FUNGOS: UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL SOBRE OS AGENTES CAUSADORES DE PROBLEMAS AOS PRODUTOS TÊXTEIS Júlia Carla de Queiroz1, Veronica Rodrigues de Mendonça2, Ammanda Adhemer Albuquerque Bandeira3, Etienne Amorim Albino da Silva4 Universidade Federal Rural de Pernambuco Introdução Os fungos apresentam uma série de características que os transformam em microorganismos indispensáveis ao ecossistema, estando presentes na vida de cada um de nós. Esses microorganismos podem ser encontrados nos mais diversos ambientes e sobre, praticamente todos os substratos, desde que haja disponibilidade de nutrientes bem como condições favoráveis à sua sobrevivência (PUTZKE, J.; et al.; 2002). Diversos produtos têxteis podem ser atacados por fungos. Estes surgem através de seus esporos que estão sempre flutuando no ar (principal via de dispersão). Escolhem locais secos, úmidos, escuros e pouco arejados para se reproduzir. Por isso, nota-se um grande aparecimento de mofo (um tipo de fungo) em armários, guarda-roupas, gavetas entre outros lugares. Este aparecimento quando atinge o vestuário se desenvolve geralmente em fibras naturais por ter grande concentração de celulose em sua composição. O ataque fúngico em tecidos pode resultar em odores, manchas, descoloração, perda da flexibilidade e resistência. O algodão é composto por quase 100% de celulose, por isso, torna-se um meio bastante atrativo para a proliferação de fungos. Pois eles encontram no algodão, os substratos necessários a sua sobrevivência. Os gêneros Aspergillus, Chaetomium, Cladosporium e Humicola são os mais freqüentemente encontrados decompondo tecidos de algodão (PUTZKE, J.; et al; 2002). Outro tipo de tecido que é comumente atacado por fungos é o linho, que também contém celulose e seu ataque deve-se ao fato de que muitas pessoas utilizam 1 Aluna da Graduação do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. Aluna da Graduação do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. Aluna da Graduação do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. 4 Professora da Faculdade SENAC Pernambuco, do Departamento de Ciências Domésticas da UFRPE e da Faculdade Boa Viagem. Email: [email protected]. 2 3 goma, que pode ser de origem sintética ou vegetal, na última etapa do processo de lavagem. Sendo utilizada a goma de origem vegetal, a probabilidade do tecido sofrer o ataque fúngico chega até 100%. Pelo fato de que geralmente, após seu uso as roupas são armazenadas em ambiente escuro com umidade relativa do ar, seco e pouco arejado. Estes são os principais fatores que condicionam os fungos a degradarem os tecidos. Por observarmos o número crescente de mofo em ambientes domésticos e principalmente em produtos têxteis de origem natural, este trabalho tem como objetivo apresentar algumas medidas que visem contribuir com a população de forma preventiva e educativa para a conservação adequada dos produtos têxteis. Enquanto que especificamente, buscamos informar como diminuir a proliferação e degradação dos tecidos causados por fungos em diferentes ambientes. Metodologia A metodologia utilizada para a construção deste trabalho foi baseada em pesquisas experimentais e bibliográficas acerca do tema ‘Fungos: uma análise experimental sobre os agentes causadores de problemas aos produtos têxteis’. Utilizamos livros, revistas e Internet para elaboração da fundamentação teórica. Em seguida, partimos para produção do experimento que foi observado durante um período de trinta dias, ou seja, produzimos o crescimento dos fungos para verificar as suas reais condições de proliferação. Esta observação aconteceu em quatro ambientes diferentes e com a utilização de quatro amostras do mesmo tecido (algodão - morim). Os ensaios foram acondicionados em: 1° Forno 2° Armário 3° Gaveta 4° Guarda-roupa A partir das amostras dos tecidos com o crescimento dos fungos, partiremos para segunda etapa desta pesquisa; a análise laboratorial para identificar a partir dos gêneros citados anteriormente qual espécie de fungo seria mais freqüente no ataque aos produtos têxteis de fibras naturais em diferentes ambientes. Resultados Através das pesquisas bibliográficas realizadas observou-se que os fungos são microorganismos que podem ser encontrados em diversos ambientes, onde haja disponibilidade de nutrientes. Além do fator fisiológico mencionado acima, existe o fator morfológico. Pois para que ocorra a reprodução dos fungos é necessário que eles se encontrem em local adequado (seco, escuro, úmido e pouco arejado) (ESPOSITO, E; et al; 2004). Fazendo uma análise entre os quatros experimentos o crescimento fúngico foi mais rápido dentro do forno, por considerarmos que foi o ambiente mais propício para o seu desenvolvimento por ser seco, escuro, quente e ainda possuir resíduos alimentares. No guarda-roupa, o tecido enrijeceu e não houve aparecimento de fungos, mas após vinte e dois dias do início do experimento, surgiram os primeiros focos de fungos. Os outros dois ambientes; a gaveta e o armário, como estavam higienizados com o procedimento correto a proliferação do fungo não aconteceu. Levando em consideração o clima tropical de nosso país, e em especial o nordeste os fungos possuem a capacidade de se reproduzirem com mais facilidade principalmente quando o local não possui uma higienização adequada. Não esquecendo que estes também são encontrados em regiões mais frias, como o Sul e o Sudeste. Observando e enfatizando o fato que não estamos livres dos ataques fúngicos, algumas medidas podem ser tomadas para evitar o aparecimento destes microorganismos aos produtos têxteis: - Remover imediatamente a mancha contida na roupa, pois não devemos guardá-la com manchas para que não sirva de meio propício à proliferação dos fungos ou outros microorganismos. - Lavar as roupas corretamente passando por todos os processos de lavagem. - Armazenar sempre roupas limpas e secas em um único local. - Não guardar roupas úmidas e sujas. - Retirar à noite todas as peças do vestuário do guarda-roupa e colocar em uma vasilha um pouco de vinagre; Ao amanhecer pegue um pano limpo e seco e umedeça com vinagre passando em todos os lados do guarda-roupa. - Manter gavetas, armários e guarda-roupas sempre limpos e secos. - Permitir que o ar circule por esses locais, pois irá ajudar a barrar a proliferação. - Evitar colocar gomas em roupas que vão ficar guardadas por muito tempo, pois se a goma for de origem vegetal a celulose contida na mesma irá atrair os fungos. Considerações Finais Enfim, se os armários, gavetas e guarda-roupas forem mantidos limpos, bem arejados e sem umidade, e seus produtos têxteis forem passados corretamente em todas as etapas dos processos de lavagem, removendo todas as sujidades e as manchas oriundas do nosso cotidiano, as possibilidades de encontrar roupas atacadas pela ação dos fungos serão as mínimas possíveis. Pois verificamos em nossos experimentos que a sua proliferação não acontece de forma rápida e simples quando o ambiente está em boas condições de uso e higienização. Agradecimentos Agradecemos a colaboração da nossa orientadora pelo interesse e dedicação ao tema de nossa pesquisa. E pelo incentivo para a publicação deste artigo. Referências PUTZKE, J.; PUTZKE, M. T. L.; 2002. Os reinos dos fungos. Santa Cruz do sul: EDUNISC. 829 p. V. 2. ESPOSITO, E.; AZEVEDO, J. L.; 2004. Fungos: uma introdução à biologia, bioquímica e biotecnologia. Caxias do Sul: Educs. TABORDA, C.; [Online]. Mofo. Disponível www.unilever.com.br/ourbrandsaroundthehouse/mais_artigos/aprenda_mofo.asp. Acesso em: 15/set. 2008. Anexo em: Figura 1. Clitopillus hobsonii (cogumelos Agaricales – Basidiomycota) atacando tecido de algodão. In:( PUTZKE, 2002).