Água e Terra: Cenário Atual
e Perspectivas
Engenheiro Agrônomo Emílio Mouchrek
Assessor da Presidência do CREA-MG
Presidente da Sociedade Mineira de
Engenheiros Agrônomos – SMEA
• Caracterização Fisiográfica da Bacia Hidrográfica
do Rio Araçuaí
> Alto Jequitinhonha, entre os paralelos 16°40’LS e
18°20’LS e meridianos 41°50’LO e 43°25’LO.
> Área – 16.294km², equivalendo a 24% da bacia do Rio
Jequitinhonha, dentro de MG, e 2,7% da área total do
Estado.
> Localizada na Região Nordeste. O Rio Araçuaí
percorre 318km, entre serras e chapadas. É perene e
alguns de seus afluentes são intermitentes.
> Municípios integrantes (24):
- Angelândia
- ARAÇUAÍ
- Aricanduva
- Berilo
- Capelinha
- Chapada do Norte
- Carbonita
- Coluna
- Felício dos Santos
- Francisco Badaró
- Itamarandiba
- Jenipapo de Minas
- José Gonçalves de Minas
- Leme do Prado
- Malacacheta
- Minas Novas
- Novo Cruzeiro
- Rio Vermelho
- Sen. Modestino Gonçalves
- Setubinha
- São Gonçalo do Rio Preto
- Turmalina
- Veredinha
- Virgem da Lapa
• Hipsometria – As altitudes médias vão desde menos
de 400 até mais de 1200 metros.
• Ocupação da Bacia Hidrográfica
> A região entre Diamantina e Araçuaí é de ocupação mais
antiga. Indutores: Mineração e Agricultura de
Subsistência – baseada no trabalho escravo.
> Meados do século XX – Mineração começou a declinar.
Descendentes de escravos e comerciantes fixaram-se
em solos férteis, a beira de córregos e rios, dando origem
à estrutura fundiária baseada em cultura de
subsistência. A agricultura foi seguida pela pecuária
extensiva, contribuindo para o esgotamento dos solos.
> Final dos anos 60 e início dos anos 70 –
SILVICULTURA (eucalipto), nas áreas de chapada,
notadamente no alto curso do Rio Araçuaí.
> Incentivos fiscais e regularização das terras
devolutas – a CODEVALE estimulou empresas de
silvicultura (eucalipto), considerado a redenção
econômica da região, com mão-de-obra local
(plantio e corte).
> Final do século XX – substituição gradativa
da mão-de-obra pelas máquinas nos grandes
maciços – limitando a geração de emprego e a
distribuição de renda. Entretanto, é a atividade
mais expressiva de vários municípios.
> Eucalipto – utilizado para fazer carvão, que
alimenta indústrias siderúrgicas em regiões
externas à bacia. Portanto, não apresenta
significativa agregação de valor à atividade e,
consequentemente, contribui muito pouco para o
crescimento econômico regional.
 Caracterização Climática
• Estação mais quente: de outubro a março;
• Estação mais fria: de março a setembro;
• Temperatura média anual: 22,8ºC;
• Temperatura máxima anual: 28,6ºC;
• Temperatura mínima anual: 17,0ºC;
 Caracterização Climática
• Regime pluviométrico tropical – concentração
de chuvas no verão e seca no inverno;
• Precipitação média anual: 1.117,18mm;
• Novembro, dezembro e janeiro – 54,41% do
total;
• Período mais seco (maio a agosto): 5,11%
• Classificação de Köppen – clima Aw – tropical
com estação seca no inverno;
> Caracterização do Solo (EMATER, 1993 e EMBRAPA, 1999).
– Podzólicos Vermelho-Amarelo e Vermelho-Escuro
(Argissolos);
– Latossolos Amarelo, Vermelho-Amarelo e
Vermelho-Escuro (Latossolos);
– Cambissolos (Cambissolos);
– Litossolos (Neossolos);
> Caracterização de Solo (EMATER, 1993 e EMBRAPA, 1999).
Argissolos: Porções Central e Norte – 50% do território da
Bacia;
Latossolos: Parte da porção Central e as porções Leste e
Sudeste – 40% do território da Bacia;
Cambissolos: Pequenas extensões das porções Oeste,
Norte e Nordeste;
Neossolos: Pequenas extensões das porções Oeste,
Sudoeste e Leste;
• Aptidão do Solo
A aptidão agrícola é determinada pelo potencial de uso do
solo em relação às exigências das diversas culturas.
> Mais de 90% do território da Bacia possui Boa
Aptidão Agrícola, no nível de Manejo C, com tipo de
utilização indicada para culturas, anuais ou perenes,
notadamente os argissolos e os latossolos.
• Uso e Cobertura do Solo
> 69,97% de cobertura vegetal nativa – cerrado, campo
cerrado, florestas deciduais e semi-deciduais
• Caracterização de Águas Superficiais
> Gestão de Recursos Hídricos – conhecer as vazões
mínimas para aplicação do instrumento de outorga.
> Disponibilidade Hídrica – quantidade que se retira de
um manancial sem que se comprometa a flora e a fauna da
Bacia.
> Q7,10 – Vazão mínima de sete dias de duração e
período de retorno de dez anos.
> Desconformidade – Coliformes termotolerantes
(42,1%), com ocorrência de 46 e 54%, nos períodos seco e
chuvoso, respectivamente.
• Caracterização de Águas Superficiais
> Desconformidade – Cor alterada por esgoto
sanitário - curtumes e compostos inorgânicos,
principalmente óxidos de manganês e ferro.
> Desconformidade – Turbidez e Fósforo –
carreamento de sólidos em suspensão no período
chuvoso, bem como práticas agrícolas
inadequadas, presença de laticínios e
matadouros.
> IQA – Índice de Qualidade da Água
– Em Araçuaí: 50,7% de IQA muito ruim
37,8% de IQA ruim
– Causas: incremento de poluentes de
origem orgânica e fecal – atividades
pecuaristas, lançamento de esgotos,
laticínios, aumentando sobremaneira
coliformes termotolerantes.
• Cadastro Preliminar de Pontos de Água
Pontos d’água
Nascente/fonte natural
Poço amazonas/cisterna
Poços tubulares
TOTAL
Fonte: CPRM, 2005.
Quantidade
%
78
13,13
3
0,50
513
86,37
594
100,00
• Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM
(Emprego & Renda, Educação & Saúde).
• Ano 2006 – variando de 0 a 1
0 a 0,4  Baixo estágio de desenvolvimento
0,4 a 0,6  Desenvolvimento regular
0,6 a 0,8  Desenvolvimento moderado
0,8 a 1  Alto desenvolvimento
Carbonita: 0,6375 – 306º no ranking estadual;
Angelândia: 0,4450 – 841º no ranking estadual;
Os outros 22 municípios estão entre 0,4662
(Coluna – 825º) e São Gonçalo do Rio Preto
(0,6248 – 361º).
• Análise Comparativa: À época (2006), apenas 3
(três) municípios – Carbonita, São Gonçalo do Rio
Preto e Turmalina (0,5997) estavam entre os 500
primeiros municípios do Estado.
Observação
• A opção atual (2010) da bacia hidrográfica basear
seu desenvolvimento na Silvicultura (eucalipto)
merece investigações mais detalhadas sobre a
real capacidade de se apresentar como alternativa
válida para o seu desenvolvimento sustentável.
• Atividades Econômicas (2010):
– Ocupação do Solo
• Vegetação Nativa
• Agricultura Familiar
• Irrigação
• Pecuária em geral
• Silvicultura (eucalipto e pinus para carvão e
celulose)
 Agricultura – A maior parte é de cultivos
temporários – milho, feijão, arroz.
 Cana-de-açucar: para fabricação de cachaça;
 Culturas permanentes: Café - em Capelinha e
região;
• Atividades Econômicas (2010):
 Irrigação - 3 (três) projetos (2010):
 Calhauzinho (Araçuaí) – 930 ha. de culturas
irrigadas.
 Itira (Araçuaí) – jusante barragem de Irapé –
420 ha. de culturas irrigadas.
 Itaobim (Itaobim) – jusante da barragem de
Irapé – 800 ha. de culturas irrigadas.
• Definir e estruturar sistemas de produção
para o mercado
 Pecuária extensiva – Bovinos soltos nos
chapadões, atualmente ocupados por extensos
maciços de eucalipto (2010).
 Silvicultura – Maciços de eucalipto ocupando
vastas áreas de relevos tabulares, isto é,
cerrado substituído por eucalipto.
Áreas de Encosta e fundos de vales – pequenas
lavouras de milho, feijão ou pastagens para
pequenas criações de bovinos.
 Questões Fundiárias.
Reflexões e Conclusões
• Além das alternativas, já citadas, tem-se a
captação de água da chuva (cisternas), com os
seguintes objetivos:
– Uso imediato para culturas;
– Armazenagem para usos futuros (doméstico,
dessedentação animal, irrigação, aquicultura);
– Aumentar a recarga dos aquíferos;
Reflexões e Conclusões
• Programa do Governo Federal para a construção
de 1 milhão de cisternas (2010). Em 2007, já
existiam 1620 cisternas.
> Base Técnica: 1) Área mínima de telhados
residenciais: 40m².
2) Precipitações médias anuais: 500mm.
3) Cisterna de 16.000L – para atender, por 8
meses, o consumo doméstico de uma família de
até 6 (seis) pessoas.
Outorga de Direito de Uso de Águas
Subterrâneas
• Alternativa mais plausível para liberar águas de
melhor qualidade para uso mais nobre, como
abastecimento público.
 O uso estratégico da água subterrânea é o
procedimento mais adequado para utilização
cuidadosa desse recurso hídrico.
 Estimativa de uso de água na irrigação (2010):
 Base – Balanço Hidroclimático – em dados
disponíveis nas estações meteorológicas de
Itamarandiba – parte alta da bacia e de
Araçuaí – parte baixa da bacia
 Foram calculadas as necessidades hídricas
para cada método de irrigação, em cada mês
do ano, supondo-se que culturas perenes, ou
plantadas em sequência, sejam adotadas.
Cenário Progressista (2010)
• Encontrar equilíbrio e parceira das vertentes
Agronegócio e Agricultura Familiar.
• Agricultura Familiar estabelece simbiose com a
Silvicultura (eucalipto), oferecendo regionalmente
mão-de-obra nas épocas em que estão
disponíveis e são necessárias.
Cenário Progressista (2010)
– Estratégia Robusta (2010) – Programas:
• Agricultura Irrigada e Desenvolvimento
Regional Sustentável;
• Ampliação e acompanhamento da base de
conhecimentos sobre Recursos Hídricos;
• Desenvolvimento Tecnológico e Capacitação
Técnica;
Identidade Territorial
“SOU VALE, SOU VIDA, SOU COMEÇO, SOU PARTIDA
CADA DIA RENOVA A ESPERANÇA
NOS MOVIMENTOS , NO CANTO, NA DANÇA,
É O DESENVOLVIMENTO.”
Lia Queiroz – Casa da Juventude
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