REDAÇÃO VENCEDORA - EDIÇÃO REDE GAZETA- CRÔNICA
Bruna Borjaille
Analista de Comunicação Interna
Rede Gazeta - Vitória
A história de trás para frente
"Oi, qual é o seu nome?" - Carlos, respondeu o menino, trajando roupas escuras e um
chapéu, adereço característico de um homem rústico, bicho do mato. Sentados em um
banco de madeira consequência de uma árvore derrubada pelo temporal a beira do rio
Itapemirim, em Cachoeiro. Nas mãos, um graveto seco e afiado para riscar o toco.
Conversa de dois pequenos jovens aspirantes a um futuro próspero e com objetivos em
comum. Um com origem alemã, com histórico político bem marcado. O outro, com
misturas indígenas e portuguesas.
O primeiro sonha. Curioso, já observa militares, ajuda no alistamento de eleitores na
cidade. Quer entender sobre governança. Vive no momento de muita transformação, não
imagina o que vem pela frente. Está inserido em movimentos políticos. Quer ser lembrado
pelos seus feitos. Prefeitura, secretaria, senado, governo… De repente atuar ativamente
no auxílio aos militares em missões, guerras e revoluções. Só o tempo vai dizer.
É bom comunicador também e quer ver a cidade crescer. Empresário nas duas áreas,
talvez? Largar o campo, jamais. O que fazer para conciliar tanta atividade ele ainda não
sabe. Mas tem vontade de abraçar o mundo e fazer tudo para levar adiante seus sonhos.
“Talvez meu nome fique gravado em algum lugar, igual como está na árvore aqui na
fazenda”, comenta com o colega.
Viver um grande amor. Ou dois quem sabe. Constituir uma família: esposa e filhos.
Ganhar um amigo para partilhar suas confidências e deixar seu legado. Uma grande
fazenda e as três Marias. A sua Maria. Alegria, felicidade e realização. Para isso tudo,
seria necessário uns 100 anos. Aguentaria ele até lá? Até os noventa, com certeza.
O graveto já está úmido. Voltou a chover. Os dois se despedem e seguem cada um o seu
caminho. "Foi um prazer, Carlos. Nosso papo foi muito agradável. Espero que não faltem
esforços nem grafites para escrever a sua história. Antes que me esqueça, meu nome é
Espírito Santo. Levarei sua lembrança comigo por alguns anos, acredito”, disse o amigo.
Apertaram o passo para não pegar chuva. Papo encerrado.
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