PADM – Plano de Ação para Apoio aos Deficientes Militares Apresentação Sumária 1. Fundamentação O DL n.º 43/76 reconheceu o direito à reparação material e moral que assiste aos deficientes das Forças Armadas (DFA) e instituiu um conjunto de medidas e meios para assegurar a sua reabilitação e a sua plena integração na sociedade. Ao longo dos anos esses apoios foram limitadamente implementados, no seu âmbito, cobertura e adequação às necessidades. A Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) tem o longo dos anos reiteradamente alertado as entidades competentes para a necessidade de conceção de medidas integradas de apoio aos deficientes militares. Esta questão assume particular pertinência face ao agravamento das situações decorrentes do progressivo envelhecimento em que se encontram as pessoas referidas. O atual Governo tem demonstrado uma abertura excecional para a resolução dos problemas em causa, tendo vindo a articular, através do Ministério da Defesa Nacional, com a ADFA em torno da reorganização do modo como têm sido prestados os apoios de reabilitação e assistência aos deficientes militares. Esse trabalho de reorganização do modelo de apoio e assistência foi desenvolvido com a mobilização do conhecimento e expertise do diretor do CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia. Na sequência desse trabalho foi elaborado o PADM – Plano de Ação para Apoio aos Deficientes Militares, o qual objetiva, designadamente em matérias de reabilitação e assistência, o acervo de direitos consagrado no referido decreto, enquanto corolário do reconhecimento da Nação a todos os que por ela se sacrificaram. 1. Objetivo do PADM O PADM tem como objetivo promover a saúde, a qualidade de vida, a autonomia e o envelhecimento bem-sucedido dos deficientes militares, particularmente dos grandes deficientes, prevenindo a precariedade, o isolamento e a exclusão. CRPG - Centro de Reabilitação Profissional de Gaia PADM – Plano de Ação para Apoio aos Deficientes Militares 2. Eixos de intervenção e dinâmicas de apoio O PADM está estruturado em torno de três grandes eixos de intervenção: Funcionalidade e bem-estar físico Disponibilização dos produtos de apoios de que necessitam os deficientes militares num contexto de serviço de reabilitação, integrando a definição e prescrição dos produtos adequados, o acompanhamento e monitorização técnica do seu fornecimento, bem como a preparação e treino de utilização adequados; Acompanhamento na resolução dos problemas que possam encontrar no acesso aos produtos de apoio de que necessitam, esclarecendo e apoiando a resolução dos mesmos; Sinalização e acompanhamento das situações de manifesta afetação do estado de saúde, apoiando na orientação da resolução das mesmas, mobilizando as estruturas de saúde quando necessário por limitação ou incapacidade dos próprios ou dos seus cuidadores. Bem-estar psicossocial Apoio aos deficientes militares afetados pelo stresse de guerra, nas diferentes fases que esse apoio deve conter; Apoio psicológico em situações em que tal seja pertinente e acompanhamento e encaminhamento das mesmas para intervenções complementares quando necessário; Apoio em situações de afetação na estrutura de apoio e funcionamento familiar, ou de precaridade em termos de condições de vida, articulando com as respostas e estruturas disponíveis para o efeito; Apoio a cuidadores, familiares e/ou significativos, quando se manifeste pertinente, e intervenção de acompanhamento e monitorização das situações desafiantes que se lhes coloquem; Ativação para a participação nas estruturas e dinâmicas das comunidades de vida em que se inserem, gerando atitudes e perceções positivas de si mesmos e de pertença a essas comunidades. Apoio em situações de reduzida autonomia ou de dependência Sinalização atempada e acompanhamento dessas situações, particularmente quando não esteja disponível apoio por parte da estrutura familiar, prevenindo o abandono e a solidão; Apoio a familiares e cuidadores no esclarecimento e enquadramento de situações desafiantes para eles em termos de cuidados e de relação; Mobilização de apoio domiciliário ou de apoio residencial assistido, quando pertinente e possível, acompanhando a prestação desses apoios. CRPG - Centro de Reabilitação Profissional de Gaia 2 PADM – Plano de Ação para Apoio aos Deficientes Militares 3. Modelo de intervenção A prestação do apoio previsto integra várias estratégias num regime de complementaridade: Prestação de serviços combinando: o Serviços face-a-face: funcionalidade e produtos de apoio, saúde, apoio psicossocial e apoio nas situações de dependência: Em contexto de serviços de reabilitação, de assistência e de saúde Nos contextos de vida dos deficientes militares, quando necessário o Serviços à distância, através de linha telefónica (a funcionar no Balcão Único da Defesa Nacional), disponível para ouvir e apoiar os deficientes militares, informando-os e orientando-os relativamente ao tratamento dos problemas que experienciem, encaminhando-os para a equipa técnica de apoio quando pertinente. Articulação com as estruturas de apoio existentes nas Forças Armadas e outras da comunidade. Articulação estreita com as Delegações da ADFA que se estendem pelo território nacional. Seguimento das situações numa abordagem de gestão de casos, assegurando uma monitorização das situações, de acordo com os perfis de risco. 4. Âmbito territorial O PADM abrange os deficientes militares de todo o território nacional, baseado no seguinte dispositivo de apoio: Numa primeira fase, sediado em dois polos – Lisboa e Porto o A partir dos quais se assegura resposta a todos os deficientes militares do país. o Com recurso à mobilidade dos técnicos Posteriormente, será analisada a eventual necessidade de criação de novo(s) polo(s). 5. Organismos e entidades parceiras A implementação do Plano envolve e mobiliza todas as entidades que de algum modo estão envolvidas no apoio aos deficientes militares: Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional – entidade de tutela e coordenação do PADM Estado-Maior General das Forças Armadas/ Hospital das Forças Armadas Ramos das Forças Armadas CRPG - Centro de Reabilitação Profissional de Gaia 3 PADM – Plano de Ação para Apoio aos Deficientes Militares Instituto de Ação Social das Forças Armadas CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia Associação dos Deficientes das Forças Armadas Cruz Vermelha Portuguesa/Lar Militar 6. Dinâmicas de responsabilidade Considerando o conhecimento e expertise do CRPG, a coordenação da implementação do PADM é atribuída ao Centro, sendo nesse âmbito responsável por: Estabelecer as linhas orientadoras do modelo de apoio e assistência, em termos técnico-científicos e metodológicos, bem como os instrumentos técnicos de referência a utilizar; Assegurar a formação inicial e contínua e o enquadramento da equipa técnica, seja na componente que está sob a ação direta da coordenação, seja na componente mais alargada, envolvendo também os profissionais de interface das entidades militares envolvidas na prestação dos apoios previstos; Definir a estrutura de responsabilidades dos profissionais sob sua coordenação direta, organizar o seu trabalho e supervisionar a sua intervenção; Assegurar a ligação da equipa do PADM às instâncias de direção das entidades envolvidas, no âmbito do reporte instituído ou incidental; Contratualizar a aquisição dos bens serviços suplementares necessários - não disponíveis nas dinâmicas de funcionamento já existentes e da responsabilidade das entidades intervenientes – assumindo os respetivos encargos, no quadro do orçamento específico da coordenação; Assegurar a monitorização da qualidade dos serviços prestados pela equipa técnica sob sua responsabilidade, avaliando também periodicamente a satisfação dos deficientes militares apoiados; Assegurar o reporte periódico de monitorização previsto e a elaboração do relatório anual de atividades; Promover uma continuada pesquisa de possíveis aperfeiçoamentos no modelo e estratégia de prestação dos apoios, introduzindo-as no dispositivo de serviço, quando de natureza técnico-operacional, ou elaborando as propostas de inovação à entidade responsável pelo PADM/DGRDN. 7. Monitorização e avaliação A monitorização e avaliação da implementação do PADM, da responsabilidade da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, ocorrerão no âmbito do Conselho Consultivo para os Assuntos dos Deficientes das Forças Armadas, no qual têm assento as entidades envolvidas no apoio aos deficientes militares. CRPG - Centro de Reabilitação Profissional de Gaia 4