Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A TÍTULO: Programa de Educação Ambiental “Minha Escola na SANASA” TEMA: Organização e Gestão dos Serviços de Saneamento: Educação Ambiental. AUTORES: 1 - Elisabete Boscolo Costa 2 - Ana Lúcia Floriano Rosa Vieira CURRICULO: 1 - Formação: Químico Industrial – Escola Superior de Química “Oswaldo Cruz” CRQ : 4252579 Cargo Atual: Assessora de Direção 2 - Formação: Tecnóloga Ambiental – Universidade São Marcos Cargo Atual: Assistente Administrativa RESPONSÁVEL PELA APRESENTAÇÃO ORAL Elisabete Boscolo Costa ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: Avenida da Saudade, 500 – Ponte Preta. CEP 13041-903 Campinas – SP Fone (0**19) 3735-5279 e-mail: [email protected] PALAVRAS-CHAVE: educação ambiental, água e tratamento. Declaramos concordar com as condições estabelecidas no Regulamento para Apresentação de Trabalhos Técnicos na 38ª Assembléia Nacional da ASSEMAE. ________________________ ________________________ Elisabete Boscolo Costa Ana Lúcia Floriano Rosa Vieira Assessora de Direção Assistente administrativa 0 1. INTRODUÇÃO A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado da população mundial e intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e faz do meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente. O homem começa a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e a importância da reformulação da suas práticas ambientais. Atualmente, o grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente. Neste cenário, a política das empresas de saneamento deve se voltar para um modelo de desenvolvimento sustentável, com propostas que asseguram uma gestão responsável dos recursos naturais do planeta, visando preservá-los para as gerações futuras, como também atender as necessidades de gerações atuais. É fundamental, hoje, compatibilizar práticas econômicas e conservacionistas, que tenham notadamente reflexos positivos junto à qualidade de vida de todos. A adoção de um programa de educação ambiental em uma empresa de saneamento significa disseminar interna e externamente as questões ambientais e soluções ambientalmente adequadas para o processo produtivo, atender as necessidades legais e enfatizar a preservação do equilíbrio ambiental. A implementação do Programa visa associar uma gestão empresarial preocupada com o bem estar da população na busca do equilíbrio entre a utilização, conservação e preservação dos recursos naturais, com a educação ambiental aplicada nas escolas onde, hoje, professores e alunos tornam-se os principais agentes de transformação e conservação ambiental. 2. OBJETIVO Este Programa de educação ambiental, aplicado para estudantes de todos os níveis de ensino, tem por objetivo a divulgação ampla de conceitos gerais, sobre a importância da conscientização em relação ao meio em que se vive e do recurso natural ÁGUA, seus usos múltiplos e sucessivos e particularmente os aspectos relacionados à saúde e à qualidade de vida da população, caracterizados pelos sistemas de abastecimento de água e de coleta, afastamento e tratamento de esgoto no Município. 1 3. METODOLOGIA O Programa foi concebido com o propósito de propiciar o contato direto de estudantes com todos os aspectos e etapas do sistema de tratamento de água e saneamento ambiental através de visitas às instalações administradas pela empresa, visando à conscientização sobre o uso racional da água. O Programa tem, ainda, o intuito de transmitir conhecimentos para esses alunos, que são moradores de um grande centro urbano, do espaço em que vivem, ou seja, motivar os alunos envolvidos a conhecerem o rio mais próximo de sua escola ou a micro-bacia hidrográfica onde estão suas residências, por meio de visitas em campo e do material didático apropriado, fundado na realidade local. O material didático específico, utilizado no Programa, foi pensado e produzido por especialistas, a partir da experiência prática dos profissionais da empresa, sendo outro diferencial do projeto. Os livros e demais materiais didáticos tradicionais usados nas escolas brasileiras, muitas vezes produzidos em grande escala, geralmente não consideram as grandes disparidades regionais existentes no país. Tais materiais didáticos não levam em conta a realidade local dos alunos em termos históricos, geográficos ou biológicos. Objetivamente, os alunos que se utilizam de materiais didáticos genéricos e padronizados ficam sabendo, por exemplo, dos nomes dos grandes rios, do Brasil ou de outros países, mas não recebem informações sobre o córrego situado ao lado da escola ou no bairro em que moram. O impacto negativo dessa não identificação da criança e do adolescente com a sua realidade concreta é evidente, em termos da própria edificação do conceito de cidadania e do necessário amor e zelo pelos impressionantes recursos naturais existentes em nosso país, líder mundial de biodiversidade e de recursos hídricos. 2 4. DESENVOLVIMENTO Neste sentido, a Empresa deu início no ano de 2001, a um programa educacional envolvendo escolas das redes de ensino municipal, estadual e particular de Campinas, dispondo para tal uma equipe técnica, do seu próprio quadro de funcionários, de suas instalações operacionais, de um ônibus personalizado (Foto 1) e de dois grupos de teatro terceirizados. Foto 1 4.1. Condições operacionais do programa: A escola ou instituição interessada no programa de educação ambiental deve encaminhar a ficha de inscrição em papel timbrado da escola e enviá-la por e-mail ou para o endereço da empresa. São de responsabilidade da escola a aprovação e autorização dos pais dos alunos (menores de idade) para a participação dos filhos no programa. 3 A empresa atende às inscrições por ordem cronológica de solicitação, dando prioridade para as escolas que ainda não tiveram a oportunidade de propiciar visitas de seus alunos às suas dependências nos anos anteriores. 4.2. Caracterização do Programa: O programa foi dividido de acordo com a faixa etária dos alunos. • Para os alunos da pré-escola (de 02 a 06 anos): a Empresa leva às escolas uma peça de teatro com bonecos mamulengos, intitulada “ETA esponja e ETE esfregão” enfatizando os temas sobre o ciclo e o desperdício da água (Foto2). Foto 2 • Para os alunos do ensino fundamental (de 1a a 4a séries): a Empresa leva às escolas um teatro de artistas com a peça “Os amigos de Julinho e a economia de Água”. Os artistas interagem com as crianças estimulando as mudanças de hábitos referentes ao desperdício da água e a adequada disposição de lixo doméstico (Foto 3). 4 Foto 3 • Para os alunos dos ensinos fundamental (5a a 8a séries), médio e superior, estudantes de cursos supletivos (adultos em fase de alfabetização), professores e monitores da rede de ensino, o programa é realizado com visitas técnicas às instalações de captações e Estações de Tratamento de Água, visando o conhecimento das diversas etapas do tratamento. Para esta divisão do projeto, a empresa disponibiliza um ônibus para o transporte dos alunos, por grupo de 36 (trinta e seis) por visita, acompanhados de professores da escola e técnicos da Empresa às suas dependências (Fotos 4 e 5). As visitas técnicas às instalações operacionais, compreendem: 1. Etapas do setor de captação: - Manancial - Setor de gradeamento - Tanques desarenadores - Poços de sucção - Casa de bombas - Adutoras de água bruta 5 2. Etapas da estação de tratamento: - Setor de adição de carvão ativado - Pré-cloração - Setor de clarificação da água - Decantação - Filtração - Pós cloração - Flúor - Reservatório final de água tratada Foto 4 6 Foto 5 Para cada unidade escolar e série agendada, o Programa atende de maneira adequada ao grau de escolaridade. Atualmente, devido ao porte do município e o imenso número de escolas, a empresa determina que cada escola deva participar com uma única série (mesmo que os alunos desta estejam distribuídos em várias classes e em períodos distintos). Desta forma consegue-se atingir a escola como um todo com a repetição do Programa ao longo dos anos. Na opinião dos professores, as disciplinas Biologia, Ciências e Geografia são mais adequadas para abordar Educação Ambiental. Portanto, sugere-se que os professores dessas disciplinas acompanhem os alunos nas visitas técnicas efetuadas e possam dar continuidade ao projeto, em suas salas de aula. Após as apresentações das peças teatrais e da visita técnica é distribuído material didático. 7 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES No período de 2001 a 2007, o programa atendeu a diversas instituições de ensino, públicas e privadas, da região, propiciando aos alunos e professores 25.000 visitas técnicas à mananciais, captações de água e estações de tratamento. Foram atendidos 120.000 alunos da educação infantil com as apresentações do teatro. Ampliações do Projeto (a partir de 2007): - visitas técnicas às instalações da empresa, somente com professores e monitores de pré- escolas da região, com o objetivo de torná-los multiplicadores de informações e conhecimentos adquiridos, capacitando-os na realização de projetos interdisciplinares com as crianças, baseados no respeito e cuidado com a água, em seus espaços de vivência. - visitas técnicas às instalações da empresa, com alunos em fase de alfabetização (cursos supletivos), moradores de áreas periféricas da região. Essas visitas objetivam a transmissão de informações e conhecimentos a esses alunos, de quais são os mananciais que abastecem suas casas, a qualidade ambiental e o caminho das águas nos mesmos e no sistema de saneamento básico, conscientizando-os da necessidade do uso racional da água e da preservação do ambiente em que vivem, para garantir a sustentabilidade do abastecimento. 6. CONCLUSÕES O corpo d’água é a matéria prima utilizada para o abastecimento público, portanto é de fundamental importância implementar ações que favoreçam a sustentabilidade desse recurso. A Educação Ambiental, que no Brasil é regulada pela Política Nacional da Educação Ambiental (PNEA), instituída pela lei nº. 9795, de abril de 1999, contempla este enfoque. O processo de educação ambiental apresenta inúmeras facetas. Uma mesma ação pode assumir diferentes significados dependendo da profundidade com que é tratada e, no caso, o foco valoriza a difusão de conhecimentos sobre os problemas ambientais e a importância da mudança de hábitos que colaborem para a solução e equilíbrio do meio. 8 O Programa de educação ambiental adotado promove o diálogo entre a arte, ciência e educação, unindo as esferas do racional e emocional no processo de aprendizagem. Da mesma forma, resgata a inserção do homem na natureza, posicionando-o como parte do “meioambiente”. As visitas possibilitam o aprendizado sobre o tratamento, a observação das condições ambientais do corpo d’água e da mata ciliar, além da natureza que o permeia. As apresentações teatrais levam de forma lúdica, informações e atitudes que efetivamente contribuem para a formação de um cidadão ambientalmente correto. Desta forma, é conhecendo e sentindo sua realidade, que o vínculo com a mesma se torna mais forte, e através desta exploração, portando-se de maneira crítica em relação ao meio é que surge o verdadeiro sentido do trabalho. Embora o programa tenha sido elaborado para o público estudantil, outros departamentos da empresa, professores e entidades de diversos segmentos buscam ser atendidos por esta atividade, além de solicitarem material didático, o qual propicia diferentes usos e aplicabilidades. A educação ambiental defendida é uma prática transformadora da realidade a partir da transformação das pessoas, um intercâmbio onde educador e educando são personagens presentes em cada participante do processo. O indivíduo deve se sentir parte do problema e enxergar os caminhos que o tornam parte da solução. A partir da informação e sensibilização, é estabelecida uma ligação do racional e emocional que une o ator à sua causa muito mais significativamente do que regras e imposições externas. É importante salientar a importância da educação ambiental nas escolas de ensino fundamental, médio e superior, informando e orientando os alunos, de modo que os mesmos sejam os multiplicadores das informações recebidas. O grande número de pessoas atendidas possibilita uma dinâmica promissora na formação de um cidadão ambientalmente correto. A participação dos professores contribui para que o trabalho tenha continuidade e haja uma conscientização da necessidade da mudança de atitude em relação à conservação e preservação dos recursos naturais. 9 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BRAGA, A.R.; GRABHER, C.; LAHÓZ, F.C.C.; GOTARDI, K.R. Educação Ambiental para Gestão dos Recursos Hídricos – Livro de Orientação ao Educador. São Paulo, CONSÓRCIO Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. 2002. • BRANCO, S. M. Ecologia na Cidade. São Paulo: Moderna, 2003 • BRANCO, S. M. Poluição: a morte de nossos rios. São Paulo: ASCETESB, 1983. • BRANCO, S. M. Água – Origem, Uso e Preservação. São Paulo: Moderna, 2003. • Dias, Genebaldo F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 5ª. ed.São Paulo:Gais, 1988. 10