PROVA DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Leia o texto abaixo para responder às questões 1 a 6. Crescimento do Brasil leva estrangeiros a aprenderem português O crescimento da economia brasileira e a maior presença de multinacionais no país aumentaram o interesse de estrangeiros em aprender a língua portuguesa. Enquanto europeus e americanos enfrentam altas taxas de desemprego e risco de recessão, o Brasil se tornou o país da moda no exterior – e a língua portuguesa está cada vez mais pop. Na última década, o número de inscritos no Celpe-Bras, exame de proficiência em português reconhecido pelo Ministério da Educação, saltou de 1.155 para 6.139. "A importância [do português] está crescendo, uma vez que o Brasil tem se destacado internacionalmente por sua economia considerada estável e suas relações internacionais. O valor de uma língua está extremamente associado ao mercado", afirma Matilde Scaramucci, diretora do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Aplicado em 48 países, o Celpe-Bras pode ser usado, por exemplo, por um executivo que queira comprovar a proficiência no idioma para atuar em multinacionais do Brasil ou por um estrangeiro interessado em estudar numa universidade brasileira. […] (FOREQUE, Flávia. Português é pop. Folha de São Paulo, 16 de outubro de 2011.) 1 – Segundo o texto, as causas de valorização da língua portuguesa são, EXCETO: a) A economia brasileira tem se mantido estável. b) O risco de recessão no Brasil ainda não causou aumento nas taxas de desemprego. c) O Brasil tem se destacado no cenário internacional. d) O Brasil tem sido considerado um país promissor por empresas estrangeiras. 2 – A partir da leitura do texto, é INCORRETO afirmar que a) a procura pelo Celpe-Bras aumentou em mais de 500% nos últimos dez anos. b) há uma relação de proporcionalidade entre mercado e valor do idioma. c) é sempre necessário comprovar a proficiência em um idioma quando se quer estudar em um país estrangeiro. d) atualmente o Celpe-Bras é aplicado em 48 países. 3 – A palavra ―pop‖, presente tanto no título quanto no corpo do texto, a) é um verbete da língua inglesa e deveria estar entre aspas. b) é um verbete de origem inglesa já incorporado ao léxico da língua portuguesa. c) deveria ser evitada como forma de valorização do idioma. d) é usada com valor depreciativo devido à massificação do idioma. 4 – O verbo ―aumentar‖, no primeiro parágrafo, está no plural porque concorda com: a) “crescimento” e “presença”. b) “multinacionais”. c) “estrangeiros”. d) “língua portuguesa”. 5 – No segundo parágrafo, a palavra ―enquanto‖ estabelece relação de: a) causa. b) consequência. c) simultaneidade. d) conclusão. 6 – Que informação pode ser depreendida pela análise do gráfico? a) A língua portuguesa é a língua mais falada do mundo. b) Os dados do gráfico referem-se a todo o universo de falantes de determinada língua. c) O número de falantes nativos de chinês é maior que o total dos falantes nativos das outras cinco línguas. d) O gráfico não retrata o número de estrangeiros interessados em aprender uma segunda língua. Leia o texto abaixo para responder às questões 7 a 11. O valor do idioma [...] Línguas com muitos usuários fornecem mercado maior para bens culturais. O crescimento sustentado da última década fez o gigante da língua portuguesa saltar aos olhos globais. O Brasil virou protagonista das relações comerciais mantidas entre países lusófonos, mercado que movimenta um Produto Interno Bruto que passou de US$1,9 trilhão em 2009 para US$ 2,3 trilhões em 2010, diz o Banco Mundial. Já o PIB dos imigrantes de língua portuguesa em outros países gira em US$107 bilhões (2009). [...] Por enquanto, o Brasil se firma como o maior embaixador do idioma. Dos mais dos 249 milhões de falantes do português que moram em países lusófonos, 77% são do Brasil, segundo o Banco Mundial. Significa dizer que, a cada dez falantes do idioma no planeta, ao menos sete são brasileiros. [...] O Instituto Camões aponta também que o português se tornou a 9ª língua em produção de conteúdos na internet em 2011. [...] Outro fato que deu destaque para o português na web é o uso maciço das redes sociais no Brasil, país onde sites de relacionamento fazem grande sucesso (86% dos internautas brasileiros acessam esses sites, segundo pesquisa de 2010 da Nielsen). O Brasil alavancou o português como a 3ª língua mais falada nessa rede mundial de microblogs, com 9%, atrás do inglês e do japonês. [...] (GUERREIRO, Carmen; PEREIRA JÚNIOR, Luiz Costa. O valor do idioma. Revista Língua Portuguesa, outubro de 2011.) 7 – Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas: A expressão “o gigante da língua portuguesa” refere-se ______________. Trata-se de _____________________. a) ao Gigante Adamastor – uma personagem de Os Lusíadas b) ao Brasil – um índice do PIB mundial c) ao tamanho do país – uma proporção geográfica d) ao Brasil – uma figura de linguagem 8 – Dos excertos abaixo, qual não se refere especificamente ao Brasil? a) “fornecem mercado maior para bens culturais”. b) “virou protagonista das relações comerciais mantidas entre países lusófonos”. c) “se firma como o maior embaixador do idioma”. d) “onde sites de relacionamento fazem grande sucesso”. 9 – Qual o significado da palavra ―protagonista‖, usada no primeiro parágrafo do texto? a) Aquele que participa de uma atividade. b) Aquele que se opõe a algo ou alguém. c) Aquele que tem papel de destaque. d) Aquele que executa um ofício. 10 – Observe: ―o uso maciço das redes sociais no Brasil‖. Assinale a alternativa em que se pode atribuir à palavra ―maciço‖ o mesmo sentido do texto. a) Uma mesa de madeira maciça. b) Uma fuga maciça. c) Uma mulher maciça. d) Uma floresta maciça. 11 – Neologismos são palavras criadas para suprir uma necessidade vocabular momentânea, transitória ou permanente. As palavras abaixo são utilizadas a partir da mesma necessidade, EXCETO: a) PIB. b) Web. c) Sites. d) Microblogs. 12 – Pela análise do cartum, pode-se inferir que, para Fernando Pessoa, a língua é: a) um meio de valorização da identidade nacional. b) um recurso de expressão necessariamente solene e formal. c) um veículo para expressão da subjetividade. d) um instrumento para criação de narrativas. Leia o texto abaixo para responder às questões 13 a 16. Língua portuguesa Olavo Bilac Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura. Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, em que da voz materna ouvi: “meu filho!”, E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves,1964.) 13 – Das expressões abaixo, qual NÃO se refere à Língua Portuguesa? a) “Última flor do Lácio”. b) “Ouro nativo”. c) “Tuba de alto clangor”. d) “O gênio sem ventura”. 14 – As seguintes expressões relacionam-se pelo sentido, EXCETO: a) “flor do Lácio”. b) “Ouro nativo”. c) “ganga impura”. d) “bruta mina”. 15 – Considerando que as interlocuções no texto são marcadas pela alternância do uso de pronomes e flexões verbais, estabeleça a correlação entre as colunas. 1 O eu lírico ( ) “Amo-te assim” 2 A Língua Portuguesa ( ) “Que tens o trom e o silvo da procela” 3 A voz materna ( ) “Amo o teu viço agreste e o teu aroma” ( ) “em que da voz materna ouvi” ( ) "meu filho!" a) 1-2-1-3-1 b) 1-2-2-3-1 c) 2-1-1-3-3 d) 2-2-1-1-3 16 – Em vários momentos o eu lírico caracteriza a Língua Portuguesa usando palavras unidas pela conjunção ―e‖. Analise a correlação estabelecida entre essas palavras e assinale a alternativa CORRETA: a) “inculta e bela” - explicação b) “esplendor e sepultura” - oposição c) “desconhecida e obscura” - negação d) “rude e doloroso” - contradição Leia o texto abaixo para responder às questões 17 a 20. Língua Caetano Veloso Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixa os Portugais morrerem à míngua "Minha pátria é minha língua" Fala Mangueira! Fala! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua? Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas! Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate E – xeque-mate – explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Lobo do lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em ã De coisas como rã e ímã Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã Nomes de nomes Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé e Maria da Fé Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua? Se você tem uma ideia incrível é melhor fazer uma canção Está provado que só é possível filosofar em alemão Blitz quer dizer corisco Hollywood quer dizer Azevedo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria Poesia concreta, prosa caótica Ótica futura Samba-rap, chic-left com banana [...] Nós canto-falamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem. 17 – Os seguintes fragmentos foram redigidos de maneira diferente. Assinale a alternativa em que a nova redação alterou profundamente o sentido inicial. a) “a poesia está para a prosa / Assim como o amor está para a amizade”. A poesia está para a prosa tanto quanto o amor está para a amizade. b) “Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas / E o falso inglês relax dos surfistas”. Vamos atentar não só para a sintaxe dos paulistas como também para o falso inglês relax dos surfistas. c) “Se você tem uma ideia incrível é melhor fazer uma canção”. Como você tem uma ideia incrível, é melhor fazer uma canção. d) “Está provado que só é possível filosofar em alemão”. Já se provou que só é possível filosofar em alemão. 18 – O Acordo Ortográfico vigente a partir de 2009 alterou a grafia de: a) língua. b) Portugais. c) Lusamérica. d) ideia. 19 – ―A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida.‖ (Angela Kleiman) Teça um comentário sobre essa afirmação e exemplifique com fragmentos do texto. 20 – Camões é citado no poema ―Língua Portuguesa‖, de Olavo Bilac, e na composição ―Língua‖, de Caetano Veloso. Que significado pode ser atribuído à presença de Camões em ambos os textos? PROVA DE REDAÇÃO Leia os textos abaixo. Elabore um texto dissertativo pertinente à temática por eles abordada. Seu texto deve apresentar argumentação que considere a relevância do futebol para a cultura brasileira. Atenção: Seu texto não pode ultrapassar uma página. Texto A: Abertura dos Portões Que espetáculo é esse, capaz de atrair a atenção de 1 bilhão de pessoas por noventa minutos? Que mistério é esse, capaz de fazer 1/6 da população mundial parar para acompanhar 25 homens correndo em direções desconexas sobre um palco verde com linhas brancas? Por que apenas um desses homens, com uma esfera nos pés, é capaz de hipnotizar a multidão e, a seguir, surpreendê-la? Por que algo tão simples como chutar uma bola modifica vidas, produz riqueza, paralisa países? [...] (POLI, Gustavo; CARMONA, Lédio. Almanaque do futebol. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006.) Texto B: Letras louvando Pelé Pelé, pelota, peleja. Bola, bolão, balaço. Pelé sai dando balõezinhos. Vai, vira, voa, vara, quem viu, quem previu? GGGGoooollll. Menino com três corações batendo nele, mina de ouro mineira. Garoto pobre sem saber que era tão rico. Riqueza de todos, a todos doada, na ponta do pé, na junta do joelho, na porta do peito. E dança. Bailado de ar, bola beijada, beleza. A boa bola bólide, brasil-brincando. A trave não trava, trevo de quatro, de quantas pétalas, em quantas provas, que não se contam? Mil e muitas. Mundo. O gol de letra, de lustre, de louro. O gol de placa, implacável. O gol sem fim, nascendo natural, do nada, do nunca; se fazendo fácil na trama difícil, flóreo. Feliz. Fábula. Na árvore de gols Pelé colhe mais um, romã rótula. No prato de gols papa mais um, receita rara. E não perde a fome? E não periga a força? E não pesa a fama? Ama. Ama a bola, que o ama, de mordente amor. Os dois combinam, mimam-se, ameigamse, amigam-se. “Vem comigo”, e entram juntos na meta. Quem levou quem? Onde um termina e a outra começa, mistura fina? Saci-pererê, saci-pelelê, só pelé, Pelé, na pelada infantil. Assim se forma um nome, curto, forte, aberto. Saci com duas pernas pulando por quatro. Nunca vi. Nem eu. Mas vi. Saci corta o ar em fatias diáfanas. Corta os atacantes, os defensores, saci-bola, tatu-bola, roaz, reto, resplandece. A arte que se tira do corpo, as belas-artes do movimento, do ritmo. Músculos, nervos, tecidos, domados, acionados. Reflexos em flor, florindo sempre. Escultura que a todo instante se modela e desfaz e refaz, diferente, fluida. Pelé, escultor de si mesmo. A esmo. Errante. Constante. Presente. Presciente. Próvido. O sonho de todas as crianças a envolvê-lo. O sonho a continuar nos adultos, novelo, desvelo. Não é do Santos, é de todos os santos e pecadores. Sua foto leal, seu jeito legal. Um que sabe e não é prosa: a maior proeza. [...] (ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. Rio de Janeiro: Record, 2002.) Texto C: O Gigante da Zona Leste Os principais números da nova casa do Corinthians: 820 MILHÕES DE REAIS — Investimento necessário para a obra. É o segundo projeto mais caro da Copa 2014, atrás apenas da reforma do Maracanã. 200.000 METROS QUADRADOS — Tamanho do terreno, área equivalente à de três estádios do Morumbi. 43 MÁQUINAS — Seis bate-estacas hidráulicos, quatro retroescavadeiras, três tratores e dois guindastes, entre outros equipamentos, estão sendo utilizados para que a construção fique pronta no prazo. 640.000 SACOS DE CIMENTO — Quantidade de material suficiente para construir 6.400 casas populares. 68.000 PESSOAS — Capacidade de público. Após o Mundial, será reduzida para 48.000 lugares, com a retirada dos assentos removíveis. 2.000 OPERÁRIOS — Mão de obra que estará em ação no mês de dezembro de 2012, momento de pico da construção. Hoje, cerca de 500 trabalhadores fazem terraplenagem e constroem as fundações. 3.700 VAGAS — Previsão de capacidade para o estacionamento. O Itaquerão terá ainda dois restaurantes grandes, uma praça de alimentação com fast-foods, mais um conjunto de bares e lojas. 2013 — Ano de conclusão da obra. O contrato da construtora Odebrecht vence em 31 de dezembro. (ARAÚJO, Pedro Henrique. O Itaquerão chegou lá. Revista Veja São Paulo, 26 de outubro de 2011.) Texto D: Carta para Tito Futebol também é cultura. Hoje, para júbilo e gáudio dos amantes das letras clássicas, publicarei uma carta do imperador Vespasiano a seu filho Tito. Vamos a ela: “22 de junho de 79 d.C. “Tito, meu filho, estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os jornalistas. De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pare a construção do Colosseum. Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória. “Alguns senadores o criticam, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas. Não dê ouvidos a esses poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu clunis: numa privada, num banco de escola ou num estádio? Num estádio, é claro. “Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por omnia saecula saeculorum, e sempre que o olharem dirão: „Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou‟. “Outra vantagem do Colosseum: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão. “Moralistas e loucos dirão que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas. Vel caeco appareat (Até um cego vê isso). “Portanto deves construir esse estádio em Roma, assim como a gente de Brasília construirá monumentais estádios em Natal, Cuiabá e Manaus, mesmo que nem haja ludopédio por esses lugares. [...] “Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: Ad captandum vulgus, panem et circenses (Para seduzir o povo, pão e circo). “Esperarei por ti ao lado de Júpiter.” [...] (TORERO, José Roberto. Carta para Tito. Folha de São Paulo, 22 de outubro de 2011.)