Nº 306 índices MARÇO DE 2006 Paulo Picchetti (*) INFORMAÇÕES FIPE É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA DA FUNDAÇÃO IPC de fevereiro: deflação e Carnaval issn 1234-5678 ÍNDICES IPC de fevereiro: deflação e Carnaval . ..................................................................... I - 1 CONSELHO CURADOR Hélio Nogueira da Cruz(Presidente) André Franco Montoro Filho Andrea Sandro Calabi Joaquim José Martins Guilhoto Ricardo Abramovay Maria Cristina Cacciamali Simão Davi Silber Paulo Picchetti Índice Pavimentação continua na frente .................................................................... I - 2 Denise C. Cyrillo DIRETORIA séries estatísticas ............................................................................................................ I - 4 DIRETOR PRESIDENTE Carlos Antonio Luque Índice de Preços ao Consumidor Índice de Preços de Obras Públicas Índice Nac. do Custo de Mão-de-Obra de Montagem e Manutenção Industriais Como mencionado na nota anterior, o IPC de janeiro teve uma elevação substantiva com relação a dezembro do ano anterior (0,50%), porém decorrente, antes de mais nada, de um conjunto de choques de oferta. Portanto, esperava-se uma queda já no mês de fevereiro, e o fechamento mostrou exatamente isso: uma queda grande o suficiente para apresentar uma deflação, ainda que pequena (–0,03%). um porcentual entre 65% e 70% do preço da gasolina, dependendo do modelo do veículo. O gráfico abaixo mostra esse relativo de preços desde janeiro de 1999, usando as cotações do IPC-FIPE : 0.70 0.65 DIRETOR DE PESQUISA Eduardo Haddad Índice Nacional de Custos do Transporte Rodoviário de Carga DIRETOR DE CURSOS Paulo Picchetti PÓS-GRADUAÇÃO SECRETARIA EXECUTIVA 0.60 0.55 0.50 relativo_alcool_gas 0.45 0.40 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Domingos Pimentel Bortoletto COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÕES SUPERVISÃO EDITORIAL E PRODUÇÃO Eny Elza Ceotto EDITOR CHEFE Gilberto Tadeu Lima CONSELHO EDITORIAL Ivo Torres Lenina Pomeranz Luiz Martins Lopes José Paulo Z. Chahad Maria Cristina Cacciamali Maria Helena Pallares Zockun Simão Davi Silber AS IDÉIAS E OPINIÕES EXPOSTAS NOS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DOS AUTORES, NÃO REFLETINDO A OPINIÃO DA FIPE ASSISTENTES Maria de Jesus Soares Luis Dias Pereira PROGRAMAÇÃO VISUAL E COMPOSIÇÃO O aumento da demanda internacional pelo álcool combustível, aliado a uma redução da produção decorrente de chuvas na época da colheira, resultou em uma redução da oferta para o mercado doméstico cujos efeitos já se fazem sentir sobre os preços. Em resposta, o governo decidiu pela redução na proporção da mistura do álcool na gasolina, com efeito altista imediato sobre os preços desse combustível, também. Espera-se que esses aumentos sejam limitados, no futuro, por dois fatores: a entrada da nova safra (com persepctivas de antecipação para abril), e o limite de competitividade entre os preços do álcool e da gasolina. Por questões técnicas, a relação de preços é considerada vantajosa quando o preço do álcool equivale a Podemos ver que já entramos nesse limite de competitividade, o que ganha uma importância ainda maior no contexto atual do mercado, no qual uma parte substantiva da frota de veículos, principalmente os novos, permite a opção pelos dois tipos de combustível, tornando a arbitragem racional instantânea em cada abastecimento. março de 2006 Fabiana Fontes Rocha Esse resultado é corroborado pelas medidas de núcleo (0,13%) e do índice com ajuste sazonal (0,05%), mostrando um quadro claro de estabilidade de preços. Já em março espera-se uma alteração desse quadro, na medida em que a partir da primeira semana do mês um novo choque de oferta resulta da elevação dos preços do álcool combustível e da gasolina. Outro aspecto interessante desse mês de fevereiro é a presença do maior feriado da economia brasileira. O impacto desse feriado sobre a economia não pode ser diretamente captado por coeficientes sazonais, dado que o Carnaval nem sempre cai em fevereiro, e que no caso de índices semanais, como o IPC-FIPE, a semana de fevereiro em que cai o feriado também não é fixa ao longo dos anos. Sandra Vilas Boas I-1 Assim, realizamos um estudo sobre o impacto do Carnaval sobre um subconjunto de preços, comparando os valores semanais em cada ano uma semana antes do Carnaval com a semana correspondente do mês anterior. Os resultados médios estatisticamente significativos para seis produtos foram: Item Variação Remédios para o aparelho digestivo Pacotes de Viagem Passagens para fora da cidade Preservativos Cerveja Filmes para máquinas fotográficas 1,84% 2,93% 1,61% 1,51% 1,76% 0,79% Somados, os impactos desses aumentos contribuem para uma elevação de 0,05% do total do IPC-FIPE. Este número pode ser considerado significativo no contexto atual de estabilidade de preços, tomando-se como exemplo o próprio número de fevereiro de 2006. A boa notícia é que, passado o Carnaval, a ressaca dos preços desaparece junto com a das comemorações: nas semanas seguintes os preços desse itens tendem a ter variações negativas em magnitudes equivalentes, de forma que os efeitos cumulativos no ano são zerados. para os dois últimos o reajuste médio foi maior, e no caso das matérias plásticas, em particular, foi bastante significativo (quase 2%). Por outro lado, para quatro outros setores as variações calculadas foram negativas, contribuindo também para a baixa taxa de crescimento dos materiais em geral, bem como do próprio IGE. tabela 2 – índices de preços de obras públicas por setor: variação mensal e acumulada no ano e em 2005 (%) SETORES DE ATIVIDADES 01- Extração Mineral 02- Produtos de Origem Vegetal 03- Indústria de Minerais Não-Metálicos 04- Indústria Metalúrgica 05- Indústria Mecânica 06- Indústria Material Elétrico/Comunicações 07- Material de Transporte 08- Indústria de Madeira 09- Indústria da Borracha 10- Indústria Química 11- Indústria de Produtos Plásticos 12- Indústria Têxtil 13- Serviços (*) Coordenador do IPC-FIPE e Professor da FEA-USP. fev/06 2,70 0,29 0,14 0,03 -0,96 1,51 -0,27 -0,16 0,08 0,04 1,99 0,00 -0,11 IGE Acum 06 7,41 0,29 0,31 -0,15 -0,05 4,14 1,71 0,33 0,06 0,22 3,20 0,00 0,04 jan/06 4,59 0,00 0,17 -0,18 0,92 2,60 1,99 0,49 -0,02 0,19 1,18 0,00 0,15 Acum 2005 12,43 5,47 -8,54 1,42 4,15 5,47 4,51 4,68 6,14 5,08 9,59 0,00 6,49 TER fev/06 PAV fev/06 3,39 0,00 3,52 -2,86 -0,09 -0,32 -0,35 -1,96 -0,02 -0,42 -0,19 Fonte: idem Tabela 1. 0,57 -0,22 - 0,08 0,09 0,24 - -0,11 0,02 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. Obs.: IGE - Índice Geral de Edificações; TER - Índice de Obras de Terraplenagem; PAV - Índice de Obras de Pavimentação; SGPMO - Índice de Serviços Gerais com Predominância de Mão-de-Obra. No mês em foco, observa-se que as variações segundo categorias de insumos foram no geral bem baixas, I - 2 Entre os produtos que constam do pacote para redução do IPI estão os dos setores de Transformação de produtos minerais não metálicos, Química, Metalurgia e Matérias plásticas. Examinando-se a Tabela 2, percebe-se, para o IGE, que os dois primeiros setores registraram variações inferiores à de janeiro, mas Meses IGE TER abr/1994 – fev/2006 mar/2005 – fev/2006 jan/2006 – fev/2006 207,10 3,76 0,65 209,85 3,39 0,31 PAV 323,21 7,91 5,06 SGPMO 230,73 5,14 0,49 Fonte: idem Tabela 1. O Gráfico 1, que apresenta a evolução do nível geral dos preços das obras públicas acompanhadas pela FIPE, neste início do século XXI (base dez/2000), revela IGE 0,0 TER PAV SGPMO jan/06 0,43 SGPMO 50,0 jul/05 PAV tabela 3 – índices de preços de obras públicas – variações acumuladas (%) out/05 0,16 jan/05 - abr/05 -2,35 jul/04 -0,23 out/04 -1,33 jan/04 TER 100,0 abr/04 0,02 jul/03 -0,06 out/03 -0,64 jan/03 0,28 abr/03 0,14 jul/02 IGE 150,0 out/02 Materiais Equipam. Serviços Mão-de-Obra jan/02 Geral 200,0 abr/02 Índices 250,0 jul/01 É importante relembrar que no mês em análise o governo divulgou um pacote para a Construção Civil. Entre as principais medidas, estão a redução do IPI de 31 produtos e a promessa de um orçamento de R$ 18,7 bilhões para financiamento habitacional (FSP 7/02/2006), medidas estas que não atendem às expectativas do setor, que defende uma redução do Imposto de Renda e da Contribuição sobre Lucro Líquido e gostaria de investimentos mais significativos. gráfico 1 - evolução do nível geral de preços de obras públicas São Paulo (jan/01 a fev/06) out/01 tabela 1 – índices de preços de obras públicas – variação mensal (%) – fevereiro de 2006 A Tabela 3 apresenta os índices acumulados na base março de 1994, no ano e de 12 meses. Considerandose que em 2005 a inflação anual do setor foi inferior a 5% independente do tipo de obra, o panorama até o segundo mês do ano não parece favorável. O preço médio das obras de pavimentação já supera em quase 5 pontos porcentuais o acumulado no ano passado, o mesmo ocorrendo com o IGE e SGPMO, embora em menor magnitude. Apenas o índice de terraplenagem ainda está abaixo da inflação do ano passado, mas mesmo assim já representa 77% daquela. jan/01 inclusive com várias quedas, sendo a mais expressiva a dos equipamentos empregados nas obras de terraplenagem (–2,35%). No que tange aos materiais, vale mencionar a quase estabilidade, com reajustes inferiores a 0,6%, bem abaixo dos calculados no mês passado, quando aqueles utilizados nas obras de pavimentação chegaram a 5,44%. março de 2006 No mês de fevereiro, os índices de preços de obras públicas registraram pequenas variações: entre –1,33% (TER) e 0,43% (PAV), como se pode observar na Tabela 1. No mês passado, ao contrário, verificou-se grande disparidade entre as obras pesadas e a de edificações: as primeiras, com aumento de até 4,6%(PAV), como reflexo do aumento dos materiais e dos equipamentos. o comportamento diferenciado das obras de pavimentação. Em primeiro lugar, verifica-se um aumento do nível geral de preços do setor, nesses cinco anos, entre 57% (TER) e 96% (PAV). Em segundo lugar, esses valores foram resultado de tendência crescente regular em todo o período. A esse respeito, destaca-se o aumento da taxa de crescimento do nível geral dos preços de obras de pavimentação, no segundo semestre de 2002 (período da campanha para eleição presidencial). Esse comportamento representou um ganho real desse segmento, na medida em que, até o momento, não houve recuo, mantendo-se a disparidade entre esse tipo de obra e os demais. abr/01 Índice Pavimentação continua na frente! No que tange às obras pesadas, não apenas os setores alvo do pacote do governo registraram variações inferiores às de janeiro, mas inclusive de todos os outros setores, o que explica, portanto, o comportamento não só dos materiais empregados nessas obras, mas também do preço médio dos equipamentos – a grande maioria influenciada pelo comportamento da taxa de câmbio. INDICE (BASE dez/00 =100) março de 2006 Denise C. Cyrillo (*) MESES Em resumo, os custos de pavimentação estão acima da tendência geral das obras públicas, implicando, assim, aumento dos gastos públicos; a renúncia fiscal do IPI ainda não teve grande impacto, e apenas a valorização cambial está segurando alguns preços! (*) Professora da FEA-USP. I-3 índices séries estatísticas ÍNDICES DE PREÇOS AO CONSUMIDOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO - julho de 1994 = 100 Alimentação Habitação Transportes Índice Geral Geral Industr. Semi Elaborado In Natura Geral Aluguel Geral Veículo Próprio Transp. Coletivo Despesas Pessoais Vestuário Saúde Educação Dez/05 265.5535 208.7599 176.2163 215.5056 231.3183 365.2015 660.7869 384.4562 333.8015 461.8625 215.5031 115.4336 343.5815 367.3100 Jan/06 266.8813 2083215 176.4630 211.6696 233.6778 366.0415 661.5798 388.6852 338.3078 461.7239 217.4211 115.1681 345.2651 383.8757 Fev 266.8012 207.8632 176.5159 208.6851 235.4771 365.9683 661.9106 390.5898 340.1685 461.6777 216.7036 114.0280 347.1295 384.7202 ÍNDICES DE PREÇOS DE OBRAS PÚBLICAS - março de 1994 = 100 março de 2006 Edificações Pavimentação Terraplenagem Geral Mat. Constr. Mão-deObra Equip. Geral Mat. Constr. Mão-deObra Equip. Geral Mat. Constr. Dez/05 305.106 279.869 358.573 287.044 402.828 444.910 352.665 267.456 308.880 Jan/06 306.683 282.491 358.843 290.814 421.379 469.507 352.672 271.594 314.024 Fev 307.099 283.268 358.909 288.948 423.206 472.181 352.941 270.985 309.845 Serv. Gerais Mão-deObra Equip. Predom. M. O . 477.094 351.117 229.378 329.102 479.178 350.721 235.932 330.425 478.055 351.272 230.390 330.727 ABEMI - ÍNDICE NACIONAL DO CUSTO DA MÃO-DE-OBRA DE MONTAGEM E MANUTENÇÃO INDUSTRIAIS - DEZ 90 = 100 Jul Ago Set Out Nov Dez Mão-de-Obra Direta 10141013.537 10199831.415 10243690.690 10280567.977 10395710.338 10443530,606 10459195.901 Jan Mão-de-Obra Indireta 8048793.899 8060867.090 8060867.090 8074570.564 8099601.732 8103651,533 8132014.314 Mão-de-Obra Total 9105032.472 9124153.040 9129627.532 9154277.526 9223850.036 9233073,886 9254309.956 Taxa de Variação Anual 1.0751 1.0740 1.0715 1.0666 1.0740 1,0600 1.0562 Taxa de Variação Acumulada no Ano 1.0453 1.0475 1.0481 1.0509 1.0589 1,0600 1.0023 INCTF – FIPE/NTC – Jun/94 = 100, INCTFR – FIPE/NTC – Mar/00 = 100 e INCTL – FIPE/NTC – Out/03 = 100 Mês Distâncias Muito Curtas (50 km) INCTF INCTFR INCTL Curtas (400 km) INCTF INCTFR INCTL Médias (800 km)* INCTF INCTFR INCTL Longas (2.400 km) INCTF INCTFR INCTL Muito Longas (6.000 km) INCTF INCTFR INCTL Dez 303.02 161.18 118.65 299.06 169.02 120.44 299.09 175.02 Jan 303.43 161.44 118.45 299.54 169.35 120.09 299.58 175.35 121.05 306.11 187.38 121.72 315.57 196.64 121.98 120.64 306.71 187.77 121.23 316.36 197.16 Fev 305.37 162.41 118.70 301.80 170.62 120.27 301.92 121.47 176.73 120.80 309.37 189.43 121.35 319.68 199.26 Mar 304.23 161.87 118.25 300.43 169.86 119.68 300.49 121.56 175.90 120.16 307.66 188.36 120.64 317.46 197.85 120.81 *Convenciona-se considerar o índice referente às distâncias médias como o INCTF, INCTFR e INCTL do mês. Mês Curtas (1 a 10 km) Dez/05 Jan/06 Fev Mar 175.58 175.56 176.91 176.15 INCTFou – FIPE/NTC – Mar/00 = 100 Distâncias Médias (31 a 40 km)* Longas (81 a 90 km) 181.33 181.42 182.79 181.90 186.12 186.34 187.72 186.70 *Convenciona-se considerar o índice referente às distâncias médias como o INCTFou do mês. I - 4