PROFISSÃO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: UM ESTUDO
SOBRE O PERFIL DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA
EM MATEMÁTICA – UEPB – MONTEIRO – PB.
Cícero Félix da Silva
Universidade Estadual da Paraíba – Campus Monteiro
[email protected]
José Luiz Cavalcante
Universidade Estadual da Paraíba - Campus Monteiro
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo é analisar qual o perfil dos alunos recém-chegados no Curso de
Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual da Paraíba no Campus Monteiro – PB.
Ao traçar esse perfil a pretensão é investigar quais as suas motivações para ingressar numa
formação para docência em Matemática. Os números sobre o ingresso no superior mostram que
o interesse por cursos de licenciatura vem diminuindo, embora muitas vezes haja um número
razoável na entrada, os números de evasão às vezes chegam a 60% ou mais, especialmente nas
licenciaturas em ciências exatas. Em contraste a essa realidade temos no país segundo
Ministério da Educação um déficit de professores na área de exatas. Essa realidade não é
diferente no Curso de Licenciatura em Matemática ofertado, no entanto, ao vivenciarmos
experiências curriculares como Programas de Iniciação a Docência, (PIBID-UEPB-CAPES)
percebemos o interesses de muitos alunos em concluir sua licenciatura. Nesse sentido, passamos
a fazer a indagações sobre o perfil dos alunos admitidos no Curso de Licenciatura em
Matemática e as razões para escolha do Curso. Com esse estudo esperamos contribuir para
minimizar as situações de evasão no Curso. Para conhecer esse perfil utilizamos uma
metodologia quantitativa-qualitativa através de um questionário aplicado em uma turma de
ingressantes no Curso de Licenciatura em Matemática para a coleta de dados a fim de perceber
o que esses alunos esperam e o que lhes motivaram a escolher esse curso. A partir da pesquisa
os resultados que encontramos foram expressivos diante de uma turma bem numerosa, onde a
maioria está satisfeita com o curso e que cerca de 90% pretendem continuar cursando o curso de
matemática, isso indica que há necessidade de garantir e estimular a permanência desses alunos.
Palavras-chave: Licenciatura em Matemática, Formação Profissional Docente,
Formação inicial de professores.
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A realidade do Curso de Licenciatura em Matemática do Campus VI da
Universidade Estadual da Paraíba não é diferente de uma parte considerável de
licenciaturas em Matemática do nosso País. Como estudantes e formadores observamos
problemas quando se refere ao abandono por parte dos alunos que ingressam no curso
de Licenciatura Matemática oferecido pela instituição. Percebemos que existem turmas
onde há apenas 2 alunos e isso é preocupante para a estrutura e funcionamento do curso,
precisamos investigar os motivos que estão levando os alunos a desistir do curso mesmo
antes de ser concluído os primeiros períodos.
Para elaboração deste trabalho, foi realizada uma pesquisa quantitativaqualitativa, com a finalidade de encontrar os motivos pelos quais os estudantes
ingressantes optaram pelo curso de Licenciatura em Matemática. A pesquisa foi
realizada em uma turma de primeiro período que contam com um número bem
considerável de alunos.
A partir dessa pesquisa será feito uma análise dos dados coletados sobre os
motivos que levam os alunos a escolherem o curso de Matemática da UEPB e sobre as
suas perspectivas que esperam alcançar no decorrer dos anos na licenciatura.
De acordo com Gatti et al (2009) as razões para a escolha da profissão, podem
estar ligadas a diversos fatores, da mesma forma que a “não escolha”. O fortalecimento
da identidade do profissional docente pode ser uma forma motivar a permanência desses
alunos no Curso evitando a evasão.
O objetivo deste estudo é analisar qual o perfil dos alunos recém-chegados no
Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual da Paraíba no Campus
Monteiro – PB. Ao traçar esse perfil a pretensão é investigar quais as suas motivações
para ingressar numa formação para docência em Matemática. Também pretendemos
com essa pesquisa identificar nos alunos se os mesmo pretendem ou não continuar no
curso.
Após primeiro período da Educação em nosso país, marcado pela presença dos
Jesuítas. O ensino da Matemática no Brasil toma visibilidade mais concretamente logo
após a chegada da família real, tendo em vista a preocupação do ensino da realeza. Em
1810 foi criado o Curso de Matemática real da Academia Militar no Rio de Janeiro, o
primeiro no país (Castro, 1992).
No século XIX o ensino de Matemática tinha pouco enfoque, as escolas da
época davam maior ênfase ao artesanato, leitura, arte e música. Somente no final do
século para o início do século XX houve uma maior motivação para as pesquisas
Matemáticas (D’Ambrosio, 1986).
Lopes (2009) destaca a importância de, ainda na formação inicial, serem
apresentados elementos aos futuros professores que ensinam matemática que lhes
permitam articular teoria e prática. Na sua perspectiva, teoria e prática representam
pontos a serem trabalhados de forma concomitante, com o objetivo de oferecer uma
formação ao futuro educador matemático subsídios que lhe permitam exercer a prática,
amparado pela teoria.
Já de acordo com Floriani (2002), os licenciados são levados a buscar outras
áreas que lhes proporcionem uma renda mensal mais atrativa, isso pode muitas vezes ser
um dos motivos que os alunos desistam antes mesmo de encontrar o desejo pela
profissão.
Pesquisadores defendem que a diminuição na escolha pelo curso de Matemática
deve-se ao fato dos alunos terem a concepção que essa ciência é considerada entre todas
as disciplinas a mais complicada e de difícil aprendizado, e os alunos desde os anos
iniciais encaram a matemática de uma maneira tradicional e distanciada da sua
realidade. A aversão pela Matemática é fruto decorrente de fatores psicológicos e
intelectuais, efeitos este causadores da baixa auto-estima e fraco desempenho do aluno
(Dal Vesco, 2002).
METODOLOGIA
Para composição da pesquisa utilizamos um referencial qualitativo, de acordo
com Bogdan e Biklen (1994), de acordo com estes autores a pesquisa qualitativa está
interessada em conhecer intimamente uma realidade tendo, como principal instrumento
de coleta de dados o próprio pesquisador. Ainda sobre a pesquisa qualitativa os autores
afirmam que ele pode se utilizar de instrumentos quantitativos, como gráficos, tabelas e
questionários fechados. Dessa forma, preferimos qualificar a pesquisa como
quantitativa-qualitativa. A pesquisa foi realizada em duas etapas, na primeira
preparamos e aplicamos o questionário com a turma e na segunda, procedemos com
processo de análise.
Aplicamos o questionário com a turma do primeiro período noturno do curso de
licenciatura em matemática (2015.1). Nessa turma há atualmente 35 alunos, a entrega e
aplicação foram aleatórias, isto é, escolhemos um dia da semana, aplicamos o
questionário com os alunos presentes naquele dia.
O questionário que foi aplicado era composto por 5 questões de múltipla
escolha, aonde o aluno deveria responder apenas uma das alternativas que estavam a sua
disposição. A seguir mostraremos o questionário que foi aplicado na turma.
As perguntas foram aplicadas para 32 alunos durante 10 minutos, explicamos
para os alunos do que se tratava a pesquisa e pedimos permissão ao professor, que no
momento estava ministrando aula para a turma, para que pudéssemos aplicar a nossa
pesquisa. Os alunos não apresentaram dúvidas quanto ao questionário e responderam
todas as perguntas.
Depois de feito a aplicação do questionário iríamos se dedicar à coleta dos dados
para que em seguida nos preocupássemos com a apuração desses dados, logo em
seguida de ter feito o processamento dos dados obtidos se deu a exposição dos dados em
gráficos para que pudéssemos analisar as respostas dadas pelos alunos chegando assim
aos nossos resultados.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Depois do criterioso processo de apuração dos dados chegamos aos nossos
resultados, através da pesquisa que aplicamos na turma.
A primeira pergunta foi feita para que os alunos relatassem o que motivou a
escolha pelo o Curso de Licenciatura em Matemática.
Com relação a essa pergunta podemos comprovar que a maioria dos alunos tem
afinidade com a disciplina de matemática desde o ensino médio e isso determinou a
escolha pelo curso.
A partir da figura também foi possível observar que poucos alunos optaram
pelas outras opções, e isso revela que a maioria já tinha desejo pela a matemática desde
os anos anteriores. E isso nos mostra que o motivo dentre a maioria dos alunos é que a
escolha pelo o curso se deu pela a matemática ensinada lá no ensino médio.
Já com relação à segunda e a terceira pergunta do questionário percebemos que
foi comprovado pelos dados obtidos que 84% dos alunos afirmam em ter a vocação para
ensinar, mas isso é comprometido pois quando foi perguntado se os alunos sempre
pensaram em cursar a licenciatura em matemática o quadro muda e 59% respondem que
não pensava em fazer matemática. Podemos ver essas informações graficamente como
mostra as figuras 2 e 3.
No que se refere às duas últimas perguntas que foram investigadas sobre o que
os alunos do primeiro período do curso de matemática estão achando sobre o que o
curso está oferecendo nesse inicio e diagnosticar se eles pretendem ir até o final e foi
possível perceber que a maioria afirma que sim, as expectativas diante do curso estão
sendo supridas e os mesmos pretendem ir até o final.
Diante desses dados obtidos relatamos que os alunos em sua maioria escolheram
o curso de matemática por afinidade e que os mesmos apresentam uma opinião
formulada sobre a docência em matemática.
Foi notório que mais da metade dos alunos, antes de entrarem na universidade
não apresentavam o desejo para o curso de licenciatura em Matemática e que esses
alunos demonstram que querem ir até o fim do curso, mostrando uma opinião
satisfatória para a nossa pesquisa.
Isso comprova as questões levantadas por Gatti et al (2009) sobre a importância
de programas e estratégias que possam manter os alunos no Curso de Licenciatura e
descobrir suas aptidões para a docência.
CONCLUSÃO
Os resultados foram surpreendentes para nós, pois acreditávamos que boa parte
dos sujeitos tinha outras razões para estar no Curso de Licenciatura, porém como
observamos a maioria está lá por afinidade com a Matemática, e tem uma predisposição
para o ensino.
Alguns de nós só descobrimos esse desejo e afinidade com o passar do Curso e
também em experiências de iniciação à docência no PIBID-UEPB-CAPES. No entanto,
alguns questionamentos surgem e que indicam possibilidades para estudos futuros: se a
evasão não está relacionada com a motivação para escolha, quais razão a turmas de 35
alunos chegaram ao final do curso somente com 2 ou 3 alunos? Como estarão esses
alunos no 2º Período, quantos realmente vão seguir a diante? O que a universidade pode
efetivamente fazer para permanência desses alunos. Essas questões poderão ser
investigadas em estudos futuros.
Esperamos ter contribuído para o debate ao mostrar que muitos alunos que
ingressam na licenciatura de Matemática, o fazem por escolha própria e por afinidade
com a Matemática.
REFERÊNCIAS
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução
à teoria e aos métodos. Tradução Maria João Alvarez, Sara Bahia dos Santos e Telmo
Mourinho Baptista. Porto: Porto Editora, 1994.
CASTRO, F.M. de Oliveira; A matemática no Brasil. Campinas, SP: ed. UNICAMP,
1992.
D’AMBROSIO, Ubiratan: Da realidade a ação. Reflexão sobre a educação e
matemática. 5. ed.são Paulo. Summus editorial, 1986.
DAL VESCO, Álida Argenta. Alfabetização matemática e as fontes de estresse no
estudante. RS. ed.UPF, 2002.
FLORIANI, José Valdir. Professor e pesquisador: exemplificação apoiada na
Matemática. 2. ed. Blumenau: Furb, 2000. 142 p.
GATTI, B. A.; TARTUCE, G. L. B. P.; NUNES, M. M. R.; ALMEIDA, P. C. A.
Atratividade da Carreira Docente no Brasil. Fundação Carlos Chagas – Relatório
preliminar. São Paulo. 2009. Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/pdf/relatorio-final-atratividade-carreira-docente.pdf
Acesso em: 19 de maio de 2015.
LOPES, Anemari R.L.V. Aprendizagem da docência em matemática: o Clube de
Matemática como espaço de formação inicial de professores. Passo Fundo: Editora
UPF, 2009.
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