20 Respostas para quem quer fazer
intercâmbio sem se enrolar
Fonte: Da Revista Próxima Viagem
1 - Existe um período máximo para fazer
colégio no exterior?
Em geral a duração é de um ano. Os estrangeiros
matriculados em escolas públicas americanas
recebem um visto de permanência por dois semestres, no máximo. Se escolherem um colégio particular, podem ficar dois ou até três
anos. O problema é que, quando voltam para
o Brasil, os estudantes encontram dificuldades
para ter o curso reconhecido por uma escola
daqui. Alguns colégios só permitem que seus
alunos continuem o colegial se tiverem feito
intercâmbio de seis meses, no máximo. Para
evitar problemas, consulte a escola brasileira
antes de viajar.
2 - Somente estudantes com notas máximas
são aceitos?
Não. É preciso conhecimento intermediário
do idioma, notas com média mínima 6 ou C
por matéria e não ter repetido os últimos três
anos. Além disso, o candidato deve ser maduro
e ter facilidade para se adaptar às diferenças
culturais. Tudo isso é avaliado em entrevistas
pessoais, com aplicação de testes e apresentação de documentos. Estudantes que viajam
por imposição dos pais ou fragilizados emocionalmente correm o risco de odiar a experiência e, geralmente, são reprovados.
3 - A família brasileira precisa receber um
estudante estrangeiro em troca?
Não. Isso acontecia até a década de 70. Somente o Rotary International (www.rotary.org)
mantém esse modelo. Durante o ano em que
estudam no exterior, os intercambistas do Rotary vivem três meses em cada casa e seus pais
recebem um estrangeiro. O American Field Service (www.afs.org.br) deixa a cargo dos pais a
decisão de hospedar um estudante. A comerciante Carmen da Câmara, de Americana, SP, já
recebeu jovens da Tailândia, Austrália e Suíça
- e adorou. “Temos uma família esparramada
pelo mundo”, comemora.
4 - Que países de língua inglesa oferecem
esse tipo de acordo com o Brasil?
Como a procura é cada vez maior, escolas
de vários países oferecem vagas para alunos
brasileiros. Mas os Estados Unidos continuam
sendo o destino preferido. Ainda que venha
crescendo o interesse por lugares como Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Inglaterra.
Também não faltam oportunidades na Irlanda
e até na África do Sul. Em algumas escolas da
Suíça e Holanda, as aulas são dadas em inglês, mas é recomendável que o aluno tenha
noções do idioma local, para evitar problemas
de adaptação e não se sentir isolado. O site
da Belta - Brazilian Educational & Language
Travel Association (www.belta.org.br) - tem
links para as páginas das principais agências
que organizam viagens de intercâmbio.
5 - Um ano de high school no exterior valerá
no sistema educacional brasileiro?
As empresas que representam as escolas no
exterior não dão garantia de que o curso será
reconhecido no Brasil. Porém, a maioria dos
alunos não tem problemas para continuar os
estudos aqui. É importante que, antes de viajar, você converse com a direção do colégio
para saber quais disciplinas deverá cursar e
qual a carga horária necessária. O sistema educacional brasileiro exige freqüência em cinco
matérias básicas, só que, no exterior, os estudantes escolhem as disciplinas que querem
fazer. Assim, o ideal é montar o currículo mais
parecido com o do Brasil. No fim das aulas,
antes de voltar, é preciso levar o histórico escolar (fornecido pelo colégio estrangeiro) ao
consulado ou embaixada do Brasil, para dar
entrada ao processo de validação do diploma.
Esse documento, traduzido, será apresentado
na escola brasileira. Quem faz dois semestres
nos Estados Unidos, Canadá ou Europa, onde
o ano acadêmico vai de setembro a junho, retoma os estudos sem precisar repetir o período
- dá para se matricular no meio do curso. Mas
algumas escolas podem exigir que o estudante
faça aulas de recuperação, trabalhos ou provas.
6 - Existe limite de idade para fazer
intercâmbio?
Isso varia de acordo com o programa e com o
país. De maneira geral, os estudantes devem
ter entre 15 e 18 anos. Mas há quem aceite
alunos de 13; já outras não recebem jovens
que completarão 19 anos antes do final do curso. Nem os amigos acreditaram que o mineiro
Renato de Castro, na época com 13 anos, iria
agüentar um ano na Nova Zelândia. “Apostei
com todo mundo, mas quando voltei ninguém
quis pagar”, brinca.
7 - Qual o nível de inglês ideal para acompanhar os estudos?
É preciso ter o conhecimento intermediário da
língua, mas algumas escolas exigem pontua-
ção maior do que a média - as particulares são
mais rigorosas. A avaliação é feita em provas
escritas e de conversação, aplicadas na agência que representa as organizações do exterior, onde se verifica como o candidato se vira
em situações do dia-a-dia. Alguns colégios têm
teste específico e outros obrigam o aluno a ter
aulas de inglês. Mesmo que esteja afiado no
idioma.
8 - É possível fazer o colegial em alemão,
russo ou japonês?
Sim. Dá para cursar o colegial na Alemanha,
França, Espanha, Itália, Japão, Eslováquia,
Tailândia, Peru, Índia e Rússia, com o mesmo
procedimento válido para as escolas de língua
inglesa. Mesmo quem não tem noções do idioma pode se dar muito bem, embora seja mais
arriscado. Fábio Alves, de Nova Odessa, SP,
fez o segundo colegial. Era o único ocidental
entre 1 600 alunos. Foi falando só “arigatô”.
Teve aulas intensivas de japonês e, depois de
três meses, já se virava. “Aprendi na raça”,
orgulha-se.
9 - Só escolas públicas aceitam estrangeiros?
Não necessariamente. Há cursos de intercâmbio em escolas públicas e particulares dos Estados Unidos. Em geral, o padrão de ensino
é de alto nível nos dois casos, mas quem faz
questão de estudar em uma escola privada
vai pagar pelo menos o dobro. Brasileiros de
colégios particulares que freqüentam escolas
públicas americanas costumam achar o ensino
mais fraco, mas se encantam com as atividades
extra-classe.
10 - É verdade que podem enviar o aluno
para qualquer cidade, sem consultá-lo?
Sim. Quando opta por um curso em escola pública, o aluno não escolhe onde vai estudar. No
máximo, indica as regiões de sua preferência
- e isso se fizer a inscrição para um ano, reservar seis meses antes e pagar uma taxa adicional. Nas escolas particulares, os programas são
mais flexíveis -- o estudante pode indicar três
opções, mas sem garantias. Joanna Alimonda,
18 anos, foi para uma fazenda em Montana,
EUA. A cidade mais próxima tinha três ruas e
189 habitantes. Bem menor do que o bairro de
Ipanema, no Rio, onde morava. “Chorei quando soube, mas no fim adorei”, revela.
11 - Se considerar o curso muito fraco, o aluno tem direito de trocar de escola?
Só em casos extremos, quando o intercambista não se adapta ao sistema de ensino. Isso
porque o processo de escolha do colégio envolve um trabalho minucioso, que leva em
conta as notas do aluno, suas características
pessoais, o preço do programa e a seleção da
família que o hospedará durante o curso. Para
trocar o estudante de escola, será preciso procurar uma outra na mesma região, que tenha
vaga e aprove o currículo do pretendente estrangeiro. Tudo isso fica ainda mais difícil se
o aluno tiver optado por um colégio público,
subsidiado pelo governo.
12 - Dá para selecionar a família que hospedará o jovem brasileiro no exterior?
Normalmente, não. Os organizadores e a família é que escolhem o estudante, baseados no
dossiê que ele preenche quando se candidata
ao programa. Os arranjos são feitos considerando certas afinidades, e o intercambista
pode sugerir algumas características desejáveis, sem a garantia de ser atendido. Camilla
Cornetti, de 18 anos, deu a sorte de ir morar
nos Estados Unidos com pessoas que tinham a
mesma paixão que ela: o futebol. “Fui escolhida porque o pai, a mãe e um dos filhos jogavam bola, assim como eu”, explica. Os jovens
podem ir morar com uma família de qualquer
raça, credo ou posição social, formada por casais com ou sem filhos, pais separados, viúvos
e solteiros, idosos ou jovens. Mas, no caso dos
programas em escolas particulares, a flexibilidade é maior. Se o estudante conhece uma
família que já participa ou quer se integrar ao
programa, pode indicá-la e pedir para viver
com ela. Foi o que fez Gustavo Bello, 16 anos.
Ele vai morar um ano em Colorado, EUA, na
mesma casa em que uma amiga já se hospedou num intercâmbio. “Conheci a família durante um Réveillon no Rio”, conta. “A gente
se deu bem e perguntei se poderia ficar com
eles. A família concordou e os organizadores
também.
13 - Na nova casa, todas as refeições estão
incluídas?
Nenhum estudante tem de pagar pelas refeições feitas na casa em que estiver hospe-
dado, porque elas já estão incluídas no valor
gasto pelo programa. Mas, se comer fora de
casa, as despesas correm por conta dele. Como
em muitas escolas o curso é dado em período
integral, o aluno geralmente só toma o café
da manhã e janta com a família. Em alguns
casos, pode ter de fazer um lanche na cantina
do colégio, ou ser “convidado” a preparar o
próprio almoço em casa. Tudo vai depender da
rotina adotada pelos novos familiares. E muita
gente percebe, logo nos primeiros dias, que
vai ter de engolir comidas de que nem gosta
tanto. Durante o ano em que ficou na Letônia,
a santista Luciana Mendes, de 19 anos, teve de
se acostumar com um cardápio pouco inspirado. “Era basicamente batata com carne, purê
de batata, batata cozida, batata frita...”
14 - Dá para mudar de endereço se surgir um
problema de convivência?
Até dá. Mas é preciso apresentar um bom motivo. Se o coordenador do programa constatar que os argumentos do estudante são justificáveis, vai tentar encontrar outra família
na região, o que pode levar dias ou semanas.
Ele não paga nada pela troca, mas certas organizações cobram multa quando fica provado
que o participante foi responsável pelos problemas. A família que hospedou Gustavo Sergi,
19 anos, no Canadá, era muito religiosa e queria convertê-lo à Igreja Pentecostal. “O clima
foi ficando pesado e me mudei para a casa da
coordenadora”, relata.
15 - E o contrário: a família pode expulsar o
aluno caso não o aprove?
Em geral, isso só acontece quando o estudante apronta alguma coisa muito séria. Todas as famílias que hospedam um estrangeiro
ganham para isso - pode ser um desconto no
imposto de renda, no caso dos programas em
escolas públicas, ou uma pequena ajuda de
custo para as despesas com água, alimentação
e luz, nos programas dos colégios particulares.
Se o intercambista for expulso de casa por mau
comportamento, terá de voltar ao Brasil, sem
qualquer direito a reembolso. Mas, dependendo do caso, é possível que ele ganhe uma
segunda chance, numa nova família. Portanto,
nada de aprontar. O aluno deve ficar atento às
regras da casa em que vai viver e jamais bancar o jovem rebelde.
16 - Afinal, quais são os deveres do hóspede
ao morar com uma outra família?
Ele é obrigado a passar os fins de semana com
seus anfitriões? Como provavelmente não haverá uma empregada doméstica na casa, o estudante será obrigado a ajudar nas tarefas do
dia-a-dia. O ideal é ter uma conversa no início
da estada, para esclarecer quais serão os deveres. Além disso, vale lembrar que é o aluno
que precisa se adaptar à rotina da família, e
não o contrário. O mínimo que se espera é que
cuide das próprias roupas e deixe o quarto em
ordem. No período em que morou no Tennessee, EUA, Rodrigo Sábato, 17 anos, tinha de
cortar a grama, levar o lixo pra rua, passar
aspirador, pôr a louça na máquina de lavar...
“Minha mãe americana dizia para minha mãe
brasileira que estava me treinando para ajudar
a empregada”, conta. Quanto aos fins de semana, espera-se que os estudantes dediquem
um tempo para a convivência com a família.
Afinal, esse é um dos principais conceitos do
intercâmbio. O que não significa que os alunos
não possam ter suas atividades, desde que autorizadas pela nova família.
17 - Vou ter direito a trabalhar, fazer uns bicos, sendo estudante estrangeiro?
Pelas regras dos programas de intercâmbio, os
estudantes estrangeiros não podem trabalhar.
Mas alguns extras acabam sendo tolerados,
como lavar carros, cuidar do jardim do vizinho
ou servir de baby-sitter. Eles também não têm
autorização para dirigir, mesmo que possuam
carteira de motorista. Não podem, ainda, consumir bebidas alcoólicas e usar drogas, sob
o risco de ser deportados. Quanto às viagens
pela região, só com autorização dos pais e conhecimento dos coordenadores.
18 - Se tiver dificuldade em entender algumas aulas, haverá reforço?
De uma maneira geral, os estrangeiros com
noções regulares da língua do país em que escolheram estudar se saem muito melhor em
matérias como matemática, física e química do
que em disciplinas dissertativas como história
ou geografia. Se precisar de aulas particulares,
elas serão pagas à parte. Cada hora-aula custa
de 25 dólares a 40 dólares. Há casos em que a
própria organização paga as aulas de reforço,
principalmente em países fora do circuito convencional.
19 - Há possibilidade de fazer intercâmbio
junto com um amigo, morando no mesmo lugar?
Algumas famílias hospedam dois estrangeiros
na mesma casa, desde que todos estejam de
comum acordo e assinem um documento autorizando o arranjo. A condição é que os intercambistas venham de países bem diferentes.
Ou seja, a não ser que seu melhor amigo esteja vivendo fora do Brasil, você não poderá
ficar na mesma casa que ele. Como a escolha
da cidade também depende, na maioria das
vezes, da agência organizadora, talvez vocês
nem fiquem em locais próximos. Dificilmente
os organizadores do programa concordam em
acomodar dois amigos ou irmãos na mesma
casa. Eles poderiam não se entrosar com os
novos colegas e sofreriam mais para aprender
a língua e se adaptar.
20 - Caso o aluno morra de saudade logo no
começo do curso, pode voltar para o Brasil?
Há algum tipo de reembolso?
Se o aluno tiver optado por uma escola pública, não há reembolso algum, mesmo que ele
só tenha cursado poucas semanas, ou mesmo
dias. No caso de escola particular, é possível
que receba alguma parte do dinheiro de volta em geral, uma porcentagem referente ao valor
total do curso e à acomodação utilizada. Mas
isso varia em cada organização. É por isso que
entrevistas para avaliar o grau de adaptação
do candidato são essenciais. Os responsáveis
pelos programas de intercâmbio explicam que,
apesar das dificuldades normais de adaptação,
os pais devem estimular os filhos para continuar no exterior e controlar a emoção de apoiar
sua volta. Só que nem sempre dá certo. A estudante paulistana Flávia Ferreira Lins, de 17
anos, levou dois anos para convencer a família
a investir num curso de intercâmbio nos Estados Unidos. Em agosto do ano passado, realizou o sonho e embarcou para San Bernardino,
cidade no interior da Califórnia. Nem esperou
um tempo para conhecer melhor a escola e a
casa: pegou o caminho de volta uma semana
depois. “Achei a cidade muito pequena e tinha
saudade de todo mundo no Brasil”, justifica.
Download

20 Respostas para quem quer fazer intercâmbio sem se enrolar