São Paulo: Minha Cidade! 09 O “CENTRO VELHO” DE SÃO PAULO “Um povo sem memória, é um povo sem passado e sem futuro” p/ avançar as fotos use as setas ou mouse (autor desconhecido) O chamado “centro velho” da capital paulista, nada mais é, que o núcleo da primitiva povoação de “São Paulo do Campo”, fundada pelos padres jesuítas em 25 de janeiro de 1554. Essa denominação, veio em oposição ao que se começou a chamar de “centro novo” ou “cidade nova”, a partir da última década do século XIX, quando, com a inauguração do viaduto do Chá, em 6 de novembro de 1892, a colina além Anhangabaú começou a ser loteada. No coração da parte antiga, durante cerca de 200 anos, a povoação pouco ultrapassou o que se chamou de “triângulo”, formado pelas ruas Direita, São Bento e Rosário (atual XV de Novembro). Essa forma geométrica vem desde os primórdios, quando três ordens religiosas aqui implantaram suas igrejas e conventos, formando (talvez propositalmente), um triângulo mais externo, com uma igreja em cada ângulo, simbolizando a Santíssima Trindade, a proteger a incipiente povoação. Nessa região, com seus vários largos, terreiros, ruas e vielas estreitas, desenvolveu-se toda a vida social de São Paulo. Nas primeiras décadas do século passado, ali estavam as principais igrejas, os escritórios das grandes empresas, os maiores bancos, as melhores lojas, os mais altos edifícios, e os principais cinemas e teatros. São Paulo em 1840 Cemitério dos Aflitos Santa Casa de Misericórdia Largo do Carmo Largo da Sé Largo da Forca Rio Tamanduateí Largo do Palácio Rua do Rosário Rua da Boa Vista Rua do Commercio Largo de S. Gonçalo Rua da Cruz Preta Largo da Misericórdia Rua Direita Rua do Ouvidor Largo de S.Bento Largo do Rosário Rua de São João Largo de S.Francisco Rua de S. Bento Córrego Anhangabaú Plantações de Chá Rua de S. José OS “TRIÂNGULOS” IGR. N.S. DO CARMO 1592 RUA DO ROSÁRIO ATUAL XV DE NOVEMBRO RUA DIREITA IGR. SÃO BENTO 1598 IGR. S.FRANCISCO 1647 RUA DE SÃO BENTO Vejam agora, as três igrejas citadas: como eram no século XIX, e como estão na atualidade. IGREJA DE N.S. DO CARMO EM 1817 Aquarela: J.B. Debret IGREJA DE N.S. DO CARMO EM 2007 IGREJAS DE S.FRANCISCO EM 1862 Foto: Militão de Azevedo IGREJAS DE S.FRANCISCO EM 2008 MOSTEIRO DE S.BENTO EM 1862 Foto: Militão de Azevedo MOSTEIRO DE S.BENTO EM 2007 Nas próximas fotos, vamos conhecer essa região da cidade, começando pela Praça da Sé, que durante muito tempo foi conhecida como “Largo da Sé”, aberto na primeira década do séc. XVII, com a inauguração da igreja-matriz da vila de São Paulo, em 1612 O antigo Largo da Sé, visto aqui em 1890. Ao fundo, a antiga igreja de São Pedro, no lugar onde atualmente está o edifício Rolim, pegado ao da Caixa Econômica. A construção vista em primeiro plano à direita, é um canto da catedral. Foto: Marc Ferrez O Largo da Sé e a antiga catedral, como eram em 1910. A partir de 1912, ela começou a ser demolida e o largo ampliado, para ser aberta a nova praça, com a igreja sendo construída duas quadras atrás. Foto: A. Becherini A nova praça, foi inaugurada nos anos vinte, e a catedral em 1954. Nos anos setenta, com a construção da estação Sé do metrô, a praça foi totalmente modificada, e unida com a vizinha praça Clóvis Bevilaqua (à esquerda) Vamos conhecer agora, o local onde a grande metrópole veio à luz: o Pátio do Colégio, antigo largo do Palácio. Painel existente na parede externa da igreja Igreja de Anchieta É uma réplica da igreja original dos jesuítas, inaugurada em 1970. A igreja antiga teve parte de sua estrutura desabada em 1896, o que ocasionou sua demolição completa. Igreja de Anchieta É uma réplica da igreja original dos jesuítas, inaugurada em 1970. A igreja antiga teve parte de sua estrutura desabada em 1896, o que ocasionou sua demolição completa. Monumento aos Fundadores Defronte à igreja, encontra-se o monumento dedicado aos fundadores de São Paulo. Obra do escultor italiano Amadeo Zani, foi inagurado em 1930, em frente ao então palácio do governo que existia no local onde se encontra a atual igreja. Ao lado da igreja, encontram-se dois prédios históricos, projetados por Ramos de Azevedo na última década do séc. XIX: à esquerda, onde funcionou o Tesouro do Estado, e abaixo, a sede da Secretaria da Agricultura. Atualmente, ambos os prédios, pertencem à Secretaria da Justiça. Não há quem passe pelo Pátio e não repare nesta imponente construção: trata-se do prédio onde está instalado o Tribunal de Alçada. Figura, sem dúvida, entre os mais belos edifícios de todo o centro histórico da capital paulista. Sua construção é dos anos 30. Nas próximas fotos, alguns dos mais significativos edifícios do centro velho, na atualidade. PALÁCIO DA JUSTIÇA Projetado por Ramos de Azevedo, situase na praça da Sé, antiga praça Clóvis Bevilaqua. Sua construção foi iniciada em 1920, mas devido a inúmeros problemas, foi entregue inacabado em 1933, e inaugurado somente em 1944. EDIFÍCIO “OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO” Localizado na rua Álvares Penteado, foi construído no final dos anos 40, e tem o formato da bandeira paulista. Pertence à Santa Casa de São Paulo, e foi construído com o ouro doado pelos paulistas, para o tesouro estadual, durante a revolução de 32. Edifício da antiga Secretaria de Obras do Estado, na rua Riachuelo, atualmente sediando o Ministério Público. FACULDADE DE DIREITO A mais famosa escola de Direito do Brasil, a “São Francisco”, foi criada por decreto imperial em 1828. O atual edifício foi inaugurado na década de 1930, e restaurado recentemente. Escola de Comércio Álvares Penteado Fundada em 1902, funcionou durante alguns anos no prédio da faculdade, ali ao lado, transferindo-se depois para esse prédio próprio. O nome foi dado em homenagem ao conde Álvares Penteado, doador do edifício. Três dos mais conhecidos “arranhacéus” do centro de São Paulo: O edifício-sede do Banco do Brasil em São Paulo (à esquerda), erguido nos anos 50; O edifício “Altino Arantes” mais conhecido como “Banespa” ao centro, inaugurado em 1947, como sede do Banco do Estado de São Paulo; e à direita, o edifício Martinelli, que durante décadas, se manteve como o mais alto da cidade, com seus 28 andares. Foi erguido em 1928 e restaurado nos anos 70. Esta fachada é do prédio do Centro Cultural do Banco do Brasil, na rua Álvares Penteado. Até os anos 50, funcionou aí a sede do Banco do Brasil em São Paulo. Outro belo prédio, é este, situado na rua Benjamim Constant, esquina com a praça da Sé. Erguido nos anos 20, foi sede da Repartição de Águas, e atualmente funcionam aí, órgãos ligados à UNESP – Universidade do Estado de São Paulo. EDIFÍCIO MATARAZZO Situado à direita do viaduto do Chá, foi erguido em 1929 para ser a sede daquele grupo industrial. Atualmente abriga a prefeitura do município. Edifício Sampaio Moreira Situado na rua Líbero Badaró, foi o primeiro “arranha-céu” construído na cidade. Projetado pelo arquiteto Christiano Stockler das Neves, foi inaugurado em 1924. Este edifício, localizado na rua XV de Novembro, é dos poucos exemplares da arquitetura néoclássica, da virada do século XIX para o XX. Restaurado, abriga uma conhecida churrascaria. Espremido entre edifícios mais modernos, encontramos na rua Direita, esquina com José Bonifácio, este prédio, igualmente do início do século XX. Este conjunto de prédios, foi inaugurado no início dos anos 30, quando da abertura da praça do Patriarca, e da construção do novo viaduto do Chá. No térreo, localizou-se durante décadas, a conhecida Casa São Nicolau. Em primeiro plano, a estátua de José Bonifácio, cognominado o “Patriarca” da nossa independência. Este prédio, impar em todo o centro, está situado na rua XV de Novembro. Já funcionou aqui a filial de um banco estrangeiro, e hoje sedia uma das secretarias do governo estadual. Nesta foto, outro prédio com belos elementos decorativos em sua fachada. Sua construção também é do início do século passado, e situa-se na rua Quintino Bocaiuva. Edifício situado na rua XV, esquina com 3 de Dezembro, construído no início do século passado, como sede de um banco alemão. Atualmente funciona aí, a Secretaria dos Transportes da prefeitura – SPTrans. Ainda na praça João Mendes, na esquina com o largo 7 de Setembro, encontramos este imponente edifício, digno de nota. Funciona aí o Fórum João Mendes Jr., o forum central do Poder Judiciário na capital. Liberdade – o bairro japonês Na praça da Liberdade (fotos) e adjacências, a partir de 1950 começou a se formar o bairro oriental de São Paulo, com restaurantes e comercio típicos. Vejamos agora aspectos do centro velho, em fotos das primeiras décadas do século passado Neste cartão postal, do início dos anos 30, o palacete Santa Helena, na praça da Sé, um luxuoso edifício construído nos anos 20, onde funcionou o “Cine-theatro Santa Helena”, que foi, ao seu tempo, o mais luxuoso cinema da capital. Essa sala de exibições, por não acompanhar as novas tecnologias, em 1960 estava em completa decadência. Em 1975, o prédio, assim como todo o quarteirão, foi demolido para a construção da estação Sé do metrô. Aqui vemos a praça do Patriarca em foto de 1934. Como o novo viaduto do Chá ainda não havia sido aberto, não existia ainda a Galeria Prestes Maia, com sua escadaria no meio da praça. Ao fundo, a loja “Mappin Stores”, que na década seguinte se instalaria na praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal. Foto do antigo largo do Rosário em 1902. Em diagonal, a rua de São Bento, vista em direção ao largo homônimo. Na década seguinte, com o alargamento da então rua de São João, o largo foi renomeado como praça Antônio Prado Nesta foto de 1912, uma vista contrária à da foto anterior. A rua, ou ladeira de São João, vista da rua Líbero (em processo de alargamento) para o largo do Rosário (no alto). Notem a carroça de entregas da Cia. Antárctica . Nesta foto de 1902, o final da rua Direita, e em primeiro plano o antigo viaduto do Chá, com seu passeio em tábuas. Por essa época, a rua terminava bem no início do viaduto, pois a praça do Patriarca ainda não havia sido aberta. Ao centro avista-se a torre da igreja de Santo Antônio, existente até hoje no local. As Luminárias do Centro Logo após o término da concessão que a cidade tinha com a cia. de gás, para a iluminação das ruas, a prefeitura, no final dos anos 20, começou a instalar esses postes de iluminação elétrica, por toda a zona central da cidade. Em 1968 eles foram restaurados e as lâmpadas incandescentes substituídas pelas de vapor de mercúrio. MARCO ZERO Depois desse passeio pela zona central da capital paulista, retornamos agora ao seu centro absoluto: o marco zero No estado de São Paulo, é o marco inicial das distâncias e quilometragens, que têm a cidade de São Paulo como ponto de partida. Foi implantado no centro da praça da Sé, em frente à catedral, no ano de 1934. É uma coluneta em formato hexagonal, com cerca de um metro de altura, tendo na parte superior uma placa de bronze, mostrando as principais saídas para as estradas (na época), que conduziam ao litoral e estados limítrofes, ali indicados. Em cada face da coluna, existem figuras representativas de cada um dos estados mostrados, além do porto de Santos. F I M