O papel do nutricionista em Unidades de Alimentação e Nutrição escolares Fernanda Rezende de Freitas Nutricionista CRN/1 no 3921 SAÚDE COMO DIREITO HUMANO Declaração de Alma-Ata Primeiro documento oficial que reconheceu a saúde como Direito Humano Fundamental Declaração de Alma-Ata (1978) SAÚDE COMO DIREITO HUMANO “Saúde não pode ser definida apenas como ausência de doença ou enfermidade, mas sim ser avaliada dentro de um estado completo de bem-estar físico, metal e social.” SAÚDE CONCEITO POSITIVO Declaração de Alma-Ata (1978); Carta de Ottawa (1986) SAÚDE COMO DIREITO HUMANO Cuidado integral à saúde de todos os povos Atuação integrada de vários setores, inclusive a produção e distribuição de alimentos Declaração de Alma-Ata (1978) SAÚDE COMO DIREITO HUMANO 1a Conferência Internacional de Saúde PROMOÇÃO DA SAÚDE Carta de Ottawa (1986) SAÚDE COMO DIREITO HUMANO Pré-requisitos básicos para a Promoção da Saúde paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade. Carta de Ottawa (1986) ALIMENTAÇÃO COMO DIREITO HUMANO Riscos nutricionais estão presentes em todas as etapas da vida, desde a gestação até a vida adulta Segurança Alimentar e Nutricional como requisito básico para se atingir o pleno desenvolvimento físico, metal e social Valente (2005) ALIMENTAÇÃO COMO DIREITO HUMANO “A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.” (LOSAN, art. 3º, 2006) ALIMENTAÇÃO COMO DIREITO HUMANO ALIMENTAÇÃO DIGNA QUALIDADE Alguém que revira latas de lixo para obter comida pode não ser desnutrido, mas não tem segurança alimentar Uma criança que almoça todos os dias na escola e consome sempre alimentos ricos em açúcares, gorduras e sódio e pobre nos demais nutrientes não tem segurança alimentar QUANTIDADE Uma família que não tem dinheiro para comprar comida para todos seus membros não tem segurança alimentar. REGULARIDADE Uma pessoa que depende de doações ocasionais para matar a fome não tem segurança alimentar TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA Revolução industrial e urbanização Importante migração dos campos para os centros urbanos Necessidade de investir em infra-estrutura Drewnowski et al (1997); Popkin (2002) TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E NUTRICIONAL Investimento no setor saúde e mudanças na dieta Redução das doença infecto-parasitárias e aumento da prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis Drewnowski et al (1997); Popkin (2002); Filho (2003) TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E NUTRICIONAL QuickTime™ and a TIFF (Uncompressed) decompressor are needed to see this picture. TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E NUTRICIONAL Tabela 1: Mortalidade por causa em 1979 e 2003 Tipo de doença % de mortalidade % de mortalidade em 1979 em 2003 Deficiências nutricionias 3,1 0,7 Doenças infecciosas 17,4 4,6 Doenças crônicas 34,4 48,3 Ministério da Saúde (2005) E AS CRIANÇAS? Tabela 2: Prevalência de desnutrição, sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes em estados do Brasil Autor Local Faixa etária n resultados Monteiro & Conde (2000) São Paulo 0 - 59 m 73/74:756 84/85: 999 95/96:1266 73/74 - desnut.:5,5%; obes.:3,2% 84/85 - desnut.:1,7%; obes.:4,0% 95/96 - desnut.:0,6%; obes.: 3,8% Leão et al (2003) Salvador 5 - 10 a 387 Obes. - pública: 8% privada: 30% Anjos et al (2003) Rio de Janeiro < 10 a 3387 Obes.: 5% Balaban et al (2003) Recife Cças e adolesc. 762 Sobrepeso - alta renda: 34,3% baixa renda: 8,7% Obes. - alta renda: 15,1% baixa renda:4,4% Abrantes et al (2002) Sudeste e Nordeste Cças e adolesc 7260 Obes. - feminino: 10,3% masculino: 9,2% Mello et al (2004) QuickTime™ and a TIFF (LZW) decompressor are needed to see this picture. AQUISIÇÃO DOMICILIAR DE ALIMENTOS Tabela 3: Evolução da participação relativa (%) de grupos de alimentos no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar. Brasil, POF (2002/2003) Grupos de alimentos ENDEF (1974/75) POF (1988/1989) POF (1995/1996) POF (2002/2003) Cereais 37,26 34,72 35,4 35,34 Leguminosas 8,13 5,87 5,71 5,68 Hortaliças 1,14 1,15 1,00 0,92 Açucares 13,78 13,39 13,86 12,41 Frutas 2,16 2,66 2,58 2,35 Refeições 1,26 prontas/indus trializadas 1,59 1,50 2,29 POF (2002/2003) TENDÊNCIAS ALIMENTARES ATUAIS • Gasto com alimentação fora do lar - 24% das famílias brasileiras realizam refeições fora de casa - escolas passaram a servir refeição como parte do serviço da instituição POF (2002/2003); Tume et al (2005) A ALIMENTAÇÃO NA ESCOLA ESCOLA Janela de oportunidade para implantar bons hábitos alimentares e prevenir o ganho de peso Viuniski (2005) IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA • Fase escolar intenso aprendizado Aquisição de hábitos para a vida toda fase de solidificação de conhecimento Crianças espelham-se nos comportamentos de ídolos (pais, professores) • A criança realiza pelo menos uma refeição na escola • Educação nutricional escolar sensibilização de toda a comunidade Viuniski (2005); Accioly (2005) IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA • Portaria Interministerial MS/MEC no 1010 (8 de maio de 2006) Objetivo: Instituir as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes pública e privada, em âmbito nacional, favorecendo o desenvolvimento de ações que promovam e garantam a adoção de práticas alimentares mais saudáveis no ambiente escolar. Portaria Interministerial MS/MEC, artigo 1o (2006) IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA • Mas o que fazer para promover a alimentação saudável na escola? Sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com a alimentação na escola para produzir e oferecer alimentos mais saudáveis Portaria Interministerial MS/MEC, artigo 5o, II (2006) IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA • Atuação do nutricionista na Alimentação Coletiva: atividades de alimentação e nutrição realizadas nas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) (…) inclusive atividades próprias da Alimentação Escolar (…); Resolução CFN no380/2005, artigo 2o IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA • Atuação do nutricionista na Alimentação Coletiva: Compete ao nutricionista, no exercício de suas atribuições em UANs, (…) realizar assistência e educação nutricional a coletividade ou indivíduos, sadios ou enfermos, em intituições públicas ou privadas. Resolução CFN no380/2005, anexo II, 1 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA Como realizar as atividades de educação nutricional em escolas? Basta realizar atividades lúdicas com os alunos? FTP - ARROZ BRANCO Tabela 1: Comparação de macronutrientes de arroz branco de Unidades de Alimentação escolares com os dados fornecidos pelas tabelas de composição química de alimentos Escola 1 Kcal 160,06 CHO (g) 30,68 PTN (g) 2,81 LIP(g) 2,9 Na (mg) 354,5 Escola 2 114,37 24,29 2,21 0,93 195,15 Escola 3 110,29 18,4 1,68 3,33 184,3 Tabela 124,2 28,1 2,5 0,2 1 Taco (2006) FTP - FEIJÃO SIMPLES Tabela 2: Comparação de macronutrientes e sódio de feijão simples de Unidades de Alimentação escolares com os dados fornecidos por uma tabela de composição química de alimentos Kcal 93,02 CHO (g) 12,97 PTN (g) 4,21 LIP(g) 2,7 Na (mg) 263,8 Escola 2 95,96 11,69 3,79 3,79 152,04 Escola 3 99,2 13,3 4,3 3,2 475 Tabela 78,1 13,6 4,8 0,5 2 Escola 1 Taco (2006) FTP - BIFE GRELHADO Tabela 3: Comparação de macronutrientes e sódio de bife grelhado de uma Unidade de Alimentação escolar com os dados fornecidos por uma tabela de composição química de alimentos Kcal CHO (g) PTN (g) LIP (g) Na (mg) Escola 1 250,31 1,59 19,25 18,55 396,35 Tabela 184,1 0 35,9 4,5 58 Taco (2006) FTP - BIFE GRELHADO Tabela 4: Comparação da distribuição de macronutrientes de bife grelhado de uma Unidade de Alimentação escolar com a distribuição de macronutrientes da mesma preparação, de acordo com dados fornecidos por uma tabela de composição química de alimentos Kcal CHO (%) PTN (%) LIP (%) Escola 1 250,31 2,54 30,76 66,7 Tabela 184,1 0 78 22 Taco (2006) AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO ALMOÇO DE ESCOLARES Resultados preliminares MATERIAIS E MÉTODOS • Escola com 2 filiais no Plano Piloto • Alunos de 7 a 10 anos matriculados no período integral • Acompanhamento da produção das refeições 10 dias de almoço FTP MATERIAIS E MÉTODOS • FTP Pesagem direta de ingredientes Cálculo: 1. TACO (2006) 2. Philippi (2002) 3. Tabela nutricional • Consumo Sávio (2005) Peso do prato aferido antes e depois Cálculo: planilha do Excel (2005) MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 1: Valores de referência para o almoço dos nutrientes estudados Referência almoço **** Carb (%)* Ptn (%)* Lip Coles (%)* (mg)** Fibra (g)*** Ferro Sódio (mg)*** (mg)*** 45 65 10 30 2535 9,3 2,4 90 *Acceptable Macronutrient Distribution Range (AMDR) ** National Cholesterol Education Program (1992) *** DRI (2002) **** Marchini (1998) 360 RESULTADOS Tabela 2: Porcentagens de macronutrientes e valores médio e desviopadrão de nutrientes consumidos no almoço nas duas intituições de ensino Kcal CHO (%) PTN (%) LIP (%) Coles (mg) Fibra Ferro (g) (mg) Sódio (mg) Filial A 240,1 41,6 22 36,4 34,0 3,5 1,6 781,6 DP/Filial A 59,6 - - - 12,4 1,0 0,6 406,9 Filial B 197,5 45,2 20,6 34,2 28,2 2,7 1,2 501,5 DP/Filial B 65,9 - - - 11,8 1,4 0,4 151,5 DISCUSSÃO • Baixa porcentagem de CHO nas duas filiais Filial A : abaixo da recomendação Filial B: limite inferior da recomendação • Porcentagem adequada de proteínas • Porcentagem elevada de gorduras Filial A: acima da recomendação Filial B: limite superior da recomendação DISCUSSÃO • Adequação do consumo de colesterol • Baixo consumo de ferro para ambas as instituições Almoço principal refeição que oferece ferro Anemia ferropriva principal deficiência nutricional • Conseqüência irreversível retardo do desenvolvimento neuropsicomotor Aciolly (2005); Tume et al (2005) DISCUSSÃO • Baixo consumo de fibras ingestão insufuciente de frutas e hortaliças, grãos integrais e leguminosas • Elevado consumo de sódio nas duas filiais Utilização: • • • • Temperos completos Caldos de carne e de galinha industrializados Shoyu Alimentos processados no almoço (nuggets, hamburguer) CONCLUSÕES • Fatores de risco: Elevado consumo de gordura DCNT Baixo consumo de ferro anemia Baixo consumo de fibras constipação intestinal, hipercolesterolemia e DM Elevado consumo de sódio HAS CONCLUSÕES • Necessidade urgente de aplicação de programas de educação nutricional: Com funcionários: • Implantação de FTP nas UANs • Redução da utilização de gorduras • Estímulo a utilização de temperos naturais em detrimentos dos temperos ricos em sódio OBRIGADA! Fernanda Rezende de Freitas [email protected] 9149-7915