TRABALHO INFANTIL E POLÍTICAS PÚBLICAS: um estudo de caso na avenida presidente Vargas em Belém Andreici Marcela Araujo de Oliveira 1 Resumo: O trabalho infantil está presente ao longo de toda a história. Milhões de crianças trabalham em condições insalubres e perigosas. O trabalho fundamenta-se em autores como COSTA (1990), ÁRIES (1981) e SILVA (2004) e na pesquisa de campo, com dez trabalhadores infantis. Objetiva-se analisar o trabalho infantil na Av. Presidente Vargas, situada no Município de Belém; o acesso às políticas sociais, analisando a eficácia e o impacto destas em relação ao trabalhador infantil. Dessa forma, apesar das políticas sociais terem um impacto positivo na vida do beneficiado, ainda não são suficientes para atingir inúmeras crianças que lutam para sobreviver. Palavras-chaves: política social, infância e Estado Abstract: The infantile work is present throughout all history. Millions of children work in unhealthy and dangerous conditions. The work is based on authors as COAST (1990), ARIES (1981) and SILVA (2004) and in the field research, with ten infantile workers. Objective to analyze the infantile work in the Av. President Vargas, situated in the City of Belém; the access to the social politics, analyzing the effectiveness and the impact of these in relation to the infantile worker. Of this form, although the social politics to have a positive impact in the life of the benefited one, not yet are enough to reach innumerable children who fight to survive. Key Words: social politic. Infantile. State 1 Graduada. Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected] 1.INTRODUÇÃO O trabalho infantil é um fenômeno social presente ao longo de toda a história do Brasil. Crianças indígenas e meninos negros foram os primeiros a sofrerem os rigores do trabalho em um país que, de início, estabeleceu uma estrutura de produção e distribuição de riqueza fundamentada na desigualdade social. O posterior processo de industrialização, correlato da transformação do Brasil em uma economia capitalista manteve intacta tais estruturas, obrigando o ingresso de grandes contingentes de crianças no sistema produtivo ao longo do século XX. No afã de se aproveitar a capacidade extrema da “máquina”, nova protagonista dos meios de produção, que relegava de bom grado a força física do operário do sexo masculino, passou-se á utilização maciça da mão-de-obra de mulheres, adolescentes e crianças: as chamadas meia- forças. É neste contexto sócio- econômico que podemos verificar a necessidade de um estudo, que analise a abrangência das políticas sociais direcionadas para a prevenção e erradicação do trabalho infantil. Assim, é de extrema importância, analisar o trabalho infantil na Av. Presidente Vargas, situada na área central do Município de Belém, e o acesso das crianças envolvidas nesse universo às políticas sociais públicas, verificando a eficácia das políticas sociais implementadas em relação ao trabalhado infantil e o impacto das mesmas na vida sócio econômica desses trabalhadores. A pesquisa foi desenvolvida pautada na seguinte orientação metodológica, a saber: a pesquisa bibliográfica, constituída principalmente de artigos científicos e livros, visto que permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla; a pesquisa documental, como reportagens de jornal, relatórios de pesquisa, documentos oficiais, entre outros e a pesquisa de campo, com a observação direta, a aplicação de um questionário para dez trabalhadores infantis durante o período de Outubro e Novembro de 2008. Sendo a pesquisa bibliográfica a principal fonte, o instrumento de sistematização dos dados secundários foi o fichamento de informações, objetivando a otimização do estudo a ser realizado. Desta forma, através das fichas contendo registros de dados documentais necessários ao desenvolvimento e fundamentação do estudo, tem-se uma visão mais dinâmica do tema proposto de acordo com a óptica de diversos autores. Posteriormente será feita a análise de dados primários levantados em pesquisa de campo, com a utilização do questionário e dos depoimentos colhidos nas entrevistas, passando pelas etapas de elaboração, categorização e tabulação destes. O referido trabalho não tem a pretensão de esgotar uma discussão tão complexa, mas apenas contribuir com os estudos na área da Infância e Adolescência, em especial no que se refere ao universo das crianças trabalhadoras. 2.UM OLHAR SOBRE O TRABALHO INFANTIL NA HISTÓRIA Para iniciarmos a discussão sobre trabalho infantil é necessário definir o que é trabalho e infância. Para a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a idade da criança é definida pelas disposições legais estabelecidas em relação à idade mínima de admissão a um emprego na região, que varia se os Países são desenvolvidos ou estão em desenvolvimento. Nestes últimos e em conseqüência na América Latina, a OIT considera como criança os menores de 14 anos de idade, que é o limite inferior estabelecido para a admissão a um emprego pela maior parte dessas disposições na região. E considera como adolescente, aos menores de ambos os sexos que já cumpriram 14 anos, mas são menores de 18 anos, que é o limite inferior estabelecido por essas disposições para o emprego sem restrições determinadas pela idade do jovem. O conceito de trabalho envolve diversas diretrizes. De acordo com Marx (1999): Todo trabalho é, de um lado, dispêndio de força humana de trabalho, no sentido fisiológico, e, nessa qualidade de trabalho humano igual ou abstrato, cria o valor das mercadorias. Todo trabalho, por outro lado, é dispêndio de força humana de trabalho, sob forma especial, para um determinado fim, e, nessa qualidade de trabalho útil e concreto, produz uso-de-valor. (MARX. 1999. livro I.Vol. I p.57) Assim como os sentidos do trabalho se metamorfoseiam no decorrer da História, não é diferente com a definição de infância. Menezes (2002), expressa que as condições e circunstâncias que determinam a concepção da infância e da criança no processo histórico são adequadas às condições estruturais e conjunturais de cada sociedade e a elas sujeitos. Para o mesmo autor: A real natureza da sociedade em que se vive é que elegeu o trabalho como seu valor condicionado pela lógica do mercado de trabalho, da burocracia estatal, pela coisificação do homem e das relações em prol de um modelo de desenvolvimento político-econômico que privilegia os interesse do capital. (MENEZES, 2002. p.19) A partir do excerto acima, a contribuição de Menezes é importante para entendermos como, nessa sociedade as crianças são objetos de interesses invisíveis e também instrumentos de ampliação de uma riqueza, pois ela está sendo dominada pela disciplina do trabalho, quando lançada ao deus dará da luta pela vida, e à ela é aplicada a disciplina da burocracia pública, quando submetida ao cativeiro das instituições de tutela. (MARTINS, 1993) De acordo com Antunes (1999), o marco histórico da manifestação da categoria trabalho infantil, como problema sociológico, acontece com a chamada Revolução Industrial que emergiu da passagem de um processo de produção tradicional para outro de caráter industrial moderno, introduzindo, desta forma, outros meios e inovações técnicas. Com as mudanças tecnológicas, instala-se historicamente a sociedade do trabalho assalariado, cujo paradigma é a concentração massiva de operários assalariados. A mecanização trouxe uma nítida deterioração das condições de trabalho, extensão da jornada de trabalho e intensificação do ritmo. Recorreu-se também ao acréscimo da utilização da força de trabalho da família operária, sobretudo das mulheres, crianças e adolescentes. Hoje, o trabalho da criança e do adolescente foi pervertido em trabalho infantil, entendido como uma categoria sociológica que vem assumindo relevância social, econômica, política, cultural e teórica, sendo alvo de preocupação das organizações internacionais e nacionais. À medida que maquinaria torna a força muscular dispensável, ela se torna um meio de utilizar trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento corporal e imaturo, mas com membros de maior flexibilidade. Por isso, o trabalho de mulheres e crianças, foi a primeira palavra de ordem da aplicação capitalista da maquinaria.(Marx,1989,t.2,p.23) Neste contexto, o trabalho da criança tem suas habilidades assentadas no desemprego estrutural (que afeta o pai / mãe de família), na chamada reestruturação produtiva, no incremento da ciência e da tecnologia dos meios de produção, no mercado mundializado, na desregulamentação da legislação trabalhista, na flexibilização e na terceirização das relações de trabalho, enfim, na ‘reorganização’ do capital e na desorganização do trabalho aliada ás políticas neoliberais de cortes dos gastos sociais. O mundo do Capital impõe à criança o trabalho prematuro, a negação da infância. Nenhuma opção lhe é dada. A pobreza obriga as famílias a inserir no mercado de trabalho a força da criança. Se nos remetermos à historia, o trabalho infantil está diretamente vinculado à infância pobre e a condição econômica como fator propulsor desta situação, pois por trás destas crianças há famílias com pais desempregados e/ou desassistidos por políticas publicas.(SILVA,2002). A situação de vulnerabilidade social na qual se encontram crianças e adolescentes que têm seus direitos violados pela exploração no trabalho é, ainda, geradora de situações que podem contribuir para elevar o índice de morbidade infantil, principalmente naquelas situações de trabalho insalubre, degradante e perigoso. Nesse contexto apresentado que nasce a importância da implantação de políticas sociais que tenham como objetivo combater o quadro crescente de trabalho infantil apresentado nas últimas décadas, no Brasil. 3.POLÍTICAS SOCIAIS PARA INFÃNCIA E ADOLESCÊNCIA: UMA BREVE ABORDAGEM A questão do trabalho infantil é complexa. O problema está associado, embora não esteja restrito à pobreza, à desigualdade e à exclusão social existente no Brasil, mas outros fatores de natureza cultural, econômica e de organização social da produção respondem também pelo seu agravamento. Há, de forma regionalmente diferenciada no País, uma cultura de valorização do trabalho, que insere crianças na força de trabalho, com o objetivo de retirá-las do ócio e da possível delinqüência. Por outro lado, existem fatores vinculados a formas tradicionais e familiares de organização econômica, em especial na pequena produção agrícola, que mobilizam o trabalho infantil. Para BOBBIO(2000), o Estado de Direito pode ser caracterizado como uma estrutura formal do sistema jurídico, garantia das liberdades fundamentais com a aplicação da lei geral abstrata por parte de juízes independentes. “O Estado entendido como ordenamento político de uma comunidade primitiva fundada sobre os laços de parentesco e da formação de comunidades mais amplas derivadas da união de vários grupos familiares por razões de sobrevivência interna ( o sustento) e externas (a defesa). (...) O nascimento do Estado representa o ponto de passagem da idade primitiva, gradativamente diferenciada em selvagem e bárbara, à idade civil, onde ‘civil’ está o mesmo tempo para ‘cidadão’ e ‘civilizado’(Adam Ferguson).” (BOBBIO,1987.p.73) O Estado tem um papel importante na política social, por ser responsável pelo asseguramento das satisfações de níveis mínimos de necessidades básicas e por aplicar a lei através de seus representantes legais. É por meio das políticas públicas que são formuladas e colocada em prática a ação do Estado. Política Pública significa, portanto, ação coletiva que tem por função concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. Ou, em outros termos, os direitos declarados e garantidos nas leis só tem aplicabilidade por meio de políticas públicas correspondentes, as quais, por sua vez, operacionalizam-se mediante programas, projetos e serviços.(PEREIRA, 2002.P.223) As políticas públicas direcionadas para a criança e o adolescente no Brasil começaram a ganhar espaço desde o período Colonial, ao longo do Primeiro e Segundo Império. No Brasil Colônia (séc. XVI e XVII), os trabalhos com a criança eram realizados pela Companhia de Jesus a partir de sua proposta catequética, fazendo reuniões com órfãos para ensinar a ler e escrever e a se evangelizar. No século XVII, criou-se um novo sistema de atendimento, denominada “Roda dos Exposto”, que se preocupava com as crianças pobres, rejeitadas ou órfãos, constituindose a principal política do período Colonial. No século XIX, a questão da criança já era entendida como um problema social. Inúmeras instituições apoiadas pelo setor privado surgiram e forçaram o governo a definir políticas públicas para a infância abandonada. No século XX, houve um crescimento das entidades assistenciais, algumas ligadas á Igreja Católica, com base no ensino moral para as crianças e adolescentes órfãs, abandonadas ou delinqüentes. Cria-se instrumentos jurídicos, como o Código de Menores, como sustentáculo para instituições que surgissem a partir daquele momento. Os marcos inicias de uma política de proteção social no Brasil data a partir da década de 30, período em que ocorre a passagem do modelo agroexportador para o urbanoindustrial. Nas décadas de 30 e 40 o Estado ganha um papel de destaque na regulamentação da vida de crianças e adolescentes, além de instituições de nível internacional como a UNICEF inaugurada no Brasil em 1946. Durante toda a década de 50 e 60, o que ocorreu foi uma tentativa de implantação de políticas sociais que permitissem ás crianças o acesso aos serviços básicos. Com a criação do Ministério da Educação, em 1953, entra em vigor em 1960, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que passou a considerar os estudantes pobres objeto da assistência social, ao estabelecer que ao Estado cabia fornecer recursos à família quando fosse provada a insuficiência de meios2. A extensão da incorporação da criança e do adolescente ao mercado de trabalho está vinculada a dois fatores de atração: a informalidade e o nível salarial. Do primeiro depende a maior ou menor facilidade de ingresso de amplos contingentes de crianças sem qualificação no mercado de trabalho e, do segundo, a decisão de trabalhar, frente a outras possíveis opções. 4. AS CRIANÇAS TRABALHADORAS A pesquisa de campo foi realizada na Avenida Presidente Vargas, no centro comercial de Belém. A avenida é margeada pela Praça da República e por vários estabelecimentos comerciais, onde se encontram diversos trabalhadores exercendo atividades informal, sendo assim, não é difícil encontrar crianças que fazem parte dessa realidade. Sendo uma Avenida de caráter historicamente comercial, vale ressaltar o dinamismo e a grande efervescência dessa área, onde até meados de 2008, era possível verificar uma gama de ambulantes em suas calçadas, na qual as crianças também desenvolvem algum trabalho. Atualmente os ambulantes foram transferidos para as ruas transversais. A pesquisa foi desenvolvida com base na análise das entrevistas de 10 crianças (7 meninos e 3 meninas) na faixa etária entre 8 e 11 anos de idade, de acordo com a definição do Estatuto da Criança e do Adolescente no qual,“considera-se criança, para os efeitos 2 IPEA.Politicas Socias- acompanhamento e análises.2005.p.173 desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (ECA,1990. Art. 2o). O questionário, em anexo, aplicado às crianças constava das seguintes perguntas: Nome? Idade? Grau de escolaridade? Freqüenta a escola? Há quanto tempo trabalho e quantas horas por dia? quanta ganha por mês e o que faz com o dinheiro? onde mora? mora com a família? os pais trabalham? Gosta de trabalhar nesse tipo de trabalho? Acha que criança deve trabalhar? Faz ou fez parte de algum programa social? O programa social do qual fez parte, realmente ajudou? As crianças eram encontradas, principalmente, nos pontos de ônibus de maior movimentação. Vendiam bombons, picolés, e “cremosinho”, uma espécie de creme congelado, no qual é possível encontrar em diversos sabores, sendo um dos produtos mais vendidos entre eles. Elas, geralmente, estavam acompanhadas de alguém próximo, como pai, tio ou mãe, mas isso só foi possível verificar no momento da abordagem da pesquisa. Os acompanhantes das crianças, ou seja, os familiares que trabalhavam junto com elas, se situavam também na Avenida Presidente Vargas, ou então, subiam nos coletivos para venderem bombons, picolés, sorvetes, etc, e voltavam logo em seguida. No final da manhã ou da tarde, algumas crianças entrevistadas e seus companheiros de vendas, marcavam um lugar exato para se encontrarem e voltar para casa. O local de trabalho dessas crianças, com certeza, não é o mais apropriado. Na rua, eles lidam com inúmeras situações como roubos, falta de respeito, entre outros. São atenciosos com os fregueses e tentam se livrar de assaltos ou rede de tráfico de menores. Isso foi constatado logo no início da pesquisa, quando um dos entrevistados de nome C.FA., de 11 anos de idade, foi abordado. Algumas pessoas em volta, começaram a indagar o porque daquela entrevista, de qual instituição ela pertencia. Foi necessária uma explicação para poder continuar a entrevista. Logo depois desse episódio, perguntei a ele se temia que alguma pessoa se aproximasse dele com interesse em levá-lo a alguma rede de tráfico, ele respondeu que tinha medo de ser enganado por alguém, porque já conhecia casos parecidos. Por isso me disse que conhecia inúmeras pessoas na Avenida Presidente Vargas e, quando seu tio não estava por perto, essas pessoas ficavam observando-o. A maioria dos entrevistados não deixou, em nenhum momento, transparecer muita responsabilidade com os problemas de casa. Entretanto, quando perguntados do motivo pelo qual estavam trabalhando tão cedo, ao invés de estarem na escola, elas tinham a mesma resposta: precisavam trabalhar para comprar o que desejavam, que era de escolha própria, pois observavam a necessidade da família e achavam melhor trabalhar para garantir seus estudos. Eu comecei a trabalhar porque eu preciso me sustentar com roupa e material escolar,sabe como é. Aí, eu vi que tinha que ajudar meus pais. Eu mesmo quis trabalhar, ninguém me forçou a nada. De manhã eu trabalho e de tarde vou pra aula. Isso em atrapalhas ás vezes, mas eu tenho que trabalhar. (A.M.P..,10 anos,Belém.) De acordo com MENEZES (2002), isso é o que podemos chamar de predominância do material sobre o social. O material se torna mais importante sobre a aquisição de educação. O que predomina, na visão dessas crianças, é a satisfação e a necessidade de bens que elas, sabem, que se não trabalharem, provavelmente os pais não vão poder lhes oferecer. A pobreza, a baixa escolaridade dos pais, o tamanho e a estrutura da família, o sexo do chefe, idade em que os pais começam a trabalhar, local de residência, entre outros, são os fatores determinantes mais analisados e importantes para explicar a alocação do tempo da criança para o trabalho3. Vários estudos mostram que o aumento da renda familiar reduz a probabilidade de a criança trabalhar e aumenta a de ela estudar. ( Kassouf, 2002). Pesquisar o universo das crianças trabalhadoras, com certeza não é algo fácil de realizar. A inúmera dificuldade que se tem em conseguir um número maior de informação possível esbarra na resistência de fornecer dados que, para elas talvez possa comprometêlas. A realidade das ruas faz com que essas crianças criem seu próprio meio de proteção. O ganho nem sempre supre o mínimo das coisas que eles ou elas necessitam. A situação dos pais ou tios, no caso daqueles que não tem mais pai nem mãe, é o passo inicial para que as crianças tomem a decisão de trabalhar. Nesse caso, concluímos que a questão da responsabilidade com a família e com si mesmo, recai muito cedo nesses crianças que vêem o trabalho como algo duro e, as vezes, para se descontrair, tentam encontrar alguma coisa divertida nessa rotina que os aflige. 5.CONCLUSÃO O trabalho infantil impede que a criança tenha um desenvolvimento harmonioso, pois existe um amadurecimento precoce. Se a criança não vai à escola na época certa, terá dificuldades de recuperar o que não foi assimilado. O cansaço toma conta e não há disposição para freqüentar a escola. As crianças e adolescentes expostos ao trabalho são 3 KASSOUF,A.C.Trabalho Infantil. In: MENEZES, Naercio; LISBOA, Marcos. Microeconomia e Sociedade no Brasil. Ed. Contacapa e Fundação Getúlio Vragas,2001. oriundos de famílias pobres, muitas vezes sem condições de prover uma alimentação diversificada e adequada ao seu desenvolvimento físico. A existência de trabalho infantil é o resultado da ausência de várias políticas públicas que se arrastaram por décadas nesse País. Assim, falharam as políticas de educação, saúde, trabalho e geração e distribuição de renda, segurança e assistência social, planejamento familiar, etc. Na verdade é a falência de todas ela. O primeiro grande problema surge com o uso do indicador clássico –trabalho- para as crianças. Existe uma grande diferença, condicionada pela síndrome de valores sociais, entre o que significa trabalho para o adulto e para a criança. Um mesmo tipo de atividade, quando realizada por um adulto, pode ser considerado como trabalho, enquanto no caso de uma criança, existe uma predisposição em considerá-lo como “ajuda”. Dessa forma, o presente trabalho contribuiu para demonstrar até que ponto as políticas sociais implementadas pela esfera governamental, especificamente a Federal, atinge as famílias mais necessitada e o que essas políticas representam para essas mesmas famílias. Assim, o conjunto de ações que buscam coibir e, portanto, sendo uma tentativa de erradicar o trabalho infantil no Brasil, ainda necessita de grande investimento. Portanto, as atuais e futuras políticas sociais que visam combater e erradicar o trabalho infantil e suas piores formas devem analisar minuciosamente as características sócioeconômica e peculiares de cada criança envolvida nesse tipo de trabalho. Finalmente, a partir desse trabalho, foi possível compreender a forma que os programas sociais contribuem para a diminuição do trabalho infantil. A rotina da criança envolvida nestes tipos de Programas,sofre uma transformação significativa, quando ela é excluída desse processo social. O tempo de estudo e diversão é tomado por trabalho e responsabilidade financeira, perante a família. A fase de desenvolvimento da criança é esquecida pela sociedade que a explora. Sem dúvida, fato que acarreta inúmeras conseqüências negativas, como foi exposto no decorrer deste trabalho, para as crianças trabalhadoras e para toda a sociedade. 6.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do Trabalho: Ensaios sobre a afirmação e a negação do trabalho. 4 ed. SP. Cortez. Bomtempo,1999. ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2a Ed Rio de Janeiro. Ed.: Guanabara., 1981. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 1991. COSTA.Antonio Carlos Gomes da. Infância e Juventude no Brasil. In.: Brasil criança urgente: a lei. Vol.3 Columbus,SP,1990. Col. Pedagogia Social. MARTINS,José de Souza(org.). Massacre dos inocentes: a criança sem infância no Brasil. 2 ed. SP.Hucitec,1993. MARX, K. 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