Eixo VI: 2º Fórum Brasileiro de Biblioteconomia Escolar: pesquisa e prática
A TRAJETÓRIA DE LEITURA DOS ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA EDUCAÇÃO ADVENTISTA
Gisele Tosi de Santa Clara - IASBE - [email protected]
Raquel Pinto Correia - IASBE - [email protected]
Formar crianças com senso crítico para a tomada de decisões é um dos
objetivos da Educação Adventista e o desenvolvimento desta habilidade se dá
através de hábitos de leitura e reflexão. Neste contexto, o professor e a
biblioteca escolar assumem papel importante na evolução do hábito de leitura
dos alunos do Ensino Fundamental I (1º ao 5º Ano), pelo fato de que é através
de seus serviços e projetos que as crianças são auxiliadas na consecução do
objetivo. Após analisar os dados do Instituto Pró-livro (2011) em seu
levantamento sobre Os retratos da leitura no Brasil, foi possível identificar o
perfil de leitura dos alunos do Ensino Fundamental I (EFI), que são crianças de
5 a 10 anos, sendo que 27% são leitoras; a média de leitura é de 10 livros ao
ano e a preferência se faz por livros infantis (41%). A análise constatou ainda
que 79% leem por exigência escolar, 40% por prazer, gosto ou necessidade
espontânea, 36% por atualização cultural e conhecimento geral e que destes,
53% são influenciados a ler pela capa do livro e 46% pelo assunto. O acesso
aos livros é através de bibliotecas e escolas (47%), por doações do governo
(34%) ou comprados (31%), além de que 47% destes alunos usam a biblioteca
escolar. Diante deste perfil, surgem indagações sobre os alunos EFI da
Educação Adventista: será que o índice de leitura está dentro da média
nacional? A biblioteca tem contribuído para esse desenvolvimento ao incentivar
a leitura e a realizar os empréstimos domiciliares? O professor tem incentivado
os alunos a usarem os livros da biblioteca? Portanto, o estudo visa analisar a
frequência à biblioteca, a quantidade de empréstimos realizados pelos alunos
da EFI dos colégios adventistas em Curitiba (Colégio Adventista Boa Vista) e
Joinville (Colégio Adventista do Saguaçu) por meio dos registros via sistema.
Desta forma pretende-se confirmar que o uso da biblioteca é fundamental para
o crescimento da leitura, por meio de suas atividades e apoio do professor.
Para organização das ideias, biblioteca escolar será entendida nas palavras de
Durban Roca (2012, p. 90) como “uma engrenagem pedagógica que sustenta,
apoia, alimenta e acompanha de maneira sistemática e contínua, o verdadeiro
núcleo da ação didática que representa o trabalho que os professores
realizam”. A biblioteca não pode existir sozinha no espaço escolar, seu
funcionamento deve estar inserido no planejamento pedagógico de forma que
possa realmente ser uma engrenagem onde a interação do espaço da
biblioteca com professores e alunos possa ser identificada. É neste processo
que a leitura se torna fundamental para o desenvolvimento cognitivo dos
alunos, pois, segundo Maria (2008, p. 24), a “leitura é pensamento,
pensamento que se constrói sobre a informação visual impressa, pensamento
que é alimentado e dirigido pela escrita” e Rezende (2007, p. 8) acrescenta que
“ler é isso! Ler é assim! Ainda quando olhamos de maneira descortinada, nosso
olhar precisa de outros olhares, para ver melhor, para ver mais bonito, mais
completo […]”. Aqui o acervo da biblioteca vem completar a necessidade de
leitura dos alunos ao disponibilizar livros para consulta local e empréstimos. De
acordo com Cortê e Bandeira (2011, p.114), o empréstimo domiciliar é um
serviço prestado ao leitor, onde ele recebe um prazo maior para realizar sua
leitura e estudo dos livros selecionados por ele, porém, deve respeitar as
regras estabelecidas no regulamento da biblioteca em relação aos dias de
empréstimos e a quantidade de materiais. Em relação à frequência, de acordo
com Araújo (2007, p. 27), é tornar comum “a presença dos educandos à
biblioteca, para que conheçam e tenham familiaridade com este local de ensino
e disseminação da informação desde a infância. Neste espaço, poderão
conhecer outro educador, o bibliotecário, que também é um agente
incentivador da leitura”. Neste contexto, o professor desempenha um
importante papel no incentivo à leitura, pois de acordo com Guimarães et al
(2012), ele tem uma tarefa muito importante, que é “promover práticas que
forneçam elementos necessários para que os alunos se tornem leitores
autônomos, conscientes, críticos e reflexivos frente ao material de leitura e
frente às situações que enfrentem em seu cotidiano”. O professor é o maior
incentivador da leitura dos alunos, ao indicar livros, bem como por exemplo ao
fazer empréstimos e ler na biblioteca. A metodologia empregada neste estudo
é descritiva, quantitativa e por amostragem. O grupo a ser estudado serão os
alunos do 5º Ano do EFI dos Colégios Adventistas Boa Vista (CABV - Curitiba)
e Saguaçu (CAJ-S Joinville), que estão situados no campo de atuação das
bibliotecárias. O período estudado se refere aos últimos cinco anos (20102014), para conhecer o comportamento de leitura destes alunos de forma a
identificar e avaliar a penetração da leitura e o acesso ao livro dentro da
Educação Adventista. Os alunos do 5º ano são crianças que já tem domínio da
leitura, da escrita, capacidade de interpretação e compreensão do texto.
Também conhecem o funcionamento da biblioteca e suas rotinas, já escolhem
as suas leituras e tem autores preferidos. As bibliotecas da Educação
Adventistas desenvolvem projetos que apresentam histórias, na qual alunos
vão uma vez por semana à biblioteca, acompanhados por uma professora, e
que neste momento também são incentivados a realizarem o empréstimo
domiciliar. A biblioteca fica aberta nos recreios e no horário de almoço
deixando o espaço disponível para a troca de livros nos demais dias da
semana. Para coleta de dados, utilizou-se o Sistema de Bibliotecas (SBI)
adotado pelas unidades da Educação Adventista no Sul do Brasil. O software
foi desenvolvido pela instituição (IASBE) e faz o gerenciamento dos serviços da
biblioteca. Para dados da quantidade de alunos em cada turma foi utilizado o
programa da Secretaria Escolar (SSE). As turmas analisadas perfazem um
total de 503 alunos, no período de 5 anos e realizaram 13.595 empréstimos. A
média de empréstimos variou de acordo com o tamanho da turma, a frequência
foi semanal e cada aluno pode emprestar de 1 a 3 livros. A média mais alta
registrada foi o empréstimos de 86 livros por aluno/ano em 2010, da Turma 2
do CABV (Graf.1) e a segunda foi em 2014 com 62 por aluno/ano, também da
Turma 2 CABV. A média geral foi de 32 empréstimos anuais por aluno.
Comparando com os dados do Instituto Pró-Livro, ficou evidente que quando o
trabalho pedagógico da biblioteca é desenvolvido da forma correta, com
planejamento e trabalho interdisciplinar com os professores, os resultados
aparecem. A média de leitura revelou um índice superior à média nacional de
leitura, demonstrando que as atividades da biblioteca alcançaram o objetivo de
incentivar o aluno a ler e emprestar cada vez mais. O incentivo à leitura é a
ação motivacional que reflete diretamente no resultado apresentado, sendo
realizado por meio do professor, do bibliotecário e das auxiliares da biblioteca.
O papel dos profissionais foi fundamental, pois a influência e a atuação deles
levou alunos a lerem mais, a emprestarem os livros e também a se
relacionarem no ambiente da biblioteca que se tornou familiar.
Gráfico 1 - Média de empréstimos dos alunos do 5º Ano do Colégio Adventista Boa Vista e
Saguaçu - 2010-2014
Fonte: Sistema de Biblioteca e de Secretaria da União Sul Brasileira - IASBE
Cabe aos profissionais da educação dar continuidade as ações que farão dos
alunos grandes leitores e futuros cidadãos pensantes e críticos. O trabalho do
bibliotecário que atua em escola se diferencia dos demais, pois precisa
entender que só o serviço técnico não é o suficiente e que ele deve se envolver
no processo pedagógico.
Palavras-chave: Biblioteca escolar - leitura; Biblioteca escolar - Empréstimos;
Educação Adventista - Bibliotecas.
Referências:
ARAÚJO, Paula Carina de. O bibliotecário e a formação de leitores.
Florianópólis: UDESC, 2007
CORTÊ, Adelaide Ramos e ; BANDEIRA, Suelena Pinto. Biblioteca escolar.
Brasília, DF: Briquet de Lemos Livros, 2011.
DURBAN ROCA, Glória. Biblioteca escolar hoje: recurso estratégico para a
escola. Porto Alegre: Penso, 2012.
GUIMARÃES, Patricia Maria Costa Santos et al. Diagnóstico da compreensão
textual de alunos de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. Psicol. Esc. Educ. v.16
n.1 Maringá Jan./Jun. 2012
INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Os retratos da leitura no Brasil. Disponível em:
<http://prolivro.org.br/>. Acesso em: 29 mar. 2015.
MARIA, Luzia de. Leitura e colheita: livros leitura e formação de leitores.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
REZENDE, Lucinea Aparecida de (org.). Leitura e visão de mundo: peças de um
quebra-cabeça. Londrina, PR: EDUEL, 2007.
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