UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃO
E MANEJO DA VIDA SILVESTRE
MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS BIOINDICADORES DE
QUALIDADE DE ÁGUA EM RESERVATÓRIOS EUTRÓFICO E OLIGOTRÓFICO
Dissertação
apresentada
à
Universidade
Federal de Minas Gerais como pré-requisito do
Programa de Pós-Graduação em Ecologia,
Conservação e Manejo da Vida Silvestre, para
obtenção do título de Mestre em Ecologia.
Adriana Lessa Viana
Orientador: Prof. Dr. Marcos Callisto
Belo Horizonte, fevereiro de 2009
0
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida
Silvestre da UFMG, por proporcionar minha formação acadêmica e profissional.
À Petrobrás (REGAP) pelo financiamento do Projeto que proporcionou o
desenvolvimento desta dissertação. Ao Sr. Rogério pelo auxílio nas coletas de campo e pelas
dicas.
À Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), com destaque à pessoa de
Tales Heliodoro Viana, pela amizade, apoio logístico durante os trabalhos de campo e pelas
importantes considerações sobre variáveis ambientais.
Ao Prof. Dr. Marcos Callisto por acreditar e me incentivar no desenvolvimento deste
projeto e por ter aceitado a árdua tarefa de me orientar. Obrigada pelas incansáveis
orientações, apoio, paciência, compreensão e incentivo em todas as etapas deste trabalho.
Ao Diego R. Macedo pela confecção dos mapas apresentados neste trabalho.
Ao José Francisco Gonçalves Júnior, Raphael Ligeiro e à Marina Beirão pelo auxílio
nas análises estatísticas e, principalmente, pela amizade.
Ao Carlos Bernardo Mascarenhas (Cacá) e Wander pelos momentos de descontração e
pelo apoio constante.
Aos meus queridos avós (vovô Lessa e vovó Maria) e tia Zélia pelas orações e pelo
eterno apoio. Aos meus pais e irmãs pelo estímulo ao estudo e pela força sempre. À tia Ecy
por todo o carinho e dedicação nos últimos meses.
À Poiel, Hazel e Cléo pela amizade, carinho e amor incondicional.
Aos amigos Joseline, Daniel, Renner, Sophia e Renan por todas às idas ao campo, pelo
apoio, sugestões, análise das amostras, pela amizade e incentivo no desenvolvimento deste
estudo em todas as etapas.
Á amiga Juliana pelo auxílio em todos os momentos difíceis deste projeto, além das
dicas diárias e á Ana Paula pelo processamento das análises de água e convivência.
Aos colegas que em algum momento me ajudaram na dissertação: Aline, Ivan,
Ludmila, mas que buscaram outros caminhos. E àqueles que continuam na equipe do
Laboratório de Ecologia de Bentos: Marcelinho, Clarissa, Kele, Jéssica, Nayara, Deborah,
Bárbara, Nayara, Victor e Lurdemar pelo apoio na triagem, identificação de amostras e pelos
momentos de descontração no dia-a-dia.
À Luziana pela amizade e companheirismo ao longo do último ano.
1
À Daniela França Campello pela orientação e oportunidade de conversar trocando
experiências.
Agradecimento especial ao meu querido namorado, Gilberto, pelo incentivo ao
processo seletivo de mestrado, por acreditar em mim, me proporcionar tranqüilidade nos
momentos de desespero, ser meu alicerce nos momentos de dificuldade, pela presença e ajuda
constante e, sobretudo, por seu amor.
2
RESUMO
O estudo de comunidades bentônicas em reservatórios tem recebido maior atenção devido à
sua composição que permite inferir condições ambientais prevalescentes. O objetivo deste
estudo foi monitorar as comunidades de macroinvertebrados bentônicos (composição
taxonômica, estrutura e distribuição) em dois reservatórios na bacia do rio Paraopeba, afluente
do rio São Francisco: Ibirité e Serra Azul. As coletas foram realizadas bimestralmente ao
longo de um ano. No total, 54.512 organismos foram coletados, triados e identificados. O
grau de trofia avaliado em Serra Azul apresentou um valor médio menor que 44 na estação
chuvosa (Oligotrofia) e 45,1 na estação seca (Mesotrofia). No reservatório de Ibirité foram
obtidos valores médios maiores que 54 (Eutrofia) ao longo de todo o período amostral. A
riqueza taxonômica variou de 0 a 14 taxa em Ibirité e de 0 a 23 taxa em Serra Azul, sendo que
os maiores valores encontrados foram nos pontos localizados em ecossistemas lóticos com
maior diversidade granulométrica. A análise de grupos indicadores mostrou que na estação
chuvosa o taxon Chaoboridae (Diptera) foi indicador no reservatório de Serra Azul e o taxon
Oligochaeta no reservatório de Ibirité. Considerando apenas os pontos amostrais localizados
nos ecossistemas lóticos, constatou-se que na estação chuvosa não houve grupos indicadores
nos dois reservatórios. Na estação seca, os taxa Hirudinea, Oligochaeta e Chironomidae
(Diptera) foram indicadores em Ibirité e Gomphidae (Odonata) em Serra Azul. Os grupos
mais abundantes no reservatório de Ibirité foram Oligochaeta (76,6%), Chironomidae
(17,6%), Thiaridae (1,8%), Hirudinea (1,5%) e Chaoboridae (1,2%). Em Serra Azul,
Chironomidae (40%), Chaoboridae (22,7%), Oligochaeta (9,4%), Elmidae (8,4%), Baetidae
(3,1%), Leptohyphidae (2,6%), Ceratopogonidae (2,4%), Leptophlebiidae (2,1%), Thiaridae
(1,4%) e Sphaeridae (1,3%) foram dominantes. Comparando o presente estudo com dados
obtidos em 2002, observou-se que, apesar da maior densidade total de organismos (715.600
indivíduos/m2), a riqueza taxonômica foi de no máximo 9 grupos nos ecossistemas lóticos,
não havendo diferença significativa entre os resultados deste estudo com os estudo anterior.
Os resultados evidenciaram condições eutróficas no reservatório de Ibirité e maiores valores
de riqueza e diversidade de macroinvertebrados, no reservatório de Serra Azul. Os
reservatórios são responsáveis por diversos impactos ecológicos e estudos sobre
macroinvertebrados bentônicos bioindicadores podem contribuir para a proposição de
medidas de conservação e manejo.
Palavras-chave: reservatórios, macroinvertebrados bentônicos, grau de trofia, ecossistemas
lóticos.
3
ABSTRACT
Studies concerning benthic communities in reservoirs have received considerable attention
due to the important participation of these organisms in ecological processes. The objective of
this study was to assess the benthic macroinvertebrate communities (taxa compositiuon,
structures and distribution) in two reservoirs in the Paraobeba River basin, a tributary from
São Francisco River: Ibirité and Serra Azul. Samples were collected every two months during
one year. The trophic level assessed in the Serra Azul reservoir presented a mean value lower
than 44 in the rainy season (oligotrophic) and 45.1 in the dry season (mesotrophic). In the
Ibirité reservoir, mean values higher than 54 were obtained in both seasons (eutrophic). Taxa
richness ranged between 0 and 14 taxa in Ibirité and between 0 and 23 in Serra Azul. The
higher richness values were found in the lotic sampling sites with higher granulometric
diversity. The indicator taxa analysis showed that, during the rainy season, Chaoboridae
(Diptera) was indicator in Serra Azul and Oligochaeta in Ibirité. Considering the lotic
sampling sites, there were no indicator taxa in both reservoirs in the rainy season. In the dry
season, Hirudinea, Oligochaeta, and Chironomidae (Diptera) were indicators in Ibirité and
Gomphidae (Odonata) in Serra Azul. In total, 54,512 organisms were collected, sorted and
identified. The most abundant taxa in the Ibirité reservoir were Oligichaeta (76.6%),
Chironomidae (17.6%), Thiaridae (1.8%), Hirudinea (1.5%), and Chaoboridae (1.2%). In
Serra Azul, Chironomidae (40%), Chaoboridae (22.7%), Oligochaeta (9.4%), Elmidae (8.4%),
Baetidae (3.1%), Leptohyphidae (2.6%), Ceratopogonidae (2.4%), Leptophlebiidae (2.1%),
Thiaridae (1.4%), and Sphaeridae (1.3%) were dominant. Comparing this study with available
data from 5 years ago, in spite of the higher total density of organisms (715,600
individual/m2) in the present study, taxa richness values achieved only 9 groups in the lotic
sampling sites, presenting no significant differences from the previews study. The results
showed a bad water quality in Ibirité and a better water quality, higher taxa richness and
diversity values in Serra Azul. Reservoirs are responsible for several ecological modifications
and studies assessing the benthic macroinvertebrates bioindicators of water quality contribute
to the development of conservation and management programs.
Key-words: reservoirs, benthic macroinvertebrates, trophic level, lotic ecosystems.
4
SUMÁRIO
Agradecimentos .......................................................................................................................... 1 Resumo ....................................................................................................................................... 3 Abstract....................................................................................................................................... 4 Sumário....................................................................................................................................... 5 Introdução ................................................................................................................................... 6 Áreas de Estudos ........................................................................................................................ 9 Material e Métodos ................................................................................................................... 15 Resultados................................................................................................................................. 20 Discussão .................................................................................................................................. 41 Conclusões ................................................................................................................................ 45 Perspectivas .............................................................................................................................. 45 Referências Bibliográficas........................................................................................................ 46 Apêndices ................................................................................................................................. 52 5
INTRODUÇÃO
A realização de pesquisas que abordem as bacias hidrográficas como unidades de
estudo, incluindo as interações entre os ecossistemas aquáticos, terrestres e ainda aspectos
sociais, culturais e econômicos, são fundamentais para a conservação, planejamento e gestão
dos recursos hídricos e sua diversidade biológica (Tundisi, 2006). Alterações antrópicas do
ambiente constituem uma importante contribuição nos processos de extinção causados por
grandes variações na distribuição global de organismos (Primack & Rodrigues, 2005).
A rede hidrográfica brasileira apresenta um grau de diversidade de grande riqueza e
elevada complexidade. As principais bacias hidrográficas do Brasil foram reguladas pela
construção de reservatórios, os quais constituem um importante impacto quali-quantitativo
nos principais ecossistemas de águas interiores. O gerenciamento dos recursos hídricos tem-se
utilizado da implantação de reservatórios como uma importante ferramenta para os usos
múltiplos das águas e satisfação do consumo humano, doméstico, agrícola, industrial e
atividades recreativas (Tundisi & Matsumura-Tundisi, 2003).
Os reservatórios são obras de engenharia que têm sido construídas há pelo menos 5000
anos, como sugerem os levantamentos realizados no Oriente Médio e na Ásia (Friedl &
Wuest, 2002). Durante milhares de anos, foram construídos com a finalidade de controle de
cheias, irrigação e suprimento de água para abastecimento doméstico. É comum que a ficha
técnica da maioria dos reservatórios brasileiros, especialmente os menores, não reporte a data
de formação e a área superficial alagada (Agostinho et al., 2004). Para muitos deles, como
Serra Azul e Ibirité, não existe dados como tempo de residência da água, informação
fundamental na análise e manutenção da biodiversidade regional.
O crescente aumento no número de reservatórios e barragens tem levado a alterações
na diversidade e qualidade de habitats, alterando a flora e fauna dos ecossistemas aquáticos
(Petesse, 2007). Além de mudanças evidentes na morfometria do canal, regime de fluxo e
nível, outras importantes alterações são a estratificação térmica, depleção de oxigênio em
zonas profundas, aumento da transparência, acúmulo de nutrientes e matéria orgânica nos
sedimentos (Uieda & Castro, 1999).
Os impactos resultantes da construção de reservatórios podem ser classificados em
termos de magnitude e seqüência temporal, tais como (Petts, 1989): i) impactos de primeira
ordem, que ocorrem após a construção do barramento e incluem alterações no regime
hidrológico, no transporte de sedimentos, no fluxo de energia e temperatura; ii) impactos de
segunda ordem, que ocorrem como resultados dos impactos de primeira ordem e afetam em
6
nível de estrutura do habitat (morfologia do leito e composição do substrato), da vegetação
ripária, das fontes de matéria orgânica e das comunidades de produtores primários (perifíton e
macrófitas); e iii) impactos de terceira ordem, que ocorrem como resultados dos impactos de
primeira e segunda ordem e envolvem modificações nas comunidades piscícolas e de
macroinvertebrados bentônicos.
Aspecto importante na caracterização de um corpo de água é o seu estado trófico,
principalmente considerando que a eutrofização é um fenômeno cada vez mais freqüente. O
Índice de Estado Trófico de Carlson, modificado por Toledo (1983) tem por finalidade
classificar corpos d’água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água
quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo
das algas ou ao aumento da infestação de macrófitas aquáticas. Em virtude da variabilidade
sazonal dos processos ambientais que têm influência sobre o grau de eutrofização de um
corpo hídrico, esse processo pode apresentar variações no decorrer do ano, havendo épocas
em que se desenvolve de forma mais intensa e outras em que pode ser mais limitado. Em
geral, no início da primavera, com o aumento da temperatura da água, maior disponibilidade
de nutrientes e condições propícias de penetração de luz na água, é comum observar um
incremento do processo, após o período de inverno, em que se mostra menos intenso (Bezerra
& Pinto-Coelho, 2008).
Os bioindicadores são organismos que pela sua presença, ausência, ou densidade
demonstram o grau de alteração das condições ambientais de um local impactado (Triplehorn
& Johnson, 2005). Cada vez mais são aceitos entre os ecólogos e constituem o grupo de
organismos mais utilizados na avaliação de impactos ambientais causados pela construção de
reservatórios, atividade industrial e mineradora (Pérez, 1988; Rosenberg & Resh, 1993).
Dentre as características que os tornam adequados a esses estudos, destacam-se: são
organismos grandes, sésseis, possuem capacidade de locomoção limitada ou nula; são de fácil
amostragem (Resh, 2008); há técnicas padronizadas; o custo dos equipamentos é
relativamente baixo; apresentam elevada diversidade biológica; identificação taxonômica ao
nível de famílias e alguns gêneros é relativamente simples; ciclo de vida longo (Rosenberg &
Resh, 1993), possibilitando assim a explicação de padrões temporais de alterações causadas
por perturbações (Bonada et al., 2006).
Adaptações dos bioindicadores ao meio ambiente onde vivem podem ser
demonstradas através de suas estratégias alimentares (Tomanova et al., 2006). A classificação
7
de comunidades bentônicas em grupos tróficos funcionais contribui para o entendimento da
dinâmica trófica nos ecossistemas aquáticos (Cummins et al., 2005; Tomanova et al., 2006).
No intuito de amenizar impactos relacionados à construção de reservatórios são
necessários estudos ecológicos para avaliar a manutenção da composição, estrutura e
funcionamento dos macroinvertebrados bentônicos para subsidiar medidas relacionadas ao
manejo e conservação das comunidades em regiões tropicais (Hahn & Delariva, 2003).
O objetivo deste estudo foi avaliar a estrutura de comunidade e composição
taxonômica dos macroinvertebrados bentônicos inferindo sobre o estado trófico em dois
reservatórios (Ibirité e Serra Azul), na bacia hidrográfica do rio Paraopeba, afluente da bacia
do rio São Francisco (M.G). Os dois reservatórios foram escolhidos devido ao diferente grau
de trofia em Ibirité, de acordo com Moreno & Callisto (2006) e Serra Azul (COPASA, 2008).
Para tanto, foram formuladas as seguintes perguntas:
1. As características físicas e químicas dos pontos amostrais influenciam a
distribuição das diferentes famílias de macroinvertebrados bentônicos?
2. Existe diferença na composição taxonômica, densidade, diversidade e biomassa
da fauna bentônica dos pontos amostrais nos reservatórios, a montante e a
jusante?
3. Para verificar se as condições ambientais em Ibirité melhoraram, a distribuição
encontrada foi diferente comparando o período estudado em 2007/2008 aos
dados obtidos em 2002 por Moreno & Callisto (2006)?
8
ÁREAS DE ESTUDOS
O presente estudo foi realizado nos reservatórios de Serra Azul e Ibirité, localizados na
bacia hidrográfica do Rio Paraopeba, afluente da bacia do Rio São Francisco (MG). Os dois
ecossistemas foram escolhidos devido às suas características distintas e diferentes usos
antropogênicos.
Reservatório de Ibirité
O Reservatório de Ibirité localiza-se no município de Ibirité (MG), bacia de drenagem
situada na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Compõe o conjunto montanhoso do
Quadrilátero Ferrífero. A Figura 1 apresenta a localização do reservatório de Ibirité, formado
pela junção dos Córregos Retiro da Onça e Pintados compondo a unidade geomorfológica
denominada depressão de Belo Horizonte. A depressão de Belo Horizonte é importante uma
vez que toda expansão urbana e industrial ocorre dentro de seus limites. A vegetação da
região é típica de cerrado com florestas incrustadas em vales e drenagens, porém com alto
grau de impactos antrópicos. A temperatura média anual é 22°C. Caracteriza-se como uma
área de elevada suscetibilidade à erosão laminar em sulcos e favorável ao voçorocamento,
principalmente em locais urbanizados, isentos de obras de drenagem e de estabilização das
encostas sendo os principais responsáveis pelos focos erosivos e conseqüente assoreamento
do reservatório (Fundação João Pinheiro, 2001).
Este reservatório foi construído pela Refinaria Gabriel Passos – PETROBRÁS S.A
que utiliza sua água para o refino de petróleo e, após sua utilização, ela é tratada para a
retirada de resíduos antes de seu retorno ao reservatório. Ocupa uma área de 1000 hectares,
em três municípios mineiros, Sarzedo, Betim e Ibirité. Encontra-se em processo avançado de
eutrofização artificial devido ao lançamento de efluentes domésticos sem tratamento e
atividades industriais em sua bacia de drenagem (Moreno & Callisto, 2006).
A Tabela 1 apresenta a localização geográfica dos pontos de amostragem e suas
características. A escolha destes pontos seguiu o critério de um ponto a montante do
reservatório de Ibirité (P1), três localizados dentro do reservatório (P2, P3 e P4) e um a
jusante (P5), (Figura 2).
9
Tabela 1 - Localização dos pontos de amostragem e características do reservatório de Ibirité,
na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.
Pontos amostrais P1 P2 P3 P4 P5 Trechos
Lótico
Lêntico
Lêntico
Lêntico
Lótico
Coordenadas Geográficas
S 20°00’20,2’’ W 44°06’20,2’’
S 20°01’24,8’’ W 44°07’06,1’’
S 20°01’34,6’’ W 04°06’24,5’’
S 20°03’02,7’’ W 44°06’32,2’’
S 20°01’26,5’’ W 44°07’18,1’’
Figura 1 - Localização geográfica do reservatório de Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho
alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.
10
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Figura 2 - Pontos de amostragem do reservatório de Ibirité (MG), na bacia do rio Paraopeba,
trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, sendo (A) montante; (B), (C) e (D)
reservatório e (E) jusante.
11
Reservatório de Serra Azul
O Reservatório de Serra Azul é responsável por cerca de 30% do abastecimento de
água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) inserido em uma área de interesse
especial por ser destinada à proteção de mananciais. A COPASA inaugurou este reservatório
em 1982 e seu enchimento teve início em outubro de 1981 antes do período chuvoso do ano
hidrológico 1981-1982. A cota da soleira do vertedor atingiu 760m em 20 de fevereiro de
1982. A Tabela 3 apresenta a localização geográfica dos pontos de amostragem e suas
características. A escolha destes pontos seguiu o critério de um ponto a montante do
reservatório de Serra Azul (P1), três localizados dentro do reservatório (P2, P3 e P4) e um a
jusante (P5). Assim, a Figura 4 ilustra os pontos de amostragem.
A bacia hidrográfica Ribeirão Serra Azul limita-se ao Sul com a bacia do Rio Manso.
O Ribeirão Serra Azul pertence à bacia do Rio Paraopeba e drena uma área de 263Km2. Nasce
na Serra do Itatiaiuçu e, após confluir com o Ribeirão Mateus Leme, onde passa a receber a
denominação de Ribeirão Juatuba, deságua no Rio Paraopeba pela margem esquerda. Tem
como principais afluentes pela margem esquerda o Córrego do Tijuco, o Córrego do Brejo, o
Córrego Ponte de Palha, o Córrego Ponte d`Areia e o Córrego da Matinha; e pela margem
direita, o Córrego do Barreiro, o Ribeirão do Diogo, o Córrego do Gavião, o Córrego Capão
do Isidoro, o Córrego Goiabeira, o Córrego do Buracão e o Córrego dos Freitas. A Figura 3
ilustra a localização do reservatório de Serra Azul.
A área de proteção da Bacia é de 27.200 ha, sendo que o território de domínio da
COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) é de 3.200ha. Possui margens bem
preservadas, com vegetação nativa característica do Cerrado, com variações da Mata de
Galeria, Cerradão, Campo Sujo, Campo Limpo e Mata Estacional Semidecidual.
As principais características da barragem e do reservatório, segundo a COPASA
encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2 - Características principais do reservatório de Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba,
trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.
Características do Reservatório
Cota da soleira do vertedor
760m
Nível d`água máximo
760m
Nível d`água mínimo
745m
Volume
Características da Barragem
Altura
52m
Cota do coroamento da crista
765,5m
93x10 m 6
Descarga máxima do vertedor 325m3/s
3
12
Tabela 3 - Localização dos pontos de amostragem e características do reservatório de Serra
Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.
Pontos amostrais P1 P2 P3 P4 P5 Trechos
Lótico
Lêntico
Lêntico
Lêntico
Lótico
Coordenadas Geográficas
S 20°02’06,2’’ W 44°23’33,1’’
S 20°00’15,5’’ W 44°20’53,8’’
S 20°00’15,5’’ W 44°20’58,4’’
S 29°58’25,5’’ W 44°20’44,7’’
S 19°58’13,6’’ W 44°20’29,2’’
Figura 3 - Localização geográfica do reservatório de Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba,
trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Grais.
13
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Figura 4 - Pontos de amostragem do reservatório de Serra Azul (MG), na bacia do rio
Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, sendo (A) montante; (B),
(C) e (D) reservatório e (E) jusante.
14
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas realizadas nos dois reservatórios ocorreram bimestralmente ao longo de um
ano, representando as estações seca (abril/junho/agosto de 2008) e chuvosa (outubro/
dezembro de 2007 e fevereiro de 2008).
A estimativa da composição física dos pontos localizados em rios foi realizada em
ambas as áreas de estudos (Pontos 1 e 5) com a aplicação de um protocolo de avaliação rápida
das condições ecológicas proposto por Callisto et al., (2002). Este protocolo é constituído por
22 parâmetros que caracterizam não só o ambiente aquático como também a região do
entorno quanto à diversidade. Cada parâmetro é acompanhado de uma pontuação. O valor
final do protocolo é obtido com o somatório de cada parâmetro individual e valores de 0 a 40
pontos representam trechos impactados; valores de 41 a 60 pontos representam trechos
alterados; e valores acima de 61 pontos representam trechos naturais.
Parâmetros Abióticos
As características físico-químicas da água (temperatura, condutividade elétrica,
turbidez, sólidos totais dissolvidos, potencial redox e potencial hidrogeniônico) foram
mensuradas em campo utilizando-se equipamentos portáteis da marca Digimed. Os teores de
oxigênio dissolvido foram avaliados pelo método de Winkler. A temperatura do ar foi
avaliada com termômetro de bulbo. As determinações de transparência da coluna d`água em
campo foram realizadas através do Disco de Secchi e expressas em metros. Medidas de
profundidade foram realizadas em todos os trechos estudados dentro dos reservatórios.
As amostras de água foram coletadas para as análises de Nitrogênio-Total e FósforoTotal utilizando-se uma garrafa vertical de 5 litros do tipo Van D’orn a 1m do fundo, nos
pontos de amostragem. Essas amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno,
congeladas e analisadas até um mês após a coleta. As concentrações dos nutrientes presentes
na água foram determinadas segundo as metodologias descritas no “Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater” (American Public Health Agency, 1992).
15
O grau de trofia dos reservatórios foi avaliado com duas coletas extras (estação
chuvosa e seca) através do Índice de Estado Trófico de Carlson, modificado por Toledo et al.,
(1983). Este índice avalia o grau de trofia de um ecossistema lêntico através dos seguintes
dados abióticos: disco de Secchi, Fósforo-Total, Ortofosfato e Clorofila. As amostras para
determinação das concentrações de clorofila a foram coletadas na superfície, acondicionadas
em frasco âmbar de 1L. No laboratório, esse material foi filtrado em membrana AP40 em
prazo máximo de 24 horas. O material retido no filtro foi extraído em acetona 90%, com
maceração e extração por 24 horas a frio, sendo determinadas as concentrações de clorofila a,
com acidificação, por método espectrofotométrico descrito por Lorenzen (1967). As
concentrações de Ortofosfato presentes na água foram determinadas segundo as metodologias
descritas por Mackereth et al., 1978). A média da concentração das variáveis estudadas obtida
nas estações seca e chuvosa foi lançado separadamente nas Equações 01 a 05:
10 · 6
ó
10 · 6
10 · 6
10 · 6
2,04
0,64
Eq. (01)
2
80,32⁄
2
Eq. (02)
21,64⁄
2
Eq. (03)
0,695 ·
2
Eq. (04)
Onde, S = disco de Secchi, P = Fósforo-Total, PO4 = Ortofosfato e Cl = Clorofila.
Os valores obtidos foram então utilizados para o cálculo do Índice de Estado trófico
médio:
é
2·
7
Eq. (05)
O valor final calculado permite inferir o estado de trofia do reservatório de acordo com
os seguintes limites baseados em Carlson, modificado por Toledo (1983): Oligotrofia
(IET<44), Mesotrofia (44<IET<54), e Eutrofia (IET>54).
16
Composição granulométrica e teores de matéria orgânica nos sedimentos
Em cada ponto amostral foi coletada uma amostra de sedimento com uma Draga do
tipo Eckman-Birge (área de 0,0225m2) para determinação da composição granulométrica e
avaliação dos teores de matéria orgânica. As amostras foram acondicionadas em sacos
plásticos e levadas para o laboratório onde foram retiradas alíquotas de 100 gramas de
amostra, secas em estufa a 60°C durante 72 horas e maceradas em graal de porcelana. Cada
alíquota foi peneirada em peneiras de 2,00, 1,00, 0,50, 0,25, 0,126 e 0,062 mm e a
granulometria da amostra classificada de acordo com o método de Suguio (1973), adaptado
por Callisto & Esteves (1996).
Os teores de matéria orgânica foram avaliados através da incineração de uma alíquota
de 0,3 gramas de amostra seca e macerada em cadinhos de porcelana, a 550°C durante quatro
horas. Os resultados foram obtidos pela diferença entre o peso seco da amostra inicial e o peso
das cinzas originadas de sua combustão, e expressos em porcentagem de peso seco (% P.S.).
Macroinvertebrados Bentônicos
As amostras de sedimento para o estudo da fauna bentônica foram coletadas em cada
ponto amostral em 5 réplicas utilizando um amostrador do tipo Surber de malha de 250µm
(área de 0,09 m2) nos pontos amostrais (P1 e P5) e com uma Draga do tipo Eckman-Birge
(área de 0,0225m2) no corpo central do reservatório. O material coletado foi fixado in situ
com formol 4%, acondicionado em sacos plásticos e transportado até o Laboratório de
Ecologia de Bentos na UFMG. As amostras de sedimento foram lavadas em água corrente
com peneiras de 1,00 e 0,5 mm de abertura de malha. Os invertebrados retidos nas peneiras
foram acondicionados em potes plásticos e fixados com álcool 70%. Os organismos foram
triados com o auxílio de microscópio estereoscópico e identificados até o nível taxonômico de
família (exceto Oligochaeta, Hirudinea e Hidracarina) com auxílio de chaves taxonômicas de
Costa et al. (2006), Fernández & Domínguez (2001), Pérez (1988), Merritt & Cummins
(1996).
Os organismos encontrados foram classificados em grupos tróficos funcionais
(coletores-catadores, coletores- filtradores, predadores, raspadores, fragmentadores) segundo
Merritt & Cummins (1996). As larvas de Chironomidae não foram classificadas por
possuírem hábitos alimentares múltiplos e ainda pouco elucidados (Stouf & Taft, 1985; Oertli,
17
1993; Callisto et al., 2007). Em seguida, os indivíduos de cada grupo funcional foram secos
em estufa à temperatura de 60°C por 72h e pesados em balança analítica com precisão de
0,0001g para o cálculo da estimativa de biomassa.
Para avaliar a estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos nos dois
reservatórios foram calculados o índice de diversidade de Shannon-Wiener (Odum, 1988), o
índice de equitabilidade de Pielou, densidade total e riqueza utilizando o programa PRIMER
software (2004, version 6 Beta, PRIMER-E Ltda., Plymouth, UK; Clarke and Warwick,
2004). A composição taxonômica também foi avaliada entre os pontos de amostragem nos
reservatórios, a montante e a jusante.
Análises Estatísticas
Antes de realizar uma análise de ordenação para relacionar os fatores físico-químicos
(turbidez, sólidos totais dissolvidos, potencial redox, condutividade elétrica, temperatura,
temperatura do ar, pH, profundidade, disco de Secchi, oxigênio dissolvido, Nitrogênio-total,
Fósforo-total na água, granulometria e matéria orgânica no sedimento) foi realizada uma
Análise de Correspondência Distendida (DCA) estimando o tamanho real do gradiente da
estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos para avaliar qual análise seria
mais adequada para o conjunto de dados. O diagrama de ordenação de “Dune Meadow Data”
possibilita uma avaliação entre a correlação das espécies no final do gradiente, determinando
o intervalo do desvio-padrão + 4. Valores abaixo de 4 demonstram que existe uma forte
correlação entre os grupos de organismos nas duas pontas do gradiente e, conseqüentemente,
uma grande redundância dos dados biológicos, indicando que este é um gradiente pequeno,
onde a análise sugerida é uma análise de RDA (Análise de Redundância) (Ter Braak, 1995).
O programa utilizado para esta análise foi o CANOCO (Canonical Community Ordination)
para Windows, versão 4.5. A análise foi realizada separando-se em dois conjuntos de dados:
um com as variáveis bióticas e abióticas dos pontos localizados em ecossistemas lóticos e
outro com os lênticos. As famílias que ocorreram até três vezes no período amostral foram
desconsideradas da análise, devido à baixa ocorrência. Este trabalho não teve o objetivo de
realizar um levantamento malacológico, podendo ter ocorrido uma sub-amostragem destes
organismos. Diante disso, para evitar uma análise de dados subestimados este grupo também
foi excluído.
18
A cada análise dos dados, o resultado da RDA indicou que o gradiente abiótico tinha
um elevado grau de redundância estatística, indicado através do chamado “Índice
Inflacionário”. De acordo com esta indicação, é necessário retirar as variáveis redundantes
(valores > que 30) e analisar novamente o conjunto de dados. Esta operação foi repetida até
obter-se um resultado onde as variáveis utilizadas não mais apresentassem elevados valores
do índice inflacionário. As variáveis abióticas que foram retiradas devido aos elevados valores
do índice inflacionário foram areia grossa, areia média, silte + argila (análise granulométrica).
Foram mantidas apenas as variáveis abióticas capazes de formar um gradiente ambiental, a
saber: turbidez, sólidos totais dissolvidos, potencial redox da água, condutividade elétrica,
temperatura, temperatura do ar, pH, profundidade, disco de Secchi, oxigênio dissolvido,
Nitrogênio-total, Fósforo-total, granulometria e matéria orgânica. A correlação entre as
variáveis abióticas e bióticas foi obtida através do teste de “Monte Carlo” (p < 0,05),
indicando uma correlação entre as variáveis ambientais e os macroinvertebrados bentônicos.
Para avaliar a estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos foram
calculados o índice de diversidade de Shannon-Wiener (Odum, 1988), o índice de
equitabilidade de Pielou, densidade total e riqueza utilizando o programa PRIMER software
(2004, version 6 Beta, PRIMER-E Ltda., Plymouth, UK; Clarke and Warwick, 2004).
Os dados de densidade de invertebrados (ind/m2) entre os reservatórios e entre as
estações foram submetidos a testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Lilliefors) e
homogeneidade de variâncias (teste de Levene) e, após a confirmação da normalidade e
homogeneidade, foram comparados por meio de análise de variância (ANOVA one-way). Em
casos de diferenças estatísticas foi utilizado o teste de Tukey (Zar, 1999) a 5% para avaliar
entre quais famílias ocorreu diferença. No caso de dados com distribuição não normal
utilizou-se o teste U de Mann-Whitney.
Com o objetivo de verificar quais famílias foram mais importantes na estruturação das
comunidades de macroinvertebrados bentônicos foi realizada uma análise de espécies
indicadoras (Dufrêne & Legendre, 1997), utilizando o software PC-Ord (versão 3.11, 1997).
Esta análise confere a cada taxon valores de indicação que variam de 0 a 100 segundo a
abundância e a frequência relativa de cada um nos grupos previamente definidos, que nesse
caso foram as duas áreas de estudos (Serra Azul e Ibirité), nos ambientes lóticos e lênticos e
nas estações chuvosa e seca. Um valor 0 significa que o taxon está ausente e o valor 100
significa que todos os indivíduos coletados de um taxon pertencem ao ecossistema estudado.
Quando para um dado taxon, o valor de indicação entre os grupos é significativo (p<0,05 em
19
um teste de aleatorização de Monte Carlo), então este taxon pode ser considerado como
indicador para um dado grupo.
RESULTADOS
Protocolo de Avaliação Rápida de Condições Ecológicas em Trechos de Bacia e
Características Físicas e Químicas da água
O ponto a montante do Reservatório de Serra Azul possui suas condições ecológicas
ainda naturais (P1=78), e o ponto a jusante apresenta-se como um trecho alterado (P5=60)
segundo o somatório das pontuações do protocolo de caracterização de condições ecológicas
aplicado nos trechos lóticos. Os pontos localizados a montante e a jusante do Reservatório de
Ibirité localizam-se em trechos impactados (P1=25 e P5=43) de acordo com o protocolo de
avaliação rápida. Estes resultados estão representados na Figura 05.
100
80
78
60
60
43
40
25
20
0
Serra Azul
Ibirité
Figura 5 - Resultados do Protocolo de Avaliação Rápida de Condições Ecológicas em
Trechos de Bacia.
O grau de trofia avaliado no reservatório de Serra Azul apresentou valor médio na
estação chuvosa menor que 44 (Oligotrofia) e na estação seca 45,1 (Mesotrofia) (Tabela 5). O
valor máximo de oxigênio dissolvido em Serra Azul foi 12mg/L no Ponto 5 (trecho lótico) na
20
estação chuvosa. A zona eufótica no reservatório de Serra Azul atingiu 3,5m. O grau de trofia
avaliado no reservatório de Ibirité apresentou valor médio na estação chuvosa e seca maior
que 54 (Eutrofia) (Tabela 5). Elevados valores de oxigênio dissolvido na superfície foram
mensurados no Reservatório de Ibirité sendo que o valor máximo foi 11mg/L no Ponto 2
(lêntico) na estação chuvosa.
Os dados do potencial redox do sedimento, disco de Secchi e potencial redox da água
apresentaram valores maiores no reservatório de Serra Azul do que no reservatório de Ibirité
(Tabela 4). Comparando os dados abióticos de Serra Azul nas estações seca e chuvosa
verificou-se que Nitrogênio-total, oxigênio dissolvido na superfície, potencial redox e
temperatura da água apresentaram maiores valores na estação chuvosa; e o pH apresentou
maior valor na estação seca sendo que as demais variáveis abióticas apresentaram valores
semelhantes em ambos os períodos de coleta. Os dados abióticos condutividade, Fósforototal, sólidos totais dissolvidos, Nitrogênio-total, pH e turbidez mensurados no reservatório de
Ibirité apresentaram valores maiores que os mensurados no reservatório de Serra Azul.
Comparando os dados abióticos de Ibirité nas estações seca e chuvosa foram
observados maiores valores de Nitrogênio-total e temperatura da água na estação chuvosa,
sendo que as demais variáveis abióticas tiveram valores semelhantes entre as duas estações. A
zona eufótica no reservatório de Ibirité atingiu o valor máximo de 0,7 m. Em Ibirité foram
verificadas florações algais e estandes de macrófitas aquáticas durante todo o período de
estudo.
21
pHF
Cond
STD
O2Sup
O2fun
EHágua
EH sed
P-total
N-total
Prof
Secchi
TU
-
349,3±241,1
373±90,5
2,7±2,9
-
-6,3±64,5
-
315,8±91,5
0,5±0,1
-
-
272,3±313,6
33±52,7
46,1±86,2
87,7±75,4
-303,3±60,1
-325,7±80
338,5±48,5
367,7±348,4
60,6±28,1
0,3±0,1
0,4±0,2
0,2±0,03
113,7±146,7
11±1,1 0,4±0,2 197,1±129,9
13,2±3,5 0,7±0,4 107,8±156,7
chuva
seca
chuva
27,5±0,6 27,8±0,7 8,9±1,1 11,1±2,7 319,4±216,9 190±173,1 9,1±3,4 3±2,3
97±34
27±2,6 23,9±4,3 8,2±0,8 6,6±0,6 329,5±46,4
1096±0
6,9±3,3 4,5±4,9 368±593,6
27,5±1,5 27,8±2,7 8,8±0,9 9,9±3,1 320±220,8 381,3±161,5 10,1±4,2
3±1
66±127,2
-377±139,1
-341±73,1
-395,3±96,4
101,6±29
118,8±60,4
97,6±101
0,2±0,1
0,2±0,05
0,3±0,04
7,3±1,1 0,3±0,1 112,5±45,5
7,7±0,7 0,7±0,4 46,6±61,9
8,1±1,2 0,4±0,2 129,3±54,5
seca
chuva
seca
29,7±4,5 23,6±4,7 8,3±1 6,6±0,6
25,9±1,1 24,9±1,9 7,4±0,3
20,7±7 21,6±2,9 7,5±0,4
-
330,5±43,8
324±220,2
337±59,8
1117±0
362,3±162,1
1154±0
8,6±3,2
3,6±1,7
8,4±3,6
2,6±2,4
-
15,7±51,5
37±33,8
131±49,7
-301,3±171,8 62,7±11,3
121,1±151,8
77,1±16,1
0,2±0,02
0,4±0,03
0,2±0,05
10,1±0,1 0,6±0,1
-
P1
chuva
seca
28,3±2,5 25,5±0,9 6,5±0,4
25±1
18,9±2,7 7,1±0,4
-
25,4±15,9
37,4±1,5
24,4±2,7
109±0
9,9±4,9
7±0,6
-
253,7±47,1
77,7±64,9
P2
Tabela 4 – Parâmetros físicos e químicos mensurados na coluna d`água dos reservatórios de Ibirité e Serra Azul durante as estações chuvosa (ou/07, dez/07 e
fev/08)) e seca (abr/08, jun/08 e ago/08). Onde, Tar= temperatura do ar (°C), Tágua= temperatura da coluna d`água (°C), pH= potencial hidrogeniônico da
superfície da coluna d`água, pHF= potencial hidrogeniônico do fundo da coluna d`água, Cond= condutividade elétrica (µS/cm), STD= sólidos totais dissolvidos
(mg/L), O2Sup= oxigênio dissolvido na superfície (mg/L), O2Fun= oxigênio dissolvido no fundo da coluna d`água (mg/L), EHágua= potencial Redox da coluna
d`água, EHsed= potencial Redox do sedimento, P- total = Fósforo Total (mg/L), N- total = Nitrogênio Total (mg/L), Prof = profundidade média (m), Secchi=
disco de Secchi(m), TU = turbidez (UNT) e (-) = não mensurados.
chuva
seca
chuva
seca
chuva
seca
chuva
seca
28,5±3,1
26,7±3
27,8±3,9
29,6±2,6
28,4±1,4
29±3,6
26,8±4,5
26±2,6
6,5±0,6
6,4±0,2
6,9±1,2
6,4±0,3
7,2±1,7
6,2±0,5
-
27,2±19,1
30,2±2
36,1±32,9
24,1±9,7
71,7±92,8
29,9±0,9
24,1±14,9
23,1±15,4
22,3±0,8
82,5±0
22,1±0,6
82,4±0
21,8±0,4
82,9±0
23,3±0,3
90,8±0
9,6±4,9
7,9±1
10±4
9,6±3
8,2±2,6
8±1
12,1±2,3
6,8±0,2
5,2±3,8
6,2±1
2,6±2,3
5,8±1,8
1,8±1,2
2,7±3
-
P3
P3
P4
P5
Serra Azul
P5
P4
Ibirité
P2
P1
Pontos Amostrais
Tar
Tágua
pH
chuva
27,9±3,5 25,2±2,5 6,4±0,4
seca
chuva
seca
25±1,7 21,4±2,8 7,1±0,2
547,9±335,6
2333±0
2,6±0,8
27,4±2 27,6±1,2 9±0,8 10,7±3,5 342,3±237,8 336,3±122,6 10,9±3,9 1,6±1,4
27,3±5,5 23,7±4
8,4±1 6,6±0,5 331,8±50,2
1098±0
10,1±5,9 5,4±3,6
28,3±1,5
25,4±3
27,7±3,2
24,2±4,4
27,5±0,5
23,8±4,5
26,5±3,5
22,1±2,7
6,8±0,4
7,3±0
6,7±0,2
7,4±0,5
7,4±0,4
7,3±0,3
6,5±0,3
7,2±0,5
-
215,3±27,3 -148,7±147,9
82±34
-226,3±25
159,7±23,6 -129,7±78,6
72±30
-107,7±125
191±30,6
-258,7±44,1
188,7±60,1 -195,3±31,7
253,3±30,4
89,3±86,1
-
45,1±56,5
64,9±47,5
-30,1±66,8
27,4±23,5
27±23,1
0,07±0,01
0,04±0,01
-
-
46,7±54,3
8,6±3,8
40,3±26,9
44,5±56
39,2±44
16,7±10,7
27,4±14,4
10,9±2,8
16,2±4,9
36,5±36,4
0,07±0,02
0,04±0,01
0,09±0,04
0,05±0,01
0,09±0,04
0,05±0,02
0,07±0,01
0,04±0,01
5,5±3,9
12,9±1
9,8±2,9
8,8±3,3
29,7±2,5
31,5±2,8
-
1,9±0,8
2,9±0
1,6±0,6
3,5±0,4
1,9±0,6
3,7±1,1
-
23,6±18,7
37,9±55
59±73,8
40,4±54
51,2±73,5
7,5±5,9
21,3±25,2
17,6±13,6
22
Tabela 5 - Índices de Estado Trófico (IET) nos reservatórios de Serra Azul e Ibirité, nas
estações seca e chuvosa estimados com dados obtidos por IET(S)- disco de Secchi; IET(P)Fósforo-total; IET(PO4)- Ortofosfato; IET(Cl)- clorofila e IET(médio).
Reservatório de Serra Azul
IET(S)
IET(P)
IET(PO4)
IET(Cl)
IET(médio)
Reservatório de Ibirité
Média
Chuva
Média
Seca
Média
Chuva
Média
Seca
1,9
39,4
9,1
0,7
41,5
49,7
47,5
27
2,4
53,4
11,9
1,3
38,1
54,1
51,4
33,2
0,5
173,1
22,1
6,2
60,8
71,1
60,3
48,9
0,8
162,1
30,3
50,7
54
70,1
64,8
69,9
41,4
45,1
60,2
69,6
Macroinvertebrados Bentônicos
Foram coletados 54.512 macroinvertebrados bentônicos, na bacia dos reservatórios de
Serra Azul e Ibirité, pertencentes a 43 taxa (33 Insecta, 5 Gastropoda, 1 Hirunidea, 1
Oligochaeta, 1 Turbellaria, 1 Arachnida e 1 Bivalvia). No reservatório de Ibirité, incluindo os
pontos a montante e a jusante do reservatório, foram coletados 49.849 macroinvertebrados
bentônicos. A composição taxonômica no reservatório de Ibirité foi composta principalmente
por Oligochaeta (76,6%), Chironomidae (17,6%), Thiaridae (1,8%), Hirudinea (1,5%),
Chaoboridae (1,2%) e alguns taxa raros, representando 1,3% (Ceratopogonidae, Psychodidae,
Baetidae, Elmidae, Gyrinidae, Hydrophilidae, Libellulidae, Megapodagrionidae, Physidae,
Planorbidae e Planariidae) (Tabela 4 e Figura 6). As famílias Baetidae, Empididae,
Grypopterygidae, Muscidae, Hydrophilidae, Libellulidae e Physidae foram encontradas
somente na estação seca; e Elmidae foi encontrada exclusivamente na estação chuvosa.
23
Figura 6 - Principais Macroinvertebrados Bentônicos encontrados no reservatório de Ibirité,
na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, sendo (1)
montante; (2), (3) e (4) reservatório e (5) jusante.
No reservatório de Serra Azul, incluindo os pontos a montante e a jusante do
reservatório, foram coletados 4.663 macroinvertebrados bentônicos. Em Serra Azul foram
encontrados Chironomidae (40%), Chaoboridae (22,7%), Oligochaeta (9,4%), Elmidae
(8,4%), Baetidae (3,1%), Leptohyphidae (2,6%), Ceratopogonidae (2,4%), Leptophlebiidae
(2,1%),Thiaridae (1,4%), Sphaeridae (1,3%), Naucoridae (0,9%), Simuliidae (0,5%),
Hirudinea (0,4%), Dytiscidae (0,4%), Gomphidae (0,4%), Hydropsychidae (0,4%), Tipulidae
(0,3%), Empididae (0,3%), Polycentropodidae (0,2%) e como taxa raros representando 2,8%
Gyrinidae, Hydrophilidae, Libellulidae, Physidae, Planorbidae, Planariidae, Hidracarina,
Coenagrionidae, Lymnaeidae, Philopotamidae, Muscidae, Glossosomatidae, Perlidae,
Hydrobiosidae, Mesoveliidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Notonectidae, Odontoceridae,
Veliidae e Corydalidae (Tabela 5 e Figura 7). As famílias Corydalidae, Dytiscidae,
Glossosomatidae, Muscidae, Notonectidae, Hydrophilidae, Hydroptilidae, Hydrobiosidae,
Physidae, Lymnaeidae e Sphaerium foram encontradas exclusivamente na estação chuvosa
nos pontos amostrais na bacia do reservatório de Serra Azul.
24
Figura 7 - Principais Macroinvertebrados Bentônicos encontrados do reservatório de Serra
Azul (MG), na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas
Gerais, sendo (1) montante; (2), (3) e (4) reservatório e (5) jusante.
25
Tabela 4 – Densidade de macroinvertebrados bentônicos (ind/m2, média e desvio padrão) coletados no reservatório de Ibirité, nos pontos amostrais ao longo das
estações chuvosa (out/07, dez/07 e fev/08) e seca (abr/08, jun/08 e ago/08). Obs: GTF = grupos tróficos funcionais, Co-Ca = coletores-catadores, Pr =
predadores, Rsp = raspadores, (-) = ausência.
GTF
Taxon
Diptera
Ceratopogonidae
Chaoboridae
Chironomidae
Empididae
Psychodidae
Ephemeroptera
Baetidae
Coleoptera
Elmidae
Gyrinidae
Hydrophilidae
Odonata
Libellulidae
Megapodagrionidae
Oligochaeta
Hirudinea
Pulmonata
Physidae
Planorbidae
Mesogastropoda
Thiaridae
Seriata
Planariidae
P1
Reservatório de Ibirité
Estação Chuvosa
P2
P3
P4
P5
.
115±180
30±51
.
.
16930±23895
.
.
.
.
P1
P4
.
15±26
15±26
59±51
5511±5303 3570±5955
1304±1995 2933±3654 1259±1102
.
.
.
.
.
.
P5
Pr
Pr
não classificados
Pr
Co-Ca
356±438
.
16874±21483
.
15±26
.
30±51
89±118
.
.
.
119±205
444±693
.
.
Co-Ca/Rsp
.
.
.
.
.
.
.
.
.
22±39
Co-Ca/Rsp
Pr
Pr
15±26
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
30±26
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
4±6
30±51
Pr
Pr
Co-Ca
Pr/Parasita
.
.
242178±410032
89±154
.
.
.
.
7526±8551
626±829
15±26
.
234948±239480
1259±791
.
.
104±180
15±26
.
.
3482±4928
15±26
.
.
89±154
.
4±6
12785±10600
1782±1762
Rsp
Rsp
.
119±205
.
.
.
15±26
.
.
.
33±48
.
.
.
.
.
.
.
.
19±32
385±343
Rsp
430±744
.
1674±2900
.
848±1411
.
.
.
.
2070±2259
Co-Ca
.
.
15±26
.
711±1222
30±51
.
.
.
222±375
.
.
.
.
4237±4585 74±93
207±359
370±566
.
20978±18126
.
15±26
P2
Estação Seca
P3
41±53
.
4722±4343
7±6
.
26
Tabela 5 - Densidade de macroinvertebrados bentônicos (ind/m2, média e desvio padrão) coletados no reservatório de Serra Azul, nos pontos amostrais ao
longo das estações chuvosa (out/07, dez/07 e fev/08) e seca (abr/08, jun/08 e ago/08). Obs: GTF = grupo trófico funcional, Co-Ca = coletores-catadores, Co-Fil
= coletores- filtradores, Pr = predadores, Rsp = raspadores, Frg = fragmentadores, (-) = ausência.
GTF
Taxon
Acari
Hidracarina
Diptera
Ceratopogonidae
Chaoboridae
Chironomidae
Empididae
Muscidae
Simuliidae
Tipulidae
Trichoptera
Glossosomatidae
Hydrobiosidae
Hydropsychidae
Hydroptilidae
Leptoceridae
Odontoceridae
Philopotamidae
Polycentropodidae
Ephemeroptera
Baetidae
Leptohyphidae
Leptophlebiidae
Plecoptera
Perlidae
Coleoptera
Dytiscidae
Elmidae
Gyrinidae
Reservatório de Serra Azul
Estação Chuvosa
P3
P4
P5
P1
P2
P1
P2
Pr
.
.
.
.
4±6
7±13
.
Pr
Pr
não classificados
Pr
Pr
Co-Fil
Co-Ca/Frg
474±466
.
8844±11351
30±51
15±25
341±590
178±308
.
24401±4007
356±541
.
.
.
.
.
1393±841
370±496
.
.
.
.
.
1437±2108
215±316
.
.
.
.
115±68
.
2215±2024
4±6
.
4±6
.
115±72
.
941±424
33±33
.
4±6
.
Rsp
Pr
Co-Fil
Co-Ca
Co-Ca
Co-Ca/Rsp
Co-Fil
Co-Fil/Pr
15±26
30±51
44±44
4±6
15±26
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
11±11
.
.
19±17
7±13
4±6
22±22
Co-Ca/Rsp
Co-Ca
Co-Ca/Rsp
1081±1759
563±975
770±1334
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Pr
30±51
.
.
Pr
Co-Ca/Rsp
Pr
148±257
1748±3028
15±26
.
.
.
.
.
.
Estação Seca
P3
P4
P5
.
.
.
30±26
9482±8862
1511±1062
.
.
.
.
.
637±603
741±228
.
.
.
.
.
59±68
519±667
.
.
.
.
37±28
.
178±139
.
.
.
.
.
.
52±46
.
.
15±17
.
.
.
.
.
.
.
.
15±26
.
.
.
.
.
15±26
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
11±19
.
4±6
26±36
207±331
252±436
163±282
45±29
56±69
11±11
.
.
.
.
.
.
.
.
.
4±6
.
.
.
4±6
4±6
.
.
.
.
.
.
.
41±71
770±1325
22±39
.
204±45
11±19
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
27
Tabela 7 (Continuação)
GTF
Taxon
Hydrophilidae
Heteroptera
Mesoveliidae
Naucoridae
Notonectidae
Veliidae
Megaloptera
Corydalidae
Odonata
Coenagrionidae
Gomphidae
Libellulidae
Oligochaeta
Hirudinea
Seriata
Planariidae
Bivalvia
Sphaeriidae
Pulmonata
Physidae
Planorbidae
Lymnaeidae
Mesogastropoda
Thiaridae
Reservatório de Serra Azul
Estação Chuvosa
P3
P4
P5
.
.
.
Pr
P1
74±128
P2
.
P1
.
P2
.
Pr
Pr
Pr
Pr
.
178±308
30±51
11±19
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
11±19
.
.
.
85±39
.
.
15±26
.
.
Pr
30±51
.
.
.
.
.
Pr
Pr
Pr
Co-Ca
Pr/Parasita
15±26
15±26
15±26
2060±3339
44±77
.
.
.
59±103
.
.
.
30±26
.
.
.
.
15±17
19±6
330±196
19±17
Co-Ca
Rsp
Rsp
15±26
60±51
.
.
.
.
.
.
Rsp
Rsp
Rsp
.
30±51
44±77
.
.
.
Rsp
74±128
.
Estação Seca
P3
.
P4
.
P5
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
26±17
7±13
4±6
.
.
.
.
.
.
30±51
15±26
.
.
.
4±6
19±17
15±6
763±1196
44±29
7±13
.
.
.
.
.
104±180
226±391
.
.
.
.
7±13
26±28
.
.
.
.
.
.
.
11±19
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
15±26
.
.
.
59±103
.
.
74±128
.
148±23
.
28
Na estação chuvosa em Serra Azul a menor riqueza taxonômica foi encontrada no
Ponto 1 (0 taxa) e a maior nos Pontos 1 e 5 (23 taxa). Na estação seca a menor riqueza
taxonômica foi encontrada no Ponto 4 (1 taxa) e a maior no Ponto 1(17 taxa). No Ponto 1
foram observados o menor valor de densidade (0 ind/m2) em fevereiro/08 e o maior (38.667
ind/m2) em outubro/07. Na estação seca o menor valor foi 133 ind/m2 no Ponto 4 em
dezembro/07 e o maior valor 20.400 ind/m2 no Ponto 2 em outubro/07. O menor valor do
índice de equitabilidade de Pielou encontrado foi 0 nos Pontos 2 (dezembro/07) e Pontos 1 e 4
(fevereiro/08 e abril/08) e o maior valor, 0,9 no Ponto 3 (outubro/07). A diversidade analisada
nas estações chuvosa e seca em Serra Azul variou de 0 nos Pontos 1, 2 e 4 a 1,97 no Ponto 5
(Apêndice A).
Comparando todas as famílias encontradas em Serra Azul e Ibirité com o teste U de
Mann-Whitney em todos os pontos amostrais, verificou-se que a estrutura das comunidades
de macroinvertebrados bentônicos foi diferente (p=0,002) sendo que a densidade (ind/m2) de
Oligochaeta e Hirudinea apresentaram maiores valores em Ibirité; Chaoboridae e Elmidae
apresentaram maiores valores em Serra Azul. Comparando as famílias encontradas em Ibirité
na estação seca e chuvosa foi possível verificar diferenças significativas (p=0,01) onde
Chironomidae apresentou valores maiores na estação chuvosa; e Chaoboridae e
Hydrophilidae na estação seca.
A distribuição temporal e espacial foi diferente (p<0,05) no período de estudo (out/07,
dez/07, fev/08, abr/08, jun/08 e ago/08). Comparando as famílias encontradas nas estações
seca e chuvosa em Serra Azul foi possível verificar que Oligochaeta apresentou valores
maiores de densidade na estação chuvosa e Thiaridae, na estação seca.
Na estação chuvosa em Ibirité a menor riqueza taxonômica foi encontrada nos Pontos
2 e 4 (0 taxa) e a maior no Pontos 1 (8 taxa). Na estação seca a menor riqueza taxonômica foi
encontrada no Ponto 4 (0 taxa) e a maior no Ponto 5 (14 taxa). Nos Pontos 2 em dezembro/07
e 4 em fevereiro/08 foram observados o menor valor de densidade (0 ind/m2) e o maior
(758.933 ind/m2) no Ponto 1 em fevereiro/08. Na estação seca o menor valor foi 0 ind/m2 no
Ponto 4 em abril/08 e o maior valor 514.044 ind/m2 no Ponto 1 em agosto/08. O menor valor
do índice de equitabilidade de Pielou encontrado foi 0 nos Pontos 1 (outubro/07), 2
(dezembro/07 e fevereiro/08), 4 (dezembro/07, fevereiro/08 e abril/08) e o maior valor, 0,9 no
Ponto 3 (junho/08). A diversidade analisada nas estações chuvosa e seca em Ibirité variou de
0 nos Pontos 1, 2 e 4 a 1,27 no Ponto 5 (Apêndice B).
A análise de espécies indicadoras revelou taxa indicadores distintos para os diferentes
reservatórios nas diferentes estações do ano. Comparando os pontos amostrais localizados
29
dentro dos reservatórios de Serra Azul e Ibirité, na estação chuvosa verificou-se que
Chaoboridae (p=0,001) foi indicador do reservatório de Serra Azul e na estação seca
Oligochaeta (p=0,029) foi indicador do reservatório de Ibirité. Analisando os pontos
amostrais localizados nos ecossistemas lóticos de Serra Azul e Ibirité, constatou-se que na
estação chuvosa não houve espécies indicadoras devido, possivelmente, às baixas
abundâncias de organismos observadas nas áreas de estudo; na estação seca os taxa Hirudinea
(p=0,0428), Oligochaeta (p=0,0038) e Chironomidae (p=0,0447) (Diptera) foram indicadores
para os rios de Ibirité, sendo que Gomphidae (p=0,0163) (Odonata) foi indicador para os rios
de Serra Azul.
Análise Integrada dos Dados Abióticos e Bióticos
O resultado da análise de DCA realizada com os dados bióticos encontrou o valor de
1,95 para o gradiente biótico nos ecossistemas lóticos e 2,7 para os lênticos. De acordo com
Ter Braak (1995), isto indica que os dados da comunidade de macroinvertebrados bentônicos
apresentam um gradiente com elevada redundância (gradiente <4) onde o mais adequado seria
realizar uma análise de redundância (RDA). O teste de Monte Carlo (p = 0,049) obtido na
RDA indicou uma correlação significativa entre as variáveis bióticas e abióticas para os
ecossistemas lóticos e para ecossistemas lênticos não foi significativo (p = 0,69).
O diagrama de ordenação da RDA (Análise de Redundância) nos ecossistemas lóticos
pode ser visto na Figura 5, onde estão dispostas as variáveis ambientais e sobre elas estão
distribuídos os dados de densidade dos macroinvertebrados bentônicos. Os dois primeiros
eixos apresentaram auto valores de 0,47 e 0,06 e explicaram 72,2% da distribuição dos taxa
de macroinvertebrados bentônicos e 9,8% da relação destes com as variáveis ambientais. A
RDA evidenciou que os fatores temperatura da água e do ar, turbidez e matéria orgânica no
sedimento foram correlacionados com o primeiro quadrante. Os fatores Fósforo-total,
condutividade, sólidos totais dissolvidos e Nitrogênio-total foram correlacionados com o
segundo quadrante. A Classe Oligochaeta agrupou-se com a variável sólidos totais
dissolvidos. Os taxa Chironomidae, Ceratopogonidae, Hirudinea, Hydrophilidae e Planariidae
além da variável pH, agruparam-se no terceiro quadrante nos pontos do reservatório de Ibirité,
principalmente a jusante e a montante, além do ponto 5 em Serra Azul. No quarto quadrante
agruparam-se famílias indicadoras de boa qualidade de água como Leptoceridae,
Polycentropodidae, Baetidae, Leptophlebiidae e Leptohyphidae com as variáveis: protocolo,
30
potencial redox da coluna d’água e oxigênio dissolvido na superfície nos pontos localizados a
montante e a jusante do reservatório de Serra Azul.
Figura 8 – Diagrama de ordenação da Análise de Redundância (RDA) com a disposição dos
pontos amostrais, variáveis abióticas e taxa de macroinvertebrados bentônicos. Obs: Tempar
= Temperatura do ar; Temagua = Temperatura da coluna d`água; mator = Matéria orgânica;
Turb = Turbidez; Fosf = Fósforo Total; N = Nitrogênio Total; Cond = Condutividade elétrica;
TDS = Sólidos totais dissolvidos; pH = Potencial hidrogeniônico da coluna d`água; Redox =
Potencial redox da coluna d`água; Prot = Protocolo de avaliação rápida; Osup = Oxigêno
dissolvido na superfície; Oligo = Oligochaeta; Libell = Libellulidae; Polycent =
Polycentropodidae; Leptoce = Leptoceridae; Empid = Empididae; Leptophl =
Leptophlebiidae; Baetid = Baetidae; Leptohyp = Leptohyphidae; Gomp = Gomphidae.
A Figura 9 mostra que no Ponto 1 (montante do reservatório de Ibirité) foi observado
maior valor de biomassa para a Classe Oligochaeta apresentando valores de 628±549mg/m2.
Analisando a biomassa nos Pontos 2, 3 e 4, localizados na região limnética do reservatório de
Ibirité nota-se maiores valores para Thiaridae (5642±3139mg/m2), Planorbidae (1080mg/m2)
31
e Oligochaeta (108±150mg/m2) na Figura 10. No Ponto 5 os maiores valores de biomassa
foram para Thiaridae (4110±2352mg/m2), Planorbidae (851±1499mg/m2) e Oligochaeta
(158±142mg/m2) na Figura 11.
Biomassa (mg/m2 )
10000
1000
100
10
1
Figura 9 – Biomassa (mg/m2) de macroinvertebrados bentônicos coletados no Ponto 1, a
montante do reservatório de Ibirité, bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São
Francisco, Minas Gerais, nos períodos de chuva e seca de 2007-2008.
10000
Biomassa (mg/m2 )
1000
100
10
1
32
Figura 10 – Biomassa (mg/m2) de macroinvertebrados bentônicos coletados nos Pontos 2, 3 e
4, no reservatório de Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São
Francisco, Minas Gerais, nos períodos de chuva e seca de 2007-2008.
10000
Biomassa (mg/m2 )
1000
100
10
1
Figura 11 – Biomassa (mg/m2) de macroinvertebrados bentônicos coletados no Pontos 5,
jusante do reservatório de Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São
Francisco, Minas Gerais, nos períodos de chuva e seca de 2007-2008.
No Ponto 1 de Serra Azul foi verificado maior valor de biomassa para as famílias
Libellulidae
(166mg/m2),
Naucoridae
(121±147mg/m2),
Corydalidae
(57±62mg/m2),
Gomphidae (51±49mg/m2), Elmidae (25±30mg/m2) e Bivalvia (21mg/m2) (Figura 12). Os
Pontos 2, 3 e 4 localizados na região limnética do reservatório de Serra Azul apresentaram os
maiores valores de biomassa para as famílias Thiaridae (508±505mg/m2), Elmidae
(129mg/m2), Mesoveliidae (76mg/m2) e Chaoboridae (53±68mg/m2) (Figura 13). Os maiores
valores no Ponto 5 foram para Thiaridae (562±819mg/m2), Planorbidae (471±643mg/m2),
Odontoceridae (217mg/m2), Gomphidae (81±112mg/m2), Naucoridae (51±61mg/m2) e
Elmidae (36±44mg/m2) (Figura 14).
33
2)
Biomassa (mg/m
Biomassa (mg/m2 )
1000
100
10
1
Figura 12 – Biomassa (mg/m2) de macroinvertebrados bentônicos coletados no Ponto 1, a
montante do reservatório de Serra Azul, bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio
São Francisco, Minas Gerais, nos períodos de chuva e seca de 2007-2008.
10000
2)
Biomassa (mg/m
Biomassa (mg/m2)
1000
100
10
1
Figura 13 – Biomassa (mg/m2) de macroinvertebrados bentônicos coletados nos Pontos 2, 3 e
4, no reservatório de Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São
Francisco, Minas Gerais, nos períodos de chuva e seca de 2007-2008.
34
10000
2)
Biomassa (mg/m
Biomassa (mg/m2 )
1000
100
10
1
Figura 14 – Biomassa (mg/m2) de macroinvertebrados bentônicos coletados no Pontos 5,
jusante do reservatório de Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio
São Francisco, Minas Gerais, nos períodos de chuva e seca de 2007-2008.
Análise da composição granulométrica e teores de matéria orgânica nos
sedimentos
No Ponto 1 de Ibirité, na estação chuvosa, predominaram sedimentos compostos na
maior parte por cascalho, silte e argila (Figura 12). Nos Pontos 2, 3 e 4 não foram encontradas
diferenças marcantes sendo que as frações areia muito grossa, areia grossa e areia média
compõem a maior parte do sedimento. No Ponto 5 verificou-se maior porcentagem das
frações areia fina e areia média. No Ponto 1, na estação seca, o sedimento encontrou-se
formado predominantemente por siltes e argilas; no Ponto 2, 3 e 4 areia grossa e areia média;
e no Ponto 5 areia muito fina e areia fina (Figura 13). A maior porcentagem de matéria
orgânica encontrada em Ibirité foi de 17% no Ponto 3 (estação chuvosa) e no Ponto 2 e 4
(estação seca) (Figuras 16 e17).
35
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
5
Pontos de Coleta
C
AMG
AG
AM
AF
AMF
S + Arg.
Figura 15 – Composição granulométrica do sedimento no período chuvoso de 2007-2008, no
Ponto 1 (montante), Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório de
Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S
= seixos, C = cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF
= areia fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
5
Pontos de Coleta
C
AMG
AG
AM
AF
AMF
S + Arg.
Figura 16 – Composição granulométrica do sedimento no período seco de 2008, no Ponto 1
(montante), Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório Ibirité, na
36
bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S = seixos, C
= cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF = areia
fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.
No Ponto 1 de Serra Azul, na estação chuvosa predominaram sedimentos compostos
na maior parte pelas frações areia grossa e muito grossa. Nos Pontos 2, 3 e 4 predominaram as
frações areia muito fina e média (Figura 14). No Ponto 5, verificou-se maior porcentagem de
seixos e cascalhos. Na estação seca o Ponto 1 apresentou predominantemente as frações
cascalho e seixos; Ponto 2, 3 e 4 areia média, grosa e muito fina; e Ponto 5 areia muito grossa
e cascalho (
Figura 18). A maior porcentagem de matéria orgânica encontrada em Serra Azul foi de
17% no Ponto 1 e 4 em ambas as estações (Figuras 18 e 19).
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
5
Pontos de Coleta
S
C
AMG
AG
AM
AF
AMF
S + Arg.
Figura 17 – Composição granulométrica do sedimento no período chuvoso 2007-2008, no
Ponto 1 (montante, Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório Serra
Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S =
seixos, C = cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF =
areia fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.
37
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
5
Pontos de Coleta
S
C
AMG
AG
AM
AF
AMF
S + Arg.
Figura 18 – Composição granulométrica do sedimento no período seco 2008, no Ponto 1
(montante, Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório Serra Azul,
na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S =
seixos, C = cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF =
areia fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.
25
% P.S.
20
15
10
5
0
P1
P2
P3
P4
P5
Pontos de Amostragem
Figura 19 – Teores de matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,
3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Ibirité, na bacia do rio Paraopeba,
trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período de chuva 2007-2008.
38
25
% P.S.
20
15
10
5
0
P1
P2
P3
P4
P5
Pontos de Amostragem
Figura 20 - Teores de matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,
3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Ibirité, na bacia do rio Paraopeba,
trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período de seca 2008.
25
% P.S.
20
15
10
5
0
P1
P2
P3
P4
P5
Pontos de Amostragem
Figura 21 - Teores de matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,
3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Serra Azul, na bacia do rio
Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período de chuva
2007-2008.
39
30
25
% P.S.
20
15
10
5
0
P1
P2
P3
P4
P5
Pontos de Amostragem
Figura 22 - Teores de matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,
3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Serra Azul, na bacia do rio
Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período de seca 2008.
40
DISCUSSÃO
•
Variáveis Físicas e Químicas
A eutrofização natural, em escala geológica, ocorre quando os ecossistemas lacustres
tendem a passar de uma condição oligotrófica para a mesotrófica e finalmente para a eutrófica
resultando no seu assoreamento e desaparecimento. Por outro lado, a aceleração antrópica do
processo de eutrofização, como o observado em Ibirité, ocorre em uma escala de tempo mais
curta, como em décadas, e é mundialmente conhecido como eutrofização artificial ou
antrópica (Esteves, 1998; Nowlin et al., 2005).
As conseqüências da eutrofização artificial no reservatório de Ibirité são drásticas para
o ambiente, impedindo a utilização múltipla de suas águas para abastecimento, irrigação e
recreação em especial pela alta quantidade de substâncias tóxicas e mal-cheirosas, excretadas
pelas algas e persistentes mesmo depois da aplicação dos tratamentos mais sofisticados
(Basso & Carvalho, 2007).
O reservatório de Ibirité possui concentrações de Nitrogênio-Total, Fósforo-Total e
oxigênio dissolvido, não permitidas na Resolução CONAMA Nº 357/2005 para águas doces
da Classe 2, além da presença constante de florações algais observada em nossas coletas. Os
limites previstos nesta Resolução são o que se espera para águas destinadas à atividade de
pesca, à proteção das comunidades aquáticas e à recreação de contato primário, tais como
natação.
Os teores de oxigênio dissolvido verificados nos pontos localizados na região
limnética do reservatório de Ibirité foram superiores aos dos trechos lóticos. Esta diferença
pode estar associada ao aumento de deposição de matéria orgânica, proveniente de esgotos
nos córregos de Ibirité favorecendo o aumento da quantidade de microrganismos
decompositores livres na água e nos sedimentos, que acabam consumindo o oxigênio
dissolvido na água (Lemes et al., 2008).
Estudos focando a influência do sedimento sobre comunidades de macroinvertebrados
bentônicos consideram a composição granulométrica como um dos principais fatores
responsáveis pela estrutura e distribuição dessa comunidade em ecossistemas aquáticos
continentais (França et al., 2006). A composição granulométrica dos sedimentos em Ibirité
apresentou predomínio das frações de areias evidenciando o elevado processo de erosão em
sua bacia de drenagem, aumentando a deposição de sedimentos no reservatório devido a
impactos antrópicos como desmatamento de mata ciliar nos pontos amostrais.
41
A qualidade das águas no reservatório de Serra Azul pode ser considerada boa de
acordo com os dados limnológicos analisados, com condições de oligotrofia na estação
chuvosa, com tendência à mesotrofia na estação seca. Reservatórios com características
típicas de ambientes oligotróficos em geral apresentam elevada transparência da coluna
d`água, baixa concentração de nutrientes, valores elevados de oxigênio dissolvido na
superfície e sedimentos com baixos teores de matéria orgânica (Ambrosetti et al., 2003;
Takahashi et al., 2008), como os obtidos no reservatório de Serra Azul.
O reservatório de Serra Azul possui concentrações de Fósforo-Total acima do
permitido na Resolução CONAMA Nº 357/2005 para águas doces da Classe 2. O
monitoramento sazonal do aporte de fósforo em um reservatório gera informações que, se
bem utilizadas, podem servir de indicadoras das atividades poluidoras a montante,
possibilitando a avaliação anual para medidas mitigadoras, como por exemplo, o tratamento
de esgoto de uma cidade a montante do reservatório, a diminuição na utilização de
fertilizantes agrícolas fosfatados em torno do reservatório (Luiz et al., 2003).
•
Macroinvertebrados Bentônicos
Quando são consideradas as comunidades bentônicas, a aplicação de índices de
diversidade e riqueza são ferramentas importantes para a avaliação ambiental (Callisto et al.,
2005a). Na bacia do reservatório de Ibirité, de forma geral, a riqueza e o índice de diversidade
de taxa foram menores do que em Serra Azul, provavelmente devido ao processo de
eutrofização artificial. A diminuição da riqueza taxonômica das comunidades de
macroinvertebrados estudadas no sentido montante-barragem foi observada em ambos os
reservatórios estudados. Pamplin & Rocha (2007) estudando a distribuição de
macroinvertebrados bentônicos no reservatório de Ponte Nova, em São Paulo e Mei-Ling
Shao et al. (2008) no reservatório de Três Gargantas, na China, confirmam a redução da
riqueza montante-barragem.
Os valores de riqueza taxonômica encontrados por Moreno & Callisto (2006) em 2002
variaram de 3 a 20; a diversidade de Shannon-Wienner atingiu 0,48 no Córrego Pintados;
mostrando que houve um pequeno aumento no presente estudo, entretanto somente de grupos
tolerantes à poluição. Piedras et al. (2006) avaliando o impacto da barragem de Santa
Bárbara, no município de Pelotas, RS, através da ocorrência de invertebrados bentônicos,
mostrou que alguns anos após o represamento houve aumento do número de grupos tolerantes
42
à quantidades excessivas de resíduos domésticos e industriais como Oligochaeta e Hirudinea,
corroborando com os resultados obtidos no presente estudo.
As espécies de Oligochaeta de água doce vivem em todos os tipos de habitats, mas são
mais abundantes em águas rasas, apesar de várias famílias terem representantes em lagos
profundos (Barnes, 1995). Foi encontrada elevada abundância de Oligochaeta nos trechos
lóticos de Ibirité. Sob condições de enriquecimento de nutrientes, Rodrigues (2003)
analisando reservatórios em cascata no médio e baixo Rio Tietê concluiu que os Oligochaeta
tendem a aumentar sua abundância em relação aos Chironomidae, como observado no trecho
mais impactado do reservatório de Ibirité.
Os hirudíneos são importantes indicadores de poluição, sendo favorecidos em
ambientes com altos teores de poluentes orgânicos (Myslinski & Ginsburg, 1977).
Usualmente esses organismos não são encontrados em águas com pH abaixo de 5,5
(Dougherty & Morgan, 1991), o que foi confirmado pelo presente estudo. O estabelecimento
de numerosas populações da classe Hirudinea em Ibirité deve-se ao fato destes organismos
serem predominantemente dulciaquícolas e por habitarem áreas marginais de pouca
correnteza e com altos teores de poluentes orgânicos (Davies & Govedich, 1991; Sket et al.,
2007).
Os moluscos encontrados em Ibirité são também típicos de áreas degradadas
(Fernandez et al., 2003). A presença de taxa invasores, como alguns gêneros da família
Thiaridae que estão fora de suas áreas de origem, ameaçam a biodiversidade e os ecossistemas
aquáticos (Fernandez et al., 2003). No estudo realizado por Callisto et al. (2005b) na bacia do
reservatório de Ibirité, 5 espécies de moluscos foram avaliados e não foi verificado infestação
por Schistosoma mansoni em Biomphalaria straminea. Apesar de não ter sido encontrado
Schistosoma mansoni a existência de planorbídeos deve ser monitorada devido à possibilidade
de contaminação da população local de moradores que frequentam o reservatório.
Outra família registrada em todos os pontos amostrais localizados dentro dos
reservatórios de Ibirité e Serra Azul foi Chaoboridae (Diptera) tolerantes a condições de
hipóxia (Beutel et al., 2007). O presente estudo confirma os dados obtidos no trabalho
realizado por Bezerra-Neto et al. (2002) na Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, M.G.
Durante todo o período de estudo estes autores observaram uma densa população de
Chaoboridae na coluna d`água do reservatório distribuídos verticalmente acompanhando
conjuntamente a distribuição de suas presas e explorando as zonas de baixas concentrações de
oxigênio, possivelmente como uma resposta à predação por peixes.
43
Indivíduos da ordem Ephemeroptera foram registrados nos trechos lóticos de Serra
Azul, com maior diversidade granulométrica, o que favorece o desenvolvimento de algas
perifíticas e outros microrganismos no substrato que servem de alimento para muitos
organismos coletores-catadores (Pamplin & Rocha, 2007).
A identificação na análise de espécies indicadoras de Gomphidae (Odonata) e
Chaoboridae (Diptera) como taxa indicadores deveu-se à alta abundância de suas presas no
reservatório de Serra Azul, pois são predadores vorazes, consumindo invertebrados aquáticos
(incluindo larvas de mosquitos) (Costa et al., 2006). Visto que Hirudinea, Oligochaeta e
Chironomidae são grupos indicadores em Ibirité, este reservatório caracteriza-se como um
ecossistema impactado por poluição orgânica.
Os macroinvertebrados bentônicos não foram correlacionados nos pontos amostrais
localizados nos reservatórios com as variáveis ambientais selecionadas pelas análises
multivariadas. No entanto, deve-se ponderar este resultado, pois é possível que a
periodicidade amostral e a definição das estações amostrais nos reservatórios não tenham sido
capazes de relacionar parâmetros abióticos com a composição espaço-temporal e a
distribuição da macrofauna bentônica. Outro fator é a intensa influência antrópica,
lançamentos de efluentes domésticos sem tratamento, erosão e carreamento de sedimentos,
responsáveis por intensas mudanças na qualidade das águas do reservatório de Ibirité. Para
ecossistemas lóticos, a Análise de Redundância indicou uma correlação significativa entre as
variáveis bióticas e abióticas analisadas.
Os macroinvertebrados bentônicos utilizados como bioindicadores de qualidade de
água e as condições ecológicas verificadas no presente estudo no reservatório de Ibirité,
confirmam a má qualidade de suas águas, elevados teores de matéria orgânica e que não
houve melhoria ambiental comparando com dados obtidos em 2002 por Moreno & Callisto
(2006). Na bacia do reservatório de Serra Azul foram encontrados maiores índices de
diversidade e riqueza comparando com Ibirité devido às condições ecológicas consideradas de
boa qualidade.
44
CONCLUSÕES
¾ Os macroinvertebrados bentônicos, na Análise de Redundância, não foram
correlacionados com os pontos amostrais localizados nos reservatórios e com
as variáveis ambientais selecionadas. É possível que a periodicidade amostral e
a definição das estações amostrais nos reservatórios não tenham sido capazes
de relacionar parâmetros abióticos com os macroinvertebrados bentônicos.
¾ A maior riqueza de organismos aquáticos encontrada nos ecossistemas lóticos
deveu-se
à
maior
diversidade
granulométrica.
Seixos
e
cascalhos
predominaram em Serra Azul proporcionando um ambiente físico mais
heterogêneo e complexo, enquanto em Ibirité o sedimento foi formado por
areias apontando áreas impactadas por atividades antrópicas.
¾ Houve predominância de organismos da Classe Oligochaeta em relação à
Família Chironomidae em Ibirité, sugerindo substituição por organismos mais
tolerantes aos diversos tipos de poluição.
¾ Comparando os dados obtidos no presente estudo com os obtidos em 20022003 em Ibirité, não houve diferença significativa, evidenciando que a
poluição está contribuindo para o baixo número de famílias na bacia deste
reservatório, característica de um ecossistema degradado.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Agostinho, A. A.; Gomes, L. C. & Latini, J. D. 2004. Fisheries Management in Brazilian
Reservoirs: Lessons from/for South America. Interciencia. 29:334-338.
Ambrosetti, W.; Barbanti, L.; Sala, N. 2003. Residence time and physical processes in lakes.
Journal of Limnology. 62:1-15.
APHA. 1992. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 18th ed.
American Public Health Association, Washington, DC.
Barnes, R. D. 1995. Zoologia dos Invertebrados.4.ed.ROCA.São Paulo.1177p.
Basso, E. R., Carvalho, S. L. 2007. Avaliação da Qualidade da Água em duas Represas e
uma Lagoa no Município de Ilha Solteira (SP). Holos Environment. 7:16-29.
Belo Horizonte. Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA. 2008. Disponível
em http://www.copasa.com.br acessado em 30/10/2008.
Beutel, M., Hannoun, J. I., Pasek, K. K. 2007. Evaluation of Hypolimnetic Oxygen Demand
in a Large Eutrophic Raw Water Reservoir, San Vicente Reservoir, California. Journal
of Environmental Engineering. 133:130-138.
Bezerra-Neto, J. F.; Pinto-Coelho, R. M. 2002. Population Dynamics and Secondary
Production of Chaoborus brasiliensis (Diptera, Chaoboridae) in a Small Tropical
Reservoir: Lagoa do Nado, Belo Horizonte, Minas Gerais-Brazil. Acta Limnologica
Brasiliensia. 14:61-72.
Bezerra Neto, J.; Pinto-Coelho, R. 2008. A morfometria e o estado trófico de um
reservatório urbano: lagoa do Nado, Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Acta
Scientiarum. 24:285-290.
Bonada, N.; Prat, N.; Resh, V. H.; Statzner, B. 2006. Developments in Aquatic Insect
Biomonitoring Invertebrates. Annual Review of Entomology. 51:495-523.
Brasil. Resolução nº 357 de 17 de março de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Diário Oficial da União. Seção 1, nº 53, 18 de março de 2005. p 58-63.
46
Callisto, M. & Esteves, F. 1996. Composição Granulométrica do Sedimento de um Lago
Amazônico Impactado por Rejeito de Bauxita e um Lago Natural. Acta Limnológica
Brasiliensis. 8:115-126.
Callisto, M., Ferreira, W., Moreno, P., Goulart, M. D. C., Petrucio, M. 2002, Aplicação de
um Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em Atividades de
Ensino e Pesquisa (MG-RJ). Acta Limnologica Brasiliensia. 13: 91-98.
Callisto, M.; Goulart, M.; Barbosa, F. A. R. e Rocha, O. 2005a. Biodiversity Assessment of
Benthic Macroinvertebrates Along a Reservoir Cascade in the Lower São Francisco
River (Northeastern brazil). Brazilian Jounal of Biology. 65:1-6.
Callisto, M.; Moreno, P.; Gonçalves, J. F.; Ferreira, W. R.; Gomes, C. L. Z. 2005b.
Malacological assessment and natural infestation of Biomphalaria straminea (Dunker,
1848) by Shistosoma mansoni (Sambon, 1907) and Chaetogaster limnaei (K. von
Baer, 1827) in urban eutrophic watershed. Brazilian Journal of Biology. 65: 217-228.
Callisto, M., Gonçalves, J. F. Jr & Graca, M. 2007. Leaf Litter as a Possible Food Source for
Chironomids in Headwater Streams. Revista Brasileira de Zoologia. 24: 442-448.
Costa, C., Ide, S. & Simonka, C. E. 2006. Insetos Imaturos. Metamorfose e Identificação.
Editora Holos, Ribeirão Preto.
Cummins, K. W., R. W. Merritt & P. Andrade. 2005. The Use of Invertebrate Functional
Groups to Characterize Ecosystem Attributes in Selected Streams and Rivers in
Southeast Brazil. Studies on the Neotropical Fauna and Environment. 40: 69-89.
Davies, R. W.; Govedich, F. R. 1991. Annelida: Euhirudinea and Acanthobdellidae. In:
Thorp, J. H.; Covich, A. P. (Eds.). Ecology and classification of North American
Freshwater Invertebrates. San Diego: Academic, p.465-504.
Dougherty, J. E.; Morgan, M. D. 1991. Benthic Community Response (primarily
Chironomidae) to Nutrient Enrichment and Alkalinization in Shallow, Soft Water
Humic Lakes. Hydrobiologia. 215:73-82.
Dufrêne, M. & Legendre, P. 1997. Species Assemblages and Indicator Species: the Need for
a Flexible Asymmetrical Approach. Ecological Monographs. 67: 345–366.
47
Esteves, F. A. 1998. Fundamentos de Limnologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Ed. Interciência.
Fernández, H. R. & Domínguez, E. 2001. Guia para la Determinación de los Artrópodos
Bentônicos Sudamericanos. Universidad Nacional de Tucumán, San Miguel de
Tucumán.
Fernandez, M. A.; Thiengo, S. C. & Simone, L. R.2003. Distribution of the Introduced
Freshwater Snail Melanoides tuberculatus (Gastropoda: Thiaridae) in Brazil. The
Nautilus. 117: 78-82.
França, J. S.; Moreno, P. & Callisto, M. 2006. Importância da Composição Granulométrica
para a Comunidade Bentônica e sua Relação com o Uso e Ocupação do Solo na Bacia
Hidrográfica do Rio das Velhas (MG). Anais do VII Encontro Nacional de Engenharia
de Sedimentos – Porto Alegre, RS.
Friedl, G. & Wuest, A. 2002. Disrupting biogeochemical cycles – Consequences of
Damming. Aquatic. Sci. 64:55-65.
Fundação João Pinheiro. 2001. Zoneamento Urbano-Ambiental do Entorno da REGAP e
UteIbiritermo. Centro de Estudos Municipais e Metropolitanos. Belo Horizonte, 68p.
Hahn, N. S.; Delariva, R. L. 2003. Métodos para Avaliação da Alimentação Natural de
Peixes: O que estamos fazendo? Interciência. 28: 100-104.
Lemes, G ; Kersanach, R ; Daspinto, L ; Dellagostin, O ; Yunes, J ; Matthiensen, A. 2008.
Biodegradation of microcystins by aquatic Burkholderia sp. from a South Brazilian
coastal lagoon. Ecotoxicology and Environmental Safety.69:358-365.
Lorenzen,
C.
J.,
1967.
Determination
of
chlorophyll
and
phaeo-pigments:
spectrophotometric equations. Limnology and Oceanography. 12: 343-346.
Luiz, E. A; Gomes, L. C.; Agostinho, A. A.; Bulla, C. K. 2003. Influência de processos
locais e regionais nas assembléias de peixes em reservatórios do estado do Paraná,
Brasil. Acta Scientiarum. 25, 107-114.
Mackereth J. J. H., Heron J., Talling J. F. 1978. Water analysis: some revised methods for
limnologists. Titus Wilson & Son Ltd. (Freshwater Biological Association, Scientific
Publication n. 36), England, 117p.
48
Mei-Ling Shao, Zhi-Cai Xie, Xin-Qin Han, Ming Cao, Qing-Hua Cai. 2008.
Macroinvertebrate Community Structure in Three-Gorges Reservoir, China.
International Review of Hydrobiology. 93:175-187.
Merritt, R. W.; Cummins, K.W. 1996. Na Introduction to the Aquatic Insects of North
America. Dubuque: Kendal/Hunt. 722p.
Moreno, P. & Callisto, M. 2006. Benthic Macroinvertebrates in the Watershed of an Urban
Reservoir in Southeastern Brazil. Hydrobiologia. 560: 311-321.
Myslinski, E.; Ginsburg, W. 1977. Macroinvertebrates as Indicator of Pollution. Journal
AWWA - Water Technology/Quality.p.538-544.
Nowlin, W. H., Evarts. J. L., Vanni. M. J. 2005. Release Rates and Potential Fates of
Nitrogen and Phosphorus from Sediments in a Eutrophic Reservoir. Freshwater
Biology. 50:301–322.
Oertli, B. 1993. Leaf Litter Processing and Energy Flow Through Macroinvertebrates in a
Woodland Pond (Switzerland). Oecologia. 96: 466-477.
Odum, E. P. 1988. Ecologia. Rio de janeiro: Interamericana, 434p.
Pamplin, P. A. Z.; Rocha, O. 2007. Temporal and bathymetric distribution of benthic
macroinvertebrates in the Ponte Nova Reservoir, Tietê River (São Paulo, Brazil). Acta
Limnologica Brasiliensia. 19:439-452.
Pérez, G. R. 1988. Guía para el Estudio de los Macroinvertebrados Acuáticos del
Departamento de Antioquia. Fondo Fen Colombia, Colciencias, Universidad de
Antioquia, Bogotá.
Petesse, M. L.; Petrere JR., M. and Spigolon, RJ. 2007. The hydraulic management of the
Barra Bonita reservoir (SP, Brazil) as a factor influencing the temporal succession of
its fish community. Braz. J. Biol. 67:433-445.
Petts, G. E. 1989. Perspectives for Ecological Management of Regulated Rivers. In: Gores,
J. A. S. Petts, G. E. (eds). Alternatives in Regulated River Management. Boca Raton,
CRC, p.3-24.
49
Piedras, S. R. N.; Bager, A.; Moraes, P.R.P.; Isoldi, L.A.; Ferreira, O.G.L.; Heemann, C.
2006. Zoobenthics as indicators of the water quality in the Santa Bárbara Dam,
Pelotas, RS, Brazil. Ciência Rural. 36:494-500.
Primack, R. B. & Rodrigues, E. 2005. Biologia da Conservação. Editora Viva, Londrina,
328p.
Resh, V. H. 2008. Which Groups is Best? Attributes of Different Biological Assemblages
Used in Freshwater Biomonitoring Programs. Environ Monit Assess. 138:131-138.
Rodrigues, M. H. S. 2003. Ecotoxicological analysis of the water and sediment from middle
and low Tiête River cascade reservoir (State of São Paulo, Brazil). Acta Limnologica
Brasiliensia. 15:81-93.
Rosenberg, D. M. & Resh, V. H. 1993. Introduction to Freshwater Biomonitoring and
Benthic
Macroinvertebrates.
In:
Freshwater
Biomonitoring
and
Benthic
Macroinvertebrates. Chapman & Hall, New York.
Sket, B., & Trontelj, P. 2007. Global Diversity of Leeches (Hirudinea) in Freshwater.
Hydrobiologia. 595:129-137.
Stout, R. J. & Taft, W. H. 1985. Growth Patterns of a Chironomid Shredder on Fresh and
Senescent Tag Alder Leaves in Two Michigan Streams. Journal of Freshwater
Ecology. 3: 147-153.
Suguio, K. 1973. Introdução à Sedimentologia, Ed. Edgard Blucher Ltda, EDUSP, 317p.
Takahashi, M.A.; Higuti, J.; Bagatini, Y.M.; Zviejkovski, I.P.; Velho, L.F.M. 2008.
Composition and Biomass of Larval Chironomid (Insecta, Diptera) as Potential
Indicator of Trophic Conditions in Southern Brazil Reservoirs. Acta Limnologica
Brasiliensis. 20:5-13.
Ter Braak, C. J. F. 1995. Ordination. In: Jongman, R. H. G, ter Braak, C. J. F. & Van
Tongeren, O. F. R. (eds.) Data Analysis in Community and Landscape Ecology.
Cambridge University Press, Cambridge, 91-173 pp.
Toledo, Jr., A. P.; Talarico, M.; Chinez, S. J. & Agudo, E. G. 1983. A Aplicação de Modelos
Simplificados para a Avaliação de Processo da Eutrofização em Lagos e Reservatórios
50
Tropicais: In: Anais do 12º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária. Camboriú,
Associação Brasileira de engenharia Sanitária. Camboriú (SC) 34p.
Tomanova, S., E. Goitia & J. Helesic. 2006. Trophic Levels and Functional Feeding Groups
of Macroinvertebrates in Neotropical Streams. Hydrobiologia. 556: 251-264.
Tundisi, J. G. 2006. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos. Revista USP,
São Paulo, 70:24-35.
Tundisi, J. G. & Matsumura-Tundisi, T. 2003. Integration of Research and Management
Inoptimizing Multiple Uses of Reservoirs: the Experience of South American and
Brazilian Cases Studies. Hydrobiologia. 500: 231-242.
Uieda, V. S. & Castro, R. M. C. 1999. Coleta e Fixação de Peixes de Riachos, pp.01-22. In
Caramaschi, E. P.; Mazzoni, R. & Perez-Neto, P. R. (EDS). Ecologia de Peixes de
Riachos, Série: Oecologia Brasiliensis VI. PPGE-UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.
Zar, J. H. 1999. Biostatistical Analysis. Prentice Hall, Upper Saddle River, New Jersey.
51
APÊNDICES
Apêndice A - Riqueza taxonômica, densidade total, equitabilidade Pielou e índice de
diversidade Shannon-Wiener para as amostras de Serra Azul durante a estação seca e
chuvosa. S = riqueza; N = densidade total; J’ = equitabilidade; H’ (loge) = índice de
diversidade Shannon-Wiener.
ESTAÇÃO SECA
ESTAÇÃO CHUVOSA
SERRA AZUL
P1 Out/07
P2 Out/07
P3 Out/07
P4 Out/07
P5 Out/07
P1 Dez/07
P2 Dez/07
P3 Dez/07
P4 Dez/07
P5 Dez/07
P1 Fev/08
P2 Fev/08
P3 Fev/08
P4 Fev/08
P5 Fev/08
P1 Abr/08
P2 Abr/08
P3 Abr/08
P4 Abr/08
P5 Abr/08
P1 Jun/08
P2 Jun/08
P3 Jun/08
P4 Jun/08
P5 Jun/08
P1 Ago/08
P2 Ago/08
P3 Ago/08
P4 Ago/08
P5 Ago/08
S
23
2
2
2
8
14
1
3
2
23
0
3
2
1
12
9
2
2
1
7
17
5
2
2
13
14
3
6
2
10
N
38666,67
122,2722
1733,333
4444,444
2411,111
12400
222,2222
2577,778
155,6556
10266,67
0
8222,222
1066,667
355,5556
1333,333
1745,444
533,3333
2133,333
133,3333
455,5556
1678,461
20400
1244,444
1422,222
3033,333
1456,606
12222,22
1155,556
177,7778
411,1111
J'
0,522909
0,845771
0,995727
0,557438
0,361658
0,480488
0
0,306579
0,985114
0,591212
0
0,424427
0,249882
0
0,688615
0,327591
0,918296
0,954434
0
0,836805
0,656372
0,256185
0,811278
0,448864
0,45968
0,732226
0,392993
0,818912
0,811278
0,858625
H'(loge)
1,639577
0,586244
0,690186
0,386387
0,752047
1,268036
0
0,336811
0,682829
1,85374
0
0,466281
0,173205
0
1,711143
0,719791
0,636514
0,661563
0
1,628347
1,859643
0,412314
0,562335
0,311129
1,179056
1,932385
0,431747
1,467293
0,562335
1,977057
52
ESTAÇÃO SECA
ESTAÇÃO CHUVOSA
Apêndice B - Riqueza taxonômica, densidade total, equitabilidade Pielou e índice de
diversidade Shannon-Wiener para as amostras de Ibirité durante a estação seca e chuvosa. S
= riqueza; N = densidade total; J’ = equitabilidade; H’ (loge) = índice de diversidade ShannonWiener.
IBIRITÉ
P1 Out/07
P2 Out/07
P3 Out/07
P4 Out/07
P5 Out/07
P1 Dez/07
P2 Dez/07
P3 Dez/07
P4 Dez/07
P5 Dez/07
P1 Fev/08
P2 Fev/08
P3 Fev/08
P4 Fev/08
P5 Fev/08
P1 Abr/08
P2 Abr/08
P3 Abr/08
P4 Abr/08
P5 Abr/08
P1 Jun/08
P2 Jun/08
P3 Jun/08
P4 Jun/08
P5 Jun/08
P1 Ago/08
P2 Ago/08
P3 Ago/08
P4 Ago/08
P5 Ago/08
S
1
2
7
2
7
3
0
2
1
6
8
1
2
0
5
5
2
3
0
3
6
2
3
3
10
5
2
4
3
14
N
177,778
311,111
16844,4
133,333
68288,9
21111,1
0
1244,44
177,778
3233,33
758933
44,4444
2044,44
0
8844,44
87866,7
355,556
444,444
0
966,667
171022
3688,89
22177,8
2577,78
26633,3
514044
1777,78
13244,4
12222,2
38677,8
J'
0
0,863121
0,570751
0,918296
0,498186
0,755836
0
0,222285
0
0,491654
0,112586
0
0,151097
0
0,5103
0,371302
0,543564
0,817345
0
0,532508
0,334716
0,163861
0,985542
0,594591
0,502243
0,041302
0,286397
0,470111
0,392993
0,484392
H'(loge)
0
0,59827
1,110629
0,636514
0,969426
0,830371
0
0,154076
0
0,880926
0,234116
0
0,104732
0
0,821296
0,597588
0,37677
0,897946
0
0,58502
0,599731
0,113579
1,082729
0,653225
1,156458
0,066472
0,198515
0,651713
0,431747
1,278338
53
Download

universidade federal de minas gerais instituto de ciências biológicas