re vista deforma
r ev ista d eforma
2
3
re vista deforma
r ev ista d eforma
4
5
6
Perfil
Isa Todt, por Deforma.
082
088
094
100
Entrevista
Luis Melo, por Deforma.
10 6
Referências da Referência
Dado Queiroz, por ele mesmo.
1 10
Sound Design
Paisagens Sonoras, por Vadeco Schettini.
Portfólio
Ventizeronove, por ele mesmo.
Mercado
A poesia do design e o mercado, por FURF.
Design Digital
Arte digital, por Ale Mazzarolo.
HQ
As aventuras do homem comum,
por João Carvalho.
Matérias Traduzidas
r ev ista d eforma
0 14
024
Design Social
(uma crítica), por Alexandre Linhares.
Í N DI C E
008
0 44
StreetArt
#StreetArtRio, um catálogo vivo e diário
das ruas do Rio de Janeiro, por Deforma.
Portfólio
Fetiche, por ela mesma.
112
BANANA MILANESA
Rua Conselheiro Dantas, 484
Rebouças - Curitiba – PR - Brasil
CEP 80.220.190
Tel. 3039 3344
www.bananamilanesa.com/deforma
facebook.com/bananamilanesa
Comportamento
O Ministério da Saúde adverte,
por Paulo Peruzzo.
Mosaico
A cultura crescente do consumismo
no Irã, por Thomas Cristofolleti.
1 14
re vista deforma
TIRAGEM
1.500 revistas
Arte & Design
Artedesignartedesignartedesign,
por Lívia Fontana.
1 15
PAPÉIS UTILIZADOS
Capa - Couchê fosco 300g
Miolo - Couchê fosco 150g e Pólen 90g
Lifestyle
Tipos de quatro, por Criatipos.
0 78
A Revista Deforma foi feita, orgulhosamente e com muito
amor e vontade, na nossa Curitiba.
FONTES UTILIZADAS NA EDIÇÃO
Accura Sans - fornecida por
Eduilson Coan e dooType;
AUdimat
Moda & Branding
Moschino by Moschin,
por Gabriele Moschin.
Deforma Mostra Design,
por ela mesma.
056
A Revista Deforma é uma publicação
independente da Associação Cultural
Banana Milanesa.
050
IMPRESSÃO
Midiograf
052
RESPONSÁVEL ADMINISTRATIVO
Bruna Pratis
Gestão de Design
Quem emprega quem?, por DUCO.
062
RESPONSÁVEL COMERCIAL
Daniel Sponholz
Arte
A potência da falsificação de
obras de arte, por Marlon Anjos.
0 64
CAPA
Henrique Catenacci
A edição de conteúdo da revista é afetiva, assim como
sempre foi a curadoria da Mostra. A Deforma se afasta
do julgamento e da pretensão de definir qualquer coisa.
A Deforma é veículo de cultura, e como um veículo, quer
apenas levar, conduzir, contar, deliciar.
Esperamos que inspire.
Equipe Banana Milanesa.
MatériaEspecial
PROJETO GRÁFICO E DESIGNER
RESPONSÁVEL
Diego Carneiro
0 66
A Associação Cultural Banana Milanesa nasceu pela
Deforma Mostra Design. Ela foi criada justamente
para dar vida à exposição, mas não pode se afastar de
seu objetivo original: ser uma veia cultural e promover
iniciativas pela arte e pelo design. Com “iniciativas” no
plural, ficou claro: precisávamos de um novo produto,
um novo jeito de tentar cumprir com a nossa vontade –
convicta - de dar mais um lugar para a arte e o design na
cidade de Curitiba. É por isso que você tem em mãos a
edição piloto da Revista Deforma.
Entrevista
Marcel Bely, por Deforma.
PROJETO EDITORIAL E JORNALISTA
RESPONSÁVEL
Ana Flávia Bassetti
0 70
Foram dois anos de Deforma Mostra Design. A exposição
serviu de vitrine para novos e não tão novos talentos,
conseguiu aproximar o público do design e da arte, criou
espaço, promoveu encontros, desenvolveu cultura.
Rápidas
A Moda Imita a Vida e Desfiacoco.
0 74
E d i t o r i a l
CONSELHO EDITORIAL
Raffaella Bonanni
Anna Carolina Catenacci Chesi
Paulo Peruzzo
Colaboradores
0 12
PUBLISHER e DIREÇÃO CRIATIVA
Henrique Catenacci
7
C o l a b o r a d o r e s
é uma consultoria
de gestão de design que combina
áreas distintas: pesquisa, gestão
de design e políticas públicas. Tem
como objetivo auxiliar clientes na
maneira mais eficiente de utilizar o
design para maximizar os benefícios
econômicos e sociais que esta
atividade pode oferecer. Equipamos
e orientamos nossos clientes do
setor público e privado com base
em pesquisas, dados objetivos
e experiência profissional para
auxilia-los em tomada de decisão
quanto ao uso e aplicação de design.
re vista deforma
VENT I ZE R O N O V E,
8
estúdio de design gráfico milanês fundado por
Sonia Mion e Nicola Iannibello, em 2009, trabalha
principalmente com identidades coorporativas,
editoria, packaging e branding. A força do estúdio está
em conseguir caminhar por vários campos do design
para desenvolver um trabalho criativo do início ao fim,
introduzindo também elementos de ilustração, um
hobby dos sócios, que desenvolvem há três anos a
revista de ilustração Nurant. A sede do Ventizeronove
fica em uma construção onde funcionava, no passado,
uma antiga fiação, e que hoje é um pouco estúdio,
um pouco ponto de encontro. O espírito principal é
exatamente esse: estar sempre cercado de pessoas
e profissionais específicos, que contribuem para o
trabalho do estúdio.
JOÃOcarvalho
João Carvalho é Ilustrador e Desenvolvedor
Web. Tem barba grande, mas não bebe
tanto quanto a barba representa. Em
2010 não tinha muito o que fazer, criou o
“Semteroquefazer”. Desde então, ter o que
fazer nunca foi problema. Para conhecer e
acompanhar melhor seu trabalho acesse:
http://fb.com/semteroquefazer
PauloP e r u z z o
Com a ideia de
transpor uma
estética gráfica e
digital para quadros
e objetos que
pudessem decorar
e ao mesmo tempo
dialogassem com a
arte, surgiu o Studio
A.75. O designer Ale
Mazzarolo, trouxe
para os quadros,
painéis e luminárias
em neon todas
suas influências
cotidianas. Moda,
música, cinema e
arquitetura fazem
parte das suas
inspirações.
F E TI C H E d e s i g n
Quando os designers Carolina Armellini e Paulo Biacchi criaram, em 2008, o estúdio
Fetiche Design, almejavam ter autonomia no desenvolvimento de suas peças, criar e
produzir com liberdade. O conceito de fetiche é intrínseco aos produtos que o estúdio
desenvolve. A definição do que é fetiche do próprio dicionário é algo que inspira muito a
dupla: “fetiche sm. Objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido pela
natureza, ao qual se atribui poder sobrenatural e se presta culto”. Os designers buscam
referências e significados além do formal e funcional para as peças. Com divulgações em
renomadas revistas do setor, suas criações têm se destacado no Brasil e no exterior.
r ev ista d eforma
DUCO
O Criatipos surgiu de uma
idéia entre amigos designers
apaixonados por tipografia e
letterings ilustrados. Buscamos
novos desafios e projetos
bacanas de diferentes formatos
e acabamentos. Valorizamos o
trabalho em equipe somando
a especialidade de cada um,
aprendendo um com o outro,
resgatando processos artesanais
e, claro, se divertindo!
Ale Mazzarolo
C RIA TI P OS
D a d o Q E IROZ
Thomas Cristofoletti é um fotojornalista
freelance italiano que vive atualmente em
Phnom Penh, no Camboja. É cofundador
do Ruom (www.ruom.net), grupo de
jornalistas que se especializou em
reportagens sociais pelo sudeste da Ásia.
Nos últimos quatro anos, Cristofoletti trabalhou em vários projetos
humanitários de vídeo e fotografia no Sudeste Asiático e na Europa,
colaborando com ONGs e grandes veículos de comunicação. Suas
fotografias têm sido apresentadas em revistas internacionais e
jornais como o The New York Times, Al Jazeera, The Guardian, Le
Monde, Vice, The Financial Times, The Global Post, The South East
Asia Globe e Afisha Mir Travel Magazine.
Nascido em Curitiba em 1980,
Dado formou-se designer
gráfico pela UP. Após alguns
anos trabalhando em São
Paulo, em 2011 mudouse para Amsterdã, onde
mora atualmente. É mais
conhecido por seu trabalho
com letterings e volumes,
que foi publicado em diversos
livros e revistas, além de lhe
render convite para palestrar
no Type Directors Club de
Nova York este ano.
Thomas
Cristofoletti
C o l a b o ra d o res
Paulo Peruzzo é um pouco de tudo.
Talvez artista seja uma forma coerente
e simpática de dizer que, antes dele ser
reconhecido como designer, flertou com
a produção de fotografia, cenografia e
montagem de showroom. Proprietário
do UZZO Escritório de Arte, coleciona
projetos de interiores com identidade
marcante. Paulo também é curador da
Deforma Mostra Design.
9
Na Heroína - Alexandre Linhares produzimos roupa. Acreditamos na roupa como
suporte e bandeira de uma expressão genuína, tão legítima quando a expressão
presente numa tela ou numa letra de música. Nosso processo é todo pautado na
consciência da coexistência e descondicionamento mental, propondo em cada lote de
peças, um novo tópico para reflexão e questionamento. Acreditamos que tudo que a
moda e sua indústria fazem se resume em “condicionar”. Na coleção atual “todas as
árvores são lindas” estamos trabalhando, em sua maioria, com resíduos da indústria
têxtil, suprindo uma das nossas maiores preocupações – a origem do tecido. “todas as
árvores são lindas” reflete ainda o contrário da destruição do todo apenas em busca
do lucro, desesperadamente, e colocando o peso de que uma vida vale uma vida, uma
árvore é uma árvore e tudo que tem vida, deve ser imune de corte.
Gabriele
M o s ch i n
10
r ev ista d eforma
fotografia e
retratos a óleo.
Suas produções
incluem gravuras,
imperfeições.
e a beleza nas
da arquitetura
inesperados
do universo
onírico, os cortes
do cotidiano,
pensamentos
Livia Fontana
tem como
da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” - Campus
São Paulo, na linha de pesquisa:
Processo e Procedimentos
Artísticos. Especialização em
Antropologia Cultural na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná,
interrompida ano, 2013. Possui
graduação Superior em Pintura
- Escola de Música e Belas Artes
ano, 2011. Experiência na área de educação e atuou - 2012 à 2013 - como
professor de artes anos finais do SEED, Secretária de Estado da Educação,
e como professor SESI EJA ensino jovens e adultos. Possui experiência em
exposições culturais. Mantém produção artística consistente em território
nacional, tendo obras em diversas instituições e museus brasileiros, desta
os seguintes; MACPR, MACSL e MACGO.
inspirações cenas
re vista deforma
M A R L O N A N J OS
Premiada internacionalmente, a curitibana
Furf Design Studio foi fundada em 2011
por Rodrigo Brenner e Mauricio Noronha.
A marca é reconhecida por criar projetos
atemporais que seduzem o olhar,
recebendo frequentemente convites para
expor em renomadas mostras pelo mundo,
como na Semana de Design de Milão. Os
produtos da dupla já foram publicados em
diversas mídias em mais de dez países. A
Furf acredita que produtos não são apenas
objetos, eles podem carregar histórias,
poesia e romantismo.
Lívia Fontana
Mestrando do programa de PósGraduação na área de Arte Visuais
FURF
em Curitiba,
Músico, produtor musical e produtor cultural, Vadeco
Schettini tem a versatilidade como uma de suas principais
características. Aos 18 anos de carreira já tinha quatro CDs
gravados e produção de 25 discos de diferentes artistas.
Assinou a trilha sonora e a sonoplastia de três longas, 30
curtas e de mais de 50 espetáculos teatrais e 10 de dança.
Fez trilhas e sound design para mais de 10 seriados de
televisão. Atualmente, ele compõe músicas sob encomenda
e comanda o Astrolábio Estúdio e o Noeltan Movies, na Itália.
Artista nascida
VAD E C O
Redator e planejador
estratégico, começou com
comunicação na área médica
na Sudler&Hennessey e
depois passou a trabalhar
com packaging e comunicação
BTL na Artefice Group. Atuou
como brand management
para Carrefour Itália e
começou a trabalhar com
moda na Attila&Co. Na M&C
Saatchi trabalhou com a Sky
Itália, supervisionando a
comunicação retail da marca no
país. No meio tempo, passa a
lecionar na Università Cattolica
del Sacro Cuore, no IED (Istituto
Europeo de Design) e no
Master Polimoda di Firenze,
ensinando planning, branding
e comunicação de moda. Vive
entre Milão e Florença.
C o l a b o ra d o res
H E RO Í N A - AL E X A N DR E LI N H AR E S
11
rreevvista
ista ddeforma
eforma
O que determina o sucesso da marca? O que
faz as pessoas se identificarem com ela? Para
André Carvalhal, gestor de Marketing e Conteúdo
da Farm, branding e marketing têm a ver com
autoconhecimento.
O autor compara
a trajetória de uma marca com a vida das pessoas,
onde há evolução, crescimento, aprendizado, erros
e aperfeiçoamento. “A moda imita a vida” trata de
comportamento, construção de percepção,
identidade, imagem e posicionamento para marcas
de moda. A obra é enriquecida com entrevistas de
alguns dos principais profissionais do mercado e
grandes criadores como Oskar Metsavaht, Ronaldo
Fraga e Isabela Capeto, além de histórias de grifes
como Daslu, Osklen, Farm e Adidas. O projeto gráfico
foi assinado pelo designer Luiz Wachelke. Publicado
pela Estação das Letras e Cores em parceria com a
Editora Senac Rio de Janeiro, este é o primeiro livro
brasileiro sobre construção de marca de moda, com
foco em nomes nacionais.
12
CABIDEIRO CLIPS
É UM DOS NOVOS
PRODUTOS DA
DESFIACOCO
Criado pelo designer Gustavo
Engelhardt, o cabideiro Clips
é, sem dúvida, uma peça
de design que contempla
simplicidade, funcionalidade,
criatividade e preocupação
ecológica. De uma brincadeira
semiótica com signos tão
comuns no nosso dia-a-dia, o
cabideiro Clips recria a pequena
peça de juntar papéis, com
uma nova forma e função, que
é protagonista em qualquer
ambiente. É produzido com
apenas um tipo de material,
e a tinta utilizada não contém
solventes nocivos ao meio
ambiente. Sendo transportado
desmontado em uma
embalagem que reduz em até
90% o seu volume, comparado
ao produto montado, acaba
minimizando os custos
logísticos e o consequente
consumo de recursos naturais.
Sua montagem é muito
simples, rápida e intuitiva, não
precisando da utilização de
ferramentas ou parafusos.
www.desfiacoco.com
r ev ista d eforma
“A M ODA IM ITA A V IDA
Como co n s t r u i r u ma
marca d e m o d a ”,
de André Ca r v a l h a l .
R á pi d a s
R Á P IDAS
13
14
14
E n t revi st a - Ma r c el Bel y
Por Ana F lá via Ba ssetti
Ele começou a trabalhar como
social media no “segundo
melhor emprego do mundo”
da Trident, sendo escolhido
entre 20 mil candidatos.
De
pre
fei
tu
ra
de
Cu
ri
ti
ba
à
Pre
fs,
es
sa
que
ri
da.
Com apenas 26 anos e algumas
tatuagens, Marcel está entre
os oito profissionais que são
referência no mercado, segundo
pesquisa nacional realizada pela
trampos.com. Hoje ele faz parte
da equipe de redes sociais da
Prefeitura de Curitiba, ou Prefs,
como é carinhosamente chamada
pelos seus seguidores.
E pra quem acha a Prefs descolada
e divertida, precisa conhecer
o Marcel Bely. Apaixonado por
capivaras e conectado quase 24
horas por dia, Marcel faz parte da
equipe que conseguiu transformar
uma página de órgão público
em um case de sucesso. A Prefs
pegou o cidadão curitibano pela
mão e o trouxe para dentro da
Prefeitura, com muito bom humor.
r ev ista d eforma
re vista deforma
M a r c e l
B e l y
15
re vista deforma
Deforma: Marcel, você está no
projeto das Redes Sociais de
Curitiba desde o começo?
16
Marcel Bely: Sim, desde o início.
Quando o Marcos Giovanella
teve que formar uma equipe,
ele chamou pessoas que ele já
conhecia do próprio mercado.
Éramos eu, ele e a Taís Russo
Pinto. Já no começo, a gente
acabou ganhando de presente
o Claudinho Castro, o anão
da dança do quadrado, que
é uma figura. Ele estava na
rádio, mas queria trabalhar
com redes sociais, e veio pra
cá. Inicialmente eu cuidava de
todas as redes, a Taís já fazia
parte de projetos especiais,
então entrou já para se envolver
com a Copa do Mundo, o
Claudinho fazia o meio de
campo entre as secretarias e o
Marcos gerenciava.
M.B.: Demandas via
redes sociais. Por
exemplo, alguém manda
um inbox dizendo que
tem um buraco na sua
rua ou algo desse tipo,
aí o Claudinho que tinha
que entrar em contato
com a Secretaria
responsável e passava a
resposta pra gente.
D.: E você continua
responsável pela página
no facebook?
M.B.: Sim, o facebook
continua comigo.
Meu filho.
Marcel Bely e Claudinho Castro
D.: E hoje, quantas pessoas
trabalham no núcleo de redes
sociais da Prefeitura de Curitiba?
M.B.: À medida que a base
aumentou as demandas
também aumentaram,
então tivemos que crescer.
Hoje temos oito pessoas na
equipe. Eu, o Marcos, a Taís,
o Claudinho, o Álvaro Borba, a
Larissa Pereira, a Camila Braga
e a Veronica Motti.
D.: Há uma interação
como nunca vista em
perfis de facebook,
principalmente
falando em perfis de
órgãos públicos. Como vocês
conseguiram?
M.B.: Acho que uma das
grandes sacadas foi conseguir
humanizar a página. Mostrar
pra todo mundo que a prefeitura
é acessível e esse acesso pode
acontecer de um ponto de
ônibus, se você tiver um celular,
ou em casa do computador,
ou pelo telefone pelo 156.
Com essa humanização a
aproximação foi se tornando
cada vez mais forte, tanto é
M.B.: Claro, algumas vezes
erramos. Algumas publicações
são debatidas até hoje, como a
do Starbucks por exemplo.
E n t revi st a - Ma r c el Bel y
D.: E erraram?
D.: De que demandas
que você fala?
D.: Foi uma saia justa?
Foto enviada por fã e publicada na
página da Prefeitura de Curitiba.
que a gente chegou num ponto
onde a Prefs foi pedida em
casamento. Outro ponto crucial
é que a equipe sempre foi
muito dedicada. Estamos muito
apaixonados pelo projeto, então
não temos nem preocupação
com o horário.
D.: Você acaba conectado
muitas horas do seu dia. Como
é isso?
M.B.: É. Às vezes à 1h da manhã
estou na página, respondendo
ou postando alguma coisa. Acho
que esse ponto é importante
para a população perceber que
sempre vai ter alguém ali para
ouvi-la, por mais que a gente
acabe não conseguindo ajudar
imediatamente, algumas vezes.
D.: O fato de ser ao mesmo
tempo informativo e divertido é
estratégia, ou foi uma coisa que
aconteceu naturalmente?
Prefs interagindo.
M.B.: Isso já vinha do
planejamento. Já começamos
buscando uma aproximação
maior da população. A gente
acredita que a rede social é feita
para relacionamento, então não
estávamos nos inserindo como
a maioria das marcas se insere,
como um canal de venda.
D.: Vocês se basearam em
outras experiências parecidas?
M.B.: Nunca vimos nenhum case
igual ou parecido. Existem bons
cases de cidades estrangeiras
– Amsterdam, Nova York –,
mas nenhum deles tinha algo
desse tipo nas redes sociais.
Tínhamos um plano de ação
e sabíamos onde queríamos
chegar, mas foi mais por
tentativa e erro.
M.B.: Sim. O que acontece é
que a população de Curitiba
espera há muito tempo que
uma Starbucks se instale aqui,
já faz muito tempo que a gente
quer postar no Instagram a foto
com a canequinha da marca. E
aí, com o Pátio Batel chegando,
criou-se todo um boato que a
loja abriria lá. Quando faltava
uma semana para a abertura,
a gente começou a receber
perguntas na página: “vai ter
Starbucks no Pátio Batel?”,
só que a gente não sabia.
Entramos em contato com a
própria rede, que informou que
não só não ia abrir como não
tinha interesse em expandir a
rede fora do eixo Rio-São Paulo.
Aí, pra responder, fizemos um
post em forma de fábula, sem
citar a marca. Era a história de
uma sereia, mascote deles, que
vinha para Curitiba para decidir
se ficaria por aqui ou não, mas
quando ela chegou logo se
desiludiu, no bom sentido. Ela
viu que a cidade já tinha tantos
lugares bons para se tomar
café, e resolveu ir embora.
r ev ista d eforma
...é importante
para a população perceber que sempre
vai ter alguém
ali para ouvi-la...
17
17
D.: O fato de ser uma página institucional
divertida rende elogios e críticas. Como vocês
medem se ela está funcionando?
M.B.: Como a gente não vende, mas presta serviço, fica mais difícil
de medir. Se fosse venda seria fácil converter a quantidade de fãs
para consumidores. A métrica que encontramos foi via comentários
na página. Então, quando algum seguidor comenta “Prefs, te
amo”, “Prefs, casa comigo”, às vezes chega num ponto hard core
de “Prefeitura, me engravida”, vemos que conseguimos converter
seguidores em fãs.
re vista deforma
D.: E esses fãs não são todos Curitibanos, certo?
18
M.B.: Temos fãs do Brasil inteiro. É meio freak pensar que uma página
de órgão público conseguiu isso, até porque esses fãs são tão ativos
que defendem a Prefs de críticas e às vezes acabam até respondendo
alguma dúvida pela gente.
D.: Esse é outro ponto que
gostaríamos de saber. Alguns
seguidores fazem perguntas
pontuais sobre a administração
da cidade, obras, e pedem
melhorias. Para estarem
aptos a responder, vocês
naturalmente se integraram à
politica da cidade?
M.B.: Quando a gente tá logado
como Prefeitura a gente é a
Prefeitura. Eu sou um cara
apartidário, mas sempre gostei
de política, de ler sobre e de
buscar informação, mas eu
vim da iniciativa privada, e aqui
é um mundo completamente
distinto. No começo ficamos um
tempo em imersão, entendendo
o que é cada secretaria, com
quem você tem que falar, e
estamos sempre com o Portal
da Prefeitura aberto, nos
informando, vendo o que está
acontecendo. A partir daí você
vai se munindo de informações
D.: Vocês têm total liberdade
de criação?
M.B.: Sim, total. E é por isso
que funciona.
M.B.: É. A liberdade de ação
resulta em velocidade de
ação, que é outro ponto, e
boas ideias. Para nós é mais
importante o conteúdo do que
com o layout. Por exemplo, a
Capivara Paul, aquela que previa
os resultados dos jogos da
Copa. A gente só precisou de
uma trave de plástico, e não nos
preocupamos muito com a trave
que foi usada, ou a qualidade da
foto que foi feita para o post...a
gente executa por causa da
ideia, porque é a ideia que vira
assunto e acaba se espalhando
pela rede. Ah, a Capivara errou
todos os resultados, mas gerou
uma mídia espontânea super
relevante. Saiu na Época, no
Globo, na Veja, Gazeta, RIC,
E n t revi st a - Ma r c el Bel y
e entendendo as relações
todas para poder responder.
Temos também um apoio muito
grande do próprio Secretário de
Comunicação. Quando a gente
não sabe mesmo, ou quando o
assunto é mais complicado, ele
senta com a gente e às vezes
até ele mesmo responde. A
redação também ajuda muito, e
como é só andar cinco passos e
a gente já está na sala deles fica
mais fácil. Tentamos interagir
o máximo possível, porque às
vezes vem cada pergunta que a
gente pensa “Nossa, como que
eu vou responder isso?”.
D.: Então a liberdade de ação
é um dos componentes da
fórmula do sucesso da Prefs.
Quais são os outros?
r ev ista d eforma
...às vezes
vem cada
pergunta que
a gente pensa
“Nossa, como
que eu vou
responder
isso?”
Embaixo da fábula tinha
o link de um review, feito
por um blog, sobre os
melhores lugares para
se tomar um bom café
na cidade. Era pra dizer:
“galera, não vai ter. Mas
se você gosta de café,
Curitiba já oferece lugares
ótimos.” O resultado
foi que acharam que a
Prefeitura estava barrando
a entrada da Starbucks
na cidade. Alguns blocos
políticos se aproveitam,
dizendo, por exemplo,
que a prefeitura celebra
a desistência, que estava desconsiderando os
empregos que viriam com a nova loja. Enfim,
teve gente que entendeu que a gente queria só
valorizar o que já temos aqui, já que a rede não
viria e nós não tínhamos poder algum sobre isso,
e teve gente que ficou desesperada porque não ia
abrir e achou que a culpa era nossa.
19
19
re vista deforma
Marcel Bely
20
D.: E esse paradoxo entre o
estereótipo do curitibano
fechado e sisudo e a Prefs aberta
e solícita? Como os seguidores
recebem isso?
Enigmas curitibanos (Brigadeiro Franco).
M.B.: Uma das coisas que
a gente mais gosta de
fazer na página é quebrar
esses estereótipos. Curitiba
sempre foi vista como uma
cidade muito fria, fechada,
uma cidade de pessoas que
não conversam, mas isso
não é totalmente verdade.
Esse é um estereótipo que
foi vendido, os curitibanos
passaram a acreditar nisso e
ninguém mais combateu isso
de nenhuma forma. Algumas
pessoas ainda gostam disso
e acham legal, mas a grande
maioria não. A gente não
é chato, a gente sabe rir. E
fazendo a desconstrução
disso dentro das mensagens,
acabamos mudando a maneira
com que o Brasil nos enxerga.
A serie “Curitilover” fala um
pouco disso.
M.B.: Eu sempre gostei de
redes sociais, como todo
jovem da minha geração.
Eu tive Fotolog, ICQ, MSN,
Orkut... sempre fui migrando
e sempre me mantendo ativo.
Inicialmente eu não tinha
pretensão de trabalhar com
isso. Me formei em Publicidade
e fiz uma pós em Marketing,
e trabalhava em agência, até
que a Trident lançou uma
espécie de concurso, uma
seleção para escolher uma
pessoa para ser o gerador
de conteúdo on-line deles
durante um mês. Eu passei
na primeira fase, que tinha 20
mil pessoas, depois fui pro
D.: Isso já te deu muita bagagem...
M.B.: Sim. Eu fiquei um mês
viajando pelo Brasil gerando
conteúdo pra uma marca
nacional com milhões de fãs
no facebook, então quando eu
voltei pra cá já fui chamado
para trabalhar com redes
sociais e não parei mais.
D.: As redes sociais mudaram
tanto e tão rapidamente as
nossas formas de relações e
até a nossa cultura, eu diria.
© 2014 Copyright Blog Tô Passada
Acho que tem muita
gente que não está
conseguindo lidar nem
com o mundo real...
M.B.: Foi engraçado. Quando
a página começou a crescer a
equipe ganhou o Álvaro Borba.
O Álvaro ficou com o twitter
e o Instagram, e a primeira
postagem dele foi uma Capivara
gigante soltando lazer no Jardim
Botânico e a estufa pegando
fogo. Quando a equipe viu, todo
mundo ficou com medo. A gente
já fazia brincadeiras, mas não
tínhamos chegado naquele
ponto ainda, de “destruir”
algo da própria cidade. Então,
decidimos apagar o post. Só
que um monte de gente printou
aquilo, a foto começou a se
espalhar e a reação foi oposta do
que a gente achava que ia ser:
a galera curtiu muito. Como deu
resultado, vimos que seria uma
boa estratégia adotar a capivara
como mascote não oficial da
cidade. O interessante é que a
capivara só existe na cidade por
causa do planejamento urbano
que ela teve, com parques
projetados para conter as águas
das grandes chuvas, então, ela
acaba sendo um símbolo pra
lembrar o quanto é importante
manter a cidade limpa, cuidar
das áreas verdes e tal.
D.: Esse seu caso de amor com
as redes sociais começou
antes da Prefs?
Marcel, depois de ser escolhido para o “emprego dos sonhos” da Trident.
r ev ista d eforma
D.: E esse amor pela capivara? De
onde veio?
Rio para a segunda concorrer
com 60 pessoas, e depois de
várias provas – entrevista,
produção de texto, testes em
frente às câmeras - eles me
escolheram. Nesse trabalho eu
saltei de paraquedas, andei de
búfalo, nadei com tartarugas e
golfinhos, vi tubarão, fui DJ em
balada, e tudo registrando para
postar no facebook da marca.
E n t revi st a - Ma r c el Bel y
CNN, Fox News. Tudo com essa
ação simples.
21
D.: Tem-se falado, inclusive, da
angustia que as redes sociais
causam, porque parece que há
sempre algo mais interessante
para se fazer do que de fato
se está fazendo. Ela já ganhou
um nome: FOMO - fear of
missing out. Como você lê isso
na nossa geração e como você
lida com isso?
re vista deforma
M.B.: A rede social tem o seu
lado benéfico, mas o lado
negativo também. Nós estamos
cada vez mais ansiosos, e
22
Capivara with lasers.
acho que a ansiedade vai se
tornar uma doença comum,
em breve. Perdemos também a
capacidade de nos aprofundar.
Viramos uma sociedade de
manchetes, prestamos mais
atenção em imagens que em
textos. Isso está atrelado à
velocidade e quantidade de
informação. É ruim, porque
a gente acaba ficando
na superficialidade.
M.B.: E aí começam a surgir
campanhas orgânicas, como
esse movimento para colocar
foto sem maquiagem. Chega um
ponto em que as pessoas não
suportam mais essa felicidade
fake, efêmera. Eu entendo
isso, a gente não quer expor o
lado ruim, só que chega num
ponto em que as pessoas não
suportam mais, e a própria rede
responde a isso.
D.: Agora uma proposta bem
irreal: se você pudesse criar
um código de conduta para os
usuários da rede, como ele seria?
M.B.: Inclusive já têm inúmeros.
Eu diria: não leia códigos de
conduta. Apenas deixe de seguir
as pessoas que postam coisas
que te incomodam. Não tem
mais como educar todo mundo.
O ideal é filtrar cada vez mais.
Apenas deixe de seguir as
pessoas que postam coisas
que te incomodam.
Não tem mais como
educar todo mundo.
essa necessidade de conexão,
dificilmente a gente vai
conseguir se desapegar disso.
Podemos trocar de rede, mas
não ficar sem.
M.B.: Perde nada. O facebook
entrou em uma onda inteligente
de incorporação das redes
menores. Ele pode cair, mas não
acredito que seja tão cedo.
M.B.: Essa pergunta foi muito
malvada, cara. Olha, eu preferia
ser o social mídia da prefeitura
na praia, mas infelizmente não
dá. No profissional de verão eu
fazia coisas incríveis, mas o
legado da Prefs é muito forte. E
olhar pra trás e ver que um dia
eu fiz parte dessa aproximação
social me deixa muito feliz e pra
mim é um puta orgulho. D.: Então falar de um desapego
de redes sociais é inviável?
M.B.: Inviável. A gente não sabe
mais viver sem as redes sociais.
O ser humano não gosta de
ficar sozinho e as redes sociais
servem muito pra isso, pra
aproximar pessoas, e a partir
do momento em que temos
D.: E pra fechar, melhor ser
social media da Prefs ou
Profissional do verão Trident?
E n t revi st a - Ma r c el Bel y
M.B.: Acho que tem muita gente
que não está conseguindo
nem lidar com o mundo real.
Tem uns casos por aí de caras
batendo selfie com um defunto
ao lado. O cara trabalha em uma
funerária e bate uma foto com
um corpo. As pessoas estão
perdendo um pouco o limite
da privacidade.
D.: Há quem diga que as
redes sociais estão fadadas
ao fracasso, e que o fim
do Orkut seria um anúncio
disso. Uma pesquisa da
Universidade Princeton sugere
que o facebook perderá 80%
dos usuários até 2017. Você
acredita nisso?
r ev ista d eforma
D.: As redes trouxeram também
uma superidealização da
imagem – e da autoimagem - e
da felicidade. O que acha disso?
Imagens retiradas da página da Prefeitura de Curitiba e do perfil pessoal de Marcel Bely no facebook.
Você acha que as pessoas têm
conseguido lidar bem com essa
coisa real X virtual?
23
23
Por Ana F lá via Ba ssetti
Fotos Ra vi P imentel, Ra ffa ella Bona nni
e Agência La Ima gem.
A NOVA CURITIBA
re vista deforma
r ev ista d eforma
É notório que Curitiba não é mais a mesma. Há alguns
anos, sentimos um movimentar-se cultural mais
voluntarioso na “cidade sorriso”. Famílias trocando
os shoppings pelos parques, o cinema que sai ao ar
livre, música que invade as praças e várias iniciativas
que surgem para tomar a cidade e fazê-la de palco
para entretenimento, discussões sociais e expressões
culturais. Acompanhando esse movimento, nasceu a
primeira Deforma Mostra Design, em 2012.
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rreevvista
ista ddeforma
eforma
26
26
Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
Dan
do
for
ma
à
De
for
ma
Paulo Peruzzo, Henrique Catenacci, Raffaella Bonanni e Anna Carolina
Catenacci, curadores e idealizadores da Deforma Mostra Design.
A Semana D é um evento
nacional que tem como
objetivo promover e dar
visibilidade ao tema design e
inovação, de forma a ganhar
força junto à comunidade
empresarial e a sociedade
como um todo. O evento foi
pensado,
formulado
e baseado
nas grandes
semanas de design que acontecem
no exterior. A ideia é disponibilizar
conteúdo e antecipar tendências
por meio de palestras, workshops,
painéis, debates, exposições e outras
atividades comerciais e de interação
com a sociedade.
r ev ista d eforma
Depois de uma
temporada de
vivência em
Milão, onde
conheceu
Raffaella Bonanni
que viria a ser
sua esposa e
sócia, Henrique
Catenacci
voltou ao Brasil
e inaugurou,
em 2011, a
Labis Design,
em sociedade
também com
sua irmã
Anna Carolina
Catenacci Chesi.
Depois de um
ano de agência
ele já participava
das reuniões
do Centro Brasil
Design e da
Prodesign e
viu que era o
momento de
colocar um
velho projeto
em prática.
Para dar à luz a Deforma, garantindo
que ela nascesse como um projeto
independente e sem fins lucrativos,
foi que a Labis Design criou a Banana
Milanesa, sua veia cultural. Para
que ela ganhasse corpo, precisavam
de alguém que caminhasse com
desenvoltura no meio da arte e do
design, que tivesse um olhar clínico
para seus conteúdos e que abraçasse
o projeto. Na primeira conversa com
Paulo Peruzzo, ele já comprou a ideia e
topou fazer parte. E assim, a primeira
Deforma começava a ganhar forma.
27
A Deforma Mostra Design 2012
contou com cerca de 1.000
visitações em cinco dias de
exposição, entre elas a do ícone
do design italiano Stefano
Giovannoni, que é conhecido
desde seu primeiro projeto para
a Alessi – a série Girotondo.
Consuelo Cornelsen
r ev ista d eforma
aconteceu junto com a Semana
D. O objetivo era de transformar
a Semana D em um verdadeiro
Festival de Design, e para isso ela
precisava de uma mostra paralela.
A ideia veio do tradicional “Fuori
Salone”, evento paralelo ao Salão
do Móvel de Milão, que já mostrou
que fora do salão oficial há maior
e mais eficiente interação com o
público. Para Henrique, a vontade
era de “criar um evento um pouco
mais relaxado e descontraído que
não perdesse de vista a discussão
do tema design e sua importância,
mostrando como ele se reflete nas
nossas vidas nos dias de hoje”.
Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
A primeira Deforma teve como curadores
Raffaella Bonanni e Paulo Peruzzo. Para Peruzzo,
o sucesso da primeira mostra foi inesperado: “Era
apenas o início de uma ideia,
que as pessoas compraram
imediatamente”.
A primeira Deforma Mostra Design
A criatividade é como o amor,
de qualquer maneira vale à pena!
E nesta manifestação de busca por
espaço, poder dar acesso ao novo
e não à novidade, de sair das tendências
e ir até a essência do criador.
A Deforma quer abrir portas. Portas e janelas.
E a partir desta generosidade,
trazer descobertas. Propostas.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
De
for
ma
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12
Foram convidados 35 participantes, entre eles
agências de design e arquitetura, designers
gráficos, designers de produto, ilustradores,
artistas e designers de moda e vídeo. O objetivo
era não só abrir um espaço para que eles
mostrassem seus trabalhos, mas também ser
meio de divulgação e desmistificação do design.
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Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
Poderíamos analisar a Mostra Deforma através
de diversas perspectivas, pelo olhar do design,
pela pró-atividade de seu idealizador, pelo
seu nome, pela abertura de espaço para novos
designers, dentre tantas outras vertentes
passíveis de serem analisadas. Porém, o
que nos salta aos olhos não é a análise
separada de cada um destes itens, mas sim
a soma de todas estas possibilidades em um
só local. Este acumulado de expectativas,
e mais importante de vontades, propicia o
transbordamento de uma criatividade que
estava contida na cidade de Curitiba. É a soma
das partes que torna o coletivo da Deforma
um evento de interesse ao público geral, não
é a deformação de algo, mas o amontoado
de objetos criados localmente. É através
dessa colisão de objetos, desenhos, texturas
e formas que a experiência se conforma e
o cenário local ganha força. Acredito que
somente através de ações como esta é
possível o enriquecimento da produção local.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
r ev ista d eforma
AlephZero
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re vista deforma
rreevvista
ista ddeforma
eforma
Com nome que
faz alusão à fusão
entre Brasil e
Itália, a Associação
Banana Milanesa
foi criada com
o propósito de
promover os eventos da Labis Design.
Ela é a veia cultural da agência. A
Banana Milanesa promove iniciativas
independentes que divulgam a cultura
em suas diversas formas. Suas iniciativas
fogem do óbvio, para oferecer ao público
uma experiência inusitada com a arte, o
design, o cinema e a música.
Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
A Deforma
Mostra Design
é uma iniciativa
independente da
Banana Milanesa e
do UZZO Escritório
de Arte.
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Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
De
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Em 2013 já havia o conhecimento de como a
Mostra funcionava. Os erros e acertos do ano
anterior estavam na manga, mas não é por isso
que o frio deixara a barriga. Henrique entrou de
curador, ao lado de Paulo Peruzzo, substituindo
Raffaella que esperava o primeiro filho do
casal. O objetivo agora era dar mais ênfase ao
formato descontraído e ampliar a participação de
designers e artistas. Deu certo.
A curadoria chamou todos os artistas que haviam
participado do ano anterior, que eram 35, e mais
35 novos artistas. Segundo Paulo Peruzzo, foi
feita uma “curadoria afetiva”. Ele conta que a
proposta foi “trabalhar justamente a pulverização
da palavra design”, já que ela está em todos os
lugares. Segundo ele “não podemos desrespeitar
uma atitude que está vindo da rua, mesmo que
isso signifique vermos por aí hair designers ou
designers de sobrancelha”.
34
O clima era de um happy hour, com barraquinhas
de comida e bebida à disposição dos visitantes.
Tudo isso fez com que a Deforma Mostra Design
2013 deixasse de ser apenas uma exposição de
arte e cultura para ser ponto de encontro, um
lugar para ver e experienciar design e ao mesmo
tempo descontrair e se divertir.
r ev ista d eforma
re vista deforma
A Deforma Mostra Design 2013 aconteceu
de maneira ainda mais próxima dos eventos
paralelos de design mundiais, que vão além
das exposições e palestras para oferecer ao
público experiências diversas e descontração. Na
segunda edição, a Deforma teve a participação
de bandas e artistas independentes da cena
musical, como a DJ Isa Todt e a banda Gringo’s
Washboard Band, e de performances artísticas
e desfile de moda. A Heroína de Alexandre
Linhares fez uma belíssima apresentação sobre
a opressão desleal da indústria sobre o trabalho
artesanal, que chegou a emocionar os presentes.
35
Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
36
“Conseguimos sensibilizar um número maior de pessoas em
torno do design e colocamos ‘na vitrine’ talentos até então
desconhecidos, ao lado de personalidades do segmento. Sem
dúvida, o caráter de festa que fortalecemos nessa edição,
ajudou a potencializar o público do evento e a democratizar o
design”, avalia Henrique Catenacci.
E a Deforma continua, este ano, em formato
desta revista que você lê agora.
Cadeiras com design de Toni
Grilo para a empresa Riluc.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
re vista deforma
Escultura de Claudio Alvarez
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re vista deforma
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Suelen - MKO & LUQ
rreevvista
ista ddeforma
eforma
Performance de Heroína - Alexandre Linhares
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Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
Ma t éri a E speci a l - D ef o r m a
re vista deforma
rreevvista
ista ddeforma
eforma
Desfile de Velvet Underwere por Carolina Gritten
com produção de Ana Paula Luz.
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40
41
P a u l o
P e r u z z o
RaffaellaBonanni
re vista deforma
O DNA italiano da Labis Design e da Banana Milanesa é garantido pelo senso
crítico e apurado da romana Raffaella Bonanni. Com graduação em Design
de Produtos na Universidade La Sapienza e especialização no Politécnico de
Milão, Raffaella adquiriu experiência com design de interiores na empresa
de helicópteros customizados AugustaWestland. Em 2010, vem ao Brasil
com o objetivo de fazer nascer uma empresa multidisciplinar que fosse
reconhecida como referência em design no país. Funda a Labis Design ao
lado de Henrique Catenacci e Anna Carolina Catenacci Chesi. Raffaella foi
curadora da primeira Deforma Mostra Design e da instalação em Dresswall
da festa de lançamento da Revista Deforma. Na Labis Design, atua como
Diretora de Design e Estratégia.
42
“ C AB E Ç AS ”
d a
Paulo Peruzzo é um pouco de tudo.
Talvez artista seja uma forma coerente
e simpática de dizer que, antes dele ser
reconhecido como designer, flertou com
a produção de fotografia, cenografia e
montagem de showroom. Proprietário do
UZZO Escritório de Arte, coleciona projetos
de interiores com identidade marcante,
como o restaurante Edvino, a agência
Labis Design e os dois vagões de luxo do
Great Brazil Express, trem que liga Curitiba
a Morretes, apenas para exemplificar.
Paulo foi um dos idealizadores da Deforma
Mostra Design e atuou como curador em
suas duas edições.
defo r m a
E speci
D ef orrma
ma
Ma tMa
érit éri
a Ea sp
eci a la l- - Defo
Labis
DESIGN
A Labis Design
trabalha com a
tangibilização
de marcas. O objetivo é
promover experiências
verdadeiras entre marcas
e consumidores. A agência
faz parte do grupo italiano
Artefice Group.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
design. Em 2010, de volta ao Brasil, fundou,
ao lado de Raffaella Bonanni e Anna Carolina
Catenacci Chesi, a Labis Design, uma agência
parte da italiana Artefice Group com foco na
multidisciplinaridade, onde atua atualmente
como Diretor de Criação e Comunicação. Ele
é um dos idealizadores da Banana Milanesa
e foi, junto com Paulo Peruzzo, curador da
Deforma Mostra Design 2012.
A nna C arolina C atenacci C h esi
H e n r i q u e catenacci
Designer de produto por formação, designer
gráfico pela experiência e administrador
por convicção. Mas, Henrique Catenacci
nunca gostou dos rótulos e, se o projeto for
interessante, ele abraça e atua com o que puder
oferecer. Em período de vivência na Itália, fez
um Master na Scuola Politecnica di Design e
ingressou no grupo Artefice como designer
gráfico, onde reforçou o conceito global de
Sócia-fundadora da Labis
Design e da Banana Milanesa,
Anna Carolina iniciou sua
trajetória profissional
administrando negócios de
diversos ramos da família.
Graduada como Publicitária
pela PUCPR, fundou a Scopo
Design e Comunicação,
em sociedade com seu
irmão Henrique Catenacci.
Na sequência, Anna fez
uma pausa na carreira de
empresária, em prol da
maternidade, e retomou
o lado empreendedor ao
assumir a responsabilidade
de preparar o cenário para
a abertura da Labis Design,
em 2010. Atualmente, Anna
Carolina atua como Relações
Públicas da Labis e coordena
os bastidores da Deforma
Mostra Design.
43
43
Por Marl o n A nj o s
“Hamlet: Não estás vendo nada ali?
Rainha: Absolutamente nada,
mas tudo o que há eu vejo.”
re vista deforma
Han van Meegeren
44
O presente texto remonta fragmentos da história
do falsário Hans Van Meegeren (1889-1947) que
reproduziu não uma, mas várias obras primas,
as quais tiveram a autoria atribuída à Johannes
Vermeer (1632-1675).
Meegeren acumulou uma
fortuna em dinheiro. Vendia
seus quadros por um valor
dez vezes maior que Picasso
(1881 – 1973) e viu seus
‘Vermeers’ pendurados nos
museus nacionais de maior
prestígio. Bon vivant, acumulou
uma fortuna estimada em
50 milhões de dólares, que
foi esbanjada com muito
estilo. Sem dúvida consumiu
uma pequena porção de seu
saque em morfina, em casas
na França e na Holanda,
caviar e prostitutas, whisky e
perrier. Transmutou de figura
de colaborador nazista para
herói holandês. Só por isso,
poderíamos dizer que Han Van
Meegeren foi uns dos falsários
A rt e - Ma r l o n An jo s
mais bem sucedidos da história
da arte; porém, o que impede
que suas obras, seus Vermeers,
sejam consideradas genuínas?
Para justificar tal discussão,
faz-se justo remontar algumas
cenas de tal episódio. Com o
término da guerra em 1945,
confiscaram a coleção e as
pilhagens de obras de artes que
o terceiro Reich conquistara.
Incluía 1200 quadros, entre os
quais, O Astrônomo e Mulher
Surpreendida em Adultério,
“autênticos Vermeer”. Entre
essas obras, incluíam-se seis
obras atribuídas a Johannes
Mulher Surpreendida em Adultério (1943).
Vermeer, as quais não tinham
sido pilhadas e sim compradas
por Herschel Marechal Goering
através de um agente em
Amsterdã. A polícia, em uma
investigação minuciosa, seguiu
pistas, rastros, documentos
de vendas e correspondências
que o agente teria trocado
com o comprador e chegou a
Meegeren, elegante proprietário
de um clube noturno na
Holanda. Ele declarou à polícia
que sua fortuna provinha
da venda de seis Vermeer,
que adquirira de uma família
italiana. Diante disso, Meegeren
foi acusado de colaborar com
r ev ista d eforma
F a l s a ART E ?
Tal feito espantador permanece
uma incógnita na história da
arte. As obras foram feitas com
tamanha pericia que paira até
os dias de hoje dúvida sobre
a autenticidade atribuída a
alguns trabalhos do mestre
holandês - Vermeer. Meegeren,
sem dúvida, é um personagem
ímpar na história da arte.
Ele “transformou metal em
ouro” ao enganar a todos - o
mercado, a crítica e o público
da arte -, que acreditaram
que suas pinturas eram
verdadeiras obras de arte
do século XVII. Demonstrou
ser um personagem ímpar,
que fez frente a um mundo
caótico e opressor, dominado
pelo Terceiro Reich, em plena
turbulência da revolução da
arte moderna.
45
Marlon Anjos
re vista deforma
o inimigo, e a pena para quem
colaborasse com os nazistas
era a morte. A única defesa
possível era admitir que todos
aqueles quadros eram, de fato,
de sua autoria. Meegeren
confessou, então, ter falsificado
obras de Hals, Hoock e Vermeer,
totalizando 14 obras-primas,
entre as quais se incluía Cristo
46
e os Discípulos em Emaús.
O júri, diante a confissão,
duvidou, caindo em gargalhada.
Han respondeu: [...] eu provo,
preciso ter acesso ao meu
ateliê, aos meus pigmentos, às
minhas telas. E, se é para criar,
preciso de morfina para manter
a calma. Mas vou lhes pintar
uma obra prima”. Na prisão,
diante de fotógrafos, fez seu
último Vermeer - O Jovem
Cristo Ensinando no Templo.
Após tal prova de habilidade,
Meegeren foi acusado de
falsificar a assinatura e a pena
foi de dois anos de cárcere.
Morreria, no entanto, seis
meses após a sentença.
Comumente, obras que têm
a autenticidade questionada
simplesmente são retiradas das
galerias, impossibilitadas de participar
de qualquer amostra, desprovidas do
valor que um dia as institui. Somente
esse fato propiciaria questionar o
conceito de arte ou ainda o que havia
na obra que a tornava arte. Não é crível
ser apenas a assinatura do artista ou o
reconhecimento da crítica.
A Ceia em Emaús (1936-1937).
Han van Meegeren em seu julgamento.
Essa depuração, por óbvio,
esbarra na reprobabilidade
da conduta ilícita do falsário.
Entretanto, no presente,
esse elemento não será foco,
pois se entende que a obra,
quando terminada, apartase do seu criador passando
a existir por si mesma no
mundo. Não por outra razão
esse trabalho demanda uma
isenção lógica, pois se não
pudermos ignorar a intenção
do autor para compreender
a sua obra acabamos por
influenciar o entendimento da
mesma. Nesse sentido, “se o
mundo não se importava com a
homossexualidade de Leonardo,
a sífilis de Baudelaire, o fato
de Gauguin ter abandonado a
esposa” , por que deveriam se
importar em desvalorizar o ato
de um falsário?
Se pudermos eliminar a
ilicitude do falsário da equação
e voltarmos a atenção
para o valor da arte, mais
especificamente para a arte
como atributo, poderemos
perceber que há a incidência
de uma preocupação/solução
econômica e não artística.
Disso decorre a suspeita de
que, na história da arte, a crítica
Leitura da mulher Música
(1935-1936).
A rt e - Ma r l o n An jo s
A maior aspiração da arte é
revelar a natureza da obra,
o discurso que permeia o
trabalho e o transcende,
passando a existir quando o
outro a reconhece e surge um
consenso, que convenciona
seu valor artístico. É no olhar
do outro que surge a afirmação
que traduz algo em verdadeiro
ou falso, em relação à essência
da arte e também daquilo
que a cerca, caracteriza e a
distingue do restante.
As obras possuem um
discurso fundante e um
objetivo. Este, sem dúvidas,
é o reconhecimento. Nas
falsificações o maior argumento
é o engano, contudo, admitese que seu principal objetivo
seja a “comercialização do
engano”. Parte-se da premissa
que argumentos legitimados
fazem uma obra tornar-se ícone
na arte, onde estão inertes,
diluídos entre a imagem e a
história, esperando serem
revelados sem, contudo,
perder os valores de arte.
r ev ista d eforma
A maior aspiração
da arte é revelar a
natureza da obra...
e o mercado - num eterno
condicionamento – acabaram
por purificar os sistemas da
arte estabelecendo conceitos
não artísticos a fim de conferir
valor às obras. Talvez a arte
seja mais, talvez sejam todos
os elementos carreados
na obra, o deslumbre, a
inquietação, o estranhamento,
sentimentos que não podem
ser afastados pela simples
conveniência e suspeição.
47
re vista deforma
Se Han Van Meegeren não tivesse decidido
confessar, evitando, assim, o envio de grandes números de
obras aos laboratórios, os quadros desse falsário imensamente
talentoso ainda estariam proporcionando prazer a incontáveis
frequentadores de museus em todo mundo. Embora tenha sido
um “acidente histórico”, Han foi obrigado a confessar, fazendo com
que ele tenha entrado para a história como um falsário, e, como os
todos falsários, tenha recebido a “morte cultural” – a censura.
48
48
No entanto, falsificou o quê? Apenas assinaturas? Os quadros de
Vermeer que Hans confessou ter falsificado não são autênticos?
Ora, não carregam assinaturas dos mestres do passado. O que
garante, no final das contas, que a assinatura de Hans seja
Fotos: © A Memória dos Países Baixos / Biblioteca Real - Biblioteca Nacional da Holanda de 2003.
Han van Meegeren.
Por mais lógico que possa parecer, o argumento
transcrito acima não encontra eco no meio
artístico. É fato que a falsificação encontra-se em
campo ilícito e o falsificador é visto como mero
reprodutor ou copiador, despido de criatividade ,
em detrimento do potencial artístico quase meta
artístico presente em suas obras, que vencem
o tempo e prolongam o discurso dos grandes
mestres. Talvez, esse não reconhecimento
decorre da torpeza do meio artístico, que se vale
dos falsificadores para enganar os incautos que
vêem na Arte um mero investimento.
A mesma ambivalência da
crítica especializada, ao se
utilizar de argumentos para
afastá-lo dos grandes mestres,
seria consequentemente
aproximá-lo de artistas
conceituais. Argumentos falhos,
utilizados somente para afastálos dos grandes mestres,
Mulher que Bebe (1935-1936).
A falsificação é elemento
indócil para colecionadores,
conservadores, historiadores
e o mercado da arte, pois se
recusa a utilizar as temáticas
atuais de produção artísticas
ao representar temas
demasiadamente utilizados
no passado ou por artistas
antecessores, sendo rebelde,
também, por se utilizar do
próprio sistema da arte para
formalizar seu discurso e
transferir a sua crítica ao meio.
A falsificação opera com o
limiar dos julgamentos morais
e éticos e, por consequência,
mina as verdades dogmáticas
que historiadores,
colecionadores e o mercado da
arte constroem tanto apreço
e, neste sentido, problematiza
qualquer definição canônica
ou hermética a respeito da
genuinidade, autenticidade,
denunciando a fragilidade e a
torpeza do sistema imaculado
chamado de arte.
A rt e - Ma r l o n An jo s
seriam, por conseguinte,
ambivalentes, pois, os
posicionariam ao lado de
Duchamp (1887 – 1968) e Andy
Warhol (1928 – 1987).
r ev ista d eforma
menos qualificada do que a
dos mestres que falsificou?
“Como não reconhecer o gênio
Meegeren e não colocá-lo lado
a lado com os grandes mestres
da pintura holandesa do século
XVII? Esse anacronismo causa
perplexidade, mas se é possível
dizer quais são os critérios
para afirmar quem são os
mestres da pintura na época
de Rembrandt, a ausência de
Meegeren é uma falha gritante”.
Nesse sentido a obra que
engana alcança a perfeição e
se consuma. Logo, ambicionar
despi-la desse mistério é um
paradoxo, conforme apontado
por Humberto Pereira: mas
quem engana a perfeição,
justamente, não engana,
pois o engano não pode ser
outra coisa senão uma falta.
Se alguém realizar algo para
enganar, não disser que
sua obra tem por artifício
enganar e esse artifício não for
descoberto, não se pode dizer,
sem o risco de se cair num
absurdo, que houve o engano.
49
Gest ã o d e D esi gn - D U CO
Q U E M
E M P R E G A
Q U E M ?
O uso de diferentes recursos de design
em setores da indústria no Brasil
Por DUCO
re vista deforma
www.cbd.org.br
www.ducontact.com
50
Este tipo de pesquisa em design tende a funcionar
como base de decisões para gerentes de design ou
gestores em suas organizações, do privado ao público.
Nesta prática, os desafios vão bem além da coleta
de dados. Para que sejam úteis, dados precisam
ter significado. O desafio para designers reside na
habilidade de analisar os dados, ratificar, cruzar
referências, comprovar e apresentar a informação de
maneira a torna-la valiosa na tomada de decisão.
Os gráficos a seguir são parte de um estudo complexo
solicitado pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e comércio Exterior (MDIC) e a Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil), onde este trabalho
de pesquisa com coleta e análise de dados é
demonstrado. O Diagnóstico do Design Brasileiro foi
publicado em 2014 e traça uma panorama do uso de
design pela indústria no Brasil, além do perfil do setor
de design no país. O projeto foi realizado pelo Centro
Brasil Design e contou com uma equipe de mais de
10 pesquisadores envolvidos, entre eles a equipe da
DUCO. A compilação de fatos e dados estatísticos
neste projeto tem como um dos objetivos informar
a tomada de decisões em programas e políticas
públicas ligados à incorporação do design nos setores
industrial e de serviços no Brasil.
Fonte: Diagnóstico do Design Brasileiro, 2014. Disponível para download: www.cbd.org.br/downloads
O gráfico acima ilustra o uso dos diversos
recursos de design em diferentes setores da
indústria brasileira. Cada ícone representa
um recurso diferente sendo o tamanho do
ícone representativo da frequência de uso (em
porcentagem) pelo setor. Por exemplo, todas as
empresas do setor Têxtil e Confecção da amostra
contam com uma equipe de design interna,
comparando, por exemplo, com o setor Médicoodonto-hospitalar que tem apenas 31% de suas
empresas com uma equipe de design interna.
Em destaque, o setor de Cerâmica de
Revestimento faz uso de diversos recursos de
design. Esta diversidade de práticas garante uma
riqueza de ideias e inovação em uma empresa,
mas também exige grande habilidade em gestão
de design. Em um mercado competitivo como
o de Revestimentos, é necessário possuir essa
habilidade a fim de criar vantagens competitivas.
No portfólio do setor HPPC destaca-se
claramente o uso de designers freelancers.
O uso de designers freelancers pode ser
uma indicação da capacidade limitada das
equipes de design das empresas em lidar
com diferentes demandas. Pode ainda ser um
indicativo de falta de planejamento quando
freelancers são chamados para o cumprimento
de demandas repentinas.
O único setor que utiliza com mais frequência
consultorias de design externas do que um
departamento interno é o Médico-odontohospitalar. Como característica, este setor
investe muito em pesquisa e desenvolvimento,
mas apenas trabalha com designers externos
no final de processo de desenvolvimento, para
envolver suas novas tecnologias, desperdiçando
oportunidade de acúmulo de know-how e
potencial de inovação em seus produtos.
r ev ista d eforma
Em um recente artigo, Tim
Brown lista cinco novas
carreiras de design para o
século 21. Entre elas, destaca a
Pesquisa Híbrida de Design, uma
prática para quem gosta tanto
de pessoas quanto de dados,
como ele mesmo descreve. O
uso de métodos tradicionais de
pesquisa em design ainda se
mantêm importantes, mas agora
passam a ser combinados com
pesquisa de dados quantitativos
e auxílio de tecnologia e
ciências exatas na formação de
inteligência de projeto.
51
52
C’era una volta Franco
Moschino. C’era, perché è
morto. A 44 anni, lasciandoci
dopo solo un decennio di
attività presso il suo marchio.
Irriverente è l’attributo dello
Mod a & B ra n d i n g - Ga b r i el e Mo sc h i n
stilista più ripetuto da chi l’ha
conosciuto o commentato.
Seguono: carismatico, ribelle,
anarchico. “Ho sempre
ammirato la sua intelligenza
viva ed eclettica, la sua tenera
ironia come esercizio della
mente, l’attenzione ai grandi
problemi della società e, in
un mondo di arrivisti, il suo
essere protagonista senza
fare del protagonismo” ha
commentato Giorgio Armani.
Per Laura Biagiotti, all’epoca
della morte, spariva l’unico
stilista d’avanguardia della
moda italiana. Ma tra gli
aggettivi, il mio preferito rimane
“comunicatore”. Che dice tanto
su una persona come Franco
Moschino. Il quale, come
l’interpretazione più poetica e
fortunata dell’etimo della radice
della parola “comunicazione”
indica due parole: cum e munus,
con e dono, e lo rappresenta
restituendocelo nell’atto di
venire a noi con un dono, nel
momento di donare.
Moschino s/s 15
Da pubblicitario non posso non
notare alcune azzeccatissime
campagne. Quella con la
modella che beve il profumo
che reclamizza da una
cannuccia, come fosse una
Coca-Cola o un cocktail, con la
headline “For external use only”.
O alcune fashion tales. Come la
storia della Olivia di Braccio di
Ferro, nata nel 1995 mora, poi
bionda per Chic Petals, eroina
indiscussa che in uno dei primi
spot risvegliava il suo amato
spinaciofago come una Bella
Addormentata dove i ruoli si
sono rovesciati.
r ev ista d eforma
Franco Moschino
Mi trovo su una comoda sedia
nel ristorante La Croyance (che
in francese vuole significare
la credenza, il credo, l’atto del
credere) all’interno di quello
che si potrebbe etichettare
come “il sobrio, elegante
e onirico Hotel Maison
Moschino” in compagnia di un
cicchetot a base Hendrick’s
Gin che ho richiesto con
l’aggiunta di una doppia
spremitura di lime, questo
nell’inconcepibile tentativo di
renderlo un superfluido, cioè
un fluido super, dalla completa
assenza di viscosità e dalla
completa assenza di entropia
– quel genere di liquido che,
se introdotto all’interno di
un percorso chiuso, scorre
all’infinito – quando una visione
mi accompagna e mi solleva: è
così che vorrei che scorressero
sempre i pensieri durante ogni
sessione di drink&think, quando
si cercano le idee o si pensa al
bello, ed è pensando a questo
che ormai alzato mi muovo e,
venendo a noi, arrivo nel dehor.
Mi trovo qui e il perché è presto
detto. Perché voglio parlarvi di
Moschino ed è così che mi va di
iniziare questa fiaba.
© Hearst Magazines UK
© Le Bagatelle.org
P o r Gabr i e l e M o sc h i n
re vista deforma
MATÉRIA EM LÍNGUA ORIGINAl
Tradução página 115
M OS C H I N O
b y M OS C H I N
Quando basta una O
per fare OOOH!
53
54
allusivo ed epistemologico
“Ready to Where?”. Pronti per
dove? Pronti a fare cosa? Pronti
perché? Perché pronti?
Oggi questa tradizione
concentrata sulla
comunicazione, votata al
titolo memorabile, precisa nel
copywriting e che mette in
discussione il fashion system è
rimasta ancora molto marcata.
Anzi, dopo Franco Moschino è
diventata ancora più profonda
con il successore della sua
succeditrice e assistente
Rossella Jardini, ovvero
Nel dettaglio, due sfilate
del ready to wear [o
where?] di Moschino
con la direzione
creativa (non si dice
più stilista, oggi si
dice direttore creativo,
come per le advertising
and commutication
agencies, che è colui
che raccoglie il lascito in
termini di brand identity
del marchio di moda e fa le
veci del genio dello stilista per
gli anni dopo il suo addio) di
Jeremy Scott a me sono piaciute
particolarmente per il loro
sapore ibrido, postmoderno,
baumaniamente liquido, a metà
strada tra la presa in prestito
e la presa per il culo delle
metonimie logotipiche. Ed ecco
che sfilano per la Spring 2015
delle Barbie plastic fantastic
in enormi parrucche bionde
platino e rossetto bubblegum
pink, giacchette di pelle fucsia
e minigonne in esplicito
riferimento alla regina delle
mondo di marca, entry level garantito
da questi accessori; tant’è che quasi si
potrebbe dire che ormai il mercato degli
accessori sta oggi al prêt-à-porter come
il prêt-à-porter stava all’haute couture,
in un meccanismo di apertura verso il
basso che sta all’opposto delle logiche
moda e lusso di trading up [cfr. Chanel]
che stratificano verso l’alto escludendo
chi sta in basso…) ma anche al modellino
in plastica della rinomata bambola
griffata Moschino. Ah, nota a piè pagina:
Jeremy Scott esce alla fine dalle quinte
Moschino f/w 14
Mod a & B ra n d i n g - Ga b r i el e Mo sc h i n
bambole, il giocattolo-icona
della Mattel che come dice la
sua bio, non dimentichiamolo,
è stata Designed to inspire.
Ma perché Barbie? “Barbie è
perfetta, veste ogni outfit, fa
tutti i lavori, è sempre piena di
gioia”. Insomma perché Barbie
è un assoluto di positività. Un
dio benefico che porta felicità.
E questa felicità si concretizza
in una corsa sui roller della
modella Charlotte Free che
pattina sulla passerella, nei
gadget lasciati agli astanti: una
case per iPhone 5 con tanto
di specchio (una trovata che
fa letteralmente “riflettere”
sul peso dei volumi di vendita
generati dall’entry level nel
Eppure, proseguendo a ritroso,
forse, ancora più sorprendente
in termini di capitalizzazione
degli asset di valore di un brand
(preso in prestito) è il caso della
contaminazione di Moschino
con McDonald’s (un po’ preso
per il culo). Qui Jeremy Scott
viola l’ortodossia del fashion
system sublimando tutte le
citazioni colte dei couturier
nel falò dissacrante del kitsch
e del trash, pasticciando
come un novello Bansky sui
muri e chanellizzando il logo
della catena di ristoranti
di hamburger e fast food
più grande del mondo
smussandone le gambe per
ricondurci al cuore simbolo di
Moschino. E poi il carrozzone
continua, Scott lo fa ancora
Ecco, forse, Franco era meno
demagogico nelle sue scelte
di stile, perché, a conti fatti,
quando avevano fatto capolino
anche i modelli à la SpongeBob
un po’ il segno si era passato.
Però gli applausi fioccano
e continuano a fioccare, il
carrillon prosegue nel suo
giro, il mondo non si ferma,
nessuno va per terra e la fiaba
di Moschino continua.
r ev ista d eforma
Moschino special edition iphone case.
l’americano classe ‘75
Jeremy Scott: brillante,
furbo, fortemente
indipendente
e abbastanza
unconventional, che
già si faceva notare per
essere un po’ ribelle
e un po’ pop rispetto
alla fashion industry
inquadrata con il
grandangolo.
e ancora con Budweiser e
Frito-Lay. E infatti scatena gli
applausi, Kate Perry in primis (a
cui si aggiungo le consumatrici
di alto profilo Rihanna, Lady
Gaga, Nicki Minaj, Miley
Cyrus. Che dire? Noi niente.
Ci pensa sempre lui, Jeremy
Scott a essere, come dichiara:
“Delicious and nutritious…”.
© 2014 Oh My Glam
© Opening Ceremony
Dunque, mi piace
“comunicatore” perché di
là da tanto che si potrebbe
dire sulla sua moda e sul suo
stile, che lascio giudicare
ad altri, ho amato molto la
sua caparbia volontà di dire
davvero qualcosa, appunto
di donarci i suoi verbi di stile.
Sono i suoi slogan che mi hanno
incuriosito, i giochi di parole e
i divertissement dissacratori,
i détournement verbali e
visivi, l’abilità di mescolare
key visual e contesti, la sua
abilità pubblicitaria. Da “Non
rubare”, “La natura è meglio
della couture”, “Non sono una
signora”, “Ecology now, ecology
wow!” fino a quelli più osati
come il celeberrimo “Channel
N°5” che gli costò una causa con
la maison francese, “Good taste
doesn’t exist”, “Waist of money”,
“Stop the fashion system”, “A
good copy is better than a bad
original”, “Warning: fashion
shows can be dangerous to
your health”, “Fur for fun” e
il genialoide, interrogatorio,
della sfilata con una T-shirt
oversize la cui headline recita:
“Moschino for ages 5 and
over”… ça va sans dire.
© Opening Ceremony
re vista deforma
Pronti per dove?
Pronti a fare cosa?
Pronti perché?
Perché pronti?
55
L i fest yl e - Cr i a t i po s
TI P OS
d e Q U ATRO
Por Cria tipos
Fotos Rica rd o P erini
re vista deforma
r ev ista d eforma
O processo de criação é muito
enriquecedor quando feito em
conjunto: estamos aprendendo
e trocando experiências quando
trabalhamos com outros criativos.
Mas peraí, isso não precisa
acontecer exclusivamente dentro de
uma agência ou estúdio de design,
também pode acontecer entre
amigos que se inspiram mutuamente.
56
57
Cristina Pagnoncelli
58
Cartão de visitas do Criatipos.
A ideia surgiu em agosto de
2013, quando começamos a
nos reunir para tomar cerveja,
treinar uma caligrafia aqui,
um lettering ali e trocar
ideias sobre conhecimentos
e técnicas. Pensamos num
nome que refletisse nosso
foco em desenho de letras
e, depois de muitas ideias
(às vezes bastante ridículas
- por exemplo, o título desta
matéria), chegamos em
Criatipos. Ok, funciona! Logo
surgiu a primeira oportunidade
de trabalharmos os quatro em
um projeto comissionado.
Desde o início, não era nossa
ideia criar um coletivo. Não nos
consideramos uma empresa
ou um estúdio de design.
Consideramos o Criatipos nossa
vida profissional paralela, na qual
nos divertimos e nos realizamos em
projetos comissionados ou pessoais e
sempre de forma leve e prazerosa. Para
nós quatro, foi importante resgatar o
processo manual na criação e execução
dos projetos, que às vezes é deixado
de lado nos projetos de design. Assim,
começamos a experimentar várias
técnicas e formatos em trabalhos em
dinheiro, compatibilidade de
agenda e ideias, mas nunca
vontade de criar e tentar
novos caminhos.
Goddam Phenomenal World.
giz, tinta, colagem, caligrafia
e o que mais possa despertar
nossa curiosidade.
Ideia é o que não falta, pois
quatro cabeças pensam
bastante, mas também
precisamos encaixar os
projetos nas agendas e na
localização geográfica de
cada um. 2014 foi um ano
internacional para todos nós,
mas conseguimos estar juntos
algumas vezes e pintar letras
em lugares novos e incríveis.
Pode ser que falte tempo,
Cada projeto que fazemos
juntos tem seu tema e estética
próprios. Projetos para clientes
e os tão queridos projetos
pessoais, ou, no nosso caso,
grupais. Algumas vezes,
dependendo do tamanho do
projeto, não estamos os quatro
envolvidos. Já criamos em
dupla ou trio, mas geralmente
todos participam da concepção
e ideias iniciais. Olha, e temos
mesmo que gostar muito uns
dos outros, pois os projetos
Criatipos normalmente levam
dias de convivência e trabalho
intenso. Essa parte tiramos
de letra, nada que um copo de
cerveja gelada pós-trabalho
não resolva, esses são sempre
os melhores momentos.
Para nós, é muito importante
registrar bem nossos projetos,
Que venham muitas
paredes pela frente!
Cristina Pagnoncelli, Jackson Alves,
Cyla Costa e Eduílson Coan.
Perhappiness - homenagem do Criatipos
ao Paulo Leminsky em NY.
r ev ista d eforma
re vista deforma
Essa é a premissa do Criatipos:
quatro amigos e designers
autônomos com interesses
em comum e habilidades
complementares que, um pouco
cansados de trabalharem cada
um no seu canto, resolveram
criar para si uma vida paralela
em grupo. Cristina Pagnoncelli,
Cyla Costa, Eduílson Coan e
Jackson Alves, cada um com sua
especialidade, mas com muitas
coisas em comum.
L i fest yl e - Cr i a t i po s
Ideia é o que não falta,
pois quatro cabeças
pensam bastante.
pois processo é tudo
quando se trata de
projetos manuais. Isso
acabou virando uma
característica nossa e
contribuiu muito para
o reconhecimento e
divulgação do nosso
trabalho. O quinto
elemento do Criatipos é o
fotógrafo Ricardo Perini,
que está junto conosco
faça chuva ou faça sol e
captura cada momento
de criação Criatipos em
fotografia e vídeo.
59
re vista deforma
r ev ista d eforma
60
61
61
Arte, em minha opinião, é para estar na
praça e no museu à disposição do público;
nem livros tenho mais (em casa).
Gusta vot - b eh a nce.net/gusta votd ia z
Muitos artistas visuais já
foram designers, diretores
de arte, ilustradores. Alguns
ainda conciliam a produção
artística a outro trabalho,
um por amor, outro pelo
“ganha-pão”.
Isso não é uma regra, apenas um dado
curioso sobre os artistas e suas diferentes
formas de se expressar. Arte, arquitetura
e design servem de fetiche entre si? Ou
o acesso à arte está maior agora, com o
aquecimento de feiras internacionais e
exposições acessíveis ao grande público
- vide a expo de fotografias da Frida Kahlo
no Museu Oscar Niemeyer, que aconteceu
este ano em Curitiba, com constantes filas
de expectadores ávidos para ver...arte! A
longa estrada de galeristas e curadores já
estabelecidos e a abertura de novas galerias
Funciono muito por fases, hoje estou
completamente apaixonado pelos
trabalhosdo Charles Bergquist e as
fotografias do Davi Sayer.
Monica Piloni
também são indicativos de que as pessoas
querem mais arte em suas vidas. E o que,
afinal, é arte? Seja na fotografia, na pintura,
escultura, instalação, performance ou tantos
outros formatos, na arte a criatividade
acontece em torno de questionamentos que
beiram a filosofia, o pertencer à sociedade,
ao universo. É algo que se encontra acima
dos parâmetros estipulados por uma
sociedade de consumo. A arte é inteiramente
livre e existe como expressão dos homens
desde o início de seu desenvolvimento, há
mais de 10 mil anos! Então, como achar
difícil entender sobre arte? É simples, a
arte não existe para ser entendida e sim
para ser sentida, como expressão livre,
sublime, intriga e questiona mais do que traz
respostas prontas. Fiz algumas perguntas
à apenas alguns dos grandes artistas
de Curitiba. Destaquei alguns trechos
interessantes. Confira!
Ja ime Silveira - ja imesilveira .com
Se fosse para levar uma peça de arte a uma
ilha deserta, levaria uma instalação
do Ernesto Neto. É confortável e
daria para captar água, mas não sei
se resistiria aos elementos.
Pierre La pa lu - pierrela pa lu.com
Pinturas a óleo, com influência
de pintura clássica e artes gráficas
dos séculos XIX e XX. Esculturas e objetos. Uso
a linguagem figurativa, embora não me prenda
à lógica do cotidiano o que acarreta em
uma carga surreal que permeia as obras.
Ra fa el Silveira - ra fa elsilveira .com
r ev ista d eforma
re vista deforma
62
A rt e & D esi gn - Li vi a F o n t a n a
Antonio Wolff - a ntoniow olff.com
P o r L i v i a Fo n ta n a
E D E SI G N ART E D
Minha pesquisa é sobre a imagem,
sobre a fotografia. Procuro produzir
imagens (fotográficas ou não) que possibilitem
que o espectador reflita sobre este tema.
63
re vista deforma
r ev ista d eforma
P o r Pau l o Pe r u zzo
C o m po rt a m en t o - P a u l o P er u zzo
M I N IST É RIO d a
s a ú d e ADV E RT E
64
65
S t reet A rt - #St r eet Ar t Ri o
# S t r e e t A r t R i o
Po r A n a Fl á v i a Ba s s e t t i
66
Aliada à identificação de artistas
e à localização das obras, esse
projeto promove a divulgação
e facilita o acesso à StreetArt,
difundindo, integrando e
democratizando o repertório
cultural e criativo do Rio de
Janeiro. Obras, artistas e
locais são disponibilizados e
atualizados à medida que as
ruas se transformam, permitindo
que admiradores conheçam
a riqueza das formas e cores
que dialogam com as questões
socioculturais da cidade.
A iniciativa - da agência criativa
Touch e do artista carioca
Rafo Castro - atraiu a atenção
da mídia e ganhou o apoio
institucional da Prefeitura do
Rio de Janeiro que, através
do Instituto Eixo Rio, investe
na expansão do projeto,
visando engajar artistas e a
população em um movimento
contínuo e permanente de
acesso e difusão da StreetArt.
Inicialmente, o projeto é
exclusivo para as obras do Rio
de Janeiro, mas, no futuro, o
movimento acontecerá em
outras cidades e estados,
reforçando seu caráter
colaborativo.
Deforma: Quantas pessoas
colaboram, em media,
semanalmente com o projeto?
#StreetArtRio: Varia muito
do que esta acontecendo na
cidade, mas em media são de
100 a 150 imagens postadas
com a hashtag #streetartrio.
D.: Um dos objetivos é o de criar
rotas para visitação das obras,
como um museu a céu aberto.
Essas rotas já foram traçadas?
#: Algumas foram traçadas sim.
Estamos criando muitas ainda,
mas a grande maioria das rotas
contemplam somente uma
determinada área da cidade
e a ideia do #StreetArtRio é
valorizar a StreetArt na cidade
como um todo, portanto
estamos vendo possibilidades
de criar algumas novas. Em
breve teremos novidades, pois
o trabalho não para.
Nilo Zack
D.: O projeto resultou no
Decreto n° 38307, da Prefeitura
do Rio de Janeiro. Como foi
isso e o que o fato auxiliará os
artistas e a arte de rua, no Rio?
r ev ista d eforma
re vista deforma
O #StreetArtRio identifica,
mapeia e compartilha obras
de artistas de rua por meio
de ações colaborativas. A
ideia é reunir em um só
lugar - streetartrio.com.
br - os registros de obras,
fotográfico e em vídeo, de
amantes da StreetArt na
cidade do Rio de Janeiro.
67
S t reet A rt - #St r eet Ar t Ri o
#: O Decreto apoia o
#StreetArtRio como a
ferramenta de mapeamento
da StreetArt na cidade do
Rio de Janeiro. Ter um apoio
institucional deste é muito
importante, principalmente
por ser um projeto
totalmente independente.
Para os artistas, a nosso
ver, o decreto vai sempre
auxiliar. Ele serve como
o “carimbo” de aprovação
de que a cidade necessita
da StreetArt e compartilha
desse movimento.
D.: O projeto já resultou em
apoios da iniciativa privada
para a StreetArt no Rio?
#: Claro! Sempre pensamos em
expandir e compartilhar esse
conteúdo rico que a StreetArt
nos revela no dia-a-dia. Oficinas
e mesas de discussão sempre
são uma boa forma de trocar
e ampliar o alcance deste
conteúdo e principalmente
do movimento. Propor uma
interação maior ao redor do
tema é sim um ponto no nosso
plano de futuro próximo.
D.: Vocês pretendem expandir
para outras cidades brasileiras.
Já fizeram contatos com
artistas de rua nessas cidades?
Eles estão aderindo?
#: Começamos em São
Paulo somente com o uso
da hashtag #streetartsp e
a adesão está sendo maior
do que esperávamos, já
que não divulgamos muito.
Percebemos que cada local
tem suas particularidades e
comportamentos em relação à
StreetArt. A relação do paulista
é bem diferente da do carioca.
D.: Já existe algum contato
em Curitiba?
#: Temos vários contatos em
Curitiba. A exposição “Risco”
do Rafo Castro, que é um dos
fundadores do #StreetArtRio,
foi na galeria Teix, no Batel
Soho. A relação dele com
Curitiba é de longa data. Ele já
participou de alguns projetos e
fez alguns trabalhos na cidade.
Temos alguns bons amigos
artistas/produtores por essas
bandas daí.
O projeto é colaborativo. Precisa
tanto das pessoas quanto a
StreetArt de Curitiba precisa ser
reconhecida. Começar a mapear
a arte de rua de Curitiba usando
a hashtag #streetartcwb é um
começo. Vamos?
68
68
D.: Pensam em outras
iniciativas, como oficinas ou
mesas redondas?
Rafael Calazans Pierro - Highraff
r ev ista d eforma
re vista deforma
#: Recebemos algumas
propostas, mas estamos
estudando quais delas tem
mais sintonia com nossa
visão de futuro para o projeto.
69
70
… tudo vai depender da umidade e calor da região para o cultivo do algodão.
Por ser uma planta que necessita de pouca quantidade de água,
deve-se realizar o plantio entre novembro e maio, assegurando-se
assim a colheita para a época das secas, geralmente com
sementes “tratadas” com fungicidas e inseticidas.
Como as folhas no momento do
máximo florescimento precisam
cobrir toda a superfície de solo
entre as fileiras, respeitamse espaçamentos de 80 x 20
cm, com uma ou duas plantas
por cova, sendo de cinco a
quinze plantas por metro
linear, num total de um milhão
de hectares destinados à sua
cultura (10.000.000.000m²
recebendo veneno em sistema
de monocultura. Vale pontuar
que neste sistema de plantio,
quando se derruba uma
grande área de cerrado para
plantação, animais como
tamanduás, emas e lobosguará têm dificuldade para se
alimentar, não encontrando
abrigos e dificilmente
conseguindo se reproduzir. Os
poucos sobreviventes acabam
migrando para as cidades e
acarretando tantos outros
desastres quase impossíveis
de serem analisados em
curto espaço de tempo). O
algodão produzido na Paraíba
é comparado em qualidade ao
algodão egípcio - e a cultura
convencional desta fibra utiliza
25% de todos os agrotóxicos
fabricados no mundo, oito
vezes mais do que na indústria
de alimentos (para você vestir
uma camiseta, por exemplo, são
utilizadas aproximadamente
160g de pesticidas). O cultivo
orgânico é um paralelo a essa
produção, tendo consciência
tal que o filho de um agricultor
pontuou: “não podemos usar
D esi gn S o ci a l - H er o ín a
r ev ista d eforma
tí tulo )
( S E M
re vista deforma
P o r Al e x an dr e Li n h ar e s
Você acre dit a
na moda?
71
D esi gn S o ci a l - H er o ín a
veneno na lavoura porque o veneno mata as
formigas e são elas que afofam o nosso
solo” - mas essa é outra história... A
produção é em sua maioria é familiar, e
mães e filhos estão expostos ao câncer,
alergias respiratórias, diabetes, distúrbios
de tireoide, depressão, aborto e Mal
de Parkinson, devido ao contato direto
com veneno. No fabrico convencional
de uma peça de roupa, de 15 a 20% do
tecido é desperdiçado no corte, mais 5%
em filetes de costura e alguns tantos
centímetros nos ajustes e barras, sendo
a fabricação de roupa um dos processos
mais poluentes do planeta. O consumo
de água é demasiadamente grande, com
significativo nível de toxicidade escoada
diretamente em rios e córregos, com
presença de amido, proteínas, substâncias
gordurosas, surfactantes, produtos
auxiliares no tingimento e corantes.
72
Você vê sentido na maneira com que escolhe
a roupa que vai vestir? Você entende o que te
motiva no exato momento da compra? Você
acha legal trocar de roupa porque ela caiu de
moda? Você acredita na moda?
r ev ista d eforma
re vista deforma
Tudo que é vida no globo vai se recuperar em algum
momento mesmo depois da degradação, porém,
de imediato, esses resíduos impedem a passagem
de luz solar na água, onde não será mais possível
a vida e também o consumo. Quando destruímos o
todo à nossa volta, precisamos ter consciência que
não estamos agredindo a natureza ou “matando
bichinhos indefesos”, mas sim tornando o ambiente
inóspito para a vida humana na Terra. Estamos
contaminando o nosso próprio alimento, nossa
água, nosso solo, nosso ar. Parece que de repente
acontece uma pasteurização e tudo isso some dos
nossos olhos e nossa mente com a iluminação
pensada na loja do shopping, com a belíssima
campanha numa página de revista e no final de
tudo, o que importa mesmo é a marca bordada eletronicamente,
com seis agulhas e mil pontos por minuto, na altura do peito no
lado esquerdo da camiseta.
73
PART B
O som e a música preenchem o espaço e
nos permitem ter sensações sem nenhuma
legenda ou direção, simplesmente pelo fato
de determinadas frequências atingirem
nosso ouvido fazendo nosso tímpano
vibrar, passando por uma tal de cóclea e
se transformando em impulsos nervosos
que são transmitidos e interpretados pelo
cérebro. Em milésimos de segundo nosso
corpo reage com lembranças, vontades,
raiva, medo, esperança, paixão.
PART A
Posso dizer, com toda segurança, que
nunca ouvi ninguém dizer a frase: “Eu
não gosto de música”. Conheço pessoas
que gostam deste ou daquele tipo de
música e algumas pessoas que se
dizem apaixonadas pela arte sonora
“independente do estilo”, os chamados
“ecléticos”, mas todo mundo tem alguma
afeição emocional, estética ou social com
a musiké téchne, ou arte das musas.
Tenho a desconfiança de que o jeito mais
rápido de se chegar à determinada emoção
é através do som, talvez por uma herança
genética “sonora-simbolista”. Estranho?
Explico. No início dos tempos auditivos dos
primeiros “espectadores”, que andavam
sem fones de ouvido no planeta, o som
grave de um trovão significava destruição,
medo, proteção, e por algum motivo
genético essa informação ficou intrínseca
no DNA do ser humano e é aplicada (talvez)
inconscientemente nos estilos musicais e
construções sonoras, afinal, será que não
existe algo de “trovão” no doom metal?
Mú si ca - Va d ec o S c h et t i n i
Paisagens
SO N ORAS
Sugiro que depois de ler o texto
você ouça algo interessante
como Brian Eno, Steve Reich ou
Ryoki Sakamoto, onde música e
desenhos de som se transformam
num veículo sensorial e invisível
que nos transporta para lugares e
paisagens dentro de nós mesmos.
74
Essa relação entre nossos ouvidos,
caixas de sons, fones de ouvidos,
rituais religiosos ou pistas de dança
transcende conceitos como mercado,
mp3, Domingão do Faustão ou o vizinho
baterista. É algo atemporal. Desde que
o homem começou a andar ereto pelas
invioladas paisagens do início dos tempos
o som foi o veículo de comunicação
entre os seres humanos. De alguns
Arghh, Uga Uga e murmúrios guturais,
nascem as primeiras sonoridades. A
linguagem e a comunicação começam a
se desenvolver passando pelas primeiras
experiências de assoprar bambus e bater
em rudimentares tambores até chegar
naquilo que entendemos hoje como
música ou sound design.
Agora um exercício, compartilhe comigo.
Imagine um vídeo com uma câmera na mão
em plano-sequência andando por uma casa
abandonada, SEM SOM! O câmera-man
passa por quartos sujos e velhos, com teias
de aranha penduradas entre as portas,
janelas quebradas e muito pó nos móveis
antigos. Imaginou isso sem som? Ok.
Agora imagine a mesma cena com uma
trilha sonora grave, com caixinha de música
tocando uma melodia infantil desafinada
(clichê), barulho de portas e pisos rangendo,
respirações ofegantes, corvejar de corvos,
gritos distantes... ARGGHHHHHH !!!!!
r ev ista d eforma
re vista deforma
INTRO:
Minhas considerações neste texto
não têm nenhuma pretensão
acadêmica, política ou
cultural.
Escrevo estas frases
de maneira quase
randômica,
tentando sintetizar,
“displicentemente”,
a minha visão em
relação à música
e aos sons que
preenchem
nossa vida.
Ilustração de Rafael Edwards. Pattern de Lucy Day.
P or Va de c o Sc h e t t i n i
75
BRIDGE
Toda sonoridade criada,
seja música, sound design
ou cantos ritualísticos, está
diretamente ligada a um
produto final. Ela é funcional,
criada e desenvolvida para
determinado “fim”. Porém,
cuidado! Pois é através dos
“meios” que ela nasce.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
Assim como a arquitetura
das catedrais influenciou
o estilo de composição do
cantochão, canto gregoriano
ou o cantus firmus, as pistas
de dança e as “loucuras”
noturnas influenciaram o
desenvolvimento da música
eletrônica. Nos dois casos
os elementos utilizados para
a construção sonora foram
escolhidos em função do
“fim” e com a interferência
das condições do “meio”,
sejam elas físicas ou sociais.
76
76
SOLO
Pense num
solo de
guitarra. De
quem é? Que
lembranças
esse solo te
trouxe? Onde
você estava?
Dirigindo?
Pulando?
Correndo?
Bebendo?
Beijando?
Feliz?
PART A’
É isso. Não sabemos muito bem por
que o ser humano tem essa relação
tão afetuosa com a música e com as
sonoridades. A música muitas vezes
é como um carimbo de um momento.
Nos marca mais que uma fotografia,
pois as sensações físicas que a
lembrança de uma canção nos traz
nos faz reviver aquele momento como
se fosse um arquivo executável de
sentimentos já vividos.
PART B’
Cada elemento sonoro dentro de uma música tem sua função espacial.
Imagine as frequências mais graves como o alicerce de uma casa, bumbo,
baixo, pads, fazem a base de tudo que virá por cima. As frequências médias
são os cômodos da casa, elas nos dão a sensação de forma. Sim, a música
tem forma! As frequências mais agudas são os telhados, acabamentos e
samambaias penduradas em nossa residência sonora. A música tem forma,
ela se desenvolve horizontal e verticalmente. Se ela tem forma ela pode
ser representada graficamente, seja através de partituras convencionais,
desenhos malucos ou riscos numa folha de papel quadriculado.
Mú si ca - Va d ec o S c h et t i n i
CHORUS (sing it at loud)
Yeahhh !! Yeahhh !!! Independente de
qualquer teoria que possamos criar a
partir dessas palavras! Independente de
qualquer ideia que possamos ter a partir
dessas paradas! Todos nós queremos
poder ouvir algo que nos transporte, que
nos conforte, que nos faça forte!
CODA
No fim de tudo, a música
e o som estão ligados às
nossas emoções, estados
de espírito. Alimentam-nos
a cada dia, nos contam
histórias, nos impulsionam,
nos confortam e deixam
a vida da gente um pouco
mais colorida. Então, se
você tem o dom de poder
ouvir, ouça com atenção.
Descubra o que te faz
bem dentro do espectro
de frequências possíveis,
busque compreender e
perceber. Aproveite as
paisagens sonoras e
boa viagem.
Agradecimentos
Aphex Twin, Brian Eno, Cocteau Twins, Daniel Lanois, Egberto
Gismonti, Faith no more, George Harrison, Hans Zimmer,
Infectious Grooves, Jorge Falcon, Kraftwerk, Led Zeppelin,
Michael Jackson, NIN, Outkast, Pink Floyd, Quincy Jones, R2D2,
Sepultura, The Beatles, Underword, Vina Lacerda, Waltel
Branco, X-Men, Yousson N Dour, Zappa.
r ev ista d eforma
Você com certeza terá a sensação de
medo, e é aí que está o conceito de
Desenho de Som: recriar e proporcionar ao
espectador uma emoção específica, que
pode ser usada de diversas maneiras, seja
a favor da dramaturgia de um filme ou a
favor de uma tendência de mercado.
77
77
P erfi l - Isa To d t
ISA TODT
P o r An a Fl ávi a Basse t t i
Fo to s R avi Pi m e n t e l
Isa Todt sempre circulou pelas ruas da arte. Formada em
Pintura pela EMBAP – Escola de Música e Belas Artes do
Paraná, ela é maquiadora, deejay, produtora e hoje está
à frente - ao lado de Flavia Pietro e Tato Cappora - do
Paradis Club, uma casa noturna moderna e cosmopolita
com atmosfera dos nightclubs das décadas de 60 e 70.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
r ev ista d eforma
O club oferece festas temáticas para os gostos musicais mais
apurados, do northern soul aos batuques de bambas, e recebe
gente interessante em um clima de muita energia boa. Há tempos
Curitiba não tinha uma casa com tanta personalidade.
78
78
79
“VERMELHO”
Trabalho:
Espiritualidade:
“Só o soul salva.”
“ Tr a b a l h o é e s c o l h a , q u a l i d a d e . A g e n t e
Para passar dos 30 bem:
UMsabor:
“SALGADO”
trabalha tanto, então tem que ser
divertido, tem que ter amor”.
“Se for no sentido físico, nada, porque
eu não faço exercícios. Mas parei de
Junto ou separado?
fumar, conta né? Acho que é válido não
UMAcomida:
“ M A S S A”
EM um domingo DE sol:
“Eu não tenho tido muitos domingos de sol e, além disso, eu moro
em Curitiba ;). Mas eu faria um piquenique, se eu tivesse tempo.”
Filhos:
“Eu pretendo colher os frutos de
“ T á n a p o r t a j á . O Yu r i q u e r t e r
tanto trabalho.”
filhos, e vamos tentar daqui um
ano. Se rolar, rolou.”
Um ícone de moda:
UMAmúsica:
“ C A L I F O R N I A S O U L” .
Música para mim é:
Um dia pra lembrar:
Sharon Jones.”
“ Tr a b a l h o , d i v e r s ã o , e n t r e t e n i m e n t o . . . d i f í c i l
definir... música é arte e arte é tudo, então
Um medo:
música é praticamente tudo.”
“Filmes de terror”.
UMlivro:
Amor:
“ E N S A I O S O B R E A C E G U E I R A” .
“ Yu r i ” .
“ P O D E D A R U M A L I S TA ? ” .
“A l t a f i d e l i d a d e ” .
“Keep the faith”.
“O dia em que conheci a
Uma banda, cantor ou cantora:
UMfilme:
Uma frase:
Sexo:
“Bom, gostoso, ótimo”.
Deus:
“Sou ateia”.
Arte p/ mim é:
Não vivo sem:
“ T U D O , A R T E É V I D A” .
”Música, amor, dinheiro
e macarrão.”
r ev ista d eforma
“MARLENA SHAW”.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
Daqui dez anos:
“A d e s p e d i d a d o m e u p a i . ”
UM(a)artista:
80
80
“Viajar mais”.
“COZINHAR, VER FILMES E CONVERSAR.”
”PARADIS, CLARO”.
Uma vontade:
momento de forma única.”
Um dia pra esquecer:
“Chanel”.
“J u n t o ” .
se preocupar com a idade e viver cada
U M p r o g r a m a P ARA F AZ E R a DOIS :
Sábado a noite:
P erfi l - Isa To d t
UMAcor:
81
81
Tradução página 119
r ev ista d eforma
By Th o m as C r i st o f o l l e t i
During his visit to Cuba in 2012, former Iranian
president Mahmoud Ahmadinejad said that
“[t]hankfully we are already witnessing that
the capitalist system is in decay, on various
stages it has come to a dead end — politically,
economically and culturally.” But the changes
that have been taking place in Iran in the last few
years seem to contradict this.
re vista deforma
MATÉRIA EM LÍNGUA ORIGINAl
M OSAI C
Iran’s booming consumer culture
82
82
83
83
Mo sa i c - T h o m a s C ri st o fo l l eti
84
T he m o s t p r o m ising eco no m ies
o f t he 2 1s t centur y – a nd
p e r ha p s the next China . . .
Dott. Richard Javad Heydarian
r ev ista d eforma
re vista deforma
Despite slow mobile internet connections, high prices for imported – most of
the time smuggled – technological products and the constant governmental
censorship of the media, Iranians are frantically buying smartphones, tablets and
flat screen TVs. Shopping has became a near obsessive ritual for young people,
and especially women, who have now turned to buying beauty products and
high-end western brands to fill in the void of entertainment options and to “rebel”
against the array of restrictions they are subjected to.
85
Mo sa i c - T h o m a s C ri st o fo l l eti
86
Even if traditional Grand bazaars
continue to be the favourite places to
shop for regular Iranians they now face
competition from huge shopping malls,
which were erected in the outskirts of
major cities across the country. And
these offer western-style hypermarkets,
international brands and colourful gaming
arcades to list just a few temptations.
Perhaps “the lion“ is getting ready
– In the last few months we have
witnessed improved relations
between Iran and the West, while
the upcoming negotiations for the
lifting of the sanctions could pave
the way for even more changes in
the country and consequently also
within the region.
r ev ista d eforma
re vista deforma
In his recent opinion piece for
Al Jazeera, Dott. Richard Javad
Heydarian described Iran “as one of
the most promising economies of
the 21st century – and perhaps the
next China”, a lion ready to awake.
87
d e s i g n
P o rt f o l i o - F et i c h e D esi g n
F E TI C H E
P o r Fe t i c h e D e si g n
No processo de concepção e
fabricação de objetos, o fetiche.
88
www.fetichedesign.com.br
r ev ista d eforma
re vista deforma
Criá-los para serem desejados, mas
mais do que isso, acrescentá-los de
significados que ultrapassem seus
valores estéticos ou meramente
funcionais. Tal conceito é o que inspira o
casal Paulo Biacchi e Carolina Armellini
da Fetiche Design, empresa curitibana
de mobiliário, decoração e consultoria
de tendências. O estúdio possui um
vasto currículo de premiações e
exposições, nacionais e internacionais,
alem de inúmeras publicações em
revistas do segmento.
89
P o rt f o l i o - F et i c h e D esi g n
re vista deforma
A GENTE TRANSFORMA YAWANAWÁ
A FORÇA DA FLORESTA
90
A vivência do projeto aconteceu na Floresta
Amazônica. O designer Marcelo Rosenbaum
juntamente com os designers Paulo Biacchi e
Carolina Armellini, do estúdio Fetiche Design e
André Bastos, representando o estúdio Nada Se
Leva, se reuniram com 78 artesãos moradores
das Aldeias Nova Esperança e Amparo, e lá
produziram, em um processo de co-criação, 9
luminárias feitas a partir de miçangas de vidro,
material familiar ao artesanato indígena desde
os tempos do contato com o homem branco. A
coleção foi comercializada nas onze lojas da La
Lampe e o lançamento aconteceu na Semana
de Design de Milão.
O exoesqueleto de um inseto é
a cutícula resistente que cobre
seu corpo, fornecendo proteção
para os órgãos internos e
suporte para os músculos.
Foi com base nesse conceito
que a Fetiche Design criou a
Poltrona EXO para a Schuster.
“Procuramos manter no projeto
as características do conceito
que traçamos, criamos uma
poltrona com uma concha
visualmente leve, rígida e de
certa forma articulada. Além da
preocupação com o conforto
brincamos com a sensação
de proteção da concha”.
Estruturada por triângulos de
madeira e revestimento em
couro, a concha se encaixa nos
pés através de conexões em
madeira maciça.
r ev ista d eforma
EXO CHAIR
91
P o rt f o l i o - F et i c h e D esi g n
COLEÇÃO EGO
De tiragem limitada, a Coleção Ego
materializa um novo estudo da dupla
da Fetiche em torno do belo. Um
trabalho conceito realizado para a
marca Artimage. Uma desconstrução
de um ícone da beleza, do narcisismo,
da perfeição, o espelho. Os designers
propõe a desfiguração da reflexão e
criam um espelho poluído, manchado,
incompleto. O resultado é instigante,
cada peça é única. Os designers
estudaram a formulação química do
espelhamento e em seu atelier testaram
e produziram litros de compostos
químicos para aplicação nos vidros.
BANCO R540
rreevvista
ista ddeforma
eforma
r ev ista d eforma
Podemos atribuir esta criação à “inspiração” ocasional certamente.
Lembrando de uma antiga brincadeira de ligar os pontos em uma
folha de papel, percebemos o quanto aquilo era interessante. A união
de linhas retas formavam curvas perfeitas, sentimos que daquela
brincadeira podíamos criar algo realmente novo.
92
93
P o rt f o l i o - V E N TIZ E RO N OV E
P o r V EN TI ZER O N O V E
94
Sonia Mion nasce sui laghi di montagna
verso la Svizzera e Nicola Iannibello
sul golfo del Mar Ionio. Milano è
geograficamente un giusto compromesso,
e la loro sede è una ex filanda ristrutturata
un pò studio e un pò luogo d’incontri, sul
tavolo da lavoro si alternano mac e cestini
da pic nic, li troverai sempre pronti a tirar
fuori una tovaglia a quadri. Il loro lavoro
spazia tra corporate identity, editoria,
illustrazione, packaging, branding. Ma
la creatività non alimenta se stessa, e i
viaggi sono un modo per stimolarla. Sonia
e Nicola girano il mondo con lo zaino in
spalla, sfogliano guide e orari del bus
mentre un bento box laotiano diventa
nella loro mente il punto di partenza di
un packaging e un decoro visto su una
matriosca i primi tratti di un logo.
www.ventizeronove.it
r ev ista d eforma
Ventizeronove è l’anno in cui
costituiscono il loro studio.
re vista deforma
MATÉRIA EM LÍNGUA ORIGINAl
Tradução página 125
V E N TIZ E RO N OV E
95
P o rt f o l i o - V E N TIZ E RO N OV E
96
Nuovo brand di Juice Detox, primo
nel suo genere in Italia. Seguendo il
progetto dalla nascita, anche in questo
caso, abbiamo sviluppato il marchio e la
sua immagine cercando di raccontare
tutti gli elementi caratterizzanti del
prodotto: freschezza, semplicità,
immediatezza, vivacità, diversità e
rispetto per se stessi. Siamo così
arrivati all‘immagine completa di
una serie di succhi diversi, per ogni
momento della giornata, abbinati a un
packaging leggero e contraddistinto dal
colore e dalla semplicità.
r ev ista d eforma
re vista deforma
DEPURAVITA
97
P o rt f o l i o - V E N TIZ E RO N OV E
Abbiamo sviluppato materiali di corporate
Identity, pieghevoli/brochures, company
profile, per passare poi alla realizzazione
di packaging appositi adatti per la varietà
di prodotti della collezione. In parallelo
abbiamo realizzato lo shooting fotografico
e lo sviluppo del sito e dell’ e-commerce,
per concludere questa prima fase, con il
lancio del marchio al Salone del Mobile 2013,
con l’allestimento di uno spazio nel circuito
del Fuori Salone. Un lavoro decisamente
completo di cui siamo felici di aver avuto la
possibilità di seguire tutte queste fasi.
98
Aşk Gallery, è un marchio di design di
prodotto che interpreta le antiche visioni
estetiche e filosofiche della Turchia con uno
sguardo contemporaneo. Aşk in lingua turca
significa amore, inteso come l’unico mezzo
attraverso cui ogni cosa può trasformarsi e
innalzarsi a un livello divino. Il lavoro è partito
dalla progettazione e studio del logo e di
un’immagine che rispecchiasse il mondo di Aşk
(Turchia + tradizione + modernità).
r ev ista d eforma
re vista deforma
ASK GALLERY
99
100
Premiado por seus trabalhos em Teatro,
Cinema e TV, Luis Melo construiu uma
carreira sólida desde sua formação na
Fundação Teatro Guaíra.
O Globo
Trabalha, desde 1985, no eixo Rio-São
Paulo, mas nunca cortou os seus laços com
Curitiba, onde atuou por anos como ator e
professor de teatro. Em 2002, já conhecido
nacionalmente, fundou em Curitiba – ao lado
de Nena Inoue e Fernando Marés - o ACT (Ateliê de Criação Teatral),
voltado à formação e experimentação nas artes cênicas, que funcionou
até 2008. Agora, está comprometido com o Campo das Artes, onde
empresta sua experiência e capacidade de criação e ensino para artistas
em busca de uma arte mais simples e humana, mais comprometida com
o processo de criação do que com o resultado final. O Campo das Artes
fica em São Luiz do Purunã – PR, onde Luis Melo vive hoje.
Deforma: Mesmo trabalhando
muito no eixo Rio - São Paulo
você sempre deu um jeito de
voltar para Curitiba. Do que
sente mais falta?
Luís Melo: Primeiro, da
qualidade de vida, da condição
que Curitiba oferece para criar.
Por exemplo, São Paulo e Rio
são vitrines para o trabalho,
mas falando de lugar para
criar, para desenvolver
algum projeto a médio e
longo prazo, Curitiba oferece
muito mais condições. É
uma cidade tranquila, de
fácil locomoção e onde você
consegue produzir arte com
qualidade, a preços justos.
No Rio e em São Paulo
você perde muito tempo
respondendo às solicitações
sociais, tempo esse que poderia
estar sendo dedicado à criação. E
mais, Curitiba é uma cidade onde
você ainda consegue visitar as
outras artes, e isso para o artista
é fundamental. Existe aqui uma
abertura, sem a contaminação
do grande centro, como São
Paulo, onde você é obrigado a
dar certo para sobreviver. Aqui
você pode arriscar, pesquisar
e experimentar mais. Eu sinto
muita falta desse lado de Curitiba.
D.: Muita gente tem percebido
isso e está retornando à Curitiba?
L.M: Sim, esse é um movimento
muito importante. Pessoas
que estavam na Europa,
América, Rio, São Paulo, estão
retornando à Curitiba e esse
movimento está ajudando a dar
uma outra cara para a cidade.
Antes era tudo muito invernal,
muito fechado. Hoje, você vê
essa coisa da mesa pra fora,
de ocupar os espaços públicos.
E n t revi st a - Lu ís Mel o
conseguir ter um pouco
mais de liberdade, de
propor coisas novas para
a cidade ou resgatar
o que realmente é
importante para Curitiba
- e não uma falsa
imagem de Curitiba
que a gente sabe que
se vende lá fora – você
acaba ficando aqui, ou
voltando sempre.
D.: O que você acha que
falta em Curitiba?
Luis Melo e Edwin Luisi no espetáculo
Terra de Ninguém.
Esse movimento de tirar as
pessoas do shopping e levá-las
para a rua. A coisa do pouco
recurso, mas com charme, foi
dando outra cara para a cidade.
Eu acho que isso tem muito a
ver com o retorno das pessoas.
Curitiba tem uma coisa muito
forte, a gente não consegue se
desligar muito dela. Ela é uma
mãe poderosa. Então, se você
pode vir e tentar coordenar
essas duas coisas: esse lado
tirânico de Curitiba em relação a
fincar raízes e ao mesmo tempo
L.M.: Acho que falta
as pessoas não terem
pudores em divulgar
o que se faz, o que se
cria, o que se produz
em Curitiba. Acho que
falta esse orgulho. Porque
tudo o que se produz aqui é
da mais alta qualidade. Falta
saber valorizar aquilo que
se produz aqui. E não falo só
artisticamente, falo de divulgar
os nossos profissionais, em
todas as áreas.
D.: Curitiba é culturalmente
irrelevante no país?
L.M.: Existe um jogo que é
engraçado. Às vezes, o Paulo
Leminski é mais lido lá fora
r ev ista d eforma
L u í s
rreevvista
ista ddeforma
eforma
M e l o
P o r An a Fl ávi a Basse t t i
Fo to s Le e kyu n g Ki m
Curitiba tem uma
coisa muito forte,
a gente não consegue se
desligar muito dela. Ela
é uma mãe
poderosa.
101
102
D.: Então o trabalho artístico
paranaense e curitibano é
relevante, mas não recebe
incentivo?
L.M.: Fora o Leminski, o Dalton
Trevisan, que conseguem de
uma forma ou de outra romper
um pouco essa barreira de
espaço e serem traduzidos para
todos os lugares, existe uma
dificuldade. Existe o trabalho
bom, mas não existe incentivo
para que o artista possa romper.
É irrelevante, então, porque
as pessoas conhecem muito
pouco do que é produzido aqui,
porque não tem divulgação.
Por exemplo, o Cristóvão Tezza.
A partir do momento em que
ele foi para uma editora muito
maior, todo mundo soube dele
e agora muita gente conhece
sua obra. Eu falo nesse sentido
de conseguir romper isso, como
o Festival de Teatro de Curitiba
fez por Curitiba na época e hoje
as artes cênicas já vêm buscar
valores aqui.
D.: O curitibano fica feliz
quando vê artistas daqui serem
reconhecidos nacionalmente
como você, como o Leminski, o
Dalton... Quem mais?
L.M.: Não são pessoas, são
movimentos. Dalton e Leminski
são fenômenos, não dá pra
colocar junto. A questão é
que, além desses dois gênios,
existe uma literatura da melhor
qualidade aqui, de contistas,
de poetas. O mercado editorial,
com revistas e jornais como o
Nicolau, a revista Medusa que
Luis Melo no espetáculo Terra de Ninguém.
era produzida aqui também.
Todo esse material virou uma
referência nacional, falando de
artes gráficas. Têm pessoas
que colecionam, são coisas
raras da melhor qualidade.
Mas se você falar sobre isso
aqui em Curitiba, pouquíssimas
pessoas conhecem.
D.: Falta uma personalidade
para Curitiba?
E n t revi st a - Lu ís Mel o
L.M.: Falta. Falta as pessoas
se colocarem mais. Falta
elas acreditarem naquilo que
estão fazendo e cobrarem
um posicionamento não só
do poder público, mas da
imprensa. É cobrar um pouco
mais desse orgulho de ser
paranaense, não digo nem
curitibano. O paranaense do
interior tem mais orgulho do
que o curitibano. E também
fazer um exercício prático. Por
exemplo: “Por que eu vou dar
minha casa pra um arquiteto
de fora se aqui eu tenho ótimos
arquitetos?”. Estrangeiros vêm
e compram as cerâmicas dos
nossos artistas com deleite e
utilizam aquilo no seu dia-adia. Eles compram, valorizam,
levam ao exterior. Outro
exemplo foi a inauguração da
Praça de Bolso do Ciclista, que
foi amplamente comentada
no facebook. Gente que não é
daqui dizendo: “Nossa, isso tem
que servir de exemplo pro resto
do país porque é uma iniciativa
muito legal”, mas quem é daqui
às vezes nem está sabendo,
porque muitas vezes a imprensa
daqui não acha relevante.
D.: Então as iniciativas existem,
mas falta reconhecimento e
conhecimento. Que outras
iniciativas você citaria?
L.M.: O projeto de vocês, a
Deforma. O Croquis Urbanos
que, além de produzir arte, está
registrando o patrimônio da
cidade, oque ajuda inclusive a
proteger esse patrimônio.
r ev ista d eforma
re vista deforma
Às vezes alguém me fala:
“Você não trouxe sua
ultima peça pra cá,
essa que tá em cartaz no
Rio, São Paulo?”,
e eu respondo: “A peça
estreou em Curitiba”.
do que aqui, o Dalton e tal. Às
vezes alguém me fala: “Você
não trouxe sua ultima peça pra
cá, essa que tá em cartaz no
Rio, São Paulo?”, e eu respondo:
“A peça estreou em Curitiba”.
Muitas vezes, enquanto ela
está aqui não há interesse, mas
quando ela passa a acontecer
fora ganha visibilidade. Há
também outro lado: há uma
imagem lá fora de que a arte
paranaense é muito incentivada
aqui, o que é mentira. Ela
recebe muito bem quem vem
de fora, mas o que se produz
aqui não é incentivado. Por
exemplo, o Festival de Teatro de
Curitiba tem uma mídia nacional
impressionante, e para isso é
gasto muito dinheiro, enquanto
as companhias daqui não tem
estrutura. A força de Curitiba
está no elemento humano, nos
artistas e no movimento que
eles fazem.
103
Unindo as frentes culturais
você consegue construir
uma cultura de consumo de
cultura em geral.
fazer um tipo de teatro que
eu não encontrava aqui. Até
porque, para fazer o que você
gosta você precisa de uma
visibilidade, então você vai
para um meio comercial, que
para nós é a televisão, para que
você continue fazendo o que
gosta de fazer de verdade, a tua
paixão. Eu lembro que quando
o Rimon (Guimarães) pintou a
parede lá do ACT pra mim, ele
só pediu tinta e um espaço para
ele fazer e mostrar o trabalho
re vista deforma
D.: Você acredita nesse
movimento da população pela
cidade, como os Croquis e a
Praça de Bolso do Ciclista. Os
seus projetos - o ACT e agora
o Campo das Artes – têm um
pouco disso?
104
L.M.: O Campo das Artes é
um projeto de vida, mas eu
não tenho nem intuito de
administrar aquilo. Eu trabalho
muito com as necessidades,
e acho necessário um projeto
como o Campo das Artes
aqui. Eu saí de Curitiba para
dele. Isso te emociona, mas
ao mesmo tempo entristece
porque esse artista apaixonado
é o mesmo que teve que sair
daqui para ser reconhecido.
Enquanto nossos artistas
saem daqui e vão pintar lá
fora para serem reconhecidos,
“nós” apagamos o que eles
fazem aqui, como o grafite dos
Gêmeos que apagaram aqui em
Curitiba. (Um grafite da dupla
Os gêmeos, na Praça 19 de
Dezembro, foi apagado para dar
lugar à fachada do comitê de
campanha eleitoral da deputada
estadual do PSDB Mara Lima).
D.: Então o campo das artes é
uma iniciativa para dar esse
espaço aqui?
Luis Melo e Caco Ciocler no espetáculo
Terra de Ninguém.
L.M.: Isso. É claro que não
podemos competir com o
teatro profissional de Rio e São
Paulo, que tem mais público e
maior incentivo, mas podemos
fazer um trabalho ótimo de
teatro de experimentação
aqui. Quando eu criei o ACT eu
vi que era possível fazer esse
D.: Então o ACT cumpriu com o
objetivo?
Luis Melo no espetáculo
Terra de Ninguém.
L.M.: Sim. Ele despertou o interesse e agregou
pessoas de todas as artes. Não era só teatro,
eram artistas plásticos, poetas... E isso é
muito importante, porque unindo as frentes
culturais você consegue construir uma cultura
de consumo de cultura em geral. Além disso, o
ACT deu a liberdade necessária para os artistas
criarem. A gente viu que esse lado de Curitiba,
de não massacrar o artista, era importante. Aqui
ele tinha tempo de criar, recriar, errar, voltar e
fazer de novo.
D.: E o campo das artes visa essa liberdade de tempo, também?
L.M.: O Campo das artes é um espaço de residências artísticas para
que as pessoas possam ter mais tempo para a criação, para que não
sejam esmagadas pelas necessidades que o mercado impõe. Então,
no Campo das Artes, o artista tem um espaço para criar e sair dali com
a tranquilidade para tomar novos espaços. Um espaço como o Campo
das Artes também cria esse espírito otimista e orgulhoso do que se
faz aqui, essa energia que nos diz “Dá para fazer”, “Vamos fazer”.
r ev ista d eforma
O movimento do Bosque da Casa
Gomm. São movimentos que
mostram que você não precisa
fazer uma praça superfaturada,
você pode fazer pequenas
praças e as pessoas podem
começar a frequentar as praças
dos seus bairros. Na realidade a
gente não precisa dessa energia
gasta como, por exemplo, foi
gasta com a Copa. Aquela Praça
do Atlético era incrível e agora
está lá, jogada. E para arrumar
vai gastar mais dinheiro.
E n t revi st a - Lu ís Mel o
trabalho aqui – que Curitiba
era ideal para isso - e que ele
poderia render frutos. O ACT
promoveu a integração de
pessoas e a criação de muitas
companhias que existem
até hoje. Então, antes muita
coisa nascia aqui e morria
aqui, agora já acontece um
trabalho de continuidade.
O Brasil passou a voltar
seus olhos para Curitiba, e
os profissionais do teatro
paranaense são, hoje, muito
concorridos no Brasil todo.
105
R e f e r ên ci a d a ref erên ci a - D a d o Qu ei r o z
Relativity (1953) M. C. Escher
Lembro, então, de crescer em
meio a inúmeras perspectivas
e estudos desenhados à mão
por ela, para seu escritório de
Design de Interiores.
©Arch2o.com
R E F E R Ê N C IA d a
R E F E R Ê N C IA
Dos livros, lembro da
fascinação por Magritte, Dalí
e, especialmente, Escher, e de
me dedicar à eles muito mais
do que aos livros escolares.
The Unexpected Answer (1933) René Magritte
Além disso, tive uma fase intensa de quadrinhos mainstream,
de onde lembro em especial de Todd McFarlane. Depois, na
minha breve passagem pelo curso de Arquitetura, vieram
Frank Lloyd Wright, Gaudí, Mondrian e Gehry.
106
Como é comum a muitos profissionais, minhas
primeiras referências vieram da infância e
adolescência. Tive a imensa sorte de minha
mãe contar com habilidades artísticas que me
inspiraram muito e de, frequentemente, ela nos
presentear com livros sobre arte.
Cleveland Clinic Lou Ruvo Center,
Las Vegas.
Spider-Man - Todd McFarlane.
r ev ista d eforma
re vista deforma
P o r D ado Q u e i r o z
107
108
Hoje em dia, evito referências diretas
enquanto estou em um projeto, pois
elas tendem a me influenciar demais,
tornando qualquer possibilidade
de originalidade muito menos
provável. Em vez disso, tento deixar
que as minhas experiências, essas
referências fundamentais dos meus
anos de formação, as inúmeras
peças que vejo diariamente e as
características específicas de cada
projeto se misturem de alguma forma
subconsciente, na esperança de que
disso surja algo minimamente original
e interessante de se trabalhar, em vez
de apenas mais uma variação do que
já existe. É um objetivo audacioso,
mas não custa ao menos tentar.
Da produção contemporânea, tenho
acompanhado o trabalho da Wasted
Rita, pela filosofia de rua, do Alex
Trochut, por extrapolar os limites do
lettering, e da lenda James Victore,
pelo comprometimento em formar as
novas gerações, sem contar a força
bruta do seu trabalho.
Lichtenstein Tribute - Alex Trochut
R e f e r ên ci a d a ref erên ci a - D a d o Qu ei r o z
Viajar também é uma enorme
fonte de inspiração para
mim, com o perdão do cliché.
A maior parte das minhas
fotos de viagem é formada
por fachadas de prédios e
letreiros. Cinema, literatura,
design de objetos, fotografia
e música, especialmente
música, completam o pacote.
Fotos tiradas por Dado Queiroz durante
viagens, experiências que servem de
referência para seus trabalhos.
dadoqueiroz.com
be.net/dadoqueiroz
instagram.com/dadoqueiroz
@dadoqueiroz
r ev ista d eforma
© 2013 StripTease the mag
re vista deforma
Dave McKean: capa para “A Comédia
Trágica ou a Tragédia Cômica”
As primeiras referências específicas
de Design Gráfico vieram apenas
depois de entrar na faculdade de
Programação Visual: Dave McKean,
David Carson e a revista Emigre, que
considero a maior responsável pela
minha apreciação do desenho de
fontes e letterings, além de formas
diferentes de entender design, como a
crença de que a suposta neutralidade
do design moderno é uma ilusão. Dos
diversos profissionais que passei
a conhecer pela revista, foram os
trabalhos (e textos) do próprio editor
Rudy Vanderlans e de Ed Fella que me
marcaram mais.
109
P o r FU R F
Existe como viver em bela harmonia a poesia
do design e o mercado. Não desejamos
algo pela sua parte material, mas sim
pelo significado, prazer, alegria e outros
benefícios intangíveis que desfrutaremos
através dele. A-tra-vés. Design é apenas o
meio, um canal que permite transformar um
momento cotidiano em pura poesia. Uma
dança nostálgica entre o usuário e o objeto.
re vista deforma
O Design, nas suas mais diferentes
áreas, detém o poder de transformar
muitos momentos da nossa vida. Não
apenas do consumidor final, mas de
110
Cremos que o bom design é
acessível, compreensível e
admirado pelo máximo de pessoas
possíveis, de moradores de
favelas a curadores da Semana
de Design de Milão. Criamos para
consumidores e com a indústria,
devemos pensar nas necessidades
e principalmente desejos dessas
duas partes. Cada vez é mais
comum encontrarmos designers
que criam coisas para outros
designers. Eles são conhecidos no
meio do Design e quem não admira
suas criações é “ignorante”. Será
que o real ignorante não é quem
de fato ignora a existência do
mercado e da grande importância
do Design? Bom design vende e/
ou estrategicamente aumenta o
valor percebido de uma marca.
Simples assim. Criar somente para
alimentar o ego do submundo do
Design é tão útil quanto um chef
criar um prato lindo que não pode
ser comido, ou que até pode, mas
tem um gosto horrível. Quem cria
possui uma poderosa ferramenta
para a transformação de muitas
pessoas, que pede para ser usada com paixão e
responsabilidade. Quem cria, transfere um pouco das
suas crenças, amor, beleza e poesia para suas criações,
sendo muitas as que continuarão existindo mesmo
depois da nossa existência. Quem cria engana a
própria morte, tendo a chance de colaborar na imortal
poesia da vida. Sendo assim, citamos uma provocativa
pergunta de Robin Williams, no filme Sociedade dos
Poetas Mortos: “Qual será o seu verso?”.
Poltrona Costa Alta - FURF
P o esi a & D esi gn - F U RF
todas as pessoas que se envolveram
no desenvolvimento de um projeto.
É impressionante o poder de
transformação e contágio que um
projeto tem, assim como um vírus,
um “bom vírus”. Quanto mais gente
conhece e se envolve com um bom
produto, maior o número de pessoas
contagiadas, dispostas a ajudar no
desenvolvimento e a compartilhar a
sua história.
r ev ista d eforma
A P O E SIA
d o d e s i g n
e o M E R C ADO
111
Po r A l e M a z z a r ol o
rreevvista
ista ddeforma
eforma
Tenho uma confissão a fazer…
escrever um artigo ainda é mais árduo
do que o dia-a-dia em um estúdio de
criação, pensando e produzindo arte
digital. Trabalhar com formas, cores
ou dar um novo sentido às imagens
ainda flui mais do que me expressar
por através das palavras.
112
112
O que mais me interessa é a imagem
e todas as possibilidades que ela
poderá ganhar ao ser transformada e
editada. Mais do que produzir essas
imagens, vê-las conquistando espaço
nas casas e fazendo parte da vida das
pessoas é ainda mais gratificante.
O mercado de arte digital se expandiu
e criou um movimento do qual eu faço
parte, com artistas flertando entre a
arte e o design, produzindo híbridos e
comprovando que o computador foi o
instrumento que transformou a nossa
sociedade e cultura como nenhum
outro, nas últimas décadas.
A arte digital define a época em
que vivemos. Ela agrupa todas as
manifestações artísticas realizadas
através do computador. Suas raízes
encontram-se na matemática e
na informática. Pode-se definir a
produção digital como arte quando
conceitualmente se utilizam as
possibilidades de um computador ou da
web com um resultado que não seria
alcançável através de outros meios.
Pois bem, para entender o início desse
movimento precisamos nos ater a dois
acontecimentos ocorridos na década de 60.
Primeiro, um número cada vez maior de artistas
No contexto mais abrangente da arte, a arte
digital pode compreender as produções
denominadas webarte, netarte, ciberarte,
bioarte, gamearte, instalações interativas,
D esi gn D i gi t a l - Al e Ma zza r o l o
saiu do conceito de obra única e começou a
produzir em pequenas ou grandes tiragens.
Foi a partir daí que o grande público passou
a ter acesso às diversas formas de arte. Já a
arte digital começa a ser percebida como tal, a
partir de fevereiro de 1965, quando Georg Nees
realiza a primeira exposição sobre gráficos
feitos em computador.
DI G ITAL
mídias locativas e outras atividades relacionadas.
Assim arte, design, arquitetura, moda, cinema,
música e mídia convergiram para um único canal
que faz com que o homem comece a exercitar
seu olhar para formas de expressão antes não
percebidas.
Como os outros artistas, passei a construir meu
repertório de criação através de experiências
e experimentos com forma, cor e tecnologia,
sempre atento às tendências e buscando
referências na cultura em geral. Num mundo
totalmente conectado, nada tem mais a ver do
que ser um artista digital.
rreevvista
ista ddeforma
eforma
ART E
Uma das principais formas de expressão de arte
digital, a manipulação de imagens, sobretudo
de fotografias, consiste em elaborar uma
edição aperfeiçoada e visível, que vai além das
mudanças de cor ou corte. Semelhante a essa
categoria, a ilustração digital, por sua vez, se
utiliza de vetores para definir primitivas formas
geométricas, transformado-as, também, em arte.
113
113
© Le Bagatelle.org
T i ri n h a s - J o ã o Ca r va l h o
JOÃOCarvalho
M OS C H I N O
b y M OS C H I N
Por Ga b riele Moschin
Tra d uçã o Ana F lá via Bas s e tti
e Ra ffa ella Bona nni
re vista deforma
r ev ista d eforma
Franco Moschino
114
115
re vista deforma
116
Era uma vez Franco Moschino.
Era, porque está morto há 44
anos. Deixou-nos apenas uma
década depois de começar
seu trabalho como estilista.
Irreverente é a qualidade
mais lembrada e repetida por
quem o conheceu de perto ou
escreveu sobre ele, seguida
Como publicitário não posso
deixar de notar algumas
campanhas extremamente
Moschino s/s 15
certeiras. Aquela com a
modelo que bebe o perfume
no canudinho, como se fosse
uma Coca-Cola ou um cocktail,
e a headline “For external
use only” (Somente para uso
externo). Ou alguns fashion
tales, como a história da Olivia
Palito, nascida na marca em
1995 morena, que depois ficou
loira para o perfume Chic
Petals. Indiscutível heroína que,
em um dos primeiros filmes
publicitários, acorda o seu
amado com o perfume. Uma
espécie de Bela Adormecida,
só que com os papéis trocados
e com a Olívia Palito como
protagonista.
Portanto, eu gosto de
“comunicador” porque além
das tantas coisas que podemos
Case para Iphone Moschino
edição especial.
original ruim), “Warning: fashion
shows can be dangerous to
your health”(Aviso: desfiles de
moda podem ser perigosos
para a sua saúde), “Fur for
fun” (Casaco de pele para
divertir) e o genial, inquisitivo
e epistemológico “Ready to
Where?” (Pronto para Onde?,
em alusão ao Ready-to-wear
= Prêt-à-porter). Prontos para
onde? Prontos para fazer oque?
Prontos por quê? Por que
prontos?
Hoje, essa tradição focada na
comunicação, que investe em
Mod a & B ra n d i n g - Ga b r i el e Mo sc h i n
dizer sobre sua moda e seu
estilo, eu amo muito sua
obstinada determinação a dizer
e transmitir alguma coisa de
verdade, ele nos presenteia
com o seu estilo verbal.
Foram os seus slogans que
chamaram a minha atenção,
os jogos de palavra e a espécie
quase profana de divertir, o
détournement* verbal e visual,
a habilidade de misturar key
visual e contextos, a sua
habilidade publicitária. De
“Non rubare” (Não roubar), “La
natura è meglio della couture”
(A natureza é melhor do que
a alta-costura), “Non sono
una signora” (Não sou uma
senhora), “Ecology now, ecology
wow!” (Ecologia agora, ecologia
uau!), até aqueles mais ousados
como o célebre “Channel N°5”,
que lhe custou uma causa
judicial com a maison francesa,
“Good taste doesn’t exist” (Bom
gosto não existe), “Waist of
money” (Cintura – brincando
com waste que significa perda
- de dinheiro), “Stop the fashion
system”(Parem o sistema
fashion), “A good copy is better
than a bad original” (Uma boa
cópia é melhor do que um
© Opening Ceremony
de carismático, rebelde e
anárquico. “Sempre admirei
sua inteligência viva e eclética,
a doce ironia que exercita a
mente, a atenção aos grandes
problemas da sociedade e, em
um mundo onde todos buscam
destaque, seu protagonismo
natural” comentou Giorgio
Armani. Para Laura Biagiotti,
quando Moschino partiu, partia
o único estilista da vanguarda
da moda italiana. Porém, entre
os adjetivos, o meu favorito
continua sendo “comunicador”,
que conta muito sobre uma
pessoa como Franco Moschino.
“Comunicador”, com uma
interpretação mais poética
e uma análise etimológica
mais bem sucedida, pode ser
traduzido em duas palavras,
do latim: cum e munus = com e
dom, “com dom”, que descreve
Moschino enquanto restitui à
sua obra o amor, o dom, com o
qual ele nos presenteia.
© Hearst Magazines UK
Estou sentado em uma cômoda
cadeira no restaurante La
Croyance (que em francês
significa “a crença”, “a fé”),
um lugar que poderia ser
descrito como “o sóbrio,
elegante e onírico Hotel Maison
Moschino”, e tenho como
companhia um drink à base
Hendrick’s Gin que pedi com
o dobro de lima, na tentativa
inconcebível de transformálo em um “superfluído”, um
fluído super, com completa
ausência de viscosidade e de
entropia – aquele estilo de
líquido que, se introduzido em
um percurso fechado, flui em
direção ao infinito – quando
um pensamento, que passa há
pouco a me acompanhar, me
chama a atenção: é assim que
eu gostaria que fluíssem minhas
sessões de drink&think, quando
se está em busca de ideias e
se pensa ao belo. E é pensando
nisso que, já em pé, vou até a
varanda. Estou aqui, e digo logo
por quê. Porque quero falar de
Moschino, e me parece justo
começar assim esta história.
Prontos para onde?
Prontos para fazer oque?
Prontos por quê?
Por que prontos?
uma redação precisa
e títulos memoráveis
e que coloca em
discussão todo o
Fashion System é ainda
muito reconhecida.
Aliás, depois de Franco
Moschino e de sua
assistente e sucessora
Rossela Jardini, ela está
ainda mais enraizada
com o americano
Jeremy Scott: brilhante,
esperto, extremamente
independente e
suficientemente não
convencional, que já
chamava atenção por
ser um pouco rebelde
e pop em relação ao
Fashion System.
Dois desfiles do readyto-wear [ou where?] de
Moschino com a direção
criativa (não se fala
mais em “estilista”, mas
“diretor criativo”, como
nas agências de comunicação
e publicidade, que é aquele que
recolhe o legado da identidade
da marca e cuida para que a
genialidade do estilista não
se perca, por anos, depois do
seu adeus) de Jeremy Scott me
agradaram particularmente
pelo sabor híbrido, pósmoderno, “baumaniamente”
líquido, por estarem entre o
*Détournement: é um conceito que fala
sobre a possibilidade artística e política
de tomar algum objeto criado pelo
capitalismo ou pelo sistema político
hegemônico e distorcer seu significado e
uso original para produzir um efeito crítico.
r ev ista d eforma
Com quantos “Os” se
faz um OOOH!
117
118
Moschino f/w 14
M OSAI C O
Por Thom as Cris tof olle ti
Tra d uçã o Raf ae l P om p e o
A cultura crescente do consumismo no Irã
Durante visita a Cuba, em 2012, o ex-presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou: “ainda bem
que nós já estamos testemunhando a decadência
do sistema capitalista. Em muitos aspectos, ele
já chegou num beco sem saída – politicamente,
economicamente e culturalmente”.Porém, as
mudanças que têm acontecido no Irã nos últimos
anos parecem ir contra esta afirmação.
Talvez Franco tenha sido menos
demagógico nas suas escolhas
de estilo porque, fazendo um
balanço, no instante em que
apareceu o primeiro modelo à
la Bob Esponja, a Moschino já
havia passado do limite. Mas
os aplausos continuam, a vida
segue, o mundo não para e a
fábula de Moschino continua.
© 2014 Oh My Glam
“apenas pegar emprestado” e
o “pegar emprestado e ainda
tirar um sarro”. No desfile de
Primavera/Verão 2015, desfilam
Barbies plásticas fantásticas
No entanto, voltando, ainda
em enormes perucas loiras
mais surpreendente em
platinadas e batom rosa
termos de capitalização do
chiclete, casacos de pele
valor patrimonial de uma
rosa choque e minissaias, em
marca (pega emprestada)
explícita referência à rainha das
é o caso da contaminação
bonecas, um ícone da Mattel
(sarcástica) da Moschino com
que, como conta sua biografia,
o McDonald’s. Aqui, Jeremy
foi criada para inspirar Scott viola a ortodoxia do
Designed to inspire. Mas por
fashion system quando queima
que Barbie? “Barbie é perfeita,
todos os aspectos cultos
veste qualquer outfit, trabalha
deixados pela alta costura na
com todas as profissões,
fogueira do kitsch e do trash,
está sempre transbordando
aprontando como um jovem
alegria”. Ou seja, porque a
Bansky e “chanelizando” o
Barbie é “A” representante da
logo da maior cadeia de fastpositividade. Um deus benéfico
food do mundo que, com um
que traz felicidade, e essa
movimento aqui e outro ali,
felicidade se vê na modelo
acaba por se transformar no
Charlote Free que desliza em
coração símbolo da Moschino.
seu roller pela passarela, nos
E a história continua, Scott fez
gadgets presenteados aos
espectadores: um case para
iPhone 5 com espelho (uma sacada que
nos faz literalmente “refletir” sobre o
peso das vendas garantidas por esses
acessórios que hoje, pode-se dizer, são
para o prêt-à-porter o que um dia o
prêt-à-porter foi para a alta costura, em
um mecanismo de abertura para baixo,
direção oposta à lógica de moda e luxo
tradicional [vide Chanel] que mira acima,
excluindo quem está abaixo...), e também
no modelo boneca de plástico, assinada
por Moschino. Ah, não podemos esquecer:
Jeremy Scott sai, no fim do desfile,
o mesmo com Budweiser e
Frito-Lay. No fim, desencadeia
aplausos e mais aplausos,
primeiro de Kate Perry. Depois
juntam-se a ela consumidoras
de alto nível como Rihanna,
Lady Gaga, Nicki Minaj, Miley
Cyrus. O que podemos dizer?
Nada. Jeremy Scott está
sempre à frente sendo, como
ele mesmo declara, “Delicious
and nutritious…” (Delicioso e
nutritivo).
r ev ista d eforma
re vista deforma
© Opening Ceremony
vestindo uma T-shirt oversize
onde se lê: “Moschino for ages
5 and over” (Moschino, para
quem tem 5 anos ou mais)… ça
va sans dire, evidente.
119
Mosa i co - Thom a s Cri st of o l l et i
120
U m a d a s e c ono m ia s m a is
p r o m i s s o ra s do século XXI,
t a lve z a p r ó x im a China . . .
Dott. Richard Javad Heydarian
r ev ista d eforma
re vista deforma
Apesar de conexões lentas de internet móvel, altos preços de produtos
importados (muitas vezes contrabandeados) e de produtos tecnológicos e da
censura constante da mídia pelo governo, os iranianos estão num frenesi de
compras de smartphones, tablets e TVs de tela plana. As compras se tornaram
um ritual quase obsessivo para as mulheres jovens, que começaram a comprar
produtos de beleza de marcas do mundo ocidental. Tudo isso para preencher
o vazio causado pela falta de opções de entretenimento e para se “rebelarem”
contra a série de restrições às quais elas estão sujeitas.
121
Mosa i co - Thom a s Cri st of o l l et i
122
Ainda que os grandes bazares continuem
sendo os lugares prediletos para os
iranianos fazerem suas compras,
esses locais já começam a sofrer com
a competição dos grandes shoppings
construídos nos arredores das maiores
cidades do país. Esses shoppings oferecem
hipermercados como os do mundo ocidental,
marcas internacionais e galerias cheias de
cores, com videogames e outras tentações.
Talvez “o leão” esteja se preparando. Nos
últimos meses, presenciamos melhorias
nas relações entre o Irã e o Ocidente,
enquanto iminentes negociações para
a abolição das sanções acontecem para
abrir caminho para mais mudanças no
país e, consequentemente, na região.
r ev ista d eforma
re vista deforma
Em declaração recente para a rede de
TV Al Jazeera, Richard Javad Heydarian,
especialista em política e economia
na Ásia e Oriente Médio, descreveu o
Irã como “uma das economias mais
promissoras do século XXI, talvez a
próxima China, um leão pronto para
acordar”.
123
124
Ventizeronove é o ano de nascimento
do estúdio.
Sonia Mion nasce em local próximo aos
lagos montanhosos vizinhos à Suíça, e Nicola
Iannibello no Golfo do Mar Jônico. Milão é
geograficamente agradável a ambos, e a
sede da empresa é uma ex-fábrica de fios
reformada, um pouco estúdio, um pouco
ponto de encontro. Sobre a mesa i-mac’s
e cestos para piquenique. Esses últimos
estão sempre à mão, prontos para deixar
escapar uma toalha quadriculada. O trabalho
caminha entre a criação de identidades
coorporativas, editoria, ilustração, packaging
e branding. Mas a criatividade não se auto
alimenta, e as viagens se transformam em
uma forma de estímulo. Sonia e Nicola giram
o mundo com uma mochila nas costas,
folhando guias turísticos e horários de
ônibus, enquanto uma Bento Box (porção
de comida japonesa embalada para uma
pessoa) se transforma em ponto de partida
para um packaging e uma pintura de
matriosca os primeiros traços de um logo.
www.ventizeronove.it
r ev ista d eforma
re vista deforma
Por VE NTIZ E RONOVE
Tra d uçã o Ana F lá via Ba ssetti
e Ra ffa ella Bona nni
P ort f ol i o - VE N TIZE RON OVE
V E N TI
Z E RO
N OV E
125
P ort f ol i o - VE N TIZE RON OVE
126
Nova marca da Juice Detox, primeira
do ramo na Itália. A marca foi
desenvolvida num processo onde
procuramos contar todos os elementos
característicos do produto: frescor,
simplicidade, praticidade, vivacidade,
diversidade e respeito por si mesmo.
Assim, chegamos a uma série completa
de diversos sucos, para todos os
momentos do dia, apresentados em
uma embalagem leve, que se diferencia
pelas cores e pela simplicidade.
r ev ista d eforma
re vista deforma
DEPURAVITA
127
P ort f ol i o - VE N TIZE RON OVE
Foram desenvolvidos os materiais
coorporativos, folhetos/brochuras, perfil
da empresa, para depois desenvolver o
packaging adequado para a variedade dos
produtos da coleção. Em paralelo, fizemos
as fotos e o desenvolvimento do site e
e-commerce, para o lançamento da marca
no Salão do Móvel de Milão de 2013, com a
construção de um espaço no circuito Fuori
Salone. Um trabalho completo, do qual
sentimos orgulho.
ASK GALLERY
re vista deforma
r ev ista d eforma
Aşk Gallery é uma marca de design de produto
que interpreta as antigas visões estéticas
e filosóficas da Turquia com um olhar
contemporâneo. Aşk em turco significa amor,
amor entendido como o único meio através do
qual qualquer coisa pode se transformar e se
elevar a um nível divino. O trabalho partiu da
criação do logo e de uma imagem que traduzisse
o mundo Aşk (Turquia + tradição + modernidade).
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Por que prontos? - Banana Milanesa