Nº 282 MARÇO DE 2004 INFORMAÇÕES FIPE É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA DA FUNDAÇÃO ISSN 1234-5678 ÍNDICES IPC de fevereiro confirma não haver descontrole dos preços .............................. I - 1 PAULO PICCHETTI índice de obras públicas .............................................................................................. I - 2 DENISE C. CYRILLO CONSELHO CURADOR Maria Cristina Cacciamali (Presidente) Carlos Antonio Luque Carlos Roberto Azzoni Elizabeth M. M. Q. Farina Hélio Nogueira da Cruz Simão Davi Silber André Franco Montoro Filho DIRETORIA séries estatísticas ........................................................................................................... I - 4 DIRETOR PRESIDENTE Índice de Preços ao Consumidor José Paulo Z. Chahad Índice de Preços de Obras Públicas Indicador de Movimentação Econômica - IMEC-FIPE DIRETOR DE PESQUISA Antonio Evaldo Comune Índice Nac. do Custo de Mão-de-Obra de Montagem e Manutenção Industriais Índice Nacional de Custos do Transporte Rodoviário de Carga DIRETOR DE CURSOS Antonio Carlos Coelho Campino PÓS-GRADUAÇÃO Simão davi Silber SECRETARIA EXECUTIVA Domingos Pimentel Bortoletto COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÕES SUPERVISÃO EDITORIAL E PRODUÇÃO Eny Elza Ceotto EDITOR CHEFE André Portela Souza CONSELHO EDITORIAL Ivo Torres Lenina Pomeranz Luiz Martins Lopes José Paulo Z. Chahad Maria Cristina Cacciamali Maria Helena Pallares Zockun Simão Davi Silber AS IDÉIAS E OPINIÕES EXPOSTAS NOS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DOS AUTORES, NÃO REFLETINDO A OPINIÃO DA FIPE ASSISTENTES Maria de Jesus Soares Luis Dias Pereira PROGRAMAÇÃO VISUAL E COMPOSIÇÃO Sandra Vilas Boas índices PAULO PICCHETTI (*) IPC de fevereiro confirma não haver descontrole dos preços Com início em janeiro de 2004, a FIPE passou a calcular e divulgar uma nova medida de núcleo do seu IPC. O objetivo dessa medida é justamente captar as oscilações de preços que podem ser atribuídas à política monetária e, portanto, menos sensíveis a variações de curto prazo, normalmente advindas de choques de oferta. A metodologia dessa nova forma de cálculo do núcleo está no artigo “How Much to Trim?: A New Methodology for Calculating Core Inflation, with an Applications for Brazil”, de Paulo Picchetti e Celso Toledo, publicado na Revista Economia Aplicada (v. 4, A essência dessa metodologia envolve a estimação de um componente de movimento comum entre os itens que compõem o IPC. Dessa forma, o modelo estatístico empregado consegue separar movimentos de preços individuais no curto prazo, que são ligados a choques de oferta, de movimentos sistemáticos conjuntos de longo prazo associados, fundamentalmente, a choques de demanda. A idéia central da medida de núcleo é o estabelecimento de uma relação dinâmica entre a política monetária e seus efeitos sobre o nível de preços na economia. Nesse contexto, a justificativa para a metodologia que passa a ser empregada decorre de testes estatísticos mostrando uma relação causal bem definida entre os resultados da política monetária e a evolução do IPCFIPE no período pós-Real (Julho de 1994). O gráfico abaixo mostra uma comparação entre as evoluções do IPC-FIPE, e sua nova medida de núcleo, no período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2004: fevereiro de 2004 Como previsto pelo Prof. Juarez Rizzieri no último número do Boletim Informações FIPE, a variação dos preços ao consumidor na cidade de São Paulo, medida pelo IPC-FIPE de fevereiro, ficou bem abaixo do número de janeiro: 0,19% contra 0,65%. O que representa esse número de fevereiro em termos absolutos e relativos? Primeiramente, a comparação com janeiro evidencia que os aumentos do início do ano se concentraram em um pequeno número de itens, dos quais o mais importante foi o item educação, e os outros são conhecidamente sazonais, como os preços de alguns alimentos in natura. Na medida em que esses efeitos foram se dissipando ao longo de fevereiro, temos a taxa muito menor observada. Entretanto, se essa taxa menor vem da comparação com um mês onde o índice geral captou aumentos muito grandes, ela também não representa o que podemos considerar uma tendência para o resto do ano. n. 4), em dezembro 2000. I-1 fevereiro de 2004 Pode-se notar que a medida de núcleo é, como deveria, muito mais estável que a do índice “cheio”. A partir do segundo semestre de 2002, por exemplo, observa-se uma grande elevação especulativa de preços decorrentes da instabilidade de expectativas associadas à iminência da vitória do candidato do PT à presidência. Entretanto, os fundamentos da economia brasileira nesse período, incluindo especialmente a condução da política monetária, não justificavam esses aumentos, e a medida de núcleo captou muito bem essa diferença. O ajuste de expectativas vem ao longo do primeiro semestre de 2003, quando a administração do novo governo passa a dar sinais claros de austeridade na condução das políticas fiscal e monetária. Nesse período, é interessante notar que o núcleo fica acima do índice cheio, compensando o descolamento entre expectativas e condução da política econômica. A elevação do índice de preços verificada a partir do final de 2003 e início de 2004 mais uma vez configura (*) Coordenador do IPC-FIPE. DENISE C. CYRILLO (*) índice de obras públicas A pressão inflacionária atingiu os preços dos insumos que participam de obras públicas. O maior aumento foi verificado para as obras de pavimentação: variação de 1,6%. Para as demais, o reajuste dos preços médios situou-se entre 0,45% (SGPMO) e 0,76% (TER), como se pode verificar na Tabela 1. Aliás, este último foi o único a ter variação inferior à do mês de janeiro, em mais de 1 ponto porcentual. tabela 1 - índices de preços de obras públicas - variação mensal (%) - fevereiro de 2004 Índices Geral IGE TER PAV SGPMO 0,71 0,76 1,59 0,45 Materiais 1,27 0,29 1,87 1,14 Equip. 0,99 1,15 0,54 - Serviços 1,77 1,75 Mão-deObra -0,05 0,04 -0,07 -0,05 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. Obs.: IGE - Índice Geral de Edificações; TER - Índice de Obras de Terraplenagem; PAV - Índice de Obras de Pavimentação; SGPMO - Índice de Serviços Gerais com Predominância de Mão-de-Obra. I-2 um movimento sem contrapartida nos fundamentos da política monetária, e o núcleo confirma esse fato, ficando abaixo do índice cheio, até a convergência das duas medidas em fevereiro. A faixa horizontal no gráfico representa o intervalo dentro do qual a taxa média mensal do ano deve ficar para garantir um número acumulado em doze meses entre 5,5% e 6%, nossa atual projeção para o ano de 2004. Assim, nossa expectativa é que o núcleo suba um pouco nos próximos meses, oscilando em torno dessa média, que deve garantir o cumprimento da meta do BC para o ano. Em que pese o fato da meta ser definida em cima do ICPA-IBGE, é sempre bom lembrar que o IPC-FIPE tem se mostrado um ótimo indicador antecedente desse índice. Examinando-se as categorias de insumo verifica-se, de um lado, que são os materiais e os equipamentos os responsáveis pela pressão inflacionária registrada para todos os índices, conjugada, no caso do IGE e do SGPMO, ao aumento significativo de quase 2% dos serviços. Constata-se, pela Tabela 2, que a indústria de material elétrico e de comunicação registrou nos dois primeiros meses do ano um aumento médio próximo àquele calculado, para o ano de 2003, para os setores da madeira, borracha, metalúrgica e mecânica. Grande parte desses aumentos esteve associada ao repasse do aumento do IPI para vários tipos de insumos. De outro lado, a mão-de-obra continua praticamente com os mesmos níveis salariais. Cabe enfatizar que as obras pesadas recuperaram parcialmente as perdas que tiveram no primeiro semestre de 2003. Pelo Gráfico 1, verifica-se que entre maio e novembro o PAV manteve-se em torno de 354 (base março/94), enquanto em março ele havia alcançado a marca dos 367, reaproximando-se somente agora, em fevereiro de 2004, dessa marca (361). O índice de terraplenagem sofreu uma perda de quase 20 pontos entre fevereiro e junho daquele ano, retomando a escalada ao longo do restante do ano e aproximando-se agora, em fevereiro, do pico de 2003. Com o IGE, a escalada ascendente vem desde janeiro do ano passado, aproximando o nível dos preços dos insumos utilizados nessas obras ao das de terraplenagem. Nota-se, no entanto, que o nível dos preços destes dois tipos de obras ainda está bem abaixo do nível dos preços médios dos insumos para pavimentação. tabela 2 - índices de obras públicas por setor: variação mensal e acumulada no ano Setores de Atividades fev/04 IGE jan/04 01- Extração Mineral 02- Produtos de Origem Vegetal 03- Ind. de Minerais Não-Metálicos 04- Indústria Metalúrgica 05- Indústria Mecânica 06- Ind. Mat. Elétrico/Comunic. 07- Material de Transporte 08- Indústria de Madeira 09- Indústria da Borracha 10- Indústria Química 11- Ind. de Produtos Plásticos 12- Indústria Têxtil 13- Serviços 14- Transp. de carga em geral (frete) 0,89 0,00 0,05 2,14 0,74 10,14 1,30 0,36 4,03 1,19 0,89 0,00 1,99 -0,34 -0,30 2,58 0,15 1,54 5,22 3,49 2,38 1,15 1,13 1,02 1,93 0,00 1,68 0,31 Acum./04 0,59 2,58 0,20 3,72 6,00 13,98 3,72 1,51 5,21 2,21 2,84 0,00 3,70 -0,04 TER fev/04 PAV fev/04 0,89 6,18 0,19 1,36 0,97 -0,13 0,10 0,85 0,28 0,71 2,35 Fonte: idem Tabela 1. gráfico - índices de obras públicas acumulados tabela 3 - números-índice do preço de obras públicas base: mar./94 = 100, e acumulados de 12 meses e no ano IGE TER MAR/94 – FEV/04 MAR/03 – FEV/04 JAN/04 – FEV/04 267,88 112,04 101,32 277,17 98,45 102,61 PAV SGPMO 361,95 103,23 101,96 288,33 114,10 100,89 Fonte: idem Tabela 1. Finalmente, considerando-se o movimento dos preços nestes dois primeiros meses do ano, constata-se que a inflação acumulada já está em torno dos 2% para as obras pesadas. fevereiro de 2004 Meses (*) Professora da FEA-USP. I-3 ÍNDICES séries estatísticas Jan/04 Fev Índice Geral Geral 239.9538 240.4098 200.1412 200.3814 Geral fevereiro de 2004 Jan/04 Fev ÍNDICES DE PREÇOS AO CONSUMIDOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO - julho de 1994 = 100 Alimentação Habitação Transportes Veículo Transp. Industr. Semi In Despesas Vestuário Elaborado Natura Geral Aluguel Geral Próprio Coletivo Pessoais 265.981 267.879 170.1817 169.6371 227.2346 225.2123 Edificações Mat. Mão-deConstr. Obra 243.221 246.313 200.7105 204.8853 Equip. 313.955 313.808 335.7090 336.8504 642.8147 642.9432 307.6378 308.0685 261.1034 260.4507 398.3078 398.3874 197.8552 198.0333 Saúde 110.2753 286.8062 109.3380 288.7564 ÍNDICES DE PREÇOS DE OBRAS PÚBLICAS - março de 1994 = 100 Pavimentação Terraplenagem Geral Mat. Mão-deEquip. Geral Mat. Mão-deConstr. Constr. Obra Obra 243.888 246.313 356.285 361.946 400.418 407.890 307.660 307.452 211.489 212.629 275.076 277.169 371.540 372.611 305.667 305.794 MÊS Ônibus Urbanos (2) Metrô Ago/03 Set Out Nov(**) 137.71 137.84 137.93 137.37 52.73 52.71 52.82 53.42 111.33 110.12 109.67 109.04 (3) 89.43 85.68 88.37 87.72 304.68 303.19 316.96 318.15 95.06 94.72 95.57 95.13 133.20 134.37 135.50 137.60 340.6824 341.6704 Equip. Serv. Gerais Predom. M. O . 223.145 225.719 287.027 288.330 INDICADOR DE MOVIMENTAÇÃO ECONÔMICA - IMEC-FIPE - MÉDIA 1994 = 100(*) Ônibus Aeroporto Combustíveis Energia Consultas Intermunicipal Congonhas Gasolina/Álcool Elétrica SCPC/Telecheque (4) (5) e Óleo Diesel (6) (7) (8) Pedágio Comercial e Passeio (1) Educação 245.65 242.64 247.17 244.67 IMEC 139.83 138.78 141.19 141.03 Fonte: (1) Autoban, (2) São Paulo Transportes; (3)Metrô; (4) Socicam; (5) Infraero; (6) Petrobrás; (7) EPTE; (8) Associação Comercial de São Paulo. (*) Houve retificação da série do Imec em decorrência de mudança nos pesos de ponderação das variáveis. (**) Dados provisórios. ABEMI - ÍNDICE NACIONAL DO CUSTO DA MÃO-DE-OBRA DE MONTAGEM E MANUTENÇÃO INDUSTRIAIS - DEZ 90 = 100 Jul/03 Mão-de-Obra Direta Mão-de-Obra Indireta Mão-de-Obra Total Taxa de Variação Anual Taxa de Variação Acumulada no Ano Set 8867276.492 7158505.320 8009423.661 1.1268 1.1046 Out 8886784.500 7172106.480 8025442.508 1.1123 1.1068 Nov 8948103.313 7206532.591 8076002.796 1.1171 1.1138 9070211.278 7253450.722 8168331.294 1.1265 1.1265 Jan/04 9158192.328 7252725.377 8222242.281 1.1288 1.0066 Muito Curtas (50 km) INCTa INCTR Curtas (400 km) INCTa INCTR Distâncias Médias (800 km)* INCTa INCTR Longas (2.400 km) INCTa INCTR Muito Longas (6.000 km) INCTa INCTR 250.02 253.34 254.92 245.38 248.42 250.43 244.63 247.66 249.86 247.75 250.63 253.47 252.66 255.45 258.81 134.52 136.51 137.21 139.73 141.67 142.70 Mês Curtas (1 a 10 km) Jan/04 Fev Mar 136.29 137.27 138.47 143.79 145.69 146.97 151.82 153.64 155.42 INCTCE – FIPE/NTC – Mar/00 = 100 Distâncias Médias (31 a 40 km)* Longas (101 a 120 km) 141.63 142.89 144.23 146.07 147.56 149.01 *Convenciona-se considerar o índice referente às distâncias médias como o INCT-ce do mês. I-4 Dez 9008950.415 7228152.189 8120420.811 1.1218 1.1199 INCTa – FIPE/NTC – Jun/94 = 100 e INCTR – FIPE/NTC – Mar/00 = 100 Mês Jan/04 Fev Mar Ago 8631632.913 7007836.828 7833943.330 1.1119 1.0804 157.45 159.22 161.35