v.5, Jan. – Jul. 2012 ISSN 1982 - 2065 FUNCIONAMENTO DE UMA SEDE DE PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE 2a ENTRÂNCIA ATRAVÉS DE GESTÃO POR PROCESSOS1 Ingrid Martorelli Gurgel de Oliveira2 Sueli Maria do Nascimento3 Prof. Dr. Jose Luiz Alves - Orientador RESUMO O objetivo deste trabalho foi analisar o funcionamento dos procedimentos administrativos de uma Promotoria de Justiça de Segunda Entrância utilizando gestão por processos. Para tal, utilizou-se pesquisa bibliográfica, e documental referente à Promotoria de Justiça de Olinda, objeto do nosso estudo. Pode-se definir gestão como o conjunto de tarefas que procuram garantir a utilização eficaz de todos os recursos disponibilizados pela organização, contribuindo, dessa maneira, para o seu desenvolvimento. Dentro do contexto de gestão organizacional pode-se considerar processo como qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor e fornece um output a um cliente específico, utilizando-se de recursos humanos e materiais. Dessa maneira, observou-se que a gestão organizacional, mais especificamente a gestão por processos, pode transformar as práticas do setor público, tornando as organizações mais ágeis, mais eficientes e focadas em resultados para o cidadão. No final, o trabalho propõe que seja efetuado o redesenho destes mesmos procedimentos, associados a indicadores de desempenho e manuais de procedimentos, padronizando, desburocratizando e objetivando a produção de serviços públicos de qualidade, compatíveis com o ideal de efetividade plena da atuação ministerial. Palavras-Chave: Gestão organizacional. Gestão por processos. Ferramentas de gestão. Serviço público. Ministério Público. ABSTRACT The aim of this study was to examine the functioning of the administrative procedures of a public prosecutor's office using business process management. To this end, we used the bibliographic and documentary research on the public prosecutor's office in Olinda, the object of our study. Management can be defined as the set of tasks that 1 Trabalho selecionado em 2010/2011 “PRÊMIO FCAP – PROJETO EMPRESARIAL DE SUCESSO” 2 Concluinte do Curso de pós-graduação MBA – Gestão em Ministério Público, FCAP-UPE 3 Concluinte do Curso de pós-graduação MBA – Gestão em Ministério Público, FCAP-UPE Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 1 seek to ensure the effective use of all resources made available by the organization, contributing in this way for their development. Within the context of organizational management, process can be considered as any activity or set of activities that takes an input, adds value and provides an output to a specific customer, using human and material resources. We have observed that the organizational management, specifically the business process management practices can transform the public sector, making organizations more agile, more efficient and focused on results for the citizen. Finally, the paper proposes the redesign of these same procedures associated with performance indicators and procedures manuals, standardizing, cutting red tape and the objective of producing high quality public services, consistent with the ideal of full effectiveness of ministerial performance. Key Words: Organizational management. Business Management tools. Public service. Prosecutors. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 process management. 2 1 INTRODUÇÃO A gestão por processos surgiu no fim da década de 1990 para atender a necessidade de soluções rápidas, velocidade nas ações e busca da excelência nas organizações, tornando-se uma importante ferramenta de gestão neste novo século (ARAÚJO, 2009). Toda organização desenvolve inúmeras atividades que geram resultados na forma de produtos e serviços. O conjunto dessas atividades, devido à sua natureza e aos resultados produzidos, pode ser compreendido na forma de processos que, de modo integrado, trabalham no sentido de alcançar os objetivos estratégicos da organização, diretamente relacionados à sua missão. Nesta linha de raciocínio, o planejamento estratégico da organização é o instrumento fundamental para que esta possa focar sua atenção e recursos nos objetivos previamente definidos. É necessário um claro entendimento da missão, visão e valores da organização para a criação dos processos institucionais. Gestão por Processos expressa que os processos da instituição estão sendo monitorados, avaliados e revisados, com foco na melhoria contínua e no atendimento dos objetivos da organização (http://www.aneel.gov.br/arquivos /PDF/20080208manual_de_gestao_de_ processos_aneel.pdf). Por outro lado, as normas de gestão da qualidade NBRISO 9001 e NBRISO 9004, desde sua versão de 2000, incentivam a adoção de uma "abordagem de processo" para o desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia de um sistema de gestão, visando aumentar a satisfação do cliente pelo atendimento dos requisitos por ele especificados (VALLS, 2004). Vale destacar que um dos critérios do modelo de excelência da gestão, propagados pela Fundação Nacional de Qualidade (Critérios de Excelência FNQ, 2009), que hoje se aplicam no nosso país, é a orientação por processos (KANAANE, et al, 2010). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 3 O Estado Brasileiro vem implementando políticas públicas que visam melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, como resultado da adoção de uma administração pública gerencial, flexível, eficiente e aberta ao controle social e aos resultados. Nesta perspectiva, para os gestores, além da responsabilidade pela geração de produtos/serviços que atendam às necessidades e às expectativas dos cidadãos-usuários e de outras partes interessadas, é necessário otimizar os recursos escassos, administrando custos, padronizando e desburocratizando procedimentos a fim de produzir serviços públicos de qualidade. O Ministério Público brasileiro, especialmente após a Lei de Ação Civil Pública e da Constituição Federal de 1988 ampliou bastante o rol de suas atribuições funcionais. É hoje difícil imaginar uma esfera da vida social na qual não se possa vislumbrar uma hipótese de intervenção do Ministério Público. Neste contexto, a busca de melhores resultados, em termos quantitativos e qualitativos, reflete-se na adoção de um novo modelo de organização e funcionamento para o Ministério Público de Pernambuco que se apresente em sintonia com a realidade atual e com as exigências da sociedade. Neste entendimento, a adoção de uma técnica gerencial é fator determinante para alcançar a eficiência e eficácia dos processos de gestão e decisiva para o processo de aprendizagem institucional, contribuindo para a busca e obtenção de ganhos das ações ministeriais em termos de satisfação dos cidadãos e de legitimidade social. Por esta razão, o presente estudo tem como objetivo analisar o funcionamento dos procedimentos administrativos de uma Promotoria de Justiça de Segunda Entrância utilizando gestão por processos. Quanto à metodologia utilizada para elaboração da proposta, inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros de administração, artigos, sites da internet e estudos sobre o uso de gestão por processos como ferramenta da gestão estratégica, na administração pública e privada. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 4 Paralelamente, fez-se uma pesquisa documental no próprio Ministério Público de Pernambuco, considerando suas ferramentas de gestão e o seu planejamento estratégico atual. Em seguida foi realizado um estudo do funcionamento da Sede das Promotorias de Justiça de Olinda, escolhida como piloto por ser a sede de promotoria de 2ª entrância mais próxima da capital, através de reuniões e entrevistas com servidores e promotores de justiça que ali trabalham, para levantamento dos dados necessários à concepção do trabalho em questão. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 5 2 GESTÃO ORGANIZACIONAL Enquanto ciência, a administração estuda as necessidades da organização, suas diretrizes, cultura, processos, recursos e capital, possibilitando o atingimento de seus objetivos de forma integrada e consolidada. Na concepção holística, a administração é entendida como um mecanismo estruturador e articulador de processos e recursos para a consecução dos resultados almejados: geração de bens, lucro e promoção do bem-estar social (HERRERA, 2010, www.portaldo marketing.com.br/Artigos/Administracao_Evolucao_e_Conceitos.htm). Taylor, ao criar a Administração Científica, deu o primeiro passo no sentido de estudar e tratar a organização cientificamente e não empiricamente. Contudo, conquanto é inegável afirmar que a Administração Científica foi o início da busca de uma teoria de administração, não pode se omitir que a sua abordagem excessivamente mecanicista, o que lhe conferiu também o nome de teoria da máquina, trata a administração de forma incompleta e engessada (CHIAVENATO, 1983). Enquanto Taylor desenvolvia a administração científica nos Estados Unidos, Fayol deu início, na Europa, à Teoria Clássica da Administração. Se por um lado, a administração científica se caracteriza pela ênfase na tarefa do operário, por outro, a teoria clássica se caracteriza pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente, ou seja, concebe a organização como se fosse uma estrutura. Embora não se possa tirar o mérito da teoria clássica, que compõe a base da moderna teoria administrativa, a sua abordagem extremamente simplificada e incompleta da organização formal terminava por tratar a organização como um sistema fechado (CHIAVENATO, 1983). A partir dos anos 80 as Escolas do Pensamento Estratégico, já com vinte anos de existência, sugeriram a criação da disciplina de Administração Estratégica nas grandes universidades americanas, resultado das demandas do aumento de competitividade por um novo foco na gestão (HERRERA, 2010, em www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Administracao_Evolucao_e_Conceitos.htm). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 6 A gestão é a aplicação da teoria administrativa por suas várias metodologias. Muito embora não exista uma única definição para o conceito de gestão pode-se dizer que este é um conjunto de tarefas que procuram garantir a utilização eficaz de todos os recursos disponibilizados pela organização, a fim de serem alcançados os objetivos pré-determinados. 2.1 Ferramentas de gestão organizacional Cada organização tem seus próprios desafios, cultura corporativa, diferentes partes interessadas e sistemas próprios de gerenciamento. Ao longo das últimas décadas ferramentas de gestão se tornaram comuns na vida das organizações. Elas ajudam os gestores a atingirem seus objetivos, sejam eles aumentar receitas, reduzir custos, inovar, melhorar a qualidade ou se planejar para o futuro. O processo de escolha das ferramentas inicia e se detém quase sempre na reflexão sobre questões básicas, devendo o gestor ponderar entre as limitações e os benefícios de sua escolha. Os tomadores de decisão atingem resultados muito melhores quando lideram estratégias realistas e consideram as ferramentas apenas como suporte para atingir os objetivos estratégicos, considerando-se que ferramentas de gestão são muito mais efetivas quando fazem parte de um projeto maior da organização e que nenhuma ferramenta soluciona todos os problemas. 2.2 Ferramentas de gestão organizacional no serviço público Existe um consenso em torno da necessidade de transformar as práticas no setor público, em favor de um Estado mais ágil, mais eficiente e focado em resultados para o cidadão, dando mais importância à questão gerencial e não permitindo mais separar as questões de eficiência e eficácia das ações do Estado. É preciso elevar a qualidade da gestão pública através de ferramentas de gestão, de modo a alcançar maior transparência e responsabilização gerencial. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 7 Para os gestores, além do compromisso com os resultados para os cidadãos, é necessário otimizar os recursos públicos escassos, administrando custos, padronizando e desburocratizando procedimentos a fim de produzir serviços públicos de qualidade, compatíveis com políticas públicas voltadas para o desenvolvimento social. Sob este aspecto, a gestão pública é mais desafiadora do que a privada, considerando que os interesses são mais difusos, os clientes são simultaneamente usuários e cidadãos e existe uma rigidez burocrática já que a finalidade da organização é definida por lei (ALECIAN; FOUCHER, 2001). Para que se alcance uma gestão pública de excelência, os gestores devem aproveitar o que houver de melhor em ferramentas gerenciais no setor privado e adaptá-las para as especificidades do setor público. Destas, pode-se considerar três delas como sendo de grande importância e aplicabilidade dentro do serviço público: a) Planejamento Estratégico - Para as organizações públicas, o planejamento estratégico deve construir um modelo de gestão que os incentive a alcançar resultados dentro de objetivos previamente definidos, criando um círculo virtuoso no sentido de um processo de melhoria contínua, melhorando a qualidade dos serviços prestados à sociedade, aprimorando o controle social, combatendo o patrimonialismo e o clientelismo e fazendo mais ao menor custo possível (MOORE, 2002). Contudo, diferentemente da iniciativa privada, o planejamento estratégico no setor público não deve perder de vista que a iniciativa privada visa ao lucro, enquanto a administração pública visa realizar a função social, que deve ser alcançada com a maior qualidade possível dentro dos critérios de eficiência, eficácia e efetividade. Uma relação clara entre o planejamento estratégico e o gerenciamento de processos é o uso da estratégia como elemento fundamental de priorização dos processos a serem melhorados. Os elementos do planejamento estratégico servem como direcionadores das necessidades de melhorias dos processos organizacionais. A figura 1, a seguir, mostra como os processos de negócio estão ligados aos objetivos por meio dos planos operacionais, das metas e do plano estratégico, considerando o desdobramento deste último em ações que devem ser executadas. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 8 Fonte: CRUZ, 2009 Figura 1 - Envolvimento dos processos com o planejamento estratégico b) Gestão Estratégica - Não se pode tratar isoladamente o planejamento estratégico sem entrar no processo estratégico, contribuindo assim de forma mais eficaz com a gestão dos administradores na obtenção dos seus resultados (ALDAY, 2000). Podemos considerar a gestão estratégica como uma continuidade do planejamento estratégico. c) Qualidade Total - Corresponde a um modelo gerencial aperfeiçoado no Japão a partir de idéias norte-americanas, especialmente devidas a Deming e Juran, introduzidas durante a ocupação aliada naquele país depois de 1945. As metodologias de qualidade existentes foram desenvolvidas para o setor de manufatura, o que justifica a sua ênfase na padronização de processos, pois o que se pretende, em última instância, é a garantia da qualidade do produto oferecido ao consumidor a um preço satisfatório. No setor de serviços, os resultados da produção são intangíveis. O cliente participa da produção, fazendo com que os processos e resultados sejam muito heterogêneos. Nas organizações públicas, a qualidade associa-se muito mais com a função social dos serviços públicos prestados, visando à eliminação das discrepâncias entre o que é esperado e o que é oferecido ao cidadão. Então, fica claro que uma gestão pública de excelência deve se basear em fundamentos que, se não são leis, normas ou técnicas, são valores que precisam ser internalizados até se tornarem os fatores determinantes da gestão de uma organização. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 9 3 GESTÃO POR PROCESSOS 3.1 Fundamentação teórica de gestão por processos Todo trabalho importante realizado nas organizações faz parte de algum processo. (Graham e LeBaron, 1994, apud GONÇALVES, 2000a). Não existe um produto ou um serviço oferecido por uma organização sem um processo. Do mesmo modo, não faz sentido existir um processo que não ofereça um produto ou um serviço. A palavra processo é originária do latim processu, que significa “ato de proceder, de ir por diante; seguimento, curso; maneira pela qual se realiza uma operação, segundo determinadas normas; método, técnica” (FERREIRA, 1986). Para Cruz (2009) “processo é o conjunto de atividades que tem por objetivo transformar insumos (entradas), adicionando-lhes valor por meio de procedimentos, em bens ou serviços (saídas) que serão entregues e devem atender aos clientes. Quanto à existência, o referido autor conceitua processo como sendo a introdução de insumos (entradas ou inputs) num ambiente, formado por procedimentos, normas e regras que, ao processarem os insumos, transformaram-nos em resultados que serão enviados (saídas ou outputs) aos clientes do processo”. Na concepção mais frequente, processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. Os processos utilizam os recursos - humanos e materiais - da organização para oferecer resultados objetivos aos seus clientes, independentemente de relacionamento hierárquico. Mais formalmente, um processo é um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes (GONÇALVES, 2000; ARAÚJO, 2009). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 10 Saídas Entradas − − − Processo (transformações) Materiais Serviços Informações − − − Materiais Serviços Informações Fonte: http://www.prdu.unicamp.br/gestao_por_processos/curso/Topico_II.pdf Figura 2 - Etapas de um processo Segundo Manganelli e Klein (1995, apud SENTANIN, 2004), as atividades do processo podem ser divididas em três: atividades que agregam valor (importantes para o cliente); atividades de transferência (fazem o fluxo do trabalho atravessar as fronteiras, principalmente funcionais, departamentais ou organizacionais) e atividades de controle (em grande parte, são criadas para controlar as atividades de transferência que atravessam as fronteiras previamente estabelecidas). Nesta ótica de compreensão, o modelo de gestão por processo tem por objetivo descobrir o que é feito pela organização, dando prioridade a forma como o trabalho é realizado a fim de otimizar os processos (ARAÚJO, 2009). Vale destacar que a visão horizontal dos processos organizacionais introduz uma visão sistêmica do trabalho, mostrando as partes e o todo, a interdependência entre fornecedores, executores e clientes do processo, como parte de uma cadeia destinada a gerar resultados organizacionais (MOTTA, 1995). Nesse contexto, por ser uma ferramenta de gestão voltada para resultados, uma variável a ser considerada na gestão por processos é a sua integração constante com a estratégia organizacional. A melhoria de processo só tem sentido se servir para melhorar a organização de maneira coerente com a sua estratégia. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 11 Em uma organização, geralmente os processos podem ser internos (iniciam e terminam dentro da organização) e externos (quando envolvem diversas organizações para a sua realização). Tem como principais características a interfuncionalidade – a maioria dos processos atravessa as fronteiras funcionais da organização – e o fato de terem clientes que podem ser internos e externos à organização (GONÇALVES, 2000 a). Na literatura encontram-se várias classificações de categorias de processos. Para alguns autores existem três tipos de processos que são: • Processos primários (ou do cliente) – resultam em um produto ou um serviço ao cliente; • Processos organizacionais (ou de apoio) – colaboram com os processos primários para o bom resultado com os clientes; • Processos gerenciais – são focalizados nos gerentes das atividades primárias, bem como, de atividades de apoio. Segundo o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão/Secretaria de Gestão (2006) os processos organizacionais podem ser classificados em duas categorias: • Processos finalísticos - ligados à essência do funcionamento da organização. São aqueles que caracterizam a atuação da organização e recebem apoio de outros processos internos, gerando o produto/serviço para o cliente interno ou usuário. Os processos organizacionais enquadrados nesta categoria estão diretamente relacionados ao objetivo da maioria das organizações. • Processos de apoio - geralmente, produzem resultados imperceptíveis ao usuário, mas são essenciais para a gestão efetiva da organização, garantindo o suporte adequado aos processos finalísticos. Estão diretamente relacionados à gestão dos recursos necessários ao desenvolvimento de todos os processos da instituição. Para realizar um trabalho de mapeamento, análise e modelagem de um processo, é necessário que se tenha alguns dados sobre o mesmo, ou seja, os elementos que o compõem, sendo eles: objetivo do processo; clientes do processo; Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 12 entradas físicas; entradas lógicas; saídas físicas; saídas lógicas; diretrizes; programa de melhoria contínua; benchmarking; metas; alocação de recursos; mão-de-obra; medição de desempenho; tecnologia da informação; gerente do processo (CRUZ, 2009). Para Cruz (2009) um processo tem três fases durante o seu período de vida. Essas fases não são encontradas facilmente nas empresas que se preocupam com processos, incluindo aquelas ditas certificadas por alguma norma de qualidade, e muito menos nas que ignoram a sua importância. Entre essas fases, o autor destaca as ações: gerenciar e melhorar, como imprescindíveis para a organização que quiser saber o que faz, como faz, quando faz, para que faça e, o mais importante, quanto está ganhando ou perdendo com tudo isso. Ele afirma que sem gerenciamento, não pode haver melhoria por total falta de conhecimento sobre o que está ocorrendo com o processo e sem melhoria não se consegue obter ganhos consistentes de desempenho e produtividade. Por fim, definir um processo é importante, mas não é suficiente, sendo necessário, além do seu gerenciamento, a realização de plano de melhoria contínua. Em uma organização funcional, o trabalho é separado por funções, departamentos e tarefas. A procura por uma estrutura eficiente, voltada para resultados, tem feito com que as organizações passem a ver com atenção a condução de suas atividades no sentido de buscar formas, nas quais essas atividades passem a ser analisadas não em termos de funções, áreas ou produtos, mas de processos de trabalho. Assim, as organizações atuais estão abandonando a antiga estrutura por funções (ou tradicional) e aderindo a estrutura por processos, organizando seus recursos e fluxos ao longo de seus processos básicos de operação (organizacionais) (PAMPONET, 2009). Na abordagem (ou estrutura) por processos, o foco passa a ser a adoção do ponto de vista do cliente, uma vez que os processos são organizados para produzir e oferecer valor aos seus clientes. O conhecimento dos processos de trabalho permite que a organização promova melhorias e mudanças em níveis mais Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 13 significativos, porém, dificilmente uma organização implantará uma abordagem por processos em curto período de tempo, haja vista que para implementar adequadamente esta abordagem, exigirá mudanças não apenas cultural, mas também na estrutura de poder e de controle organizacionais. Hammer (1997, apud SENTANIN, 2004), expõe quatro pontos básicos para uma organização seguir rumo ao foco nos processos: • Identificar e dar nomes aos processos de uma organização: Deve ser realizado com atenção e cautela, a fim de garantir a identificação dos verdadeiros processos. • Conscientização de todos na empresa desses processos e de sua importância: o trabalho dentro do processo é uma atividade que considera todas as etapas do mesmo (visão sistêmica) e as pessoas precisam reconhecer os processos da organização, ser capazes de nomeá-los e ter clareza quanto a seus inputs (insumo, entrada), outputs (produto, saída) e o relacionamento entre eles. • Avaliação dos processos: As organizações precisam identificar as medidas através das quais os seus processos serão avaliados. • Gestão do processo: Uma organização orientada para processos deve focálos de modo a mantê-los afinados com as necessidades do ambiente de negócios, que vive em constante mudança. O processo de melhoria deve ser contínuo, e para isso a organização precisa gerenciar ativamente os seus processos. Neste contexto, percebe-se que as pessoas têm papel fundamental na mudança de uma organização para processos, sendo essencial a disponibilidade de ferramentas e modelos sociais, psicológicos e humanos para ajustar os grupos internos às novas condições (GONÇALVES, 2000b). Já sobre a abordagem por processos, a norma ISO 9000:2000 define, como vantagem, o controle contínuo que ela permite sobre a ligação entre os processos individuais dentro do sistema de processos, bem como sua combinação e interação. Assim, o fundamento do enfoque por processos está em enxergar a organização de Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 14 forma horizontal, ou seja, independente dos setores ou funções envolvidas na realização de uma atividade (seja ela operacional, tática ou estratégica), esta deve ser analisada e gerenciada de forma linear, desde o seu início até o seu término. O processo atravessa vários setores e deve ser descrito dessa forma, sendo esta a chamada lógica horizontal. Sob essa ótica, a proposta e/ou tendência de uma abordagem estrutural por processos não trata de um puro e simples abandono, tampouco uma mudança radical, da estrutura organizacional existente (funcional, matricial etc.), e sim, de aproveitar a oportunidade de conhecer e melhorar os processos de trabalho para que haja uma melhor compatibilidade com uma estrutura organizacional decididamente mais apropriada, tal que promova o melhor desempenho da organização. 3.2 Gestão por processos na organização pública “O maior desafio do administrador público não é de ordem econômica ou social, mas gerencial. Quanto mais escassos forem os recursos e maiores as demandas sociais, maior capacidade da gestão será exigida” (KANAANE et al, 2010). Neste contexto, na década de 90, o setor público brasileiro buscou um novo modelo de gestão pública focado em resultados e orientado para o cidadão. Esse modelo de gestão pública deveria orientar as organizações nessa transformação gerencial e, ao mesmo tempo, permitir avaliações comparativas de desempenho entre organizações públicas brasileiras e estrangeiras e mesmo com empresas e demais organizações do setor privado. O Modelo de Excelência em Gestão Pública - MEGP, adotado pelo Governo Federal do Brasil, é a representação de um sistema de gestão que visa aumentar a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações executadas. Tem por finalidade levar as organizações públicas brasileiras a padrões elevados de desempenho e de qualidade em gestão. É constituído por sete critérios que orientam a adoção de práticas de excelência em gestão, sendo o 6º critério relacionado a processos. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 15 Fonte: Brasil, MPOG (2007, apud BATISTA, 2007). Figura 3 - Representação gráfica dos elementos de gestão da organização Por essa razão, torna-se necessário gerenciar os processos na gestão pública, a fim de que esses sejam capazes de gerar produtos/serviços que atendam às necessidades e às expectativas dos cidadãos-usuários e de outras partes interessadas. Para prover a gestão pública de excelência, após uma série de iniciativas, o Governo Federal do Brasil, criou em 2005, o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - GesPública, que é uma política pública que visa a excelência dirigida ao cidadão, fundamentada na qualidade da gestão e dos serviços públicos, podendo ser aplicado em toda a administração pública, em todos os poderes e esferas do governo. O GesPública desenvolve e dissemina ferramentas de gestão que tem como objetivo dar apoio ao gerenciamento e à gestão do conhecimento, além de estimular o mapeamento, a disseminação e a incorporação de boas práticas na gestão, sendo elas: Carta de Serviços; Avaliação Continuada da Gestão Pública, Gestão de Processos; Guia “D” Simplificação; Indicadores de Gestão e Pesquisa de Satisfação (http://www.gespublica.gov.br/ferramentas/pasta.2010-04-26.2946656561). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 16 Dentre estas ferramentas de gestão, três estão voltadas para processos, que são: • Avaliação Continuada da Gestão Pública - verifica o grau de aderência de seus processos gerenciais em relação ao Modelo de Excelência em Gestão Pública, referencial do Programa Nacional da Gestão Pública e Desburocratização (Gespública); • Gestão de Processos - orienta a modelagem e a gestão de processos voltados ao alcance de resultados. A descrição envolve a reflexão acerca de características de validade dos produtos e serviços prestados, de referências (normas e conhecimentos) observadas, de recursos consumidos e dos insumos necessários à tomada de decisão com qualidade pelas pessoas e pelas instituições públicas. • Guia "d" Simplificação Administrativa - auxilia qualquer organização pública interessada em simplificar seus processos e normas, eliminando exigências de rotinas que geram fluxos desconexos na tramitação de documentos que não agregam valor ao serviço prestado pela organização e, por conseqüência, pelo Estado. Corroborando com este raciocínio, segundo Kanaane, et al. (2010), “para fazer uma gestão que possa reunir e integrar esforços que venham apresentar resultados, sugere-se a utilização da gestão por processos, que vai possibilitar conhecer, fazer funcionar, avaliar, controlar e melhorar continuamente os resultados dos processos nas organizações”. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 17 4 MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO O Ministério Público - MP é uma instituição permanente, essencial para a função jurisdicional do Estado. Está encarregado da defesa da ordem legal, do sistema democrático e dos direitos sociais e individuais indisponíveis (Artigo 127 da Constituição de 1988). Para executar estes objetivos, está concebida com uma estrutura independente e funciona com autonomia funcional administrativa e financeira. Seu papel principal é atuar como supervisor do Estado em favor da sociedade. Na sua atuação, o MP desempenha as seguintes funções: a) supervisionar o desempenho dos Poderes do Estado; b) assegurar a condição dos serviços públicos garantidos na Constituição de maneira eficiente e dentro dos prazos; c) promover o controle da legalidade das atividades de polícia para preservar os direitos humanos. É uma instituição que não está incluída em nenhum dos Três Poderes da República, sendo essencial ao poder de o Estado dizer o Direito, a qual lhe foi dada atribuições significativas para que os seus agentes (Procurador e Promotor de Justiça) pudessem exercê-las com independência e autonomia. A Constituição destina-o ao zelo dos mais graves interesses sociais, ora relacionados de modo indeterminado a toda a coletividade, ora a pessoas determinadas. Num caso ou no outro, porém, sempre age o Ministério Público em defesa do interesse social, observada a compatibilidade prevista no art. 129, inciso IX, da Constituição. O constituinte de 1988 reconheceu que a abertura democrática não dispensa uma institucionalidade forte, composta de agências regulatórias e de supervisão independente e que efetivamente possam promover e defender as liberdades públicas, os interesses difusos e coletivos, enfim, que assumam a promoção e a defesa dos direitos humanos. Nesse sentido é que se estruturou um novo Ministério Público do Brasil, cometendo-lhe, inclusive, o zelo pelo próprio regime democrático. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 18 O Ministério Público de Pernambuco – MPPE tem amplas possibilidades para agir em favor da sociedade na defesa dos seus interesses. Todavia, algumas das atividades assinaladas pela Constituição de 1988, por serem decorrentes da liberalização da economia, da reforma do Estado em busca de garantir boa governança, precisam do desenvolvimento de diferentes metodologias para apreender essa nova realidade e sobre ela atuar. Está estruturado em todo o Estado de Pernambuco, sendo a sua Sede situada na Capital e o restante do território do Estado dividido em 14 áreas denominadas de circunscrições ministeriais. Cada circunscrição é composta por um conjunto de comarcas (municípios), que são atendidos por Promotorias de Justiça de 1ª ou 2ª entrância. Os municípios do Estado estão classificados em 3 entrâncias, sendo a 3ª entrância a Capital (Recife) e as 1ª e 2ª entrâncias, as demais cidades. Os critérios que classificam um município como sendo de 1ª ou 2ª entrância estão relacionados no art. 11 do Código de Organização Judiciária do Estado de Pernambuco (Lei Complementar Estadual nº 100, de 21.11.2007). A Promotoria de Justiça objeto deste estudo é a Promotoria de Justiça de Olinda, cidade situada na Região Metropolitana do Recife, com uma população de 397.268 habitantes, de acordo com dados do IBGE, e um IDH de 0,792. O município conta com um efetivo de 23 promotores de Justiça e 14 servidores para atendimento de sua população, o que nos fornece a relação de 1 Promotor de Justiça para cada 17,25 mil habitantes e de 1 servidor para cada 28,38 mil habitantes. Além disso, funciona como Sede da 9ª Circunscrição Ministerial, oferecendo suporte administrativo a outros 7 municípios que compõem a circunscrição, a saber: Abreu e Lima, Araçoiaba, Goiana, Igarassu, Itamaracá, Itapissuma e Paulista. Neste contexto, e considerando as limitações orçamentárias existentes na Instituição, impõe-se a necessidade de estruturar a organização através de uma gestão por processos, permitindo identificar um conjunto de atividades capazes de gerar maior valor ao cidadão usuário dos serviços da organização, integrar e orientar para resultados as várias unidades organizacionais e desenvolver competências para a consecução dessas finalidades. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 19 4.1 Ferramentas Pernambuco de gestão organizacional no Ministério Público de O papel tradicional do Ministério Público de Pernambuco tem sido processar transgressores perante o Poder Judiciário na defesa do interesse público. Geralmente sua equipe trata de casos individuais sem uma visão holística e, em função da ausência ou carência quantitativa do quadro técnico especializado e da ausência de sistemas de informações adequados, não consegue examinar em profundidade as ligações e mesmo as causas determinantes dos problemas trazidos. Isto acarreta um aumento no volume de trabalho sem aferição do desempenho da instituição quanto ao alcance dos objetivos institucionais. Reconhecendo este problema, o Ministério Público de Pernambuco decidiu reverter essa situação e sistematizar o seu trabalho. Mas essa sistematização tem se deparado com limitações institucionais e operacionais, quais sejam: • Insuficiência de conhecimento sobre as suas várias áreas de atuação; • Inexistência de sistemas de informações gerenciais integrados; • Ausência de um banco de dados com informações relativas às atividades ministeriais, inclusive de outros Estados; • Ausência de um controle de mecanismos de gerenciamento; • Carência quantitativa de equipamentos de apoio e comunicação; • Ausência de intercâmbio de experiências com outras instituições nacionais e internacionais afins que promovam e defendam os direitos humanos; • Carência de capacidades técnicas que atendam às demandas das áreas fins, principalmente no que diz respeito à elaboração de documentos que sustentem os posicionamentos dos promotores, laudos, análise e produção de provas, emissão de pareceres técnicos, etc; Das ferramentas de gestão mencionadas anteriormente, a única em utilização na instituição é o Planejamento Estratégico. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 20 Utilizando a ferramenta desde 1999, atualmente o Ministério Público encontrase no seu 4º ciclo de Planejamento Estratégico (período 2009-2012). Desde o ciclo anterior (2005-2008), a metodologia adotada foi a do Balanced Scorecard - BSC. Criada por Kaplan e Norton, ela é um mecanismo para a implementação da estratégia, não para sua formulação. Assim, este modelo de gestão estratégica auxilia a mensuração do progresso das organizações rumo às suas metas de longo prazo, a partir da tradução da visão em objetivos, indicadores, metas e projetos estratégicos. Por meio do BSC, a estratégia é traduzida para um diagrama de causa e efeito chamado Mapa Estratégico. Este mapa é composto por: perspectivas, objetivos estratégicos e relações de causa e efeito. Partindo-se da premissa de que “o que não é medido não é gerenciado”, cada objetivo do mapa estratégico recebe pelo menos um indicador de desempenho, que por sua vez recebe metas de longo prazo. Portanto, o BSC trata de um conjunto de elementos que, simultaneamente, deixam a estratégia mais clara para a organização e possibilitam a sua gestão. Na definição original, o BSC é composto de 4 perspectivas, a saber: Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento. Contudo, a maioria das organizações governamentais enfrenta dificuldades com a arquitetura original do BSC, na qual a perspectiva financeira é colocada no topo da hierarquia. Todavia, para uma organização pública, os indicadores financeiros não demonstram se esta está cumprindo sua missão, e eles podem e devem ser adaptados para que a missão da organização seja destacada no nível mais alto do scorecard (KAPLAN; NORTON, 2000). Assim, no Ministério Público de Pernambuco, as 4 perspectivas originais do BSC foram convertidas em 3: Perspectiva 1 – Enfrentamento à Criminalidade, que trata das estratégias da Instituição para desenvolvimento de ações na atividade fim (Promotorias e Procuradorias de Justiça) para o combate à criminalidade; Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 21 Perspectiva 2 – Promoção e Defesa da Cidadania, que trata das estratégias da Instituição para desenvolvimento de ações na atividade fim (Promotorias e Procuradorias de Justiça) para as áreas: cível e de defesa da cidadania; Perspectiva 3 – Desenvolvimento Institucional, que diz respeito às estratégias da Instituição para ações de desenvolvimento da atividade administrativa do órgão. É no contexto da Perspectiva 3 que está previsto, no Objetivo Estratégico 1 – Otimizar os Processos Organizacionais, a implantação de gestão por processos no Ministério Público. 4.2 Análise do funcionamento de uma sede de Promotoria de Justiça de 2ª Entrância utilizando gestão por processos No presente trabalho, busca-se analisar os atuais processos de apoio à atividade ministerial no âmbito da Sede das Promotorias de Justiça de Olinda, escolhida como piloto, considerando que hoje não existe padronização para os processos existentes em uma Promotoria de Justiça no Ministério Público de Pernambuco. Neste contexto, é importante ressaltar que os processos hoje existentes em uma Promotoria de Justiça são enxergados como atividades isoladas, que possuem uma finalidade em si própria. Conclui-se, então, que a instituição ainda não compreende plenamente uma administração por processos e sua interligação com os diversos elementos organizacionais. Assim, mapear os processos existentes, da forma como são executados (modelagem “as is”) já é um primeiro passo para promover a compreensão do processo em si e dissociá-lo da simples idéia de um conjunto de atividades. Compreender que os processos têm que gerar valor para o cliente seja ele interno ou externo, permite que os atores nele envolvidos possuam uma maior clareza de propósito quanto à sua execução e quanto à melhor maneira de fazê-lo, procurando a melhor qualidade ao menor custo administrativo possível. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 22 Pode-se classificar os processos existentes em uma Promotoria de Justiça em dois tipos: os administrativos, objeto do nosso estudo, e os jurídicos. Para estes últimos, a Constituição Federal do Brasil e toda a legislação infraconstitucional determinam a maneira de fazer. Para os primeiros, os administrativos, é possível a intervenção na busca da prestação do serviço público de qualidade. De acordo com a classificação de processos feita pelo Ministério do Planejamento em Processos Finalísticos e Processos de apoio, pode-se considerar que em uma Promotoria de Justiça, os processos finalísticos são todos aqueles que entregam um produto a um cliente externo (cidadão, sociedade civil ou outros poderes). Os processos de apoio dizem respeito à atividade administrativa daquela unidade, comum a todos os demais setores da Instituição (material, transportes, informática, manutenção, etc). Estes, pela sua natureza mais simples e por serem utilizados em toda a Organização, já se encontram mapeados em diversos manuais de rotinas e procedimentos para setores diversos. Contudo, os processos finalísticos, que representam a prestação real de serviço do Ministério Público, não se encontram mapeados nem padronizados. Assim, considerando que existe uma carência significativa de Promotores de Justiça, implicando que cada um deles responda por até 4 (quatro) Promotorias de uma só vez, faz-se imprescindível a otimização dos procedimentos para assegurar uma prestação de serviço público de qualidade. Com esta finalidade, será realizada a modelagem e análise dos modelos atuais de processos presentes na Promotoria de Justiça de Olinda (modelagem “as is”). Identificou-se como processos finalísticos de uma Promotoria de: 1. Atendimento ao público; 2. Abertura de procedimentos com peças informativas; 3. Abertura de procedimentos com termo de ajustamento de conduta; 4. Tramitação de processos judiciais. Para cada processo analisado, foram levados em consideração os seguintes itens: • Componentes do processo: Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 23 o Definição o Requisitos básicos o Partes interessadas o Input o Output o Recursos Utilizados (pessoas, infra-estrutura, tecnologia, material) o Fluxo do processo, por escrito (descrição dos passos) e em forma de fluxograma; • Regras de negócio; • Gargalos do processo. 4.2.1 Processo 1 – Atendimento ao público Definição – É o processo de recepção e encaminhamento de demanda de pessoa natural ou jurídica que procura a Promotoria de Justiça. Requisitos básicos – existência de demanda. Partes interessadas –pessoa natural ou jurídica, advogados, organizações da sociedade civil. Input (entrada) - demanda do cidadão ou da sociedade civil. Output (saída) - resolução da demanda através da atuação do MPPE (quando cabível) ou encaminhamento ao órgão responsável. Recursos utilizados • Pessoas: um colaborador de apoio, que pode ser um servidor público (do próprio MPPE ou cedido de outro órgão/Prefeitura), recepcionista terceirizado; • Infraestrutura: uma sala de recepção ou sala do promotor; • Tecnologia: computador; • Material: impressora, papel e toner (ou cartuchos), além de material básico de escritório (canetas, lápis, clipes de papel, grampeadores, etc.). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 24 Fluxo do processo: descrição dos passos: Setor/Área Descrição dos Passos Recepção Receber cidadão Verificar se demanda pertence ao MP Se a demanda não pertencer ao MP, encaminhar o cidadão ao órgão competente Pertencendo ao MP, verifica se o cidadão pode ser atendido por servidor Se puder, toma a declaração do cidadão a termo, em formulário próprio Encaminha termo de declaração ao Promotor de Justiça Se o cidadão exigir o atendimento pelo Promotor, encaminha o mesmo para o Promotor responsável Promotor de Justiça Verifica se a demanda é, de fato, do MP Se demanda não pertencer ao MP, encaminhar o cidadão ao órgão competente Senão, realiza a atuação cabível Fonte: Os autores, 2010. Figura 4 - Fluxograma do processo de atendimento ao público Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 25 Regras do processo: • Não existem normativas específicas para o processo, no Ministério Público de Pernambuco. Gargalos do processo: • Falta de um setor de triagem, com um servidor com capacitação específica; • Não existência de controle geral dos atendimentos realizados na Promotoria de Justiça (todas as demandas, pertencentes ou não ao MPPE); • Falta de relação atualizada das instituições, com endereço para encaminhamentos; • Ao final da atuação ministerial, o cidadão não recebe nenhum tipo de comunicado informando-lhe do resultado do trabalho do Ministério Público; • Sala de atendimento do servidor inadequada. 4.2.2 Processo 2 – Abertura de procedimentos com peças informativas Definição: Processo de abertura e acompanhamento dos procedimentos administrativos destinados à Tutela Extrajudicial de Direitos Transindividuais, com as informações necessárias à instauração de inquérito civil ou procedimento de investigação preliminar, visando: promover a ação cabível, celebrar compromisso de ajustamento de conduta, expedir recomendação legal ou promover o respectivo arquivamento do mesmo. Requisitos Básicos: denúncia identificada e devidamente fundamentada. Partes Interessadas: promotorias, cidadão, sociedade, organização pública, pessoa jurídica. Fornecedor: pessoa natural ou jurídica, sociedade civil, organização pública, setor de comunicação. Input (entrada): Notícia de jornal, denúncia (verbal) que será reduzida a termo de declarações, denúncia por escrito, representação formulada por pessoa natural ou jurídica, abaixo assinados. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 26 Output (saída): Termo de Ajustamento de Conduta - TAC4, Ação Civil Pública - ACP5, Execução de título extrajudicial, Recomendação ou Arquivamento. Recursos Utilizados: • Pessoas: promotor, colaboradores de apoio; • Infraestrutura: Sala de apoio, Sala do Promotor, carro para notificação e inspeção in loco; • Tecnologia: computador; • Material: impressora, papel, toner (ou cartuchos), livro de protocolo, livro de controle de movimentação de processos, material básico de escritório (caneta, clipes de papel, pastas grampeador, perfurador, etc). Cliente: Poder Judiciário - no caso de abertura de ação civil pública; Partes interessadas - no caso de arquivamento da denúncia (representação, denúncia por escrito); Partes interessadas, Conselho Superior do MPPE–CSMP - no caso de Termo de Ajustamento de Conduta; Promotoria de Justiça e CSMP - no caso de execução de título extrajudicial; Secretaria Geral e Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça – CAOP – no caso de Recomendação; Corregedoria Geral do Ministério Público–CGMP – no caso de arquivamento. Fluxo do Processo - Descrição dos passos: Setor/Área Descrição dos Passos Promotor de Justiça Receber representação ou peça informativa Emitir cota no documento Verificar se a representação tem fundamento Se não tiver, decide pelo arquivamento Apoio da Promotoria Arquiva a representação em local apropriado 4 Termo de Ajustamento de Conduta - TAC - é um instrumento legal destinado a colher do causador de dano a interesses difusos e coletivos, um título executivo de obrigação de fazer e não fazer, mediante o qual, o responsável pelo dano assume o dever de adequar a sua conduta às exigências legais, sob pena de sanções fixadas no próprio termo. 5 Ação Civil Pública (ACP) – É o instrumento processual, previsto na Constituição Federal brasileira e em leis infraconstitucionais, de que podem se valer o Ministério Público e outras entidades legitimadas para a defesa de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 27 Comunica à parte interessada sobre o arquivamento Senão, realiza a atuação cabível Promotor de Justiça Se tiver fundamento, verifica se há elementos de prova suficientes Se não tiver, instaurar um Procedimento de Investigação Preliminar - PIP6 Se tiver elementos de prova suficientes, ou a depender do resultado do PIP, escolher entre um dos 5 (cinco) procedimentos seguintes: Inquérito Civil (1), Termo de Ajustamento de Conduta (2), Ação Civil Pública (3), Recomendação (4) ou Arquivamento (5) (1) Se instaurar um Inquérito Civil - IC7 Remeter cópia do IC para a Secretaria Geral para publicação no Diário Oficial do Estado - DOE Remeter cópia para o respectivo Centro de Apoio Operacional às Promotorias - CAOP A depender do resultado, determina a realização de qualquer um dos outros 4 procedimentos (TAC, ACP, Recomendação ou arquivamento) (2) Se realizar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), seguir os passos descritos no processo 3 (3) Se propuser uma Ação Civil Pública, remeter a ACP ao Poder Judiciário (4) Se expedir uma recomendação Remeter cópia da Recomendação para a Secretaria Geral para publicação no DOE Remeter cópia para o CAOP (5) Se decidir pelo arquivamento, remeter o processo para a Corregedoria Geral do Ministério Público. Quadro 1 - Fluxograma do processo: descrição dos passos 6 Procedimento de Investigação Preliminar (PIP) – É um procedimento administrativo investigatório instaurado, presidido e, se for o caso, arquivado pelo Ministério Público. Seu objetivo consiste em apurar elementos para identificação dos investigados ou do objeto, visando complementar informações que possam sediar providências resolutivas de caráter extrajudicial na tutela de interesses coletivos, difusos e individuais, homogêneos ou indisponíveis 7 Inquérito Civil (IC) - é um procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitivo, instaurado, presidido e, se for o caso, arquivado pelo Ministério Público. Seu objetivo consiste, basicamente, em coletar elementos de convicção para as atuações processuais ou extraprocessuais a cargo da instituição, notadamente a propositura da ação civil pública. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 28 Fonte: Os autores. Figura 5 - Fluxograma do processo de abertura de procedimentos com peças informativas Regras do Processo: • Resolução nº 02/2008 do CSMP; • RES-CNMP nº 023/2007. Gargalos do Processo: • Falta de uniformização dos procedimentos e rotinas referentes ao processo em estudo, nas várias promotorias que atuam na sede; • Falta de pessoal para alimentar as informações no Arquimedes; • Tecnologia inadequada. Processo 3 – Realização de termo de ajustamento de conduta Definição: Procedimento de abertura e acompanhamento da formalização, mediante termo, do compromisso do responsável quanto ao cumprimento das obrigações necessárias à tutela contra o dano a interesses difusos e coletivos. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 29 Requisitos Básicos: denúncia identificada e devidamente fundamentada. Partes Interessadas: Promotorias, cidadão, sociedade, organização pública, pessoa jurídica. Fornecedor: cidadão, sociedade civil, organização pública, setor de comunicação. Input (entrada): Notícia de jornal, denúncia (verbal) que será reduzida a termo de declarações, denúncia por escrito, representação formulada por pessoa natural ou jurídica, abaixo assinados. Output (saída): Termo de ajustamento de conduta, ação civil pública, execução de título extrajudicial. Recursos Utilizados • Pessoas: promotor, colaboradores de apoio; • Infraestrutura: Auditório, sala de audiências, sala do Promotor; • Tecnologia: computador; • Material: impressora, papel, toner (ou cartuchos), livro de protocolo, livro de controle de movimentação de processos, material básico de escritório (caneta, clipes de papel, pastas grampeador, perfurador, etc). Cliente: Poder Judiciário - no caso de instauração de Ação Civil Pública. Partes interessadas, Conselho Superior do MPPE – CSMP - no caso de Termo de ajustamento de conduta. Promotoria de Justiça e CSMP - no caso de execução de título extrajudicial. Setor/Área Descrição dos Passos Promotor de Justiça Realizar audiência pública para o ajustamento de conduta Verificar se houve o ajustamento Se não houve, remeter Ação Civil Pública para o Poder Judiciário Comunica a propositura da ACP para o Conselho Superior do Ministério Público Se houve ajustamento, encaminhar relatório para avaliação pelo corpo técnico Corpo técnico verifica se o objeto do TAC foi atendido Se sim, promover o arquivamento do TAC e comunicar ao Conselho Superior do MPPE Se não para as duas perguntas anteriores, remeter os autos para o Conselho Superior do MPPE, para revisão da Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 30 homologação do TAC Quadro 2 - Fluxo do Processo - Descrição dos passos • Fluxograma Fonte: Os autores, 2010. Figura 6 – Fluxograma da Realização de Termo de Ajustamento de Conduta Regras do Processo: • Resolução nº 02/2008 do CSMP; • RES-CNMP nº 023/2007. Gargalos do Processo: • Falta de uniformização dos procedimentos e rotinas referentes ao processo em estudo, nas várias promotorias que atuam na sede; • Falta de um sistema institucional de controle e acompanhamento do cumprimento do TAC • Tecnologia inadequada. Processo 4 – Acompanhamento de processos judiciais Definição: é um processo que trata do recebimento, registro e movimentação dos processos judiciais. Requisitos Básicos: peças (parecer, cota, alegação final, sentença), processos com vistas ao Ministério público, representação de menores presos. Partes Interessadas: TJ, Promotoria, partes interessadas, advogados. Fornecedor: Poder Judiciário. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 31 Input (entrada): Processos judiciais com vistas ao Ministério Público e representação de menores presos. Output (saída): Processos judiciais com atuação ministerial (parecer, cota, manifestação, petição, denúncia dos Promotores de Justiça, apelação8 ou contrarazão9). Recursos Utilizados • Pessoas: um colaborador de apoio (servidor, estagiário ou recepcionista terceirizado); • Infraestrutura: A recepção e uma sala de apoio na Sede da Promotoria de Olinda; • Tecnologia: computador; • Material: impressora, papel, toner (ou cartuchos), livro de protocolo, livro de controle de movimentação de processos, material básico de escritório (caneta, clips de papel, pastas grampeador, perfurador, etc). Cliente: Poder Judiciário. Setor/Área Descrição dos Passos Recepção receber o processo do poder judiciário verificar número e assinar a guia de remessa expedida pelo poder judiciário encaminhar para o núcleo de apoio Protocolo: receber o processo e lançar no livro de controle de movimentação de processos: número do processo, nome do autor, ação, data de entrada carimbar o processo com o registro de recebimento na última folha encaminhar para o Gabinete do Promotor Promotorias receber o processo possíveis atuações ministeriais: (cota, parecer, manifestação, petição, denúncia, apelação ou contra-razão) Devolver ao protocolo para expedição Protocolo receber o processo do Gabinete do Promotor 8 Apelação é o pedido de reexame de uma decisão judicial, para que seja promovida a reforma ou modificação, ou apenas a invalidação da sentença proferida. São previstos em lei, dirigidos ao mesmo órgão hierarquicamente superior, dentro do mesmo processo. 9 Contra-razão é a resposta a um recurso interposto. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 32 registrar no livro de controle de movimentação de processos: data de saída, nome do estagiário que lançou a informação e a peça (parecer, cota) carimbar o processo na última folha, registrando a remessa registrar no protocolo externo: nº do processo, ação, nome do autor, peça encaminhar ao órgão de Juízo da Comarca Quadro 3 - Fluxo do Processo - Descrição dos passos Fluxograma do Processo: Receber processo do Judiciário Encaminhar para o núcleo de apoio Protocolo recebe e lança no livro de controle Carimbar o processo com registro de recebimento Encaminhar para o Promotor de Justiça Promotor de Justiça realiza atuação ministerial Protocolo recebe o processo e registra atuação do Promotor Registra no protocolo externo Encaminha ao órgão de Juízo da comarca Fonte: Os autores, 2010. Figura 7 - Acompanhamento de Processos Judiciais Regras do Processo: • Código de Processo Civil; • Código de Processo Penal. Gargalos do Processo: • Falta de uniformização dos procedimentos referentes ao processo, nas várias promotorias que atuam na sede; • Setor de protocolo não tem um servidor responsável pela triagem, atuando Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 33 apenas estagiários; • Falta de pessoal para alimentar as informações no Arquimedes; • Rede lógica não funciona. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 34 5 CONCLUSÕES O presente trabalho permitiu uma abordagem dos conceitos de gestão organizacional, ferramentas de gestão no serviço público e gestão por processos, com vistas a analisar o funcionamento dos procedimentos administrativos de uma Promotoria de Justiça de 2ª entrância, utilizando gestão por processos. Considerando os fundamentos da gestão por processos elucidados no arcabouço do trabalho, verifica-se que atualmente, no Ministério Público, como em diversos órgãos públicos, a inexistência de uma gestão organizacional voltada a processos, além da carência de pessoal (promotores e servidores), implicam em um grande desperdício de energia que reflete na queda da qualidade do serviço prestado. Nesta linha de raciocínio, é imprescindível que suas unidades funcionem fundamentadas em princípios de racionalidade, modernidade e eficiência, considerando-se a escassez dos recursos orçamentários e financeiros. Neste contexto, a gestão por processos, por ser um instrumento eficaz na busca da satisfação dos clientes e do aperfeiçoamento contínuo da qualidade na prestação dos serviços, ajudará e facilitará o planejamento, a organização, a liderança e o controle de tudo o que é feito na Instituição, tornando mais fácil a comunicação e o trabalho entre as suas unidades permitindo, assim, que o Ministério Público promova melhorias e mudanças em níveis significativos. 5.1 Sugestões para trabalhos futuros Assim, no sentido de contribuir com a melhoria da qualidade dos serviços prestados nas promotorias de justiça de 2ª entrância do Ministério Público de Pernambuco, sugere-se que, baseado no mapeamento realizado dos processos como hoje são executados na Promotoria de Justiça de Olinda (modelagem “AS IS”), eles sejam individualmente, analisados, redesenhados e modelados de forma a corrigir, melhorar ou inovar os mesmos (modelagem “TO BE”), considerando-se o seu fluxo Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 35 (por escrito e para a melhoria na qualidade dos serviços fluxograma), os recursos que estes utilizarão, e um mapa de controle de riscos, com medidas preventivas e corretivas em caso de contingência. Todo este trabalho deve ser associado à criação de indicadores de desempenho, considerando os critérios de eficiência e eficácia, visando uma avaliação permanente do processo, e um manual de procedimentos que permitirá a disseminação do conhecimento e a real padronização e adoção dos modelos remodelados. A isto, deve se seguir um plano de implantação, considerando que não é fácil implementar a estrutura de gestão por processos, e esta deve se dar de forma gradual, a fim de permitir o sucesso de sua adoção. Não obstante, por ser a gestão por processos uma ferramenta voltada para resultados, uma variável a ser considerada no trabalho proposto é a integração constante dos processos com a estratégia organizacional. A melhoria do processo só tem sentido se servir para aperfeiçoar a organização de maneira coerente com a sua estratégia. Em suma, deve-se levar em consideração que este trabalho analisou apenas uma das sedes de promotorias de 2ª entrância, com suas características específicas. Ampliar o leque de unidades organizacionais deverá contribuir para troca de experiências exitosas e uma maior participação de todos os envolvidos, na busca da eficiência e eficácia no serviço prestado pelo Ministério Público de Pernambuco à população. Por fim, vale salientar que, por ser um assunto abrangente, o tema não se esgota na proposta acima, carecendo de estudos complementares. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.5, Jan. - Jul. 2012 36 REFERÊNCIAS ALDAY, Hernan E. Contreras. O planejamento estratégico dentro do conceito de Administração Pública. Revista FAE. Curitiba, v. 3, n. 2, p. 9-16, maio/ago. 2000. ALECIAN, Serge; FOUCHER, Dominique. Guia de gerenciamento no setor público. Rio de Janeiro: Revan; Brasília, DF: ENAP, 2001. ARAÚJO, Luis César G. de. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional: arquitetura organizacional, benchmarking, empowerment, gestão pela qualidade total, reengenharia. v. 1, 4. ed. 3. reimpr. 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