“Na ausência de microrganismos, a vida seria impossível para os corais”
Microrganismos desempenham papéis centrais no funcionamento dos sistemas recifais. Em Abrolhos, observamos
microrganismos simbiontes associados com a saúde dos corais. Alguns tipos de microrganismos são capazes de
causar doença e morte em corais, por exemplo, nos casos das doenças infecciosas denominadas de
branqueamento (foto) e praga branca. Especialmente com o aumento da temperatura da água do mar, alguns tipos
de microrganismos, tais como as bactérias vibrios se tornam altamente patogênicas. Estas bactérias vivem
comumente em associação com corais e outros organismos marinhos, no muco e no tecido destes organismos,
sendo observada abundância de células (pelo menos 1 milhão de células microbianas por mL de tecido ou de
muco). Entretanto, com o aumento da temperatura ocorre a indução da produção de toxinas por estes
microrganismos.
Desta forma eles passam a ser patogênicos. A temperatura é um gatilho, que induz a produção de toxinas. As
toxinas levam a doença (branqueamento e praga branca) e morte em massa. Como as previsões de acidificação e
aumento da temperatura da água do mar são alarmantes, com valores de 5 graus previstos para este século,
possivelmente as doenças no meio marinho serão cada vez mais comuns. Mesmo que você não se interesse pelo
meio marinho, fique atento, pois muitas doenças podem ser transmitidas ao homem, ou seja, são zoonoses. Por
outro lado, a grande maioria dos microrganismos tem papel positivo e ajuda no bom funcionamento dos sistemas
recifais. Dois exemplos refletem o importante efeito benéfico dos microrganismos nos sistemas recifais. Em corais,
grande parte da nutrição advém de microrganismos fotossintetizantes, denominados simbiodiniums ou zooxantelas.
São na verdade protozoários fotossintetizantes que também podem apresentar metabolismo heterotrófico.
Além das zooxantelas, outros microrganismos incluindo bactérias, arquéias, fungos e protistas, também contribuem
para a nutrição e homeostasia dos corais. A vida não seria possível para os corais sem a presença dos
microrganismos. Mas do que isto, os corais são holobiontes que englobam um hospedeiro coral e sua microbiota
(conjunto de microrganismos) endo e exossimbionte. Outro exemplo é observado nos bancos de rodolítos
(estruturas calcáreas de origem biogênica). Estes bancos são formados por algas calcáreas que produzem
carbonato de cálcio. Recentemente, observamos que os microrganismos também teriam um papel na gênese dos
rodolítos por meio do metabolismo de cianobactérias, bactérias redutoras de sulfato, e gamaproteobactérias. Estes
grupos de bactérias também parecem contribuir para a formação de carbonato de cálcio, produção de carbono
orgânico dissolvido e alimento para a ampla diversidade de vida marinha (larvas e juvenis de invertebrados) que
habita os rodolítos. Caso tenham dúvidas, perguntas ou críticas, não hesitem em contatar-nos pelo email
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