Internet Um dos mais poderosos meios de comunicação hoje é a internet. Diria mesmo que é “O” mais poderoso. E como tudo o que é poderoso e novo, dá medo. Dá medo e provoca reações de hesitação, críticas e sustos: o povo fica prevenido. Sempre foi assim. Quando a locomotiva apareceu, não faltou quem dizia que andar àquelas “altas velocidades” prejudicaria o organismo. Com a internet não foi diferente. Mas, a prática tem contrariado os conservadores. Vamos analisar um pouco o que se chama de “salas de bate-papo” (“chat”, em inglês). Uma das críticas mais freqüentes é que a internet tornaria as pessoas isoladas, que elas iriam se fechar em seus quartos e só viveriam “virtualmente”, afastando-se do mundo real. Na prática, se vê é o contrário: a maioria das pessoas acaba se conhecendo “ao vivo”. Os usuários dessas salas não são tímidos que só ficam teclando. Têm intenções claras de se aproximar de pessoas. Na maioria são pessoas bem sociáveis que buscam – e encontram – novas amizades e relacionamentos. A superstição de que um relacionamento que se iniciou em uma “sala de bate-papo” é meio artificial e que vai durar pouco e nunca irá à diante é sem fundamento. Também a idéia de que o “Outro” no micro é um psicopata esquartejador é descabida. Assim como a idéia de que só pessoas com graves dificuldades de relacionamento pensariam em buscar amizades em “bate-papos” virtuais é escandalosamente preconceituosa. Também não tem nada à ver aquela idéia de que a pessoa com a qual está teclando é um feioso ou feiosa que está mentindo para você. É claro que isso pode acontecer, mas não é regra, não. Inclusive, há sites onde as pessoas podem se inscrever para fazer amizades onde são necessários dados e fotos. Difícil esconder... difícil mentir o tempo todo... Na verdade, se vc for a um barzinho é a mesma coisa: você tem que tomar os mesmos cuidados, não é? Se você não deve facilitar com alguém que conheceu só na telinha, também não vai levar prá casa alguém que acabou de conhecer na balada, só porque deu uma boa impressão. A regra número 1 dos encontros internéticos ao vivo, na primeira vez se encontrar em lugar público, por exemplo, é sensata. Mas, se você pensar bem, em um barzinho não é exatamente isso que acontece? Mas, vamos ver um pouco algumas diferenças: a) na balada o que chama primeiro sua atenção é o visual. O primeiro contato é ver. Embora, muita coisa possa ser avaliada por aí, não deixa de ser um contato superficial, literalmente. Depois, vem o papo. Depois, vem o interior. Já em um chat, a primeira coisa que você tem contato é com o papo da pessoa, suas idéias e jeitão de ser. Ou seja, você começa com o interior e vai para o exterior, quando conhece a pessoa ao vivo. b) Em uma baladinha, o número de pessoas é bastante reduzido. Já em uma sala de bate papo, você tem centenas de oportunidades. Para poder contatar o mesmo número de pessoas, você teria que rodar muito em uma noite. c) De fato mesmo, o tímido é privilegiado, pois o contato só verbal, de início, pode dar uma chance maior para quem não é bom em “chegar” nas pessoas mais diretamente, como em um barzinho. O contrário do que se pensa, as salas de bate-papo auxiliam o tímido e não fazem com que ele se esconda mais. Um “corte” na internet dói muito menos do que uma “gelada” ao vivo... Enfim, a internet é um poderoso aproximador de pessoas sim. É um recurso absolutamente válido para se fazer amizades e apostar em novos relacionamentos. Há mesmo um grande número de casos de pessoas com relacionamentos sérios que se iniciaram na internet. A internet não deixa ninguém isolado ou fechado. Se a pessoa é tímida, vai se esconder em casa, na frente do micro ou atrás de um livro. Não é o computador que a torna tímida. É a maneira de ser da pessoa que faz o uso das coisas e não o contrário. O que faz o crime não é a arma, é o criminoso. Então... Se você está de bem com a vida, plugue-se numa boa! Há muita gente lá, disposta a conhecer muita gente e fazer amizades. Divirtam-se crianças... João Paulo Correia Lima Psicólogo clínico – Diretor Científico da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática E-mail [email protected]