Ano IX • nº 178 31 de março de 2010 R$ 5,90 Clausem Bonifacio empoucaspalavras Ao folhear as recém-escritas páginas da revista em busca de inspiração para estas poucas – ou nem tão poucas assim – palavras, constato: nossos três colunistas enogastronômicos estão especialmente impossíveis. Fechando seu périplo às capitais nordestinas, o belga/ brasiliense Quentin Geenem de Saint Maur nos relata suas experiências, digamos, gustativas, em João Pessoa, onde comeu variedades de... bode. Na coluna Palavra do Chef (página 9) ele descreve algumas delas: tripinha de bode crocante, linguiça do próprio devidamente escoltada de farofa e vinagrete e o melhor cuscuz que Quentin já comeu. Já Luiz Recena, nosso “soteropolitano” correspondente, descobriu na capital baiana um restaurante de comida árabe que tem até dança do ventre com dançarina capaz de enlouquecer o mais comportado cidadão (página 10). Convenhamos, não é todo dia que se encontra, em Salvador, o que ele mesmo define como “um pequeno oásis árabe” em plena praia de Stella Maris, não? Para completar a tríade, Alexandre dos Santos Franco comenta um livro que leu recentemente sobre vinhos cujos nomes e desenhos dos rótulos mais se parecem com os encontrados nas cachaças genuinamente brasileiras. Um exemplo? Há um tinto californiano que se chama, pasmem, Bunda Grande... Divirtam-se lendo a coluna Pão & vinho, na página 11. Imperdíveis também estão as matérias da seção Água na boca, a partir da página 4. Lá você encontrará sugestões de restaurantes que têm cardápio especial na Semana Santa, com claro predomínio do bacalhau, e também as primeiras informações sobre mais uma edição do Brasil Sabor, o festival nacional que reúne, só aqui em Brasília, quase cem bares e restaurantes. Um deles é o Villa Borghese, da chef Ana Toscano, cujo fotogênico Gamberetto Tropicale (camarões grelhados em azeite extravirgem, temperados com f lor de sal, acompanhados de risone perfumado com ervas e manga grelhada) ilustra a capa desta 178ª edição da Roteiro. Boa leitura e uma deliciosa Páscoa. Maria Teresa Fernandes Editora 4 águanaboca A Semana Santa é ótima oportunidade para degustar a iguaria peruana que a cada dia conquista mais apreciadores: o ceviche 9 10 11 12 15 16 18 20 21 25 palavradochef garfadas&goles pão&vinho roteirogastronômico lazer&compras dia&noite brasiliensedecoração galeriadearte graves&agudos luzcâmeraação ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – CEP 70322-915 – Tel: 3964.0207 Fax: 3964.0207 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação [email protected] | Editora Maria Teresa Fernandes | Capa Carlos Roberto Ferreira sobre foto de divulgação | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Beth Almeida, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira e Rodrigo Oliveira | Contatos Comerciais Giselma Nascimento (9985.5881) e Ronaldo Cerqueira (8217.8474) | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Charbel | Tiragem 10.000 exemplares 3 águanaboca Rosbife com taioba, arroz com castanha e angu com shitake, do Esquina Mineira A festa da gastronomia Brasil Sabor Brasília de 2010 terá número recorde de participantes Por Eduardo Oliveira O s chefs brasilienses que se preparem, porque de 14 de abril a 16 de maio eles vão ter muito trabalho. Vai começar o festival que é garantia de casa cheia. Promovida pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a sexta edição do Brasil Sabor Brasília movimentará a gastronomia brasiliense durante 33 dias. Este ano, um número recorde de restaurantes – 79 casas em 98 endereços – participa da maratona gastronômica, oferecendo pratos exclusivos com quatro faixas de preço: R$ 16,10, R$ 24,20, R$ 32,30 e R$ 42,40. Talvez o maior atrativo para o cliente, o que tornou o festival um sucesso nas edições passadas, seja o Circuito Gourmet, um tipo de “programa de milhagem” para os bons de garfo. Cada prato consumido será identificado com um selo, colado em um minicardápio. Após concluir o circuito de seis restaurantes, o cliente po4 derá escolher o prato de que mais gostou entre as casas onde comeu e repeti-lo, desta vez de graça, mediante a apresentação do cupom com os seis selos. Além de turbinar o número de frequentadores nos restaurantes participantes, o festival serve também como um laboratório para os chefs testarem suas novas receitas. Se o público aprovar, o prato entra no cardápio. É o caso do Peixe na Rede, participante do Brasil Sabor Brasília pel o quarto ano consecutivo. “Eu uso o festival para lançar os pratos, que depois acabam entrando no nosso cardápio”, diz a chef Maria Luiza da Mata. Este ano ela apresenta o filé de tilápia ao molho de limão siciliano e camarões (R$ 24,20). O restaurater Gil Guimarães concorda que o festival é um bom momento para lançar pratos novos. ”No Baco, por exemplo, criamos uma pizza e estamos guardando a receita há três meses só para lançar no festival”, conta. A pizza à qual ele se refere tem a massa feita com vinho no lu- gar da água, e é coberta com provolone picante e tomate confit (R$ 24,20). Gil também participa do festival com o Parrila Madrid (fraldinha grelhada ao molho de tomate e gorgonzola, a R$ 24,20) e a Forneria Baco (ravióli de lagosta, a R$ 32,30). Para os apreciadores da boa mesa, o festival é uma oportunidade de sair da rotina e experimentar novos sabores. Para quem gosta de desafiar o paladar, certamente a opção mais exótica é a combinação de lascas de jacaré com bacon, temperado com tradicionais ingredientes da cozinha brasileira e acompanhado de baguete francesa, do Bar Godofredo. “Escolhi esse prato para mostrar que petisco de bar não precisa ser só batata frita, pode ser mais sofisticado”, explica Aylton Tristão, dono do bar. A porção, elaborada pelos chefs Marcelo Teixeira e o francês Arnauld Le Lay, sai por R$ 32,30 e serve de duas a três pessoas. Para harmonizar com a carne de jacaré, a casa oferece 50 opções de cerveja. Filé de tilápia ao molho de limão siciliano e camarões, do Peixe na Rede Fotos: Divulgação Falando nisso, a harmonização dos pratos com bebidas é uma novidade deste ano. Em parceria com a Ambev, o festival conta com a degustação da cerveja Bohemia. Assim, conforme o tipo de prato saboreado, o cliente ficará sabendo se o ideal é harmonizar com a cerveja tipo Weiss, Escura, Confraria ou Pilsen. O evento tem também o apoio das vinícolas Miolo, Casa Valduga, Vinãs Del Mar e Obra Prima. Como acontece desde a primeira edição, o Brasil Sabor Brasília tem movimentada programação paralela, com projeto especial das cozinhas-shows e aulas de gastronomia com renomados chefs. Serão realizados encontros gastronômicos nos shoppings da cidade, como o Liberty Mall, Terraço Shopping, Brasília Shopping, Pátio Brasil e Taguatinga Shopping. O objetivo é reunir o público comum e alguns convidados especiais para participarem de degustações com harmonizações e cursos direcionados. Os menus serão preparados por chefs de alguns restaurantes, que mostrarão o melhor da sua cozinha, com entrada, prato principal e sobremesa. Ancho do campo com arroz cremoso de baunilha e maçãs glaceadas, do Triplex Lascas de jacaré com bacon, do Bar Godofredo Vai acabar, já já... Quem ainda não foi tem tempo de aproveitar o finalzinho do Roda de Boteco Brasília 50 anos, festival que termina dia 4 de abril e vai premiar o melhor tira-gosto da cidade. Mas quem quiser provar, de uma vez só, todas as delícias preparadas pelos 32 bares e botecos participantes da disputa pode ir ao Botecão, a festa de encerramento que acontece dia 9, no Expo Brasília do Parque da Cidade. A primeira edição do festival avalia, em 23 dias, os estabelecimentos inscritos (veja em www.rodadeboteco.com.br), que concorrem em quatro categorias: melhor tira-gosto, temperatura da bebida, atendimento e higiene, além de melhor garçom. Os três melhor pontuados na avaliação popular receberão troféu criado pelos artistas pernambucanos Genésio Gomes e Artur Brito. E o garçom mais votado receberá R$ 2 mil. O segundo e o terceiro receberão, respectivamente, R$ 1.500 e R$ 1 mil. Contudo, só levarão os prêmios aqueles que tiverem feito um curso de qualificação do Sebrae/DF, um estímulo a mais para seu aperfeiçoamento profissional. O Roda de Boteco é um festival gastronômico que já acontece em Vitória (ES), Recife (PE) e Feira de Santana (BA). Tem por objetivo “estimular a concorrência saudável entre os donos dos estabelecimentos que passam a se preocupar em fazer pratos caprichados, usando ingredientes locais e tipicamente brasileiros”. Organizado pelo Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Brasília (Sindhobar/DF), em parceria com a Ecos Eventos, o festival tem apoio da Empresa Brasiliense de Turismo – Brasiliatur e do Sebrae/DF, e faz parte das programações de comemoração dos 50 anos de Brasília. Os campeões do Roda de Boteco serão anunciados na festa do dia 9, que será animada pela banda Fundo de Quintal e Dudu Nobre, entre outros. Os ingressos estão sendo vendidos nos bares participantes e custam entre R$ 40 e R$ 100. 5 Gabriel Jabur águanaboca Bacalhau da Páscoa, do Bier Haus Dá-lhe bacalhau! Pra variar, a iguaria de origem portuguesa domina os cardápios dos restaurantes na Semana Santa Por Beth Almeida A tradição cristã recomenda que não comamos carnes de animais de sangue quente na Sextafeira Santa, em respeito ao sacrifício ocorrido há mais de dois mil anos. Mas a restrição não precisa representar sacrifício para os fiéis. E quando o assunto é bacalhau, é bem o contrário. Para esta Semana Santa, vale conferir algumas promoções e novos sabores oferecidos pelos restaurantes da cidade. Clausem Bonifacio A onda do ceviche Carlos Muñoz e David Lechtig 6 A Semana Santa é ótima oportunidade para degustar uma das novas ondas da gastronomia: o ceviche, iguaria de origem peruana em que o peixe cru é marinado em limão, coentro, cebola roxa e pimenta. A tendência se consolidou no Brasil a partir do ano passado, com a abertura de restaurantes peruanos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em Brasília, chegou para ficar ao cardápio do El Paso Latino, que realizou recentemente o II Festival de Ceviches, desta vez tendo como chef convidado o peruano Carlos Muñoz. Para o festival, Muñoz e David Lechtig, dono do El Paso, trabalharam em parceria, privilegiando os sabores de frutas brasileiras como a carambola e a mangaba, além das receitas tradicionais. Um exemplo é o Ceviche Del Cerrado, em que a tilápia é acompanhada de carambola, cebola roxa, aji amarillo (pimenta típica peruana) e pimenta dedo-de-moça. O festival já acabou, mas muitas das receitas foram incorporadas ao cardápio do restaurante. “A principal virtude do ceviche é o equilíbrio entre o picante e o ácido”, explica Muñoz. Ele reconhece que a boa aceitação do ceviche, no Brasil e em outros países, se deve em muito à prévia popularização da culinária japonesa, em que gourmets do mundo inteiro passaram a ver com naturalidade a degustação de peixes sem cozimento em sushis e sashimis. “Mas o ceviche tem uma grande vantagem, que é a variedade de temperos da cozinha peruana, especialmente pimentas. Isso permite explorar sabores diferentes todos os dias”, defende o chef. Segundo ele, o prato é de origem pré-incaica. “Há mais de dois mil anos o povo Mojica, que vivia na costa norte do Peru, já consumia o peixe fresco com aji amarillo, que eles chamavam de siwishi”, conta. É a primeira referência his- Divulgação tórica ao prato, que depois recebeu influências de colonizadores espanhóis e, mais recentemente, de imigrantes de origem japonesa e chinesa. O prato também está presente no cardápio de outras duas casas da cidade, a Forneria Baco e o Barcelona. “Quando pensamos no cardápio de entradas, escolhemos o ceviche como uma das alternativas do bufê, porque é refrescante, muito saboroso e saudável”, afirma Gil Guimarães, proprietário da Forneria Baco. No Barcelona, o ceviche é uma das opções do balcão de frutos do mar, serviço implantado na casa em novembro do ano passado, em que o cliente escolhe o peixe e como quer que ele chegue à mesa. Como praticantes da chamada cozinha de mercado, em que o cardápio do dia depende da oferta de produtos frescos e da estação, as duas casas variam os tipos de peixes de acordo com o que encontram diariamente na Feira do Guará. A iguaria peruana pode ser saboreada também em festas elegantes da cidade. O e servido com arroz, castanha, batata sauté legumes no vapor. O chef Dudu Camargo também escolheu o bacalhau para ser a estrela de suas criações do período pascal. Durante o feriadão, o Dudu Camargo Restaurante, a Cantina Unanimità, o Fatto e o Your’s oferecem cinco pratos, todas com o peixe entre os ingredientes. As opções vão desde o tradicional bacalhau com natas até uma salada de sete grãos com lascas de bacalhau e alho-poró, regada a uma redução de cramberry (fruta nativa dos EUA, semelhante à cereja). Dudu destacou o bacalhau até na Fratello Uno, com um sabor de pizza que leva lascas do peixe acebolado, pimentões coloridos, azeitona preta, lascas de ovo e azeite de alho. Famoso por seus steaks, o Outback também entrou na onda da Semana Santa, acrescendo ao seu cardápio grande variedade de peixes e frutos do mar. Só de entrada são três opções: camarões grelhados servidos sobre uma fatia de pão australiano (R$ 28), combinação de camarões e queijos finos, gratinados ao ponto e servidos com tortilhas crocantes e cortes de lulas empanadas servidas com molho Pintado grelhado, acompanhado de arroz à moda da Lousiana, do Outback Aioli ou o tradicional Marinara (ambos a R$ 25,50). O novo prato de peixe do cardápio (truta ou pintado) vem grelhado, temperado com ervas especiais e acompanhado do cajun rice, arroz ao estilo da Lousiana (R$ 34). Há também duas variações da tilápia (R$ 29,50). Os que gostam de saborear a cozinha regional nordestina podem experimentar um escondidinho de bacalhau (bacalhau em lascas, coberto por purê de mandioca e gratinado ao forno) do restaurante Seve- Clausem Bonifacio Na rede Dom Francisco, a data é marcada por um festival de bacalhau iniciado no dia 26 de março, com receitas desenvolvidas por Francisco Ansiliero em parceria com o chef Valdemir Rodrigues. São sete opções de pratos individuais nas cinco casas da rede. Tem desde o tradicional bacalhau na brasa até novidades como o bacalhau aromático (em lascas, com cebola pérola, alho-poró e erva-doce, em cama de batatas cozidas) e o à moda do Lamego, em que a posta do peixe ganha uma crosta de alho e farinha de rosca. O Bier Fass do Pontão do Lago Sul oferece o bacalhau mediterrâneo, com cogumelos, berinjela, palmito pupunha e pimentões. Para acompanhar, batata chips e brócolis ao alho e óleo. Uma delícia para degustar tendo ao fundo a bela paisagem do local. Também no Lago Sul, a atração na Fortunata é o bacalhau afortunado, uma receita que lembra à Gomes de Sá, mas em que a batata inglesa é substituída pela baroa. No Bier Haus, além do bacalhau da Páscoa, a clientela poderá degustar uma peixada ou o Linguado da Paixão, em que o peixe é grelhado ao molho de maracujá Ceviche del chef: salmão em cubos curtido no limão com cebola branca ao molho de ostras bufê de festas Sweet Cake, por exemplo, oferece aos convivas pelo menos quatro opções. “Nós já temos o ceviche no cardápio há bastante tempo, mas notamos um aumento dos pedidos no último ano”, afirma o proprietário da empresa, Celso Jabour. El Paso Latino 404 Sul (3323.4618) Forneria Baco ParkShopping (3234.7871) Barcelona 206 Sul (3242.1141) Sweet Cake QI 21 do Lago Sul (3366.3531) 412 Sul (3345.3531) 7 águanaboca rina. A casa também servirá uma tradicionalíssima peixada pernambucana, com o indispensável pirão. No Gula Capital, o escondidinho será de camarão e o bacalhau chegará à mesa com natas. Para a criançada, a casa terá uma atração a mais no domingo de Páscoa: um coelhinho para animar as brincadeiras e distribuir ovinhos. Até os japoneses se renderam ao nobre peixe. No Mitzu, por exemplo, além de sushis, sashimis e peixes defumados, o bufê do almoço também contará com um saboroso risoto de bacalhau. Também na Sexta-feira Santa, a casa oferece à clientela a cortesia de um harumaki doce para a sobremesa. Entre os novos endereços da cidade, o 4Doze Bistrô servirá um robalo com fondue de alho-poró e dois acompanhamentos, entre diversas opções à escolha da clientela, como o tomate farci (recheado com farofa de legumes) ou o duo de purês (abóbora com mel e cará com hortelã). Engana-se quem imagina que churrascaria fecha nesta data. A Pampa, por Dom Francisco exemplo, vai funcionar com um cardápio à base de bacalhau, peixes assados e em postas, camarões, sushis e sashimis. Asbac, Academia de Tênis, 402 Sul, Pátio Brasil e ParkShopping (3363.3079) Bier Fass Pontão do Lago Sul (3364.4041) Fortunata Para degustar em casa QI 9 do Lago Sul (3364.6111) Quem prefere usufruir da companhia da família e amigos em casa também não precisa passar o dia de folga na cozinha. A Quitinete, da chef Mara Alcamin, aceita encomendas para o feriado, com opções de saladas e, claro, pratos à base de bacalhau. Opções também de salmão, recheado ou em postas, e uma pescada amarela. Quem quer fazer bonito na cozinha, mas está sem ideias, pode recorrer ao Camarão Gourmet, uma boutique de frutos do mar e pescados. Além de comercializar os ingredientes, a casa oferece a assistência de gastrônomos profissionais, que orientam os clientes em relação ao modo de preparo dos pratos, sugerindo receitas e acompanhamentos. A empresa também dispõe de serviço de personal chef e produz os pratos sob encomenda, que o cliente leva congelados para casa. Bier Haus 402/403 Sul (3224.3535) Dudu Camargo Restaurante 303 Sul (3323.8082) Cantina Italiana Uninimità 408 Sul (3244.0666) Fatto QI 9 do Lago Sul (3364.0284) Yours QI 11 do Lago Sul (3248.0184 / 3248.0132) Fratello Uno 103 Sul e 109 Norte (3321.3213/3447.8989) Outback Steak House ParkShopping (3234.7958) Severina 201 Sul (3224.6362) Gula Capital 716 Norte (3202.3111/ 3202.3112) Mitzu 116 Sul (3245.1780) 4Doze Bistrô 412 Sul (3345.4351) Churrascaria Pampa Carrefour Sul (3343.3033) Quitinete 209 Sul (3242.0506) Camarão Gourmet Deck Brasil – QI 11 do Lago Sul (3248.1555) Fotos: Divulgação Doce unanimidade Lacta Se a atração da sexta-feira são os pescados, no domingo de Páscoa a estrela é o chocolate. Em ovos, em coelhinhos ou em forma de bombons recheados, a doce delícia é uma unanimidade entre crianças e adultos. Só da Lacta, por exemplo, há 47 opções. Quem preferir alternativas aos ovos industrializados pode buscar as muitas opções de chocolates artesanais preparados pelas lojas especializadas da cidade. Na Chocolataria Cacahuá, uma das novidades são os ovos decorados com motivos astecas e maias. Para a criançada, chocolates em forma de pintinhos, que 8 Cacahuá vêm acondicionados em uma caixa de ovos. Os bombons, vendidos separadamente ou dentro dos ovos, têm recheios como lascas de amêndoas, castanhas de caju ou avelãs. Para presentear, os chocolates podem vir em cestas de porcelana. A Stans homenageia os 50 anos de Brasília com um ovo de chocolate ao leite pintado à mão nas cores verde e amarela, com imagens que remetem à arquitetura da cidade. Outra delícia é o ovo de páscoa em seis camadas, cada uma com um sabor diferente (chocolate ao leite, creme de macadâmia, meio-amargo com nozes, gianduia, creme de castanha de caju e Cristallo Stans chocolate crocante ao leite). A loja vende produtos da Xocoarte, do chef suíço Xavier Odermatt. A loja da rede Cristallo, inaugurada em Brasília no início deste ano, investe na simbologia da data, mexendo com o imaginário infantil. A Casinha do Coelho, por exemplo, vem recheada de ovinhos ao leite e com chaminé repleta de gotas de chocolate. Cacahuá 207 Sul (3443.0430) Stans 40 7 Sul (3443.0199) Cristallo Terraço Shopping (3234.3964) Senhor bode e jerimum, farofa, charque e feijão. O resto o fre- cuito de visitas às capitais do Nordeste. guês manda, só come bom é quem anda pras Todas parecidas no tipo de ingredientes bandas desse mundão.” Pedimos uma porção de utilizados em suas respectivas cozinhas, mas di- tripinha de bode crocante, linguiça de bode com ferentes no modo de compor e temperar as re- farofa e vinagrete, feijão-verde temperado leve- ceitas. mente com coentro e manteiga de garrafa e o A culinária de João Pessoa remete mais à co- melhor cuscuz individual que já comi, coberto zinha do sertão, mesmo estando à beira-mar. com nata quente e acompanhado de uma carne- Engano nosso: a capital paraibana nasceu nas de-sol desfiada e refogada com muita cebola. margens do Rio Sanhauá, por motivo estratégi- Estivemos também no Mangai, restaurante a co-militar, e está hoje abrindo seus horizontes quilo que confirma a importância desse tipo de para o mar. casa, que valoriza e populariza com muito capri- Cá estou nos bastidores de um palco com Isa- cho a saborosa cozinha regional. É no bairro de bela e Chico César, assistindo à explosiva apre- Tambaú que se encontra a maior variedade de sentação de Elba Ramalho, levantando os braços restaurantes. Passear a pé, à noite, na região é e os corações dos pessoenses. A última vez que muito sossegado; a única dificuldade para o visi- ouvi falar desse ícone nordestino em Brasília foi tante de passagem pela capital é se locomover quando ela apoiou, como cidadã, o movimento nas calçadas invadidas por carros. contra a transposição do Rio São Francisco. Outra particularidade de João Pessoa são os Primeira refeição ao amanhecer: batata-doce restaurantes montados em casas particulares, o com mel-de-engenho, tapioca, queijo coalho, que torna o cenário mais aconchegante e infor- cuscuz, pamonha, bolo de mandioca, suco de mal. Vários deles entraram no movimento moda/ umbu e de graviola. Sandra Vasconcelos, colu- decoração, valorizando e investindo mais no es- nista de gastronomia e minha anfitriã, levou-me paço arquitetônico e no ambiente do que no car- para conhecer a variedade dos produtos regio- dápio e na sua própria cozinha. nais no recém-reformado e luminoso Mercado O passeio no calçadão à beira-mar permite Municipal, no centro da cidade. Do contato com ao turista fazer uma agradável refeição em quios- os ingredientes locais, destaca-se uma grande ques bem cuidados, experimentar carne de ca- variedade de feijões, favas e um arroz vermelho ranguejo desfiada e delicadamente tem- oriundo do sudeste asiático (arroz de Veneza ou perada, “tadinhos”, alevinos fritos, es- arroz-da-terra). Conta a história que esse arroz peto de garoupa caramelizada pelo ca- foi trazido para o Brasil pelos açorianos e, segun- lor do fogo do braseiro, tendo como do o proprietário da Fazenda Tamanduá, teve fundo musical o doce balanço do leve e sua cultura proibida em 1772 pelo governador traz das ondas do mar. do Maranhão, interferência que perdurou por Antes das seis da “noite”, vale assis- aproximadamente 120 anos e quase resultou na tir ao pôr do sol na Estação Cabo Branco sua extinção. – Ciência, Cultura & Artes, com sua Fomos almoçar no Vila Cariri, com seu cardá- vista imperdível de 360 graus sobre pio em formato de livro de cordel: “Buchada e a Mata Atlântica, a cidade e o Ocea- carne-de-sol, moqueca de peixe e pirão, rabada Quentin Geenen de Saint Maur palavradochef @alo.com.br palavradochef C om minha ida a João Pessoa, fecho o cir- no Atlântico . 9 Miragens baianas U m oásis à beira do mar plantado? Com iguarias levantinas e uma bailarina da dança do ventre? Os orixás da Bahia são mesmo poderosos. Mas, acalmem-se meus resistentes e fidelíssimos leitores, Luiz Recena [email protected] pois o colunista estava sóbrio e há testemunhas... Não era uma miragem. Era uma nova descoberta, para incrementar mais nosso já vasto leque de opções para garfadas e goles nesta região norte da grande, bela e hospitaleira orla da cidade de Salvador. Raghid é o nome dele, um pequeno oásis árabe, na praia de garfadas&goles Stella Maris, a menos de mil metros do mar, na região de influência do hotel Catussaba, também chamado 10 de resort, de acordo com a moda atual. Tem boa música ao vivo nas noites de quarta a sexta-feira. E, neste verão que se acaba lentamente, sem obedecer aos frios números do calendário, em dias especiais tem uma bailarina da dança do ventre. Morena, mignon, com todas as proporções em harmonia, ela dança e encanta e, às vezes, tira do sério alguns homens brancos, muito brancos, com as caras rosadas pelo banho de sol e a ajuda das caipirinhas e caipiroscas, auxílio que nunca falha. Vamos às garfadas. As entradinhas Do falafel (aquele de grão de bico) ao quibe cru, do quibe frito à velha esfiha, com quatro recheios, está tudo lá. Junto com o espetinho de cordeiro e o de kafta. As porções de quibe ou esfiha custam R$ 9,60 cada uma. O quibe cru, bem servido, vai para R$ 19,80. O cardápio ainda oferece outras entradas, mas a preferida do colunista e seus amigos é o Mezzè misto: pequenas porções de homus, coalhada seca, babaganuch, três quibes, três esfihas, fatuch, tabule e o pão sírio bem quentinho para completar. Sai por R$ 34,80. Serve muito bem duas pessoas e até três, se uma delas comer menos. Outras delícias Há pratos maiores, sempre bem servidos e com apresentação bonita. São saladas, pastas e sanduíches (chamados de beirutes). Os que servem duas pessoas não passam de R$ 20. Há bons pratos árabes, daqueles de antigas receitas, como o peixe tagem (empanado, molho de gergelim), os charutos de repolho ou couve, o pimentão recheado, a kafta raghid, a berinjela ao forno. Todos servem duas pessoas e não passam de R$ 45. Presença da terra O foco do restaurante é árabe, como bem vimos. Mas é um árabe baiano, na beira da praia, com forte clientela de turistas. Há, portanto, que fazer concessões. E lá estão elas, em clássicas formas de moquecas e ensopados, peixes grelhados, frutos do mar também grelhados e algumas carnes, na linha do filé e da picanha. A convivência impõe-se e traz bons resultados sem diminuir a qualidade e o bom sabor. Demétrio, o dono, comemora a combinação, mas sem perder a origem árabe jamais. Sim, os goles: cervejas Nova Schin e Nobel, sempre muito geladas. Novas praianas Nem só de comida árabe vive o sacrificado colunista. Há outras novidades no Praiano Café, aquele que, com belos e bem servidos chopes, confirmou que nem tudo estava perdido na terra da cerveja gelada. O estabelecimento, que só abria às tardes e noites, agora tem café da manhã e almoço executivo. No almoço, pratos montados: filé a parmegiana, lasanha, strogonoff. O Praiano agora abre às oito da matina, para o café da manhã, que vai ganhar cardápio especial em breve. Por enquanto, é o cardápio antigo, com cafés, chocolates, salgados e doces. A novidades serão os combos, que ainda estão sendo montados. Para o chope E para o cremoso, nada? Há sim, três sugestões: pão de alho (R$ 7), aperitivo praiano (R$ 9,50) e o sarapraiano, ou sarapatel da casa (14,90). Experimentado e aprovado, o aperitivo é um misto de salame, provolone e azeitonas, bem servido, muito bom acompanhamento. Salud! A equipe Em time que está ganhando não se mexe. Assim, Cláudio e Aila mantiveram as duas meninas simpáticas e Denison, um gaúcho a cada dia mais baiano. Ele passou para o dia, a fim de assessor a nova sócia Ana Rosa. Clariana e Jéssica seguiram distribuindo eficiência e alegria na tarde e na noite, que agora tem, às sextas, música ao vivo. MPB só com voz e violão. Vinho é divertimento vinho deve ser divertido. Por demasiadas vezes ele é apresentado como algo complicado, que você deve estudar e sobre o qual você pode se enganar. O vinho é constantemente graduado, discutido e debatido. Para muitas pessoas, pedir o vinho ‘certo’ em um restaurante é tão intimidador que preferem escolher outra bebida.” É assim que o britânico Peter F. May abre seu divertido livro, cujo nome é tão sui generis e criativo quanto o próprio conteúdo: Marilyn Merlot and the Naked Grape, título que não me atrevo a traduzir para não acabar com sua graça. Como tema, a escolha de vinhos que apresentam nomes e/ou rótulos inusitados e quase sempre bastante divertidos. Para cada página dupla, um rótulo e um pequeno histórico sobre o vinho, a vinícola ou o próprio rótulo, além, é claro, das suas “notas de prova”. São mais de cem vinhos e seu rótulos que trazem uma coleção de novos conhecimentos para o enófilo, nem sempre de grande importância, mas quase sempre interessantes. Gostei tanto do livro que optei por utilizar este espaço para citar alguns dos vinhos que Peter May escolheu. Um dos primeiros é o Arrogant Frog (Sapo Arrogante), cujo rótulo apresenta a figura de um sapo em pé, trajando um elegante costume antigo, ao melhor estilo francês, com echarpe ao pescoço, boina à cabeça e, é claro, uma taça do clarete à mão. Trata-se de conhecido produtor do Languedoc, no sul da França, Domaines Paul Mas, com mais de 115 anos de história. O vinho é um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot – na opinião do autor, um vinho de grande qualidade que apresenta aromas de frutas negras e cereja, algo apimentado em boca e bons taninos. Outro nome imperdível é o californiano Big Ass Red (Bunda Grande Tinto, e me pergunto se há a versão branca). No rótulo, um grupo de pessoas se diverte em um tipo de dança sensual, no qual se destaca um belo traseiro feminino. Pela descrição do autor, o vinho, embora agradável, se justifica mais pela forma jocosa com que se apresenta do que por sua qualidade em si. Trata-se de um corte baseado na casta Zinfandel, que apresenta aromas picantes de frutas vermelhas e taninos macios. Em razão da nossa própria história na produção de vinhos, não poderia deixar de comentar o rótulo Bull’s Blood (Sangue de Touro). Nada a ver, por certo, com o nosso péssimo Sangue de Boi, já que se trata de um exemplar de boa qualidade em corte de uma casta autóctone húngara, a Kekfrankos, com Merlot e Cabernet Franc, considerado pelo autor como saboroso, encorpado e rústico, com taninos firmes. Reza lenda que uma pequena cidade da Hungria, Eger, invadida no Século XVI pelos turcos, foi retomada tão rápida e ferozmente que os invasores acreditaram, ao ver o inimigo comemorando a vitória com vinho tinto, que sua força era obtida bebendo sangue de touros. Fat Bastard (Bastardo Gordo), um famoso exemplar francês, é comparado por alguns ao Batard-Montrachet Grand-Cru Chardonnay, um dos melhores e mais caros Borgonhas brancos. O nome, além de engraçado, realça suas características quase óbvias, consumadas a partir de uma fermentação parcial em carvalho, de aromas e paladar ricos e encorpados, com fruta apimentada, um toque de baunilha e leve acidez de limão. No rótulo, a figura de um simpático hipopótamo sentado sobre o nome dá o acabamento final à ideia. O rótulo do Flying Pig (Porco Voador), um ótimo IGT da Sicília, explica: “Nós pensamos que você tem mais chance de ver um porco voando do que um vinho tinto melhor que este por este preço”. De cor rubi brilhante e aromas de frutas vermelhas, vai bem com massas, queijos, carnes ou em voo solo. O livro é realmente agradável, e eu o recomendo àqueles que não se incomodarem em lê-lo em inglês e conseguirem encontrá-lo, o que nem sempre é fácil. (Nota da redação: à venda por R$ 40 no site www.amazon.com). ALEXANDRE DOS SANTOS FRANCO paoevinho @alo.com.br pão&vinho O “ 11 roteirogastronômico MÚSICA AO VIVO ESPAÇO VIP ACESSO PARA DEFICIENTES ÁREA EXTERNA DELIVERY FRALDÁRIO MANOBRISTA BANHEIRO PARA DEFICIENTE CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R Armazém do Ferreira 202 Norte (3327.8342) CC: Todos QI 21 do Lago Sul (3366.3531) 412 Sul (3345.3531) Cardápio variado, sabor e qualidade. Buffet no almoço é o carro-chefe, com mais de 10 pratos quentes, diversos tipos de saladas e várias opções de sobremesa, a R$ 39,90 ( 2ª a 6ª) e R$ 44,90 (sáb, dom e feriados) por pessoa. Em ambiente aconchegante, com decoração pontuada por arte e história, pode-se tomar um cafezinho ou um chope para acompanhar o pastel de bacalhau, o sanduíche de mortadela ou o autêntico Bauru. No almoço, cardápio paulistano. buffet de restaurante Camarão 206 Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem decoração caprichada, com móveis e objetos da primeira metade do século XX. Destaques para os pasteizinhos. Sugestão de gourmet: Cordeiro ensopado com ingredientes especiais, que realçam seu sabor. Bar do Mercado 206 Sul (3443.4841), Liberty Mall e Brasília Shopping cc: todos Scenarius Grill De segunda a sexta-feira serve executivos e servidores públicos do centro da cidade. Aos domingos, o público se transforma: são famílias inteiras que vão saborear delícias como a anchova negra e o bife ancho. SCS Q. 3 Bl. A - Ed. Paranoá (3224.0585 / 3039.1234) CC: Todos 509 Sul (3244.7999) CC: todos Café das 5 Revistaria A casa de Brasília segue a proposta das outras filiais, com shows, ótima comida e o tradicional chope cremoso. Frequentado por grandes personalidades da política e da música. A decoração é inspirada nas décadas de 50 a 70. Aos sábdos, a tradicional feijoada acompanhada de chorinho, samba de raiz e outras atrações. O cardápio assinado pelo chef Olivier Anquier. Integra o surpreendente Espaço Maria Tereza. Neste charmoso Café, você encontra deliciosos sanduíches, brus chettas, biscoitos e pães de queijo, tortas de chocolate da Ivone, chás e café em companhia de suas leituras favoritas. Happy Wine Hour, as 5as a partir das 17h, com ênfase nos selecionados vinhos da parceira Zahil. De 2ª a sáb. das 11h à 0h. cafés Bar Brahma SHIS QI 5 Cj. 9 Bl. D - Espaço Maria Tereza (3248.0124) CC: V e M confeitarias 201 Sul (3224.9313) CC: todos brasileiros É um dos mais renomados buffets de festa da cidade, com mais de dez anos de experiência. Além dos salgados e doces finos oferecidos no buffet, destaque para o Risoto de Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim e o Filé ao Molho de Tâmaras. Bar Brasília 506 Sul Bloco A (3443.4323) CC: Todos BARes Sweet Cake buffet de festa Restaurante inspirado no Rio de Janeiro dos anos 40. O buffet, com cerca de 20 tipos de frios, sanduíches e rodadas de empadas e quibes, com a performance do garçom Tampinha, são boas opções para os frequentadores. Praliné O cardápio é bastante variado, com tortas doces e salgadas, bolos, geleias, quiches, tarteletes, chás, cafés e sucos naturais. Promoção: Café da manhã, de segunda a sexta por R$ 14,00, sáb, dom e feriados por R$ 18,00 e Chá da tarde, todos os dias por R$ 23,00 (buffet por pessoa). Chá da tarde p/ viagem, todos os dias por R$ 48,00 Kg. 205 Sul Bl. A lj. 3 (3443.7490) CC: V 12 BSB Grill O Rodízio de massas e galetos está com preços especiais: de domingo à terça por R$ 14,20, quarta e quinta, por R$ 16,50 e sexta e sábado por R$ 18,80. 209 Sul (3443.5050) CC: Todos Villa Borghese Desde 1998 oferece as melhores e os mais diversos cortes nobres de carne: Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe, Picanha, além de peixe na brasa, esfirras, quibes e outras especialidades árabes. Adega climatizada e espaço reservado completam os ambientes das casas. O charme da decoração e a iluminação à luz de velas dão o clima romântico. Aberto diariamente para almoço e jantar. Sugestão: Tagliatelle Del Mare (Tagliatelle em saboroso molho de azeite extra virgem, tomate, alho, manjericão e camarões grandes), por R$ 45,00. 304 Norte (3326.0976) 413 Sul (3346.0036) CC: A, V ITALIANOS contemporâneos CC: V e M San Marino 201 Sul (3226.5650) CC: Todos Oca da Tribo MEXICANOS GRELHADOS INTERNACIONAIS Tacolino Mexican Fast Food Um verdadeiro fast food de comida mexicana! Tacos por R$ 5,90, os tradicionais burritos, quesadillas e delícias como a Chimichanga e os Muchos Nachos - cobertos de chili, cheddar, guacamole, sour cream, fatias de jalapeño e tomate em cubos. Novidades como o churros e as mini quesadillas doces - nutella com morango / banana; ou queijo, banana, açúcar e canela. Dom. a 4ª 12h à 0h. 5ª a sáb. 12h às 5h. 405 Sul CC: V, R, VR, Sodexho Roadhouse Grill Criado nos EUA, foi eleito por três anos consecutivos o preferido da família americana. Com mais de 100 lojas, seus generosos pratos foram criados, pesquisados e inspirados nas raízes da América. Conheça tais delícias: ribs, steaks, pasta, hambúrgueres. Oliver Próximo ao Eixo Monumental, apresenta espetacular vista para um tranquilo campo de golfe, sem prédios ao redor. O ambiente composto por piso de pedras vindas de Pirenópolis e móveis de Tiradentes (MG) conferem ainda mais rusticidade ao restaurante. Elaboradas pelo gourmet Carlos Guerra, as receitas internacionais têm base na culinária mediterrânea. Brasília Golfe Center - SCES Trecho 2 (3323.5961) CC: Todos www.restauranteoliver.com.br naturais .Clubes Sul Tr. 2 ao lado do S Pier 21 (3321.8535) Terraço Shopping (3034.8535) Saboroso e diversificado buffet, com produtos orgânicos e carnes exóticas. No domingo, pratos especiais, como o bacalhau de natas e o arroz de pequi. Horário: de segunda à sexta, das 11:30 às 15h e sábados, domingos e feriados, das 12 às 16h. SCS trecho 2 (3226.9880) CC: Todos 13 MÚSICA AO VIVO roteirogastronômico ESPAÇO VIP ACESSO PARA DEFICIENTES ÁREA EXTERNA DELIVERY FRALDÁRIO MANOBRISTA BANHEIRO PARA DEFICIENTE Mitzu O maior restaurante japonês de Brasília, tem capacidade para atender até 240 pessoas em seus cinco salões e dez tatames. Serve buffet de 2ª a domingo, almoço e jantar, aos domingos, só abre para o almoço até às 17h. São mais de 50 deliciosas sugestões, entre sushi, sashimi e pratos quentes, além do cardápio à la carte. Às sextas-feiras, música ao vivo, com o melhor da MPB. Restaurante Badejo A tradicional moqueca capixaba leva o tempero mineiro no Restaurante Badejo, com 19 anos de história em Belo Horizonte e 15 em São Paulo. Agora é a vez de Brasília conhecer o autêntico sabor da cozinha capixaba. SCES - Trecho 4 - Lote 1B Academia de Tênis Setor de Clubes Sul (3316.6866) CC: V e M Nippon Baco Tradicional e inovador. Sushis e sashimis ganham toques inusitados. Exemplo disso é o sushi de atum picado, temperado com gengibre e cebolinha envolto em fina camada de salmão. As novidades são fruto de muita pesquisa do proprietário Jun Ito. Premiada por todas as revistas. Massas originais da Itália, vinhos e ambiente. No cardápio, pizzas tradicionais e exóticas. Novidades são uma constante. Opção de rodízio em dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª e domingo, e na 408 Sul, às 2as. 403 Sul (3224.0430 / 3323.5213) CC: Todos 309 Norte (3274.8600), 408 Sul (3244.2292) CC: Todos Baco Delivery (3223.0323) PIZZARIAS ORIENTAIS 116 Sul (3245.1780) CC: Todos Peixes e frutos do mar CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R Gordeixo Ambiente agradável, comida boa e área de lazer para as crianças fazem o sucesso da casa desde 1987. No almoço, além das pizzas, o buffet de massas preparadas na hora, onde o cliente escolhe os molhos e os ingredientes para compor seu prato. Belini Feitiço Mineiro A casa premiada é um misto de padaria, delikatessen, confeitaria e restaurante. O restaurante serve risotos, massas e carnes. Destaque para o café gourmet, único torrado na própria loja, para as pizzas especiais e os buffets servidos na varanda. A culinária de raiz das Minas Gerais e uma programação cultural que inclui músicos de renome nacional e eventos literários. Diariamente, buffet com oito a nove tipos de carnes. Destaque para a leitoa e o pernil à pururuca, servidos às 6as e domingos. Peixes e frutos do mar 113 Sul (3345.0777) CC: Todos Peixe na Rede A vedete do cardápio é a tilápia, servida de 30 maneiras. O frescor é garantido pela criteriosa criação em cativeiro na fazenda exclusiva do restaurante, a 100 Km de Bsb. Há também pratos de camarão e bacalhau. 405 Sul (3242.1938) 309 Norte (3340.6937) CC: Todos 14 Regionais Padaria 306 Norte (3273.8525) CC: V, M e D 306 Norte (3272.3032) CC: Todos Fulô do Sertão Ambiente colorido e aconchegante. No cardápio, pratos tradicionais como escondidinho, arrumadinho, galinha cabidela, tapiocas e cuscuz, além das exclusividades da casa como o acarajé paraibano e nhoque do sertão. À noite, música de qualidade com clima romântico à luz de velas, perfeito para momentos especiais. 404 NORTE – Bloco B (3201-0129) CC: V, M, D Divulgação lazer&compras Pura sofisticação Com o Iguatemi, brasilienses ganham mais 29 grifes de alto luxo Por Rodrigo Oliveira P ense nas opções de consumo e lazer que temos hoje nesta cidade quase cinquentona. Imagine agora como era a Brasília recém-inaugurada. Certamente você se espantará com a comparação. Mesmo se nos limitarmos ao Lago Norte, nem mesmo será necessário voltar cinco décadas para perceber a enorme diferença. Há vinte anos, um morador da ponta da península que quisesse comprar um simples pão francês teria que rodar um bocado. Pior se ele quisesse fazer compras ou ir ao cinema. Hoje, além de inúmeras padarias, os moradores contam com quatro supermercados, o Península Shopping, o Deck Norte e, agora, uma novidade que acaba de vez com a falta de opções. A rede de shoppings Iguatemi acaba de inaugurar um gigante com 200 lojas distribuídas em 32.000 m2 de área bruta locável no Centro de Atividades do Lago Norte, que até algum tempo atrás não passava de um matagal. O Iguatemi Brasília exibe um mix de alto padrão, no qual se destacam, entre as marcas internacionais, Empório Armani, Ermenegildo Zegna, Louis Vuitton, Missoni, Nespresso, Rimowa. Entre as nacionais, Livraria Cultura, Tok Stock, Ricardo Almeida, Água de Coco, Alphorria e Espaço Santa Helena. São nada menos do que 29 lojas inéditas na Capital Federal. A gastronomia também conta com nomes que estreiam aqui, como o Gero, a primeira filial fora do eixo Rio-São Paulo, o Galeto’s – outro sucesso paulista – e os hambúrgueres do The Fifties. Outros destaques nessa área: Confraria do Camarão, Outback, Gendai, Risoto Mix, Spoleto, Baked Potato, Marvin e Marietta. Seis salas de cinema da rede Cinemark (uma delas em 3D) completam o mix, “Além da exclusividade das marcas, outros diferenciais do shopping são a qualidade da arquitetura e paisagismo e o serviço de alto nível” afirma Carlos Jereissati Filho, presidente do Grupo Iguatemi. O visual do shopping segue modernos conceitos de sustentabilidade, com fachadas iluminadas e grandes sky lights (vidros que aproveitam a luz natural), eleva- dores de última geração, escadas rolantes com velocidade variável – para economizar energia – e ar condicionado inteligente, que mantém a umidade e a temperatura internas adequadas. O projeto de paisagismo inclui grande variedade de espécies vegetais. São 22.000 m2 de grama, 219 álamos, 57 palmeiras e 355 árvores variadas. Em relação à qualidade do serviço, Jereissati garante: “Nossos colaboradores passam por treinamentos constantes, inclusive no exterior. Além disso, estamos sempre em busca do que há de mais inovador no mercado. Em São Paulo fomos pioneiros no conceito de concierge e implantamos o primeiro valet park, sempre em nossa busca de oferecer os melhores serviços”. Obviamente, o empreendimento visa a atingir não apenas o público do Lago Norte, mas deslocar o eixo de compras para o norte da cidade. “Estudamos o impacto do Iguatemi no trânsito da região e um projeto de alteração do sistema viário já está a cargo do DER”, informa Denis Seixas, gerente geral do shopping. 15 retrospectiva Quando esteve em Brasília, entre 1998 e 1999, o fotógrafo francês Robert Polidori fez imagens belíssimas da cidade. Agora, seu trabalho pode ser visto novamente no Espaço Ecco, até 9 de maio. Na mostra Retrospectiva, não só Brasília, mas também cidades tão diferentes como Beirute, Nova Orleans, Chernobil, Havana e Amã são alvo de suas lentes, que tanto podem captar belas imagens como também acontecimentos catastróficos ou violentos. Organizada pelo Instituto Moreira Salles, a exposição tem curadoria de Heloísa Espada e reúne 70 trabalhos do fotógrafo de 58 anos que mora desde menino nos Estados Unidos. De terça a domingo, das 9 às 19h, com entrada franca. percursopoético brasíliaano10 Em sua inauguração, sete anos atrás, a sala de cinema do CCBB exibiu a mostra Brasília 24 quadros, com filmes feitos aqui entre 1962 e 2002. Um deles era o documentário Brasília Ano 10, de Geraldo Sobral Rocha. Produzido em 1970, revelou a cidade em sua primeira década de vida e impulsionou novas produções. Quarenta anos depois, Brasília se encontra novamente no seu ano 10. Aliada à tradição documental do cinema local, a produção de curtas está turbinada e diversificada. De 6 a 11 de abril os brasilienses terão a chance de assistir a uma retrospectiva da produção recente de curtas-metragens realizados na cidade. Programação em www.bb.com.br. Lorena Lopes olharnativo A veia artística, a arquitetura futurista e a população vinda de todos os cantos do Brasil. Essas características tão especiais de Brasília acabam passando batidas aos olhos de quem mora na cidade cinquentona. Um projeto dos fotógrafos Lorena Lopes, Luisa Giampaolo e Marco Léllis pretende registrar esses pequenos detalhes em imagens capitadas no Conic, no Teatro Nacional, no Museu da República e em muitos outros locais da cidade. A mostra Olhar nativo foi a maneira que os três encontraram de homenagear Brasília no mês de seu cinquentenário. As 35 fotos coloridas, em formato 20x30cm, podem ser vistas até 30 de abril, de segunda a sábado, a partir das 18 horas, no Café da Rua 8 (408 Norte). musabrasília Atenção, poetas! Está no ar o concurso que vai premiar os três mais inspirados poemas sobre os 50 anos de Brasília. Podem participar moradores de todos os estados que se inscreverem até o dia 30 de abril no site www.brasiliapoetica.com.br. O resultado será divulgado no dia 3 de maio e os prêmios – um notebook, um computador e um home theater – serão entregues no dia 16 de junho, na sede da Associação Nacional dos Escritores. Informações: 3244.3576. 16 Ainda dá tempo de conhecer o trabalho da artista plástica paulista Claudia Furlani, na Caixa Cultural. Vai até dia 11 a exposição Um percurso poético, composta de 32 obras produzidas nos últimos 13 anos: 11 utilizando a técnica de colagem e pintura sobre tela, cinco pinturas sobre tela, dez em arte digital sobre papel fotográfico e seis fotografias. De acordo com o curador da mostra, Roberto Palazzi, “a inspiração criadora de Claudia não se dá de forma gratuita, mas sim da habilidade de capturar, observar e imaginar a poesia que há e emana dos seres, dos objetos, da natureza, das situações existenciais as mais prosaicas”. De terça a domingo, das 9h às 21h, com entrada franca. Divulgação Robert Polidori dia&noite Marcos Portinari hamiltondeholanda hã? Esse é o nome do show de humor de Diogo Portugal, que volta a Brasília para duas apresentações no Teatro dos Bancários (314/315 Sul), dias 10 e 11 de abril. Versátil, ele vai do standup comedy – a chamada comédia de cara limpa, sem figurinos ou personagens – às tradicionais esquetes, encarnando os tipos mais hilários e diferentes. Na TV, ele é o office boy Elvisley, do programa Zorra total. Sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 60 e R$ 30. Informações: 3262.9090. tedfalcon Continuam, em abril, as rodas de jazz do Balaio Café (201 Norte) e do Café Senhoritas (408 Norte). Pilotando o projeto está o norte-americano Ted Falcon, que já se apresentou com craques brasileiros como Gilberto Gil e Dominguinhos e está agora morando na cidade. Grande incentivador do jazz brasiliense, ele toca com Marcus Moraes (guitarra), Dudu Belo (baixo acústico) e Rafael dos Santos (bateria). O quarteto se apresenta todas as quintas, no Balaio, e às sextas, no Senhoritas. Informações: 3327.0732 e 3340.2696. Divulgação Divulgação É ele quem vai abrir a temporada do projeto Todos os sons deste ano. Dia 25 de abril seu quarteto se apresenta no jardim do CCBB a partir das 17 horas, com entrada franca. Será o primeiro de cinco shows que vão acontecer mensalmente, de abril a setembro (com exceção do mês de julho), em homenagem aos músicos da cidade, no ano em que Brasília comemora 50 anos. Os instrumentistas Paulo André e Oswaldo Amorim vão abrir o show do dia 25, ocasião em que lançam o CD Na estrada. Nos próximos meses virão ao Todos os sons Roberto Corrêa e Siba (30 de maio), o grupo baiano Caraivana (27 de junho), Móveis Coloniais de Acaju (22 de agosto) e, em 5 de setembro, o músico sérvio Goran Bregovic. Divulgação osfantásticos E esse é o nome de mais uma companhia de comédia que acaba de nascer em Brasília, configurando a vocação da cidade para espetáculos de humor. Os jovens comediantes Alexandre Soca, Raphael da Matta, Breno Ricciard e Waldemar Osmala apresentam a peça O sequestro de Oswaldo Guendãdiz, que estreou em outubro passado e volta agora com a promessa de fazer rir os moradores das cidades satélites por onde passará. Até 11 de abril, no Teatro do Sesi de Taguatinga. Sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 4102.7432. lucianaluppy Ela é brasiliense, mas desde os 17 anos mora no Rio, onde começou sua carreira musical. Já se apresentou na Caixa Cultural, em outubro passado, e agora volta a Brasília com seu show A França enCanta o Brasil, desta vez no Espaço Cultural Anatel. Dona de uma voz forte e inconfundível, Luciana canta clássicos da canção francesa, como La Bohème, Ne me quitte pas e La vie em rose e sucessos da MPB e da bossa nova, em português e francês. Todas as versões são da cantora, que terá três convidados especiais: Rebeca Breder, cantora brasiliense e filha de Jessé, Salomão Di Pádua e Sheilami. Dias 8 e 9 de abril, às 20h. Ingressos a R$ 50 e R$ 25. Reservas: 8177.5227. 17 brasiliensedecoração Contador de histórias Por Vicente Sá O local é Belém do Pará; o ano, 1959. Num canto da casa, o pequeno José Ronaldo Lopes Duque exibe o novo brinquedo que aprendeu a fazer com o avô Jerônimo: um cinema de caixas de madeira, cartolina, fotografias e desenhos recortados da revista O Cruzeiro. Diante do olhar maravilhado dos outros meninos, ele vai contando o enredo enquanto apresenta o filme. E, orgulhoso, garante: “Eu adoro contar histórias”. Filho de mãe jornalista e pai engenheiro de vôo, dois paraenses que foram se conhecer no Rio, em 1954, apenas para que ele nascesse carioca, o menino voltou com a família para Belém aos três anos. Na capital paraense, descobriu uma cidade ideal para passar a infância e a adolescência. A infância ao lado dos pais e do avô que o 18 ensinou a “fazer cinema”. Na adolescência, junto com alguns amigos, criou um grupo musical que imitava o MPB4 e, movido pela chegada do homem à Lua e pela força do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), sonhou ser engenheiro eletrônico. Um único problema o separou do sonho: a matemática. A ojeriza pela matéria se mantém até hoje, e é de conhecimento público e familiar. Aos 15 anos, a mãe o apresentou ao jornal onde trabalhava, a Folha do Norte. Ao escrever a primeira matéria, tomou gosto pela coisa. “Hoje eu sei que foi uma bela armação de minha mãe. Ela sabia que eu não levava jeito para matemática e não sabia cantar, então me dirigiu para uma área em que eu me sairia bem. Coisas de mãe mesmo”, lembra Duque. De volta ao Rio de Janeiro, nos anos 70, viveu experiências com teatro e poesia de vanguarda, passando ao largo da juven- É como se define o cineasta carioca Ronaldo Duque, que adotou Brasília há 25 anos tude engajada na luta armada contra a ditadura. Trabalhava também com jornais nanicos e revistas alternativas. Depois de viajar pela América Latina de carona, ao voltar para o Brasil resolveu jogar fora todos os livros de esquerda, menos um de Gabriel Garcia Márquez – Chile, o golpe e os gringos. Resultado: os militares encontraram o livro em sua mochila e ele ficou preso por um mês. Nada que um bom tacacá não resolvesse. Depois de rodar um pouco de redação em redação, em Belém, começou a trabalhar na TV Tarobá, no Paraná, e lá, aos 24 anos, fez seu primeiro filme, Póstuma Cretã, sobre o assassinato do índio Ângelo Cretã durante conflito agrário em Mangueirinha. O filme recebeu um prêmio especial na Bahia e menção honrosa em Cuba. Era a senha que faltava para abrir a alma cineasta de Ronaldo Duque. O resto seria questão de tempo. Duque em ação, dirigindo Araguaia, a conspiração do silêncio em plena selva amazônica, e com os filhos Pablo, Bernardo e Filipe Fotos: Divulgação Por mais alguns anos trabalhou em televisão. No período de transição democrática, em meados dos anos 80, estava no Bom Dia Brasil, da TV Globo, onde foi um dos responsáveis por colocar no ar a emocionante imagem da bandeira brasileira cobrindo o povo na Esplanada dos Ministérios, durante a chuva que caiu sobre Brasília no inesquecível dia da vitória de Tancredo Neves Neves no Colégio Eleitoral – o primeiro civil eleito Presidente da República, embora indiretamente, após os longos e sombrios anos de ditadura militar. “Era um período muito bom da TV brasileira. Tudo era tudo transmitido ao vivo, pois tinha importância histórica para o país. Foi bom ter participado”, lembra Duque. Saiu da Globo para criar uma das primeiras produtoras de Brasília, a Pró-vídeo. Daí por diante, foram dezenas de documentários, curtas, longas e um curso de cinema em Havana, ministrado por ninguém menos do que Garcia Márquez – que pela segunda vez entrava de forma decisiva em sua vida. A terceira seria o filme No, inspirado em livro do escritor colombiano sobre o plebiscito que derrubou o ditador Augusto Pinochet, realizado no Chile em 1988. Como a maioria dos filmes de Duque, também recebeu vários prêmios. Para mostrar suas diversas visões do mundo, Duque passou a usar o cinema como sua máquina de contar histórias em documentários e vídeos para televisão. Entre eles, um corpo-a-corpo com o poeta Reynaldo Jardim. Viciado em Brasília, o cineasta não deixa de tomar sua cervejinha com os amigos no Beirute e, vez por outra, radicalizar numa comida nordestina no Mercado do Núcleo Bandeirante. Nome reconhecido em todo o país, no meio cinematográfico, mesmo sem sair de Brasília ele desenvolve muitos projetos de alcance nacional como a TV Intertribal, via internet (www.tvintertribal.com.br), que disponibiliza filmes sobre cultura e vida indígena, serve de canal de comunicação entre as comunidades indígenas e de referência para buscas, denúncias e troca de informações. Ajuda também o mercado cinematográfico local com a AIA – Associação da Indústria de Audiovisual de Brasília, que realiza cursos para formação de eletricistas, técnicos de luz e som, auxilia- res e câmeras. “Nós precisamos muito disso para melhorar o mercado de profissionais de Brasília. O nosso mercado”. Sobre seu sonho mais antigo, no qual trabalhou durante 20 anos – o longa-metragem Araguaia, a conspiração do silêncio –, ele fala com o orgulho de um pai com o filho mais velho. “Foram 20 anos preparando a visão sobre uma região cujos habitantes até hoje parecem viver à sombra do medo. É uma página da história do Brasil que eu tive que abrir”, comenta. Lançado em 2004, Araguaia fez estremecerem as paredes do Cine Brasília, tantos foram os aplausos. Emocionado, Duque manteve por longo tempo o olhar perdido e o sorriso no rosto. Os mais próximos dizem que o ouviam dizer baixinho: “Eu adoro contar histórias”. Talvez seja isso mesmo. Muito mais que jornalista, cineasta, poeta ou escritor, Duque é um grande contador de histórias. Os que conhecem pouco de seu trabalho podem procurar seus filmes nas locadoras, ou aguardar as próximas produções. Ele promete colocar no palco, este ano, a peça Que bicho vai dar, do jornalista Luiz Gollo, e nas telas o filme Apartamento funcional, sexo explicito no Executivo, Legislativo e Judiciário. É esperar para ver. 19 Fernando Bracho Rodrigo de Oliveira galeriadearte Encontro lúdico de dois países Por Alexandre Marino O bras de sete jovens fotógrafos brasileiros e sete venezuelanos compõem a exposição Latinidades: uma nação, dois países e sete artes, aberta ao público no Átrio dos Vitrais do edifício-sede da Caixa Econômica Federal, fazendo um interessante jogo com os brinquedos do também venezuelano Mário Calderón, expostos no mesmo espaço. Ambas as mostras, que permanecem até 1º de maio, pretendem representar a integração entre os dois países e revelar algumas de suas particularidades culturais. Enquanto os olhares dos fotógrafos, fixados pelas lentes, estabelecem uma relação direta entre sua arte e as artes abordadas como temas, os brinquedos promovem uma subversão do olhar do espectador, por conduzi-lo a um universo lúdico já perdido. Ao mesmo tempo, a fotografia faz uma releitura de outras artes, que por sua vez também já se propõem a releituras do real, criando um jogo que alude aos brinquedos de Calderón. Afinal, brincar também é reinterpretar o mundo. O curador da parte brasileira da mostra fotográfica, Humberto Lemos, entende que Latinidades representa para o Fotoclube f/508, que agrega os artistas participantes, “seu mais alto grau de maturidade”. Cada fotógrafo partiu da reinterpretação 20 de uma outra linguagem artística para fazer seu trabalho, a partir da obra de um autor clássico nacional. Assim, Gabriela Freitas releu o cinema de Glauber Rocha pela fotografia Poétyka Glauberiana; Janaína Miranda releu a escultura do mestre do barroco mineiro Aleijadinho; Nelson González Leal interpretou a música de Noel Rosa; Rodrigo Dalcin, a literatura de Machado de Assis; Rodrigo de Oliveira, o teatro de Nelson Rodrigues; Viviane Dománico, a pintura de Portinari; e Flora Egécia, a dança brasileira representada pelo maculelê, criado pelos escravos. Os fotógrafos venezuelanos desenvolveram seu trabalho de forma semelhante. Adriana Fernández abordou a escultura; Ana Maria Otero, a dança; Marianela Díaz Cardozo, a pintura; Ramón Castillo, a música; Fernando Bracho, o cinema; Mireya Ferrer, a literatura. Ernesto Acosta cruzou a escultura e o teatro, ao fotografar uma reinterpretação humana da Pietà, de Michelangelo, durante um encontro de estatuismo na cidade de Maracaibo. O curador Humberto Lemos explica que a mostra faz parte de um esforço para “alavancar a fotografia latino-americana” por meio de intercâmbio entre os artistas dos diversos países. Para isso, um dos objetivos é levar a mesma exposição para Caracas, com o apoio da Embaixada do Bra- sil na Venezuela. A mostra na Caixa recebeu o apoio da Embaixada venezuelana. Antes, já havia sido montada na Biblioteca Nacional de Brasília e na Câmara dos Deputados, após a estreia, em julho de 2008, na própria Embaixada. Brinquedos A exposição de brinquedos de Mário Calderón, também promovida pela Embaixada da Venezuela, reúne peças articuladas em madeira deste que é considerado um dos grandes artesãos de seu país e da América Latina. A maior parte das obras evoca tradições culturais, como o circo e jogos tradicionais. Também chamam a atenção seus brinquedos inspirados nos Beatles, a banda de rock inglesa que mudou a relação do mundo com a música popular. Todos os brinquedos são articulados, de forma a desenvolver algum tipo de movimento. Infelizmente, não podem ser tocados pelo espectador, mas em vídeo o próprio artista revela alguns segredos dos brinquedos, tornando a visita mais enriquecedora. Latinidades: uma nação, dois países e sete artes Brinquedos venezuelanos: Mário Calderón Até 1º de maio, das 9 às 21h, no Átrio dos Vitrais (edifício-sede da Caixa Econômica Federal, no Setor Bancário Sul). Mais informações: 3206.9448. Hamish Brown graves&agudos Abril musical Do Simply Red ao Tiro Williams, uma programação para ninguém botar defeito Por Bruno Henrique Peres N ão bastasse a vasta programação musical e as inúmeras homenagens previstas para o 50º aniversário de Brasília, e na sequência da atual temporada de grandes shows internacionais, a cidade vai receber em abril outras apresentações inéditas, para todos os gostos. De artistas estrangeiros a nomes consagrados e novidades da música brasileira, não faltarão opções para o público da capital. Depois de receberem a turnê de despedida do A-ha e de B.B. King, os brasilienses também terão a chance de dizer adeus ao grupo inglês Simply Red. Com 25 anos de carreira, mais de 50 milhões de discos vendidos e grandes hits que tomaram de assalto rádios e novelas brasileiras, o Simply Red resolveu encerrar suas atividades e se despede dos palcos com a Farewell Tour. Não sem antes conquistar o segundo lugar – com o CD Collection – entre os discos estrangeiros mais vendidos no Brasil em 2009, atrás apenas de I am... Sasha Fierce, de Beyoncé. Os brasilienses fãs da música romântica de Mick Hucknall terão uma última chance de vê-lo ao vivo com sua banda no dia 18 de abril, às 20h. Os ingleses retornam à cidade sete anos depois de sua participação na primeira edição do Brasília Music Festival, em 2003, em que fizeram um dos shows mais aplaudidos. O pop e o soul característicos que embalaram várias gerações prometem um show histórico no Pontão do Lago Sul. Sucessos como Holding back the years, Stars e You make me feel brand new serão emoldurados pela bela vista do Lago Paranoá. Na noite anterior, o DJ, compositor e produtor norte-americano Moby é a atração de festa-show multimídia gratuita no Museu da República, na Esplanada dos Ministérios. Brasília será a primeira cidade a receber a apresentação do novaiorquino, em turnê com seu mais recente trabalho, Wait for fe. Com quase 20 anos de carreira, Moby é considerado um dos ícones da música eletrônica mundial e revo- lucionário na fusão de batidas eletrônicas com instrumentos musicais. Atrações nacionais Em apresentação com formato bem intimista, tipo voz e violão, Gilberto Gil traz à cidade, no dia 24, o elogiado show Bandadois, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A proposta é simples e o resultado riquíssimo: uma espécie de retorno às origens, em que basta um violão para executar livremente belas canções. O músico baiano, que retorna de uma temporada na Europa, vai apresentar o show que dá nome ao DVD gravado em 2009, em São Paulo, acompanhado do filho Bem Gil (violão e guitarra) e do instrumentista carioca Jaques Morelenbaum (violões, violão cello e vocal). Como não poderia deixar de ser, Gil convida o público a embarcar numa viagem entre clássicos da carreira, relembrando várias de suas influências, e composições inéditas dos tempos mais recentes, mostrando os reflexos do que tem visto, ouvido, sentido e re21 Luiz Garrido graves&agudos gistrado. Um convite irrecusável. No mesmo Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em mais uma etapa do projeto Mulheres brasileiras, Vanessa da Mata divide o palco, dia 9, com as belas vozes de Mariana Aydar e Fernanda Takai, no que promete ser uma apresentação inesquecível. A intenção do projeto é reconhecer a importância da presença feminina na música nacional. O repertório vai contar com as releituras da cantora feitas para o DVD ao vivo Jardim e perfumes de sim, lançado em 2009, além de interpretações inéditas ao lado das duas convidadas. No Teatro da Caixa Cultural, Leonel Laterza apresenta no dia 8, às 20h, o refinadíssimo Ave rara - canções de Edu Lobo (leia na próxima página). Já o Teatro Oi Brasília recebe este mês as cantoras Paula Tesser, dia 16, e Tié, no fim de semana seguinte, dia 23. A primeira apresentação promete mesclar sucessos nacionais de Vinicius de Moraes, Dolores Duran, Tom Jobim, Valdo Aderaldo e Fausto Nilo com nomes clássicos da música francesa, como Trénet, Henri Salvador, Jacques Prévertda. Essa união de finos compositores no mesmo repertório justifica-se pela nacionalidade estrangeira da cantora, que possui, no entanto, raízes genuinamente brasileiras, cravadas durante a infância no Ceará. Já a revelação Tié, inconfundível nos palcos paulistas, vai apresentar o show de estreia de seu álbum autoral Sweet jardim. O estilo é o chamado low-fi, com presença marcante de piano e voz. Entre os dias 21 e 23, apresenta-se no Clube do Choro, pelo projeto Brasília 50 anos – Capital do Choro, o cantor e compositor Guinga, que já foi classificado como “a maior revelação musical da década de 90” e “o mais importante herdeiro da brasilidade de Villa-Lobos”. Com seus quase 35 anos de carreira, Guinga é admirado por nomes como Paco de Lucia, Michel Legrand, Sérgio Mendes, Ed Motta, Lenine, Ivan Lins e Leila Pinheiro. Tem crescido também a repercussão, no exterior, do trabalho desse músico criado entre o subúrbio e a Zona Sul do Rio. Vem desse trânsito entre dois mundos a inspiração para a maioria de suas composições. Não vão faltar também homenagens à Capital Federal e aos músicos pratas da casa. Já no cenário independente, a banda gaúcha Superguidis lançará seu terceiro e mais aguardado álbum no Velvet Pub, dia 16. Apesar do pouco tempo de estrada, a banda tem ganho notoriedade no meio musical com o amadurecimento de seu trabalho, notado pelo tom mais pesado dos instrumentos, a incontestável criatividade das composições e a evolução em cima dos palcos das mais diversas casas de shows em todo o país. A abertura da noite será com a brasiliense Tiro Williams, reconhecida em 2009 como um dos destaques da cena brasiliense e uma das grandes revelações nacionais. Mamãe Ema e a Eminha, sua filhote, animais típicos do Cerrado, são as testemunhas oculares da transformação do Planalto Central para a construção da nova capital do Brasil. As duas acompanham a chegada dos candangos, que, vindos dos mais diversos recantos do país, vão contribuir para tornar real o projeto piloto de Lúcio Costa e as maravilhosas edificações criadas por Oscar Niemeyer e adornadas pela arte de Athos Bulcão. Entre canções e muita diversão, Mamãe Ema e Eminha presenciam a construção da cidade sonhada por muitos brasileiros e sua inauguração por JK, num discurso de esperança. 22 18/4, às 20h, no Pontão do Lago Sul. Ingressos: R$ 100 a R$ 300 (meia). Quem assinar a Roteiro (R$ 105 à vista) ganha um ingresso. Informações: 3964.0207. Bandadois – Gilberto Gil 24/4, às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos: R$ 50 a R$ 120 (meia), à venda na CVC do Pátio Brasil. Informações: 8130.1417. Mulheres brasileiras – Vanessa da Mata 9/4, às 21h, no Centro de Convenções. Ingressos: de R$ 60 a R$100 (meia), à venda na FNAC e pelo site ingressorapido.com.br. Informações: 4003.1212. Paula Tesser 16/4, às 21h, no Teatro Oi Brasília (Brasília Alvorada Hotel). Ingressos: R$ 20 (meia), à venda na bilheteria. Informações: 3424.7169. Tié 23/4, às 21h, no Teatro Oi Brasília. Ingressos: R$ 30 (meia), à venda na bilheteria. Informações: 3424.7169 / 3424.7169. Guinga De 21 a 23/4, às 21h45, no Clube do Choro. Ingressos: R$10 (meia), à venda na bilheteria. Informações: 3224.0599. Superguidis & Tiro Williams 16/4, às 22h, no Velvet Pub (102 Norte). Ingressos a R$ 10, à venda no local. Informações: www.velvetpub.com.br. Divulgação A epopeia da construção Farewell – the final tour – Simply Red Essa é a sinopse do espetáculo multimídia Brasília, Brasília para crianças, que se propõe a narrar ao público infanto-juvenil a história da construção da nova capital. O espetáculo foi concebido pelo premiado dramaturgo Joselito Eduardo Matos Sampaio a partir de uma pesquisa minuciosa em documentos do Arquivo Público do Distrito Federal, acervos do Memorial JK e Casa de Lúcio Costa, além de vídeos e bibliografias específicas. Toda a apresentação é pontuada por projeções de vídeos, filmes, fotografias históricas, além da participação de bonecos, que mantêm as crianças encantadas. A trilha sonora inclui desde canções populares, como Peixe vivo, até a Sinfonia da alvorada, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, além de músicas compostas especialmente para o espetáculo, executadas ao vivo. Brasília, Brasília para crianças 3 e 4/4, às 16h, no Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul). 10, 11, 17 e 18/4, às 17h, na Sala Plínio Marcos do Complexo Cultural da Funarte (Eixo Monumental). Ingressos: R$ 10 e R$ 5. Classificação indicativa: livre. A fina-flor da MPB Leonel Laterza canta Edu Lobo no Teatro da Caixa Cultural Q uem perdeu a chance de vê-lo em ação em novembro do ano passado, na Sala Cássia Eller, da Funarte, não pode deixar a oportunidade passar. O cantor Leonel Laterza brinda o brasiliense novamente com o show Ave rara - canções de Edu Lobo, em apresentação única, dia 8 de abril, uma quinta-feira, no agradável Teatro da Caixa, ali no Setor Bancário Sul. Como o título entrega, Laterza paga tributo a um dos mestres da canção brasileira. Edu Lobo, autor das imortais Upa, neguinho (parceria com Gianfrancesco Guarnieri) e Arrastão (parceria com Vinicius de Moraes), só para ficar nas mais conhecidas, é dono de repertório finíssimo e atemporal. Suas canções são um verdadeiro desafio para os intérpretes, dado o seu alto grau de sofisticação melódica, harmônica e poética. O cantor, prata da casa, encara a tarefa, afirmando que a familiaridade com Edu Lobo vem desde a infância e dos saraus regados à alta música que seus pais promoviam em casa. “Já naquela época, Edu Lobo era considerado um artista de muita qualidade. Quando comecei a cantar, sempre tinha Edu Lobo em meu repertório”. Outra razão que Laterza enfatiza para homenagear o mestre é o fato de Edu comumente ser lembrado como parceiro de Chico Buarque (o que não é nenhum demérito, diga-se), mas que sua obra vai além do Grande circo místico, Cambaio e Moto contínuo, parcerias mais célebres da dupla. “Muitos cantam Edu Lobo por causa do Chico, mas isso gera uma espécie de lacuna, pela importância que ele tem no contexto da música popular brasileira”, ressalta. Quem esteve na Sala Cássia Eller ou conhece Leonel Laterza a partir do CD Esmeraldas, lançado em 2006, sabe o que está por vir. A combinação de voz sossegada (“ele é o Chet Baker brasileiro”, como disse Rosa Passos) com arranjos jazzy de alto acabamento resulta em experiência eufônica paralisante. O roteiro passa por Ave rara (igualmente rara parceria com Aldir Blanc), Ponteio e Viola fora de moda (parcerias com Capinam) e A moça do sonho, Beatriz e Valsa brasileira (com Chico Buarque), embaladas em luxuoso acompanhamento instrumental piano-baixo-e-bateria. Não bastasse, temos a fina-flor dos músicos brasilienses escalados para a ocasião: Hamilton Pinheiro (baixo), Flavio Silva (piano) e Renato Gloria (bateria) devem levar o ouvinte à estratosfera. A cantora Vanessa Pinheiro, o violoncelista Ocelo Mendonça e o trompetista Marcos Santos têm participação especial e aju- dam a levar a coisa para o infinito e além. Ponto para Leonel Laterza. O belo trabalho autoral de Edu Lobo tem estado ausente dos nossos ouvidos, como, aliás, estão ausentes outros grandes heróis da nossa música. No caso do autor em questão, sua música foi feita para ser ouvida e absorvida com a calma e atenção. O resultado gratifica o ouvinte e refrigera a alma. No trânsito, no meio da EPTG, experimente Pra dizer adeus (Edu/Torquato Neto), de preferência o dueto do autor com Maria Bethânia. Nego fica mansinho – e a viagem, infinita. Ave rara – canções de Edu Lobo Com Leonel Laterza e banda 8/4, às 20h, no Teatro da Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul). Ingressos a R$ 10 e R$ 5. Bilheteria: 3206.6456 (de 3ª a domingo, das 12 às 21h). Classificação indicativa: 14 anos Telmo Ximenes Por heitor menezes 23 24 luzcâmeraação Humor, Divulgação nutrição da alma Aplaudida pelo público na Mostra Internacional de São Paulo do ano passado, a comédia alemã Soul Kitchen coloca sem qualquer pudor o universo gastronômico de pernas para o ar Por Sérgio Moriconi R econhecido como um dos mais interessantes realizadores alemães da nova geração, Fatih Akin resolveu dar uma guinada de 180 graus em sua carreira e fazer uma comédia bem ao gosto de um público médio, quase uma chanchada, em Soul Kitchen. O risco assumido era enorme. Quem viu os anteriores, Contra a parede (2004) e Do outro lado (2008), pode estar se perguntando o que deu nele. Exibido em Veneza no início do ano passado, onde recebeu o Prêmio do Júri, o filme teve boa aceitação do público, apesar de alguns críticos – poucos, é verdade – se referirem a ele (ao filme) como raso. Em cartaz há pouco mais de duas semanas em Brasília, o que se pode dizer é que o público se esbalda com as incríveis trapalhadas de um dono de restaurante grego, seu irmão presidiário, namoradas, garçonetes, clientes, agentes do governo, pilantras de toda ordem e entourage do estabelecimento situado numa zona industrial degradada de Hamburgo, na Alemanha. Até Soul Kitchen, Akin era considerado um “autor” de cinema. Quer dizer, fazia filmes para o circuito de festivais e salas especiais. Agora, ninguém sabe. Visto com mais atenção, a nova comédia desse realizador de origem turca trata de uma maneira tresloucada dos mesmos temas abordados nos dois longas anteriores. Multiculturalismo, drama dos imigrantes estrangeiros e inadequação a uma sociedade que não conhecem estão presentes aqui de uma forma não-confrontacional, bem-humorada, junto a várias outras questões candentes de nossas conturbadas sociedades globalizadas, especialmente as europeias. Negros, asiáticos, “gregos e troianos” dividem o mesmo espaço urbano nas franjas de uma Hamburgo cosmopolita, multifacetada, cidade onde Akin vive com a família, onde tem os amigos e uma profunda ligação afetiva. As histórias e muitos dos incidentes do filme foram testemunhados pelo diretor ou pelas pessoas com quem convive. O incrível restaurante foi inspirado no estabelecimento de um de seus melhores amigos. Existe verdadeiramente algo de profundamente pessoal nesse trabalho, a ponto de o diretor incluir em seu elenco a mulher, o irmão e vários de seus companheiros de farra de juventude. Akin declarou que há muitos aspectos autobiográficos no argumento original, mas eles não são predominantes. Dá para perceber. O burlesco – a pantomima de inspiração chapliniana – serve para evidenciar algumas das ideias que o diretor quer passar. A principal delas diz respeito à afirmação de uma cultura alternativa, anti-homogeneização, livre das imposições do grande capital corporativo. A gastronomia é o veículo para falar disso. Slow food x fast food. No filme, Zinos (Adam Bousdoukos), o proprietário do restaurante que só serve comida congelada, vulgar, para uma clientela tosca, vai, pouco a pouco, devido a uma série de circunstâncias fortuitas, tomando consciência de um outro caminho. É um aprendizado. O mesmo experimentado por Akin. Antes do filme, o diretor confessou não saber fritar um ovo. Descobrir um tratamento dramatúrgico justo para essa comédia que se equilibra à beira do abismo custou exaustivos ensaios de todo o elenco. Algumas gags foram repetidas mais de trinta vezes, até que Akin julgasse ter atingido o equilíbrio correto entre naturalidade, improvisação e trabalho de repetição com os comediantes. Um dos coringas de Soul Kitchen é o grande ator Birol Ünel, o furibundo chef Shayn. Atirador de facas, alcoólatra e cozinheiro refinado, Shayn vai ser o catalisa25 luzcâmeraação Soul Kitchen Alemanha/Turquia/2009, 99min. Direção: Fatih Akin. Roteiro: Adam Bousdoukos e Fatih Akin. Com Adam Bousdoukos, Moritz Bleibtreu, Birol Ünel, Anna Bederke, Pheline Roggan, Lukas Gregorowicz, Dorka Gryllus, Wotan Wilke Möhring e Udo Kier. 26 O segredo dos seus olhos Por Reynaldo Domingos Ferreira E m O segredo dos seus olhos, o argentino Juan José Campanella realiza um thriller policial de conotação política para traçar um instigante e, às vezes, comovente paralelo entre duas histórias de amor que por não se concretizarem – eis o segredo – resistiram ao tempo. Tudo é narrado em duas épocas, com interregno de mais de 20 anos. O protagonista é um promotor público recém-aposentado, Benjamin Espósito (Ricardo Darín), que decide escrever um romance sobre um caso criminal que, em atividade, não conseguira desvendar. Mas essa decisão é também providencial para ele rever amigos e reencontrar sua ex-chefe, Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), inspiradora de seus sonhos. Tem-se, portanto, duas continuidades paralelas, muito usadas no neorrealismo italiano: uma no presente e outra no passado. Elas se entrelaçam na afetividade atual dos protagonistas. O homicídio ocorrera em 1974. A Argentina entrava num clima de violência política. Naquela circunstância, os promotores sofreram pressão para não dar prosseguimento às investigações. O suspeito, Isidoro Gómez (Javier Godino), operário vindo para Buenos Aires do interior, onde conhecera a vítima Liliana Coloto (Carla Quevedo), tornara-se, de repente, um elemento protegido dos setores repressivos do governo. No seu desígnio de reconstituir os fatos para narrá-los no romance, Espósito vai se certificando de seus próprios erros, que causaram a morte de colegas, e das limitações que às vezes lhe impunha Irene. Ele se sentia fraco e acovardado diante dela, por quem estava apaixonado, mas nem coragem tinha para desfrutar esse amor. Enquanto tudo isso ocorria, Espósito se indagava sobre o destino de Ricardo Morales (Pablo Rago), marido de Liliana, que vivera tão pouco tempo com ela. Que destino tomara? O que fizera para preencher o vazio que lhe deixara na vida a mulher que amava? Na busca de esclarecimentos para essas indagações o escritor vai encon- Fotos: Divulgação dor dos novos tipos humanos que vão frequentar o novo Soul Kitchen de Zinos. Ponto de encontro de descolados, undergrounds, punks, o restaurante, bar e dancing faz jus ao seu nome: “cozinha da alma”. Pratos que permitem o desfrute da coisa não-estandartizada. Como o blues dos negros norte-americanos marginalizados, gênero que domina parte da trilha do filme através de uma banda que toca e ensaia no restaurante, a soul food celebra a cultura alimentar de grupos ou comunidades de indivíduos diferenciados. A expressão existe de fato. Surgiu em meados dos anos 60 para designar a cozinha e os hábitos alimentares dos afro-americanos dos estados do sul dos EUA. Na interpretação de Akin, imigrantes marginalizados na Alemanha, excluídos de todas as cores e matizes, são como os negros norte-americanos. No seu Soul Kitchen, os guetos das metrópoles industrializadas dos EUA são transportados para a Ilha Williamsburg, em Hamburgo, onde o diretor descobriu o grande galpão que serve de cenário para o restaurante de Zinos. Uma das grandes sacadas do filme é ampliar as ideias que surgem descompromissadamente na trama para além do clichê. A comida como antídoto à padronização cultural, ao pensamento unidimencional. A valorização da cultura local, porém – e aqui Akin surpreende – é tratada pelo diretor de forma politicamente incorreta. De todo modo, o desvario de Soul Kitchen resgata um pouco do espírito anárquico do início do movimento do slow food no mundo, quando o jornalista Carlo Petrini reúne uma pequena brigada de ruidosos militantes para tentar impedir a abertura de um McDonald na Piazza di Spagna, um dos mais nobres pontos turísticos de Roma. A intenção do slow food era clara: lutar contra a massificação e vulgarização do ato de comer. De sua parte, um outro mérito de Akin foi não temer o vulgar. Repleto de incidentes de comédia pastelão, termo, aliás, bem adequado para o filme, Soul Kitchen é um alucinado biscuit de fois gras com ketchup. trar uma revelação que lhe será de extrema utilidade para mudar sua maneira de encarar o futuro. Se o argumento não resiste a uma análise crítica, a direção de Campanella lhe supre as deficiências ao impor envolvente narrativa, que conquista de pronto o espectador. Ela é rica na técnica do uso do flashback e eficiente no emprego de outros recursos de linguagem cinematográfica, especialmente na formulação de planos sequências magistrais. Ricardo Darín é parceiro constante de Campanella em seus belos filmes, como O filho da noiva. Mas, nesse, em especial, teve oportunidade de realizar um primoroso trabalho de composição para demonstrar, com acuidade técnica, que, na essência, por mais que se passem os anos, o homem permanece o mesmo. Soledad Villamil, que já atuou com Darín, também sob a direção de Campanella, em O mesmo amor, a mesma chuva, além de ser muito bonita tem, igualmente, uma atuação brilhante. O segredo dos seus olhos (El secreto de sus ojos) Argentina/Espanha, 127min. Direção e roteiro: Juan José Campanella, com base no livro La pregunta de sus ojos, de Eduardo Sacheri. Com Ricardo Darín, Soledad Villamil, Guillermo Francella, Javier Godino, Carla Quevedo e Pablo Rago. 27 ASSINE A ROTEIRO (3964.0207) E GANHE UM INGRESSO!