ANO 2014
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Linguagem e Variedades Linguísticas
Linguagem, língua e fala
Poucas palavras possuem significação tão
extensa quanto a palavra linguagem. Ao ouvi-la
você pode pensar numa série de expressões,
cada uma empregando o termo de forma
diferente: ―linguagem popular‖, ―linguagem de
programação‖, ―linguagem de cinema‖. Talvez
você também se lembre de ter lido ou ouvido em
algum lugar que ―a linguagem diferencia o
homem de todos os outros animais‖. Será que
existe algo comum a tantos modos de usar uma
mesma palavra?
Observe que, nas expressões acima,
linguagem é uma palavra sempre relacionada a
fenômenos
comunicativos.
Onde
há
comunicação, há linguagem: como o homem é
ser social, sua necessidade de estabelecer
comunicação
é
praticamente
ininterrupta.
Enviando ou recebendo mensagens por meio de
um código, o ser humano atende a sua
necessidade comunicativa, criando a atividade a
que se dá o nome de linguagem:
A linguagem é um processo de comunicação de
uma mensagem entre dois sujeitos falantes
pelo menos, sendo um o destinador ou o
emissor, e o outro, o destinatário ou o
receptor.
mensagem
destinador - - - - - - - - - - - - - - → destinatário
Ora,
cada
sujeito
falante
é
simultaneamente o destinador e o destinatário
de sua própria mensagem, visto que é capaz
de ao mesmo tempo emitir uma mensagem
decifrando-a, e em princípio não entre nada
que não possa decifrar. Assim, a mensagem
destinada ao outro é, num certo sentido,
destinada em primeiro lugar ao mesmo que
fala: donde se conclui que falar é falar-se.
Do mesmo modo, o destinador-decifrador
só decifra na medida em que pode dizer aquilo
que ouve.
KRISTEVA, Júlia. História da linguagem. Lisboa,
Edições 70, 1969. P. 21.
A compreensão mútua entre o emissor e o
receptor de uma mensagem é assegurada pelo
emprego de um código comum a ambos. Esse
código pode ser gestual, visual, olfativo etc.
Dentre os diferentes códigos comunicativos
existentes, a língua é o mais importante, pois
seu uso é universal e generalizado nos diferentes
grupos sociais.
Aliás, o caráter social de uma língua é
justamente sua característica mais evidente,
sempre ligada à comunidade que a possui. O
linguista Ferdinand de Saussurre diz que a língua
―é a parte social da linguagem, exterior ao
indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la
nem modificá-la; ela não existe senão em
virtude duma espécie de contrato estabelecido
entre os membros da comunidade‖.
Individualmente, é possível optar por esta ou
aquela forma de expressão no momento de se
comunicar, mas não se pode criar uma língua
particular e exigir que outros a entendam.
Assim, cada indivíduo pode fazer um uso próprio
e
personalizado
da
língua
comunitária,
originando a fala, sempre condicionada pelas
regras socialmente estabelecidas da língua, mas
suficientemente ampla para
permitir um
exercício criativo da comunicação.
Linguagem: é a faculdade humana através da qual o
homem se comunica.
Língua: é um sistema de signos; pertence a toda
uma comunidade de falantes.
Fala: é o uso que cada indivíduo faz da língua
comunitária.
A Linguística
Ferdinand de Saussure foi o primeiro grande
linguista de nossos tempos, responsável pelo
desenvolvimento da Linguística como ciência que
se dedica ao estudo objetivo da linguagem
humana.
Assim, a linguística procura investigar a
organização e o funcionamento das diversas
línguas existentes, estabelecendo relações entre
essas línguas e as sociedades e homens que as
produzem e utilizam. Cientificamente, ocupa-se
em descobrir e explicar os fenômenos da
linguagem, sem qualquer preocupação em
estabelecer padrões de “certo” e “errado”.
Saussure estabeleceu, além da distinção
língua/fala, uma outra oposição fundamental
para os estudos da linguagem: a diacronia e a
sincronia.
A diacronia analisa a língua a partir da sua
evolução ao longo do tempo. Contar a história da
língua portuguesa, mostrando suas diferentes
fases evolutivas.
A sincronia, por outro lado, procura
explicar o funcionamento de uma língua num
dado momento do tempo, sem se preocupar com
a evolução da linguagem, mas apenas com a sua
maneira de ser. Descrever como é a língua
portuguesa falada no Brasil, hoje, é fazer
linguística sincrônica.
Língua falada e língua escrita
O estudo sincrônico de uma língua revela a
existência de muitas variações. Inicialmente, há
diferença entre a língua falada e a língua escrita,
dois meios de comunicação diferentes. A língua
falada
é
mais
espontânea,
mais
solta,
acompanhada de mímica e entonação, que
preenchem importantes papéis significativos; a
língua escrita não é a simples representação
gráfica da língua falada, mas sim um sistema
mais disciplinado e rígido, uma vez que não
conta com a significação paralela da mímica e da
entonação.
um médico ou de um advogado, condicionadas
pelas situações em que se encontram: no
consultório ou no tribunal, eles empregam
expressões e termos que dificilmente utilizariam
em uma conversa durante o jantar com a família
ou com amigos.
A primeira grande distinção decorrente da
existência dos níveis de fala é a que se faz entre
a língua culta e a língua popular ou
linguajar.
A língua culta prende-se aos modelos e
normas da Gramática tradicional e é empregada
pelas elites sociais escolarizadas. É a modalidade
linguística tomada como padrão de ensino, e
nela se redigem os textos e documentos oficiais
do país.
Já a língua popular ou linguajar é aquela
usada diariamente pelo povo, desprovida de
qualquer
preocupação
com
”correção‖
gramatical. Sua finalidade é eminentemente
prática: comunicar informações e exprimir
opiniões e sentimentos de forma eficaz.
Há
também
as
chamadas
línguas
especiais, pertencentes a grupos restritos de
indivíduos que compartilham um mesmo
conhecimento técnico ou interesses comuns. No
primeiro caso, temos as línguas técnicas; no
segundo, falamos em gírias ou calões. É fácil
encontrar exemplos de línguas técnicas: basta
observar a conversa de dois médicos, dois físicos
ou dois linguistas. A gíria ou calão, por outro
lado, é a língua especial criada por certos grupos
a fim de enviar mensagens decodificáveis apenas
pelo próprio grupo. A gíria sofre um desgaste
muito intenso com o passar do tempo, pois o
código torna-se conhecido fora do grupo, daí ser
uma linguagem de época.
Podemos falar ainda num outro nível
linguístico: a língua literária. Essa modalidade
distingue-se das demais pela capacidade de
gerar prazer estético, além da simples
comunicação. Caracteriza-se pela elaboração
artística do código linguístico, visando a
finalidades expressivas e criativas.
Regionalismo e dialetos
A Gramática Normativa
Ocorrem ainda variações linguísticas de
ordem geográfica, chamadas de regionalismos,
dialetos. Isso acontece porque em algumas
regiões de um país certas expressões e mesmo
construções são preferidas a outras; quando tais
diferenças se aprofundam, deixa-se de falar em
regionalismo e fala-se em dialeto.
Níveis de língua
Além das diferenças geográficas, existem as
diferenças motivadas pelos chamados níveis de
língua. Para compreendê-las, basta observar
que seu próprio modo de falar varia de acordo
com a situação em que você se encontra: ao
conversar com seus colegas, você já deve ter
notado diferenças na maneira de se expressar de
A linguística estuda cientificamente a
linguagem, procurando descobrir e explicar seu
funcionamento. Não se preocupa em estabelecer
critérios de correção gramatical, impondo
maneiras ―certas‖ e ―padronizadas‖ de falar e
escrever. Essa preocupação com ―o ideal da
expressão correta‖ pertence à Gramática
Normativa, cujas regras se baseiam nas obras
dos
grandes
escritores.
Criam-se,
dessa
maneira, os critérios de ―certo‖ e ―errado‖
gramaticais, considerando-se correto aquilo que
obedece ao padrão culto da língua. Esse padrão
é ensinado nas escolas, independentemente da
origem social de cada estudante, causando
problemas de integração do indivíduo ao grupo.
Em países como o nosso, grandes contrastes
sociais, a distância entre a língua culta, ensinada
nas escolas, e a língua popular, conhecida no
exercício diário da existência, é muito grande, o
que dá origem a sérios entraves educacionais.
A palavra e a comunicação
Os veículos de comunicação evoluíram
rapidamente – rádio, telefone, televisão,
computador –, ampliando possibilidades de
inter-relacionamento
social
e
fazendo
desaparecer a materialidade das coisas (não se
escreve em papel, as conversas fluem sem a
presença física dos interlocutores). Mesmo
assim,
permanecem
muitos
dos
questionamentos
sobre
a
eficiência
da
comunicação entre as pessoas. Por isso, seja por
meio de uma conversa informal, seja por meio
de uma carta ou de um e-mail, importam os
sentidos que as palavras adquirem em diferentes
contextos, as funções que a linguagem assume
em cada situação, a maior ou menor clareza da
mensagem transmitida.
Quando falamos em ler textos, não
estamos nos referindo exclusivamente aos textos
escritos, mas, sim, aos diversos textos que se
apresentam em nosso cotidiano, ―escritos‖ nas
mais diferentes linguagens. Além dos textos
verbais, há também os textos ―sem palavras‖: o
texto ―escrito‖ pelas pessoas andando na rua; o
do telejornal, com seus cortes, sua edição e
montagem de notícias; o texto das várias telas,
esculturas e fotografias; o do diálogo amoroso
―escrito‖ por meio de gestos...
Portanto, podemos ter textos expressos em
linguagem verbal e textos expressos em
linguagem não verbal. Um bom leitor, um leitor
atento, deve procurar ―ler‖ (e compreender)
esses vários textos que se apresentam em seu
cotidiano.
As Funções da Linguagem
De fato, quando fazemos uso da linguagem,
a escolha e a combinação do vocabulário fazem
com que cada comunicação tenha determinadas
características (simples, confusa, sofisticada,
emocionante, convincente). Na própria internet,
território de comunicação intensa entre jovens,
encontram-se exemplos de busca contínua de
expressões que sejam rápidas e eficientes.
Denotação e Conotação
De maneira geral, podemos dizer que lidamos
com dois tipos de sentido das palavras:
denotativo ou referencial;
conotativo ou afetivo.
A palavra tem valor denotativo ou
referencial quando é tomada em seu sentido
usual, literal. Os textos informativos (científicos
e jornalísticos), por serem objetivos, prendemse ao sentido denotativo das palavras.
A palavra tem valor conotativo ou afetivo
quando seu significado é ampliado ou alterado
no contexto em que é empregada, sugerindo
ideias que ultrapassam seu sentido mais usual.
Além dos poetas, romancistas e contistas,
também os humoristas e os profissionais da
publicidade usam e abusam do duplo sentido das
palavras ao selecionar e combinar o vocabulário
de seu texto.
Linguagem verbal e não verbal
•
a linguagem verbal – aquela que utiliza a
língua (oral ou escrita); a língua é o mais
importante dos códigos;
•
a linguagem não verbal – aquela que utiliza
qualquer código que não seja a palavra, como a
pintura (que explora as formas e as cores, por
exemplo), a mímica, a dança, a música etc.
Para entendermos com clareza as funções da
linguagem, é bom primeiramente conhecermos
as etapas da comunicação.
Ao contrário do que muitos pensam, a
comunicação não acontece somente quando
falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos
um texto, ela se faz presente em todos (ou
quase todos) os momentos.
Comunicamos-nos com nossos colegas de
trabalho, com o livro que lemos, com a revista,
com os documentos que manuseamos, através
de nossos gestos, ações, até mesmo através de
um beijo de ―boa noite‖.
É o que diz Bordenave quando se refere à
comunicação:
A comunicação confunde-se com a própria
vida. Temos tanta consciência de que
comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial
importância quando, por acidente ou uma
doença, perdemos a capacidade
de nos
comunicar.
(Bordenave, 1986. p.17-9)
No ato de comunicação percebemos a existência
de alguns elementos, são eles:
a)
emissor: é aquele que envia a mensagem
(pode ser uma única pessoa ou um grupo de
pessoas).
b)
receptor: é aquele a quem a mensagem é
endereçada (um indivíduo ou um grupo),
também conhecido como destinatário.
c)
canal de comunicação: é o meio pelo qual
a mensagem é transmitida.
d)
código: é o conjunto de signos e de regras
de combinação desses signos utilizado para
elaborar a mensagem: o emissor codifica
aquilo que o receptor irá descodificar.
e)
mensagem (ou texto): tudo o que é
transmitido pelo emissor ao receptor.
f)
contexto (ou referente): é o objeto ou a
situação a que a mensagem se refere.
anos de idade, ele conseguiu, nesta época,
realizar muitas descobertas, desenvolvendo
as bases de praticamente toda a sua obra.
(Antônio Máximo e Beatriz Alvarenga. In. Curso de Física.
São Paulo: Harbra, 1992. v. 1, p. 196.)
2.
Função emotiva (ou expressiva): através
dessa função, o emissor imprime no texto as
marcas de sua atitude pessoal: emoções,
avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a
presença do emissor.
 Estou tendo agora uma vertigem. Tenho um
pouco de medo. A que me levará minha
liberdade? O que é isto que estou te
escrevendo? Isto me deixa solitária.
(Clarice Lispector)
3.
Veja em forma de esquema os seis fatores que
integram o ato de comunicação verbal:
Função conativa (ou apelativa): essa função
procura organizar o texto de forma a que se
imponha sobre o receptor da mensagem,
persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em
que predomina essa função, busca-se envolver o
leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a
adotar este ou aquele comportamento.
O Gordo e o Magro
A vida pode ter o peso que você quiser.
O São Pedro SPA Médico é o cenário ideal
para quem busca melhorar sua qualidade de
vida. O espaço de 30 mil metros quadrados ao ar
livre, abriga um parque ecológico e ambientes
propícios ao relaxamento e às atividades
terapêuticas: quadras poliesportivas, piscinas,
clínica de estética, entre outros. Nossa marca
registrada a prevenção e o tratamento holístico
do ser humano no combate ao estresse e à
obesidade. No São Pedro SPA Médico, um grupo
seleto de médicos, nutricionistas, professores e
terapeutas compõem a equipe que observa os
aspectos individuais de cada paciente, prescreve
e aplica tratamentos personalizados.
Partindo
desses
seis
elementos
Roman
Jakobson, linguista russo, elaborou estudos
acerca das funções da linguagem, os quais são
muito úteis para a análise e produção de textos.
As seis funções são:
1.
Função
referencial
(ou
informativa):
referente é o objeto ou situação de que a
mensagem trata. A função referencial privilegia
justamente o referente da mensagem, buscando
transmitir informações objetivas sobre ele. Essa
função predomina nos textos de caráter
científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.
 Em 1665¸ Londres é assolada pela peste
negra (peste bubônica) que dizimou grande
parte de sua população, provocando a quase
total paralisação da cidade e acarretando o
fechamento de repartições públicas, colégios
etc. Como conseqüências desta catástrofe,
Newton retornou a sua cidade natal,
refugiando-se na tranqüila fazenda de sua
família, onde permaneceu durante dezoito
meses, até que os males da peste fossem
afastados, permitindo seu regresso a
Cambridge.
Este período passado no ambiente sereno e
calmo do campo foi, segundo as palavras do
próprio Newton, o mais importante de sua
vida. Entregando-se totalmente ao estudo e
à meditação, quando tinha apenas 23 a 24
Venha nos visitar.
Com a sua determinação o final feliz é por nossa
conta.
O texto desse anúncio quer convencer o leitor a
visitar um spa. A chamada lembrando ―o gordo e
o magro‖, seguida da frase ―a vida pode ter o
peso que você quiser‖, é bastante apelativa.
4.
Função fática: a palavra fático significa ―ruído,
rumor‖. Foi utilizada inicialmente para designar
certas formas que se usam para chamar a
atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função
ocorre quando a mensagem se orienta sobre o
canal de comunicação ou contato, buscando
verificar e fortalecer sua eficiência.
— Como vai, Maria?
Essas funções não são exploradas isoladamente,
de modo geral, ocorre a superposição de várias
delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai,
assim podemos identificar a finalidade principal
do texto.
— Vou bem. E você?
— Você vai bem, Maria?
— Já disse que sim!
— Eu também. Está tão bonita!‖
EXERCÍCIOS
— Ah, bem, é que eu...
— Ah, é.
(Dalton Trevisan)
01. Reconheça nos textos a seguir, as funções da
linguagem predominantes:
a)
5.
Função metalinguística: quando a linguagem
se volta sobre si mesma, transformando-se em
seu próprio referente, ocorre a função
metalinguística.
 Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais
simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem
lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem
perfume
A pureza da chama em que se consomem os
diamantes mais límpidos
b) O verbo infinitivo
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
A paixão dos suicidas que se matam sem
explicação.
(Manuel Bandeira)
6.
"O
risco
maior
que
as
instituições
republicanas hoje correm não é o de se
romperem, ou serem rompidas, mas o de
não funcionarem e de desmoralizarem de
vez, paralisadas pela sem-vergonhice, pelo
hábito covarde de acomodação e da
complacência. Diante do povo, diante do
mundo e diante de nós mesmos, o que é
preciso
agora
é
fazer
funcionar
corajosamente as instituições para lhes
devolver a credibilidade desgastada. O que é
preciso (e já não há como voltar atrás sem
avacalhar e emporcalhar ainda mais o
conceito que o Brasil faz de si mesmo) é
apurar tudo o que houver a ser apurado,
doa a quem doer." (O Estado de São Paulo)
Função poética: quando a mensagem é
elaborada de forma inovadora e imprevista,
utilizando combinações sonoras ou rítmicas,
jogos de imagem ou de ideias, temos a
manifestação da função poética da linguagem.
Essa função é capaz de despertar no leitor
prazer estético e surpresa. É explorado na
poesia e em textos publicitários.
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
 Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto
(Vinícius de Morais)
(Mário de Sá-Carneiro)
Observação:
a) "Para fins de linguagem a humanidade se
serve, desde os tempos pré-históricos, de
sons a que se dá o nome genérico de voz,
determinados pela corrente de ar expelida
dos pulmões no fenômeno vital da
respiração, quando, de uma ou outra
maneira, é modificada no seu trajeto até a
parte exterior da boca." (Matoso Câmara
Jr.)
As funções da linguagem relacionam-se aos
elementos envolvidos na comunicação, pois cada
função dá ênfase a um deles. O quadro abaixo
resume essa relação.
d)
"
-
- Que coisa, né?
É. Puxa vida!
Ora, droga!
Bolas!
Que troço!
Coisa de louco!
É!"
e)
f)
"Fique afinado com seu tempo. Mude para Col.
Ultra Lights."
"Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo
desejava que um grito me anunciasse qualquer
acontecimento extraordinário. Aquele silêncio,
aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria
tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os
degraus e fui espalhar no quintal os fios da
gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia
piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o
pensamento embaralhar-se longe daquelas
porcarias. Senti uma sede horrível... Quis verme no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à
janela, olhando as pernas dos transeuntes."
(Graciliano Ramos)
g)
" - Que quer dizer pitosga?
- Pitosga significa míope.
- E o que é míope?
- Míope é o que vê pouco."
Esperança rasa.
(Cacaso. In: Poesia jovem... cit. P. 66.)
e) ―Ah! esse cara tem
me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
[...]
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas
Uma mulher.‖
(Caetano Veloso. CD Prenda minha.
Polygram, 1999.)
03. Leia este
proposta:
anúncio
e
responda
à
questão
02. Identifique a função da linguagem que prevalece
nos textos a seguir:
a)
―É dever da família, da sociedade e do
Estado
assegurar
à
criança
e
ao
adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de
negligência,
discriminação,
exploração,
violência, crueldade e opressão.‖
(Const. da República Federativa do Brasil, art. 227.)
b)
a)
Que tipo de linguagem é utilizado na
construção do texto: a verbal, a visual ou as
linguagens verbal e visual?
b)
Leia apenas a frase situada na parte inferior
do anúncio. Qual é o seu sentido?
c)
Observe a figura central do anúncio: a
roupa, os cabelos, o meio-sorriso da pessoa
fotografada e o cenário de fundo. Por esse
conjunto de elementos, notamos que não se
trata de um anúncio comum, pois há nele a
voz de outro texto bastante conhecido. Que
texto é esse?
d)
Fazendo o cruzamento entre a parte verbal
e a parte visual do texto, notamos que há
entre as duas linguagens um ponto em
comum, que as aproxima e amplia o sentido
de cada uma. Qual é ele?
José Antônio da Silva, Revista Galeria.
c)
―fuzuê. S. m. Brás. Gir. 1. Festa, função. 2.
Barulho, confusão, conflito‖
(Novo Aurélio século XXI.)
d) Agenda
Noite profunda. Sono profundo.
04. Leia os textos a seguir para responder à questão
seguinte.
Com Tim Liberty, você navega e fala ilimitado, local e
DDD com 41, para qualquer Tim do Brasil.
Veja, ano 44, nº 11, 16 de março de 2011.
Texto 1 – Pintura de Mona Lisa
Mona
Lisa
(1503
–
1506),
também
conhecida
como
La
Gioconda, é a mais
notável e conhecida obra
do
pintor
italiano
Leonardo da Vinci.
Disponível
no
sítio<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/
franca/museu-do-louvre.php>. Acesso em: 14 de março
de 2011.
Texto 2 – Peça publicitária de uma marca de
produtos de limpeza
―Mon bijou deixa sua
roupa
uma
perfeita
obra-prima.‖
Disponível
no
sítio
http://direitobemfeito.wordpress.com/2010/11/17/
bombril-e-mona-lisa/. Acesso em: 14 de março de 2011.
A partir da leitura dos textos não verbais e
verbais, assinale a alternativa INCORRETA:
a) A função de persuadir é reforçada através
do jogo intertextual, presente na peça
publicitária.
b) A Mona Lisa representada na peça
publicitária parodia a obra de Leonardo da
Vinci, considerada perfeita pelos críticos de
arte, com o objetivo principal de criticá-la.
c) A ideia da peça publicitária é provocar no
consumidor o desejo de ter suas roupas
perfeitas, limpas e perfumadas.
d) Elementos da obra de Leonardo da Vinci foram
incorporados na peça publicitária: cabelos
compridos, sorriso indefinido e a posição das
mãos, provocando comicidade no leitor.
e) A obra de Leonardo da Vinci serviu de paródia
para a peça publicitária, ressaltando um jogo
cômico.
É
uma
forma
diferente
de
convencimento, cuja intenção é vender o
produto.
Texto 2
O Japão é um dos países mais castigados pelos
desastres naturais. A solução para atenuar seus
efeitos está na alta tecnologia e no treinamento da
população.
Veja, ano 44, nº 11, 16 de março de 2011.
Texto 3
Na Carta ao Leitor ―Tempo de homens partidos‖ (9
de março), senti que ainda existe um jornalismo
vigilante em nosso país, trazendo a esperança de
dias melhores. Parabéns aos editores de VEJA.
Veja, ano 44, nº 11, 16 de março de 2011.
Texto 4
Língua: sistema de signos que permite a
comunicação entre os indivíduos de uma comunidade
linguística.
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
05. Considere as assertivas abaixo referentes às
funções de linguagem.
I. Os
elementos
necessários
para
a
comunicação envolvem emissor, receptor,
código, canal e mensagem. No texto 1, a
ênfase está no emissor; no texto 2, na
mensagem; no texto 3, no receptor e no
texto 4, no próprio código.
II. O predomínio de uma determinada função
pode
ser
identificado
por
marcas
linguísticas, como, por exemplo, o uso de
terceira pessoa, encontrado no texto 2, no
qual predomina a função referencial.
III. Na função apelativa, o objetivo é de influenciar,
convencer o receptor de alguma coisa por meio
de uma ordem, sugestão, convite ou apelo. Os
verbos podem ser conjugados na segunda ou
terceira pessoas. Esse tipo de função é a que
predomina no texto 1.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.
06. Leia o trecho da música a seguir para responder
à questão que segue.
Vô Imbolá
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro
Imbola vô imbolá
Eu quero ver rebola bola
Você diz que dá na bola
Na bola você não dá
Quando eu nasci era um dia amarelo
Leia os textos abaixo para responder à próxima
questão.
Texto 1
Já fui pedindo chinelo
Rede café caramelo
O meu pai cuspiu farelo
Minha mãe quis enjoar
amarelo / Já fui pedindo chinelo / Rede café
caramelo / O meu pai cuspiu farelo / Minha
mãe quis enjoar‖.
Meu pai falou mais um bezerro desmamido
Meu Deus que será bandido
Soldado doido varrido
Milionário desvalido
Padre ou cantor popular
Nem Frank Zappa nem Jackson do pandeiro
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Apenas II e IV estão corretas.
b) Apenas I, II e III estão corretas.
c) Apenas I, II e IV estão corretas.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.
07. Leia os textos abaixo e responda à questão
proposta.
Lobo bom e mau cordeiro
Mais metade que inteiro
Me chamei Zeca Baleiro
TEXTO 1
Pra melhor me apresentar
Nossa cultura valoriza a consciência crítica
dos indivíduos. As decisões coletivas nos
parecem fadadas ao erro por serem paixões da
massa manipulada ou médias estatísticas,
consensos numéricos sem argumentação e sem
complexidade.
Nasci danado pra prender vida com clips
Ver a lua além do eclipse
Já passei por bad trips
Mas agora o que eu quero
É o escuro afugentar
Faz uma cara que se deu essa empreitada
Hoje a vida é embolada
CALLIGARIS, C. Elogio das eleições. "Folha de S.
Paulo", São Paulo, 30 set. 2004, p. E8.
TEXTO 2
Bola pra arquibancada
Rebolei bolei e nada
Da vida desimbolá
[...].
Texto
na
íntegra
disponível
no
<http://letras.terra.com.br/zeca-baleiro/91981/>.
sítio
Acesso em: 14 de março de 2011.
A embolada é um gênero musical simples que
teve origem no Nordeste brasileiro e significa
―forma poético-musical, improvisada ou não, em
compasso binário, cuja melodia é declamatória,
em valores rápidos e intervalos curtos [...]‖
(Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Leia as afirmações a seguir:
I. O compositor da música, Zeca Baleiro,
emprega a função metalinguística no texto.
Isto quer dizer que ele se utiliza do gênero
musical embolada para falar dela mesma,
como podemos ver no trecho: ―Hoje a vida é
embolada / Bola pra arquibancada / Rebolei
bolei e nada / Da vida desimbolá.‖
II. Os versos ―Imbola vô imbolá‖ e ―Da vida
desimbolá‖ estão na variedade não padrão
do português brasileiro, sendo que, na
variedade padrão, podem ser transcritos da
seguinte forma: ―Embola vou embolar‖ e
―Da vida desembolar‖.
III. A palavra ‗imbolá‘ apresenta algumas
características específicas da língua falada,
tais como: a troca do fonema /e/ pelo
fonema /i/ na posição de sílaba átona inicial,
como acontece em ‗espelho‘ e ‗enchente‘.
IV. O ritmo melódico da música sugerido pelos
fonemas utilizados pelo compositor expressa
uma das características do gênero musical
embolada: melodia em compasso de
declamação, que pode ser representada
pelos versos: ―Quando eu nasci era um dia
Qualquer estagiário de publicidade sabe que
não se deve conjugar os verbos no plural. O
certo é dizer: "compre", "veja", "experimente";
nunca "comprem", "vejam", "experimentem".
Cada consumidor quer ser tratado como
indivíduo, e não como rebanho. Teoricamente,
os anúncios apelam para a liberdade de quem os
lê: apresentam-se como um esforço de
persuasão pessoal, e não de mobilização
coletiva.
COELHO, M. Por que era tão moderno usar chapéu.
"Folha de S. Paulo", São Paulo, 8 jun. 2005, p. E10.
Considerando a idéia de que a linguagem tem
funções que dependem das intenções do autor
em relação ao leitor e, ainda, a leitura atenta
dos textos 1 e 2, analise as seguintes
proposições:
I.
O propósito predominante do Texto 1 é
discutir conceitos culturais de forma direta e
objetiva, o que caracteriza a função
referencial da linguagem.
II.
Predomina, no Texto 2, a função apelativa da
linguagem, fato percebido no uso das palavras
"consumidor", "anúncios" e "persuasão",
termos típicos do gênero publicitário.
III. O Texto 2 utiliza a metalinguagem ao
explicar que o uso de verbos na terceira
pessoa do imperativo singular produz um
forte efeito persuasivo no consumidor, pois
o individualiza e o faz sentir-se único.
IV. Nos dois textos predomina a função emotiva
porque
ambos
pretendem
expressar
sentimentos
de
insatisfação
com
a
valorização da consciência crítica do
indivíduo pela massa manipulada.
Marque a alternativa CORRETA:
a)
Apenas a proposição I é verdadeira.
b)
Apenas a proposição II é verdadeira.
c)
Apenas a proposição III é verdadeira.
d)
Apenas as
verdadeiras.
proposições
II
e
III
são
e)
Apenas as proposições
verdadeiras.
III
e
IV
são
08. Utilize o texto abaixo para responder ao teste
seguinte.
(http://www2.uol.com.br/laerte/tiras/index-overman.html)
A função de linguagem
quadrinho aparece em:
Sobre os efeitos de sentido decorrentes da
associação entre a imagem e a frase ―Amor
eterno a partir de R$1,00‖, considere as
seguintes afirmações:
I.
A imagem aponta para a futilidade dos
cerimoniais de casamento e o valor
exorbitante de que se necessita para financiálos.
II.
Há um paralelismo explícito entre o desnível
de beleza e idade dos parceiros e dos
valores do bilhete e do prêmio.
III. O anúncio associa o preconceito que norteia
as opiniões sobre alguns relacionamentos
amorosos ao preço ínfimo do bilhete de
loteria e à possibilidade de se ganhar um
prêmio de alto valor.
Está(ão) correta(s) apenas
a) I.
b) II.
d) I e II.
e) II e III.
c) III.
09. Leia os quadrinhos abaixo e responda à questão
proposta.
predominante
no
a)
―Sentia um medo horrível e ao mesmo
tempo desejava que um grito me anunciasse
qualquer
acontecimento
extraordinário.
Aquele silêncio, aqueles rumores comuns,
espantavam-me.‖ (Graciliano Ramos)
b)
―a luta branca sobre o papel que o poeta
evita, luta branca onde corre o sangue de
suas veias de água salgada.‖ (João Cabral
de Melo Neto)
c)
―Olá, como vai?/ Eu vou indo e você, tudo
bem?/ Tudo bem, eu vou indo pegar um
lugar no futuro e você? ‖ (Paulinho da Viola)
d)
―Se um dia você for embora/ Ria se teu
coração pedir/ Chore se teu coração
mandar.‖ (Danilo Caymmi & Ana Terra)
e)
―Alô, alô continuas a não responder/E o
telefone cada vez chamando mais‖ (André
Filho, com O Grupo do Canhoto)
10. "Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem
sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu
não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o
que escrevo é uma névoa úmida. As palavras
são sons transfundidos de sombras que se
entrecruzam desiguais, estalactites, renda,
música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar
palavras a essa rede vibrante e rica, mórbida e
obscura tendo como contratom o baixo grosso
da dor. Alegro com brio. Tentarei tirar ouro do
carvão. Sei que estou adiando a história e que
brinco de bola sem bola. O fato é um ato? Juro
que este livro é feito sem palavras. É uma
fotografia muda. Este livro é um silêncio. Este
livro é uma pergunta."
(Clarice Lispector)
A obra de Clarice Lispector, além de se
apresentar
introspectiva,
marcada
pela
sondagem de fluxo de consciência (monólogo
interior), reflete, também, uma preocupação
com a escritura do texto literário.
Observe o trecho em questão e aponte os
elementos que comprovam tal preocupação.
QUESTÃO 11 (UFG 2012/2)
Uma propaganda a respeito das facilidades oferecidas por um estabelecimento bancário traz a seguinte
recomendação:
Nesse texto, observa-se um exercício de natureza metalinguística. Explique como esse recurso auxilia a construção do
sentido pretendido para persuadir o leitor.
QUESTÃO 12 (UNICAMP)
É sabido que as histórias de Chico Bento são situadas no universo rural brasileiro.
a) Explique o recurso utilizado para caracterizar o modo de falar das personagens na tira.
b) É possível afirmar que esse modo de falar caracterizado na tira é exclusivo do universo rural brasileiro? Justifique.
QUESTÃO 13 (UFMG)
Leia estes textos:
TEXTO 1
TEXTO 2
Código
É um sistema de símbolos que, por convenção estabelecida, se destina a representar e transmitir uma mensagem
entre a fonte [o autor] e o ponto de destino [o leitor].
PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1971. p.19.
A partir dessa leitura, redija um parágrafo dissertativo, demonstrando que a “tirinha” apresentada põe em evidência o
código das histórias em quadrinhos.
QUESTÃO 14 (UFBA)
Contemple a tira:
Normalmente, o gênero de um texto é que vai determinar a variedade de linguagem que deve ser empregada como
suporte na escrita. O autor, através da tirinha, recria o ambiente do bate-papo virtual. Faça um comentário sobre a
linguagem característica do espaço virtual — presente na tirinha — focalizando, principalmente, a ortografia utilizada,
sua aceitabilidade e o seu entendimento como um novo meio de interação.
QUESTÃO 15
Leia a tira a seguir.
QUESTÃO 16
Contemple:
QUESTÃO 17 (UEG)
Leia os quadrinhos abaixo.
Nos quadrinhos, o sentido do texto é produzido com base na polissemia de duas expressões linguísticas.
a) Quais expressões produzem esse efeito?
b) Explique quais os sentidos de cada uma das expressões envolvidas na polissemia mencionada.
QUESTÃO 18 (UFG)
A frase abaixo foi extraída de um anúncio que "vende" produto hidratante para pele.
a) Discorra sobre a função de linguagem predominante.
b) Explicite o jogo metafórico construído no texto, cujo objetivo centra-se no convencimento do interlocutor.
QUESTÃO 19 (ENEM)
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua
relação com as pequenas e grandes cidades.
BICHO URBANO
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
.....................................................................
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas
comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção
de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.
(A) "e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada."
(B) "ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho"
(C) "A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas"
(D) "suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto"
(E) "me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas"
QUESTÃO 20
Observe as propagandas publicadas na revista Veja/São Paulo:
A função da linguagem predominante nos textos acima é:
(A) Fática, pois a linguagem utilizada atinge somente o público jovem mantendo o canal aberto com esse público
restrito.
(B) Expressiva, pois o emissor da mensagem chama muita atenção para sua arte e, dessa forma, prende a
atenção do leitor.
(C) Conativa, pois o texto publicitário, intencionalmente repleto de releituras de obras famosas, envolve e
influencia o receptor.
(D) Metalinguística, pois o que mais chama a atenção, não é o produto em si, e sim, a linguagem utilizada pelo
emissor.
(E) Poética, pois a criatividade das imagens promove um impacto tão acentuado no texto, que a mensagem
fica em destaque.
QUESTÃO 21 (ENEM)
Leia o poema abaixo.
Cidade
grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
QUESTÃO 22 (ENEM)
Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vida de Infância, descreve os pés dos
trabalhadores.
Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e os espinhos. Pés semelhantes
aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (...) Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés
que só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes
suportavam apenas um corpo franzino e doente.
(Cândido Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP)
As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americano e a crítica social foram temas
que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História. Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica
social contida no texto de Portinari é
QUESTÃO 23 (ENEM)
MAURÍCIO E O LEÃO CHAMADO MILLÔR
Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um dos grandes títulos do gênero infantil
Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de um gênero que invade
as livrarias (2 mil títulos novos, todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que o afaste do risco de fazer sombra ao fato
de ser ilustrado por Millôr: Maurício - O Leão de Menino (CosacNaify, 24 páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada.
Disponível em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010 (fragmento).
Como qualquer outra variedade linguística, a norma padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se marcas
da norma padrão que são determinadas pelo veículo em que ele circula, que é a Revista Língua Portuguesa. Entre
essas marcas, evidencia-se
(A) a obediência às normas gramaticais, como a concordância em “um gênero que invade as livrarias”.
(B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de ter alguma grandeza natural”.
(C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um viço qualquer que o destaque”.
(D) o emprego de expressões regionais, como em “tem essa pegada”.
(E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos do gênero infantil”.
QUESTÃO 24 (ENEM)
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao
longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de
usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não
só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as chamadas normas cultas
locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidaram em diferentes
momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes
continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os
territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs).Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto.
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as
línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas
ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
(A) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
(B) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
(C) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
(D) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
(E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos.
QUESTÃO 25 (ENEM)
A figura a seguir trata da “taxa de desocupação” no Brasil, ou seja, a proporção de pessoas desocupadas em relação
à população economicamente ativa de uma determinada região em um recorte de tempo.
A norma padrão da língua portuguesa está
respeitada, na interpretação do gráfico, em:
(A) Durante o ano de 2008, foi em geral
decrescente a taxa de desocupação no Brasil.
(B) Nos primeiros meses de 2009, houveram
acréscimos na taxa de desocupação.
(C) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa
de desempregados foram reduzidos.
(D) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08
e 02/09 é estatisticamente igual: 8,5.
(E) Em março de 2009 as taxas tenderam à
piorar: 9 entre 100 pessoas desempregadas.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: abr. 2009 (adaptado).
QUESTÃO 26 (ENEM)
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de
escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade
padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu processo de mudança que não podem ser
bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos
como ter por haver em construções existentes (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de
sujeito (para mim fazer o trabalho), a não concordância das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da
existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma vez, norma como
conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto.
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que
(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada empregam, indistintamente,
usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto escrito.
(B) falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos que confirmam a
diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por falantes mais escolarizados.
(C) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressarem na escrita revelam a
constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos especiais de concordância.
(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de apresentar usos
não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma padrão.
(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas do verbo ter
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras gramaticais.
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TAREFÃO LCT 1º ANO - 2014