paulo 2014 Arraes, Marcelo Santa Rosa Determinantes do Block Time para a Aviação Comercial Brasileira / Marcelo Santa Rosa Arraes, orientador José Heleno Faro. – São Paulo: Insper, 2014. 43 f. Dissertação (Mestrado – Programa de Mestrado Profissional em Economia. Área de concentração: Economia) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. 1.Block time 2. Aeroporto 3. Clima 4. Aviação 5. Pontualidade FOLHA DE APROVAÇÃO Marcelo Santa Rosa Arraes Determinantes do Block Time para a Aviação Comercial Brasileira Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Economia Insper, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia Aprovado em: __ / __ / ____ Banca examinadora Prof. Dr. José Heleno Faro, Instituição: Insper Assinatura:_______________________ Prof. Dr. Rinaldo Artes, Instituição: Insper Assinatura:_______________________ Prof. Dr. Alexandre Lopes Gomes, Instituição: UFSCAR – Sorocaba Assinatura:_______________________ Às minhas amadas esposa e filhas, pela compreensão e apoio durante esta empreitada. Agradeço ao meu orientador José Heleno, por seu apoio e sua valiosa contribuição. Agradeço aos amigos Cláudio, Davydson, Igor, Marcelo, Medau e Scorza, por haverem gentilmente cedido os dados de suas respectivas companhias. Agradeço aos tenentes Izo e Chiquito, pelas orientações e fornecimento dos dados meteorológicos. RESUMO ARRAES, Marcelo Santa Rosa. Determinantes do Block Time para a Aviação Comercial Brasileira. São Paulo, 2014. 43f. Dissertação (Mestrado) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014 Este trabalho buscou relacionar as condições climáticas e a taxa de utilização da capacidade dos aeroportos ao tempo total de cada operação de voo das companhias aéreas nacionais. Este tempo – conhecido como block time – é medido desde o início da movimentação da aeronave em sua partida até a sua total parada na chegada, e foi utilizado como um indicador de sua pontualidade. Foram analisadas distintas rotas das companhias Avianca, Azul e Gol, entre 22 dos principais aeroportos Brasileiros, durante o ano de 2013. Os block times de cada voo foram regredidos sobre os block times médios observados para a mesma rota no ano anterior e sobre um conjunto de variáveis climáticas e de taxa de utilização dos aeroportos, cujo efeito é o principal interesse deste trabalho. Os resultados demonstraram que a taxa de utilização dos aeroportos de origem e destino é significativa para a determinação dos block times, sobretudo quando a utilização é próxima do limite operacional do aeroporto. Também foram significativos para essa determinação o teto mínimo e a precipitação máxima observados em cada aeroporto. Palavras-chaves: Block time, aeroporto, clima, aviação, pontualidade. ABSTRACT ARRAES, Marcelo Santa Rosa. Determinants of Block Time for Brazilian Commercial Aviation. São Paulo, 2014. 43f. Dissertation (Mastership) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014 This paper aimed to relate the climatic conditions and the rate of usage of airports’ capacity to the total time of each flight operation of the national airlines. This time – known as block time – is measured from the start of the aircraft movement on its departure to its complete stop on arrival, and was used as a proxy for punctuality. Several routes of Avianca, Azul and Gol airlines, between 22 major Brazilian airports, were analyzed during the year 2013. The block times of each flight were regressed over the average block times observed for the same route in the previous year and over a set of climate and airports’ utilization rate variables, which effect is the main interest of this paper. The results showed that the origin and destination airports’ utilization rate is significant for the determination of block times, especially when the utilization is close to the airport's operational limit. The minimum ceiling and the maximum rainfall observed at each airport were also significant to this determination. Keywords: Block time, airport, weather, aviation, on-time-performance. SUMÁRIO EXECUTIVO A questão da pontualidade das companhias aéreas é presente no cotidiano de uma parcela considerável da população. Seja viajando a trabalho ou a lazer, o passageiro frequentemente sofre com alterações em seus planos quando há um atraso em seu voo. Pelo lado da companhia aérea, no entanto, os prejuízos são ainda maiores. Como se não bastassem o aumento de seus custos com tripulação, combustível, taxas aeroportuárias, e principalmente o custo de oportunidade de um avião parado, sua imagem é desgastada perante seus clientes. Por essas razões é essencial que essas companhias disponham de mecanismos para o planejamento adequado dos seus horários. A simples utilização de margens de segurança maiores, embora sirva para ajustar a expectativa dos passageiros quanto ao tempo de sua viagem, não é suficiente para as companhias, pois margens além das necessárias continuam implicando no aumento de seus custos. É necessário portanto que as companhias possam prever com alguma antecedência as variações em seus tempos de operação, e assim ajustar suas grades com a melhor precisão possível. Este trabalho se propõe a medir a influência de fatores como as condições climáticas e o congestionamento dos aeroportos sobre os tempos totais de uma operação de voo, desde que a aeronave começa a movimentar-se para a partida, até a sua total parada na chegada. Esse tempo é conhecido na indústria como block time, e engloba não só o tempo de voo de um aeroporto ao outro como os tempos de taxiamento, fila para decolagem e espera em sobrevoo para pouso e, ainda que não reflita todas as possíveis situações de atrasos, o seu controle pode ser significativo para a obtenção de melhores resultados em termos de pontualidade. O método utilizado havia sido proposto anteriormente por Steven Coy para um estudo similar nos Estados Unidos, e demonstrou haver relações importantes entre as variáveis estudadas. Para aplicá-lo ao Brasil foram necessárias algumas modificações para adequá-lo aos dados disponíveis aqui, mantendo-se a ideia central de seu modelo. Foram utilizados dados de voos fornecidos pelas companhias Avianca, Azul e Gol, nos anos de 2012 e 2013, entre 22 dos principais aeroportos Brasileiros. Os dados de clima foram fornecidos pelo Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), e a grade de operações nos aeroportos é disponibilizada diariamente pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em seu site na Internet. O modelo proposto consistiu em verificar, por meio de regressões lineares, em que medida as condições climáticas adversas – chuvas, baixa visibilidade e baixo teto – e a alta taxa de utilização dos aeroportos se relacionam com as variações observadas nos block times em torno de seu valor médio. Os resultados obtidos indicaram que quando os aeroportos trabalham com uma taxa de operações mais próxima de seu limite operacional – o volume teórico máximo de pousos e decolagens por hora – o block time é mais sensível às variações nessa taxa. Além disso, condições de chuva e de teto baixo estiveram constantemente relacionadas a incrementos nos block times, como era de se esperar, e o conhecimento da medida deste impacto pode colaborar para a previsão e ajuste das grades de horários. A conclusão obtida sobre o impacto das taxas de utilização dos aeroportos é especialmente interessante para o processo atual de concessão e modernização dos aeroportos Brasileiros. Esse processo deve trazer melhorias operacionais e maior eficiência na gestão de seus recursos, e assim permitir-lhes trabalhar com intervalos menores entre voos e taxas de utilização mais elevadas. Assim, sugere-se a repetição deste estudo em alguns anos, após a implementação das melhorias esperadas, e a sua comparação com os resultados atuais, como forma de medir os efeitos daquelas sobre a pontualidade. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Block times de referência x janela de operação – Gol ............................................. 34 Figura 2 - Análise dos resíduos ................................................................................................ 42 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Lista de variáveis do modelo de Britto, Dresner e Voltes (2012) ........................... 18 Tabela 2 - Aeroportos estudados .............................................................................................. 24 Tabela 3 - Índices adotados para teto e visibilidade ................................................................. 26 Tabela 4 - Descrição das variáveis do modelo ......................................................................... 27 Tabela 5 - Resultados da regressão do modelo base ................................................................ 29 Tabela 6 - Resultados da regressão do modelo definitivo ........................................................ 30 Tabela 7 - Coeficientes de regressão por blocos ...................................................................... 32 Tabela 8 - Exemplos de cálculo de impacto sobre o block time ............................................... 32 Tabela 9 - Variáveis dummies para clima ................................................................................. 35 Tabela 10 - Block times Gol em 2012, por rota e aeronave (em minutos) ............................... 39 Tabela 11 - Teste Breusch-Pagan para heteroscedasticidade ................................................... 40 Tabela 12 - Teste RESET da forma funcional .......................................................................... 40 Tabela 13 - Correlação entre variáveis climáticas .................................................................... 40 Tabela 14 - Correlação entre TxUtilO e TxUtilD por bloco de rotas – Gol ............................... 40 Tabela 15 - Taxas de utilização por aeroporto e janela horária ................................................ 41 Tabela 16 - Percentuais de atrasos e cancelamentos no Brasil (2013) ..................................... 43 Tabela 17 - Estrutura do arquivo HOTRAN – Horários de Transporte ................................... 43 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14 2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 17 3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 22 3.1 VARIÁVEIS INDEPENDENTES .............................................................................. 22 3.2 BASES DE DADOS ..................................................................................................... 23 3.3 MODELO ECONOMÉTRICO .................................................................................. 25 3.4 MODELO DE CÁLCULO DO BLOCK TIME ....................................................... 28 4 RESULTADOS ............................................................................................................ 29 5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 35 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 37 APÊNDICES ........................................................................................................................... 39 ANEXOS.................................................................................................................................. 43 14 1 INTRODUÇÃO O índice de pontualidade nas operações de voos comerciais é um parâmetro que apresenta importantes implicações para distintos agentes econômicos. No Brasil este índice é monitorado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que o reporta mensalmente para cada companhia aérea, por número de voo operado, qualificando como atraso qualquer voo que chegue mais de 15 minutos após o seu horário previsto (Portaria DAC Nº 366/DGAC, 1999). Durante o ano de 2013, por exemplo, de um total de 1.104.567 voos comerciais agendados no país, 84.655 sofreram atrasos superiores a 30 minutos, sendo 32.493 desses superiores a uma hora (Anexos – Tabela 16). Em face à incerteza sobre seus horários de chegada, os passageiros se veem forçados a prever uma margem de segurança para cumprir seus compromissos, sacrificando seu tempo dedicado ao lazer e ao trabalho, por conseguinte reduzindo seu nível de satisfação e o produto de seu trabalho. Por outro lado, os atrasos implicam na redução na taxa de utilização produtiva das aeronaves – medida como o tempo total de voo no período de um ano –, com o consequente aumento no custo de capital das companhias aéreas. Além disso, reagindo aos atrasos recorrentes, as companhias tendem a ajustar para cima sua expectativa do tempo total das operações de cada voo visando recuperar parte dos atrasos, e assim melhorar seus índices de pontualidade. Este ajuste, por sua vez, exige maior utilização de um de seus principais insumos – a tripulação –, implicando em subsequentes incrementos em sua estrutura de custos. Outro aumento frequente em seus custos decorre da maior utilização de outro dos seus principais insumos – o combustível –, que ocorre quando o avião é atrasado já em rota ou aguardando autorização para decolagem. O tempo total de operação mencionado acima é conhecido na indústria pelo termo block time, compreendido entre os momentos em que os calços das rodas da aeronave são retirados para a partida e novamente recolocados após a sua chegada. O block time inclui, portanto, os tempos de taxiamento para decolagem e após o pouso, assim como as filas de espera para autorização de decolagem e pouso. A qualidade de sua determinação é crucial para a construção das grades de horários das companhias, pois a sua subestimação pode resultar em atrasos, enquanto a sua superestimação implica em aumentos na estrutura de custos das companhias (COY, 2006). Especialmente devido às necessidades de conexões entre voos, a precisão da estimação dos block times torna-se ainda mais crítica, pois um atraso em um segmento de voo pode ocasionar o encadeamento de atrasos nos segmentos subsequentes. Este trabalho tem como objetivo entender os fatores determinantes para o desempenho do block time na aviação comercial Brasileira e analisar a relação entre esse e aqueles. Espera-se 15 que com uma melhor compreensão dos determinantes dos block times as companhias aéreas possam otimizar seus quadros de horários, melhorando em parte a sua pontualidade. Cumpre ressaltar que a estimação e otimização do block time, por limitar-se ao período em que as aeronaves já deixaram o portão de embarque, não pretende avaliar todas as fontes de atrasos, uma vez que não leva em consideração, por exemplo, atrasos relacionados a problemas de manutenção, tempos de abastecimento, retirada de bagagens de passageiros que não embarcaram, e outras que ocorram antes do fechamento das portas da aeronave. No entanto espera-se que, ao permitir a adequação da composição dos quadros de horários, esta estimação propicie também uma redução nos atrasos devidos ao aguardo de voos em conexão, resultado este que não é observado diretamente no block time. Seguindo a linha de trabalho adotada por Coy (2006) em seu estudo conduzido para o mercado dos Estados Unidos, avaliar-se-á a significância de fatores relacionados à taxa de utilização de aeroportos e às condições climáticas em rota para a estimação dos block times. O modelo econométrico empregado utiliza os block times médios anuais de cada rota no ano de 2012 como referência para os block times dessas mesmas rotas ao longo de 2013, e busca relacionar a variação entre ambos com os fatores que se quer avaliar. Foram utilizados os dados de voos das companhias aéreas Avianca (O6), Azul (AD) e Gol (G3) em rotas selecionadas entre 22 dos principais aeroportos Brasileiros, com respectivamente 38.601, 52.572 e 164.359 voos em 2012, e 45.451, 90.113 e 166.660 voos em 2013. Os dados de clima – visibilidade, teto e precipitação – foram fornecidos pelo Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), medidos em cada um dos aeroportos estudados a cada dia do ano de 2013. Completando o conjunto de dados analisados, a grade horária de pousos e decolagens em cada aeroporto foi obtida do arquivo HOTRAN – Horário de Transportes, disponibilizado diariamente pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em suas páginas na Internet. Os block times observados em 2013 são regredidos sobre as referências do ano anterior e as fontes de variação a serem avaliadas: as variáveis climáticas, um índice de taxa de utilização dos aeroportos – razão entre o número de movimentos no momento da operação e o máximo teórico suportado por cada aeroporto – e um conjunto de variáveis dummies de controle para fim de semana e horário das operações. O interesse principal deste trabalho é avaliar o impacto esperado dos fatores de clima e utilização sobre os block times, através da análise da significância de seus coeficientes de regressão. Adotou-se para essas regressões o método dos mínimos quadrados ordinários, e decidiu-se dividir a amostra de cada companhia em subamostras definidas pela taxa de utilização dos aeroportos. Essa divisão foi feita para avaliar o comportamento dessa taxa de acordo com o seu nível e mostrou-se acertada, pois 16 indicou que o efeito da taxa de utilização sobre o block time é sensível àquele. Os resultados mostram também efeitos significativos das condições climáticas adversas sobre o block time. Com uma significância um pouco menor, também se observaram os efeitos resultantes da conjugação entre condições adversas e tráfego elevado sobre os block times. Finalmente, observou-se que o impacto das condições climáticas pode ter sido atenuado pelo uso de informações diárias, e sugere-se que a utilização de dados horários poderia torná-las ainda mais significativas. Uma das contribuições deste trabalho é haver estabelecido relações entre bases de dados de distintas fontes e características – operações de companhias aéreas, meteorologia e grades de horários de aeroportos – no estudo da pontualidade das operações. Também é especialmente relevante para a atual conjuntura do processo de concessão e modernização dos aeroportos Brasileiros, pois espera-se que isso traga melhorias operacionais e maior eficiência na gestão dos seus recursos – pistas, instrumentos de navegação, serviços em solo, etc. –, o que em tese lhes permitiria trabalhar com intervalos menores entre voos e taxas de utilização mais elevadas. Portanto, a repetição deste estudo dentro de alguns anos, tratando especificamente os aeroportos concessionados, poderia servir para medir o resultado prático destas melhorias sobre a pontualidade das operações. 17 2 REVISÃO DA LITERATURA Diante da crescente utilização do transporte aéreo e da intrincada malha de conexões de voos, a questão da pontualidade das operações vem se tornando cada vez mais relevante. Diversos trabalhos tem sido realizados para entender os problemas de pontualidade, sua propagação ao longo da malha e sua implicação econômica. Dentre as implicações econômicas estudadas estão os efeitos de atrasos sobre o bem estar do consumidor e sua relação com a demanda por voos, assim como os impactos sobre a produtividade e a estrutura de custos das companhias aéreas. Britto, Dresner e Voltes (2012) mostram que os recorrentes atrasos podem afetar tanto a demanda quanto a oferta das companhias aéreas. Do lado da demanda, conforme apresentado anteriormente por Suzuki (2000), a predisposição de um passageiro para viajar em determinada companhia aérea se reduz à medida que aquele experimenta atrasos com esta, em reação à perda de utilidade causada por esses atrasos. Já pelo lado da oferta, Britto, Dresner e Voltes (2012) argumentam que a expectativa de atrasos faz com que as companhias ajustem para cima seus block times, reduzindo a produtividade de suas aeronaves e aumentando seus custos com a tripulação. Britto, Dresner e Voltes (2012), utilizando um sistema de mínimos quadrados em dois estágios devido à endogeneidade entre as variáveis, conforme mostrado nas equações (1) e (2), modelam a relação entre a demanda e as tarifas aplicadas por 14 companhias aéreas dos Estados Unidos, nos anos de 2003 a 2006. No primeiro estágio, as variáveis instrumentais utilizadas para estimar as tarifas são um índice de competitividade da rota (HHI), uma variável dummy que indica se a companhia aérea é low cost (LCC) e outra dummy que indica se os aeroportos de origem ou destino tem controle de slots (Slot). Já para estimar a demanda são utilizadas como instrumentos a renda média (Renda) e a população (Pop) nas áreas metropolitanas dos aeroportos de origem e destino. No segundo estágio, já utilizando os valores de demanda e tarifas estimadas no primeiro ̂ ), as regressões mostram que a ocorrência de atrasos resulta tanto em ̂ (Passageiros e Tarifa incremento de tarifas quanto em redução da demanda, cuja importante consequência é a redução dos excedentes tanto das companhias aéreas quanto dos seus consumidores. ̂ 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐴𝑡𝑟𝑎𝑠𝑜 + 𝛽2 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑎𝑔𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 + 𝛽3 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 + 𝛽4 𝐻𝐻𝐼 + 𝛽5 𝐿𝐶𝐶 + 𝛽6 𝐿𝐿𝐶𝑅𝑜𝑡𝑎 +𝛽7 𝐿𝐶𝐶𝐴𝑑𝑗 + 𝛽8 𝑆𝑙𝑜𝑡 + 𝛽9 𝑇𝑢𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 + Σ 𝛽𝑡 𝑇𝑟𝑖𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒 ̂ + 𝛼3 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 + 𝛼4 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 + 𝛼5 𝑃𝑜𝑝 + 𝛼6 𝐿𝐿𝐶𝑅𝑜𝑡𝑎 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑎𝑔𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 = 𝛼0 + 𝛼1 𝐴𝑡𝑟𝑎𝑠𝑜 + 𝛼2 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 +𝛼7 𝐿𝐶𝐶𝐴𝑑𝑗 + 𝛼8 𝑇𝑢𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 + Σ 𝛼𝑡 𝑇𝑟𝑖𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒 (1) (2) 18 Tabela 1 - Lista de variáveis do modelo de Britto, Dresner e Voltes (2012) Variável Descrição Tarifa Passageiros Atraso Distância HHI LCC LCCRota LCCAdj Slot Turística Renda População Trimestre Tarifa média trimestral observada por companhia aérea e por rota Volume trimestral de passageiros transportados por companhia aérea e por rota Atraso médio no trimestre anterior em minutos, por companhia aérea e por rota Distância de cada rota Índice de Herfindal-Hirschman, utilizado como medida da competividade em cada rota Variável dummy indicativa de companhia aérea low cost Variável dummy indicativa de presença de companhias aéreas low cost na mesma rota Variável dummy indicativa de presença de companhias aéreas low cost em rotas adjacentes Variável dummy indicativa de controle de slot nos aeroportos de origem ou destino1 Variável dummy indicativa de rota de turismo Renda média ponderada das populações das áreas metropolitanas dos aeroportos de origem e destino Produtos das populações das áreas metropolitanas dos aeroportos de origem e destino Variáveis dummies indicativas do trimestre em estudo, tomando como base o segundo trimestre de 2003 Fonte: Britto, Dresner e Voltes (2012) Ainda na linha da análise das implicações econômicas, Wu e Caves (2000) analisam a relação entre a utilização de margens adicionais de tempo para as operações de transição no solo e a pontualidade e os custos operacionais das companhias aéreas. O emprego dessas margens pode parecer contraditório à primeira análise, já que as companhias tendem a preferir tempos de transição mais justos, visando aumentar a taxa de utilização das aeronaves e assim reduzir seus custos operacionais médios. Esta relação negativa entre a taxa de utilização das aeronaves e os custos operacionais médios é intuitivamente esperada devido aos elevados custos fixos de uma aeronave, e já foi comprovada em outros trabalhos (ZUIDBERG, 2014; BALTAGI, GRIFFIN e RICH, 1995). No entanto, Wu e Caves (2000) concluem que a utilização de uma margem de tempo adequada não só resulta em maior pontualidade, como também em redução dos custos totais de operação. Esta redução ocorre porque a economia – em custos de taxas de aeroporto e de ressarcimento a passageiros – obtida com a maior pontualidade é suficiente para suplantar o custo de oportunidade de uma transição um pouco mais longa em solo. Com respeito ao estudo dos problemas que afetam a pontualidade, algumas das questões mais frequentes são relacionadas à disponibilidade de infraestrutura para atender à crescente demanda de voos. Esta questão é ainda mais relevante nos aeroportos de maior afluência de passageiros e conexões, onde o tratamento de restrições como capacidade de pistas e portões de embarque e desembarque é crucial para a gestão dos quadros de horários. Neste sentido, Castaing et al. (2014) apresentam um modelo computacional para minimizar a espera por um portão disponível para desembarque (gate blockage), que ocorre quando o portão designado para o desembarque de uma aeronave não é desocupado a tempo pela aeronave de partida. 1 Os aeroportos em questão neste estudo são: Nova York (JFK e La Guardia – LGA), Chicago (ORD) e Washington DC (DCA). 19 Tomando como funções objetivo a minimização da probabilidade de ocorrências de espera, do tempo total de espera, do tempo total de espera para passageiros em conexão, e do tempo de espera máximo, concluem que o segundo objetivo – redução do tempo total de espera – apresentou consistentemente melhores resultados do que os demais, sobretudo sobre o modelo tradicional, first-in-first-out. Ainda sobre a questão da infraestrutura, Rupp (2009) avalia se a aplicação de uma tarifação sobre pousos e decolagens baseada no grau de congestionamento dos aeroportos, ao invés da usual tarifação por peso, poderia resultar em racionalização do uso destes recursos. Rupp (2009) se refere a esta questão como um exemplo de tragédia dos comuns, em que sendo a infraestrutura aeroportuária um bem comum às companhias aéreas não há nenhum incentivo individual para a sua racionalização, e conclui que uma precificação baseada no grau de congestionamento dos aeroportos poderia contribuir para forçar essa racionalização. Outra característica das malhas aéreas que resulta em congestionamento, principalmente nos aeroportos centrais (hubs), é a concentração de voos em determinadas janelas de horários. Isto ocorre porque as companhias procuram concentrar suas chegadas e partidas em curtos espaços de tempo, com o objetivo de proporcionar melhores opções de conexões aos passageiros. Frank et al. (2005) descrevem um experimento realizado em 2004 pela Lufthansa no aeroporto de Frankfurt, um dos principais hubs da companhia, em que mostram que a redistribuição dos horários de pousos e decolagens resultou na redução pela metade dos atrasos devidos às operações de solo. Os tempos de voos com destino em Frankfurt também foram reduzidos devido à menor quantidade de intervenções do controle de tráfego, e a economia resultante em combustível no período foi de 70.000 toneladas, mesmo em um ano em que o tráfego em Frankfurt cresceu mais de 6%. Outro trabalho relacionado à pontualidade é conduzido por Coy (2006), que modela as relações entre os desvios observados nos block times de seis companhias aéreas dos Estados Unidos e as condições climáticas e de congestionamento dos aeroportos durante o ano de 2004. Com seu modelo Coy (2006) objetiva estimar os block times como uma maneira de prever a pontualidade a partir do conhecimento dos seus fatores determinantes. Embora o block time não possa prever diretamente a pontualidade, uma vez que não reflete os atrasos introduzidos antes do início da movimentação da aeronave, Coy (2006) alega que assumindose uma provisão adequada para o tempo de serviço em solo – procedimentos de desembarque e embarque, limpeza, carregamento da aeronave, etc. – o problema de previsão dessa pode ser aproximado pela previsão daquele. Ou seja, assume-se que em se podendo estimar os block times de voos subsequentes, poder-se-á também estimar a pontualidade das operações (ontime performance). Ao estabelecer a existência de uma relação entre a taxa de utilização dos 20 aeroportos e os block times Coy (2006) cita Koopman (1972), segundo quem o congestionamento dos aeroportos – devido à utilização no limite dos recursos de pista e espaço aéreo – introduz atrasos tanto no sequenciamento de aeronaves para decolagem como na aproximação de aeronaves aguardando para pouso. Além disso, ainda de acordo com a citação de Koopman (1972) por Coy (2006), as aeronaves podem ser intencionalmente retardas em rota ou mesmo retidas no aeroporto de origem em reação à observação de congestionamento no aeroporto de destino. Coy (2006) também cita que a relação entre as condições climáticas adversas e a queda na pontualidade é suportada pela pesquisa de Citrenbaum e Juliano (1999), que concluem que entre 60% e 70% dos atrasos maiores do que 15 minutos nos Estados Unidos são causados por essas condições. Coy (2006) também observa que o impacto causado pelo mau tempo é maior quando associado a tráfegos – decolagens e pousos por intervalo de tempo – mais altos, e para modelar essa relação inclui em seu estudo variáveis de interação entre as condições climáticas e o tráfego no aeroporto. Seu trabalho conclui que o modelo proposto é um bom estimador dos block times no que diz respeito às condições climáticas e à utilização dos aeroportos. Em particular, fatores como mau tempo, horário da operação, utilização do aeroporto e conjunção entre mau tempo e tráfego se revelam estimadores significativos dos block times. Também na linha de predição do block time, Diana (2012) propõe a utilização de regressão quantílica para relacionar o block time com condições operacionais dos voos. Os block times observados são regredidos sobre as variáveis block time previsto, atraso na partida, atraso na chegada, atraso em rota, tempo de taxiamento na partida e margem de segurança planejada para o block time – tempo adicional previsto no planejamento do voo para absorver eventuais atrasos. O estudo é feito na rota entre Seattle e Oakland, entre os meses de Junho e Agosto de 2000, 2004, 2010 e 2011. A escolha desta temporada – o verão norte-americano – é para que tanto os efeitos das condições climáticas mais adversas quanto do maior tráfego de passageiros sejam mais presentes, causando mais atrasos e assimetria na amostra dos block times. Nessa situação, segundo Diana (2012), as vantagens da regressão quantílica sobre o método dos mínimos quadrados ordinários sobressaem mais. Diana (2012) conclui que o impacto das variáveis analisadas é diferente a cada percentil avaliado – 5º, 25º, 50º, 75º e 90º – e portanto seu modelo proporcionaria às companhias aéreas uma predição dos block times mais ajustada a cada condição de operação. Diante da carência de estudos sobre o block time no Brasil, notada durante a pesquisa bibliográfica realizada para este trabalho, decidiu-se aplicar a metodologia proposta por Coy (2006) à aviação comercial Brasileira. Para tanto, procedeu-se à coleta e integração dos dados 21 de distintas fontes – companhias aéreas, ICEA e ANAC –, conforme descrito na seção 3 a seguir, em um trabalho não observado em publicações anteriores no país. 22 3 METODOLOGIA Este trabalho tem como objetivo a estimação do tempo total de cada operação de voo, desde que uma aeronave deixa sua posição de partida em sua origem – portão de embarque ou embarque remoto – até o momento em que estaciona em sua posição de chegada em seu destino – portão de desembarque ou desembarque remoto –, como função das condições climáticas nos aeroportos e da sua taxa de utilização. Como esse parâmetro mede apenas o tempo de operação de voo, não reflete eventuais atrasos nos horários de partida anteriores ao início da operação, como por exemplo a chegada tardia da aeronave, espera por voos em conexão, problemas técnicos, restrições de tripulação, entre outros. Embora difira do parâmetro de pontualidade oficialmente utilizado pelas agências reguladoras, que medem os desvios entre os horários reais e previstos de partida e chegada (DAC Nº 366/DGAC, 1999) – gerando o índice conhecido como on-time performance – esta metodologia é adequada para analisar cada voo isoladamente, descartando o efeito do encadeamento de atrasos (COY, 2006). Esse tempo total, conhecido como block time, computa não apenas o tempo de voo em rota, mas também os tempos de taxiamento para decolagem – taxi-out – e após o pouso – taxiin –, assim como o sequenciamento para pouso. Portanto, quaisquer ocorrências que afetem os tempos de espera para decolagem ou pouso resultam também em variação nos block times. Por exemplo, condições adversas de clima – visibilidade horizontal curta, teto baixo ou alta precipitação – podem afetar as condições de voo e fazer com que o distanciamento requerido entre as aeronaves seja maior, aumentando o tempo de espera entre operações de pouso ou decolagem, e em casos extremos levando ao fechamento do aeroporto. Outro fator que também pode influenciar os tempos de operação é a taxa de utilização dos aeroportos. Alguns deles, sobretudo os de maior demanda, tendem a trabalhar muitas vezes próximo do seu limite operacional de decolagens e aterrisagens por hora, e tem menor margem de manobra para recuperar-se de possíveis incidentes que causem atrasos em suas operações. Neste trabalho pretende-se avaliar a influência das condições de clima e taxa de utilização dos aeroportos sobre os block times – variável dependente a ser estudada –, e assim permitir a sua estimação uma vez conhecidas, ou previstas, estas condições. 3.1 VARIÁVEIS INDEPENDENTES A primeira variável independente utilizada é block time médio anual de cada rota em 2012. Esse dado é usado como uma referência para o block time da mesma rota em 2013, e sua função é fazer com que os efeitos das demais variáveis de interesse sejam tratados como 23 variações sobre a estimativa inicial. Para modelar a influencia das condições climáticas foram selecionadas as variáveis de visibilidade mínima, teto mínimo e precipitação máxima, medidas nos aeroportos de origem e destino de cada voo estudado. Para medir o nível de tráfego nos aeroportos relativo a cada voo foi contabilizado o volume de operações de pousos e decolagens compreendidos em uma janela de 45 minutos, formada pela janela de 15 minutos em que o voo se encontra e pelas duas janelas de 15 minutos adjacentes a esta, tanto para o aeroporto de origem como para o de destino. Esta estrutura de janelas fixas havia sido adotada por Coy (2006) em seu trabalho, e embora seja mais preciso utilizar janelas móveis de 30 minutos em torno de cada voo, o volume computacional requerido para este cálculo revelouse extremamente elevado para o universo de voos analisado, e preferiu-se portanto manter o modelo sugerido. Também foram introduzidas variáveis de taxa de utilização dos aeroportos, novamente tanto para decolagens como para pousos, medidas pela razão entre o volume de operações na janela de 45 minutos do voo e o número máximo de operações adotado por cada aeroporto para um período de 45 minutos. Neste trabalho há vários casos de aeroportos de menor tráfego cujo volume de operações é bastante inferior ao que seria tecnicamente possível suportar. Para efeito de determinação da taxa de utilização desses aeroportos decidiuse adotar um volume máximo teórico similar ao de aeroportos com intensidade de operação de média para alta, como Santos Dumont e Confins, cujo limite é de 24 operações por hora, ou 18 operações em 45 minutos. Esta premissa resulta em taxas de utilização mais baixas para esses aeroportos, coerente com a realidade de suas operações. Finalmente, para controlar as variações de tráfego nos finais de semana e ao longo do dia foram introduzidas variáveis dummies para fim de semana e operações pela manhã – entre 06:00 e 11:59 –, tarde – entre 12:00 e 17:59 –, e noite – entre 18:00 e 21:59. 3.2 BASES DE DADOS Os block times estudados foram obtidos dos dados de voos cedidos pelas companhias aéreas nacionais Avianca, Azul e Gol durante os anos de 2012 e 2013. Foram selecionadas algumas rotas destas companhias entre 22 dos principais aeroportos Brasileiros, listados na Tabela 2 com seus respectivos códigos da International Air Transport Association (IATA). Para a seleção destas rotas adotou-se como critério que houvessem operado um mínimo de 30 voos em cada ano, e que fossem rotas diretas ponto a ponto, sem conexões ou paradas entre os pontos. A primeira condição é necessária para que haja uma quantidade mínima de referências para essas rotas entre os dois anos, e a segunda é inerente à análise do block time. Com base nestas exigências foram selecionadas 68 rotas da Avianca, 72 da Azul e 118 da Gol, 24 resultando respectivamente em 45.451, 80.634 e 163.261 voos a serem analisados no ano de 2013. As companhias reportaram o dia e horário de cada voo, informando seus aeroportos de origem e destino, o tipo de aeronave utilizado e a hora e minutos exatos de retirada dos calços das rodas na partida e de sua recolocação na chegada. Os block times foram então calculados pela diferença em minutos entre a recolocação e a retirada dos calços. Tabela 2 - Aeroportos estudados Aeroporto IATA Aeroporto IATA Aeroporto de Aracaju AJU Aeroporto de João Pessoa Aeroporto de Belém BEL Aeroporto de Manaus MAO JPA Aeroporto de Brasília (Alta)2 BSB Aeroporto de Natal NAT Aeroporto de Confins (Alta) CNF Aeroporto de Porto Alegre POA Aeroporto de Congonhas (Alta) CGH Aeroporto de Recife REC Aeroporto de Cuiabá CGB Aeroporto de Salvador SSA Aeroporto de Curitiba CWB Aeroporto de São Luís SLZ Aeroporto de Florianópolis FLN Aeroporto de Viracopos (Alta) VCP Aeroporto de Fortaleza FOR Aeroporto de Vitória VIX Aeroporto de Goiânia GYN Aeroporto do Galeão GIG Aeroporto de Guarulhos (Alta) GRU Aeroporto Santos-Dumont (Alta) SDU Fonte: Elaboração do autor Os dados de condições climáticas – visibilidade, teto e precipitação – foram obtidos junto ao Setor de Estudos Climatológicos do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA). Em um estudo inicial haviam sido utilizados os dados obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) através de sua página na Internet, mas diante da possibilidade de se obterem os dados do ICEA deu-se preferência a esses por dois motivos: sua coleta é feita nos próprios aeroportos estudados, contra os dados do INMET consolidados por cidades; e são mais específicos à aviação – o INMET informa apenas a nebulosidade, e não visibilidade e teto. Foram informados para cada dia do ano de 2013 a visibilidade mínima em metros, o teto mínimo também em metros e a precipitação máxima em milímetros. Devido à ausência de dados sobre precipitação para o aeroporto de Cuiabá no dia 7 de Outubro, os voos operados nesse dia e nesse aeroporto foram removidos das amostras, reduzindo-as para 45.444 (O6), 80.624 (AD) e 163.259 (G3) voos. Cabe também ressaltar uma limitação desta base de dados, imposta pela determinação do ICEA em não fornecer os dados brutos de cada hora. Sendo assim, neste trabalho adotaram-se os valores diários destas variáveis para todos os voos ocorridos em cada dia. Esta limitação resultou na perda de granularidade das informações, e possivelmente na observação de uma significância inferior à que poderia ser obtida se se 2 Aeroportos de alta taxa de utilização. Esta distinção é importante para uma análise explicada mais adiante na Seção 4 – Resultados 25 dispusesse dos dados na hora da partida e chegada de cada voo. As grades horárias das operações de cada aeroporto foram obtidas junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que disponibiliza diariamente em sua página na Internet o arquivo HOTRAN – Horário de Transporte – contendo os horários programados de todos os voos regulares vigentes no espaço aéreo nacional, e cuja estrutura é apresentada nos Anexos, na Tabela 17. A razão da utilização destes dados é determinar a distribuição do volume de operações de cada aeroporto ao longo do dia, sem importar exatamente quais os voos operados. Portanto, decidiu-se utilizar grades de horários típicas para cada aeroporto, obtidas do arquivo HOTRAN de 31 de Dezembro de 2013, que inclui todos os voos vigentes ao final daquele ano. Esse arquivo apresenta 5.256 registros de voos, sendo 4.495 relevantes para este trabalho – com origem ou destino em um dos aeroportos objeto do trabalho. As grades típicas foram escolhidas tomando-se o dia da semana de maior movimento em cada aeroporto. Apesar de serem esperadas mudanças pontuais nestas grades com alguma frequência, pode-se admitir que as mesmas não devam afetar consideravelmente o volume de voos em cada hora do dia, que é o parâmetro que se pretende medir. 3.3 MODELO ECONOMÉTRICO O modelo aplicado, conforme sugerido por Coy (2006), baseia-se em uma estimação de um corte transversal em dois estágios. No primeiro estágio mediram-se os block times médios anuais em 2012 de cada uma das rotas estudadas (BTREF), segregados por companhia aérea e por família de aeronave. Esta distinção por tipo de aeronave é feita para isolar as diferenças de características de voo de cada tipo de aeronave. Por exemplo, espera-se que jatos apresentem menores tempos de voo para uma mesma rota quando comparados a turboélices. Portanto, para a companhia Azul os dados de block times foram separados entre os turboélices ATR e os jatos da família Embraer (EJETs). Já para a Gol e a Avianca, que operam apenas com jatos de mesma família – Boeing 737-700/800 e Airbus 319/320, respectivamente – não foi feita distinção por aeronave. Chegou-se a fazer uma análise entre os block times médios dos 737700 e 737-800 da Gol, e o resultado obtido – apresentado na Tabela 10 – foi uma variação máxima de ±5% e média de 0,4% entre estes equipamentos, não indicando diferenças relevantes de comportamento entre eles. Os valores médios obtidos em 2012 são utilizados no segundo estágio como referências para os block times (BT) dessas mesmas rotas e famílias de aeronaves, em estudo compreendido entre os dias 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2013. O modelo proposto consiste na regressão dos block times de 2013 sobre os valores de referência do ano anterior e sobre o conjunto de fatores cujo impacto sobre os block times – determinado 26 pelos coeficientes da regressão – se pretende medir. Assim como sugerido por Coy (2006), antes de realizadas as regressões as bases de dados foram então tratadas para eliminar os outliers – observações distantes mais de três desvios-padrão do seu valor médio –, resultando nas amostras finais de 44.962 (O6), 79.804 (AD) e 161.315 (G3) voos. A razão prática para esta decisão, além do conceito estatístico de tratamento dos outliers, é eliminar as variações excepcionais, algumas possivelmente causadas por fatores não controlados pelo modelo, e às vezes de elevado impacto sobre o block time, como problemas de manutenção ou desvios de rota determinados pelo controle de tráfego. Para que pudessem ser utilizados na regressão, os dados de teto e visibilidade precisaram ser tratados, uma vez que estas condições só passam a afetar as operações de voo a partir de um limite mínimo. Vale notar que Coy (2006) empregou fatores de severidade das condições climáticas adotados pela Federal Aviation Administration (FAA) para os Estados Unidos, mas na ausência de tais fatores para o Brasil criaram-se índices de impacto dessas condições de acordo com a sua severidade. Para valores acima dos limites estabelecidos pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) como mínimos para pouso ou decolagem sem auxílio de instrumentos – visibilidade horizontal de 5.000 m e teto de 450 m – o índice de impacto foi determinado como zero. A partir daí foram criadas três escalas de valores, com os índices máximos alocados às condições extremas de operação. Essas condições não são uniformes para todos os aeroportos, pois cada um deles dispõe de distintos instrumentos de controle de navegação e suporta diferentes condições de operação. No entanto, levou-se em consideração que condições mais severas sempre resultam em maiores restrições de tráfego: os aeroportos que não dispõem de instrumentos suficientes são forçados a suspender suas operações, ao passo que nos demais as operações são reduzidas pela exigência de maior espaçamento entre as aeronaves. Aplicando-se este critério, os valores adotados para cada variável são os apresentados na Tabela 3. Para medir o impacto de condições climáticas desfavoráveis nos momentos de maior tráfego nos aeroportos foram também criadas interações entre cada uma das três variáveis de clima e o tráfego de aeronaves – decolagens e pousos no período de 45 minutos que compreende cada voo. Tabela 3 - Índices adotados para teto e visibilidade Índice 0 1 2 3 Teto Visibilidade Acima de 450m De 250m até 450m De 100m até 250m Até 100m Acima de 5.000m De 2.000m até 5.000m De 500m até 2.000m Até 500m Fonte: Elaboração do autor 27 O modelo inicial escolhido, portanto, foi a regressão linear múltipla apresentada na equação (3), incluindo todas as variáveis criadas, resumidas na Tabela 4. Optou-se por começar com um modelo provavelmente superespecificado, e a partir daí eliminar as variáveis que resultassem pouco significantes. Segundo o proposto por Wooldridge (2012, p. 187), para que os coeficientes de teto, visibilidade e precipitação possam ser interpretados e sua significância avaliada diretamente, sem a necessidade de cálculos adicionais, nos termos com interação foi utilizada a variação do tráfego em torno de seu valor médio em cada amostra estudada (𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓 ). 𝐵𝑇 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐵𝑇𝑅𝐸𝐹 + 𝛽2 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝑂 + 𝛽3 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝐷 + 𝛽4 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 + 𝛽5 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 + 𝛽6 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝑂 + 𝛽7 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝐷 + 𝛽8 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 + 𝛽9 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 + 𝛽10 𝐹𝑑𝑠 + 𝛽11 𝑀 + 𝛽12 𝑇 + 𝛽13 𝑁 + 𝛽14 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽15 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽16 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽17 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝐷 (3) × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽18 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽19 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝑢 Tabela 4 - Descrição das variáveis do modelo Variável Descrição BT BTREF TxUtilO TxUtilD IndTetoO IndTetoD IndVisO IndVisD PrecipO PrecipD TrafO TrafD Fds M T N Variável dependente. Block time de cada voo em 2013. Block time médio anual, por rota e família de aeronave, em 2012. Taxa de utilização do aeroporto de origem na janela de 45 minutos em que se inclui a partida do voo. Taxa de utilização do aeroporto de destino na janela de 45 minutos em que se inclui a chegada do voo. Índice de impacto da condição de teto mínimo diário no aeroporto de origem. Índice de impacto da condição de teto mínimo diário no aeroporto de destino. Índice de impacto da condição de visibilidade mínima diária no aeroporto de origem. Índice de impacto da condição de visibilidade mínima diária no aeroporto de destino. Precipitação máxima diária no aeroporto de origem. Precipitação máxima diária no aeroporto de destino. Movimento total de pousos e decolagens na janela de 45 minutos em que se inclui a partida do voo. Movimento total de pousos e decolagens na janela de 45 minutos em que se inclui a chegada do voo. Variável dummy de controle para voos em fins de semana. Variável dummy de controle para voos com operação de chegada pela manhã (06:00 – 11:59). Variável dummy de controle para voos com operação de chegada à tarde (12:00 – 17:59). Variável dummy de controle para voos com operação de chegada à noite (18:00 – 21:59). Tráfego médio de cada amostra, em número de pousos e decolagens por 45 minutos, no aeroporto de origem. Tráfego médio de cada amostra, em número de pousos e decolagens por 45 minutos, no aeroporto de destino. 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 Fonte: Elaboração do autor O modelo econométrico utilizado na primeira regressão foi o dos mínimos quadrados ordinários, no entanto os testes aplicados às amostras das três companhias levaram à rejeição da hipótese nula de homoscedasticidade. Por esta razão decidiu-se utilizar erros-padrão e estatísticas teste robustas à heteroscedasticidade ao longo do trabalho, conforme sugerido por Wooldridge (2012, p. 248). Também como precaução após o resultado dos testes de heteroscedasticidade, realizou-se o teste RESET de Ramsey proposto por Wooldridge (2012, p. 283) para averiguação da qualidade da especificação do modelo. Esse teste, embora tenha resultado na rejeição da hipótese nula de especificação adequada, apresentou coeficientes 28 significativamente reduzidos para os termos não lineares, razão pela qual se decidiu por manter a forma proposta. Os resultados de ambos os testes são apresentados no Apêndice deste trabalho, respectivamente na Tabela 11 e Tabela 12. 3.4 MODELO DE CÁLCULO DO BLOCK TIME Uma vez determinados os coeficientes de regressão da equação (3), o block time de cada voo pode ser estimado pela substituição dos valores de cada uma de suas variáveis conhecidas, descritas na Tabela 4, nessa equação. Tomando como exemplo os resultados obtidos para a companhia Avianca, apresentados na Tabela 5 da seção 4, esta estimação tomaria a forma apresentada na equação (4), onde os valores dos tráfegos médios na origem (𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) e no destino (𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) foram substituídos pelos valores observados nessa amostra – 17,334 movimentações de aeronaves por 45 minutos na origem e 16,830 no destino. ̂ = −1,893 + 0,995 𝐵𝑇𝑅𝐸𝐹 + 0,745 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝑂 − 0,081 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝐷 − 0,101 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 + 0,195 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 𝐵𝑇 + 0,596 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝑂 − 0,012 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝐷 + 0,050 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 + 0,004 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 − 1,701 𝐹𝑑𝑠 + 0,781 𝑀 + 0,123 𝑇 + 0,444 𝑁 − 0,005 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 17,334) + 0,019 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 16,830) (4) + 0,017 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 17,334) + 0,004 𝐼𝑛𝑑𝑉𝑖𝑠𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 16,830) − 0,002 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 17,334) + 0,002 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 16,830) Exemplos de aplicação deste cálculo serão mostrados mais adiante, após a obtenção dos resultados das regressões. 29 4 RESULTADOS Aplicando-se o método dos mínimos quadrados ordinários com erros-padrão robustos à equação (3) obtiveram-se os resultados listados na Tabela 5. Pode-se observar que o modelo apresentou coeficientes significativos para a maioria das variáveis de interesse, mesmo utilizando-se os erros robustos. No entanto, é interessante notar que as variáveis de clima, sobretudo as de visibilidade (IndVis), apresentaram diversos coeficientes não significativos. Somando-se a isso o fato de que nos termos com interação as variáveis de teto e visibilidade pareceram alternar a sua significância – na maioria dos casos, pelo menos uma delas foi significativa – decidiu-se averiguar a existência de colinearidade entre essas variáveis. Testando-se a correlação entre elas (Tabela 13, no Apêndice), confirmou-se uma correlação elevada entre teto e visibilidade, e optou-se por descartar a segunda do modelo. Tabela 5 - Resultados da regressão do modelo base 𝛽̂ Constante BTREF TxUtilO TxUtilD IndTetoO IndTetoD IndVisO IndVisD PrecipO PrecipD Fds M T N IndTetoO x (TrafO – O) IndTetoD x (TrafD – D) IndVisO x (TrafO – O) IndVisD x (TrafD – D) PrecipO x (TrafO – O) PrecipD x (TrafD – D) Amostra R2 ajustado Erro-padrão Valor médio de BT Variação percentual -1,893*** 0,995*** 0,745*** -0,081 -0,101* 0,195*** 0,596*** -0,012 0,050*** 0,004 -1,701*** 0,781*** 0,123 0,444*** -0,005 0,019*** 0,017** 0,004 -0,002* 0,002 Avianca Erropadrão 0,215 0,001 0,169 0,178 0,054 0,053 0,079 0,079 0,010 0,010 0,082 0,127 0,125 0,131 0,005 0,005 0,007 0,008 0,001 0,001 44.962 0,967 8,072 113,054 7,1% p-valor 0,000 0,000 0,000 0,651 0,064 0,000 0,000 0,883 0,000 0,688 0,000 0,000 0,322 0,001 0,358 0,001 0,020 0,591 0,096 0,118 𝛽̂ -1,807*** 0,998*** 2,199*** -0,184* -0,253*** 0,152*** 0,009 0,063 0,084*** 0,061*** -1,085*** 0,270*** -0,096 1,137*** -0,004 -0,034*** -0,015* -0,001 0,001 0,009*** Azul Erropadrão 0,128 0,001 0,102 0,105 0,034 0,034 0,048 0,047 0,008 0,008 0,056 0,078 0,077 0,083 0,005 0,005 0,008 0,008 0,001 0,001 79.804 0,973 6,757 98,534 6,9% p-valor 0,000 0,000 0,000 0,079 0,000 0,000 0,855 0,179 0,000 0,000 0,000 0,001 0,213 0,000 0,480 0,000 0,058 0,865 0,392 0,000 𝛽̂ -2,358*** 0,994*** 0,999*** -0,466*** 0,000 0,241*** 0,004 -0,061* 0,030*** 0,032*** -1,255*** -2,086*** -1,693*** -1,131*** 0,000 0,016*** 0,013*** -0,002 -0,001** -0,001** Gol Erropadrão 0,065 0,000 0,067 0,069 0,021 0,021 0,031 0,031 0,004 0,004 0,038 0,056 0,051 0,057 0,002 0,002 0,003 0,003 0,000 0,000 161.315 0,980 6,690 93,119 7,2% p-valor 0,000 0,000 0,000 0,000 0,984 0,000 0,909 0,051 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,935 0,000 0,000 0,438 0,049 0,017 Fonte : Elaboração do autor *** Coeficiente estatisticamente significante a 1% ** Coeficiente estatisticamente significante a 5% * Coeficiente estatisticamente significante a 10% A segunda regressão, já com o modelo reduzido e descrito na equação (5), apresentou os resultados mostrados na Tabela 6. Nesse modelo nove em quinze variáveis resultaram significativas nas três amostras, quatro em pelo menos duas delas, e apenas uma – a interação 30 entre precipitação e tráfego na origem – não foi significativa em nenhuma amostra, e portanto esse foi o modelo adotado ao longo deste trabalho. 𝐵𝑇 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐵𝑇𝑅𝐸𝐹 + 𝛽2 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝑂 + 𝛽3 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝐷 + 𝛽4 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 + 𝛽5 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 + 𝛽6 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 + 𝛽7 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 + 𝛽8 𝐹𝑑𝑠 + 𝛽9 𝑀 + 𝛽10 𝑇 + 𝛽11 𝑁 + 𝛽12 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽13 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 (5) × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽14 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽15 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝑢 Tabela 6 - Resultados da regressão do modelo definitivo 𝛽̂ Constante BTREF TxUtilO TxUtilD IndTetoO IndTetoD PrecipO PrecipD Fds M T N IndTetoO x (TrafO – O) IndTetoD x (TrafD – D) PrecipO x (TrafO – O) PrecipD x (TrafD – D) Amostra R2 ajustado Erro-padrão Valor médio de BT Variação percentual -1,822*** 0,995*** 0,718*** -0,149 0,142*** 0,188*** 0,069*** 0,004 -1,695*** 0,781*** 0,124 0,448*** 0,006 0,021*** -0,002 0,002* Avianca Erropadrão 0,214 0,001 0,168 0,177 0,044 0,043 0,010 0,009 0,082 0,127 0,124 0,131 0,004 0,004 0,001 0,001 44.962 0,967 8,079 113,054 7,1% p-valor 0,000 0,000 0,000 0,399 0,001 0,000 0,000 0,626 0,000 0,000 0,320 0,001 0,125 0,000 0,103 0,092 𝛽̂ -1,780*** 0,998*** 2,166*** -0,185* -0,249*** 0,181*** 0,084*** 0,064*** -1,085*** 0,267*** -0,098 1,136*** -0,011*** -0,034*** 0,000 0,009*** Azul Erropadrão 0,127 0,001 0,101 0,104 0,026 0,026 0,007 0,007 0,056 0,078 0,077 0,083 0,004 0,004 0,001 0,001 79.804 0,973 6,757 98,534 6,9% p-valor 0,000 0,000 0,000 0,075 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 0,202 0,000 0,004 0,000 0,773 0,000 𝛽̂ -2,369*** 0,994*** 1,010*** -0,465*** 0,002 0,216*** 0,029*** 0,030*** -1,255*** -2,091*** -1,694*** -1,132*** 0,006*** 0,015*** 0,000 -0,001** Gol Erropadrão 0,065 0,000 0,067 0,068 0,017 0,017 0,004 0,004 0,038 0,056 0,051 0,057 0,002 0,002 0,000 0,000 161.315 0,980 6,690 93,119 7,2% p-valor 0,000 0,000 0,000 0,000 0,916 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,331 0,011 Fonte : Elaboração do autor *** Coeficiente estatisticamente significante a 1% ** Coeficiente estatisticamente significante a 5% * Coeficiente estatisticamente significante a 10% O modelo apresentou um alto nível de significância para as três companhias, comprovada por suas estatísticas F – todas significativas a menos de 10-6 – e por seus R2 ajustados, sempre acima de 96%. Este resultado é explicado pela presença do block time do ano anterior (BTREF) na regressão, uma vez que a maior parte do block time de um ano pode ser prevista pelo valor médio desta variável no ano anterior, conforme observado pelos seus coeficientes muito próximos da unidade. Também se observou que o erro-padrão para cada amostra, ponderado pelo valor médio dos seus block times, manteve-se praticamente constante entre as três, variando entre 6,9% e 7,2%. O interesse principal deste trabalho, no entanto, é avaliar o impacto das demais variáveis independentes. A taxa de utilização dos aeroportos, por exemplo, tem coeficientes significativos em cinco de seis observações: na origem (TxUtil O) é 31 significativa nas três amostras; e no destino (TxUtil D) em duas delas. Seus coeficientes estimam o acréscimo ceteris paribus em minutos ao block time devido ao nível de congestionamento do aeroporto. Nos aeroportos de maior movimento esta taxa atinge a unidade em horários de pico – em alguns casos até a ultrapassa –, e o aumento estimado em minutos nesse caso é aproximadamente este coeficiente. Santos Dumont, Confins, Congonhas, Guarulhos, Viracopos e Brasília encontram-se na categoria descrita acima – os dados sobre a taxa de utilização são apresentados na Tabela 15, no Apêndice – e para os voos originados nos horários de pico desses aeroportos, por exemplo, a variação estimada do block time devido à sua taxa de utilização é de cerca de mais 0,72 minutos para a Avianca (0,6%), mais 2,17 minutos para a Azul (2,2%) e mais 1,01 minutos para a Gol (1,1%). Já para os voos destinados a esses aeroportos, as variações nos horários de pico seriam de aproximadamente menos 0,19 minutos para a Azul (-0,2%) e menos 0,47 minutos para a Gol (-0,5%), enquanto para a Avianca não se pode dizer que haja variação. Merecem atenção os coeficientes negativos observados, segundo os quais uma maior taxa de utilização resultaria, ceteris paribus, em redução dos block times. Este é um resultado contraintuitivo, e por este motivo decidiu-se segregar as amostras de acordo com os aeroportos de origem e destino, para avaliar como se comportam as taxas de utilização caso a caso. Foram criadas duas categorias de aeroportos, de alta ou baixa utilização, sendo considerados de alta utilização os seis aeroportos cuja taxa atinge a unidade. Feita esta segregação foram estudados quatro blocos de rotas, determinados pela categoria dos seus aeroportos de origem e destino. A partir daí, todas as variáveis de interesse foram analisadas com base em seus coeficientes observados nos distintos blocos. Para a confirmação da linearidade do modelo, antes da análise dos coeficientes decidiu-se testar a normalidade dos resíduos, e diante da rejeição da hipótese nula de normalidade, optou-se por testar também um modelo log-linear, apresentado na equação (6). Conforme analisado na Figura 2, no Apêndice, pela comparação entre os índices de assimetria e curtose, e finalmente pela estatística Jarque-Bera, o modelo linear mostrou-se mais adequado para as amostras das companhias Avianca e Azul, enquanto a amostra da Gol ajustou-se melhor ao modelo log-linear. Para manter a uniformidade do modelo entre as três companhias, optou-se por utilizar o modelo linear. Os coeficientes obtidos segundo este modelo são apresentados na Tabela 7 com a indicação de seu nível de significância. ln 𝐵𝑇 = 𝛽0 + 𝛽1 ln 𝐵𝑇𝑅𝐸𝐹 + 𝛽2 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝑂 + 𝛽3 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝐷 + 𝛽4 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 + 𝛽5 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 + 𝛽6 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 + 𝛽7 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 + 𝛽8 𝐹𝑑𝑠 + 𝛽9 𝑀 + 𝛽10 𝑇 + 𝛽11 𝑁 + 𝛽12 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽13 𝐼𝑛𝑑𝑇𝑒𝑡𝑜𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽14 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽15 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝑢 (6) 32 Alguns exemplos do cálculo do impacto das variáveis de interesse sobre o block time são apresentados na Tabela 8 e discutidos mais adiante nesta seção. Tabela 7 - Coeficientes de regressão por blocos Alta – Alta Avianca *** TxUtilO 5,540 -5,983*** TxUtilD Alta – Baixa Azul Gol *** Avianca *** 6,933 2,693 13,429 Azul *** Baixa – Alta Gol *** Avianca *** 4,566 3,446 *** 5,511 Azul Baixa – Baixa Gol *** 1,395 Avianca -0,761 *** *** Azul 2,186 Gol 0,442 -0,184 1,759*** -1,533*** 1,736*** 2,575*** -1,473*** 0,668 2,694*** 1,421*** 1,763*** -0,056 0,079 0,152 -0,169*** -0,088** 0,469*** -0,040 0,048 IndTetoO 0,010 -0,072 0,112*** 0,228*** 0,187*** 0,065** IndTetoD 0,629*** 0,379*** 0,430*** -0,187* 0,369*** 0,066* 0,320*** -0,090 0,421*** 0,221* -0,026 -0,075 -0,018 0,084*** 0,014** 0,107*** 0,027* 0,013** 0,085*** 0,072*** 0,052*** 0,121*** 0,066*** 0,048*** 0,005 *** -0,003 0,011 -0,001 *** -0,006 *** *** 0,026 *** 0,070*** *** *** *** *** *** *** *** *** *** -0,469*** PrecipO PrecipD Fds -2,811 *** 0,052 -1,687 -1,933 -1,533 -1,181 0,080 -1,396 -1,381 0,134 -0,956 *** 0,025 -1,007 M 3,456*** 0,352* -1,775*** -0,704*** -1,081*** -3,256*** 3,888*** 1,375*** -3,658*** T 2,018*** -0,107 -1,308*** 0,429* -0,533*** -2,789*** 3,241*** 1,370*** -2,678*** N *** *** *** 3,086 IndTetoO x (TrafO – O) IndTetoD x (TrafD – D) PrecipO x (TrafO – O) PrecipD x (TrafD – D) Valor médio de BT -0,032 ** *** 0,828 -0,086 *** -0,825 *** 0,258 -0,019 *** *** 0,019 0,001 0,005* -0,108*** -0,033*** 0,018** -0,022* 0,008 0,002 0,005* 0,004 0,006** 0,001 76,567 75,264 72,689 -0,033 0,102 -2,562 4,474 *** 0,095 *** 2,146 0,015 0,003 -0,162*** -1,553 *** *** -1,117 0,649*** 0,053 -0,354 0,370*** -1,252*** 0,226 -0,756*** -0,583 ** *** -0,837*** *** -0,006 0,307 0,024 0,086 0,008*** 0,061*** -0,053*** 0,024*** 0,015*** 0,008*** 0,001 0,015*** 0,000 0,008* 0,002 0,001 129,737 115,136 99,612 134,842 114,603 104,984 107,893 77,540 99,541 0,000 0,004 -0,007** 0,010 0,003*** 0,004 0,010** 0,053 0,003 0,001 0,003* -0,189** ** 0,009*** Fonte: Elaboração do autor *** Coeficiente estatisticamente significante a 1% ** Coeficiente estatisticamente significante a 5% * Coeficiente estatisticamente significante a 10% Tabela 8 - Exemplos de cálculo de impacto sobre o block time Cálculo do impacto ceteris paribus da taxa de utilização Companhia Azul Origem Destino CNF GRU Origem Destino 𝜷𝟐 6,933 𝜷𝟑 1,759 TxUtilO TxUtilD Impacto ceteris paribus 1,06 1,00 6,933 x 1,06 + 1,759 x 1,00 = 9,1 minutos Cálculo do impacto ceteris paribus da precipitação Companhia Avianca CGH Impacto ceteris paribus SSA Gol GRU Impacto ceteris paribus FLN PrecipO PrecipD TrafO TrafD 𝜷𝟔 𝜷𝟕 𝜷𝟏𝟒 𝜷𝟏𝟓 O 0,107 0,011 0,004 0,024 66 0 23 8 27,4 0,107 x 66 + 0,011 x 0 + 0,004 x 66 x (23 – 27,4) + 0,024 x 0 x (8 – 8,5) = 5,9 minutos 0,013 0,080 0,003 0,008 39,2 45,4 33 6 21,8 0,013 x 39,2 + 0,08 x 45,4 + 0,003 x 39,2 x (33 – 21,8) + 0,008 x 45,4 x (6 – 7,4) = 4,95 minutos D 8,5 7,4 Cálculo do impacto ceteris paribus do índice de teto Companhia Origem Avianca GIG Impacto ceteris paribus Destino SSA IndTetoO IndTetoD TrafO TrafD 𝜷𝟓 𝜷𝟏𝟐 𝜷𝟏𝟑 O 0,469 0,221 0,086 0,061 3 0 26 14 11,5 0,469 x 3 + 0,221 x 0 + 0,086 x 3 x (26 – 11,5) + 0,061 x 0 x (14 – 10,6) = 5,1 minutos 𝜷𝟒 D 10,6 Fonte: Elaboração do autor Observando-se a Tabela 7 já é possível notar alguns padrões de comportamento bem definidos. A taxa de utilização (TxUtil) é estatisticamente significativa na maioria dos casos, e dentre os aeroportos de alta utilização só não o é em uma de doze amostras. Além disso, se considerados os efeitos somados na origem e no destino seu valor é positivo – taxa de utilização mais alta implicando em aumento do block time – em nove de dez amostras, e em alguns casos com resultado prático bastante significativo. Por exemplo, o voo da Azul entre Confins (CNF) e Guarulhos (GRU) de 27 de março às 08:51h – horário de pico –, apresentado 33 na Tabela 8, ambos aeroportos de alta utilização, tem um acréscimo ceteris paribus esperado 9,1 minutos (11,2%) em seu block time – 6,93 x 1,06 + 1,76 x 1,00. No outro extremo, para rotas entre aeroportos de baixa utilização este fator nem chega a ser significativo nos voos de Azul e Gol. Ainda permanecem os sinais negativos não esperados, e é interessante notar que para as rotas da Gol há sempre um efeito negativo contrapondo um positivo, estando aquele associado aos aeroportos de menor utilização nas rotas híbridas – alta-baixa e baixa-alta. Diante desse comportamento foi testada a correlação entre TxUtil O e TxUtilD nos voos dessa companhia para pesquisar uma possível multicolinearidade, mas o resultado encontrado não indicou essa existência – Tabela 14, no Apêndice – e isso ainda permanece sem uma explicação. A análise das variáveis climáticas indica a presença de uma relação consistente entre o nível de precipitação máxima e a variação dos block times. Seu efeito puro, medido quando o tráfego está no seu valor médio de cada amostra, é estatisticamente significativo na origem em onze das doze amostras e no destino em metade delas, e é positivo em todas essas observações. Já o seu efeito conjunto com a variação do tráfego é um pouco menos sensível, com significância em seis amostras na origem e no destino. Ainda assim, é positivo em quase todos os casos, com uma única exceção. Por exemplo, no voo da Avianca de Congonhas (CGH) a Salvador (SSA) em 13 de abril, que chegou com 18 minutos de acréscimo em relação ao block time de referência, uma chuva de 66 mm em Congonhas seria responsável, segundo o modelo, por 5,9 desses 18 minutos, conforme apresentado na Tabela 8. Já em um voo da Gol de Guarulhos (GRU) a Florianópolis (FLN) em 9 de março, com acréscimo de 10 minutos no block time, a combinação de uma chuva de 39,2 mm e um tráfego de 33 aeronaves em Guarulhos com uma chuva de 45,4 mm e tráfego de 6 aeronaves em Florianópolis (as médias de tráfego na origem e no destino nessa amostra são respectivamente de 21,8 e 7,4) teria sido responsável por metade destes 10 minutos. O efeito do índice de impacto das condições de teto é significativo em sete das doze amostras na origem e em nove no destino. No entanto, os valores negativos de alguns de seus coeficientes parecem ser contraintuitivos. Tampouco são muito conclusivos os resultados de sua interação com o volume de tráfego. Embora significativo em oito das doze amostras na origem e em nove no destino, quatro coeficientes negativos na origem e cinco no destino também não eram de se esperar. Uma análise mais detalhada dos coeficientes deste fator mostra que seu efeito sobre o block time não chega a atingir 6 minutos (entre 4,5% e 8,2%, dependendo do block time médio da amostra), mesmo nas condições mais adversas. Em um voo da Avianca do Galeão a Salvador 34 em 26 de março, com condições perfeitas na chegada e teto de 90 m no Galeão (índice de impacto igual a 3), o modelo indica que as condições na origem acrescentariam 5,1 minutos ao block time, de um atraso total de 19 minutos. Com relação às aparentes inconsistências nos resultados destas variáveis, vale ressaltar que os dados climáticos se referem às condições limite diárias, e portanto o modelo aplica os efeitos das mesmas uniformemente a todos os voos de cada dia. A utilização de leituras horárias desses dados provavelmente resultaria em coeficientes mais significativos, com boas possibilidades também de reduzir as inconsistências encontradas. Dentre as variáveis dummies, a de fim de semana (Fds) apresentou um resultado significativo e consistente em todas as amostras, indicando uma redução nos block times dos voos operados nesses dias. Já quanto às variáveis de horário de operação, embora se pudesse esperar que os block times durante o dia fossem sempre um pouco maiores do que de madrugada, os resultados mostraram comportamentos distintos entre as três companhias. Mereceram atenção especial os resultados observados para a Gol, cujos coeficientes indicaram redução nos block times em relação à madrugada em todas as amostras, e uma análise mais cuidadosa de seus valores de referência mostrou que a companhia parece programar block times mais longos durante a madrugada – das 23:00 às 05:59 –, como se observa na Figura 1, o que explica o comportamento observado. Figura 1 - Block times de referência x janela de operação – Gol 35 5 CONCLUSÃO Este trabalho objetivou entender a influência das condições climáticas e da taxa de utilização dos aeroportos sobre os block times dos voos comerciais domésticos no Brasil. Foram selecionadas distintas rotas de três companhias aéreas nacionais: Avianca, Azul e Gol. Seus block times no ano de 2013 foram regredidos sobre os valores dos block times dessas mesmas rotas no ano anterior – usados como referência –, e um conjunto de variáveis de clima e taxa de utilização dos aeroportos, além de variáveis de controle para fim de semana e horário de operação. Devido à diversidade de características dos aeroportos, decidiu-se separar as amostras segundo sua taxa de utilização, trabalhando-se portanto com quatro subamostras para cada companhia. Essa decisão foi exitosa por revelar que a taxa de utilização é menos significativa, tanto estatisticamente quanto economicamente, em aeroportos onde a mesma é mais baixa. Segundo essa observação, os resultados indicam que ao se fomentar a maior utilização dos aeroportos menos demandados, se nada mais for feito, incremente-se também o tempo de operação entre esses aeroportos. No que diz respeito à influência do clima sobre as operações, o modelo proposto sinalizou a existência de um aumento nos block times devido ao mau tempo, mas cujo impacto se mostrou relativamente baixo. Cabe ressaltar que a restrição de utilização de dados diários sobre o clima, ao invés de horários, deve ter contribuído para suavizar os efeitos dessas variáveis ao distribuí-los uniformemente a todos os voos em um mesmo dia. Uma vez contornada essa restrição, este resultado poderia ser confrontado pela repetição deste experimento. Uma abordagem alternativa para a adoção de índices de impacto das variáveis climáticas, explicada na Tabela 3, poderia ser a utilização de variáveis dummies indicativas para cada faixa de impacto, conforme a Tabela 9. Neste caso, a equação básica (3) tomaria a forma apresentada na equação (7). Essa abordagem pode ser utilizada para efeito de comparação de resultados com o presente trabalho. Tabela 9 - Variáveis dummies para clima Variável Teto1 Teto2 Teto3 Teto 1: De 250m até 450m 0: caso contrário 1: De 100m até 250m 0: caso contrário 1: Até 100m 0: caso contrário Fonte: Elaboração do autor Variável Vis1 Vis2 Vis3 Visibilidade 1: De 2.000m até 5.000m 0: caso contrário 1: De 500m até 2.000m 0: caso contrário 1: Até 500m 0: caso contrário 36 𝐵𝑇 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐵𝑇𝑅𝐸𝐹 + 𝛽2 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝑂 + 𝛽3 𝑇𝑥𝑈𝑡𝑖𝑙𝐷 + 𝛽4 𝑇𝑒𝑡𝑜1𝑂 + 𝛽5 𝑇𝑒𝑡𝑜2𝑂 + 𝛽6 𝑇𝑒𝑡𝑜3𝑂 + 𝛽7 𝑇𝑒𝑡𝑜1𝐷 + 𝛽8 𝑇𝑒𝑡𝑜2𝐷 + 𝛽9 𝑇𝑒𝑡𝑜3𝐷 + 𝛽10 𝑉𝑖𝑠1𝑂 + 𝛽11 𝑉𝑖𝑠2𝑂 + 𝛽12 𝑉𝑖𝑠3𝑂 + 𝛽13 𝑉𝑖𝑠1𝐷 + 𝛽14 𝑉𝑖𝑠2𝐷 + 𝛽15 𝑉𝑖𝑠3𝐷 + 𝛽16 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 + 𝛽17 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 + 𝛽18 𝐹𝑑𝑠 + 𝛽19 𝑀 + 𝛽20 𝑇 + 𝛽21 𝑁 + 𝛽22 𝑇𝑒𝑡𝑜1𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽23 𝑇𝑒𝑡𝑜2𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽24 𝑇𝑒𝑡𝑜3𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽25 𝑇𝑒𝑡𝑜1𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽26 𝑇𝑒𝑡𝑜2𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽27 𝑇𝑒𝑡𝑜3𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽28 𝑉𝑖𝑠1𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) (7) + 𝛽29 𝑉𝑖𝑠2𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽30 𝑉𝑖𝑠3𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽31 𝑉𝑖𝑠1𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽32 𝑉𝑖𝑠2𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽33 𝑉𝑖𝑠3𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝛽34 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑂 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝑂 ) + 𝛽35 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝐷 × (𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 − 𝜇 𝑇𝑟𝑎𝑓𝐷 ) + 𝑢 Comparando-se os resultados obtidos neste trabalho com aqueles obtidos por Coy (2006), observa-se a semelhança no comportamento das variáveis de taxa de utilização – sobretudo nos aeroportos onde essa é mais alta –, dias e horários de voos, assim como fatores de clima e sua interação com o volume de tráfego. Vale observar, no entanto, que o comportamento das variáveis climáticas foi mais constante e significativo naquele trabalho, o que pode ser um resultado das limitações dos dados utilizados neste. Como resultado prático, espera-se que este trabalho contribua para um melhor entendimento das implicações do aumento do volume de operações nos aeroportos sobre a pontualidade das mesmas. Tendo em vista também a esperada evolução tecnológica dos sistemas nos aeroportos, este trabalho poderia servir como base para medição dos efeitos práticos dessa evolução sobre a pontualidade das operações. Melhorias como a gestão automatizada dos recursos – pistas, triagem de bagagens, carregamento da aeronave, alocação de portões, etc. – deveriam contribuir para que uma mesma taxa de utilização resultasse, ceteris paribus, em um impacto menos significativo nos block times. Esta expectativa poderia ser testada dentro de uns poucos anos, logo que os novos concessionários dos aeroportos implantem as evoluções esperadas em suas operações. 37 REFERÊNCIAS Agência Nacional de Aviação Civil: Histórico dos percentuais de atrasos e cancelamentos (http://www2.anac.gov.br/percentuaisdeatraso/historico.asp) Agência Nacional de Aviação Civil: 1.5 – Voos autorizados vigentes (HOTRAN) (http://www2.anac.gov.br/arquivos/xls/hotran/1.5.xls) BALTAGI, Badi; GRIFFIN, James; RICH, Daniel. Airline deregulation: the cost pieces of the puzzle. International Economic Review, v.36, p. 245-258, 1995. BRITTO, Rodrigo; DRESNER, Martin; VOLTES, Augusto. The impact of flight delays on passenger demand and societal welfare. Transportation Research Part E, v.48, p. 460-469, 2012. CASTAING, Jeremy et al. Reducing airport gate blockage in passenger aviation: Models and analysis. 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Journal of Air Transport Management, v.40, p. 86-95, 2014. 39 APÊNDICES Tabela 10 - Block times Gol em 2012, por rota e aeronave (em minutos) Rota AJU – GIG AJU – GRU AJU – SSA BEL – BSB BEL – FOR BEL – GRU BEL – MAO BEL – SLZ BSB – BEL BSB – CGH BSB – FOR BSB – GRU BSB – GYN BSB – JPA BSB – MAO BSB – REC BSB – SLZ BSB – VCP BSB – VIX CGB – CGH CGH – BSB CGH – CGB CGH – CNF CGH – CWB CGH – FLN CGH – GIG CGH – POA CGH – SDU CGH – VIX CNF – CGH CNF – GIG CNF – GRU CNF – REC CNF – SDU CNF – VIX CWB – CGH CWB – GRU CWB – POA CWB – VCP FLN – CGH FLN – GRU FLN – POA FOR – BEL FOR – BSB FOR – GIG FOR – GRU FOR – NAT FOR – REC FOR – SLZ FOR – SSA GIG – AJU GIG – CGH GIG – CNF GIG – FOR GIG – GRU GIG – GYN GIG – MAO GIG – NAT GIG – REC 737-700 149,5 150,2 111,8 215,9 123,6 64,0 149,5 101,9 101,8 45,0 187,0 155,8 142,7 99,3 103,6 106,8 71,5 58,2 70,4 63,6 98,2 58,3 85,7 83,6 69,4 82,5 149,2 58,9 60,7 58,7 65,8 66,3 67,0 74,3 59,3 113,1 201,7 211,8 70,9 78,3 139,3 72,6 69,2 195,9 69,9 110,2 250,0 168,8 Fonte: Elaboração do autor 737-800 149,8 166,7 51,0 154,9 110,9 218,6 124,1 63,3 151,6 102,0 155,0 100,6 46,3 159,6 179,6 152,6 142,2 94,8 127,4 105,7 132,8 72,0 58,7 71,3 64,1 97,5 57,9 85,3 83,8 66,2 80,0 149,4 59,2 59,6 58,8 68,5 71,0 65,5 67,0 74,7 60,8 113,7 160,1 200,5 212,4 59,7 70,8 75,4 102,7 138,9 69,1 67,6 193,2 70,0 186,9 167,1 Variação 0,2% 3,2% -0,8% 1,2% 0,4% -1,1% 1,3% 0,1% -1,2% 3,0% -4,0% -2,0% -0,4% -4,5% -1,0% 0,8% 0,8% 1,4% 0,8% -0,7% -0,7% -0,5% 0,2% -4,6% -3,1% 0,2% 0,5% -1,8% 0,1% 4,0% -1,2% 0,1% 0,5% 2,5% 0,5% -0,6% 0,3% -0,2% -3,7% -0,3% -4,8% -2,3% -1,4% 0,2% -1,0% Rota GIG – SLZ GIG – VCP GRU – AJU GRU – BEL GRU – BSB GRU – CNF GRU – CWB GRU – FLN GRU – FOR GRU – GIG GRU – MAO GRU – NAT GRU – POA GRU – REC GRU – SLZ GRU – SSA GYN – BSB GYN – GIG JPA – BSB JPA – SSA MAO – BEL MAO – BSB MAO – GIG MAO – GRU NAT – FOR NAT – GIG NAT – GRU NAT – REC POA – CGH POA – CWB POA – FLN POA – GRU REC – BSB REC – CNF REC – FOR REC – GIG REC – GRU REC – NAT REC – SSA SDU – CGH SDU – CNF SDU – VIX SLZ – BEL SLZ – BSB SLZ – FOR SLZ – GIG SLZ – GRU SSA – AJU SSA – FOR SSA – GRU SSA – JPA SSA – REC VCP – BSB VCP – CWB VCP – GIG VIX – BSB VIX – CGH VIX – CNF VIX – SDU 737-700 77,3 212,6 102,4 68,3 59,7 75,1 202,0 59,5 103,5 182,3 198,9 136,2 42,9 102,5 125,2 181,8 244,0 93,4 69,6 57,7 98,6 162,5 153,5 80,9 186,6 202,7 82,2 62,5 65,5 61,5 66,0 145,9 76,8 209,6 151,9 74,3 101,0 55,1 63,7 104,3 97,1 61,5 70,6 737-800 197,7 73,2 153,0 209,8 102,1 71,7 60,6 74,7 200,1 58,3 234,3 196,1 100,6 181,0 134,8 42,6 162,5 87,8 124,1 176,0 228,1 61,7 195,1 210,5 40,9 91,5 68,9 55,5 98,3 160,8 153,2 79,8 182,1 201,3 50,7 81,9 61,4 66,2 60,4 64,8 147,5 76,2 201,5 208,4 47,3 105,7 152,4 83,3 74,5 97,0 57,7 66,6 96,7 60,9 71,5 Variação -5,3% -1,3% -0,3% 4,9% 1,5% -0,6% -0,9% -2,1% -2,8% -0,7% -1,0% -0,7% -0,9% -3,2% -2,1% -1,0% -3,7% -0,4% -1,0% -0,2% -1,3% -2,4% -0,7% -0,3% -1,7% 1,1% -1,8% -1,9% 1,1% -0,8% -0,6% 0,3% 0,3% -4,0% 4,7% 4,5% -0,5% -1,0% 1,3% 40 Tabela 11 - Teste Breusch-Pagan para heteroscedasticidade H0: Variância dos resíduos constante Tamanho da amostra Regressores Estatística F Graus de liberdade (g.l.) p-valor (g.l.) Estatística LM 2 p-valor (𝜒19 ) Avianca 44.962 19 36,685 (19 , 44.942) 0,000 686,668 0,000 Azul 79.804 19 69,038 (19 , 79.784) 0,000 1.290,822 0,000 Gol 161.315 19 220,803 (19 , 161.295) 0,000 4.089,404 0,000 Fonte: Elaboração do autor Tabela 12 - Teste RESET da forma funcional H0: 𝜹𝟏 = 𝟎, 𝜹𝟐 = 𝟎 Tamanho da amostra Estatística F Graus de liberdade (g.l.) p-valor (g.l.) 𝛿1 𝛿2 Avianca 44.962 165,814 (2 , 44.940) 0,0000 -0,0012 4,04E-6 Azul 79.804 7,862 (2 , 79.782) 0,0004 6,46E-5 -2,01E-8 Gol 161.315 66,099 (2 , 161.293) 0,0000 0,0004 -7,18E-7 Fonte: Elaboração do autor Tabela 13 - Correlação entre variáveis climáticas IndTetoO IndVisO PrecipO Avianca IndTetoO IndVisO PrecipO 1,000 0,655 1,000 0,239 0,342 1,000 IndTetoD IndVisD PrecipD IndTetoD IndVisD PrecipD 1,000 0,655 1,000 0,239 0,342 1,000 IndTetoO IndVisO PrecipO Azul IndTetoO IndVisO PrecipO 1,000 0,685 1,000 0,300 0,419 1,000 IndTetoO IndVisO PrecipO Gol IndTetoO IndVisO PrecipO 1,000 0,638 1,000 0,214 0,338 1,000 IndTetoD IndVisD PrecipD IndTetoD IndVisD PrecipD 1,000 0,688 1,000 0,296 0,417 1,000 IndTetoD IndVisD PrecipD IndTetoD IndVisD PrecipD 1,000 0,638 1,000 0,212 0,336 1,000 Fonte: Elaboração do autor Tabela 14 - Correlação entre TxUtilO e TxUtilD por bloco de rotas – Gol Alta-Alta 0,475 Alta-Baixa 0,576 Fonte: Elaboração do autor Baixa-Alta 0,294 Baixa-Baixa 0,157 41 Tabela 15 - Taxas de utilização por aeroporto e janela horária Janela 00:00:01 00:15:01 00:30:01 00:45:01 01:00:01 01:15:01 01:30:01 01:45:01 02:00:01 02:15:01 02:30:01 02:45:01 03:00:01 03:15:01 03:30:01 03:45:01 04:00:01 04:15:01 04:30:01 04:45:01 05:00:01 05:15:01 05:30:01 05:45:01 06:00:01 06:15:01 06:30:01 06:45:01 07:00:01 07:15:01 07:30:01 07:45:01 08:00:01 08:15:01 08:30:01 08:45:01 09:00:01 09:15:01 09:30:01 09:45:01 10:00:01 10:15:01 10:30:01 10:45:01 11:00:01 11:15:01 11:30:01 11:45:01 12:00:01 12:15:01 12:30:01 12:45:01 13:00:01 13:15:01 13:30:01 13:45:01 14:00:01 14:15:01 14:30:01 14:45:01 15:00:01 15:15:01 15:30:01 15:45:01 16:00:01 16:15:01 16:30:01 16:45:01 17:00:01 17:15:01 17:30:01 17:45:01 18:00:01 18:15:01 18:30:01 18:45:01 19:00:01 19:15:01 19:30:01 19:45:01 20:00:01 20:15:01 20:30:01 20:45:01 21:00:01 21:15:01 21:30:01 21:45:01 22:00:01 22:15:01 22:30:01 22:45:01 23:00:01 23:15:01 23:30:01 23:45:01 Média Máxima AJU 0,06 0,17 0,17 0,11 0,06 0,06 0,11 0,06 0,11 0,06 0,06 0,11 0,11 0,17 0,11 0,17 0,11 0,06 0,00 0,06 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,28 0,28 0,39 0,28 0,28 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,11 0,06 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,06 0,11 0,17 0,22 0,17 0,17 0,17 0,11 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 0,22 0,22 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 0,22 0,22 0,17 0,06 0,06 0,06 0,39 SSA 0,50 0,33 0,22 0,22 0,17 0,11 0,17 0,22 0,28 0,17 0,17 0,11 0,17 0,17 0,22 0,17 0,28 0,17 0,17 0,06 0,11 0,17 0,28 0,39 0,67 0,67 0,56 0,33 0,33 0,44 0,50 0,50 0,39 0,50 0,61 0,83 0,89 0,67 0,50 0,39 0,39 0,56 0,50 0,67 0,56 0,67 0,72 0,72 0,78 0,72 0,67 0,56 0,39 0,44 0,44 0,50 0,56 0,56 0,61 0,61 0,50 0,56 0,56 0,72 0,61 0,56 0,44 0,56 0,44 0,61 0,67 0,67 0,44 0,22 0,28 0,22 0,28 0,22 0,33 0,28 0,39 0,50 0,56 0,56 0,39 0,39 0,56 0,67 0,72 0,56 0,44 0,56 0,61 0,67 0,61 0,61 0,50 0,89 Fonte: Elaboração do autor CGB 0,17 0,22 0,17 0,28 0,17 0,17 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,11 0,11 0,11 0,06 0,06 0,06 0,17 0,17 0,17 0,06 0,11 0,06 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,17 0,11 0,11 0,11 0,17 0,22 0,28 0,22 0,22 0,17 0,28 0,33 0,33 0,22 0,11 0,22 0,33 0,33 0,22 0,39 0,39 0,44 0,17 0,33 0,22 0,33 0,22 0,22 0,17 0,17 0,22 0,17 0,11 0,11 0,22 0,22 0,33 0,39 0,33 0,39 0,39 0,50 0,39 0,22 0,11 0,06 0,06 0,17 0,17 0,28 0,22 0,28 0,22 0,22 0,17 0,17 0,28 0,28 0,44 0,39 0,33 0,22 0,11 0,11 0,00 0,06 0,17 0,22 0,17 0,50 GYN 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,06 0,11 0,11 0,22 0,28 0,28 0,28 0,11 0,22 0,28 0,28 0,28 0,11 0,11 0,11 0,22 0,22 0,22 0,17 0,33 0,33 0,39 0,33 0,28 0,22 0,17 0,22 0,22 0,28 0,39 0,39 0,44 0,28 0,22 0,11 0,06 0,06 0,06 0,17 0,28 0,22 0,11 0,00 0,11 0,22 0,28 0,28 0,28 0,28 0,33 0,33 0,50 0,39 0,44 0,33 0,39 0,33 0,28 0,33 0,22 0,28 0,11 0,11 0,06 0,06 0,11 0,17 0,22 0,17 0,17 0,17 0,28 0,17 0,17 0,50 FOR 0,33 0,11 0,11 0,11 0,17 0,22 0,22 0,33 0,33 0,33 0,28 0,22 0,22 0,11 0,11 0,06 0,06 0,00 0,06 0,17 0,22 0,17 0,11 0,22 0,28 0,22 0,28 0,44 0,44 0,22 0,17 0,17 0,28 0,11 0,17 0,11 0,28 0,22 0,28 0,17 0,28 0,17 0,22 0,17 0,28 0,33 0,50 0,44 0,39 0,28 0,33 0,39 0,39 0,44 0,33 0,44 0,28 0,39 0,22 0,28 0,17 0,28 0,28 0,39 0,33 0,39 0,33 0,28 0,22 0,17 0,39 0,50 0,61 0,61 0,56 0,56 0,39 0,28 0,17 0,17 0,28 0,28 0,22 0,33 0,39 0,56 0,44 0,56 0,44 0,44 0,33 0,28 0,22 0,22 0,39 0,39 0,28 0,61 JPA 0,11 0,11 0,06 0,17 0,17 0,22 0,22 0,22 0,22 0,17 0,17 0,17 0,11 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,06 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,06 0,00 0,06 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,11 0,17 0,22 0,17 0,17 0,11 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 0,11 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 0,06 0,22 NAT 0,06 0,17 0,17 0,17 0,22 0,28 0,22 0,11 0,11 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,17 0,11 0,17 0,11 0,11 0,00 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,00 0,06 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,17 0,11 0,11 0,06 0,22 0,22 0,33 0,17 0,17 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,06 0,11 0,11 0,17 0,17 0,28 0,22 0,33 0,33 0,39 0,28 0,33 0,22 0,28 0,11 0,17 0,06 0,17 0,22 0,22 0,11 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,06 0,11 0,17 0,11 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 0,22 0,17 0,11 0,00 0,11 0,39 REC 0,28 0,22 0,17 0,17 0,11 0,22 0,22 0,39 0,33 0,44 0,28 0,28 0,17 0,22 0,22 0,17 0,06 0,00 0,06 0,17 0,17 0,11 0,00 0,17 0,33 0,39 0,44 0,44 0,50 0,33 0,33 0,39 0,33 0,33 0,44 0,56 0,44 0,56 0,56 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0,88 0,97 1,03 1,03 0,94 0,97 0,94 1,09 1,03 1,00 0,85 0,82 0,85 0,94 0,97 0,97 0,85 0,82 0,88 0,94 1,03 0,94 1,06 0,97 1,15 1,00 1,06 1,03 1,03 1,06 1,00 1,06 1,00 0,97 0,94 0,94 0,91 1,00 0,94 1,00 0,88 0,91 0,85 0,94 1,06 1,03 1,03 0,91 0,85 0,94 1,15 VCP 0,33 0,14 0,14 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,05 0,10 0,14 0,43 0,52 0,67 0,52 0,62 0,57 0,71 0,76 0,81 0,86 0,81 0,90 0,90 1,05 1,10 1,00 0,81 0,76 0,81 0,76 0,62 0,57 0,71 0,86 0,86 0,86 0,86 0,90 0,95 0,86 0,86 0,76 0,71 0,67 0,67 0,76 0,71 0,71 0,67 0,57 0,57 0,62 0,71 0,71 0,76 0,81 0,90 0,86 0,95 0,86 0,86 0,81 0,81 0,67 0,71 0,71 0,86 0,76 0,81 0,81 0,76 0,71 0,76 0,86 0,95 0,86 0,90 0,90 0,90 0,95 0,81 0,81 0,67 0,71 0,67 0,48 0,71 1,10 BSB 0,23 0,13 0,10 0,10 0,03 0,03 0,00 0,03 0,03 0,03 0,07 0,07 0,07 0,03 0,03 0,07 0,07 0,07 0,07 0,10 0,13 0,17 0,17 0,13 0,20 0,27 0,33 0,30 0,30 0,40 0,40 0,53 0,57 0,73 0,77 0,93 0,93 0,93 0,87 0,97 1,00 0,97 0,93 0,97 0,87 0,77 0,60 0,63 0,60 0,57 0,43 0,37 0,27 0,27 0,30 0,33 0,33 0,33 0,30 0,47 0,50 0,53 0,47 0,40 0,43 0,50 0,43 0,63 0,70 0,83 0,77 0,67 0,73 0,73 0,77 0,67 0,67 0,77 0,90 0,97 1,07 1,03 0,93 0,73 0,80 0,83 0,83 0,60 0,50 0,40 0,50 0,53 0,47 0,37 0,33 0,30 0,47 1,07 VIX 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 0,22 0,22 0,17 0,17 0,11 0,17 0,22 0,39 0,50 0,39 0,39 0,28 0,33 0,28 0,33 0,28 0,22 0,33 0,28 0,39 0,17 0,28 0,22 0,22 0,22 0,17 0,17 0,11 0,06 0,11 0,11 0,22 0,33 0,33 0,39 0,28 0,39 0,22 0,22 0,11 0,11 0,17 0,17 0,22 0,17 0,22 0,33 0,28 0,28 0,17 0,28 0,28 0,28 0,28 0,22 0,39 0,33 0,39 0,28 0,33 0,28 0,22 0,22 0,22 0,17 0,22 0,17 0,22 0,17 0,17 0,11 0,06 0,06 0,22 0,50 SLZ 0,11 0,17 0,11 0,06 0,00 0,06 0,17 0,28 0,33 0,33 0,28 0,28 0,22 0,17 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,17 0,22 0,17 0,11 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 0,11 0,22 0,17 0,22 0,11 0,22 0,28 0,28 0,28 0,17 0,22 0,11 0,11 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,06 0,11 0,06 0,33 MAO 0,22 0,22 0,17 0,22 0,22 0,33 0,33 0,28 0,28 0,44 0,56 0,50 0,28 0,17 0,17 0,22 0,17 0,06 0,06 0,11 0,11 0,17 0,22 0,22 0,17 0,06 0,17 0,28 0,28 0,22 0,17 0,17 0,17 0,17 0,28 0,33 0,22 0,28 0,22 0,44 0,33 0,33 0,22 0,28 0,28 0,17 0,06 0,06 0,06 0,06 0,17 0,22 0,33 0,33 0,33 0,22 0,22 0,33 0,44 0,50 0,44 0,39 0,28 0,28 0,28 0,33 0,33 0,33 0,33 0,28 0,22 0,17 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,00 0,00 0,06 0,17 0,33 0,33 0,33 0,17 0,17 0,06 0,17 0,11 0,11 0,11 0,17 0,17 0,11 0,17 0,28 0,22 0,56 BEL 0,22 0,22 0,17 0,17 0,17 0,22 0,28 0,17 0,28 0,28 0,44 0,33 0,22 0,11 0,11 0,11 0,11 0,17 0,22 0,22 0,33 0,39 0,44 0,33 0,33 0,28 0,33 0,22 0,22 0,06 0,11 0,22 0,33 0,39 0,33 0,28 0,22 0,17 0,17 0,17 0,11 0,06 0,00 0,00 0,06 0,11 0,22 0,17 0,17 0,28 0,33 0,44 0,22 0,33 0,28 0,39 0,33 0,22 0,22 0,11 0,28 0,17 0,22 0,06 0,28 0,28 0,33 0,22 0,28 0,33 0,33 0,33 0,44 0,39 0,39 0,22 0,22 0,11 0,06 0,00 0,17 0,22 0,33 0,22 0,22 0,17 0,17 0,17 0,22 0,22 0,22 0,22 0,28 0,33 0,33 0,28 0,22 0,44 42 Figura 2 - Análise dos resíduos Avianca: Modelo Linear Azul: Modelo Linear Gol: Modelo Linear Assimetria: 0,458 Curtose: 3,630 Jarque-Bera: 2.316,73 Avianca: Modelo Log-linear Assimetria: 0,417 Curtose: 3,534 Jarque-Bera: 3.265,75 Azul: Modelo Log-linear Assimetria: 0,667 Curtose: 4,451 Jarque-Bera: 26.133,93 Gol: Modelo Log-linear Assimetria: 0,286 Curtose: 4,263 Jarque-Bera: 3.601,70 Assimetria: 0,211 Curtose: 4,018 Jarque-Bera: 4.038,07 Assimetria: 0,398 Curtose: 4,563 Jarque-Bera: 20.680,69 43 ANEXOS Tabela 16 - Percentuais de atrasos e cancelamentos no Brasil (2013) Rota Voos Previstos Doméstica Internacional (Origem) Inernacional (Destino) Total 984.602 59.981 59.984 1.104.567 Cancelamentos Volume % 89.244 2.484 2.577 94.305 9,1% 4,1% 4,3% 8,5% Atrasos > 30 min Volume % 71.692 6.373 6.590 84.655 7,3% 10,6% 11,0% 7,7% Atrasos > 60 min Volume % 26.561 2.881 3.051 32.493 2,7% 4,8% 5,1% 2,9% Fonte : Site ANAC (http://www2.anac.gov.br/percentuaisdeatraso/historico.asp) Tabela 17 - Estrutura do arquivo HOTRAN – Horários de Transporte Campo do Arquivo Descrição do Campo Cód. Empresa Empresa Nº VOO * Equip. S* T* Q* Q* S* S* D* Qtde Assentos Número Hotran Data Solicitação Data Aprovação Data Vigência Natureza Operação Nº Etapa COD. Origem * ARPT Origem COD. Destino * ARPT Destino Horário Partida * Horário Chegada * CODESHARE Observação Código da companhia aérea segundo a International Civil Aviation Organization (ICAO) Nome da companhia aérea solicitante Número do voo solicitado Modelo da aeronave Indicador de voo a ser operado às segundas-feiras Indicador de voo a ser operado às terças-feiras Indicador de voo a ser operado às quartas-feiras Indicador de voo a ser operado às quintas-feiras Indicador de voo a ser operado às sextas-feiras Indicador de voo a ser operado aos sábados Indicador de voo a ser operado aos domingos Número de assentos em cada voo Número da aprovação da solicitação Data da solicitação Data da aprovação da solicitação Data de entrada em vigência do voo solicitado Tipo de operação: internacional, doméstica, carga, charter, postal, regional, etc. Número da etapa do voo, usado em voos com escalas Código ICAO do aeroporto de origem Nome do aeroporto de origem Código ICAO do aeroporto de destino Nome do aeroporto de destino Horário de partida do voo solicitado Horário de chegada do voo solicitado Números de voo em código compartilhado com o voo solicitado Anotações sobre a solicitação: motivo, forma de envio, etc. * Campos relevantes para este trabalho Fonte : Site ANAC (http://www2.anac.gov.br/arquivos/xls/hotran/1.5.xls)