UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PAULO ROBERTO SÉKULA
USO DE MODELO DE REFERÊNCIA PARA MELHORIA DO
PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAPEL KRAFT
DISSERTAÇÃO
PONTA GROSSA
2011
PAULO ROBERTO SÉKULA
USO DE MODELO DE REFERÊNCIA PARA MELHORIA DO
PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAPEL KRAFT
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção, do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, Área de Concentração: Gestão
Industrial, da Diretoria de Pesquisa e PósGraduação, do Campus Ponta Grossa, da
UTFPR.
Orientador: Prof. Dr. Aldo Braghini Junior
PONTA GROSSA
2011
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela oportunidade de realizar mais esta etapa e
superar os obstáculos impostos pela vida.
A minha esposa Mariéle, os meus mais sinceros agradecimentos, pelo seu
apoio, compreensão e companheirismo. Apesar de estar em muitos momentos
ausente durante a gestação de nosso segundo filho.
Aos meus queridos e amados pais Almir e Maria, pelo incentivo, respaldo e
pedidos de bênçãos a Deus em mais essa caminhada.
A meu filho Pedro pelo carrinho incondicional, apesar de em muitos
momentos estar ausente em etapas do seu crescimento.
A minha irmã Mariângela, que me incentivou e me ajudou em momentos
difíceis desta caminhada.
Ao meu amigo Leandro, que me incentivou para entrar no mestrado.
Aos meus colegas de mestrado, pelo companheirismo, incentivo e pelo
trabalho em conjunto no desenvolvimento de novos conhecimentos.
Ao colega e professor Alexandre de Castro Alves, pelo grande apoio e
contribuição nas discussões técnicas e seus fundamentos no desenvolvimento do
trabalho.
Ao orientador Professor Aldo Braghini Júnior pela orientação, pela paciência
e pelo incentivo durante a pesquisa.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná e todos os professores do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Campus de Ponta
Grossa, pela oportunidade de adquirir novos conhecimentos.
RESUMO
SÉKULA, P. R. Uso de modelo de referência para melhoria do processo de
fabricação de papel kraft. 2011. 120 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2011.
A indústria de papel enfrenta dificuldades para a estabilização e manutenção dos
parâmetros de qualidade exigidos pelos clientes. Estas dificuldades variam em
função do grau de organização e automação do processo produtivo. Por meio dos
testes de qualidade é possível verificar como as variáveis de processo podem
influenciar o produto final. No caso da produção de papel Kraft, a qualidade do
produto é avaliada através da análise de resistência mecânica, nível aquoso da
massa, umidade, entre outros. Outro fator relevante é matéria prima utilizada na
fabricação deste papel, a qual tem variadas origens (pasta mecânica, celulose e
resíduos industriais e domésticos de papel), influenciando desta forma diretamente
no controle de processo. As informações geradas durante o controle da produção e
da qualidade podem levar as ações de correção pontuais e de efeito limitado.
Disciplinando-se o fluxo de dados gera-se informações com melhor qualidade para o
controle produtivo. Uma alternativa pode ser o uso de um modelo de referência
utilizado no Processo de Desenvolvimento de Produto para organizar e disciplinar
um processo produtivo. Com o auxílio de um modelo de referência procura-se ter
uma visão mais ampla e detalhada de cada etapa da produção, que não se tem nas
ferramentas e metodologias tradicionais de gestão de produção (por exemplo,
MASP). Fez-se uso de entrevistas (realizadas com os indivíduos responsáveis pelo
controle de produção) bem como de questionários (respondidos pelas mesmas
pessoas) com o intuito de conhecer os detalhes de produção de papel na empresa
estudada. Foi realizada confrontação das informações obtidas através das
entrevistas e questionários com a observação e acompanhamento do processo
produtivo buscando-se verificar a veracidade das informações. Foram colhidos
dados do laboratório de qualidade da empresa para identificar as não conformidades
que deveriam ser controladas. Todas estas informações foram utilizadas para
alimentar o Modelo de Referência Trevo Fractal na busca de melhoria para o
processo de fabricação do papel Kraft. Os resultados mostraram que a empresa
estuda é extremamente dependente do conhecimento tácito de seus funcionários. O
modelo Trevo Fractal indicou algumas possibilidades de melhoria, respeitando a
filosofia da empresa. O modelo apontou formas de aproveitar o conhecimento tácito
das pessoas envolvidas na produção (sendo este conhecimento um dos pontos
fortes da empresa) e sugeriu a elevação do nível de instrumentação dos
equipamentos de produção buscando melhorar o controle do processo produtivo.
Palavras chave: Papel Kraft. Melhoria de Processo. Modelo de Referência. Trevo
Fractal.
ABSTRACT
Sékula, P. R. Use of reference model for improving the manufacturing process
of kraft paper. 2011. 120 f. Dissertation (Masters in Industrial Engineering) Graduate Program in Production Engineering, Federal Technology University Parana. Ponta Grossa, 2011.
The paper industry is struggling to stabilize and maintain the quality standards
demanded by customers. These difficulties vary depending on the degree of
organization and automation of the production process. Through quality testing can
determine how the process variables can influence the final product. In the case of
Kraft paper production, product quality is evaluated through the analysis of
mechanical strength, watery mass level, humidity, among others. Another relevant
factor is the raw material used in the manufacture of paper, which has different
origins (mechanical pulp, pulp and industrial and domestic waste paper), thus directly
influencing the process control. The information generated during the production
control and quality can take timely corrective actions and limited effect. Regulating
the flow of data leads to better quality information to control production. An alternative
may be to use a reference model used in the Process of Product Development to
organize a production process and discipline. With the aid of a reference model
seeks to have a broader view and look at each step of production, which do not have
the tools and traditional methods of production management (eg, MASP). Was use of
interviews (conducted with individuals responsible for the control of production) as
well as questionnaires (answered by the same people) in order to know the details of
paper production at the company studied. We performed comparison of the
information obtained through interviews and questionnaires with the observation and
monitoring of the production process seeking to verify the accuracy of the
information. We collected laboratory data quality company to identify noncompliances that should be controlled. All this information was used to feed the
Reference Model Fractal Clover in the search for improvement in the manufacturing
process of the Kraft paper. The results showed that the company is studying is
extremely dependent on tacit knowledge of employees. Clover Fractal model
indicated some possibilities for improvement, respecting the philosophy of the
company. The model predicted ways to harness the tacit knowledge of people
involved in the production (which is a knowledge of the strengths of the company)
and suggested raising the level of instrumentation, production equipment seeking to
improve the control of the production process
Keywords: Kraft Paper. Process Improvement. Reference Model. Fractal Clover.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sistema básico do processo de produção do papel Kraft ......................... 17
Figura 2 - Mesa Plana, área de formação da lamina de papel através do sistema
Fourdrinier ................................................................................................................. 25
Figura 3 - Rolo formador, área de formação da folha de papel. ................................ 26
Figura 4 - Setor de prensagem do papel ................................................................... 27
Figura 5 - Secadores, área de secagem ou bateria de secagem .............................. 28
Figura 6 - Equipamento que realiza o teste de RCT ................................................. 32
Figura 7 - Equipamento teste COBB ......................................................................... 34
Figura 1 - Visão holística do processo industrial ....................................................... 37
Figura 11 - Modelos de referência genéricos e específicos ...................................... 41
Figura 10 - Modelo de referência de PDP Unificado ................................................. 48
Figura 13 - Modelo de trevo fractal macro ................................................................. 52
Figura 14 - Modelo Trevo Fractal PDPMTF e as Etapas Conceituais ....................... 53
Figura 15 - Seqüência de ações corretivas para o teste RCT implementadas pelos
entrevistados A,B,C,D ............................................................................................... 64
Figura 16 - Seqüência de ações corretivas para o teste COBB implementadas pelos
entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 64
Figura 17 - Seqüência de ações corretivas para o teste de gramatura implementadas
pelos entrevistados A, B, C, D................................................................................... 65
Figura 18 - Seqüência de ações corretivas para o teste de umidade implementadas
pelos entrevistados A, B, C, D................................................................................... 66
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Oscilação da produção de papel Kraft no período de amostragem ......... 60
Gráfico 2 - Quantidade de bobinas que apresentaram reclamações no período de
amostragem .............................................................................................................. 61
Gráfico 3 - Freqüência de não conformidade do papel produzido em função do teste
de qualidade .............................................................................................................. 61
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Meta-ações e ações do modelo de referência Trevo Fractal Conceitual . 54
Quadro 2 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste RCT entrevistados A, B, C, D ........................................................................................... 68
Quadro 3 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste COBB entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 69
Quadro 4 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Gramatura entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 70
Quadro 5 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Umidade entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 71
Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF
(Continua) ........................................... 77
Quadro 7 - Formalização gráfica das ações desenvolvidas no MTF ......................... 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados de produção detalhados por turno e por contra mestre ................ 72
Tabela 2 - Detalhamento de não conformidade por teste (RCT e Umidade)............. 73
Tabela 3 - Detalhamento de não conformidade por teste (Gramatura e Coob) ......... 74
Tabela 4 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT e
Umidade) e contra mestres ....................................................................................... 75
Tabela 5 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (Gramatura
e Cobb) e contra mestres .......................................................................................... 75
Tabela 6 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT,
Umidade, Gramatura e COBB) e contra mestres sobre total de bobinas produzidas76
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
ABTCP
BRACELPA
ERP
FEMEA
Associação Brasileira de Normas Técnicas
Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel
Associação Brasiléia de Celulose e Papel
Enteprise Resouce Planning (Planejamento de Recursos
Empresariais)
Failure Mode and Effect Analisys (Metodologia de análise do tipo
de falha)
GDP
Gestão do Desenvolvimento de Produtos
ISO
International Organization for Standardization
(organização internacional para padronização)
MASP
Método de Análise e Solução de Problemas
MTF
Modelo de Trevo Fractal
MR
Modelo de Referência
MRP
Planejamento de Necessidade de Materiais (Material Requriment
Planning)
MRPII
Planejamento de Recursos de Fabricação
MRs
Modelos de Referência
P&D
Pesquisa e Desenvolvimento
PDCA
Plan, Do, Check, Act (Planejamento, execução, verificação,
Ação)
PDP
Processo de Desenvolvimento de Produto
PDP-Unificado
Processo de Desenvolvimento de Produtos - Modelo Unificado
de Rozenfeld
RCT
Ring Cruche Test
SCOTT BOND
Teste de Compressão por Anel
TAPPI
Profissional Organization Dedicated to the Pulp and Paper
Industries
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 13
1.1 HIPÓTESE ..................................................................................................... 14
1.2 OBJETIVO ..................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivos Específicos ................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 15
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 16
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .................................................................... 17
2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE PAPEL KRAFT ............................................ 17
2.1.1 Matéria Prima para Produção de Papel ....................................................... 19
2.1.2 Preparação da Massa do Papel ................................................................... 22
2.1.3 Formação da Folha de Papel ....................................................................... 24
2.1.3.1 Sistema de Formação de Mesa Plana ..................................................... 24
2.1.3.2 Sistema de Forma ou Máquina com Forma Redonda .............................. 25
2.1.4 Prensagem da Folha de Papel ..................................................................... 26
2.1.5 Secagem da Folha de Papel ........................................................................ 27
2.1.6 Papéis de Embalagens Pesadas ................................................................. 28
2.2 ANÁLISE DE CONFORMIDADE.................................................................... 31
2.2.1 Ring Cruch Test (RCT) ................................................................................ 31
2.2.2 Teste de MULLEM ....................................................................................... 32
2.2.3 Teste de COBB ............................................................................................ 33
2.2.4 Delaminação ................................................................................................ 34
2.2.5 Gramatura .................................................................................................... 34
2.2.6 Umidade....................................................................................................... 35
2.3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO (PDP) .................... 35
2.3.1 Modelos de referência para PDP ................................................................. 39
2.3.2 Tipos de Modelo de Referência no PDP ..................................................... 46
2.3.3 Fases do PDP de Rozenfeld (2006) ............................................................ 48
2.4 O MODELO DE REFERÊNCIA TREVO FRACTAL NO DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO OU PROCESSO .......................................................................... 51
3 METODOLOGIA ................................................................................................ 56
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 56
3.2 LOCAL DO ESTUDO ..................................................................................... 56
3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................... 56
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 59
4.1 RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................. 59
4.1.1 Resultados do Processo Produtivo .............................................................. 59
4.1.2 Ações de Correção no Processo Produtivo por Teste de Conformidade ..... 63
4.1.3 Detalhamento das Ocorrências de não Conformidade ................................ 71
4.1.4 Resultados do Modelo Trevo Fractal ........................................................... 76
5 CONCLUSÕES.................................................................................................. 82
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................... 83
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 84
APÊNDICE A - Instrumento da Pesquisa Qualitativa ...................................... 89
APÊNDICE B - Roteiro Entrevista ..................................................................... 92
APÊNDICE C - Dados Produtivos do Papel Kraft ............................................ 95
ANEXO A - Modelo do PDPOC Orientado ao Cliente de Cheng e Melo Filho 98
ANEXO B - Modelo do PDP pelo Método PACE .............................................. 100
ANEXO C - Modelo do PDP de Pahl e Beitz ..................................................... 102
ANEXO D - Modelo do PDP de Ulrich e Eppinger ........................................... 104
ANEXO E - Modelo do PDP Total Desing de PUGH ........................................ 106
ANEXO F - Modelo de Integração de Atividades de PDP ............................... 108
ANEXO G - Modelo de Desenvovimento com Stage Gates ............................ 110
ANEXO H - Modelo de decisão estratégica de desenvolvimento de produtos
......................................................................................................... 112
ANEXO I - Modelo de Referencia de Campos ................................................ 114
ANEXO J - Modelo do PDP de Urban e Hauser ............................................... 116
ANEXO K - Modelo do PDP de Clark e Wheelwright ....................................... 118
ANEXO L - Modelo de Referência Conceitual de Camargo ............................ 120
13
1 INTRODUÇÃO
No cenário atual o Brasil é um dos maiores produtores de papel de alta
qualidade no mundo, com projeções de expansão embasada nas evoluções
tecnológicas dos equipamentos. Assim caracterizando um cenário competitivo com
um grande destaque para o estado do Paraná, considerado um dos maiores
produtores nacionais de papel (SINPACEL-PR, 2010). A competição por mercados
consumidores motiva a procura de alternativas para se realizar o aprimoramento do
planejamento e controle da produção na indústria de papel.
O processo de produção do papel possui características semelhantes nas
indústrias desse ramo, independente dos equipamentos utilizados por essas
empresas, se diferenciando apenas na estrutura física e produtivas. No processo de
produção de papel, a folha pode ser formada através do processamento de resíduos
recicláveis ou matéria prima virgem, podendo desta forma ser destinado aos mais
variados tipos de consumo. No sistema podem ocorrer anomalias de processo, que
comprometem o sistema produtivo, influenciando assim em todo processo
operacional da produção.
A indústria de papel atualmente enfrenta grandes dificuldades para a
estabilização e manutenção dos parâmetros de qualidade especificados pelos
clientes, esta realidade pode gerar grande deficiência no produto final.
Por meio dos testes de qualidade é possível verificar-se como as variáveis
de processo podem influenciar no produto final. As anomalias do sistema de
produção de papel Kraft são identificadas com o uso das análises de resistência,
nível aquoso da massa, umidade, entre outros testes que controlam a qualidade do
produto. As não conformidades de formação da folha de papel tais como umidade,
manchas na capa da folha de papel, têm influência direta na qualidade do papel
produzido.
O papel Kraft, alvo do estudo, apresenta como uma de suas características o
fato das matérias primas serem das mais variadas origens (pasta mecânica, celulose
e resíduos industriais e domésticos de papel), influenciando diretamente no controle
de processo e qualidade.
As informações geradas durante o controle da produção e qualidade, podem
levar as ações de correção pontuais e de efeito limitado. Isto pode ocorrer em
14
função das tomadas de decisões muito rápidas, pouco amadurecidas e com
informações deficientes, assim refletindo diretamente no processo. Disciplinando-se
o fluxo de dados gera-se informações com melhor qualidade para o controle
produtivo. Uma alternativa pode ser o uso de um modelo de referência utilizado no
Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) para organizar e disciplinar as
várias etapas do desenvolvimento de produto e melhoria de produto ou processo.
Com o auxílio de um modelo de referência procura-se ter uma visão mais ampla e
detalhada de cada etapa do sistema de produção, que não se tem nas ferramentas
tradicionais de gestão de produção (por exemplo, MASP). Desta forma, gerar-se-á
uma melhor abrangência das informações facilitando a identificação das variáveis de
processo em cada etapa, obtendo-se assim, uma melhor compreensão do todo.
1.1 HIPÓTESE
Na busca para obter-se propostas mais abrangentes de melhoria de
processo para a produção de papel Kraft, faz-se o seguinte questionamento:

Um modelo de referência de desenvolvimento de produto e processo é
capaz de propor melhorias de processo para a indústria de fabricação de
papel Kraft?
Delimitado o problema, juntamente com uma avaliação preliminar do
contexto em função das variáveis principais, formula-se a seguinte hipótese:

O modelo de referência Trevo Fractal em suas ações possui
características adequadas para auxiliar melhoria do processo na produção
de papel Kraft.
15
1.2 OBJETIVO
O trabalho tem como objetivo geral:
Buscar a melhoria do processo de produção de papel Kraft, em máquinas
equipadas com o sistema de rolo formador, com o auxílio de modelo de referência.
1.2.1
Objetivos Específicos
- Conhecer o processo de fabricação do papel Kraft em máquina de rolo
formador;
- Identificar os testes de qualidade no processo fabril de papel Kraft;
- Identificar as variáveis de processo, seus efeitos e influências na fabricação
do papel Kraft;
- Identificar a melhor seqüência de ações das equipes (contra mestres) para
correção de não conformidades;
- Usar um modelo de referência para obter ampla gama de soluções para
melhoria de processo de fabricação do papel Kraft;
1.3 JUSTIFICATIVA
As empresas do ramo de papel no cenário atual vêm buscando a melhoria
de sua eficiência produtiva, principalmente as que têm linha de manufatura voltada à
produção de papel para embalagem. O papel Kraft possui grande destaque devido
as suas características diferenciadas, sendo um dos produtos mais consumidos pela
indústria nacional.
As empresas produtoras de papel para embalagem em sua grande maioria
são compostas por unidades de pequeno e médio porte, empresas estas que
possuem grande deficiência na sistematização das atividades. Desta forma
ocasionando inúmeros problemas para se manter um controle efetivo da produção,
qualidade do produto e dos insumos utilizados. Apesar dos equipamentos utilizados
na indústria estarem em constante aprimoramento mecânico e de automação, a
eficiência na linha de manufatura continua distante do ideal. A falta de registro das
16
técnicas utilizadas dentro da unidade industrial pelos indivíduos aliada a grande
oscilação na produção ocasionam vulnerabilidade às empresas.
O conhecimento tácito gerado fica retido nos indivíduos, sem nenhuma
forma de registro que venha a proporcionar uma análise da operação realizada ou
sua reprodução posterior.
Com o uso de um modelo de referência, se abrirá a possibilidade da
formalização do conhecimento tácito e sua posterior utilização numa proposta de
melhoria de processo de produção do papel Kraft. Proporcionando desta forma uma
visão muito mais ampla de todo o sistema produtivo, do que as ferramentas
tradicionais de gestão da produção tais como o MASP, que não proporciona o
aprofundamento detalhado dentro dos sistemas produtivos que analisam. Com o uso
do modelo de referência tem-se o desmembramento das etapas produtivas,
mostrando desta forma uma visão detalhada das características individuais de cada
fase do processo produtivo.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
No segundo capítulo apresenta-se o referencial teórico da pesquisa:
processo de fabricação do papel Kraft, tipos de papel Kraft, testes de conformidade,
os modelos de referências e o modelo escolhido para a realização da pesquisa.
O terceiro capítulo é formado pela descrição da metodologia de pesquisa
utilizada, determinando a amostra de dados e os tipos de instrumentos utilizados no
decorrer da pesquisa.
No quarto capítulo são apresentados os resultados da pesquisa e a
discussão dos mesmos.
O quinto capítulo apresenta as conclusões fundamentadas nos dados
obtidos durante o estudo.
No
sexto
capítulo
são
apresentas
algumas
sugestões
para
o
desenvolvimento de futuras pesquisas relacionadas com este tema trabalhado.
As referências bibliográficas utilizadas no trabalho, juntamente com os
apêndices e anexos utilizados durante a pesquisa, estão disponibilizados no final da
dissertação.
17
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
O capítulo de revisão bibliográfica tem por objetivo abordar a teoria
necessária para o desenvolvimento do presente trabalho.
2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE PAPEL KRAFT
Este tópico tem por objetivo, apresentar o processo fabril do papel Kraft,
proporcionando o conhecimento necessário para entendimento do mesmo e para a
realização deste trabalho.
Este tipo de papel tem algumas características (resistência mecânica,
porosidade entre outras) que devem ser controladas em função de sua aplicação na
indústria (embalagens, indústria gráfica etc.). Há uma série de tratamentos antes,
durante e após sua fabricação, para se obter uma lamina de alta qualidade.
Na Figura 1 pode-se observar um fluxograma básico de uma linha de papel
Kraft em máquina dotada do sistema de rolo formador, onde ao se observar o
desenho do sistema produtivo, nota-se que ele é dividido em dois estágios, ou seja,
dois fluxos na mesma linha produtiva.
Figura 1 - Sistema básico do processo de produção do papel Kraft
Fonte: Autoria própria.
18
O primeiro estágio é identificado na figura um como “linha suporte”. Pode-se
observar que a massa utilizada para a produção do suporte (também chamado de
base ou miolo) da folha de papel segue em uma determinada linha de preparação da
massa passando por diversos estágios até se tornar própria para a produção do
Kraft. Cada etapa será descrita mais a frente, pois as etapas são iguais para os dois
estágios.
No segundo estágio o material utilizado tem uma qualidade diferenciada do
papel e sua receita também é diferente da utilizada na produção do suporte. O
segundo estágio é identificado na Figura 1 como “linha capa”.
Desta forma, têm-se duas massas de fibras usadas na produção de uma
única folha de papel.
A produção é composta por vários estágios. O primeiro (preparação da
massa) consiste na classificação e na remoção das impurezas da matéria-prima, no
pátio de armazenamento de material. Neste pátio ocorre a organização e
classificação dos materiais por composição. Este procedimento ocorre antes do
estágio de desagregamento nos pulpers, no início de cada linha (Figura 1).
A matéria prima que formará a massa de fibras e posteriormente a lamina de
papel é diluída pelo sistema mecânico chamado de hidra pulper ou desagregador de
fibras, o qual localiza-se no início da linha de capa ou da linha do suporte da folha de
papel. O equipamento é um tambor composto por uma parte fixa e outra móvel,
equipado com um rotor de lâminas, tendo o mesmo princípio de um liquidificador.
Quando o rotor é acionado, se forma um vortex que leva a celulose ou o reciclado
até as lâminas que desmancham a matéria prima fazendo com que as fibras
presentes na mistura fiquem soltas para que se possa realizar a formação da lamina
de papel passando por outros estágios. O tempo de agitação da massa fibrosa
juntamente com a qualidade da matéria prima que irão influenciar na qualidade da
massa, esta tem sua receita determinada pelo tipo e qualidade do papel a ser
produzido. A massa processada é formada por 5% de material sólido e o restante de
água (FAYOLLE, GRAVIER, ATES, 2009).
Em todo este estágio o controle de produção tem que ser minucioso, pois
nesta fase, ocorrerá a adição dos aditivos, através de dispositivos mecânicos de
dosagem, que influenciam diretamente no produto e são controlados pelos testes de
não conformidades em laboratório. Os aditivos podem ser soda cáustica e amido
19
que juntamente com a adição de outros ingredientes (cola, corante, etc.) tem a
função de melhorar a qualidade do papel durante a sua formação. A mistura dos
aditivos na massa ocorre na primeira etapa da produção.
A mistura é colocada em tanques de espera ou pulmão, onde são separadas
por aplicação, sendo uma massa usada para a capa do papel e outra para o suporte
do papel. No tanque de espera continua ocorrendo a agitação da massa para
manter-se a homogeneidade do produto.
Na sequência a massa é colocada na caixa de alimentação da máquina,
onde vai ser realizada a formação do papel sobre a tela formadora ou no feltro
pegador no caso do sistema de rolo formador.
Em seguida a folha de papel é submetida à bateria de secagem para retirada
de umidade e enrolada num cilindro receptor, antes de o papel ser rebobinado nos
padrões que o cliente determinou. Neste momento que são coletadas as amostras
para a realização do testes de conformidade (CELULOSE ON-LINE, 2009).
A folha de papel destinada à escrita deve ser um pouco mais absorvente,
para que se possa escrever em sua superfície com tinta, ou um pouco mais áspera
para o uso de lápis, mas ele não pode ser tão absorvente como um mata-borrão.
Para isso, recebe um banho superficial de amido (de mandioca) durante a secagem,
além de se adicionar breu durante a preparação de massa (ABTCP, 2009).
Em todo processo há vários fatores que direta ou indiretamente influenciam
no sistema de produção e conseqüentemente na qualidade do produto final.
2.1.1
Matéria Prima para Produção de Papel
A matéria prima interfere diretamente na qualidade do produto final.
O papel é feito geralmente de matéria prima virgem (tecnicamente chamada
de celulose de fibras longas e curtas), pasta mecânica (polpa de madeira, que não
recebe o mesmo tratamento de obtenção da celulose). Ambas são polpa de
madeira. A celulose é obtida através de um processo industrial mecânico ou químico
que utiliza matéria vegetal para extração de fibras. A fonte tradicional de fibras são
árvores da espécie das coníferas (pinos e araucária etc.) ou outras variedades de
árvores que tenham sua massa corpórea constituída por fibras macias (BRACELPA,
20
2009). A indústria de celulose e papel consome 19,3% da matéria prima florestal,
movimentando variados ramos de imprensa e gráfica (jornais, livros, cadernos
escolares, talões de cheque, etc.), embalagens (caixas de papelão, sacos de
cimento, de ração animal, caixas para o comércio), sanitários e usos especiais
(BRACELPA, 2009).
A produção industrial de celulose no Brasil, a partir da araucária iniciou-se
em Monte Alegre no início dos anos 40 utilizando-se dos processos sulfito e soda /
enxofre para obtenção das fibras. A primeira fábrica para produção de papel Kraft foi
instalada na década de 50 no estado do Paraná (SINPACEL, 2009).
Com a grande procura de matérias prima destinada à produção de folha de
papel, conseguiu-se através de vários estudos encontrar materiais fibrosos de alta
qualidade apropriados à produção de celulose em vários tipos de vegetais. A
indústria de papel dá preferência às espécies que possuem massa corpórea com
baixo grau de rigidez, fator este que facilita a extração da fibra, proporcionando um
alto rendimento. Dependendo do tipo de papel que se pretende fabricar pode-se
utilizar fibras extraídas do bambu, cana de açúcar, papiro entre outros materiais
ricos em fibras.
A indústria possui uma grande alternativa no eucalipto devido a sua alta
produção de fibras longas. Iniciou-se no estado de São Paulo, em 1957, a produção
em grande escala de celulose a partir do eucalipto para a produção do papel Kraft.
Desta forma estabeleceu-se o caminho para a grande etapa de industrialização da
celulose, levando o Brasil a posição de sexto produtor do mundo (ABTCP
2010/SIMPACEL, 2010).
A seguir serão apresentados alguns tipos de matérias primas para a
produção do papel:
 Pasta química (Celulose)
É o material que, após cozimento, atinge pelo menos o grau mínimo de
expansão da fibra, devendo ser equivalente ao número de Permanganato (grau de
deslignificação da polpa celulósica) 50, com um conteúdo máximo de lignina ao
redor de 10% (TAPPI, 2010).
21
 Pasta semiquímica
É a pasta cuja remoção de lignina foi apenas parcial, atingindo grau ROE
(teor de permanganato) de 10 a 28, equivalente ao número de permanganato de 50
a 140. Geralmente, depois do cozimento, segue-se um desfibramento mecânico
(TAPPI 2010).
 Pasta mecânica
Pasta mecânica, conhecida também por pasta de madeira, material este
obtido através de processo mecânico de separação das fibras, no equipamento
conhecido como moinho desfibrador. A madeira e segmentada em pequenas lascas
ou toras dependendo de seu diâmetro, após limpas (retirada de cascas e galhos), é
levada para o moinho desfibrador, onde será pressionada contra uma pedra (natural
ou sintética) rotativa obtendo uma massa rica em fibras. A qualidade do produto
obtido irá variar da qualidade da madeira usada pra a obtenção da poupa fibrosa
(BRACELPA, 2011).
 Matéria prima da reciclagem
As primeiras fábricas brasileiras de papel utilizavam de papéis descartados
para a produção de novos produtos. Nessa ocasião a quase totalidade das
necessidades brasileiras de papel, em seus diferentes tipos, era suprida por
fornecedores do exterior.
Na medida em que se ampliava à fabricação de papel no país a partir de
matérias-primas virgens, paralelamente ampliava-se a atividade de reciclagem,
conseqüência da maior disponibilidade de papéis de origem reciclada.
Em tempos recentes, a reciclagem de papel vem apresentando um destaque
crescente, na medida em que contribui para a preservação e conservação do meio
ambiente e para a solução da questão da destinação dos lixos urbanos
(BRACELPA/ CELULOSE ONLINE, 2009/2010). Um tipo característico de material
reciclado para a produção de papel são as Aparas.
22
 Aparas
Aparas é o nome dado aos resíduos de papel coletados depois de usados.
Estes materiais são coletados por firmas especializadas, selecionados, enfardados e
vendidos às fábricas de papel como matéria-prima. Não existe uma classificação
destes materiais, porém, têm-se no mercado vários tipos de matérias fibrosos, tais
como: aparas brancas ou acetinadas, linha d'água ou mantas, jornal, ondulado,
arquivo misto, primeira ou tipografia, cartonagem, revistas e hollerith. O resíduo
acetinado ou branco é constituído de material fibroso de excelente qualidade, onde
na composição das folhas de papel não é encontrada a adição de pasta mecânica
em sua receita.
As aparas de arquivo misto são também chamadas de tipografia ou de
primeira, são as aparas constituídas de papéis brancos impressos, admitindo a
inclusão de algum papel em cores claras. São coletadas normalmente em despejos
dos escritórios e nas tipografias.
As aparas cartonagem são as aparas constituídas de papelão e cartão
recolhido nas cartonagens e gráficas fabricantes de cartuchos e caixas, podem ser
de varias qualidades, podendo ser de papel Kraft ou maculatura.
Aparas hollerith é o nome genérico dado às aparas formadas por cartões
perfurados usados em máquinas de contabilidade. Geralmente, por ser fabricada a
base de celulose de alta resistência, são disputados no mercado para fabricação de
papéis de embrulho e embalagem de baixo preço (CELULOSE ONLINE, 2009).
2.1.2
Preparação da Massa do Papel
A preparação da massa inicia-se na classificação e na remoção das
impurezas da matéria-prima virgem (madeira) e/ou reciclada (aparas), e retirada de
materiais nocivos ao processo (resíduos de ceras, óleos etc.). As impurezas
encontradas na matéria prima podem vir a reagir com alguns aditivos químicos
usados no processo de produção, prejudicando algumas reações químicas do
processo, tais como a quebra de moléculas que geram a pentoses e lignina. A
pentose é um termo utilizado para os carboidratos complexos que sofrem hidrólise
durante o processo de quebra das fibras ou moléculas. O processo é induzido por
adição de um regente químico que ira auxiliar na separação das fibras. As enzimas
23
que são liberadas no processo se transformam em açúcar. Já a lignina liberada na
reação é um polímero com estrutura amorfa que irá funcionar como uma cola,
mantendo desta forma as fibras de celulose unidas.
Obtêm-se a massa para a confecção da folha de papel através do processo
de desagregamento ou diluição da matéria prima em partículas, em uma solução de
sulfeto de sódio (com 98% de pureza) (BRACELPA, 2009).
Durante o processo de geração da massa fibrosa, tem-se o início de mais
um estágio de controle de qualidade e de produção, pelo fato de o descontrole da
dosagem de produtos, tais como polímeros, cola entre outros usados no sistema
produtivo, poder vir a causar distúrbios que comprometem o produto final e até
mesmo a vida útil do equipamento.
Na preparação da massa fibrosa têm-se operações que devem ter uma
devida atenção por parte da equipe de controle operacional, tais como
acompanhamento de turvidez, pH entre outros que interferem direta ou
indiretamente na qualidade do produto. No tingimento adiciona-se uma porcentagem
de corantes durante a agitação, para melhorar ou para se obter a cor desejada da
lamina. Esta cor dependerá da especificação do papel e sua utilização final. A
colagem é a adição do breu ou de colas preparadas, estas servem para dar
aderência às fibras que estarão dando formação à folha, após a secagem.
A correção do pH (acidez ou alcalinidade) normalmente é pelo fato de a
celulose estar em suspensão em uma solução de água alcalina, cuja alcalinidade
deve ser parcial ou totalmente neutralizada. Para manter este estado utiliza-se o
sulfato de alumínio. Esta correção de pH vai também ajudar na colagem e tingimento
das fibras do papel KARFT (WANG, 2006).
A depuração tem a finalidade de manter a composição fibrosa ideal da
pasta, mantendo assim livre de impurezas, que possam comprometer o processo de
produção da lamina de papel. Em seguida ter-se-á a refinação da massa que dará
as qualidades exigidas ao papel através da moagem das fibras (ANDRIONI, 2006).
O refinador é composto por discos rotativos que trabalham um contra o
outro, a massa passa por seu interior ocorrendo a quebra da fibra. Este equipamento
é importante para o preparo da fibra e formação da lamina de papel, proporcionando
a melhoria das características de resistência da folha de papel para embalagem.
24
2.1.3
Formação da Folha de Papel
A formação da folha de papel é feita através de um composto aquoso que
mantém as fibras separadas e em suspensão. O composto alimenta as formas, que
em seu interior se encontra os rolos formadores compostos por uma tela metálica e
duas de náilon. A água escoa através da tela e as fibras são retiradas através do
contato do rolo com um feltro pegador formando assim uma espécie de tecido. O
setor de formação nos sistemas de mesa plana e rolo formador podem ser
visualizados nas Figuras 2 e 3 respectivamente.
2.1.3.1 Sistema de Formação de Mesa Plana
No sistema de formação da lamina de papel Kraft por mesa plana, na
entrada da máquina tem uma tela esticada que recebe a massa ou pasta contendo
as fibras de celulose e os demais aditivos utilizados no processo de produção de
papel. A tela metálica apóia-se sobre roletes e é estendida, para formar uma área
plana horizontal. Esta tela desliza com velocidade constante, onde recebe na parte
inicial do setor plano a suspensão das fibras para formação da folha. A consistência
(adição de água) da massa fibrosa irá variar dependendo da gramatura da folha que
está sendo produzido no determinado momento, variando sempre entre 3% a 12%
no momento da injeção sobre a tela.
A tela desliza sobre uma série de elementos desaguadores, formando uma
manta, concebida pelo entrelaçamento das fibras, compactadas pelo sistema de
vácuo e com a manutenção de um grau de umidade que permita sua transferência
para a etapa seguinte do processo (ANDRIONI, 2006). Assim tem-se a formação da
manta de papel que após seco da origem ao produto que se utiliza para os mais
variados fins. Na Figura 2, pode-se visualizar o processo de formação no sistema de
mesa plana em todos seus estágios. Neste estágio são realizados vários controles
de processo, tais como, nível de líquido na massa e gramatura da lamina de papel.
25
Caixa de alimentação
Tela Formadora
Caixa de vácuo
Figura 2 - Mesa Plana, área de formação da lamina de papel através do sistema Fourdrinier
Fonte: Autoria Própria
2.1.3.2 Sistema de Forma ou Máquina com Forma Redonda
O equipamento utilizado nesse sistema é dotado em sua entrada de um
sistema de forma redonda ou rolo formador, concebido para trabalhar em um
processo de folha continua.
No sistema de forma, a suspensão é introduzida em um tanque, onde está
submerso um cilindro coberto com tela perfurada, que devido à velocidade de sua
rotação leva a massa fibrosa até a tela de formação ou feltro pegador. As fibras
aderem a este feltro formando uma folha que é retirada do cilindro e mantida no
feltro por um sistema de vácuo. Este cilindro fica com aproximadamente dois terços
do seu corpo submerso dentro do tanque, sendo que isso proporciona que o líquido
que segue junto com as fibras retorne no processo de passagem pela tela do rolo
sem causar saturação do sistema. A passagem da água só ocorre pelo fato de que a
tela metálica que recobre o cilindro gira em velocidade constante, permitindo que a
água atravesse para dentro do cilindro e seja retirada. (ANDRIONI, 2006).
As máquinas que utilizam o sistema de rolo formador são constituídas por
um conjunto de formas (tanques) com rolos submersos em solução fibrosa, cada um
tendo uma função pré-determinada, realizando a formação da folha. Geralmente o
primeiro rolo da seção será responsável pela formação da chamada capa do papel e
os demais pelo corpo interno, podendo variar entre duas e nove formas, fator este
que proporciona produzir folhas com várias camadas operando com um único feltro
pegador.
26
A vantagem de se utilizar o sistema de rolo formador é que pode-se
manufaturar
produtos
fora
do
usual
e
com
características
diferenciadas,
proporcionando a produção de um papel diferenciado. Na Figura 3 pode-se
visualizar a estrutura do sistema de formação da folha pelo processo de formas
redondas.
Caixa de massa
Feltro pegador
Rolo pikp
Rolo formador
Rolo guia e caixa de vácuo
Figura 3 - Rolo formador, área de formação da folha de papel.
Fonte: Autoria Própria
2.1.4
Prensagem da Folha de Papel
Segundo Andrioni (2006) o setor de prensa possui uma função essencial no
processo de produção de papel, que consiste na remoção de uma determinada
quantidade de água antes de submetê-la a secagem por calor. A área de prensagem
é composta por um conjunto de rolos lisos, enrugados ou perfurados dependo do
grau de retirada de umidade pretendido. A estrutura da prensa é completada pelos
rolos guia e pelo feltro de prensagem que possui porosidade diferente do feltro
pegador.
A máquina pode possuir quatro estágios de prensas úmidas, ou a
quantidade que for necessária para se atingir o índice ideal de retirada de líquidos
pelo processo de esmagamento, sendo a quantidade calculada a partir do tamanho
do equipamento e da velocidade que se deseja atingir no processo de produção, de
forma que a drenagem e secagem sejam eficientes dentro do processo produtivo.
27
O setor de prensagem é responsável pelo aumento da resistência da folha
em seu estágio úmido, aumentando o teor de sólidos sem danificar o entrelaçamento
das fibras, mantendo apenas o líquido retido pela porosidade das fibras.
O mau funcionamento da unidade de prensagem pode prejudicar a eficiência
da secagem da folha e conseqüentemente a qualidade estrutural do papel se estiver
com excesso de pressão ou alguma anomalia em sua superfície que retire a
uniformidade da espessura da folha. A Figura 4 apresenta uma estrutura de
secagem projetada para um equipamento de velocidade que pode passar dos 200
metros por minuto, equipado com sistema de rolo formador.
Prensa lisa, rolo superior.
Prensa lisa, rolo inferior rígido
Feltro prensa
Rolo guia
Folha de papel
Figura 4 - Setor de prensagem do papel
Fonte: Autoria própria
2.1.5
Secagem da Folha de Papel
A terceira e última etapa é a secagem que é obtida inicialmente prensandose a folha, para retirar toda a água possível, e depois, passando a folha por cilindros
de ferro aquecidos, que provocam a evaporação da água. Na Figura 5 pode-se
visualizar como é formado o sistema de secagem da folha de papel.
28
O processo de secagem deve receber uma atenção especial, pois neste
estágio é que também se consolida grande parte da qualidade do produto, que é
definido pela umidade do papel, além disso, cada tipo de papel apresenta um grau
padrão de umidade.
Figura 5 - Secadores, área de secagem ou bateria de secagem
Fonte: Autoria Própria
Feitas estas operações, o papel está pronto para uso, podendo ser cortado
no formato desejado pelo cliente.
2.1.6
Papéis de Embalagens Pesadas
A seguir serão apresentados os tipos de papéis de embalagens pesadas:
29
 Kraft
Papel cuja característica principal é sua resistência mecânica, este material
é utilizado na produção de caixas de papelão e outros tipos de embalagens
destinados ao transporte e acondicionamento de produtos para transporte.
 Kraft natural para sacos multifolhados
Papel fabricado com pasta química não-branqueada, essencialmente de
fibra longa, geralmente nas gramaturas de 80 a 90 g/m2. Altamente resistente ao
rasgo e com boa resistência ao estouro. Usado essencialmente para sacos e
embalagens industriais de grande porte.
 Kraft extensível
Fabricado com pasta química não branqueada, essencialmente de fibra
longa, geralmente nas gramaturas de 80 a 100 g/m2. Possui alongamento no sentido
longitudinal maior ou igual a 8%. Usado para embalagem de sacos de papel.
 Kraft natural ou em cores para outros fins
Fabricado com pasta química sulfato, não-branqueada, essencialmente de
fibra longa, geralmente com 30 a 150 g/m2, monolúcido ou alisado, com
características de resistência mecânica similar ao "Kraft Natural para Sacos
Multifoliados". Usado para a fabricação de sacos de pequeno porte, sacolas e para
embalagens em geral.
 Kraft branco ou em cores
Fabricado com pasta química sulfato branqueado, essencialmente de fibra
longa, geralmente com 30 a 150 g/m2, monolúcido ou alisado. Usado como folha
externa em sacos multifoliados, sacos de açúcar e farinha, sacolas e, nas
gramaturas mais baixas, para embalagens individuais de balas etc.
30
 Kraft para papelão ondulado
Papel de embalagem, usado na fabricação de papelão ondulado. Vide
subitens, para melhor classificação:
 Miolo (Fluting)
Papel fabricado com pasta semiquímica ou mecânica e até mesmo aparas,
geralmente com 120 a 150 g/m2. Usado para ser ondulado na fabricação de papelão.
 Capa de primeira (Kraft liner)
Papel fabricado com grande participação de fibras virgens, geralmente com
120 g/m2 ou mais, atendendo as especificações de resistência mecânica requeridas
para constituir a capa ou forro das caixas de papelão ondulado.
 Capa de segunda (Test liner)
Papel semelhante a "Capa de Primeira”. Porém com propriedades
mecânicas inferiores, conseqüentes da utilização de matérias-primas recicladas em
alta proporção.
 White top liner
Papel fabricado com grande participação de fibras virgens, geralmente com
150 a 385 g/m2, atendendo as especificações de resistência mecânica requeridas
para constituir parte das caixas de papelão ondulado.
 Duplex
Possui a superfície branca e apresenta miolo e verso escuros, e utilizados
geralmente em embalagens de sabão em pó, medicamentos, cereais, gelatinas,
mistura para bolos, caldos, biscoitos e brinquedos.
31
 Triplex
A superfície e verso são brancos e miolo escuro. São normalmente utilizados
em embalagens para chocolate, cosméticos, medicamentos, fastfood, caixas
bombons e bebidas.
 Sólido (Folding)
Usado em embalagens de cigarros, cosméticos, medicamentos, higiene
pessoal, fastfood, capas de livros e cartões postais.
2.2 ANÁLISE DE CONFORMIDADE
Os testes de conformidade estão diretamente relacionados com as etapas
de produção. Cada etapa pode apresentar falhas que são identificadas através de
testes em amostras retiradas do produto acabado e do processo produtivo.
As análises realizadas na unidade produtora de papel são: o teste de
umidade da matéria prima e produto acabado, o RCT (ring cruch test), o mullen test,
cobb test, delaminação e gramatura, todos geram informações essenciais para
manutenção da qualidade final do produto.
2.2.1
Ring Cruch Test (RCT)
O RCT é um teste de resistência realizado na folha de papel através de
amostras extraídas no início e no final de cada bobina produzida. O resultado deste
ensaio
(teste)
sofre
uma
alta
interferência
da
forma
de
preparação
e
acondicionamento da amostra a ser utilizada. Logo após a obtenção da amostra, o
ensaio deve ser realizado para minimizar de interferência nos resultados obtidos. .
O teste consiste no esmagamento transversal de um anel de papel em uma
prensa de pratos planos que irá determinar a resistência da lamina a compressão,
de acordo com padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). Observando-se a Figura 6 nota-se que um anel de papel é
colocado em uma estrutura de metal que vai mantê-lo na posição, em seguida
32
colocado na prensa, carregado sua superfície com uma força de compressão até
que o anel de papel seja esmagado.
Tira de papel (amostra)
Figura 6 - Equipamento que realiza o teste de RCT
Fonte: Bracelpa (2009)
O teste fornece informação referente ao comportamento do papel ondulado
depois de ter sido formada a chapa de papelão, mas também fornece a
característica da folha de papel. O teste geralmente é realizado em papeis, que são
destinados à fabricação de embalagens ou produção de mantas de papelão na
indústria de transformação. Neste caso é determinando a resistência da embalagem
referente ao empilhamento máximo de caixas. A unidade de medida que o
equipamento efetua o teste é em kgf. O teste gera uma gama de informações
necessárias para a intervenção no sistema de manufatura (MOURAD, 2005).
2.2.2
Teste de MULLEM
O Teste de Mullen é um teste realizado para medir a força de
arrebentamento de papel ou cartão. Em um ensaio também chamado de pop test, o
papel tem uma amostra retirada no início e término da bobina. A amostra é
constituída de uma fita de aproximadamente de 10 a 15 centímetros. A amostra é
colocada entre dois anéis como se fossem grampos em um dispositivo pneumático
chamado test mullen ou de pressão hidráulica. É utilizado para inflar um diafragma
de borracha, que se expande contra a amostra alongando a mesma até que o papel
arrebente. Este procedimento e feito em ambas as superfícies do papel (MOURAD
1999).
O valor da medida da pressão hidráulica no momento em que a amostra
apresentar a ruptura é a sua resistência ao arrebentamento (normalmente expressa
33
em libras por polegada quadrada ou quilograma força por centímetro quadrado).
Este teste é realizado normalmente em papel e placas concebidos para uso em
embalagens, sacolas e envelopes. Ele raramente é feito em papeis destinados à
indústria gráfica ou papeis mais simples ou que não necessitem este tipo de teste.
2.2.3
Teste de COBB
O teste de cobb é a medida realizada que expressa a taxa de absorção de
água do papel, realizada com os índices para cada tipo de gramatura e papel
conforme o método Tappi T441.
O teste consiste em determinar a quantidade de água absorvida por uma
amostra de folha de papel ou outro material em um determinado tempo e sobre
condições padronizadas. Outros líquidos, tais como tintas, bebidas, petróleo, água e
soluções, podem ser utilizados em vez da água, isto será determinado através da
utilização do produto.
O ensaio é realizado com a divisão da área da amostra em cem centímetros
quadrados por um anel metálico de contenção de líquido. A folha de papel é
colocada sob o referido anel o qual vai acondicionar 100 centímetros cúbicos de
líquido derramado sobre a superfície do papel, que deverá ter altura aproximada de
um centímetro no interior do anel (TAPPI T441, 2009).
Outro artefato para o teste é um cilindro de aço e um temporizador ou
cronômetro, para que o tempo em que o líquido fica em contato com a superfície do
papel testado seja uniforme em todas ensaios realizados (MOURAD, 1999)
O cilindro é de aço inoxidável com 20 centímetros de comprimento por 10
centímetros de diâmetro e pesando entre 10,0 + 0,5 kgf. Este cilindro é para auxiliar
na limpeza da amostra, ou seja, retirar o líquido que fica fora da superfície da folha
que esta sendo testada, conforme mostrado na Figura 7. Para a realização total do
teste também é utilizado de uma balança de alta precisão com sensibilidade
aproximada de 0,01 gramas ou menos.
34
Figura 7 - Equipamento teste COBB
Fonte: BRACELPA 2009
2.2.4
Delaminação
A delaminação é a análise interna da folha de papel, realizando a separação
das camadas que compõem a folha. Desta forma verifica-se a quantidade de fibras
por cm2 e analisam-se os aspectos de formação da folha (entrelaçamento de fibras
longas e curtas). Os defeitos são ocasionados pela heterogeneidade demasiada
entre os materiais que constituem as camadas, por diferença de espessura das
folhas, e por secagem irregular.
O teste Scott Bond é utilizado para realizar a delaminação ou separação das
multicamadas da formação da lamina de papel. A formação adequada entre as
camadas é uma característica importante na resistência. O método utilizado para a
realização do teste é o teste TAPPI T 541, onde exerce uma força sobre a superfície
da amostra devendo ser de forma perpendicular a amostra que esta sendo
estudada. Tendo o intuito de eliminar os efeitos das tenazes ou gabaritos no
momento de se realizar a separação das camadas, a força imprimida no ato de
separação não pode ter variações e a direção do esforço empregado sempre na
vertical para o perfeito rompimento das camadas. (TAPPI, 2009)
2.2.5
Gramatura
A gramatura ou gramagem, nada mais é do que o peso da folha de papel por
unidade de área, sendo expresso em gramas por metro quadrado.
35
A gramatura é a especificação mais importante do papel, já que este é
comumente comercializado com base no peso, o que influencia fortemente nos
custos produtivos. Por isso, sempre que se analisa o peso do papel, devem ser
levadas em consideração às diferenças de gramaturas de um papel para o outro.
Interferindo diretamente no valor de venda do produto no mercado.
O teste de gramatura consiste na pesagem por meio de uma balança
analítica (alta precisão) das amostras retiradas no início e no término de cada bobina
(MOURAD, 1999).
A gramatura do papel afeta a maioria das propriedades, principalmente as
mecânicas e as ópticas. Para facilitar uma comparação, é comum relacionar
algumas propriedades à gramatura, como, por exemplo, o índice de tração que é o
quociente entre a resistência à tração e a gramatura.
2.2.6
Umidade
A umidade é um fator que deve ser muito bem acompanhado durante todo o
processo produtivo, pois tem uma grande influência no produto final e que pode ser
diagnosticado através de um teste bem simples. Sendo apenas necessário se ter
uma estufa e uma balança analítica, desta forma a amostra é pesada e em seguida
colocada na estufa que deverá ficar por um período de tempo e temperatura
constante. Sendo em seguida pesada novamente e comparado com o padrão
(MOURAD, 1999; TAPPI, 2010).
2.3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO (PDP)
Rozenfeld (2001) vem definir processo como a existência de acontecimentos
que geram fenômenos decorrentes de atividades oriundas de uma atividade
industrial, de forma independe a sua estruturação interna num contexto
organizacional formal.
O conceito de processo durante toda sua evolução vem se tornando base
para uma série de trabalhos que realizam abordagens de gestão industrial
implantadas juntamente com programas voltados à gestão integrada de qualidade.
36
Entretanto, na melhoria continua de processos produtivos costuma-se utilizar
ferramentas, técnicas de gestão e métodos de criatividade em sua grande maioria
de forma seqüencial, com caminhos pré-definidos na geração de idéias cada vez
mais conceituais, visando soluções inovadoras em busca de contraposição a
soluções puramente técnicas, formando uma base para a gestão (ALVES, 2008).
No Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) tem-se a necessidade
de gerenciamento em todos os seus aspectos estruturais na busca de resultados
satisfatórios e atenuação de riscos e incertezas que são gerados durante o
processo. O acompanhamento por parte da equipe gestora de PDP juntamente com
o desenvolvimento do planejamento apresenta melhora imediata nas atividades
empresariais e competitividade da empresa. (PASTOR, 2008).
A modelagem de um processo oferece um suporte diferenciado no que se
trata do entendimento das fases de processo, assim proporcionando uma visão
uniforme da fase que esta sendo observada naquele determinado momento, vindo a
influenciar diretamente no planejamento e em todas as suas fases de monitoramento
(ROMANO, 2003). Segundo Rozenfeld (2006) a equipe de desenvolvimento, ou
seja, a empresa deve ter uma visão holística que venha a equivaler ou aproximar-se
de uma imagem única, de forma sintética de todos os elementos que compreendem
a empresa. Os elementos de uma empresa normalmente compreendem: estratégia,
informações e parâmetros organizacionais, formando uma inter relação das áreas
industriais, fatores que podem ser visualizadas na Figura 8.
37
Figura 8 - Visão holística do processo industrial
Fonte: Rozenfeld - 2006
A visão do todo é essencial para a tomada de decisão acertada e um
comprimento do papel esperado dos componentes no processo de modelagem.
Porém em sua grande maioria os indivíduos que compõem o quadro gerencial,
chegaram a este nível vindo de área especifica, em sua maioria carregando visão
distorcida do todo. Em contra partida é encontrado gestores empolgados com
recursos computacionais, estrutura e os equipamentos de alta tecnologia, como a
salvação da empresa. Entretanto só estes fatores não são suficientes para uma
modelagem bem sucedida, pois o individuo preparado e comprometido com o PDP
complementa a alimentação do todo e tem a visão holística do processo
(ROZENFELD, 1996).
A modelagem do PDP pode ser feito por meio do modelo de referência (MR)
que permite que os gestores das ações e do programa tenham uma visão muito
mais detalhada do processo produtivo. As avaliações do processo, em todas as
fases de seu desenvolvimento, a onde ira gerar diagnósticos precoces e
potencializará de forma adequada o desenvolvimento das atividades, desta forma a
utilização do MR permite a avaliação, e o desenvolvimento do processo com a
criação de um MR específico a atividade de cada empresa.
A visão integrada proporcionada pelo modelo em todo processo estudado
vem a permitir a identificação de seus elementos, suas estratégias, atividades,
informações recursos e organização, assim como suas inter-relações. Entretanto se
podem destacar benefícios que o modelo de referência trás como elementos de seu
desenvolvimento adequado (ROZENFELD, 2006).
38
Na realização de uma modelagem de processo, melhoria de produto, são
utilizadas ferramentas intrínsecas ao modelo de referência e em muitos casos levam
a introdução de novas ferramentas de gestão para se alcançar os objetivos
desejados, mas lembrando que o padrão mínimo exigido por um PDP deve ser
mantido para que ele seja considerado um MR e leve a soluções para o problema
tratado e suas variáveis.
As variáveis e particularidades devem ser levadas em conta, pois
influenciam diretamente na seleção de alternativas, na busca por resultados cada
vez mais satisfatórios, devendo estar sempre atento na hora de se realizar uma
modelagem (JEONG, WU, HONG, 2009). Entretanto não se pode esquecer que as
empresas apresentam particularidades especificas de cada uma e que essas
características devem ser levadas em conta em toda uma adequação de contexto
quando se trata de PDP, respeitando as etapas de ações e garantido a sua
reprodução.
Na busca por soluções viáveis dentro dos contextos produtivos, buscam-se
métodos de trabalho que auxiliem a gestão de desenvolvimento de produtos,
contudo que as problemáticas sejam de certa forma subjetiva e complexa e
apresentem inúmera fonte de soluções. Para Cheng e Melo Filho (2007) ao se
realizar um processo de desenvolvimento através do uso de um modelo de
referência, se reduz o tempo estimado para se chegar às soluções e posteriormente
reduzir os custos operacionais e podendo influenciar na qualidade do produto. Os
modelos de referência podem proporcionar diferenciais competitivos as instituições,
além de promover mudanças na forma de trabalho e levar a uma melhoria contínua
do produto ou processo, pois o modelo de referência é desenvolvido através de
pesquisa direcionada.
O PDP em todo o seu formato técnico dentro de um processo de negócios
pode trazer uma vantagem competitiva para a empresa (SALGADO, SALOMON,
MELLO, 2010). Assim para muitas indústrias, o desenvolvimento de novos produtos é
o mais importante fator de sustentação do sucesso, pelo fato de sustentar ou dar
maturidade ao estágio de negócios que deve ser parte integrante de um modelo de
referência. A ênfase no desenvolvimento de novos produtos tem estimulado
pesquisadores de gestão estratégica, a engenharia, marketing e outras disciplinas,
para
estudar
o
processo
de
desenvolvimento
de
novos
produtos,
pois
39
desenvolvimento e negócios (mercado) são nada mais que partes integrantes do todo
em um PDP de sucesso. (BLAGOEVSKI, 2007).
2.3.1 Modelos de referência para PDP
O modelo de referência proporciona um estudo amplo dos fatores que
envolvem desde a avaliação de uma idéia até o lançamento do produto. Dentre
estes fatores estão os relacionados com a produção de um produto ou com um
processo de produção.
Para Barbalho e Rozenfeld (2004), a definição para o conceito de modelo de
referência de processo de desenvolvimento de produto é baseada nos conceitos do
Primary Immune Deficiency Diseases (PIDD), que apresentam um conceito completo
de modelo, com a seguinte definição:
“Um modelo é uma representação externa e explícita de parte da realidade
vista pela pessoa que desejar usá-lo para apoiar a execução de tarefas
relacionadas com aquela parte da realidade, sejam operacionais ou
gerenciais, sendo expresso em termos de algum formalismo (linguagem)
definido por construtos de modelagem” (BARBALHO E ROZENFELD,
2004).
A definição de modelo cabe uma análise minuciosa e uma longa reflexão. A
presente explanação de um conceito de modelo de referência é muito além de uma
simples apresentação da realidade de uma linha de produção, tendo a capacidade
de agregar um propósito, pelo fato de que uma mesma realidade pode ser
vislumbrada de várias formas por indivíduos com vários objetivos quanto ao todo
estudado (BARBALHO, 2006).
Para Rozenfeld (2006), o modelo de referência é uma representação da
visão holística de forma mais aprofundada do processo de desenvolvimento de
produto. Nele são apresentadas as principais dimensões de um processo produtivo
ou de negócios, contendo um maior nível de detalhamento possível, auxiliando na
composição do estudo de um processo de desenvolvimento de produtos e processo.
40
Segundo Echeveste (2003)1, é importante observar que os modelos
possuem características similares, mas com enfoques diferenciados. Isto significa
que,
todos
possuem
funcionamento
de
modelos
estruturados
para
a
operacionalização do processo de desenvolvimento de produtos.
Para Danilevicz (2006)2 os fatores produtivos são igualmente comparados
com o paradigma tradicional de gerenciamento, o qual evoluiu para um sistema inter
funcional. O desenvolvimento de produtos deixa de ser uma atividade exclusiva da
engenharia e passa a ser uma ciência incorporada de elementos de todos os
departamentos empresariais necessários a condução de suas atividades. O modelo
de referência em toda a sua contextualização do ambiente produtivo, nunca
descreverá com perfeição e de forma completa integralmente uma realidade.
(BARBALHO, 2006)
Apesar de empresas de diferentes portes trabalharem com diferentes
métodos e terem conceitos e formas diferentes de decisões, todas tem um objetivo
em comum e tomam decisões sobre uma mesma gama de assuntos como, conceito
do produto, arquitetura, configuração, preparativos para consecução e distribuição,
planejamento do projeto, entre outros buscados pelos indivíduos que se utilizam do
modelo de referência dentro do processo de desenvolvimento de produto
(BOLGENHAGER, 2003)
Para Rubio (2003), o modelo deve ser adaptado para viabilizar de forma
mais ampla um estudo exploratório que venha a proporcionar tanto, condições
adequadas para os indivíduos terem referências necessárias para coletar,
classificar, analisar e comparar os dados, para as diferentes abordagens do
processo de composição do modelo, interagindo ou gerando um processo cada vez
mais dinâmico no processo de desenvolvimento.
O modelo de referência é parte essencial de projetos de produtos, mas
devem ser adequados ao trabalho que esta sendo desenvolvido, pelo fato que a
realização de forma correta do uso desta ferramenta ira gerar uma gama enorme de
1
2
ANEXO I MODELO DE INTEGRAÇÃO DE ATIVIDADES DE PDP e ANEXO J MODELO DE DESENVOVIMENTO COM STAGE GATES
ANEXO L MODELO DE DECISÃO ESTRATÉGICA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
41
informações importantes para a Gestão do Desenvolvimento de Produtos (GPD)
quando reunidas com as demais informações geradas em outras atividades do
processo. Segundo Rozenfeld et. al (2006) o gerenciamento do conhecimento estará
atrelado aos Modelos de Referência (MRS) adequados adotados por cada empresa
na concepção e melhoria de produto. Os procedimentos catalogados e formalizados
durante todo processo por um modelo de referência, ira gerar toda uma
documentação formal das ações de PDP, possibilitando que a empresa possa
realizar a certificação nacional e internacional de seu produto ou da melhoria
realizada no PDP.
Os modelos de referência das empresas a partir de suas modelagens,
juntamente com toda a sistematização do trabalho realizado durante o processo
industrial, juntamente com a documentação das ações realizadas passo a passo, se
realizará o desenvolvimento de uma sistematização, acarretando em um MR padrão
ao perfil de cada empresa dentro de sua realidade, características, Figura 11,
servindo de base ou referência para a geração de MRs específicos ou adaptados a
criação ou melhoria de produto e processo. O projeto MRS juntamente com o
planejamento de suas ações de forma detalhada irá contribuir para que se realize a
reprodução do processo, lembrando que cada produto é único. (ROZENDFELD et
al., 2006).
Figura 9 - Modelos de referência genéricos e específicos
Fonte: Rozenfeld et al. (2006)
Segundo Amaral (2002), um modelo de referência possui uma aplicação
mais ampla e geral da realidade vislumbrada dentro da empresa, que vem a auxiliar
nas decisões e ser base de referência para o desenvolvimento de modelos
42
específicos, que representam à realidade especifica de um determinado caso
empresarial ou atuem numa situação específica de processo ou tomada de decisão.
As modelagens de empresas possuem limites quanto à abrangência dos modelos,
mesmo que venha a seguir um dado parâmetro referência devido à visão
influenciadora nos resultados por parte do individuo que modela e alimenta o modelo
de referência.
O modelo de referência não deve ser confundido com os pensamentos ou
arranjos mentais gerados pelos indivíduos na realização de atividades. Pois o que
não está explicito não é modelo então não pode ser compartilhado, já que o modelo
é definido pelas fases, vislumbrando uma dada realidade.
Segundo Vernadat (1996), modelos de referência são modelos parciais que
podem ser usados como bases para o desenvolvimento ou a avaliação de modelos
particulares. Modelos são chamados de parciais quando eles não são totalmente
instanciados, ou seja, não atendem ao processo existente em uma realidade em
particular (AMARAL, 2002).
Para muitos estudiosos os modelos de referência normalmente são
considerados genéricos, por serem utilizados como base de formação ou
estruturação para a criação de modelos específicos, ou adaptados as mais variadas
condições de uso. Para Rozenfeld (2006) nem todo modelo é parcial ou poderá ser
considerado de referência, para tanto análises devem ser realizada para se dizer
que a template de uma lista de boas práticas, possa ser considerado inteiramente
um modelo de referência.
Assim pode-se aceitar a idéia de que modelos de referência, na realidade
vêm a ser sistematizações puras de todo os conhecimentos gerados e disponíveis
de um determinado universo que circunda uma atividade formada e discutida na
forma de boas práticas (SANTOS, 2002).
As empresas em um determinado período atingem níveis de maturidade,
notados através dos perfis de melhoria e superação dos padrões estabelecidos para
seu desempenho funcional e técnico, ocasionado diferentes níveis de expectativas
quanto ao desempenho dos modelos de referência de processo dentro do universo
de negócios.
43
O sucesso do modelo é ligado ao seu nível de capabilidade do processo
atingido durante todo o estágio de maturidade do projeto, verificados através dos
perfis de melhorias dos padrões técnicos e gerenciais proporcionados pelo mesmo.
Entretanto, o nível mais elevado de capabilidade aumenta a demanda por modelos
de referência, com capacidade plena de visualização do todo de um determinado
processo, fragmentando cada vez mais as suas fases do processo estudado. O
modelo deve proporcionar que a qualquer momento ele possa ser reproduzido ou
utilizado como
fonte
de
adaptação
para
a
estruturação de
outros com
complexibilidade igualitária ou próxima do anterior realizado.
Um modelo de referência é a representação formal de uma junção de boas
práticas relacionada com o todo ou fragmentos de um processo produtivo ou fatores
industriais focados na realidade de cada cenário produtivo a ser estudado. Assim o
modelo tem diferentes fins na administração e engenharia de produção, buscando
ambos controlar uma determinada atividade, nas mais complexas áreas. Os
modelos vêm a estruturar todo um processo de desenvolvimento de produtos em
todas as suas etapas, independente da estrutura do processo fabril e seus aspectos
particulares cada modelo procuram representar e atender de forma detalhada e
estruturada (TARALLO, FORCELLINI, 2007).
Destacando os seguintes benefícios que o modelo de referência trás,
podendo chamá-los também de elementos integrantes de suas fases:

A capacidade de explicitar o conhecimento adquirido sobre o contexto
do ciclo de vida do produto;

Proporcionar
uma
melhor
integração
durante
o
processo
de
treinamento de um novo membro;

A formalização do processo de aquisição de informações, com registro
claro, proporcionando parâmetros para o diagnóstico rápido do processo;

Direcionar os trabalhos durante um planejamento, identificar problemas
e propor melhorias de controle;

Realizar a manutenção de padrões, garantindo a reprodução do
trabalho realizado e facilitando as atividades de auditoria do processo de
desenvolvimento de produto;
44

Ser
base
para
a
escolha
e
desenvolvimento
de
sistemas
computacionais de suporte ao processo;

Proporcionar que o processo a ser estudado possa ser simulado a
cada vez que seja alterada;

Definir parâmetros para formar uma base sólida para a tomada de
decisão durante todo o processo de desenvolvimento de produto;

Estabelecer a racionalização do fluxo de informações dentro de um
contexto formalizado em todas as etapas do trabalho;

Auxiliar no emprego de métodos e ferramentas de auxilio ao projeto e
todo o seu processo de gerenciamento;

Proporcionar a construção do conhecimento durante a implantação de
melhorias na empresa e gerar condições de passagem de conhecimento para a área
acadêmica.
As vantagens proporcionam um mapeamento das fases de um modelo pelo
fato de serem elementos de diretrizes em alguns estágios de seu desenvolvimento,
servindo, entretanto de estimulo para a implantação de um processo de
desenvolvimento. Segundo Roozenburg e Eekels (1995) os modelos não devem ser
encarados como uma receita padrão ou prescrição para a sua realização, sim como
uma base de partida na busca para a melhoria do processo e até mesmo a melhoria
do modelo base, no esforço coletivo da equipe e na experiência e compreensão clara
da natureza de todo o processo de desenvolvimento de produtos.
O resultado de uma tomada de decisão também pode ser balizada nas
conclusões e informações oriundas de um modelo. Este pode ser derivado de outro
modelo de referência, catalisador de um conjunto de alternativas apresentadas. O
modelo pode vir a conduzir a escolha de um conceito de produto que proporcione um
maior potencial voltado ao sucesso das atividades, fatores estes contidos no modelo
de referência. (CAMARGO, 2007) 3
3
ANEXO P MODELO DE REFERENCIA CONCEITUAL DE CAMRGO
45
O modelo proposto e formatado por Pugh (1991)4 chamado de Total
Desingn, traz em seu contexto a utilização de informações oriundas do meio externo,
juntamente com as internas, buscadas em todas as áreas da cadeia produtiva,
possuindo etapas que possibilitam de certa forma um fluxo interativo.
O modelo de PDP desenvolvido por Clark e Wheelwright (1993) 5, possui seu
enfoque direcionado a engenharia de produto, tendo uma tendência para o markting
de forma seqüencial. Já o modelo gerado por Urban e Hause (1993) 6, tem suas
tendências voltadas para o marketing e foco no ciclo de vida do produto buscando
sua melhoria, possuindo assim pouca tendência a engenharia.
O modelo de Pahl e Beeltz (1996)7, é voltado ao trabalho com informações
oriundas de variáveis do mercado consumidor em sua etapa inicial aliadas aos
conceitos e técnicas da engenharia de produto, produção e processo, levando a uma
interação mais intensa por parte de seus participante e fundamentalmente entre as
suas etapas para uma melhor otimização, tanto do produto ou processo. O modelo
de PDP de Cheng e Melo Filho (2007)8, possui uma visão de suas etapas e
conceitos voltados ao cliente e qualidade do produto, buscando assim a satisfação
do consumidor de forma mais focada, do que nas técnicas de engenharia,
considerando assim em suas premissas o trabalho focado na função da qualidade
no que se diz respeito ao desenvolvimento do produto.
O modelo de referência de PDP de Campos (2009)9 é estruturado com
embasamento no diagnóstico dos ambientes internos e externos, possibilitando o
desenho das atividades com facilidade de se desenvolver atividades paralelas, além
de promover o fluxo da informação, integração de fornecedores e promover a
regulamentação legal do PDP, por ter sua divisão e macro-fases.
4
ANEXO H - MODELO DO PDP TOTAL DESING DE PUGH (PUGH 1993)
5
ANEXO O - MODELO DO PDP DE CLARK E WHEELWRIGHT
6
ANEXO N - MODELO DO PDP DE URBAN E HAUSER
7
ANEXO F - MODELO DO PDP DE PAHL E BEITZ
8
ANEXO D - MODELO DO PDPOC ORIENTADO AO CLIENTE DE CHENG E MELO FILHO
9
ANEXO M MODELO DE REFERENCIA DE CAMPOS
46
O método PACE como é conhecido o modelo desenvolvido por McGranth
10
(1996)
tem suas fases desenvolvidas através de variáveis de engenharia de
produto e da produção, tendo etapas geradas a partir do mercado e do marketing,
possuindo uma particularidade em seu contexto que permite simultaneidade de
ações e com alternativas de ações.
2.3.2 Tipos de Modelo de Referência no PDP
O modelo de referência pode ser dividido por tipo de trabalho ou atividade
que esta sendo estudado num determinado momento. A escolha da forma de
trabalho é de responsabilidade da equipe gestora do PDP na empresa, que através
de suas características irá definir quais parâmetros de modelo vai utilizar no
processo de modelagem da atividade que será trabalhada. O modelo de referência é
uma base para a formação de modelos específicos, podendo ou não ter os mesmos
componentes de sua base, ou até mesmo ser um mix das melhores práticas de
vários outros (ROZENFELD, 2006). Para Alliprandini e Toledo (2003) os modelos de
referência podem ser descritos da seguinte forma:

Modelo departamental - representa o processo de desenvolvimento de
produto na forma de estágios representativos ligados a departamento
industriais. A estrutura do modelo por formato departamental possui
limitações
impostas
pela
estrutura
departamentalizada,
criando
a
necessidade o uso de outros modelos para proporcionar maior acurácea à
representação do processo;

Modelo por atividade – no trabalho de modelagem por atividade, ao
invés de segmentar um processo industrial de forma correlacionada com o
departamento, se irá trabalhar com a seqüência lógica da atividade,
fragmentado a atividade de forma que se obtenha a seqüência de atividades
incluindo os elementos externos de forma geral que influencie no processo.
10
ANEXO E - MODELO DO PDP PELO MÉTODO PACE
47

Modelos de decisão – a sua apresentação é formalizada pelos pontos
de decisão existentes entre os estágios produtivos e técnicos dentro de uma
determinada atividade industrial, levando em conta a sua determinação
pelos pontos de decisão.

Modelo de conversão – criado a partir das desvantagens encontradas
nos modelos de processo de departamentos, o fator conceitual da realização
das boas práticas, proporciona à formação de uma visão didática para a
aprendizagem
do
processo
de
desenvolvimento
de
produto.
Se
caracterizando por possuir um processo lógico e ordenado da atividade
industrial, mas raramente pode-se observa este fator na prática. Dentro
deste modelo o processo de desenvolvimento de produto é tratado como se
fosse indivisível, o caracterizado como um sistema de entradas e saídas. O
modelo em questão pode ser considerado o mais difícil de ser adotado na
indústria em se tratando de termos de gestão.

Modelo responsivo – este tipo de modelo descreve o processo de
desenvolvimento de produto em toda a sua totalidade, levando em conta a
fase de criação desde a idéia até o lançamento de um novo produto no
mercado consumidor.
Segundo Romano (2003) a junção dos modelos em sua análise conjunta
conduz para o entendimento lógico dos modelos e auxilia na concepção de novos
modelos. Para Rozenfeld (2006) o gerenciamento e a geração do conhecimento
estão atrelados à capacidade de reprodução do mesmo, gerando uma formalização
do processo independente do sistema adotado.
Paradiso (2003), em seu trabalho vem a fazer uma analogia relevante no
que se diz respeito a modelos de referência e mapas de processo, indagando que os
recursos proporcionados pelo uso de modelos vêm a ilustrar e detalhar a essência
contida dentro de cada etapa de um processo industrial. O MR de certa forma é tão
abrangente que os procedimentos escritos não são feitos, lembrando que isto
ocorrerá quando o mesmo for construído adequadamente, se substituindo páginas
de texto, facilitando assim a transferência e a formalização do conhecimento.
Para Paula (2004) a atividade real de se trabalhar com o modelo de
referência, é de realizar a formalização e moldar processos, pondo o individuo que o
executa em constante aprendizado. Pelo fato de que quanto mais a equipe se
48
encontra envolvida com o trabalho, mais detalhes são trazidos à tona, e
aprendendo-se cada vez mais sobre o processo.
A aceitação de um processo de constante aprendizagem é essencial para se
obter sucesso num processo de construção de modelagem, mas para que isto
ocorra deve-se manter o controle, para que as ferramentas utilizadas não venham a
sobrepor a realidade e o entendimento do trabalho através de um possível
deslumbramento com seu uso. O desafio neste caso esta na geração do conteúdo,
no envolvimento dos “donos do processo” em todas as etapas da modelagem.
2.3.3 Fases do PDP de Rozenfeld (2006)
O processo de desenvolvimentos de produtos para Rozenfeld (2006) está
dividido em três etapas distintas, como mostrado na Figura 10, o prédesenvolvimento do produto o desenvolvimento e o pós-desenvolvimento.
Figura 10 - Modelo de referência de PDP Unificado
Fonte: Rozenfeld (2006)
 Pré-desenvolvimento
A macro fase de pré-desenvolvimento está dividida em etapas dentro do
PDP, sendo subdividido em planejamento estratégico do produto e planejamento do
projeto. Na etapa do planejamento do projeto que é realizado todo planejamento das
atividades iniciais de um PDP, e a formação das equipes de trabalho, que podem ser
indivíduos de um único departamento da empresa ou formado por representantes de
cada setor e escolhido o coordenador do trabalho a ser desenvolvido.
49
No planejamento estratégico do produto, começa com o levantamento de
dados e filtragem dos mesmos, para geração do portfólio de informações,
direcionado ao trabalho a ser desenvolvido ou ao produto que se esta concebendo
ou realizado a sua melhoria. Nesta fase que será tomada a decisão de continuidade
do projeto, com base nas informações compiladas em conjunto com a equipe do
projeto.
 Desenvolvimento
A macro fase de desenvolvimento do produto terá início após aprovação da
primeira fase do processo de PDP, com um escopo definido do produto pode ser
trabalhado e com prazos pré estabelecidos. Neste momento são definidas as reais
estruturas de desenvolvimento. Cada membro da equipe irá receber atribuições e
metas para cada trabalho delegado, com isso se inicia a estruturação em si de um
produto ou ação, definindo o que o projeto (produto) irá oferecer ao seu usuário.
Para Rosenfeld (2006) a macro fase de desenvolvimento de produtos é composta
por estágios bem definidos, cada um com sua particularidade, dividindo a fase de
desenvolvimento em cinco ações de PDP, sendo o projeto informacional, conceitual,
detalhado, juntamente com as fazes de preparação da produção e o lançamento do
produto no mercado.
No desenvolvimento os laços entre a equipe de desenvolvimento e seus
fornecedores são estreitados, buscando alternativa e soluções dos trabalhos
desenvolvidos, iniciando a fase de projetar, construir, testar, em suma gerando-se o
protótipo do produto ou trabalhando os ciclos da atividade desenvolvida até a sua
consolidação.
Com os trabalhos no projeto de criação finalizados, inicia-se o processo de
transição do protótipo para a linha de produção do produto, enfrentando a fase como
se deve realizar a produção, gerando o lote piloto, adequação dos equipamentos,
criando procedimentos formalizados e o mais importante, a produção em massa
atende e tem as mesmas características do protótipo.
A última etapa do desenvolvimento, consolida-se com o lançamento do
produto no mercado consumidor, e seu acompanhamento através, da macro fase de
pós-desenvolvimento.
50
 Pós-desenvolvimento
O Processo de Desenvolvimento de Produto realizou toda a fase de criação
de um determinado produto, em suas duas macro-fases iniciais, é dada continuidade
do processo de pós-desenvolvimento, que irá garantir a compreensão de todo o ciclo
de vida do produto e sua melhoria, acompanhando assim todas as fases produtivas
e de mercado, com o intuito de diagnosticar as necessidades de melhoria ou
oportunidades, desta forma garantindo que em uma possível retirada do produto não
cause impacto ao consumidor, empresa e ambiente onde ele foi inserido.
(ROZENFELD, 2006/2003)
A macro fase de pós-desenvolvimento em sua estrutura dentro do processo
de desenvolvimento de produto engloba todo o processo de acompanhamento do
produto no mercado e os procedimentos para sua alteração conceitual, melhoria do
produto e possível retirada e recolhimento, trabalhando todo o ciclo de vida do
produto (ROZENFELD, 2006). O acompanhamento da fase de pós-desenvolvimento
possibilita que se receba informação relacionada ao comportamento do produto
mercado, desta forma trazendo a oportunidade de estudos para a melhoria do
produto final através das informações geradas pelo consumidor.
Com o acompanhamento do pós-desenvolvimento de produtos, também
pode surgir oportunidades para a realização de novos projetos de produtos, projetos
relacionados com as melhorias do produto final e correções de problemas que sejam
identificados dentro da macro fase de desenvolvimento de produtos.
No acompanhamento do ciclo de vida do produto pelo pós-desenvolvimento,
pode-se identificar as fases do processo produtivo, processo de criação, defeitos
operacionais ou técnicos e realizar a melhoria de processo e produto final, que
solucionados vem a trazer condições para o aperfeiçoamento do processo de
desenvolvimento de produtos. Com toda a documentação do projeto disponível e
catalogada, juntamente com a avaliação do ciclo de vida do produto, iram garantir a
reprodução de processos e a garantia que o conhecimento não será perdido e ficará
a disposição da empresa, proporcionando sua reutilização em projetos de
desenvolvimento de produtos futuros e na melhoria dos existentes. (FORNO;
BUSON; SCHUCH; FORCELLINI; FERREIRA, 2009).
O pós-desenvolvimento tem o objetivo de assegurar a formalização das
lições geradas em cada projeto realizado, através das informações geradas,
51
partilhadas, assim como os padrões e conceitos que vem a ser aplicada por toda a
organização na linha de produção e também para melhorar interação estratégica das
equipes de desenvolvimento e produto final. O processo de aprendizagem envolve a
captura das emoções e de todo o comportamento de uma equipe envolvida num
trabalho de desenvolvimento, das ferramentas complementares e seus sistemas de
suporte,
e
com
toda
a
estrutura
disponibilizada
pela
organização
no
desenvolvimento de cada projeto e melhoria do produto. O melhoramento contínuo
do produto, só irá tornar-se uma realidade, no momento em que responder a quatro
questões básicas: como, o qual, quem, e onde ocorre o aprendizado. Não devendo
esquecer que deverá responder questões relacionadas com a auditoria (TRISTÃO,
TOLEDO, BERNARDO, 2005).
Uma vez que o produto foi lançado, a empresa tem como objetivo alcançar
as metas de seu desempenho principalmente em relação ao lucro e a participação
no mercado. Esse período pode ser longo e a empresa deve ter bem estabelecida a
meta mínima esperada para o desempenho do produto lançado até o final do seu
ciclo de vida. (BARBALHO, 2006).
2.4 O MODELO DE REFERÊNCIA TREVO FRACTAL NO DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO OU PROCESSO
O modelo de trevo fractal (MTF) foi gerado e estruturado para dar suporte e
atender um cenário criativo e para rastrear todo um processo de estimulação da
criatividade e solução de problemas, gerando alternativas de solução baseadas na
criatividade e organização das idéias e conhecimentos dos indivíduos envolvidos
(ALBERTI, 2006a). O modelo trevo fractal é um método aleatório e não temporal,
sendo mesclado com conceitos extremamente técnicos, mas com uma grande
vantagem competitiva em todo seu contexto, o modelo não é limitado, podendo
sempre estar sendo modelado e aperfeiçoado conforme necessidade do ambiente
produtivo a ser trabalhado.
O modelo de trevo fractal segundo Alves (2009) possibilita as condições
básicas para a formalização das informações geradas, sendo um MR criativo e de
proporcionar uma gestão ágil dos projetos trabalhados, por ser formado por equipes
pequenas, facilitando desta forma a tomada de decisões. O modelo de trevo fractal é
52
utilizado devido o seu nível de criatividade, pode gerar inovações das mais simples a
mais complexas, podendo ser regular ou incremental, independente do produto ou
mercado em que se esta desenvolvendo o trabalho de pesquisa.
O modelo trevo fractal proporciona aos seus usuários a adoção ou
combinação de estratégias das mais variadas, juntamente com um paralelo com as
tecnologias das mais variadas, além de possuir um alto nível de adaptação a
linguagem do ambiente a ser trabalhado. O modelo de trevo fractal a ser utilizado,
teve seu formato gerado a partir do modelo de criatividade de Alberti (2006), sendo
adaptado e remodelado por Alves (2009), para se trabalhar o desenvolvimento de
produtos de forma mais simplificada e ampla, vindo a contemplar a utilização das
mais diversas tecnologias de PDP. As características citadas anteriormente podem
ser visualizadas na Figura 13, onde se pode ter uma noção mais detalhada do
modelo desenvolvido por Alves, com características que proporcionam a flexibilidade
do modelo de trevo fractal.
Figura 11 - Modelo de trevo fractal macro
Fonte: Alves (2009)
O MTF possui um enfoque voltado para o processo criativo, no entanto
trabalhando de forma mais ampla a sua etapa conceitual, possibilita uma
observação aprofundada das etapas de planejamento do processo, projeto
informacional e o projeto conceitual do produto. Nas etapas iniciais que se decide
53
sobre uma grande fatia dos investimentos que podem vir a ser realizados por uma
empresa no trabalho de desenvolvimento ou melhorias de produto e processo.
No entanto, em uma comparação com os outros MRS vistos, o MTF é
focado
nas
etapas
predominantemente
intelectuais,
juntamente
com
o
gerenciamento do conhecimento que as circundam, proporcionando assim uma
simplificação de ações para soluções. Contudo, as etapas conceituais do modelo,
apresentam uma
menor
subjetividade
em
seu
contexto
e
facilidade
de
desenvolvimento, além de proporcionar característica de abrangência mais
detalhadas do cenário trabalhado, característica que pode ser visualizada na Figura
14.
Figura 12 - Modelo Trevo Fractal PDPMTF e as Etapas Conceituais
Fonte: Alves (2009)
A aplicação do modelo pode iniciar em qualquer ponto do mesmo. No
entanto, as ações foram identificadas por letras e números para que haja uma
melhor facilidade organização da sequência de ações. As ações propostas pelo
modelo em questão encontram-se detalhadas no Quadro 1.
54
Meta-ação: Trevo EXPLICITAR – Gestão do Conhecimento
Ação 1
Anotar os dados que potencializem
desenvolvimento do produto ou processo.
informações
aos
participantes
do
Ação 2
Traduzir e simplificar os dados em informações e formatos de representações para a
perfeita compreensão do produto ou processo.
Ação 3
Refletir as informações para gerar conhecimentos, ideias e soluções que orientem as
ações de desenvolvimento do produto ou processo.
Meta-ação: Trevo ANALISAR – Planejamento do Projeto
Ação A
Avaliar o mercado consumidor e não consumidor e a sua influência no contexto de
utilização do produto ou processo.
Ação B
Identificar os clientes e as suas necessidades atendidas com a utilização do produto
ou processo.
Ação C
Definir as características iniciais do processo produtivo para a manufatura das
funções necessárias aos clientes do produto ou processo.
Meta-ação: Trevo GERAR inferior – Projeto Informacional
Ação D
Descrever as expectativas dos clientes através das funções e os serviços necessários
ao produto ou processo.
Ação E
Formalizar, representar e materializar para se verificar as ideias para as funções e os
serviços necessários ao produto ou processo.
Ação F
Registrar as soluções, as idéias e os conceitos preliminares e sua evolução, para
atender os clientes com o produto ou processo.
Meta-ação: Trevo GERAR superior – Projeto Conceitual
Ação G
Levantar e impregnar-se das tendências mercadológicas, conceituais e tecnológicas
do produto ou processo.
Ação H
Examinar as variáveis para a produção e manufatura das ideias e funções
necessárias para a utilização pelos clientes do produto ou processo.
Encontrar e escolher conceitos que viabilizem as soluções das funções e a sua
concepção para a pesquisa e testes do produto ou processo.
Quadro 1 - Meta-ações e ações do modelo de referência Trevo Fractal Conceitual
Fonte: Alves (2009) – adaptado pelo autor
Ação I
O modelo de trevo fractal possui em suas etapas um elevado nível de
iteratividade, que também pode ser aleatório. Segundo Alberti (2006a) o modelo de
trevo fractal é composto de etapas estabelecidas e estruturadas através do uso da
criatividade aliado a fatores dinâmicos, que permitem os usuários realizar
customizações construtivas, com o uso imaginário dos cenários a serem trabalhado,
podendo assim gerar inúmeras soluções ou ponto de partida para se atingir as
respostas do problema encontrado.
55
O potencial encontrado dentro do MTF para atender as mais variadas
necessidades e perfis de indivíduos que constituem a equipe gestora que irá
trabalhar com o MTF, proporcionando trabalhos inovadores e derivativos de outros já
existentes, contribuindo para que as idéias e premissas do trabalho sejam ajustadas
conforme a realidade do cenário estudado, explorando assim as habilidades do ser
humano.
56
3 METODOLOGIA
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa caracteriza-se como exploratória dentro do cenário produtivo, por
se tratar de fenômenos gerados durante o processo de coleta de dados e também é
uma fonte de estudo pouco conhecida.
Foi feito uso de um estudo de caso, pois, o mesmo contribui no
aprofundamento do conhecimento das características do sistema produtivo do papel
Kraft. Assim conhecendo-se o processo pode-se analisar de forma mais detalhada
os fatores industriais.
A pesquisa quantitativa se faz necessária no trabalho em virtude dos
objetivos, aliados a necessidade gerada de aprofundar detalhadamente nas
questões produtivas.
3.2 LOCAL DO ESTUDO
O trabalho foi realizado dentro de uma empresa do setor produtivo de papel
Kraft. A empresa estudada esta localizada na região centro oeste do estado do
Paraná, possuindo 151 funcionários em seu quadro funcional e baixa rotatividade
em sua equipe de manufatura.
3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Na primeira fase deste trabalho foram levantados dados referentes ao
sistema de produção de papel Kraft com o intuito de realizar um conhecimento mais
aprofundado do processo de produção de papel em máquina equipada com sistema
de rolo formador. Na busca de complementação da literatura técnica, também foi
realizado um estudo do processo produtivo da empresa onde foi realizado este
trabalho. O estudo do processo produtivo da empresa foi realizado através do
acompanhamento da linha de produção durante o período de pesquisa, analisado se
os fatores apresentados nos questionários e entrevistas realizadas. Assim
57
conhecendo mais detalhadamente o processo fabril em todos os seus detalhes e
comparando com os procedimentos e técnicas apresentados pela teoria.
Uma das principais fontes de informação sobre o produto foram os testes de
qualidade (teste de conformidade). A escolha dos testes de conformidade como uma
das fontes de coleta de dados, deu-se em virtude do número de informações que
eles apresentam em curto espaço de tempo com relação à qualidade da folha de
papel Kraft. Sendo possível realizar uma hierarquização dos testes quanto ao
comprometimento do desempenho da folha de papel produzida. Através destes
testes buscou-se identificar as possíveis causas das não conformidades. A coleta de
dados produtivos foi realizada durante um período de 18 meses.
A empresa estudada não possui automatização de seu processo produtivo,
muito pouca instrumentação e não possui procedimentos formais de correção de
não conformidade. Desta forma, o levantamento dos dados produtivos os quais
ajudam na identificação das variáveis de processo, seus efeitos e influências na
fabricação do papel foram realizados através de entrevistas e questionários
(apêndice A e B). Este procedimento buscou realizar o levantamento do
conhecimento tácito dos indivíduos envolvidos diretamente com todas as fases do
processo fabril.
O questionário e a entrevista utilizados para coleta do conhecimento tácito
na empresa foram aplicados nos funcionários que atuam diretamente na operação e
controle da máquina de papel. As pessoas mais habilitadas são os contra mestres
devido ao grande conhecimento tácito acumulado ao longo dos anos de trabalho,
nesta empresa. O contra mestre desempenha um papel fundamental dentro da linha
de manufatura do papel Kraft, devendo conhecer todos os estágios produtivos nos
mínimos detalhes. O contra mestre comanda toda a equipe nos trabalhos de
manutenção de processo e busca pela correção das anomalias apontadas pelos
testes de conformidade ou pelos membros da equipe. Sendo um individuo chave na
tomada de decisão em momentos de correção ou manutenção de processo, pelo
fato de toda ação executada pela equipe passar por sua aprovação e orientação
para a execução da intervenção a ser realizada. Outro fator importante é que são
responsáveis pelo treinamento dos funcionários novos e dos que são promovidos
internamente. O conhecimento acumulado pelos contra mestres não é formalizado,
de alguma forma, para benefício da empresa. O levantamento de dados por meio de
58
entrevista foi utilizado no trabalho, pelo fato de que somente o questionário não
permite todo acesso ao conhecimento relevante à pesquisa.
Como forma de validação do questionário o mesmo foi aplicado em um teste
piloto com algumas pessoas que atuam na área produtiva de papel na empresa
estudada.
A coleta de dados não foi utilizada apenas para se ter o conhecimento tácito
das pessoas que estão na indústria, mas sim para identificarem-se também os
métodos desenvolvidos durante esta vivência.
Com a junção dos dados coletados através das entrevistas e dos
questionários com dados de produção (obtidos através dos relatórios de produção
da empresa) e fazendo-se o cruzamento entre todos estes dados procura-se
identificar quais são as melhores formas de trabalho e técnicas utilizadas pelos
indivíduos além de mostrar plenamente as reais seqüências de trabalho.
Uma vez que o processo de produção de papel foi bem entendido e a
dificuldade em manter a manutenção dos padrões de qualidade identificados pôdese fazer uso do Modelo de Referência Trevo Fractal. O MTF foi aplicado na busca
de soluções mais amplas através de uma análise mais complexa dos dados, além
de direcionar o conhecimento adquirido pelos contra mestres para a melhoria do
produto. Depois da aplicação conceitual do MTF fez-se uma proposta de ações de
controle das variáveis de produção.
O acompanhamento da produção não foi realizado apenas durante o
processo de coleta de dados, mas sim em todo o período de análise das
informações e aplicação do MTF, para confrontação dos estágios desenvolvidos no
trabalho e apurar possíveis mudanças durante este período de análise.
59
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O capítulo de resultados e discussões apresenta nas seções iniciais, dados
do processo produtivo de papel Kraft da empresa estudada. Posteriormente,
mostrando os resultados da aplicação do modelo de referência trevo fractal. Na
última seção realiza-se a fase de discussão dos resultados obtidos com o uso do
MTF.
4.1 RESULTADOS OBTIDOS
Com o levantamento de dados produtivos em campo tem-se uma visão do
sistema de trabalhado na unidade fabril.
4.1.1 Resultados do Processo Produtivo
Para uma melhor visualização e entendimento dos dados do processo
produtivo do papel Kraft, da empresa estudada, pode-se observar os gráficos onde
se tem uma visão aprofundada das reais condições produtivas encontradas. A
empresa estudada produz dois tipos de papel: O papel do tipo caixa reciclável (teste
line 1ª) e Kraft segunda linha (teste line 2ª).
Para futuras sugestões de melhorias de processo, primeiro buscou-se
conhecer a realidade quanto à qualidade do produto produzido e os meios de
promover as ações corretivas no processo de produção.
Nos gráficos, a seguir, pode se visualizar os dados de produção média por
bobinas e os números de reclamações geradas pelo cliente quanto ao produto.
No Gráfico 1 pode-se visualizar uma oscilação produtiva entre as duas
variações de papel Kraft em todo período de tempo da realização do estudo.
60
Produção média de papel kraft
1600
Número de Bobinas
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Bobinas
Teste line 1ª
Teste line 2ª
Gráfico 1 - Oscilação da produção de papel Kraft no período de amostragem
Fonte: Autoria própria
Nota-se que em determinados momentos se tem períodos de estabilidade
entre os dois produtos e em outros uma queda, em outro o aumento da quantidade
produzida. Este fator se da em relação à demanda produtiva do cliente, pois em
função do tipo de embalagem que deve ser produzidas (no cliente) existe demanda
diferenciada por um ou outro tipo de papel. Desta forma causando alteração na linha
de produção. No Gráfico 1, ao se observar mais atentamente estas oscilações
produtivas nota-se que no mês de maio de 2009, não há ponto de marcação gráfica,
pelo fato de que neste mês a unidade fabril esteve com suas atividades paralisadas.
No referido mês foi realizada uma série de intervenções corretivas nos sistemas
mecânico da máquina de papel, com intuito de manter-se o equipamento em
perfeitas condições de operacionalização.
No Gráfico 2, pode-se observar as reclamações apontadas por produto
confeccionado dentro da unidade fabril.
Ao analisar o Gráfico 2, nota-se que antes do mês de maio de 2009, tinha-se
um equilíbrio das ocorrências entre os dois tipos de papel produzidos. Depois da
parada geral para manutenção (maio de 2009) as curvas de reclamações para o
papel teste line 1ª e teste line 2ª passam a ter comportamentos distintos. A curva
para o papel teste line 2ª apresenta muita oscilação e a curva para o papel teste line
1ª apresenta crescimento até um determinado patamar (aproximadamente 100
bobinas) e uma oscilação (de menor amplitude quando comparado ao papel teste
line 2ª) em torno deste patamar.
61
Quantidade de bobinas com reclamações
300
Númerode Bobinas
250
200
150
100
50
0
Reclamações de bobinas
Teste line 1ª
Teste line 2ª reclamações no período de amostragem
Gráfico 2 - Quantidade
que apresentaram
Fonte: Autoria própria
No Gráfico 3 pode-se visualizar as reclamações encontradas dentro do
processo produtivo de papel Kraft, por meio dos testes de conformidade do produto,
(apresentados no capítulo de referencial bibliográfico) são de grande importância no
controle da qualidade do produto.
Freqüência de não conformidades
180
Numero de Bobinas
160
140
120
100
80
60
40
20
0
RCT
Umidade
COBB-c
COBB-s
Gramatura
Gráfico 3 - Freqüência de não conformidade do papel produzido em função do teste de
qualidade
Fonte: Autoria própria
Ao se visualizar de forma mais aprofundada os dados apresentados no
Gráfico 3 pode-se realizar uma comparação que deixa visível a dificuldade da
empresa em realizar o controle efetivo de alguns parâmetros durante o período de
coleta de dados.
62
O parâmetro gramatura (linha azul claro no gráfico 3) apresenta uma
variação muito pequena. Desta forma, nota-se que a gramatura é um parâmetro de
fácil controle.
O parâmetro ou teste de Cobb apresenta duas linhas de tendência, pelo fato
de que o teste é realizado em ambas as superfícies do papel. Contudo, se nota que
ele oscila pouco em uma longa faixa da linha de tempo do gráfico, indicando um
equilíbrio. No período entre novembro de 2009 a abril de 2010, nota-se que a curva
do Cobb-c mantêm tendência ao longo do período e o Cobb-s oscila em tendência
de crescimento mostrando algo incomum que pode ter ocorrido naquele período com
a linha de produção. No entanto, deve-se ressaltar que o papel é constituído de duas
massas fibrosas distintas (massa do suporte da folha e massa da capa da folha),
havendo certo grau de independência entre os circuitos de produção. Qualquer falha
que ocorrer em uma das linhas (suporte ou capa) é suficiente para apresentar
discrepâncias entre os dois parâmetros (Cobb-c e Cobb-s). Assim, as diferenças
apresentadas entre as curvas do Cobb-c e Cobb-s no Gráfico 3, mostram um
processo produtivo que possui dificuldades de controle de processo.
Nas curvas referentes aos testes de RCT (linha azul) e umidade (linha
vermelha), nota-se que as mesmas possuem um comportamento semelhante, com
alterações distintas. Pode-se notar que estes dois parâmetros mostram-se muito
sensíveis as variações de processo, quando comparado aos outros parâmetros.
Como as curvas destes parâmetros são próximas, é possível que os vários fatores
de influência no processo de produção que influencia um parâmetro também possa
vir a influenciem o outro.
Outro fator notado no gráfico, é que em determinados períodos houve
elevações ou reduções de produção, mas as reclamações de não conformidades
destes períodos tiveram oscilações aleatórias com relação à quantidade de papel
produzido. Devendo-se lembrar que, no cliente, o produto não é consumido na
seqüência que é recebido.
63
4.1.2
Ações de Correção no Processo Produtivo por Teste de Conformidade
Na ocorrência de uma não conformidade no produto, o setor de qualidade ou
a equipe de produção notifica imediatamente o contra mestre, este por sua vez toma
ciência da situação e implementa as ações de correção que julgar necessárias. O
contra mestre é o único indivíduo da equipe autorizado a interferir no processo
devido ao grau de conhecimento do mesmo.
Os
entrevistados (contra
mestres)
têm
as
mesmas
atribuições e
responsabilidades pela manutenção das características produtivas buscadas pela
unidade fabril, trabalhando com as informações geradas pelos testes de não
conformidade, usando muito de sua intuição aliada ao conhecimento tácito.
As anomalias identificadas pelos testes de conformidade são geradas por
inúmeros fatores produtivos. Os entrevistados indicaram os fatores que eles
consideram responsáveis por gerar as ocorrências de perda de padrão do produto
final. Estes fatores são apresentados nas Figuras 15, 16, 17 e 18 na ordem indicada
por cada um dos indivíduos, para solucionar a anomalia apontada pelos testes.
Através da ordenação de ações de correção, tem-se uma visão de como é
realizada a seqüência de trabalho de cada um dos contra mestres durante a
correção de uma não conformidade.
Na Figura 15, pode-se visualizar as etapas de atividades corretivas
realizadas pelo entrevistado A, B, C, D no processo de correção das anomalias
apresentadas pelo teste de RCT. A seqüência de atividades que cada individuo
realiza, conforme seu relato em entrevistas. A primeira atividade corretiva realizada
por todos é a mesma (reduzir velocidade da máquina de papel), começado a se ter
uma variação das ações corretivas a partir da segunda intervenção no processo por
parte dos mesmos. Contudo se pode observar que estas atividades apresentam
apenas variação de seqüência em sua realização. No entanto, ao se observar mais
criteriosamente para a seqüência de atuações, pode-se notar que o individuo C, não
realiza uma das atividades (índice de umidade), tendo assim um ciclo de ações
corretivas menor, que aparentemente não prejudica o controle da não conformidade.
64
SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO NO RCT POR ENTREVISTADO
RCT (A)
Reduzir
Velocidade
→
RCT (B)
Reduzir
velocidade
RCT (C)
Reduzir
velocidade
RCT (D)
Reduzir
velocidade
Verificar grau de
refino
índice de umidade
→
Receita
→
Matéria
Prima
→
Formação
→ Índice de umidade→
Verificar grau de
refino
→
Receita
→
Matéria
Prima
→
Formação
→
Verificar grau de
refino
→
Receita
→
Matéria
Prima
→
Formação
→
Verificar grau de
refino
→
Índice de umidade
→
Receita
→
Matéria
Prima
→
Formação
→
Figura 13 - Seqüência de ações corretivas para o teste RCT implementadas pelos
entrevistados A,B,C,D
Fonte: Autoria própria
Na Figura 16, pode-se visualizar as etapas de atividades corretivas
realizadas pelo entrevistado A, B, C, D no processo de correção das anomalias no
teste de COBB. Pode-se notar que alguns indivíduos realizam a inversão de ações
na ordem cronológica das atividades. Alguns dos entrevistados como B e C, efetuam
uma atividade a mais (formação) que os outros dois na busca por uma ação
corretiva.
SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO NO TESTE DE COBB POR ENTREVISTADO
COBB ( A )
Verificar grau de
refino
→
Aditivos
(cola/amido)
→
Outros
aditivos
COBB ( B )
Aditivos
(cola/amido)
→
Verificar grau de
refino
→
Formação
→
Outros
aditivos
COBB ( C )
Aditivos
(cola/amido)
→
Verificar grau de
refino
→
Outros
aditivos
→
Formação
COBB ( D )
Verificar grau de
refino
→
Aditivos
(cola/amido)
→
Outros
aditivos
Figura 14 - Seqüência de ações corretivas para o teste COBB implementadas pelos
entrevistados A, B, C, D
Fonte: Autoria própria
O processo de trabalho na atividade de correção da gramatura tem algumas
similaridades entre os indivíduos, com alguns pontos de atuação diferenciados. Na
Figura 17 mostra-se a seqüência das ações corretivas. Nota-se que em duas etapas
de intervenções (primeira e terceira) as ações são as mesmas para todos os
entrevistados. Com tudo existem três ações que são realizadas por apenas um
65
indivíduos: filtro pegador (entrevistado A), formação (entrevistado B) e consistência
da massa (entrevistado C).
SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO NA GRAMATURA POR ENTREVISTADO
GRAM ( A )
Grau de refino
→
Nível das formas
→
Válvula de
alimentação
→
Bomba de
mistura
GRAM ( B )
Grau de refino
→
Formação
→
Válvula de
alimentação
→
Nível das
formas
GRAM ( C )
Grau de refino
→
Consistência da
massa
→
Válvula de
alimentação
→
Bomba de
mistura
GRAM ( D )
Grau de refino
→
Nível das formas
→
Válvula de
alimentação
→
Bomba de
mistura
→
Feltro
pegador
→
Nível das
formas
Figura 15 - Seqüência de ações corretivas para o teste de gramatura implementadas pelos
entrevistados A, B, C, D
Fonte: Autoria própria
Na Figura 18 nota-se uma aproximação mais acentuada das ações
corretivas adotadas por cada entrevistado para o teste de umidade. Todos eles têm
como primeira iniciativa de reduzir à velocidade da máquina e como última ação a
descarga de condensado, variando de critério apenas nas ações centrais ao ciclo
corretivo, mas sem apresentar atividades desiguais. Fato que leva a salientar que as
atividades são a mesmas somente tendo inversão em sua importância, para apenas
um dos indivíduos (entrevistado B) os demais tendo a mesma visão de ações
corretivas.
66
SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO UMIDADE POR ENTREVISTADO
UMID.( A )
Reduzir
velocidade
→
Verificar grau de
refino
→
Nível de vapor
→
Descarga de
condensado
UMID. ( B )
Reduzir
velocidade
→
Nível de vapor
→
Verificar grau de
refino
→
Descarga de
condensado
UMID. ( C )
Reduzir
velocidade
→
Verificar grau de
refino
→
Nível de vapor
→
Descarga de
condensado
UMID. ( D )
Reduzir
velocidade
→
Verificar grau de
refino
→
Nível de vapor
→
Descarga de
condensado
Figura 16 - Seqüência de ações corretivas para o teste de umidade implementadas pelos
entrevistados A, B, C, D
Fonte: Autoria própria
Como forma de verificar a veracidade das informações obtidas através das
entrevistas fez-se um acompanhamento, como observador, da produção. Onde
notou-se subjetividade na forma de interpretação das informações de não
conformidade, por parte dos contra mestres. As reações variavam entre
demonstração de segurança e de certo nível de indecisão, pois, trabalham sem
procedimentos formais e com apoio somente de seu conhecimento prático. Deste
modo, as atividades relacionadas às ações de correção são realizadas de forma
subjetiva conforme a experiência de cada indivíduo e a escala de importância de
ações de correção particular de cada um dos contra mestres.
No processo de acompanhamento das atividades corretivas das não
conformidades, observou-se que o trabalho de acompanhamento das anomalias não
é realizado somente em laboratório, mas com o uso da experiência de cada
individuo envolvido no processo, mais a do contra mestre. Fator este que em muitos
casos gera iniciativas de correção antecipadas ao apontamento dos testes de
laboratório. Estes indivíduos se embasam em sua capacidade sensorial (visual e
táctil) adquiridas ao longo do tempo. Observou-se também que os subalternos do
contra mestre não realizam ações sem a prévia consulta com seu superior e
somente após orientação prática as ações.
No processo de melhoria do produto dentro da empresa estudada não se
tem indícios de nem uma atividade formalizada de trabalhos voltados à melhoria do
67
produto final, trabalhando apenas a manutenção do que já vem sendo realizado para
se manter o mínimo exigido pelo cliente.
As ações são transmitidas na troca de turno de um contra mestre para o
outro, onde se relata as ocorrências do turno, qual seção do equipamento
apresentou maior numero de problemas e qual foi à ação corretiva adotada.
Complementando as informações apresentadas nas Figuras 15 a 18 fez-se
um detalhamento das ações corretivas, baseadas em observações, as quais são
apresentadas nos quadros 1 a 4. Nos quadros pode-se notar a aleatoriedade das
ações adotadas por cada contra mestre e o nível de similaridade entre algumas
ações.
No Quadro 1 tem-se o seqüenciamento das ações desenvolvidas pelos
contra mestres no momento da busca pela correção da não conformidade com
relação ao teste de RCT. Pode se notar uma aleatoriedade por parte dos indivíduos
perante as ações indicadas na Figura 15, assim pode se afirmar que cada um realiza
suas atividades conforme sua habilidade e critérios próprios.
Fica clara a falta de coerência entre a Figura 15 e o Quadro 01, pois existe
uma disparidade entre as ações corretivas declaradas nas entrevistas (Figura 15) e
as ações efetivamente realizadas (Quadro 1). Deste modo, o seqüenciamento
declarado pelos contra mestres não são seguidos fielmente pelos mesmos,
produzindo um reordenamento das ações de correção. As atividades descritas nos
quadros esta ordenada a partir da seqüência de ações relatadas pelos contra
mestres e a numeração corresponde à identificação real do ordenamento das
mesmas após acompanhamento das atividades.
68
RCT
Fatores
Grau de
refino
Receita
(2) Regulagem
do grau de
refino
(3) Aumento da
adição de fibras
longas
Entrevistados
A
Índice de
umidade
Ações
Matéria prima
Formação
(1) Redução de
velocidade
(5) Retirada de
impureza
(1) Redução da
velocidade
(5) Conferir
material
(11) Verificar
nível das formas
(4) Conferir receita
(7) Tirar impurezas
(12) Conferir
regulagem
(6) Consistência da
massa
(8) Retirar
produtos com
amaciante na
composição (papel
higiênico, caixa de
ovo, etc.)
(4) Consistência da
massa
(6) Porcentagem de
aditivos
(2) Regulagem
do grau de
refino
B
(3) Adicionar fibras
(9) Verificar adição de
amido
(10) Porcentagem de
aditivos (ercobond)
(1) Redução da
velocidade da
maquina
(2) Conferir
grau de refino
(4) Conferir receita da
massa
(6) Regulagem
grau de refino
se necessário
(3) Adição de fibras
(8) Tirar impurezas
(5) Consistência da
massa
(10) Retirar
produtos com
amaciante na
composição (papel
higiênico, caixa de
ovo, etc.)
C
(7) Conferir
material
(9) Verificar
quantidade de filos
D
(5) Troca de
material
(8) Quantidade
de massa nas
formas
(6) Grau de choper
(9) Verificar
qualidade
(11) Quantidade
de água
(7) Consistência da
massa
(10) Retirar
impurezas
(2) Conferir
regulagem
(4) Alteração de
composição
(3) Desgaste
dos discos
(troca)
(1) Redução da
velocidade da
máquina
Quadro 2 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste RCT - entrevistados A, B,
C, D
Fonte: Autoria própria
No Quadro 2, se tem a visão dos fatores citados pelos entrevistados A. B, C,
D e a aleatoriedade das ações de correção para o teste de COBB em ambas as
superfícies do papel Kraft. Ao observar o Quadro 2 pode-se dizer que ele possui
basicamente as mesmas variações e particularidade de aleatoriedade do Quadro 1
69
em sua execução de atividade, mostrando o quanto o direcionamento das atividades
ou ações varia de um para o outro.
COBB
Fatores
Colagem
pH
Tempo de cura
Entrevistados
A
Matéria prima
Aditivo
Água
Ações
(1)
Aumento
de
dosagem
de cola
(6) Conferir
aditivos
(5) Conferir
adição de
cola
(7)
Porcentagem
de pH
(4) Espera de
rebobinamento
(2) Troca de
material
(3) Retirada de
impurezas (cal,
cimento, etc.).
(11) Equilibrar
o pH
(1)
Aumento
de
dosagem
de cola
B
(5) Descanso da
bobina
(3) Retirada de
impurezas (cal,
cimento, etc.)
(6) Conferir
adição de
cola
(1)
Aumento
de
dosagem
de cola
C
(4) Conferir
amido
(5) Descanso da
bobina
(2) Retirada de
impurezas (cal,
cimento, etc.).
(7) Conferir
adição de
cola
(1) Conferir
adição de
cola
D
(2) Conferir
ercobond
(5) Descanso da
bobina
(4) Troca de
material
(3) Conferir
ercobond
(4) Acompanhar
temperatura da
água
(6) Conferir
amido
(5) Verificar
qualidade da
água
(2) Conferir
ercobond
(6) Acompanhar
temperatura da
água
(3) Conferir
amido
Quadro 3 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste COBB - entrevistados A, B,
C, D
Fonte: Autoria própria
No Quadro 3, pode-se visualizar os fatores geradores da anomalia que
levam a perca de padrões pelo excesso de gramatura da folha de papel segundo os
entrevistados A, B, C, D. Nota-se que há concordância com as informações contidas
na Figura 17.
O referido quadro mostra que as seqüências de atividades possuem uma
irregularidade bem acentuada, pois o indivíduo ao não realizar uma seqüência
lógica, acaba retornando a fatores já corrigidos. Desta forma, o contra mestre
retorna a análise das observações de fatores vistos anteriormente. Fazendo com
70
que o trabalho perca de certa forma sua eficiência devido à aleatoriedade do circuito
a ser percorrido, ocasionado perca de tempo e ações desnecessárias em
determinados momentos.
GRAMATURA
Fatores
Tanque de
massa
Formas
Entrevistados
A
B
C
D
Feltro pegador
Sistema
mecânico
Grau de
refino
Ações
(1) Consistência
da massa
(4) Consistência da
massa
(5) Conferir grau de
deságüe
(3) Conferir
fibras
(2) Conferir nível
(6) Regulagem de
entrada do produto
(8) Conferir
aditivos
(7) Conferir formas
(1) Conferir nível
(4) Conferir nível
(6) Conferir grau de
deságüe
(8) Exaustores
(bomba de vácuo)
(2) Conferir
bomba
(5) Verificar rolos
de formação
(7) Hidrojateamento
(11) Prensas
(3) Consistência
da massa
(9) Regulagem de
entrada do produto
(10) Troca de feltro
(4) Consistência
da massa
(1) Conferir nível
(8) Conferir grau de
deságüe
(5) Conferir nível
(6) Verificar rolos
de formação
(7) Verificar estado do
feltro (manchas)
(10) Conferir
bomba
(9) Regulagem de
entrada do produto
(3) Consistência
da massa
(1) Regulagem de
entrada do produto
(5) Verificar estado do
feltro (manchas)
(7) Conferir nível
(2) Conferir nível
(9) Conferir grau de
deságüe
(8) Conferir
bombas
(6) Verificar rolos
de formação
(6) Exaustores
(bomba de vácuo)
(2) Conferir o
grau
(3) Regulagem
dos discos
(10) Verificar
bomba de
alimentação
(4) Verificar
regulagem dos
discos
Quadro 4 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Gramatura entrevistados A, B, C, D
Fonte: Autoria própria
No Quadro 4, tem se as ações corretivas implementadas pelos entrevistados
A, B, C e D, referente a não conformidade indicada pelo teste de umidade. Ao
comparar-se o Quadro 4 com a Figura 18, nota-se na referida figura há certa
semelhança nas ações e seqüência de implementação pelos entrevistados. No
entanto, no Quadro 4 não se observa a mesma semelhança apresentada na Figura
18. Neste quadro fica clara a discrepância de ações e seqüenciamento das mesmas
quando se compara as ações dos entrevistados. Nota-se uma falta de coerência
entre as declarações feitas nas entrevistas e as ações observadas.
71
UMIDADE
Fatores
Vapor
Eficiência de
secagem
Entrevistados
Prensa
Feltro
Grau de
refinação
Aditivos
Ações
(1) Reduzir
velocidade da
maquina
(2) Conferir
descarga de
condensado
(4) Conferir
entrada de
vapor
(3) Conferir
temperatura dos
cilindros
(1) Reduzir
velocidade da
maquina
(5) Conferir
temperatura dos
cilindros
(2) Conferir
entrada de
vapor
(6) Conferir
descarga de
condensado
(1) Reduzir
velocidade da
maquina
(4) Conferir
temperatura dos
cilindros
(2) Conferir
entrada de
vapor
(5) Conferir
descarga de
condensado
(1) Reduzir
velocidade da
maquina
(6) Conferir
cilindros
secadores
(7) Conferir
grau de
deságüe
(6)
Porcentage
m de
aditivos
(5)
Hidrojateamento
A
(8) Troca
(8) Conferir
grau de
deságüe
(7)
Hidrojateamento
B
(10) Troca de
(9) Troca de feltro
prensa ou
reparos
(9) Conferir
grau de
deságüe
(6) Conferir
formação
(3) Verificar
grau de
refino
(4)
Regulagem
dos discos
de refino
(3) Verificar
grau de
refino
(7) Conferir
ercobonde
(2) Conferir
grau de
refino
(5) Conferir
ercobonde
C
D
(3) Conferir
entrada de
vapor
(8) Conferir ph da
massa
(8) Conferir
grau de
deságüe
(4) Conferir
formação
(7) Conferir
formas
Quadro 5 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Umidade - entrevistados
A, B, C, D
Fonte: Autoria própria
4.1.3 Detalhamento das Ocorrências de não Conformidade
Na seqüência de tabelas apresentadas a seguir, tem-se a visualização de
dados detalhados das ocorrências de não conformidades. Foram escolhidos quatro
meses para fazer esta análise (março de 2009, julho de 2009, outubro de 2009 e
fevereiro de 2010). Procurou-se escolher os meses que apresentaram uma
acentuada incidência de reclamações.
A tabela 1 trás uma amostragem detalhada de produção onde procura-se
identificar se algum dos contra mestres destaca-se com menor número de não
conformidade. Posteriormente pode-se associar a seqüência de ações de correção
com o número de não conformidades.
72
Periodo
Julho de 2009 Março de 2009
Outubro de
2009
Fevereiro de
2010
Entrevistado
Tabela 1 - Dados de produção detalhados por turno e por contra mestre
Dias trabalhados
quantidade de bobinas produzidas
primeiro
turno
segundo
turno
terceiro
turno
primeiro
turno
segundo
turno
terceiro
turno
Total
pruzido
Quantidade de bobinas com reclamações
primeiro
turno
%
segundo
turno
%
terceiro
turno
%
total
%
A
7
6
10
105
87
154
346
9
8,57
8
9,20
2
1,30
19
5,49
B
12
6
6
169
97
91
357
13
7,69
7
7,22
0
0,00
20
5,60
C
6
11
6
82
149
92
323
1
1,22
25
16,78
6
6,52
32
9,91
D
6
8
9
75
121
134
330
4
5,33
16
13,22
7
5,22
27
8,18
A
6
10
12
86
90
169
345
15
17,44
5
5,56
2
1,18
22
6,38
B
11
6
6
147
83
86
316
0
0,00
2
2,41
7
8,14
9
2,85
C
8
6
6
107
120
84
311
6
5,61
7
5,83
11
13,10
24
7,72
D
6
9
7
92
144
105
341
10
10,87
3
2,08
8
7,62
21
6,16
A
9
6
8
127
74
109
310
32
25,20
25
33,78
4
3,67
61
19,68
B
10
7
6
135
101
84
320
8
5,93
21
20,79
10
11,90
39
12,19
C
6
12
6
64
164
83
311
10
15,63
28
17,07
12
14,46
50
16,08
D
6
6
11
83
80
154
317
20
24,10
11
13,75
27
17,53
58
18,30
A
6
6
8
76
88
116
280
23
30,26
32
36,36
41
35,34
96
34,29
B
10
6
6
126
77
74
277
23
18,25
15
19,48
15
20,27
53
19,13
C
6
10
6
82
137
83
302
7
8,54
41
29,93
7
8,43
55
18,21
D
6
6
8
86
87
127
300
28
32,56
26
29,89
11
8,66
65
21,67
Fonte: Autoria própria
A referida tabela foi dividida em três partes. A primeira diz respeito ao
número de dias trabalhados por turno para cada contra mestre. O primeiro turno
inicia-se às seis horas da manhã e termina às duas horas da tarde, o segundo turno
tem o seu término às vinte e duas horas e o terceiro turno tem suas atividades
enceradas às seis horas da manhã. Assim os indivíduos sofrem alterações de
horários e de equipes de trabalho, pois os contra mestres têm rotação de turno de
forma progressiva e os operários de forma regressiva. Desta forma, a cada sete dias
o contra mestre realiza suas atividades com uma equipe de trabalho diferente.
A segunda parte da Tabela 1 diz respeito ao número de bobinas de papel
produzidas por turno. Desta forma, pode-se observar os dados produtivos individuais
de cada um dos contra mestres.
Na terceira parte da Tabela 1 tem-se percentualmente a quantidade de
reclamações que cada contra mestre teve no período dos quatro meses destacados.
Pode-se observar a porcentagem de não conformidade por turno e por mês de
produção.
Analisando-se a Tabela 1 nota-se que no primeiro turno (início às 06h)
destacam-se os contra mestres B e C com menor número de bobinas que
apresentam não conformidades (considerando todo o período de coleta de dados).
No segundo turno (início às 14h) os contra mestres B e D apresentam menor
número de bobinas com não conformidades. No último turno (início às 22h) os dados
mostram que os contra mestres A, B e C apresentaram o menor número de não
73
conformidade (com destaque para o entrevistado A). Desta forma, quando observase cada turno individualmente nota-se que nenhum contra mestre destaca-se em um
turno específico. Quando observa-se todo o período de coleta de dados
independente do turno (última coluna da Tabela 1) percebe-se que o contra mestre
B destaca-se no mês de julho e outubro e nos demais meses ele esta em segundo,
mas, muito próximo do primeiro (contra mestre A em março e contra mestre C em
fevereiro). Deste modo, pode-se dizer que o contra mestre B apresenta o melhor
resultado geral, ou seja, menor número de bobinas com não conformidades.
Na Tabela 2 tem-se a visão das não conformidades de acordo com os testes
de RCT e umidade. Esta tabela é um desmembramento da Tabela 1.
Periodo
Março de
2009
Julho de
2009
Outubro de
2009
Fevereiro de
2010
Entrevistado
Tabela 2 - Detalhamento de não conformidade por teste (RCT e Umidade)
Reclamações RCT
Recalamações Umidade
primeiro
turno
segundo
turno
terceiro
turno
total
% primeiro % segundo % terceiro % total por
truno
turno
turno
período
Primeiro
turno
Segundo
turno
Terceiro
turno
total
A
0
8
1
9
0,00
9,20
0,65
B
9
0
0
9
5,33
0,00
0,00
C
1
12
1
14
1,22
8,05
D
2
12
0
14
2,67
A
0
0
0
0
B
0
0
0
C
0
0
D
1
A
% primeiro % segundo % terceiro % total por
tuuno
turno
turno
período
2,60
8
4
2
14
7,62
4,60
2,52
9
5
14
5,33
5,15
1,09
4,33
1
8
6
15
1,22
5,37
6,52
4,64
9,92
0,00
4,24
4
6
4
14
5,33
4,96
2,99
4,24
0,00
0,00
0,00
0,00
15
7
2
24
17,44
7,78
1,18
6,96
0
0,00
0,00
0,00
0,00
0
1
6
7
0,00
1,20
6,98
2,22
0
0
0,00
0,00
0,00
0,00
6
7
11
24
5,61
5,83
13,10
7,72
0
0
1
1,09
0,00
0,00
0,29
7
3
8
18
7,61
2,08
7,62
5,28
7
14
2
23
5,51
18,92
1,83
7,42
12
13
4
29
9,45
17,57
3,67
9,35
B
2
12
12
26
1,48
11,88
14,29
8,13
5
8
8
21
3,70
7,92
9,52
6,56
C
6
15
12
33
9,38
9,15
14,46
10,61
8
23
7
38
12,50
14,02
8,43
12,22
D
16
8
5
29
19,28
10,00
3,25
9,15
14
9
23
46
16,87
11,25
14,94
14,51
A
6
23
10
39
7,89
26,14
8,62
13,93
5
14
38
57
6,58
15,91
32,76
20,36
B
18
11
5
34
14,29
14,29
6,76
12,27
18
8
8
34
14,29
10,39
10,81
12,27
C
12
6
22
40
14,63
4,38
26,51
13,25
4
38
4
46
4,88
27,74
4,82
15,23
D
4
23
15
42
4,65
26,44
11,81
14,00
13
9
5
27
15,12
10,34
3,94
9,00
1,30
4,05
3,92
Fonte: Autoria própria
Através da Tabela 2 pode-se observar que o fator de controle umidade tem
uma freqüência de não conformidade maior que para o teste RCT. No entanto,
ambos possuem alto nível de importância na qualidade do produto.
O teste de RCT é considerado um dos fatores mais difíceis de manter-se
dentro dos padrões no processo de produção de papel Kraft, segundo os
entrevistados. No entanto, ao se observar os dados mostrados na Tabela 2 nota-se
que o fator umidade apresenta um maior número de ocorrências no período. Os
dados indicam, nos meses estudados, que a umidade se apresentou mais difícil de
controlar que o RCT contrariando assim a afirmativa dos entrevistados.
Normalmente quando ocorre a perca de padrão, destes fatores, tem-se certa demora
em seu retorno aos padrões normais, gerando um número grande de bobinas
74
problemáticas. Analisando cada teste individualmente nota-se que no teste de RCT
os contra mestres A e B apresentam menor número de bobinas com não
conformidades e para o teste de umidade os contra mestres B e D apresentam os
melhores resultados.
Na Tabela 3, são apresentadas as não conformidades de gramatura e do
teste Cobb. Esta tabela também é um desdobramento da tabela 1.
Na Tabela 3, pode-se notar que as ocorrências de não conformidades na
gramatura do papel são em menor quantidade do que a do teste Cobb. O fator
gramatura apresenta uma resposta mais imediata às ações de correção adotadas
em relação aos demais testes, assim tendo sua correção muito mais rápida. No caso
da gramatura fica muito difícil apontar um contra mestre que apresente um resultado
de destaque, pois o número de não conformidade é muito pequeno.
Periodo
Março de
2009
Julho de
2009
Outubro de
2009
Fevereiro de
2010
Entrevistado
Tabela 3 - Detalhamento de não conformidade por teste (Gramatura e Coob)
Reclamações Gramatura
Reclamações COOB
primeiro
turno
segundo
turno
terceiro
turno
total
% primeiro % segundo % terceiro % total por
truno
turno
turno
período
primeiro
turno
segundo
turno
terceiro
turno
total
A
1
1
0
2
0,95
1,15
0,00
B
1
1
0
2
0,59
1,03
0,00
C
0
0
0
0
0,00
0,00
D
0
0
0
0
0,00
A
0
0
0
0
B
2
2
2
C
0
0
D
2
A
% primeiro % segundo % terceiro % total por
truno
turno
turno
período
0,58
9
2
1
12
8,57
2,30
0,65
3,47
0,56
4
6
0
10
2,37
6,19
0,00
2,80
0,00
0,00
0
11
5
16
0,00
7,38
5,43
4,95
0,00
0,00
0,00
2
4
6
12
2,67
3,31
4,48
3,64
0,00
0,00
0,00
0,00
14
5
2
21
16,28
5,56
1,18
6,09
6
1,36
2,41
2,33
1,90
0
1
5
6
0,00
1,20
5,81
1,90
0
0
0,00
0,00
0,00
0,00
6
7
11
24
5,61
5,83
13,10
7,72
2
2
6
2,17
1,39
1,90
1,76
9
2
8
19
9,78
1,39
7,62
5,57
1
1
0
2
0,79
1,35
0,00
0,65
11
9
3
23
8,66
12,16
2,75
7,42
B
0
0
0
0
0,00
0,00
0,00
0,00
6
0
2
8
4,44
0,00
2,38
2,50
C
0
0
0
0
0,00
0,00
0,00
0,00
4
25
8
37
6,25
15,24
9,64
11,90
D
1
0
0
1
1,20
0,00
0,00
0,32
6
5
5
16
7,23
6,25
3,25
5,05
A
0
0
0
0
0,00
0,00
0,00
0,00
1
16
5
22
1,32
18,18
4,31
7,86
B
1
0
1
2
0,79
0,00
1,35
0,72
14
5
5
24
11,11
6,49
6,76
8,66
C
0
0
0
0
0,00
0,00
0,00
0,00
2
37
5
44
2,44
27,01
6,02
14,57
D
2
2
0
4
2,33
2,30
0,00
1,33
15
3
6
24
17,44
3,45
4,72
8,00
Fonte: Autoria própria
O Cobb apresenta uma demora mais acentuada na reação às medidas
tomadas, devido à demora da reação dos aditivos (cola e amido) no processo, até
que venham a interferir no produto final, assim como nos demais testes citados
anteriormente. O que se pode notar observando a Tabela 3, é que em alguns
momentos tem-se um numero mais constante de ocorrências. Analisando os dados
quanto ao teste Cobb nota-se que os contra mestres B e A, apresentam menor
ocorrência de não conformidades.
75
A Tabela 4 mostra a consolidação da Tabela 2. Nesta tabela observa-se de
forma global a eficiência de cada indivíduo, ou melhor, dizendo qual o procedimento
de correção das não conformidades é o mais eficiente.
Tabela 4 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT e Umidade) e
contra mestres
Entrevistado
Total de
bobinas
Total de
reclamações
A
B
C
D
1281
1270
1247
1288
198
121
161
171
Quantidade
reclamações
RCT
71
69
87
86
% de bobinas
com reclamação
RCT
5,54
5,43
6,98
6,68
Quantidade
reclamações
umidade
124
76
123
105
% de bobinas com
reclamação
umidade
9,68
5,98
9,86
8,15
Fonte: Autoria própria
Ao observarem-se os dados da Tabela 4 nota-se, quanto ao teste RCT, que
não é possível apontar um contra mestre que tenha um procedimento de correção
do teste RCT que se destaque. Quanto ao teste de umidade existe um forte
indicativo que mostra o procedimento de correção utilizado pelo contra mestre B
apresentou melhores resultados.
A Tabela 5 proporciona a consolidação dos dados obtidos na Tabela 3. O
número de não conformidades quanto à gramatura é muito pequeno. Desta forma,
fica difícil apontar um procedimento de correção de gramatura que se destaque.
Entretanto, quanto ao teste COBB existe um destaque para o procedimento adotado
para o contra mestre B para a correção deste teste.
Tabela 5 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (Gramatura e Cobb) e
contra mestres
Entrevistado
Total de
bobinas
Total de
reclamações
A
B
C
D
1281
1270
1247
1288
198
121
161
171
Quantidade
reclamações
gramatura
7
18
5
10
% de bobinas
com reclamação
gramatura
0,55
1,42
0,40
0,78
Quantidade
reclamações
COOB
78
48
121
71
% de bobinas com
reclamação COOB
6,09
3,78
9,70
5,51
Fonte: Autoria própria
Na Tabela 6 tem-se a porcentagem de reclamações de cada entrevistado
sobre a quantidade de bobinas produzidas no período estudado.
76
Tabela 6 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT, Umidade,
Gramatura e COBB) e contra mestres sobre total de bobinas produzidas
Entrevistado
Total de bobinas
Total de
reclamações
A
B
C
D
1281
1270
1247
1288
198
121
161
171
% de bobinas com
reclamação sobre os
quatro meses
15,46
9,53
12,91
13,28
Fonte: Autoria própria
A Tabela 6 confirma a indicação apresentada pela Tabela 1, ou seja,
consolidando-se todos os dados o contra mestre B possui procedimentos de
correção de não conformidades mais eficientes. Visto que todos trabalham em
sistema de rotação de turno, pode-se afirmar que o entrevistado B é o que tem
melhor facilidade para adaptar-se a troca de horário e equipe de trabalho.
4.1.4
Resultados do Modelo Trevo Fractal
Foi aplicado o modelo Trevo Fractal conforme descrito no capítulo de
metodologia.
O Quadro 5 descreve as ações realizadas durante a aplicação do modelo de
referência Trevo Fractal.
77
N
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
AÇÃO
MODELO DE REFEÊNCIA TREVO
FRACTAL
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA
EMPRESA
A
Avaliar o mercado consumidor e não
consumidor e a sua influência no
contexto de utilização do produto ou
processo
A1
Anotar dados que potencializem
informações aos participantes do
desenvolvimento do produto ou
processo
Empresa do próprio grupo, relatório de
não conformidade (aleatório), consome
100% da produção
A2
Traduzir e simplificar os dados em
informações e formas de
representações para a compreensão
do produto ou processo
Fatores de ocorrência de não
conformidade, relatório de não
conformidade do cliente com estimulo
de manutenção de qualidade.
A3
Refletir as informações para gerar
conhecimentos, idéias e soluções que
orientem as ações de desenvolvimento
do produto ou processo.
Defasagem de retorno de feed back
das ocorrências, não tendo
seqüenciamento lógico ao recebimento
do produto em relação à fabricação e
consumo da bobina, apesar de serem
identificadas (horário/turno), não
ocorrendo avaliação do produto no
recebimento pelo cliente (controle de
qualidade), dessa forma os
conhecimentos necessários serão
coletados internamente.
A
Avaliar o mercado consumidor e não
consumidor e a sua influência no
contexto de utilização do produto ou
processo.
As informações geradas pelo
consumidor não agregam valor, se
trabalhando com informações geradas
internamente.
B
Identificar os clientes e as suas
necessidades atendidas com a
utilização do produto ou processo
O cliente atualmente faz parte
integrante do próprio grupo, não
ocorrendo no momento abertura para
novos clientes.
B1
Anotar dados que potencializem
informações aos participantes do
desenvolvimento do produto ou
processo
A utilização adequada do produto é
avaliada pelos testes de não
conformidade, as especificações dos
testes são fornecidas pelo cliente.
B2
Traduzir e simplificar os dados em
informações e formas de
representações para a compreensão
do produto ou processo
Relacionar os testes com
características técnicas do papel
B3
Refletir as informações para gerar
conhecimentos, idéias e soluções que
orientem as ações de desenvolvimento
do produto ou processo
Qual teste é mais relevante para as
necessidades do cliente?
B1
Anotar dados que potencializem
informações aos participantes do
desenvolvimento do produto ou
processo
Os testes de não conformidades são
RCT, COBB, Gramatura, Umidade.
Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF
(Continua)
Fonte: adaptado de Alves (2010)
78
N
11
12
13
14
15
16
17
MODELO DE REFEÊNCIA TREVO
FRACTAL
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA
EMPRESA
B2
Traduzir e simplificar os dados em
informações e formas de
representações para a compreensão
do produto ou processo
RCT (influencia no empilhamento das
caixas), Cobb (absorção de líquidos
pela superfície do papel (tintas de
impressão e água qual influencia na
perca de resistência do papel) em
ambos os lados), gramatura
(quantidade de fibras na folha),
umidade (influencia na resistência e
trabalho com a folha de papel).
B3
Refletir as informações para gerar
conhecimentos, idéias e soluções que
orientem as ações de desenvolvimento
do produto ou processo
Em função das necessidades do
produto os testes mais importantes são
RCT, Umidade, cobb e gramatura.
C
Definir as características iniciais do
processo produtivo para a manufatura
das funções necessárias aos clientes
do produto ou processo
C1
Anotar dados que potencializem
informações aos participantes do
desenvolvimento do produto ou
processo
No início e término de cada bobina
serão coletadas amostras para realizar
os testes, as amostras de cada bobina
são encaminhadas para o laboratório
para realização dos testes.
C2
Traduzir e simplificar os dados em
informações e formas de
representações para a compreensão
do produto ou processo
No momento da retirada da amostra o
colaborador identifica falhas e realiza
ajustes com base no seu conhecimento
tácito, esperando a confirmação dos
testes de laboratório.
C3
Refletir as informações para gerar
conhecimentos, idéias e soluções que
orientem as ações de desenvolvimento
do produto ou processo.
Necessidade de mapear o processo,
identificando todas as fases do mesmo
até o produto acabado, sistematizando
o conhecimento tácito da equipe de
produção.
D
Descrever as expectativas dos clientes
através das funções e os serviços
necessários ao produto ou processo.
Busca por entrega do produto ao
conforme as necessidades do cliente
interno (gerente de produção),
recebendo todas as bobinas dentro do
padrão desejado (cliente externo).
AÇÃO
18
E
19
E1
20
E2
Formalizar, representar e materializar
Busca para garantir os padrões de
para se verificar as idéias para as
qualidade do produto, formalizando e
funções e os serviços necessários ao
detalhando as ações do processo.
produto ou processo.
Anotar dados que potencializem
informações aos participantes do
Conhecer a seqüência do processo de
desenvolvimento do produto ou
fabricação do papel Kraft
processo
Traduzir e simplificar os dados em
informações e formas de
Conhecer em detalhes as etapas de
representações para a compreensão
produção do papel (equipamentos)
do produto ou processo.
Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF
(Continua)
Fonte: adaptado de Alves (2010)
79
AÇÃO
MODELO DE REFEÊNCIA TREVO
FRACTAL
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA
EMPRESA
E3
Refletir as informações para gerar
conhecimentos, idéias e soluções que
orientem as ações de desenvolvimento
do produto ou processo.
Dificuldade de fabricação devido à
diversidade de matéria prima. Em
função de o equipamento ser antigo e
com pouquíssima instrumentação e
nem uma automatização, dificulta a
manutenção da qualidade do papel.
E
Formalizar, representar e materializar
para se verificar as idéias para as
funções e os serviços necessários ao
produto ou processo.
Levantamento e detalhamento de não
conformidades no processo produtivo
F
Registrar as soluções, as idéias e os
conceitos preliminares e sua evolução,
para atender os clientes com o produto
ou processo.
Melhor controle dos parâmetros que
interferem nos testes, buscas de
informações técnicas que auxiliem o
controle dos parâmetros
24
H
Examinar as variáveis para a produção
e manufatura das idéias e funções
necessárias para a utilização pelos
clientes do produto ou processo.
Dificuldade na obtenção de parâmetros
relevantes ao processo, devido à
obtenção manual de dados.
25
G
Levantar e impregnar-se das
tendências mercadológicas, conceituais
e tecnológicas do produto ou processo.
Solução para a coleta de informações
sobre o processo pode ser realizada
pela automação do mesmo.
I
Encontrar e escolher conceitos que
viabilizem as soluções das funções e a
sua concepção para a pesquisa e
testes do produto ou processo.
O conceito de automação não será
utilizado por filosofia da empresa.
Busca de novos conceitos.
Formalizar, representar e materializar
para se verificar as idéias para as
funções e os serviços necessários ao
produto ou processo.
Uma vez que o conceito de automação
não é uma opção, optou-se pelo
detalhamento do conhecimento tácito
do contra mestres por meio de
entrevistas, uma vez que os mesmos
respondem pelas ações de correção do
processo.
N
21
22
23
26
27
28
29
30
E
F
Registrar as soluções, as idéias, e os
conceitos preliminares e sua evolução,
para atender os clientes com o produto
ou processo
E
Formalizar, representar e materializar
para se verificar as idéias para as
funções e os serviços necessários ao
produto ou processo.
F
Registrar as soluções, as idéias e os
conceitos preliminares e sua evolução,
para atender os clientes com o produto
ou processo.
Não foi possível tirar conclusão das
entrevistas uma vez que as ações de
correção (por teste) não são as
mesmas para todos os entrevistados e
quando existe coincidência de ações
não necessariamente são
implementadas na mesma seqüência.
Na busca da confrontação dos dados
obtidos nas entrevistas (os quais não
permitiram conclusões) realizou-se
uma observação das ações de
correção implementada por cada um
dos entrevistados.
Obteve-se uma seqüência detalhada
de ações de correções, não é possível
identificar uma seqüência mais
adequada para o controle do processo
como solução preliminar.
Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF
(Continua)
Fonte: adaptado de Alves (2010)
80
N
31
32
33
34
AÇÃO
MODELO DE REFEÊNCIA TREVO
FRACTAL
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA
EMPRESA
E
Formalizar, representar e materializar
para se verificar as idéias para as
funções e os serviços necessários ao
produto ou processo.
Elaboração de tabelas para
confrontação com as seqüências de
ações de correção implementadas
pelos entrevistados segundo
observações na ação 29.
F
Registrar as soluções, as idéias e os
conceitos preliminares e sua evolução,
para atender os clientes com o produto
ou processo.
Adotar como procedimento padrão a
seqüência de ações do melhor contra
mestre. Ou a combinação da melhor
seqüência de ações por teste.
H
I
Examinar as variáveis para a produção
e manufatura das idéias e funções
necessárias para a utilização pelos
clientes do produto ou processo.
Confrontar resultado geral por
entrevistados (todos os teste juntos)
com resultados por teste por
entrevistado.
Adotar a seqüência de ações para
todos os testes do entrevistado B como
conceito por seis meses. Adotar a
melhor seqüência de por teste por seis
meses, implementar instrumentação
para o controle de processo.
Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF
(Conclusão)
Fonte: adaptado de Alves (2010)
Encontrar e escolher conceitos que
viabilizem as soluções das funções e a
sua concepção para a pesquisa e
testes do produto ou processo.
Ao final da aplicação do modelo Trevo Fractal foi possível encontrar as
seguintes sugestões de melhoria do processo: adotar a seqüência de ações do
entrevistado B como conceito durante um período de seis meses, por apresentar de
forma global a melhor seqüência de ações corretivas; adotar a seqüência de ações
do contra mestre que apresentou o melhor desempenho por teste de conformidade
também por um período de seis meses. Estas sugestões têm o intuito de refinar a
avaliação sobre o conhecimento tácito de cada contra mestre. Desta forma, ter-se-á
a melhor prática baseada no conhecimento tácito da equipe de trabalho. Ainda
existe a sugestão de implementar uma instrumentação em algumas partes do
processo buscando-se dar mais subsídios para que a equipe de trabalho possa
atuar no processo de maneira mais eficiente e segura.
Para uma melhor visualização das ações apresentadas na aplicação do MTF
na empresa estudada, tabulou-se os resultados obtidos na quantidade, seqüência e
descrição, Quadro 6.
Etapas
QTDE
1
2, 7, 10,
14, 19
2
3, 8, 11,
15, 20
5
%
15
45,45
de soluções.
5
3
4, 9, 12,
16, 21
5
Identificar os clientes e as suas
necessidades atendidas com a
utilização do produto ou processo.
A
B
A
1, 5,
2
1
B
7
C
4
12,12
Trevo EXPLICITAR conversão do Trevo ANALISAR planejamento
conhecimento (era gestão)
do projeto
D
13
17
1
1
4
Examinar as variáveis para a
produção e manufatura das ideias
e funções necessárias para a
utilização pelos clientes do
produto ou processo.
Encontrar e escolher conceitos
que viabilizem as soluções das
funções e a sua concepção para a
pesquisa e testes do produto ou
processo
F
G
H
I
A1
A
A2
A3
A
B1
B
B2
B1
B3
B2
B3
C1
C
C2
C3
D
E1
E
E2
E3
E
F
G
H
E
I
E
F
E
F
F
H
I
E
G
F
18,
23,
22, 29, 31 28, 30, 32 25
4
H
1
I
24, 33
26, 34
9
27,27
2
5
15,15
2
Trevo GERAR Inferior projeto
informacional
Trevo GERAR superior projeto
conceitual
AÇÕES DESENVOLVIDAS
Levantar e impregnar-se das
tendências mercadológicas,
conceituais e tecnológicas do
produto ou processo.
C
D
E
AÇÕES DESENVOLVIDAS
Registrar as soluções, as idéias e
os conceitos preliminares e sua
evolução, para atender os clientes
com o produto ou processo.
Formalizar, representar e
materializar para se verificar as
ideias para as funções e os
serviços necessários ao produto
ou processo
Descrever as expectativas dos
clientes através das funções e os
serviços necessários ao produto
ou processo.
Definir as características Iniciais
do processo produtivo para a
manufatura produto ou processo
das funções necessárias aos
clientes do
Identificar os clientes e as suas
necessidades atendidas com a
utilização do produto ou processo
3
AÇÕES
2
QTDE
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
Traduzir e simplificar os dados em
Informações e formas de
representações para a
compreensão do produto ou
processo
Refletir as informações para gerar
conhecimentos, ideias e soluções
que orientem as ações de
desenvolvimento do produto ou
processo.
Avaliar o mercado consumidor e
não consumidor e a sua influência
no contexto de utilização do
produto ou processo
AÇÕES DESENVOLVIDAS
1
Etapas
AÇÕES
81
MODELO DE TREVO FRACTAL PAPEL KRAFT
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
%
Quadro 7 - Formalização gráfica das ações desenvolvidas no MTF
Fonte: Adaptado de Castro Alves (2010)
Observando-se o Quadro 6 nota-se que as atividades ligadas a conversão
do conhecimento (45,45 % de todas as ações) foram as mais utilizadas, mostrando
que o conhecimento do processo de produção é muito importante para a busca de
soluções de melhoria. As atividades ligadas à definição clara das necessidades do
cliente (27,27 % de todas as ações) também se mostram muito relevantes. Estas
atividades estão ligadas a transformação das necessidades do cliente em princípio
82
5 CONCLUSÕES
Baseado nos resultados obtidos nesta pesquisa pode-se concluir que:

A coleta de dados mostra que a dificuldade da empresa estudada em
manter o seu produto dentro das normas de qualidade, deve-se entre outras
coisas a falta de um procedimento formal de correção de não
conformidades. Sendo que todas as ações de correção de não conformidade
são baseadas no conhecimento tácito da equipe de trabalho.

A dependência estrema do conhecimento tácito da equipe de trabalho.
Gera dificuldade em controlar as variações de processo que leva a não
conformidade do produto.

O modelo de referência Trevo Fractal foi capaz de propor soluções de
melhoria de processo de forma flexível, pois as soluções propostas
respeitaram a filosofia de trabalho da empresa e utilizou a grande riqueza da
empresa que é seu capital humano. O modelo de referência conseguiu
apontar soluções que se bem trabalhadas podem transforma-se em
melhores práticas para a empresa em questão.

Fica evidente a necessidade de formalização das atividades do
processo de produção para que a empresa consiga futuramente prospectar
novos mercados.
83
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com base no desenvolvimento desta pesquisa fazem-se as seguintes
sugestões de novas pesquisas correlacionadas:

Refinar as informações baseadas no conhecimento tácito dos contra
mestres como forma de auxiliar um possível processo de formalização das
ações de correção de não conformidade. Estas informações podem ser
utilizadas para decidir os pontos de implantação de instrumentação do
equipamento;

Verificar as interferências das falhas mecânicas, fatores climáticos e
alterações de projeto (da máquina de papel) nos resultados de não
conformidade;

A aplicação do modelo de referência em máquinas de produção de
papel, que apresentem outras características produtivas e de projeto no
intuito de melhorar o processo.
84
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89
APÊNDICE A - Instrumento da Pesquisa Qualitativa
90
Instrumento da Pesquisa Qualitativa
Entrevista Semi-Estruturada – Levantamento das ações do processo de manufatura de papel Kraft:
Instruções Gerais:
• Essa entrevista tem por objetivo investigar o processo de manufatura do papel Kraft e confrontar
as literaturas ações relacionadas e as ações desse processo.
• Esse instrumento é composto de questões abertas sobre as ações do processo que servirão para
Direcionamento da entrevista de levantamento do conhecimento tácito, para se obter informações e se confrontar.
as ações apontadas pela utilização de
Seção 1
O propósito desta seção inicial se encontra em caracterizar o conhecimento tácito, para se realizar a comparação.
dos dados coletados
1.1 - Qual o número de funcionários envolvidos na tomada das ações?
(
) 01 a 02 (
) de 02 a 05 empregados
1.2 - As ações corretivas no processo são registradas formalmente?
(
) sim
(
) não
Caso a resposta seja sim de que forma é o registro: _________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.3 - Quais são as ações corretivas mais comuns no processo?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.4 - Qual o tempo médio para que uma ação corretiva apresente efeito depois de implementada?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.5 - Qual é o procedimento no caso de se não identificar a causa do defeito no processo?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.6 - Quais são as gramaturas de papel produzido na unidade fabril?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.7 - Existe um padrão de qualidade para o produto internamente formalizado?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
1.8 - Há Quanto tempo você trabalha na produção de papel Kraft?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.9 – como forma você visualiza a sua função dentro das atividades que desenvolve?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
91
Seção 2
Esta seção é para se obter a descrição em fase preliminar das ações de controle de processo utilizadas na
linha de produção de Kraft, com a possibilidade de complementação.
2. 1 – De que forma é realizado o controle de processo de produção do papel Kraft?
___________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
2.2 - Qual é o processo de controle de qualidade do produto em produção e acabado?
___________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
2.3 - Qual e o controle de qualidade realizado na matéria prima?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
92
APÊNDICE B - Roteiro Entrevista
93
Roteiro Entrevista
ENTREVISTADO ___________
CIDADE
DATA:______________________________________________________
COLETA DE CONHECIMENTO TÁCITO NA INDÚSTRIA DE PAPEL KRAFT:
1 – CARACTERIZAÇÃO DA FONTE DE DADOS:
1.1 – Formação acadêmica:
E
( ) Primeiro grau completo; ( ) Segundo grau completo; ( ) Terceiro grau
completo;
Outros ____________________________________________________________
1.2 – Formação especifica:
( ) Cursos; ( ) Treinamento com certificado; ( ) Outros
Qual realizou:
_________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
1.3 – Tempo de trabalho na indústria do papel:
___________________________________________________________________
1.4 – Tempo de trabalho na função:
Gerente:___________
Supervisor:__________ Mestre: __________
Condutor: ___________
1.5 – Tempo de trabalho na empresa: ____________________
2 – Ações Relacionadas ao Trabalho:
2.1 – Quando o senhor recebe a informação que o teste de RCT esta fora do padrão,
quais são as medidas tomadas para a correção do defeito operacional?
2.2 - Que medidas são tomadas com a permanência do defeito após os atos
corretivos?
2.3 - Existe alguma forma de se identificar a falha de RT fora dos testes de
laboratório?
2.4 - Quais são os fatores produtivos que podem levar a apresentação de defeito por
rct?
2.5 - Quando o senhor é informado que a porcentagem de umidade esta fora do
padrão, que medidas são tomadas para a correção do defeito?
2.6 – Que medida inicial é tomada para a correção da porcentagem de umidade ate
se chegar ao agente causador?
2.7 - Qual e a formas de acompanhamento pra se evitar a perda do padrão no caso
da umidade?
2.8 – Existe alguma técnica utilizada para se perceber a umidade antes do resultado
do teste durante o processo?
94
2.9 - Quando se recebe a informação que o teste de cobb esta fora do padrão, quais
são as medidas tomadas para a correção do defeito?
2.10 – Existem fatores que podem vir a causar o defeito de padrão de cobb?
2.11 – De que forma o senhor atua para a manutenção dos fatores de gramatura?
2.12 – que defeitos ou fatores podem gerar a perca de padrão de gramatura?
2.13 – qual o tipo de papel mais complicado para se manter os padrões na
maquina?
2.14 – Para o senhor qual dos padrões de qualidade é mais importante?Por quê?
95
APÊNDICE C - Dados Produtivos do Papel Kraft
96
Dados produtivos do Papel Kraft
Mês
Produção
em
toneladas
Quantidade
média de
bobinas
Quantidade
média de
bobinas teste
line 1ª
Quantidade
média de
bobinas
teste line 2ª
Quantidade
de
reclamações
Quantidade
de
reclamações
teste line 1ª
Quantidade
reclamações
teste line 2ª
Jan./09
2.628.205
1321
1028
293
44
24
20
Fev./09
2.464.555
1238
1034
204
38
22
16
Mar/09
2.691.100
1352
908
444
83
56
27
11
Abr./09
2.669.745
1342
848
494
26
15
Maio/09
0
0
0
0
0
0
0
Jun./09
2.005.380
1008
898
110
22
10
12
8
Jul./09
2.608.545
1311
828
483
11
3
Ago./09
2.559.320
1286
833
453
29
25
4
Set/09
2.457.895
1235
734
501
97
42
55
Out./09
2.508.095
1260
1051
209
133
109
24
Nov./09
2.566.515
1290
1188
102
80
69
11
Dez/09
2.570.235
1292
1185
107
130
110
20
Jan./10
2.628.730
1321
1139
182
86
78
8
Fev./10
2.309.460
1161
932
229
173
148
25
Mar/10
2.663.420
1338
1267
71
58
56
2
Abr./10
2.528.875
1271
954
317
109
91
18
Total
37860075
19025
14826
4199
1119
858
261
Resultados dos testes de conformidade
Mês
Quantidade RCT
teste line 1ª e
teste line 2ª
Quantidade de
umidade.
Quantidade
COBB-C
Quantidade
COBB-S
Quantidade
Gramatura
Jan./09
15
38
19
21
4
Fev./09
14
24
18
13
1
Mar/09
43
51
26
43
9
Abr./09
13
16
12
15
4
Maio/09
0
0
0
0
0
Jun./09
9
11
5
10
8
Jul./09
1
5
5
9
6
Ago./09
20
12
8
12
0
Set/09
95
49
4
17
1
Out./09
123
62
16
22
0
Nov./09
63
44
12
18
7
Dez/09
117
122
18
114
8
Jan./10
77
39
19
39
7
Fev./10
168
68
22
18
1
Mar/10
50
61
18
11
3
Abr./10
92
65
32
30
2
Total
900
667
234
392
61
97
Porcentagem de ocorrências por item na produção de jan./09 a abr./10
Mês
Porcentagem
de
reclamações
Porcentagem
de
reclamações
teste line 1ª
Porcentagem
de
reclamações
teste line 2ª
Porcentagem
de
reclamações
RCT
Porcentagem
de
reclamações
umidade
Porcentagem
de
reclamações
COBB-C
Porcentagem
de
reclamações
COBB-S
Porcentagem
de
reclamações
gramatura
Jan./09
3,33
2,34
6,83
1,14
2,88
1,44
1,59
0,30
Fev./09
3,07
2,13
7,84
1,13
1,94
1,45
1,05
0,08
Mar/09
6,14
6,17
6,08
3,18
3,77
1,92
3,18
0,67
Abr./09
1,94
1,77
2,23
0,97
1,19
0,89
1,12
0,30
Maio/09
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Jun./09
2,18
1,11
10,91
0,89
1,09
0,50
0,99
0,79
Jul./09
0,84
0,36
1,66
0,08
0,38
0,38
0,69
0,46
Ago./09
2,25
3,00
0,88
1,56
0,93
0,62
0,93
0,00
Set/09
7,85
5,72
10,98
7,69
3,97
0,32
1,38
0,08
Out./09
10,55
10,37
11,48
9,76
4,92
1,27
1,75
0,00
Nov./09
6,20
5,81
10,78
4,88
3,41
0,93
1,40
0,54
Dez/09
10,07
9,29
18,69
9,06
9,45
1,39
8,83
0,62
Jan./10
6,51
6,85
4,40
5,83
2,95
1,44
2,95
0,53
Fev./10
14,91
15,89
10,92
14,48
5,86
1,90
1,55
0,09
Mar/10
4,33
4,42
2,82
3,74
4,56
1,34
0,82
0,22
Abr./10
8,58
9,54
5,68
7,24
5,11
2,52
2,36
0,16
Total
5,88
5,79
6,22
4,73
3,51
1,23
2,06
0,32
98
ANEXO A - Modelo do PDPOC Orientado ao Cliente de Cheng e Melo Filho
99
Modelo do PDPOC Orientado ao Cliente de Cheng e Melo Filho
Fonte: Cheng e Melo Filho (2007)
100
ANEXO B - Modelo do PDP pelo Método PACE
101
MODELO DO PDP PELO MÉTODO PACE
Fonte: Adaptado de McGrath (1996)
102
ANEXO C - Modelo do PDP de Pahl e Beitz
103
MODELO DO PDP DE PAHL E BEITZ
Fonte: Adaptado de Pahl e Beitz (1996)
104
ANEXO D - Modelo do PDP de Ulrich e Eppinger
105
MODELO DO PDP DE ULRICH E EPPINGER
Fonte: Adaptado de Ulrich e Eppinger (1995)
106
ANEXO E - Modelo do PDP Total Desing de PUGH
107
MODELO DO PDP TOTAL DESING DE PUGH
Fonte: Adaptado de Pugh (1991)
108
ANEXO F - Modelo de Integração de Atividades de PDP
109
MODELO DE INTEGRAÇÃO DE ATIVIDADES DE PDP
Fonte: Echeveste (2003)
110
ANEXO G - Modelo de Desenvovimento com Stage Gates
111
MODELO DE DESENVOVIMENTO COM STAGE GATES
Fonte: Echeveste (2003)
112
ANEXO H - Modelo de decisão estratégica de desenvolvimento de produtos
113
MODELO DE
PRODUTOS
DECISÃO
ESTRATÉGICA
DE
Fonte: Danilevicz (2006)
DESENVOLVIMENTO
DE
114
ANEXO I -
Modelo de Referencia de Campos
115
MODELO DE REFERENCIA DE CAMPOS
Fonte: Campos 2009
116
ANEXO J - Modelo do PDP de Urban e Hauser
117
MODELO DO PDP DE URBAN E HAUSER
Fonte: Adaptado de Urban e Hauser (1993)
118
ANEXO K - Modelo do PDP de Clark e Wheelwright
119
MODELO DO PDP DE CLARK E WHEELWRIGHT
Fonte: Adaptado de Clark e Wheelwright (1993)
120
ANEXO L - Modelo de Referência Conceitual de Camargo
121
MODELO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL DE CAMARGO
Fonte: CAMARGO (2007)
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Dissertação Completa - UTFPR - Universidade Tecnológica Federal