DECA/CT/UFPB - Curso: Engenharia Civil - Semestre: 2015.1 DISCIPLINA: Tópicos em Engenharia I - Drenagem de Águas Pluviais Professor: Adriano Rolim da Paz www.ct.ufpb.br/~adrianorpaz UNIDADE 3 • Controle do escoamento na fonte AULA 17: Reservatórios de armazenamento no lote tc = 2,4 min Efeito do controle por armazenamento Lotes em áreas urbanas: Hidrograma de entrada Vazão • escoamento com tempo de concentração muito pequeno • tendência de hidrogramas com picos de vazão acentuados Hidrograma de saída Reservatório Alternativas de controle • infiltração • armazenamento Efeito do controle por armazenamento Tempo Efeito do controle por armazenamento Volume necessário para armazenamento Volume armazenado Fonte: IPH, 2005 Retardo do pico 1 Reservatórios distribuídos (microrreservatórios no lote) Nesta disciplina: reservatórios para controle do escoamento • telhados • estruturas de reservação construídas - geralmente • superfícies Para saber mais sobre reservatórios para aproveitamento de águas de chuva: enterrados São reservatórios abertos - áreas gramadas - áreas pavimentadas Finalidade: • amortecimento das vazões • aproveitamento de água para outros usos (opcional) - abastecimento de água - irrigação de jardim - lavagem de superfícies e automóveis Reservatórios abertos • Menor custo • Integração paisagística • Facilidade de manutenção Reservatórios enterrados • Maior custo (concreto ou alvenaria) • Não ocupação de espaço à superfície • Verificar disponibilidade do espaço abaixo do solo Podem receber contribuições: • escoamento superficial direto drenado pela área contribuinte • água captada por telhados e conduzida por tubulação • água de áreas impermeáveis drenada por tubulação Fonte: IPH (2005) Estudo interessante: Reservatório Fonte: Adaptado de Cruz (1998) Saída para a rede pluvial 1998 2 Vertedor de emergência Exemplo 1 de reservatório enterrado Laje de concreto Paredes de alvenaria Laje de concreto Entrada Tampa de inspeção Tampa de visita Entrada Descarregadores de fundo Descarregadores de fundo Exemplo 1 de reservatório enterrado Fonte: Cruz (1998) Fonte: Cruz (1998) Entrada Descarreg. de fundo Paredes laterais em alvenaria Exemplo 2 de reservatório enterrado Tubo de drenagem em concreto Fonte: Cruz (1998) Exemplo 3 de reservatório enterrado Tubos de drenagem de concreto como reservatórios: • Usual: 60 cm de diâmetro • Comprimento do reservatório múltiplo do tamanho de cada unidade (1 m) Fonte: Tassi, R. Efeito dos microrreservatórios de lote sobre a macrodrenagem urbana. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre-RS), 156 p., 2002. Restrições para uso dos microrreservatórios: • Disponibilidade de espaço livre (sobre ou abaixo da superfície) • Profundidade do lençol freático • Profundidade da rede coletora principal • Declividade dos lotes Concepção e dimensionamento com base em: • Vazão de pico e volume de escoamento que aporta ao reservatório • Volume do reservatório que permitirá atender à vazão de saída Fonte: Moura, P. M. Contribuição para a avaliação global de sistemas de drenagem urbana. Dissertação de Mestrado (Belo Horizonte-MG), 164 p., 2004. • Restrição da vazão máxima de saída da área Geralmente restrição por regulamento legal 3 ATENÇÃO Dimensionamento de reservatório para fins de aproveitamento de água de chuva Ou seja, dimensionamento para fins de controle do escoamento na fonte é função do grau de amortecimento nas vazões desejado (ou imposto) como critério de projeto Dimensionamento de reservatório para fins de controle do escoamento na fonte ≠ Hidrograma de entrada Hidrograma de saída Efeito do controle por armazenamento Q Condições de ordem prática • cota da rede pluvial • cota do terreno ent pico Volume necessário para armazenamento Nível do terreno Qsai pico • critério de projeto Coeficiente de abatimento = Q sai pico Q ent pico Qsai pico Rede pluvial pública • qual nível de controle desejado? • existe imposição legal do nível de controle? Dimensionamento Método simplificado de McCuen (1989) apud Tucci (1995) Condições de ordem prática • cota da rede pluvial Limitam cota do conduto de saída • cota do terreno (função da sua declividade e profundidade do reservatório). Limitam a profundidade de escavação. Altura do reservatório limitada ⇒ Se não existir limitação da cota ⇒ Determinar área necessária para atender ao volume requerido para o reservatório, atendendo altura máxima. Dimensões ajustadas conforme espaço, custos... Vazão Volume necessário para reservação Q ent pico Hidrograma de entrada • área entre os hidrogramas de entrada e saída Q sai pico ent Vres = Qent pico ⋅ t c ⋅ 60 ⋅ 1 − ent Q pico Vres: volume necessário para armazenamento Q sai pico Hidrograma de saída t ent c em minutos Q ent pico em m³/s Q sai pico em m³/s Vres t ent pico ent t sai pico t base t sai base em m³ Tempo 4 Onde: Dimensionamento t ent c Tempo de concentração da área de contribuição que gera o hidrograma de entrada para o reservatório Geralmente, adota-se: Vazão Vazão de pico do hidrograma de entrada para o Q ent pico reservatório Hidrograma posterior à ocupação Q ent pico pre − urb Qsai pico = Q pico ou Vres: volume necessário para armazenamento Vazão de pico do hidrograma de saída do Qsai pico reservatório Vres Volume necessário para o reservatório Q sai pico t ent pico Hidrograma anterior à ocupação: Vazão Vazão Hidrograma posterior à ocupação − urb Q pre = 0,278 ⋅ C e ⋅ i ⋅ A dren. pico Hidrograma anterior à ocupação ou segundo limite máximo permitido − urb Q pre pico (k >1) − urb Q pre pico Vazão de pico nas condições préurbanização (pré-ocupação) − urb Q pos pico Vazão de pico nas condições pósurbanização (pós-ocupação) t sai base ent t sai pico t base Tempo Intensidade referente à chuva com duração igual ao tempo de concentr. na condição anterior à urbanização t pre− urb • formato triangular • vazão de pico pode ser estimada pelo método racional − urb Q pos = 0,278 ⋅ Ce ⋅ i ⋅ A dren. pico − urb Q pos pico Coeficiente para condição posterior à urbanização pico Considera tempo de pico igual ao tempo de concentração e tempo de base igual ao tempo de pico − urb t pre pico pre − urb Q sai pico = k ⋅ Q pico Hidrograma posterior à ocupação: • formato triangular • vazão de pico pode ser estimada pelo método racional Coeficiente para condição anterior à urbanização pos − urb Q ent pico = Q pico − urb t pre Tempo base Método não considera o comportamento das estruturas extravasoras do reservatório • descarregador de fundo • vertedor de emergência Intensidade referente à chuva com duração igual ao tempo de concentr. na condição posterior à − urb urbanização t pos pico Considera tempo de pico igual ao tempo de concentração e tempo de base igual ao tempo de pico − urb t pos pico − urb t pos base Tempo Poderia ser considerado que: vazão de saída do reservatório = vazão do descarregador + de fundo MAS, vertedor deve ser considerado apenas como de emergência vazão pelo vertedor Descarregador de fundo deve atender à vazão máxima de saída do reservatório Extravasamento emergencial Fonte: Tassi (2002). Qmax de saída do reservatório Mas vários estudos realizados indicam que dimensionamento obtido por esse método é muito semelhante a procedimentos mais complexos. (Cruz et al., 1999. Estruturas de controle do escoamento urbano na microdrenagem. Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos) Fonte: Tassi (2002). 5 Dimensionamento do vertedor de emergência Parede delgada Parede espessa e< 2 ⋅ hv max 3 e≥ 2 ⋅ hv max 3 Vertedor deve ser dimensionado para uma chuva de Tr = 50 anos Segundo IPH (2005): Se adotar hvmax = 5 cm Parede delgada e < 3cm Parede espessa e ≥ 3cm e Qvert = 0,278 ⋅ Ce ⋅ i ⋅ A dren. hvmax área de drenagem [km²] Coeficiente Intensidade referente à para condição chuva com duração igual posterior à ao tempo de concentr. urbanização na condição posterior à urbanização, MAS PARA Tr = 50 ANOS [mm/h] Fonte: Tassi (2002). IPH (2005): Se não existirem contribuições externas, a área contribuinte for inferior a 1 ha (10000 m²) e a declividade média menor ou igual a 0,2 m/m, usar tc = 5 min. Parede delgada L vert = Descarregador de fundo na forma de orifício circular Qvert 2,95 ⋅ Cvert ⋅ hv max1,5 Adotar Cvert = 0,64 e hvmax = 5 cm Parede espessa L vert = Lvert em m Qvert em m³/s hvmax em m H Q vert Qdf = Cdf ⋅ A df ⋅ 2 ⋅ g ⋅ H Cdf: coeficiente de descarga para contabilizar as perdas (função do diâmetro e carga hidráulica) [-] Adf: área do descarregador de fundo [m²] g: aceleração da gravidade [m/s²] H: carga hidráulica [m] (lâmina d’água acima do eixo do orifício) Qdf: vazão de saída pelo descarregador [m³/s] 1,704 ⋅ Cvert ⋅ hv max1,5 Adotar Cvert = 0,86 e hvmax = 5 cm Carga hidráulica varia conforme nível d’água no reservatório Vazão máxima ocorrerá quando nível d’água máximo Descarregador em forma de orifício H=hres Cdf: coeficiente de descarga para contabilizar as perdas (função do diâmetro e carga hidráulica) Qdf = Cdf ⋅ A df ⋅ 2 ⋅ g ⋅ H e hvmax H Fonte: Tassi (2002). Referente à carga H máxima Vazão máxima é aquela máxima vazão de saída considerada no dimensionamento Q df = Q sai pico Fonte: Mello Porto (2001) apud Tassi (2002) Para trabalhar com tubos de diâmetros comerciais ausentes na tabela, pode-se obter os valores de Cdf por interpolação ou conseguir tabelas mais detalhadas. 6 Orifício circular: A df Exemplo: π ⋅ ddf 2 = 4 ddf: diâmetro do descarregador de fundo Como coeficiente do descarregador varia com o diâmetro, processo iterativo por tentativas para encontrar ddf 2 Qsai pico = C df ⋅ π ⋅ d df ⋅ 2⋅g⋅H 4 Simulações feitas por Genz (1994) Arbitra ddf, determina Cdf pela tabela, calcula parte direita da equação. Refaz até que resultado seja aproximadamente igual a Q sai , sem pico exceder. Dificuldade: diâmetros muito pequenos podem entupir facilmente demandando mais manutenção ou prejudicando funcionamento do reservatório. Exemplo: Simulações feitas por Genz (1994) Simulações do volume necessário do reservatório para controlar a ocupação de lotes hipotéticos em Porto Alegre (fonte: Cruz, 1998) Tr = 2 anos REFERÊNCIAS Exemplo Um lote de 10 x 30 m (declividade de 1%) está na condição de solo natural quase sem vegetação e vai ser urbanizado para a condição extrema de total impermeabilização do solo com pavimento de concreto impermeável e cobertura de telhado. Dimensione um reservatório enterrado para atender ao critério de que a vazão máxima de saída do lote na situação pós-ocupação seja igual à vazão máxima antes da ocupação, para Tr = 2 anos. Considere válida para a região a curva IDF abaixo. 0 ,167 843,3.TR i= (t + 7) 0, 745 t – duração (min) i – intensidade (mm/h) TR – tempo de retorno (anos) • Baptista, M.; Nascimento, N.; Barraud, S. Técnicas Compensatórias em Drenagem Urbana. Porto Alegre: ABRH, 318 p. 2ª ed., 2011. • Canholi, A.P. Drenagem Urbana e Controle de Enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 302 p., 2005. • Cruz, M. A. S. Controle do escoamento no lote com detenção. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental), Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 154 p., 1998. • Genz, F. 1994. Parâmetros para previsão e controle de cheias urbanas. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental), Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 184 p. • IPH, Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto Alegre – Manual de Drenagem Urbana, Porto Alegre: IPH/UFRGS, 223 p., 2005. 7 REFERÊNCIAS • Moura, P. M. Contribuição para a avaliação global de sistemas de drenagem urbana. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte-MG), 164 p., 2004. • Tassi, R. Efeito dos microrreservatórios de lote sobre a macrodrenagem urbana. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre-RS), 156 p., 2002. 8