Espiritualidade
do Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas
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Contribuição...
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Mais que uma definição do que seja o Câmbio Sistêmico
ou Mudança de Estruturas, proponho uma breve
meditação...
O objetivo desta meditação é redescobrir a dimensão
espiritual contida na metodologia de mudança sistêmica,
que não é apenas uma estratégia de trabalho, mas
também uma dimensão espiritual, um ato de fé que está
na base de tudo, se queremos realmente viver a
dimensão evangélica e, mais especificamente, a
dimensão Vicentina.
Desenvolverei esta Meditação em nove pontos:
1. Que significa Espiritualidade?
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2. Como se caracteriza a Espiritualidade Cristã?
3. Qual é a especificidade da Espiritualidade Vicentina?
4. Qual a relação entre Espiritualidade e Mudança Sistêmica // Mudança de
Estruturas ?
5. É possível compreender Câmbio Sistêmico como um “Ministério”?
6. É possível aceitar a Mudança Sistêmica // Mudança de Estruturas sem
uma conversão pessoal?
7. Mudança Sistêmica // Mudança de Estruturas pode ser uma nova forma
de Evangelização?
8. Qual é a relação entre Mudança Sistêmica // Mudança de Estruturas e o
Reino de Deus?
9. O que Mudança Sistêmica // Mudança de Estruturas pode acrescentar
naquilo que sempre fizemos como Vicentinos e Vicentinas?
O que significa 1.Espiritualidade?
Que significa Espiritualidade?
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É muito conhecida a frase de Vicente de Paulo, “Dê-me uma pessoa de
oração e ela será capaz de qualquer coisa”.
No entanto, sabemos que a “espiritualidade” é mais do que a oração.
A espiritualidade é uma energia interior, uma força revigorante: é uma
força que puxa, que instrui, orienta e sustenta o nosso ser e agir.
Espiritualidade é o dinamismo de nossa vida.
Ela se manifesta por meio da linguagem de palavras, por meio de
obras, relacionamentos... Em poucas palavras, é a totalidade de uma
pessoa: o que ela pensa, o que ela ama, o que ela faz...
2. Qual é a espiritualidade cristã?
Espiritualidade cristã é aquela que
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emerge da pessoa de Jesus Cristo.
Nos Evangelhos Jesus é apresentado
com muitas faces: - Pregador; Mestre; - Libertador; - Servo
Sofredor; - Médico; - Filho de Deus; -
Profeta; - Novo Adão; - Salvador; Evangelizador dos Pobres.
Entre todos esses rostos, podemos
dizer que no coração da
espiritualidade vicentina está Jesus
Cristo, o Evangelizador dos Pobres.
3. Espiritualidade Vicentina
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Entre todos esses rostos, podemos dizer que no coração
da espiritualidade vicentina está Jesus Cristo, o
Evangelizador dos Pobres.
Vicentinos e Vicentinas continuam a missão de Cristo na
evangelização e no serviço dos Pobres.
Em cada ramo da Família Vicentina ressalta a
característica de Jesus Cristo como evangelizador dos
Pobres.
Peculiaridade da Espiritualidade Vicentina
Na verdade, em todas as religiões, há a exortação para a
prática da Caridade.
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O que é específico na Espiritualidade Vicentina é que a
ação e contemplação estão interligadas uma com a outra,
são os dois lados de uma mesma moeda.
A principal característica da espiritualidade vicentina é:
Ter um “amor afetivo e efetivo” – Não se trata de uma
espiritualidade desencarnada, mas intimamente dirigida à
ação.
Espiritualidade Vicentina
A Espiritualidade Vicentina é a experiência de
Cristo na atividade caritativa; é caridade na
mesma experiência de Cristo; é o amor indiviso
a Deus e ao próximo. Em outras palavras, é um
total equilíbrio entre a dimensão horizontal e a
dimensão vertical.
Esta foi a experiência pessoal de São Vicente de Paulo. Vicente de
Paulo reconhece o Cristo no Pobre... Cristo se revela, como neste
quadro, ao acolher os Pobres, em nossa comunhão de vida (aqui
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representado pela mesa comum).
Em cada Pobre que Vicente de Paulo encontrava
ele amava e honrava nosso Senhor Jesus Cristo.
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Foi por isso que ele dedicou toda a sua vida ao
serviço dos Pobres.
4. O que tem a ver a Espiritualidade Vicentina com o
Câmbio Sistêmico / Mudança de Estruturas?
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Pode parecer um pouco estranho fazer uma
abordagem da espiritualidade dentro do método
de Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas.
Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas
parece ser uma perspectiva sociológica para
abordar a questão da pobreza e serviço dos
Pobres e não uma perspectiva espiritual.
Tensão
Às vezes, acontece também uma certa tensão entre
as perspectivas:
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Espiritualidade = contemplação // Ação = mudança sistêmica.
Na realidade, a autêntica espiritualidade vicentina
ultrapassa essa tensão, unindo profundamente estas
duas perspectivas, ensinando-nos:
uma contemplação que leva à ação,
e uma ação que nasce da contemplação.
5. Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas como
Ministério
-
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Na perspectiva da Espiritualidade Vicentina, o Câmbio Sistêmico ou Mudança de
Estruturas não é só a ação social, mas uma forma de ministério (quer dizer de
serviço).
- É uma maneira de comprometer-se com a construção de um mundo novo, mais
cheio de justiça e de solidariedade, e para convidar outras pessoas a
comprometer-se nesta tarefa;
- É uma maneira de unir os esforços de muitas pessoas, canalizando os seus
recursos (tempo, energia física, dinheiro...) em um projeto de mudança estrutural
na sociedade;
- É proclamar e testemunhar ao mundo que acreditamos neste projeto, de que
estamos comprometidos em fazê-lo e oferecemos aos outros a oportunidade de
compartilhar conosco a nossa missão.
6. Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas como
conversão
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- Portanto, a espiritualidade autêntica exige uma mudança
radical, uma conversão. Esta mudança pode ser repentina
(como São Paulo) ou talvez, um processo de transformação
lento e em longo prazo (como São Vicente de Paulo).
Conversão significa ter experiência de uma profunda mudança
na nossa maneira de ver, de pensar e de agir.
Não é possível entrar na ótica da mudança sistêmica sem uma
profunda conversão: trata-se de “vinho novo em odres novos”,
como disse Jesus
7. Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas como Nova
Evangelização
A pessoa convertida vê, sente e entende as coisas com olhos,
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ouvidos e com o coração de Deus.
Como uma forma de ministério, a mudança sistêmica é uma
“nova evangelização” que atualiza e faz com que o nosso
carisma vicentino seja eficiente na Igreja de hoje, atendendo as
novas formas de pobreza, dentre outras: desagregação familiar;
dependência do álcool e das drogas; violência contra a mulher,
abandono escolar; criminalidade urbana; ausência de Deus...
Quando isso acontece, podemos dizer como São Paulo que se
realizou e se produziu “uma nova criação” (2 Cor 5,17).
E onde há uma nova criação em Cristo, o Reino de Deus se
revela ao mundo e o mundo se torna evangelizado.
Em que sentido a metodologia do Câmbio Sistêmico ou
Mudança de Estruturas é uma forma de evangelização?
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Praticar essa metodologia de Câmbio Sistêmico
ou Mudança de Estruturas não é apenas e
simplesmente ajudar as pessoas. É mais do que
isso: é um serviço para a pessoa (serviço
holístico).
Em que sentido a metodologia do Câmbio Sistêmico ou
Mudança de Estruturas é uma forma de evangelização?
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MUDANÇA SISTÊMICA
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ENTAÇÃO
FAMÍLIA VICENTINA
Dignidade Humana
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- Servir a pessoa significa não só dar-lhe uma
ajuda, o que nos sobra (o supérfluo);
- Servir a pessoa é colocá-la no centro das
nossas preocupações, ajudá-la a ser
responsável por sua vida, fazendo ela se sentir
importante e restaurar sua dignidade que é
inerente à sua própria humanidade.
Acolhimento...
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A opção preferencial pelos Pobres nos
impulsiona a ir encontrar os mais Pobres entre
os Pobres e trabalhar para eles e com eles, para
que eles possam se sentir em casa, na Igreja e
na sociedade.
Neste sentido, eles são os próprios beneficiários
e agentes da nova evangelização.
8. Câmbio Sistêmico ou Mudança de Estruturas é
trabalhar para a construção do Reino de Deus
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É uma forma concreta de contribuir para a realização do
Reino de Deus.
O Reino de Deus é o Reino da liberdade, onde o indivíduo
não é mais um prisioneiro de desejo para o futuro: Não se
preocupe com o amanhã... “o que vamos comer? Que
havemos de beber? Dessas coisas que os pagãos estão
preocupados...” (Mt 6,34).
Jesus compara o Reino de Deus a uma semente de
mostarda, que é a menor de todas as sementes, mas
quando cresce, torna-se uma árvore e as aves do céu vêm
e se aninham nos seus ramos (Lc 13,18).
Evangelizar os Pobres
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Desta forma, quando nós nos comprometemos
em eliminar as necessidades materiais, a nossa
ação vai além da existência terrena, para ser
inserido na realização do Reino e da Obra de
Deus, pois como cristãos e cristãs somos
chamados a trabalhar para a construção do
Reino de Deus.
Estamos fazendo corretamente o que temos que
fazer como vicentinos: pregar para os Pobres
uma mensagem de alegria, proclamar a
libertação aos presos... (Lc 4,18).
Por que Câmbio Sistêmico ou Mudança de
Estruturas é uma forma importante em nossa
espiritualidade vicentina de hoje?
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Pelo menos três razões:
- Porque ela muda a vida das pessoas
individualmente;
- Porque ela muda as relações sociais;
- Porque muda as estruturas sociais.
Opção pelos Pobres
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O Câmbio Sistêmico ou Mudança de
Estruturas = serviço à pessoa;
- A opção preferencial pelos Pobres
= trabalhar por eles e com eles;
- Pobres = Beneficiários e agentes
da nova evangelização
Dignidade
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Com a metodologia do Câmbio Sistêmico ou
Mudança de Estruturas damos aos Pobres muito
mais que ajuda material – damos dignidade!
Também, além de ajudá-los na avaliação de
seus próprios recursos, ainda temos (Família
Vicentina) muito recursos que podemos
disponibilizar para a realização do reino.
(material e espiritual)
Novo Céu e nova Terra
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O que é extraordinário é que, mesmo aqueles
que não têm aparentemente nada, como os
Pobres, eles podem trabalhar para o Reino de
Deus e contribuir para o plano de Deus “para
fazer um novo céu e uma nova terra”.
Dar aos Pobres esta possibilidade é a maior
Caridade que podemos fazer-lhes.
Construção de um novo mundo
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Quando nos comprometemos em um projeto de mudança
sistêmica, nós nos esforçamos para construir uma nova
comunidade no mundo.
Mudança sistêmica como ministério nos chama à
comunhão com Deus e com os irmãos que é o maior
presente que podemos oferecer-lhes.
Isso cria relações novas e duradouras.
Estruturas Sociais
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Acima de tudo, provoca mudança das estruturas sociais e nos
sistemas sociais.
O verdadeiro significado da solidariedade, hoje, é não deixar as
estruturas sociais assim como estão, mas mudar as estruturas
que produzem, reproduzem e perpetuam a pobreza
(“estruturas de pecado”).
Sollicitudo rei socialis
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Muito claro sobre isso é uma passagem da Sollicitudo rei
socialis, de João Paulo II (nº38) que diz: “a solidariedade... não
é pois um sentimento superficial pelos males sofridos por tantas
pessoas, estejam elas próximas ou distantes. Pelo contrário, é
uma determinação firme e perseverante de se empenhar pelo
bem comum, isto é, para o bem de todos e de cada um, porque
todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos.
A reflexão sobre a espiritualidade de uma mudança
sistêmica, nos leva, portanto, à seguinte conclusão:
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Quando rezamos o Pai Nosso unimos admiravelmente em nossa
oração:
as expectativas de Deus (na primeira parte da oração) :
Pai Nosso, que estais no Céu
Santificado seja o Vosso Nome
Venha a nós o Vosso Reino
Seja feita a Vossa Vontade,
Assim na Terra como no Céu
A reflexão sobre a espiritualidade de uma mudança
sistêmica, nos leva, portanto, à seguinte conclusão:
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Quando rezamos o Pai Nosso unimos admiravelmente em nossa oração:
as expectativas das pessoas (na segunda parte da oração):
O Pão-Nosso de cada dia nos daí hoje
Perdoai-nos as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a
Quem nos tem ofendido
E não nos deixeis cair em tentação
Mas livrai-nos do Mal.
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Assim também, quando nos comprometemos a erradicar
as causas da pobreza e promover o crescimento dos que
vivem em situações desumanas, unidos no mesmo
propósito, em nossas ações, existem
expectativas
divinas e humanas.
O verdadeiro espírito vicentino pode unir contemplação e
ação; amor afetivo e efetivo; Cristo e os Pobres, o
evangelho e a vida.
-Novo
ardor, novos métodos, novas experiências...;
Nova Evangelização:
- Nova saída missionária, sem comodidade;
-Coragem de ir contracorrente com a misericórdia
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feita de gestos e atitudes antes mesmo do que de
palavras;
-- despertar esperança onde as condições são,
muitas vezes, desumanas;
--contínuo dinamismo;
-Abarca todas as dimensões da vida da Igreja;
-- Aborda novos temas para responder novas
questões;
-Coerência com testemunho;
Nova Evangelização:
- A Evangelização é nova porque hoje a

sociedade é diferente.
- Porém, Jesus é sempre o mesmo – ontem,
hoje e nunca mudará .
- Nós é que precisamos nos capacitar para
atender as diferentes pobrezas dos homens e
das mulheres de hoje.
Nova Evangelização / Mudança de Estruturas:
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-“Quem encontra Cristo, como a
Samaritana do poço, não pode
guardar para si esta experiência...”
-Então...
Para reflexão:
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-O que tem a ver a metodologia de Mudança
Sistêmica com a Nova Evangelização?
- O que quer de nós o tema deste Encontro:
“Audácia da Caridade como compromisso na
Missão”??
- A mudança é possível?
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Mudança de Estruturas