Prof. Roger A Poesia da MPB Prof. Roger Período Populista Juscelino Kubischek, presidente “Bossa Nova”: conciliação partidária PSD-UDN. “Cinquenta anos em cinco”. Plano de Metas: Capitalismo associadodependente; exportação de bens de consumo duráveis, capital estrangeiro. Urbanização, consumismo e cultura de massas. Desigualdades regionais, concentração de renda, conflitos agrários. Prof. Roger Os Anos 50 Indústria automobilística Brasília Início da televisão Prof. Roger Prof. Roger Vinícius, Tom e João Prof. Roger Vinícius e Tom Prof. Roger Niemeyer e Tom Prof. Roger Tom e Vinícius Prof. Roger Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça) Se você disser que eu desafino, amor saiba que isto em mim provoca imensa dor só privilegiados têm ouvido igual ao seu eu possuo apenas o que Deus me deu. Se você insiste em classificar meu comportamento de antimusical eu, mesmo mentindo, devo argumentar que isto é bossa nova, que isto é muito natural. Prof. Roger O que você não sabe, nem sequer pressente é que os desafinados também têm um coração. Fotografei você na minha Rolleyflex revelou-se a sua enorme ingratidão. Só não poderá falar assim do meu amor este é o maior que você pode encontrar, viu? Você com sua música esqueceu o principal que no peito dos desafinados no fundo do peito bate calado que no peito dos desafinados também bate um coração. Prof. Roger (UFRGS) Leia os textos abaixo, respectivamente de Vinícius de Moraes (A) e Djavan (B): A. Chega de saudade A realidade é que sem ela não há paz, não há beleza É só tristeza, e a melancolia Que não sai de mim, não sai de mim Não sai. Mas se ela voltar Se ela voltar, que coisa linda Que coisa louca Pois há menos peixinhos a nadar no mar Do que os beijinhos que eu darei Na sua boca. B. Amar é um deserto E seus temores Vida que vai na sela Dessas dores Não sabe voltar Me dá teu calor Vem me fazer feliz Porque eu te amo Você deságua em mim E eu oceano E esqueço que amar É quase uma dor I. Na obra de Vinícius de Moraes, o cancioneiro popular ocupa um lugar de destaque; os versos acima pertencem a uma das primeiras canções da Bossa Nova no Brasil e tiveram em João Gilberto um de seus melhores intérpretes. II. Os versos de Djavan, em Oceano, evidenciam uma preocupação em reproduzir uma linguagem singela e coloquial, sem a interferência de procedimentos comuns à poesia, como a metáfora e o trabalho sonoro e rítmico. III. As duas composições têm em comum a temática sentimental manifestada no desejo de completude afetiva, traço inerente a uma vertente da poesia e da canção popular no Brasil. Prof. Roger (UFRGS) Considere os textos a seguir. A. Sulcas o ar de um rastro perfumoso Que os nervos me alvoroça e tantaliza, Quando o teu corpo musical desliza Ao hino de teu passo harmonioso. .............. E quando junto de mim passas, criança, Revolta a crespa, luxuosa trança, Na espádua arfando em túrbidos negrumes Naufraga-me a razão em sombra densa. B. Olha que coisa mais linda Mais cheia de graça É ela, a menina Que vem e que passa Num doce balanço Caminho do mar... Moça do corpo dourado Do sol de Ipanema O seu balançado É mais que um poema É a coisa mais linda Que eu já vi passar.” Sobre os dois textos, são feitas as seguintes afirmações: I. No texto A, a musicalidade dos versos, a adjetivação abundante e o emprego de linguagem metafórica e metonímica indicam que se trata de um poema modernista. II. Os dois poemas tratam de um objeto comum - a mulher que passa – mas, no primeiro, o poeta fala diretamente a ela, enquanto no segundo ele se dirige a um intelocutor. III. A abordagem de uma temática comum num poema do século XIX e numa canção popular da década de 1960 ilustra a idéia de que alguns tópicos poéticos são perenes. Prof. Roger (ROGER) Considere os trechos que seguem e as afirmações a respeito dos mesmos. Minha namorada Carlos Lyra – Vinícius de Moraes Se você quer ser minha namorada Ah! que linda namorada Você poderia ser Se quiser ser somente minha Exatamente essa coisinha Essa coisa toda minha Que ninguém mais pode ser Você tem que me fazer um juramento De só ter um pensamento Ser só minha até morrer. Por você Frejat – M. Barros – M. Sta. Cecília Por você Eu dançaria tango no teto Eu limparia os trilhos do metrô Eu iria a pé do Rio a Salvador Eu aceitaria a vida como ela é Viajaria a prazo pro inferno Tomaria banho gelado no inverno (...) Eu mudaria até o meu nome Eu viveria em greve de fome Desejaria todo dia a mesma mulher. I - O primeiro texto, dos anos 60, e o segundo, da década de 90, apresentam por parte do eu lírico o desejo de viver intensamente uma relação amorosa. II - Em Minha namorada, uma canção da Bossa Nova, o eu lírico estabelece condições para vivenciar a experiência amorosa ao lado da pessoa escolhida. III - Em Por você, o eu lírico se sujeitaria às maiores penas para viver seu amor. IV - O exagero que caracteriza ambos os textos pode sugerir a profundidade do sentimento amoroso envolvido. Prof. Roger 1. 2. 3. 4. “...eu organizo o movimento” Regime Militar: repressão política; bipartidarismo; atos institucionais; “Segurança e Desenvolvimento”. 1968: passeatas estudantis (UNE), guerrilha e promulgação do A.I. 5: 1. suspensão do “habeas corpus”; 2. amplos poderes ao Presidente; 3. censura prévia; 4. cassações políticas. Prof. Roger Prof. Roger Tropicália, Hélio Oiticica Prof. Roger O Rei da Vela, de Oswald de Andrade Direção: José Celso Prof. Roger Terra em Transe, Glauber Rocha Prof. Roger Caetano no Chacrinha Prof. Roger Caetano e Gil Prof. Roger Prof. Roger Prof. Roger Terno Jovem Guarda Modelo: Roberto Carlos Prof. Roger Roberto Carlos no Chacrinha Prof. Roger Passeata dos 100 Mil Prof. Roger Alegria, Alegria (Caetano Veloso) Caminhando contra o vento Sem lenço, sem documento No sol de quase dezembro Eu vou O sol se reparte em crimes, Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e brigitte bardot O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não... Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço, sem documento, Eu vou Eu tomo uma coca-cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola Eu vou Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome sem telefone No coração do brasil Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou Por que não, por que não... Prof. Roger Baby (Caetano Veloso) Você precisa saber da piscina, da Margarina, da Carolina, da gasolina Você precisa saber de mim Baby, baby, eu sei que é assim Baby, baby, eu sei que é assim Você precisa tomar um sorvete Na lanchonete, andar com gente Me ver de perto. Ouvir aquela canção do Roberto Baby, baby, há quanto tempo Baby, baby, há quanto tempo Você precisa aprender inglês Precisa aprender o que eu sei E o que eu não sei mais E o que eu não sei mais Não sei, comigo vai tudo azul Contigo vai tudo em paz Vivemos na melhor cidade Da América do Sul Da América do Sul Você precisa, você precisa Não sei, leia na minha camisa Baby, baby, I love you Baby, baby, I love you Prof. Roger Tropicália (Caetano Veloso) sobre a cabeça os aviões o monumento não tem porta a entrada é uma rua antiga estreita e torta sob os meus pés os caminhões e no joelho uma criança sorridente feia e /morta aponta contra os chapadões estende a mão meu nariz viva a ma-ta-ta-ta eu organizo o movimento eu oriento o carnaval eu inauguro o monumento no planalto Central do país viva a bos-sa-sa-sa viva o palho-ça-ça-ça-ça-ça o monumento é de papel crepom e prata os olhos verdes da mulata a cabeleira esconde atrás da verde mata o luar do sertão viva a mula-ta-ta-ta-ta-ta no pátio interno há uma piscina com água azul de amaralina coqueiro brisa e fala nordestina e faróis na mão direita tem uma roseira autenticando eterna primavera e nos jardins os urubus passeiam a tarde /inteira entre os girassóis Prof. Roger viva Maria-ia-ia viva a Bahia-ia-ia-ia-ia no pulso esquerdo um bang-bang. em suas veias corre muito pouco /sangue mas seu coração balança a um /samba de tamborim emite acordes dissonantes pelos cinco mil alto-falantes senhoras e senhores ele põe os olhos viva Irace-ma-ma-ma viva Ipane-ma-ma-ma-ma-ma domingo é o fino da bossa segunda-feira está na fossa terça-feira vai à roça porém o monumento é bem moderno não disse nada do modelo do meu /terno que tudo mais vá pro inferno meu bem que tudo mais vá pro inferno meu bem /grandes sobre mim viva a ban-da-da-da Carmen Miran-da-da-da-da-da Prof. Roger Anos 70 – “Milagre econômico” Governo Médici: propaganda ufanista (“Pra Frente Brasil”, “Ninguém segura este país”). Endividamento externo, exportação de bens de consumo duráveis, concentração de renda. Expansão estatal: PND, Telebrás, Embratel, Transamazônica. Censura, tortura e eliminação da guerrilha urbana e rural. Prof. Roger Carlos Alberto, Presidente Médici e Zagalo Prof. Roger Prof. Roger Chico e a Repressão Prof. Roger Charge de Henfil Prof. Roger Prof. Roger Prof. Roger Deus lhe pague (Chico Buarque – 1971) Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir A certidão pra nascer, a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pelo prazer de chorar e pelo estamos aí Pela piada no bar e futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e o samba pra distrair Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor mal feito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Prof. Roger Pela cachaça de graça, que a gente tem que engolir Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague Por mais um dia agonia pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente, que nos ajuda a fugir Deus lhe pague Pela mulher carpideira, pra nos louvar e cuspir E pelas moscas-bicheiras pra nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague Prof. Roger Cálice (Chico Buarque e Gilberto Gil) Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice (refrão) Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca resta o peito Silêncio na cidade não se escuta. De que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta. (refrão) Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado. Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada para a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa. (refrão) De muito gorda a porca já não anda De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta Essa palavra presa na garganta. Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta cuca Dos bêbados do centro da cidade. (refrão) Talvez o mundo não seja pequeno Nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno. Quero perder de vez tua cabeça Minha cabeça perder teu juízo Quero cheirar fumaça de óleo diesel Me embriagar até que alguém me esqueça. Prof. Roger Acorda Amor Leonel Paiva/Julinho da Adelaide (Chico Buarque) Acorda amor Eu tive um pesadelo agora Sonhei que tinha gente lá fora Batendo no portão, que aflição Era a dura, numa muito escura viatura Minha nossa santa criatura Chame, chame, chame lá Chame, chame o ladrão, chame o ladrão Acorda amor Não é mais pesadelo nada Tem gente já no vão de escada Fazendo confusão, que aflição São os homens E eu aqui parado de pijama Eu não gosto de passar vexame Chame, chame, chame Chame o ladrão, chame o ladrão Se eu demorar uns meses Convém, às vezes, você sofrer Mas depois de um ano eu não vindo Ponha a roupa de domingo E pode me esquecer Acorda amor Que o bicho é brabo e não sossega Se você corre o bicho pega Se fica não sei não Atenção Não demora Dia desses chega a sua hora Não discuta à toa não reclame Clame, chame lá, chame, chame Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão (Não esqueça a escova, o sabonete e o violão) Prof. Roger Revolução dos Cravos (Portugal) Tanto mar (Chico Buarque – 1975 – letra vetada pela censura, gravada apenas em Portugal) Sei que estás em festa, pá Fico contente E enquanto estou ausente Guarda um cravo para mim Eu queria estar na festa, pá Com tua gente E colher pessoalmente Uma flor do teu jardim Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei também quanto é preciso, pá Navegar, navegar Lá faz primavera, pá Cá estou doente Manda urgentemente Algum cheirinho de alecrim Tanto mar (Chico Buarque – 1978 – versão liberada pela censura) Foi bonita a festa, pá Fiquei contente E inda guardo renitente Um velho cravo para mim Já murcharam tua festa, pá Mas certamente Esqueceram uma semente Nalgum canto de jardim Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei também quanto é preciso, pá Navegar, navegar Canta a primavera, pá Cá estou carente Manda novamente Algum cheirinho de alecrim Prof. Roger Anos 80: Crise do Regime Militar Recessão econômica, inflação, corrupção e desemprego. “Década perdida”. Mobilização popular: “Novo sindicalismo”, CUT, MST e pluripartidarismo. Diretas-Já: movimento suprapartidário. Colégio Eleitoral: Aliança Democrática, a solução conservadora. Redemocratização: processo constituinte, Constituição e eleições diretas. Prof. Roger Lula Prof. Roger Fernando Henrique Prof. Roger Chico e as Diretas Já Prof. Roger Prof. Roger Ideologia (Cazuza e Frejat) O meu partido é um coração partido e as ilusões estão todas perdidas. Os meus sonhos foram vendidos tão barato que nem acredito. Eu nem acredito que aquele garoto que ia mudar o mundo freqüenta agora as festas do "grand monde". Meus heróis morreram de "overdose" meus inimigos estão nos poder. Ideologia, eu quero uma pra viver. (refrão) O meu prazer agora é risco de vida meu "sex and drugs" não tem nenhum "rock'n roll". Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou, pois aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro. (refrão) Prof. Roger Prof. Roger Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? (Renato Russo) Que país é esse? Nas favelas, no senado Terceiro mundo, se for Sujeira pra todo lado Piada no exterior Ninguém respeita a constituição Mas o Brasil vai ficar rico Mas todos acreditam no futuro da nação Vamos faturar um milhão Que país é esse? Quando vendermos todas as almas Que país é esse? Dos nossos índios num leilão Que país é esse? Que país é esse? No Amazonas, no Araguaia iá, iá, Que país é esse? Na Baixada Fluminense Que país é esse? Mato Grosso, Minas Gerais e no Nordeste tudo em paz Na morte o meu descanso, mas o Sangue anda solto Manchando os papéis e documentos fiéis Ao descanso do patrão