Projeto: Ação comunitária para o controle do Aedes aegypti. Sugestão de apresentação para grupos de pessoas Hermione E.M.C. Bicudo UNESP-São José do Rio Preto O mosquito Aedes aegypti: um problema de saúde pública • Aedes aegypti: seríssimo problema de saúde no Brasil onde transmite os virus causadores de três doenças: • Sómente para a febre amarela existe vacina. Mesmo assim, essa doença é hoje uma forte ameaça em nosso País. Essas doenças são muito graves! • A dengue é uma doença muito dolorosa, deixa seqüelas e na forma hemorrágica tem alto índice de mortalidade. • Em 2007 mais de 500.000 pessoas tiveram dengue no Brasil; pelo menos 250 morreram de dengue hemorrágica. • A febre amarela também causa grande mortalidade. • Assim temos que fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para impedir o alastramento dessas doenças . Como? Combatendo o mosquito! Conhecendo o Aedes aegypti para combatê-lo • O desenvolvimento do mosquito dura mais ou menos 7 dias e passa por 4 fases: ovo larva pupa adulto • De ovo até pupa ocorre na água. O adulto se forma dentro da pupa e quando está pronto sai por uma abertura e voa. Ovo do mosquito fotografado em microscópio É difícil ver a olho nu. É do tamanho de um pontinho feito com lápis preto de ponta fina Larva do Aedes aegypti. Sai do ovo bem pequena, alimenta-se dos detritos existentes na água, movimenta-se muito e cresce...... Pupa A larva cresce e se transforma na pupa, que também se move rápida mas não se alimenta Aedes aegypti adulto. É fácil de reconhecer por ser rajado de branco e preto Como os mosquitos transmitem os vírus • Apenas as fêmeas adultas se alimentam de sangue. Portanto, só elas picam as pessoas e transmitem os vírus das doenças. • Quando pica a pessoa doente, a fêmea ingere os vírus que estão no sangue. Eles se multiplicam no seu corpo e ficam na sua saliva. • Quando a fêmea infectada pica outra pessoa, um pouco da saliva com vírus é injetada, a pessoa torna-se também doente e assim a doença se espalha. Uma fêmea infectada forma uma corrente de transmissão das doenças • Uma vez infectada, a fêmea do mosquito tornase vetor dos virus até a sua morte, podendo levar a doença a muitas pessoas que também podem ser picadas por outros mosquitos que picam outras pessoas...... – Essa corrente de transmissão só pode ser quebrada se não houver mosquitos. Esta é a nossa grande tarefa. Sem mosquitos adultos não haverá transmissão Aedes aegypti : inimigo cheio de vantagens • As fêmeas botam os ovos em águas paradas, limpas ou sujas. • Botam até mesmo em quantidade de água muito pequena (por exemplo, em tampinha de garrafa, cascas de ovos, um pedaço de plástico, deixados ao relento). • E mesmo que a água seque, os ovos do mosquito não morrem; eles podem permanecer vivos por até um ano e quando nova água encher aquele pequeno espaço poderão desenvolver-se. • Tudo isto é muito bom para a sobrevivência do mosquito, mas é ruim para nós. Mais “armas” do inimigo • Cada fêmea bota cerca de 300 ou mais ovos (há quem fale em mil!).Portanto, uma só fêmea pode originar uma “multidão” de mosquitos! Outra característica que é ótima para o mosquito, mas é péssima para nós. Como combater o Aedes aegypti? • Podemos pensar: eliminando os adultos pela pulverização com inseticidas. Errado. A pulverização com inseticidas, hoje só deve ser feita em situações especiais porque: – 1. os mosquitos se escondem dentro das casas, no meio das plantas e outros locais onde escapam ao efeito do inseticida – 2. os mosquitos estão se tornando resistentes, isto é, os inseticidas já não os matam. Esta é outra característica que beneficia o mosquito, mas que torna nossa tarefa mais difícil. Ainda estratégias para eliminar o mosquito • Outra possibilidade: matar o mosquito com inseticidas na fase de larva, quando pode ingerir produtos tóxicos, colocados na água. Sem larvas não há adultos e nem o risco de transmissão dos vírus. Neste processo de eliminar as larvas há dois problemas: • 1. as larvas também já estão se tornando resistentes aos inseticidas. E Ainda sobre Inseticidas... 2. Além disso, o uso de inseticidas não é adequado. Causa danos à natureza, porque na tentativa de matar os mosquitos, os inseticidas matam insetos úteis, podem matar pássaros que comem insetos envenenados, são levados para os rios onde envenenam os peixes, etc, e também são tóxicos para o homem e os animais domésticos. Assim, o uso de inseticidas, além de não resolver, prejudica. O que fazer então para eliminar os mosquitos? Substâncias alternativas que têm sido recomendadas para controle • Os órgãos municipais responsáveis pela saúde da população têm recomendado, para matar larvas nos criadouros em potencial que não podem ser eliminados, como ralos de escoamento de água, lajes e vasos sanitários,o uso de: • sal fino de cozinha (uma colher de sopa para um copo de água) • água sanitária (uma colher de sopa para cinco litros de água) • Para piscinas é melhor usar o cloro, na concentração recomendada de acordo com a quantidade de água. • Mas lembrem-se: só tratar criadouros que não puderem ser eliminados. A borra de café é tóxica para a larva do Aedes aegypti. • No Laboratório de Vetores do IBILCE-UNESP de São José do Rio Preto, a Profa. Hermione Bicudo e as alunas do Curso de Pós-graduação em Genética (Alessandra Laranja e Marluce Guirado) verificaram, em observações repetidas desde 2001, que numa proporção de quatro colheres de sopa cheias da borra do café (pó que fica coador após preparar o café) para um copo de água, as larvas são intoxicadas e morrem entre 24 horas e 48 horas, mas mesmo as que demoram mais para morrer não evoluem para as fases seguintes do desenvolvimento, portanto, não chegam à fase adulta. • Importante, porém, é que nova borra deve ser acrescentada a cada sete dias, porque, como qualquer substância, ela também perde a validade. Aqui também há problemas Porém, os produtos alternativos também podem não funcionar se : • 1. a larva já estiver prestes a se transformar em pupa (fase em que já não come e fica “fechada” para o ambiente); ou • 2. se as larvas mostrarem também alguma resistência ao produto alternativo utilizado; ou • 3. quando o produto não é usado corretamente. A melhor forma de combate ao mosquito • Assim, chega-se à solução que melhor funciona: eliminar as águas paradas (criadouros). -Esta é a nossa missão principal. Todos nós precisamos nos conscientizar dessa urgente necessidade. Os criadouros mais frequentes • São locais onde frequentemente ocorre a criação de Aedes: lajes, calhas entupidas, caixas d´água destampadas, pneus, garrafas, latas e qualquer outro vasilhame, deixados ao relento e onde a água da chuva pode se acumular, ralos de escoamento onde a água se acumule, dentro ou fora da casa, vasos sanitários não utilizados e mantidos abertos, bandejas de geladeira, piscinas não tratadas, vasilhas de animais domésticos e outros. – Na verdade cada casa tem seus criadouros específicos. Eles variam muito com as condições locais e os hábitos das pessoas. Cabe aos seus moradores encontrar, eliminar ou vigiar e tratar seus possíveis criadouros. • Alguns dos muitos criadouros possíveis Caixa d água Manter a caixa d´água sempre bem tampada Plásticos ao relento Pneus com água Garrafas ou qualquer vasilhame contendo água Tampas de garrafas ou de vidros de qualquer tipo Cascas de ovos Como eliminar o perigo? • Jogar fora o que já não é útil, colocar em lugar coberto o que precisa ser guardado, desentupir as calhas frequentemente, manter caixas d´água, vasos sanitários, talhas ou outros reservatórios de água limpos e cobertos e manter vigilância constante.Verificar se não há água parada em sua calçada ou nas vizinhanças, especialmente nos terrenos baldios. • Ajude a alertar outras pessoas. Os mosquitos criados na vizinhança também nos ameaçam. Criadouros freqüentes nos jardins • Nos jardins, os principais criadouros são: – pratos colocados sob os vasos para segurar o excesso de água da rega, – água parada na superfície de vasos deixados ao relento, – plantas com folhas ou flores em forma de cálice. • Criadouros comuns em vasos Água acumulada sobre a terra dos vasos Água acumulada nos pratos de vasos Criadouros em bromélias Um dos muitos tipos de bromélias Água acumulada nos espaços é criadouro em potencial Como proceder nos jardins? 1. eliminar o prato sob o vaso ou diminuir a quantidade de água da rega para que não escorra no prato ou não acumule sobre a terra dura do vaso; 2. Levar os vasos que ficam ao relento para locais cobertos ou transferir as plantas para a terra do canteiro; 3. Nas plantas com “cálice”, como as bromélias, plantadas em vasos, regar só a terra e “deitar” o vaso para derramar a água que eventualmente se acumule nos “cálices” . 4. Se as bromélias estão plantadas em canteiro, é melhor transferir algumas para vasos, onde podem ser cuidadas mais facilmente, e eliminar as demais. A hora é de emergência e o que pode parecer absurdo é apenas o necessário. Assim, a necessidade atual é: • Eliminar os possíveis criadouros que podem ser eliminados (garrafas, plásticos, pratos de vasos etc). • Cuidar mantendo limpos e, se necessário, tratar com substâncias alternativas, os possíveis criadouros que não podem ser eliminados (calhas, lajes, ralos, etc). Esses cuidados são de hoje, amanhã e do futuro • Os cuidados com o Aedes aegypti não têm data para acabar. Devemos ensiná-los aos nossos filhos e nossos netos e estes talvez tenham que continuar a transmitir esses conhecimentos aos seus descendentes. Basta um descuido e os mosquitos tornam-se de novo muito numerosos. Além disso, neste mundo de hoje, em que pessoas (sadias ou doentes) e objetos(muitas vezes contendo ovos de mosquitos, como pneus e outros) viajam entre lugares mesmo muito distantes, é sempre possível que surjam novas epidemias. • Tornar esses cuidados um hábito contribuirá para dificultar que isto ocorra. Um por todos e todos por um • Se cada um de nós fizer sua parte, diminuiremos os riscos de contrair a dengue, a dengue hemorrágica e ainda a febre amarela, também transmitida pelo Aedes aegypti. Lembremos que a vida de muitos está em nossas mãos, inclusive a nossa e de nossa família. Transmita estes conhecimentos a outras pessoas e as incentive a participar desta ação!