3 Energia e Trabalho As leis de Newton resolvem de forma completa os problemas da mecânica. Porém, é preciso conhecer em detalhes a natureza das forças que estão atuando sobre um determinado sistema para poder compreende o estado de movimento de um dado sistema. Contudo, está não é uma tarefa muito fácil, principalmente, do ponto de vista matemático. O que será explorado neste capı́tulo é uma maneira alternativa de estudar a dinâmica de um sistema fı́sico conhecendo-se apenas o seu estado de movimento ou repouso. 3.1 Energia Energia é um conceito amplo e abstrato e informa diretamente o estado do sistema fı́sico de interesse. Trata-se de uma grandeza escalar que de certa forma quantifica a condição de um sistema. A grande motivação para estudar a energia de um determinado sistema é que se esta grandeza for cuidadosamente determinada, é possı́vel fazer previsões para os resultados de vários experimentos. A energia pode se manifestar de diversas formas, por exemplo, a energia térmica de um sistema de muitas partı́culas, um gás por exemplo, fornece uma medida do grau de agitação dessas partı́culas. Quando um sistema é posto em movimento, pode ser associado a ele uma energia de movimento que é conhecida como energia cinética. Um objeto colocado a uma determinada altitude do solo possui uma energia eminente de movimento que é conhecida como energia potencial. Baseado nestes exemplos enunciados acima, é possı́vel compreender porque o conceito de energia é tão amplo. Neste curso, estaremos interessados, principalmente, na energia associada ao movimento e ao repouso de sistemas fı́sico, isto é, a energia cinética de movimento e energia potencial. A energia cinética que denotaremos por K informa diretamente o estado de movimento de um sistema, quanto mais rápido estiver se movendo um objeto, maior será a energia cinética a ele associado. Quando o sistema estiver em repouso, a energia cinética do mesmo será nula. Para um sistema de massa m e velocidade v (muito menor que a velocidade da luz), a energia cinética pode ser calculada pela seguinte expressão: 1 K = mv 2 . 2 (3.1) Observe, na Equação 3.1, que a energia cinética é proporcional a massa do sistema e 7 proporcional ao quadrado da velocidade com que o sistema está se movendo. Fazendo análise dimensional da Equação 3.1 pode-se encontrar a unidade da energia cinética que é a mesma unidade para qualquer tipo de energia. Ou seja: [K] = [m] v 2 . (3.2) Por exemplo, no sistema internacional de unidades, tem-se: m2 [K] = kg • 2 = J (Joule) . s 3.1.1 (3.3) Problema resolvido Dois veı́culos estão separado por uma distância d. Esses veı́culos são colocados em movimento para choque-se um com o outro. Se cada veı́culo tem um peso P e imagine que a aceleração que eles desenvolvam seja constante a. Qual é a energia cinética do sistema imediatamente antes da colisão. Resposta: Lembrando que a energia cinética é dada por: 1 K = mv 2 , 2 precisamos encontra a massa m e o quadrado da velocidade v. Usando a equação de Torricelli, podemos encontrar v 2 , logo v 2 = v02 + 2a∆S. Como os veı́culos saem do repouso v0 = 0. Neste caso, como os veı́culos estão viajando em direção opostas com a mesma aceleração, a distância de deslocamento ∆S = d/2, então: v2 = 2 • a • d =a•d . 2 A massa de cada veı́culo pode ser determinada dividindo-se o peso P pela aceleração da gravidade g. Portanto, 8 m= P . g A energia cinética total será exatamente a soma algébrica da energia de cada um dos veı́culos. Usando os resultado acima podemos calcular: Ktotal = 2 3.2 1 2 mv 2 =2 1P P •a•d •a•d = . 2g g Trabalho Quando um sistema aumenta sua velocidade devido à aplicação de uma força, este aumenta também sua energia cinética. Da mesma maneira, se a velocidade de um sistema for reduzida devido a aplicação de uma força, a energia cinética deste sistema diminui. Analisando essas variações pode-se dizer que a força ou transferiu energia para ou sistema (primeiro caso) ou recebeu energia do sistema (segundo caso). Esta transferência de energia por meio de uma força é chamada de trabalho que será denotado por W . Quando o sistema recebe energia, o trabalho é positivo e quando a energia é retirada do sistema, o trabalho é negativo. O trabalho é uma grandeza escalar que tem mesma dimensão de energia, ou seja, a unidade no S.I. é o Joule (J). Matematicamente, o trabalho pode ser expresso por: Z F~ • d~l . W = (3.4) c É importante destacar na Equação 3.4 que o trabalho será o resultado do produto escalar entre a força resultante que atua sobre o sistema (F~ ) e o deslocamento deste sistema. Portanto, caso a força seja aplicada perpendicularmente ao sistema, o trabalho resultante será nulo. Para um caso simples de um um objeto se deslocando num movimento retilı́neo sobre à ação de uma força uniforme F~ , o trabalho pode ser calculado como o produto escalar desta força pelo vetor deslocamento ∆~x, ou seja: W = F~ • ∆~x = F ∆x cos θ , em que θ é o ângulo entre os vetores F~ e ∆~x. 9 (3.5) Quando diversas forças atuam sobre sobre um sistema de forma independentes, o trabalho resultante é a soma dos trabalhos efetuados separadamente, i.e., Wtotal = W1 + W2 + W3 + · · · = F~1 • ∆x~1 + F~2 • ∆x~2 + F~3 • ∆x~3 + · · · (3.6) Por outro lado, se várias forças estiverem atuando sobre um mesmo objeto, o deslocamento do objeto será o mesmo para todas as forças, logo ~ Wtotal x + F~2 • ∆~x + F~3 • ∆~x + · · · = 3 + · · · = F1 • ∆~ = W1 + W2 + W = F~3 + F~3 + F~3 + · · · • ∆~x = F~resultante • ∆~x 3.2.1 (3.7) Problema resolvido A Figura 3.1 mostra dois espiões industriais arrastando um cofre de massa 225 kg a partir do repouso e, assim, produzindo um deslocamento d~ de módulo 8,5 m em direção a um caminhão. O empurrão F~1 do espião 001 tem um módulo de 12,0 N e faz um ângulo de 30,0o para baixo com a horizontal. O puxão F~2 do espião 002 tem um módulo de 10,0 N e faz um ângulo de 40,0o para cima com a horizontal. Os módulos e as orientações das forças não variam quando o cofre se desloca e o atrito entre o cofre e o piso pode ser desprezado. Figura 3.1 - (a) Qual é o trabalho realizado pelas forças F~1 e F~2 sobre o cofre durante o deslocamento ~ d? 10 (b) Qual é o trabalho realizado pela força gravitacional e pela força normal durante o deslocamento do cofre? Questão extraı́da do livro do Halliday vol 1. 8a Ed. pág. 157. Respostas (a) O primeiro passo é montar o diagrama de forças que estão atuando sobre o cofre como é ilustrado na Figura 3.2. Figura 3.2 - O trabalho total será igual ao trabalho realizado pelo espião 001 mais o trabalho realizado pelo espião 002, ou seja, W = W1 + W2 . Desta maneira, W1 = F~1 • d~ = F1 d cos θ1 = 12, 0 N • 8, 50 m • cos 30o = 88, 33 J e W2 = F~2 • d~ = F2 d cos θ2 = 10, 0 N • 8, 50m • cos 40o = 65, 11 J . Portanto, o trabalho total será: W = W1 + W2 = 88, 33 J + 65, 11 J = 153, 4 J . 11 (b) Olhando para o diagrama de blocos é possı́vel perceber que o ângulo entre o deslocamento e as forças normal e peso é de 90o em cada caso, logo, W = F~N • d~ = FN • d cos 90o = 0 e W = F~g • d~ = Fg • d cos 90o = 0 . Ou seja, nem a força peso e nem a força normal realizaram trabalho sobre o cofre durante este deslocamento. 3.3 Trabalho e Energia Cinética Vamos considerar um caso em que uma força constante atue sobre um sistema produzindo uma variação do seu estado de movimento. Pela segunda lei de Newton, temos que: F~ = m~a . (3.8) ~ o trabalho total será: Se o sistema sofre um deslocamento d, W = F~ • d~ = m~a • d~ . (3.9) Seja o movimento numa direção qualquer, neste caso, vamos adotar a direção x̂. Assim, a Equação 3.9 fica: Wtotal = Fx ∆x = max ∆x. (3.10) Se a força é constante, a aceleração é constante e podemos relacionar a distância percorrida pelo sistema com as velocidade inicial v0 e final vf pela equação de Torricelli, matematicamente: vf2 = v02 vf2 − v02 + 2ax ∆x ⇒ ax ∆x = , 2 desta maneira o trabalho toal fica: 12 (3.11) Wtotal = m vf2 − v02 2 1 1 = mvf2 − mv02 . 2 2 (3.12) Usando a Equação 3.1, a Equação 3.12 fica: Wtotal = Kf − K0 = ∆K , (3.13) em palavras, o trabalho total de um sistema é igual à variação da energia cinética deste sistema. Este resultado é conhecido como teorema do trabalho e energia cinética. Embora, a demostração foi feita para o caso de uma força constante, veremos que este resultado também é válido quando a força que atua sobre o sistema é variável. Este teorema é valido para trabalhos tanto positivo quanto negativos. Se o trabalho resultante for positivo, a energia cinética do sistema aumenta por uma quantidade igual ao trabalho realizado sobre o sistema. Se o trabalho for negativo, a energia cinética do sistema diminui por uma quantidade igual ao trabalho realizado pelo sistema. De uma maneira mais geral, o teorema do trabalho e energia cinética é uma forma de enunciar a conservação de energia do sistema pois, a energia cinética do sistema depois que o trabalho foi realizado é igual a energia cinética antes do trabalho ser realizado mais o trabalho que foi realizado. 3.3.1 Problema resolvido Utilizando os dados do problema anterior, calcule a velocidade final do cofre sabendo que o mesmo partiu do repouso. Resposta Utilizando o teorema do trabalho e energia cinética, podemos escrever: 1 1 Wtotal = Kf − K0 = mvf2 − mv02 2 2 Como a velocidade inicial do cofre é nula, pode-se extrair a velocidade final da seguinte forma: r vf = 2Wtotal = m s 2 • 153, 4 J = 1, 17 m/s . 225 kg 13 3.4 Trabalho realizado por uma força gravitacional Considere um objeto movendo-se conforme ilustra a Figura 3.3. A força gravitacional F~g aponta sempre para baixo como pode ser visto na figura. Sabendo que a força gravitacional é dada por: F~g = m~g , (3.14) em que ~g é o vetor aceleração da gravidade, pode-se calcular o trabalho da força gravitacional sobre um sistema qualquer pela seguinte expressão: Wg = mgd cos θ . (3.15) Figura 3.3 - Um objeto de massa m movendo no campo gravitacional ~g Quando o sistema estiver se movendo verticalmente para cima (sentido oposto ao da força gravitacional), o trabalho será Wg = mgd cos 180o = −mgd (3.16) e quando o sistema estiver se movendo verticalmente para baixo (no mesma sentido da força gravitacional), o trabalho será 14 Wg = mgd cos 0 = mgd . (3.17) Isto que dizer que quando um sistema move-se na mesma direção que a força gravitacional, sua energia cinética aumenta e, consequentemente, quando o movimento for antiparalelo à força gravitacional, ocorrerá uma diminuição da energia cinética que tenderá a se anular. A energia gasta para elevar e abaixar um sistema pode ser calculada da mesma forma. Utilizando o teorema do trabalho-energia cinética (Equação 3.13) pode-se escrever que a variação de energia cinética é dada por ∆K = Kf − K0 = Wa + Wg , (3.18) neste caso, Wa é o trabalho devido à força aplicada para elevar ou abaixar o sistema. Neste processo, o sistema parte de um estado de repouso para um estado final de repouso, logo 0 = Wa + Wg ⇒ Wa = −Wg , (3.19) observe que este resultado é também válido para casos em que a energia cinética final e inicial sejam iguais. Desta forma, o trabalho realizado para elevar ou abaixar um sistema na vertical pode ser escrito por Wa = −mgd cos θ , (3.20) que é justamente o simétrico do trabalho realizado pela força gravitacional. 3.4.1 Problema resolvido Um caixote de queijo de 15 km, inicialmente em repouso, percorre uma distância d=5,70 m, puxado por um cado em uma rampa sem atrito até uma altura h de 2,50 m, parando em seguida. (a) Qual é o trabalho realizado pela força gravitacional F~g sobre o caixote durante a subida? (b) Qual o trabalho realizado sobre o caixote pela força exercida pelo cabo durante a subida? 15 Questão extraı́da do livro do Halliday vol 1. 8a Ed. pág. 160-161. Respostas (a) O primeiro passo é desenhar o diagrama de forças para o caixote como pode ser visto na Figura 3.4. Figura 3.4 - Na esquerda, o esquema do caixote sobre o plano inclinado e na direita o diagrama de forças para este sistema. Sabemos que o trabalho realizado pela força gravitacional pode ser escrito por Wg = mgd cos φ. Olhando para a Figura 3.4 podemos perceber que cos φ = cos π π + θ = cos cos θ − sin sin θ = − sin θ . 2 2 2 π Por análise geométrica, pode-se escrever que sin θ = h . d Desta maneira, o trabalho realizado pela força gravitacional pode ser escrita por Wg = −mgd sin θ , 16 usando o resultado acima, pode-se ainda escrever que: Wg = −mgh = −(15 kg)(9, 8 m/s)(2, 5 m) = −368 J . (b) Usando o teorema do trabalho e energia cinética, pode-se escrever que ∆K = WT + Wg + WN . O trabalho devido à força normal é nulo e a variação de energia cinética também porque o sistema permanecerá em repouso depois do deslocamento. Assim, 0 = WT + Wg + 0 ⇒ WT = −Wg = 368 J . 3.5 Trabalho realizado por uma força variável Para simplificar a análise matemática, será considerado inicialmente um caso de um sistema movendo-se em uma direção apenas. O gráfico da Figura 3.5 ilustra o comportamento da força F (x) em função do deslocamento no eixo x. Note que trata-se de uma força variável. Figura 3.5 - Se dividirmos em pequenas fatias a área em baixo da figura, nestes pequenos intervalos, a força não varia muito rapidamente, então podemos escolher uma força média para representar esta pequena parte do deslocamento. A Figura 3.6 ilustra este processo. 17 Figura 3.6 - Desta forma, o trabalho ∆Wj associado a uma força Fj,md que atua no sistema quando o mesmo está se deslocando no intervalo ∆x será ∆W j = Fj,md ∆x . (3.21) Agora se quisermos um valor aproximado do trabalho realizado pela força variável F para mover o sistema de xi até xf somamos as contribuições de todos os incrementos, ou seja, W = Σ∆Wj = ΣFj,md ∆x . (3.22) Agora podemos diminuir a espessura de cada incremente de modo a fazer com que a área resultante da soma das pequenas áreas de todos os incrementos desenhado entre xi e xf se aproxime da área real abaixo da curva como pode ser visto na Figura 3.7. Figura 3.7 - 18 Podemos diminuir ainda mais o incremento ∆x de modo que o mesmo tenda a zero, i.e., W = lim ΣFj,md ∆x , (3.23) ∆x→0 este é exatamente a definição de integral e o resultado será exatamente a área procurada abaixo da curva da força F (x) como é ilustrado na Figura 3.8. Figura 3.8 - De uma forma mais geral, o trabalho pode ser calculado por: Z xf F (x)dx . W = (3.24) xi Se conhecermos com precisão a função F (x), podemos então calcular o trabalho realizado por esta força. Porém, do ponto de vista prático, conhecer com exatidão a forma matemática da força não é trivial. Além disso, dependendo da natureza da força, o cálculo da integral 3.24 também não é complicado. Quando isto acontece, a melhor alternativa para resolver os problemas é utilizar métodos numéricos para estimar a trabalho do sistema. Seja um sistema sujeito à ação de uma força tridimensional F~ = Fx x̂ + Fy ŷ + Fz ẑ. Fazendo este sistema se mover de um deslocamento incremental de d~r = dxx̂+dy ŷ+dz ẑ. O trabalho realizado para este sistema sair do ponto ri = (xi , yi , zi ) para o ponto rf = (xf , yf , zf ) pode ser calculado por Z rf W = ri F~ • ~r = Z xf Z yf Fx dx + xi zf Fy dy + yi 19 Z Fz dz . zi (3.25) Caso a força F~ tenha apenas uma componente, a Equação 3.25 resume-se a Equação 3.24. 3.5.1 Problema resolvido A força F~ = 3x2 x̂ + 4ŷ age sobre uma partı́cula movimentando-a da posição ri = (2, 3) para a posição rf = (3, 0). Quando trabalho é realizado sobre a partı́cula? O que acontece com sua energia cinética? (Todas as unidades estão no S.I.) Respostas O trabalho pode ser calculado por Z rf F~ • ~r = W = ri xf Z yf Z Z Fz dz . zi yi xi zf Fy dy + Fx dx + Neste caso, F~ tem componentes apenas nas direções x̂ e ŷ, sendo assim, a equação se reduz a Z xf W = Z yf Fx dx + xi Fy dy. yi Resolvendo a integral acima tem-se Z 3 2 Z 3x dx + W = 2 3 0 3 4dy = x3 2 + [4y]03 = 7 J . A força transfere 7 J de energia para a partı́cula fazendo com que a energia cinética da mesma aumente. 3.6 Teorema do trabalho-energia cinética com uma força variável Seja uma partı́cula movendo-se na direção x̂ sob à ação de uma força variável F (x) qualquer. O trabalho realizado para mover esta partı́cula de uma posição xi até uma posição xf pode ser expresso por Z xf W = F (x)dx . xi Pela segunda lei de Newton podemos reescrever o seguinte termo por: 20 (3.26) F (x)dx = madx = m dv dx . dt (3.27) Pela regra da cadeia podemos escrever que dv dv dx dv = = v. dt dx dt dx (3.28) Substituindo a Equação 3.28 na Equação 3.27, temos F (x)dx = madx = m dv vdx = mvdv . dx (3.29) Substituindo agora a Equação 3.29 na Equação 3.27, temos Z W = 1 1 vi vf mvdv = mvf2 − mvi2 , 2 2 (3.30) que é justamente a variação da energia cinética, ou seja W = Kf − Ki = ∆K , (3.31) é o teorema do trabalho-energia cinética deduzindo para uma caso de uma força arbitrária qualquer e variável atuando sobre o sistema. 3.7 Trabalho realizado por uma força de mola Um sistema constituı́do por uma massa que sofre à ação de uma força através de uma mola pode ser utilizado como modelo para vários problemas da fı́sica que envolvem situações de equilı́brio estável. Portanto, a compreensão deste sistema é muito importante para estudos de sistemas mais complexos. Além disso este tipo de sistema envolve uma força que não é constante. A força que atua sobre este sistema obedece a chamada lei de Hooke. Esta lei diz que a força que atua sobre o sistema é proporcional ao deslocamento sofrido pela massa que está presa a mola. Quando mais esticada estiver a mola, maior será a força e quanto mais comprimida estiver a mola, maior será a força. De uma maneira geral, a lei de Hooke pode ser expressa por: F~ = −k d~ , 21 (3.32) note que a força atua sempre no sentido oposto do deslocamento. A constante k é conhecida como constante de mola e é uma medida da rigidez da mola. Para calcular o trabalho realizado por uma força de mola, basta substituir a lei de Hooke (Equação 3.37) na Equação 3.26, isto nos dá Z xf W = xi 1 1 −kxdx = kx2i − kx2f . 2 2 (3.33) Chamando xi = 0 e xf = x, a Equação 3.39 fica simplesmente 1 W = − kx2 . 2 (3.34) Note que o trabalho realizado pela força de mola pode ser positivo ou negativo dependendo da posição final da mola. Para calcularmos o trabalho realizado por uma força aplicada ao sistema, utilizamos o teorema do trabalho-energia cinética. Se ao aplicar uma forma sobre um sistema de uma massa presa a uma mola, houver um deslocamento desse sistema e de tal maneira que a posição inicial seja de repouso e a posição final também seja de repouso, o teorema do trabalho-energia cinética nos diz que ∆K = kf − Ki = Wa + Ws , (3.35) Wa = −Ws . (3.36) logo, Se um bloco que está preso a uma mola estiver em repouso antes e depois de uma força ser aplicada deslocando-o, o trabalho realizado pela força aplicada Wa será igual a menos o trabalho realizado sobre ele pela força de mola Ws . 3.8 Potência Potência é definida como sendo a taxa de realização de um determinado trabalho. Em outras palavras, a potência dá informação sobre o tempo gasta para desenvolver um determinado trabalho. A potência P média de um sistema pode ser calculada matematicamente por: 22 P = W . ∆t (3.37) A potência instantânea pode ser obtida tomando-se o limite em que ∆t → 0 que pode ser expresso por: P = a unidade de potência no S.I. é J s dW , dt (3.38) = W (Watt). A partir da eq3.33 podemos encontrar uma expressão para a potência que é: P = 3.9 F cos θdx dx dW = = F cos θ = F v cos φ = F~ • ~v . dt dt dt (3.39) Lista de exercı́cios A lista de exercı́cios foi retirada do Haliday vol. 8a edição. Os problemas são os seguintes: Capı́tulo 07: Problemas 3; 5; 12; 13; 14; 15; 19; 20; 21; 22; 29; 33; 36; 37; 42; 47; 48; 49; 55. 23