Normalização e certificação para a qualidade: uma abordagem bibliométrica FLÁVIO ISSAO KUBOTA (UFSM) – [email protected] SARA SCHAFER SEGATTO (UFSM) – [email protected] LUCIANA APARECIDA BARBIERI DA ROSA (UFSM) – [email protected] VANESSA REUTER DOTTO (UFSM) – [email protected] ALBERTO SOUZA SCHMIDT (UFSM) – [email protected] Resumo: Para que uma empresa possa obter sucesso no mercado, faz-se necessária a presença do fator qualidade na gestão da mesma. Nesse contexto, encontram-se as normas de certificação da gestão. Assim, este trabalho tem como objetivo a análise bibliométrica de artigos publicados no Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP) nos anos de 2007 a 2010, visando identificar tendências e características relacionadas ao tema Normalização e Certificação para a Qualidade. A pesquisa tem caráter descritivo e documental, onde inicialmente é realizada revisão bibliográfica acerca do assunto (Normalização e Certificação para a Qualidade), para posteriormente iniciar a análise bibliométrica. Como resultado, percebeu-se uma diversidade de autoria nos trabalhos publicados, destaque para a universidade organizadora do evento, a maior utilização das palavras-chave “qualidade” e “certificação ISO 9001” e a característica dos estudantes de Engenharia de Produção, que preferem, em sua maioria, trabalhos de aplicação prática em empresas privadas. Os resultados são relevantes para a construção do conhecimento científico sobre qualidade, porém considera-se como limitação do estudo o fato do mesmo ter sido realizado utilizandose apenas uma fonte de informação, que foram os anais eletrônicos do SIMPEP. Sugere-se, portanto, que estudos futuros envolvam outros eventos nacionais e internacionais, bem como periódicos científicos. Palavras-chave: Qualidade; Bibliometria; Normalização e certificação; SIMPEP. 1. Introdução A qualidade na gestão de uma empresa é um fator fundamental para o seu sucesso ou fracasso no mercado. O foco exclusivo nos processos não é mais suficiente para a manutenção e competitividade das organizações no mundo globalizado. Com a necessidade da melhoria nos processos organizacionais de gestão, novas ferramentas, bem como o aperfeiçoamento de outras já existentes, foram elaboradas. E dentre essas melhorias, encontram-se as normas de certificação de gestão. Machado (2000) define a certificação como um instrumento formal que garante o produto segundo especificações de qualidade pré-estabelecidas e é reconhecida como um instrumento indispensável para a confiabilidade aos produtos, serviços e empresas num país, podendo ser emitida pelas próprias empresas, assim como por organizações independentes, privadas ou públicas, nacionais e internacionais, a depender da norma aplicada. Nas últimas décadas, uma série de normas de gestão surgiu. ISO 9.000 (gestão padronizada para a qualidade), OHSAS 18.001 (padrão para a gestão da segurança e saúde 1 ocupacional), ISO 14.001 (sistema de gestão ambiental – SGA) e a SA 8.000 (avaliação da responsabilidade social) são alguns dos exemplos existentes (TERLAAK e KING, 2006), além de outras normas mais recentes como a própria revisão da ISO 9.000 (em 2008), ISO 31.000 (gerenciamento de riscos) e a ISO 26.000, a qual será lançada este ano (2010) pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2010). Em muitos casos, a trajetória das empresas rumo à certificação exige que as mesmas já possuam algumas práticas de gestão rotineiras, de modo que facilitem a transição para o início da implantação de um sistema de gestão pela qualidade. No Brasil, apesar da importância da certificação para a qualidade, o número de empresas certificadas pela ISO 9.001, por exemplo, tem se reduzido desde 2006, quando 4.439 empresas conseguiram essa premiação. No entanto, em 2009 apenas 3.287 organizações foram certificadas pela norma, e em 2010, até então, somente 748 empresas adquiriram a certificação (CBQ, 2010). Além da diminuição de certificações na ISO 9.001, houve também a redução na ISO 14.001. No ano de 2006, 836 empresas foram certificadas pela ISO 14.001, enquanto que no ano de 2010 apenas 65 empresas foram certificadas (INMETRO, 2010). Esta pesquisa tem como objetivo principal a análise bibliométrica dos trabalhos publicados no Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP) no período de 2007 a 2010. Visando identificar tendências e características com relação ao uso e aplicabilidade do tema gestão da qualidade, este estudo analisou a produção científica e acadêmica na área temática Normalização e Certificação para a Qualidade. 2. Normalização e Certificação para a Qualidade A qualidade, hoje, está presente em todos os departamentos das organizações como a engenharia, marketing e compras (GARVIN, 1997). O mesmo autor apresenta cinco definições para o termo qualidade, sendo elas: a) Transcendente – qualidade é sinônimo de “excelência inata”. Não se pode definir qualidade com precisão, esta é uma propriedade simples, não passível de análise, que aprendemos a reconhecer apenas com a experiência. b) Baseada no produto – a qualidade é uma variável precisa e mensurável. Pode ser medida de acordo com a variação de algum ingrediente ou atributo de um produto. Mesmo sendo positiva a objetividade desta abordagem, esta apresenta limitações, pois, nem sempre é possível corresponder os atributos de um produto à qualidade. Às vezes, produtos de alta qualidade são simplesmente diferentes, em vez de possuírem mais ou menos algum atributo. c) Baseada no usuário – a qualidade “está nos olhos de quem vê”. Cada consumidor possui as suas necessidades e desejos em relação a determinado produto, desta maneira os produtos que atendem melhor às suas necessidades são os que possuem maior qualidade. d) Baseada na produção – concentra-se basicamente nas práticas relacionadas à engenharia e produção. A qualidade é identificada como “conformidade com as especificações”, a excelência é equiparada ao atendimento das especificações e a “fazer certo da primeira vez”. e) Baseada no valor – define qualidade baseando-se nos custos e preços. Desta maneira o produto que possui qualidade é aquele que possui desempenho e qualidade aceitáveis a um custo acessível. 2 Ainda, existem as definições dadas por alguns dos gurus da qualidade e a sua relação com as cinco visões acima apresentadas: Crosby (1986; p. 31) define qualidade como sendo “a conformidade do produto às suas especificações” demonstrando uma visão baseada na produção. Para Juran (1994) qualidade consiste em adequação ao uso, tendo a palavra dois significados: qualidade consiste nas características do produto conforme as necessidades dos clientes e a ausência de defeitos. Desta forma a definição de Juran (1994) está contida na visão baseada no usuário. Deming (1990) nos diz que qualidade está definida em termos de quem a avalia, tendo também uma visão baseada no usuário. Para Feigenbaum (1994) qualidade é a combinação de características de produtos e serviços referentes a marketing, engenharia, produção e manutenção, através das quais produtos e serviços em uso corresponderão às expectativas do cliente. Além desses consagrados conceitos de qualidade, os gurus da qualidade, bem como outros autores da área, também desenvolveram diversas ferramentas e práticas com o objetivo de auxiliar os processos de gestão da qualidade das organizações. A maioria dos programas da qualidade utiliza ferramentas da qualidade para o planejamento, a execução e a mensuração de suas atividades (WERKEMA, 1995). As ferramentas de qualidade são técnicas utilizadas com a finalidade de definir, mensurar, analisar e propor soluções para os problemas que interferem no bom desempenho dos processos. As principiais ferramentas da qualidade são: Programa 5S, Ciclo PDCA – PlanDo-Check-Act (planejar, organizar, dirigir, controlar), Gestão pela Qualidade Total (TQM – Total Quality Management), Kanban, 5W1H, Análise do Modo e Efeito das Falhas (FMEA), Benchmarking, Brainstorming, Checklist, Círculos de Controle da Qualidade (CCQ), Controle Estatístico do Processo (CEP), Diagrama de Ishikawa (causa e efeito), Gráfico de Pareto, Histograma, Desdobramento da Função Qualidade (QFD – Quality Function Deployment), Seis Sigma, ServQual. Inúmeras ferramentas da qualidade podem ser utilizadas pelas organizações, conforme as citadas acima, porém cabe a cada organização de acordo com seus objetivos e o que pretende verificar, escolher a que melhor encaixe na sua gestão. De acordo com Carvalho e Paladini (2005), os conceitos de qualidade sofreram consideráveis mudanças ao longo do tempo, passando de simples conjunto de ações operacionais, centradas e localizadas em pequenas melhorias do processo produtivo à visão de um dos elementos fundamentais no gerenciamento das organizações. A evolução destes conceitos de qualidade trouxe consigo a necessidade de um modelo especial de documentos: os documentos normativos. Termo este que denomina documentos tais como regulamentos, especificações, relatórios e normas técnicas. A normalização é “a atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto” (ABNT, 2004). Sua importância é caracterizada pela proteção à saúde e segurança humana, a busca da melhoria de produtividade, a conservação dos recursos naturais, a minimização do desperdício, a ajuda na transferência de tecnologia e a facilitação do comércio nacional e internacional. Normas nunca são neutras, sempre refletem a força e as inovações dos elaboradores e a não participação nas mesmas reflete em um descompromisso com a competitividade (ABNT, 2004). 3 Neste contexto, ao implantar e fazer uso de normas, a empresa passa por um processo de aprendizagem infinitamente incomparável, pois o processo proporciona a melhoria do sistema, além de reestruturar sua cultura organizacional, na medida em que aprimora e amadurece sua personalidade coletiva, processo que ocorre de forma lenta, natural e gradual. Pode-se dizer que nesse processo as pessoas da empresa desaprendem para aprender novamente, mas de forma mais intensa, sociável e de fácil utilização. Um organismo internacional de certificação mundialmente conhecido é a organização não-governamental chamada International Organization for Standardization – ISO, criada em 1947 e responsável pela elaboração das normas técnicas, como a série ISO 9000, que representa uma família de normas internacionais sobre o gerenciamento e a garantia da qualidade. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é responsável pelas normas ISO e pela elaboração de normas técnicas, que são padrões de qualidade da produção industrial nacional. Além da ABNT, o Brasil possui o Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial – INMETRO, o qual relaciona instituições certificadoras e fiscaliza se as mesmas estão de fato realizando sua função de forma correta (BALLESTERO-ALVAREZ, 2001). A ABNT define certificação como “um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da relação comercial, com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. Estes requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou internacionais”. O INMETRO (2008), que representa a principal entidade governamental brasileira neste assunto, define certificação como uma avaliação da conformidade realizada por uma terceira parte. Essa terceira parte, denominada certificadora, deve ser de caráter independente e credenciada, tendo como sua principal finalidade o atendimento aos anseios dos consumidores. A avaliação da conformidade tem seu conceito definido como um processo sistematizado, com regras pré-estabelecidas, devidamente avaliadas e acompanhadas, visando estabelecer um adequado grau de confiança de um produto, processo ou serviço, ou ainda, de um profissional capacitado para atender determinados requisitos definidos em normas e regulamentos (INMETRO, 2008). A Figura 1 evidencia as principais características dos diferentes tipos de certificação. Tipos de Certificação Objetivos Métodos e Referencias Exemplos Produtos e serviços Assegurar que um produto ou serviço atenda a especificações préestabelecidas. Ensaios com base em normas e regulamentos técnicos. Materiais, equipamentos e produtos diversos regulamentados ou normalizados, como preservativos masculinos. Processos Assegurar que uma indústria é capaz de fabricar um produto de acordo com uma determinada especificação. Inspeções, ensaios e auditorias do produto e do processo, incluindo instalações, controles e sistemas de qualidade, com base em normas e regulamentos técnicos. Processos regulamentados envolvendo questões ligadas à saúde e segurança, como a observância de Boas práticas de fabricação. 4 Sistemas de gestão Assegurar a capacidade da empresa para atender requisitos de clientes, regulamentares e de outras partes interessadas. Auditorias do sistema de gestão com base em normas para sistemas de gestão. Sistemas de gestão da qualidade ISO 9000 e ambiental ISO 14000. FIGURA 1 – Objetivo, método de referência e exemplos dos tipos de certificação conforme: produtos e serviços, processo e sistema de gestão. Fonte: INMETRO, adaptado por Ribeiro (2008). Uma das utilidades dos certificados é evitar ações oportunistas (que podem surgir quando a informação sobre o produto específico é distribuída pelo próprio fabricante) por parte de algumas empresas, ou seja, impedir que estas aleguem processos ou ingredientes que não realizam ou utilizam, mas que são exploradas na comunicação junto aos consumidores por serem de difícil comprovação (SPERS, 2000). A certificação beneficia consumidores e fornecedores. Os consumidores passam a ter um auxilio na identificação de produtos que atendam aos padrões de qualidade específicos, enquanto os fornecedores aumentam sua competitividade apresentando produtos e serviços de qualidade para os mercados possibilitando a utilização de novas estratégias de marketing. 3. Método 3.1 Tipo de estudo Este trabalho tem caráter descritivo e documental. Conforme Gil (1991), esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, visando torná-lo explícito ou a levantar hipóteses, tendo como finalidade principal o aprimoramento de idéias ou descoberta de intuições. Além disso, foi realizada pesquisa bibliográfica acerca do assunto “Normalização e Certificação para a Qualidade”, a fim de se conhecer e “obter contato direto com tudo o que foi relatado, descrito ou filmado sobre o assunto” (LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 66). O estudo tem como objetivo analisar a inserção e a utilização do termo Normalização e Certificação para a Qualidade no evento Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP), no período de 2007 a 2010. Essa busca resultou em um total de 80 artigos. E, por fim, visando o alcance do objetivo desta pesquisa, realizou-se uma pesquisa bibliométrica, tendo como propósito identificar as produções realizadas sobre o assunto principal deste artigo. Para Macedo, Casa Nova e Almeida (2007), a bibliometria ajuda a conhecer o estágio em que uma pesquisa em determinada área se encontra. Silva (2004) afirma que a bibliometria possui como objetivo analisar a atividade científica ou técnica através do estudo quantitativo das publicações. Ainda, Guedes e Borschiver (2005) entendem a ferramenta como de caráter estatística, que permite mapear e gerar indicadores distintos de tratamento e gestão da informação e conhecimento. 3.2 Modelo conceitual Um modelo conceitual adaptado do guia proposto por Hoppen, Moreau e Lapointe (1997), completado por Perin et. al. (2000) e Gonçalves e Meirelles (2004), foi criado por Pinto e Lara (2008), ao analisarem artigos publicados sobre o tema “comportamento do consumidor” nos principais veículos de divulgação da produção acadêmica em marketing no Brasil de 1997 a 2006. A partir da adaptação desse modelo conceitual, foram obtidas as variáveis para proceder a análise bibliométrica, conforme dispostas na Figura 2. 5 Características gerais das publicações Aspectos metodológicos das publicações Ano da publicação Tipo de artigo Autores Abordagem da pesquisa Instituição Natureza da pesquisa Palavras-chave Esfera organizacional FIGURA 2 – Modelo Conceitual. Fonte: adaptado de Pinto e Lara (2008). 4. Resultados e discussão Os resultados da pesquisa encontram-se especificados a seguir, apresentando as principais características da produção científica do SIMPEP no período de 2007 a 2010, no tema “Normalização e Certificação para a Qualidade”. Primeiramente serão apresentadas as características gerais das publicações como quantidade de artigos por ano, informação sobre os autores, instituição de origem e análise das palavras-chave. Os aspectos metodológicos como o tipo de artigo, abordagem da pesquisa, natureza da pesquisa e esfera organizacional serão apresentadas posteriormente. 4.1 Características gerais das publicações 4.1.1 Artigos por ano de publicação A Figura 1 demonstra a quantidade de artigos publicados por ano relacionado ao tema Normalização e Certificação para a Qualidade, no evento SIMPEP no período 2007 a 2010. FIGURA 3 – Quantidade de artigos da área Normalização e Certificação para a Qualidade (2007 a 2010). 4.1.2 Principais autores Dentre os artigos analisados neste estudo, constatou-se que existe diversidade quanto à autoria dos trabalhos. Para os 80 artigos analisados, encontrou-se um total de 230 autores, destacando-se que a autora que mais publicou, nos últimos quatro anos, possui um total de cinco produções. Os autores com maior número de publicações no SIMPEP no período de 2007 a 2010 estão relacionados na Tabela 1. 6 TABELA 1 – Autores que mais publicaram sobre Normalização e Certificação para a Qualidade no período de 2007 a 2010. Autor Nº de artigos publicados Silvia Helena Boarin Pinto 5 Adriana Barbosa Santos 4 Adriana Ferreira de Faria 3 Aurélia Altemira Acuña Idrogo 3 Fernanda Engbruch 3 Marly Monteiro de Carvalho 3 Otávio José de Oliveira 3 Paulo Fernando Pinto Barcellos 3 Outros (inferiores a 3 publicações) 203 TOTAL 230 Além disso, analisou-se que o número de autores por artigo oscilou de um a cinco, sendo que a maioria (38%) dos trabalhos tem dois autores. A Figura 4 ilustra essa situação. FIGURA 4 – Número de autores por artigo. 4.1.3 Artigos por instituição Com base nas informações declaradas pelos autores sobre as instituições as quais estão vinculados, foi possível identificar aquelas que mais tiveram trabalhos no SIMPEP relacionados à Normalização e Certificação para a Qualidade nos últimos quatro anos. É importante ressaltar que foi considerada a instituição de cada autor. Os resultados obtidos demonstram que a Universidade Estadual Paulista – UNESP – se destaca na pesquisa, aparecendo em primeiro lugar com 23 publicações, seguida pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, com 13 trabalhos publicados. A Tabela 2 apresenta o número de publicações das principais instituições. 7 TABELA 2 – Instituições com maior número de trabalhos relacionados ao tema Normalização e Certificação para a Qualidade no SIMPEP no período de 2007 a 2010. Instituição Nº de publicações UNESP – Universidade Estadual Paulista 23 UFPB – Universidade Federal da Paraíba 13 UCS – Universidade de Caxias do Sul 11 UFLA – Universidade Federal de Lavras 11 EESC-USP – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo 10 ESEG – Escola Superior de Engenharia e Gestão 10 UFSCar – Universidade Federal de São Carlos 10 UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul 9 UFV – Universidade Federal de Viçosa 9 UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense 8 UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto 8 UFSM – Universidade Federal de Santa Maria 7 Outros (inferiores a 7 publicações) 101 TOTAL 230 Além disso, ao analisar os trabalhos da edição de 2010, percebeu-se que em um número considerável de artigos não havia a instituição a qual o autor era vinculado, necessitando, assim, pesquisa adicional para levantamento desses dados. 4.1.4 Principais palavras-chave A Tabela 3 apresenta as palavras-chave com maior ocorrência no SIMPEP (2007 a 2010), no tema Normalização e Certificação para a Qualidade. TABELA 3 – Palavras-chave com maior número de ocorrências. Palavra-chave Nº de ocorrências Qualidade 24 ISO 9001:2000 16 Gestão da qualidade 14 Certificação 9 Sistemas de gestão da qualidade 9 Seis Sigma 7 Melhoria contínua 6 Outros (ocorrência inferior a 6) 192 TOTAL 277 As palavras-chave são importantes na busca de artigos. Através delas, a procura por trabalhos de uma mesma área de concentração torna-se mais simples e eficiente. Desta forma, 8 como o tema pesquisado foi Normalização e Certificação para a Qualidade, percebe-se que as palavras-chave mais encontradas são relacionadas à qualidade e certificação ISO 9001. 4.2 Aspectos metodológicos das publicações 4.2.1 Tipo de artigo Considerando o tema Normalização e Certificação para a Qualidade e o período de análise do estudo, constatou-se que 86% dos artigos é de cunho empírico, o que demonstra que a maioria dos estudos envolvendo esta temática procura utilizar dados a fim de comprovar suas pesquisas. A Figura 5 apresenta a distribuição das publicações quanto ao tipo. FIGURA 5 – Tipos de artigos publicados no período de 2007 a 2010. 4.2.2 Abordagem da pesquisa Conforme visualizado na Figura 6, verificou-se a predominância de pesquisas de natureza qualitativa (87%) no que se refere a esta temática, considerando o período analisado. Esta característica demonstra que as pesquisas buscam a compreensão de diversas técnicas interpretativas que visam descrever e entender os componentes de um sistema complexo de significados. Figura 6 – Abordagem da pesquisa dos trabalhos publicados (2007 a 2010). 4.2.3 Natureza da pesquisa De acordo com a Figura 7, os artigos analisados destacam-se por serem de natureza exploratória (89%), devido à necessidade de explorar um tema ainda emergente na área da Engenharia da Produção, tendo em vista a sua amplitude e complexidade, bem como a sua importância cada vez maior para obtenção de vantagem competitiva para as empresas. Ainda sobre essa natureza, Churchill Jr. (1999) afirma que uma pesquisa exploratória tem como escopo aprofundar conceitos preliminares, objetivando a geração de ideias, e desenvolver 9 proposições que permitirão a realização de outras pesquisas. FIGURA 7 – Natureza das pesquisas realizadas de 2007 a 2010. 4.2.4 Esfera organizacional Na Figura 8, percebe-se que 79% dos artigos da amostra relacionam-se ao setor privado, 4% ao setor público. Porém, em 17% dos trabalhos não foi possível identificar a esfera organizacional, sendo que em alguns casos não houve permissão referente a essa identificação do artigo e em outros o foco do artigo não estava relacionado ao contexto organizacional. FIGURA 8 – Esfera organizacional das pesquisas realizadas (2007 a 2010). 5. Conclusões Com base na análise dos 80 artigos publicados no SIMPEP, no período de 2007 a 2010, com o tema Normalização e Certificação para a Qualidade, foi possível identificar que a média anual foi de 20 publicações, sem oscilações significativas. Os trabalhos têm autoria diversificada, sendo que, dos oitenta artigos analisados, encontram-se 230 autores. Destes, o autor com maior número de publicações tem apenas cinco. Ainda, observa-se que 88% dos autores têm duas publicações ou menos. Além disso, analisou-se o número de autores por artigo, onde se percebeu grande oscilação. O evento permite envio de trabalhos com o mínimo de um e máximo de cinco componentes, contudo, a formação dos grupos se deu, em sua maioria (66%), com duas ou três pessoas. A instituição que mais teve artigos publicados neste tema foi a Universidade Estadual Paulista (UNESP), seguida pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Percebeu-se que a universidade organizadora do evento (UNESP) foi a que mais se destacou – o que demonstra a importância dada ao mesmo. Esses dados foram coletados com base nas informações 10 declaradas pelos autores sobre as instituições as quais estão vinculados, sendo considerada uma instituição para cada autor, perfazendo um total de 230 instituições. Porém, constatou-se que 44% das universidades tiveram menos de 7 artigos publicados neste evento, nesta temática, nos últimos quatro anos. Critica-se aqui a organização do último ano do evento, onde a maioria dos artigos estava sem identificação das instituições vinculadas, dificultando o estabelecimento de redes de contato para troca de conhecimento entre as universidades. As palavras-chave mais encontradas, como esperado, são relacionadas ao tema pesquisado, sendo que “qualidade” e “certificação ISO 9001” foram as mais utilizadas. Constatou-se que, os trabalhos são, em sua maioria de base empírica, abordagem qualitativa e natureza exploratória, estando relacionados principalmente ao setor privado no que se refere à esfera organizacional abordada no estudo. Percebe-se, com isso, o perfil dos estudantes de Engenharia de Produção e áreas afins, que preferem artigos com aplicação prática e com parcerias privadas. Sugere-se, então, que os pesquisadores aumentem o interesse pela área pública e pelo aprofundamento teórico, pois as ferramentas acerca do tema podem gerar significativas contribuições para o desenvolvimento do setor público. Nesse estudo, foi possível verificar a utilidade dos sistemas informatizados para a realização de pesquisas acadêmicas, como o mecanismo disponibilizado no site do SIMPEP, servindo de ferramenta para a busca de informação a respeito da evolução dos temas que estão sendo alvo de interesse da comunidade científica na área da Engenharia de Produção. Embora existam inúmeras maneiras de estudar a temática Normalização e Certificação para a Qualidade, estudos de natureza bibliométrica ampliam a compreensão de um tema complexo e abrangente como este. Além disso, serve para demonstrar em quais instituições se encontram os principais núcleos de pesquisa, a fim de que os pesquisadores possam estabelecer redes de contatos para troca de informações e realização de trabalhos conjuntos, multidisciplinares e interinstitucionais. Os resultados desta pesquisa são de extrema relevância para a construção do conhecimento científico sobre qualidade, porém considera-se como limitação do estudo o fato do mesmo ter sido realizado utilizando-se apenas uma fonte de informação, que foram os anais eletrônicos do SIMPEP. Por isso, sugere-se que estudos futuros abranjam outros eventos nacionais e internacionais e também periódicos científicos. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. ISO/IEC. Lançamento da norma ABNT NBR ISO 26000:2010. 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