AS ATIVIDADES LÚDICAS COMO UM DIFERENCIAL NA DIMINUIÇÃO DA
AGRESSIVIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR1
Priscila Nogueira LUCON,
Gisele Maria SCHWARTZ2
Resumo: Este estudo, de natureza qualitativa, teve por objetivo investigar a interferência das
atividades lúdicas no sentido de diminuir a violência no recreio. O estudo foi
composto por duas etapas, sendo a primeira referente a uma revisão de literatura
e a segunda relativa a uma pesquisa exploratória desenvolvida por meio de um
questionário misto, aplicado em dois momentos, a 85 alunos de 5ª e 6a séries de
uma escola pública, da cidade de Rio Claro, SP. Em um primeiro momento, o
instrumento foi aplicado anteriormente à exposição às atividades e, em etapa
posterior, ao final da proposta do projeto. Para esta etapa do estudo foram
realizados 16 encontros com os alunos, sendo todos às terças e quintas-feiras, no
horário do intervalo para o recreio, nos períodos matutino e vespertino, durante
dois meses. Em todos os encontros houve a apresentação de uma atividade
cooperativa diferente, em que se objetivava, principalmente, a conscientização
sobre a importância da integração entre os alunos e do divertimento saudável. Os
dados coletados pelos dois instrumentos foram comparados e analisados
descritivamente, por meio da técnica de Análise de Conteúdo Temático, indicando
que todos os alunos salientaram o prazer de participar e a preferência pelo recreio
com atividades lúdicas, justificando maior possibilidade de ação e melhor forma de
preencher o tempo livre. Os alunos afirmaram ter percebido a queda no índice de
atitudes violentas na hora do intervalo, alegando a possibilidade de investir em
outras atividades mais prazerosas, com a oportunidade de conhecer pessoas
novas. Notou-se a reverberação destas atividades propostas, quando os alunos
afirmaram ter realizado algumas delas durante o intervalo em outros momentos ou
locais, extrapolando o ambiente escolar. Os resultados do estudo evidenciam que
o recreio, quando implementado com atividades lúdicas de caráter cooperativo, no
olhar desta população alvo do estudo, representa um diferencial importante,
somado a outros, na diminuição da violência no ambiente escolar.
Palavras-chave: atividades lúdicas; escola; recreio; jogos cooperativos.
INTRODUÇÃO
A escola tem vivenciado um aumento da agressividade e da violência, nos
diversos momentos, especialmente nos períodos de intervalo entre as atividades formais. Isto
pode estar ocorrendo, também, devido à falta de ações mais significativas, ou mesmo, pela falta
de experiência com atividades que envolvam o espírito de colaboração e o respeito pela opinião
do outro.
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Artigo apresentado como relatório científico final, ao Núcleo de Ensino/Fundunesp, referente ao Projeto nº 902/03.
LEL – Laboratório de Estudo do Lazer. Departamento de Educação Física (Instituto de Biociências – UNESP – Campus de Rio
Claro).
2
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O recreio, por representar um intervalo maior entre as atividades previstas, tornase um momento passível de aumentar a incidência de demonstração de atos agressivos e de
fomento à exclusão, uma vez que a falta de opções, de estímulos positivos e de
desconhecimento sobre o universo lúdico, podem ser elementos capazes de influenciar atitudes
de rebeldia. Além disso, existem as competições entre os diversos grupos existentes dentro da
escola, que também utilizam a violência para resolver alguns fatos.
A respeito da violência que afeta o ambiente escolar, autores como Bee (1986) e
Goleman (1995) salientam que, tanto a realidade social (família, escola, amigos), quanto os
estímulos gerados pela mídia, especialmente a televisão, podem interferir sensivelmente na
formação de indivíduos agressivos, os quais utilizam a agressividade como estratégia de
resolução de problemas cotidianos, dentro e fora do ambiente escolar.
Crianças que não são capazes de absorver eficientemente informações nem lidar
bem com as mesmas, ou sofrem qualquer tipo de discriminação, geralmente, são aquelas
zangadas, ansiosas, deprimidas e violentas. São estas emoções negativas que acabam por
distorcer a atenção da criança das suas preocupações, representando maior possibilidade de
envolverem-se em situações de risco e de levar suas vidas para o mundo das drogas, do crime
e do álcool, conforme evidencia Senicato (1998).
Este mesmo autor ainda salienta que, quando o indivíduo cresce desta maneira
perturbada é comum que não consiga pensar direito, pois cria deficiências nas aptidões
intelectuais, mutilando a capacidade de aprender, tornando-se, assim, um indivíduo difícil de se
lidar e de conter sua conduta.
Por outro lado, de maneira enfática, esse autor destaca ainda que, uma dose de
agressividade moderada também faz parte do ser humano e deve estar presente em nossa vida
para nos impulsionar a dominar conhecimentos e a buscar o entendimento do mundo além de
seu crescimento pessoal. Porém, o que se tem visto no ambiente escolar extrapola este teor de
moderação a respeito da agressividade, tornando-se um problema de difícil solução.
Atualmente, observam-se crianças e adolescentes armados com todos os tipos
de artefatos, agredindo-se entre si, ou mesmo matando outras crianças e adolescentes,
inclusive no ambiente escolar. Mas tais condutas fazem parte de um mundo em que essas
crianças vivem ou que a sociedade projeta a cada dia nos meios midiáticos de comunicação, os
quais invadem as casas. Como se pode, então, relacionar situações repletas de agressividade à
possibilidade de vivenciar a brincadeira?
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Uma possível resposta poderia estar vinculada ao fato de que brincar é uma ação
do homem lúdico, o qual faz parte do homem integral, pois o lúdico está presente no indivíduo
desde o momento do nascimento; e, ao brincar, este desenvolve muito mais que apenas
aspectos relacionados ao sistema ou ao intelectual.
É por meio das situações de brincadeira que se pode desenvolver os vínculos
afetivos e sociais positivos para, assim, poder-se viver em grupo e encontrar uma forma única
ou principal de instrumentalizar a educação para a vida (SENICATO, 1998).
A busca dos adolescentes é quase sempre voltada para a superação de seus
limites – elemento este – que os leva, muitas vezes, às transgressões e rebeldias, testando a
autoridade paterna, sendo sempre “do contra”, praticando atos criminosos, relutando contra os
mecanismos sociais repressivos – podendo, assim, estar espelhando o momento social em que
está vivendo.
Na esfera do jogo, outros elementos característicos podem ser vitais para o
aprimoramento deste momento, no qual o vínculo entre o prazer e a motivação favorece uma
outra dinâmica de ação, capaz de fazer o adolescente compreender a regra de uma outra
perspectiva, alimentando a vontade de realização.
Sendo assim, a utilização deste meio lúdico permite criar um ambiente atraente e
gratificante, que vai ao encontro das expectativas de superação da criança e do adolescente,
servindo como forma de estímulo para que a criança tenha um desenvolvimento integral,
conforme evidencia Cerri (2001).
As atividades de caráter lúdico podem representar um aspecto importante na
canalização das angústias que permeiam algumas fases do desenvolvimento humano, uma vez
que, por meio do jogo e da recreação o indivíduo tem a possibilidade de centra-se na emoção e
no prazer, podendo transformar essas emoções consideradas negativas em emoções mais
positivas.
Sentimentos como tristeza, raiva ou frustração fazem parte da vida, mas, ao
serem canalizados por meio de jogos ou brincadeiras, podem, não apenas ser aliviados, como
também, tornar-se elementos catalisadores de aprendizado e de fortalecimento, inclusive, do
próprio caráter, como afirma Senicato (1998).
Um aspecto muito importante na vida do adolescente é representado pelas
amizades. A habilidade de fazer novos amigos fora do ambiente familiar torna-se de extrema
importância para ajudá-lo a desenvolver seu senso de identidade (Bradley & Dubinsky, 1995). A
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criança que possui amigos geralmente é mais calma e mais fácil de lidar, sendo também mais
paciente. Já as que ficam isoladas tendem a ser mais agressivas e revoltadas com a situação
em que vivem.
Os autores evidenciam, ainda, que, por ser uma fase de muitas emoções,
dúvidas, anseios e sentimentos contraditórios é que o adolescente possui tanta necessidade de
se comunicar e de dividir sua coisas com outros, em grupo. Nesta fase do desenvolvimento, é
muito importante que se tenha pessoas da mesma idade para expor os acontecimentos que
estão ocorrendo e, também, para que se ajudem, já que, muitas vezes, não existe uma
conversa aberta dentro de casa.
Com a presença das atividades lúdicas e suas características de maior
espontaneidade, uso do imaginário e relação com o mundo simbólico, Bomtempo (1986), Alves
(1986), assim como Cerri (2001), destacam a possibilidade dos alunos incorporarem o mundo
ao redor, sem compromisso direto com a realidade, aumentando a liberdade de expressão e o
prazer da convivência com o outro do grupo social ao qual pertencem.
Para estes mesmo autores, é muito importante que o lúdico seja sempre
motivado, pois é essencial na vivência e no crescimento saudável e harmônico das crianças,
além de ser importante para a formação crítica e criativa.
Por meio das atividades lúdicas e suas características, os alunos podem atuar de
forma mais natural, coerente com as expectativas da faixa etária, adquirindo maior
autoconfiança e independência, conforme salientam Lima (apud Cerri, 2001) e Romera (1999),
ampliando, inclusive, o universo motor.
O lúdico, tomado como uma forma de lidar com a agressividade, possibilita à
criança expressar simbolicamente o que foi reprimido, expandir sentimentos acumulados de
tensão, insegurança, frustração e agressividade, permitindo a conscientização de uma forma
natural, fluente e sem culpa (Cerri, 2001).
Estes elementos impulsionaram o interesse deste estudo, em procurar investigar
sobre a perspectiva de atuação da atividade lúdica como um diferencial na minimização da
agressividade no contexto escolar.
OBJETIVO
Este estudo teve como objetivo investigar, entre alunos de 5ª e 6ª séries da
E.E.P.G. Carolina Augusta Seraphin, na cidade de Rio Claro, como é vivenciado o recreio e de
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que forma a atividade lúdica pode contribuir no processo de minimização da agressividade, aos
olhos dos próprios alunos.
METODOLOGIA
Este estudo, de natureza qualitativa, desenvolveu-se em duas etapas, sendo a
primeira referente a uma pesquisa bibliográfica sobre a temática em questão – e a segunda
correspondendo a uma pesquisa exploratória, a qual permitiu penetrar na realidade do universo
pesquisado.
Instrumento
Como instrumento da pesquisa exploratória foi aplicado um questionário
composto de nove questões mistas, as quais abordavam preferências, atividades e fatos que
ocorrem no recreio, assim como a perspectiva da atividade lúdica na diminuição da atitude
violenta.
Sujeitos
Fez parte do estudo uma amostra de 85 alunos, regularmente matriculados nas
5ª e 6ª séries do ensino fundamental, selecionados aleatoriamente, em ambos os períodos, da
referida escola.
Coleta dos dados
Antes do início da aplicação das atividades propriamente ditas, foi aplicado o
primeiro questionário, para posterior comparação com os dados da aplicação do mesmo
instrumento, após a oferta de atividades.
Em seguida, durante 16 encontros na escola, foram oferecidas diferentes
atividades cooperativas, na hora do intervalo do recreio, durante um período de dois meses.
Todas as atividades necessitavam de ajuda dos colegas para conseguir o objetivo final; e isto
possibilitou um melhor entrosamento e companheirismo entre eles, uma vez que o objetivo era,
principalmente, a conscientização sobre a importância da integração entre os alunos, o
divertimento saudável e a ampliação do repertório de atividades.
Após os encontros foi aplicado um segundo questionário misto, composto de oito
perguntas, que visava investigar se houve alguma diferença entre o intervalo com e sem as
atividades cooperativas.
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DISCUSSÃO E RESULTADOS
Os dados obtidos por meio da aplicação dos instrumentos de pesquisa foram
analisados descritivamente, por meio da utilização da técnica de análise de conteúdo temático e
indicam que, nem sempre, o que os alunos realizam no recreio é o que mais gostam de
vivenciar. Conversar (34,34%) e comer (25,30%) foram os itens mais apontados como
atividades realizadas no recreio. Ao serem questionados sobre o que mais gostavam de fazer,
conversar (28,79%) sofre uma queda, e andar (15,91%), jogar (14,55%) e brincar (14,55%)
aparecem como atividades preferenciais, que somadas, extrapolam o item conversar.
Ao se questionar sobre o que gostariam de realizar neste intervalo, os jogos
aparecem em primeiro lugar, com 29,09%; o brincar em segundo, com 25,45%; e empatados
em terceiro, os esportes e “deixar como está” (14,55%).
Na questão sobre gostar de brincar, 55, 29% responderam que gostavam, contra
41,18% que não gostavam, sendo que 3,53% optaram por dizer que gostam, dependendo da
atividade. A maioria apontou que gostava de brincar porque é muito divertido (42,86%), também
foi apontado como maneira de distração (20%), e por ser uma atividade “muito legal” (14,29%).
Quanto à explicação sobre porque gostavam de brincar, “Para brincar, nada
melhor que um amigo” (42,86%), foi assim colocado por eles como preferência, seguido pela
bola e qualquer coisa (22,86%). Aqueles que não gostam de brincar apontaram que preferem
conversar (30%), que não são mais crianças (25%), que cansa (15%) e que não haveria com
que brincar (15%).
Em outra questão, sobre se eles gostavam de jogar, 70,24% responderam que
gostavam de jogar, principalmente algum tipo de esporte (44,44%). Os jogos com bola (20%) e
outros jogos (15,56%), também tiveram suas citações. Dos que não gostavam de jogar a
conversa também resultou em um dos motivos citados pelos alunos, por não gostarem da
atividade, além de ser acompanhado pela questão de cansar, o que permitiu que 30% das
crianças optassem por esta resposta. Outros optaram por omissão (20%), preferem descansar
(20%), e não gostam porque ficam suados (20%).
A diversidade de atividades que pode ser realizada no recreio depende, também,
da relação entre os alunos, por isso foi questionado se o aluno ficava sozinho ou em grupos
durante o período, assim como o motivo da escolha. A unanimidade foi conseguida nesta
questão, pois todos os alunos responderam que ficam em grupo, por ser muito ruim ficar
sozinho (53,06%), para poderem conversar (32,65%), e por ser “muito legal” (32,65%).
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Por ser o recreio um momento de muitos acontecimentos é que foi questionado
se existiam muitas brigas durante este período e, em caso afirmativo, qual seria o motivo destas
ocorrerem. A maioria apontou que não (70,45%), mas 25% afirmaram a existência de brigas, e
4,55% apontaram que elas apenas às vezes ocorrem. Estas brigas acontecem por “bobagens”
(26,67%), por causa das meninas (20%), 20% não souberam responder, e 13,33% acreditam
que seja por causa de algumas brincadeiras que machucam.
Mediante a alternativa de poder haver brigas, foi questionado se os alunos
poderiam sugerir alguma coisa que pudesse ser feita durante o recreio para evitar essas brigas.
As brincadeiras (29,51%) aparecem em primeiro lugar, acompanhadas pelos jogos (21,31%) e
diversas atividades (19,67%).
Como forma de proposta do próprio projeto, foi colocada esta última questão, na
qual os alunos deveriam opinar se, com a oferta de jogos e brincadeiras durante o recreio,
poderia haver a diminuição das brigas e a promoção de maior união entre os alunos. A maioria
dos alunos apresentou resposta afirmativa (91,57%), 7,23% acreditou que não adiantaria e, em
alguns casos, 1,20%, isto poderia adiantar. O motivo principal alegado na afirmação de que
estas atividades poderiam interferir positivamente na diminuição das brigas seria o fato de que
os alunos estariam participando das atividades e não preocupados em brigar (62,30%), haveria
mais união (13,11%) e poderiam se conhecer melhor (8,20%).
Os que optaram pela não diminuição argumentaram que, independentemente da
situação, amigo é sempre amigo (20%); as filas e a competição incentivariam as brigas (20%);
alguns gostariam de se mostrar, querendo ser melhor que o outro (20%); as meninas
continuariam atrapalhando os meninos nos jogos (20%), e 20% não sabem o porquê.
Após a análise dos resultados, pode-se observar que a relação interpessoal –
pautada no conversar – e a amizade estão muito presentes durante o recreio, reiterando o
pensamento de Bradley & Dubinsky (1995), quando apontaram na literatura a importância da
amizade nesta faixa etária, evidenciando-a como uma característica muito importante da vida
do adolescente. É mediante esta habilidade de fazer novos amigos fora do ambiente familiar,
conforme salientaram os autores, que é possível ao adolescente desenvolver e reafirmar seu
papel no meio social.
Senicato (1998) afirmou que o lúdico é parte essencial do ser humano, podendose, assim, entender as porcentagens elevadas a respeito da identificação destes adolescentes
com os atos de brincar e jogar. A brincadeira, embora não tenha estado como preferência entre
os alunos, estabelece uma divisão entre aqueles que julgam ser adolescente como
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representando status de maturidade crescente e aqueles que acreditam que brincar não tem
idade.
Ao se analisar o jogo em si, a situação é invertida, sendo influenciada pela idéia
de que o jogo seja considerado uma prática esportiva, distante da simples brincadeira, o que
garante o status do adolescente com seu envolvimento. Esta identificação com o jogo reforça o
pensamento de Cerri (2001), quando relata sobre a oportunidade riquíssima oferecida pelo jogo,
no sentido de sua interferência direta nos diversos aspectos do desenvolvimento.
Embora a agressividade no recreio não esteja muito presente, na ótica desses
alunos, ela efetivamente existe e, embora até mesmo por motivos fúteis, acaba por afetar o
comportamento e as ações do restante dos alunos, o que também foi observado por autores
como Bee (1986) e Goleman (1995), os quais salientaram o papel de interferência das ações
violentas na mudança de comportamento, dentro e fora do ambiente escolar.
Assim como foi observado, essa possibilidade de interferência da violência na
alteração de condutas, a oferta de atividades lúdicas poderia representar um forte aliado e uma
estratégia positiva, no sentido de canalizar as energias negativas e favorecer sentimentos de
ajuda mútua e cooperação, entre outros.
Como característica principal da atitude cooperativa, todas as atividades
necessitavam da ajuda dos colegas para se atingir um objetivo comum, o que possibilitou um
melhor entrosamento e companheirismo entre eles e, principalmente, a conscientização sobre a
importância da integração entre os alunos e do divertimento saudável.
Após os encontros foi aplicado o segundo questionário misto, composto de oito
perguntas, que visava descobrir se houve alguma diferença entre o intervalo com e sem as
atividades cooperativas.
Os dados coletados pelos dois instrumentos foram comparados e, da mesma
forma, analisados descritivamente, por meio da técnica de Análise de Conteúdo Temático,
indicando que todos os alunos salientaram o prazer de participar e 95% deles evidenciaram que
preferem o recreio com atividades lúdicas, justificando maior possibilidade de ação e melhor
forma de preencher o tempo livre.
Aproximadamente 80% dos alunos afirmaram ter percebido a queda no índice de
atitudes violentas na hora do intervalo, alegando a possibilidade de investir em outras atividades
mais prazerosas. 75% dos participantes afirmaram ter tido oportunidade de conhecer pessoas
novas. 51,4% dos alunos de 5ª série e 65,2% dos alunos de 6ª série afirmaram ter realizado
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algumas das atividades propostas no intervalo do recreio em outro momento ou local que
extrapolava o ambiente escolar, possibilitando-se, assim, perceber uma diferença real entre os
dois momentos da pesquisa.
CONCLUSÃO
Os resultados do estudo evidenciam que o recreio com atividades lúdicas possui
inúmeros pontos positivos, no olhar desta população alvo do estudo, representando um
diferencial importante, somado a outros, na diminuição da violência.
Umas das formas para interferir positivamente na perspectiva de mudança de
comportamento é a sensibilidade do educador, capaz de fomentar elementos que auxiliem na
busca do prazer, compartilhando experiências mais significativas e que vão ao encontro das
expectativas desta população, para que se possa interferir positivamente no modo de agir dos
jovens e adolescentes envolvidos no processo educacional, catalisando possíveis mudanças
atitudinais (Schwartz, 1997).
É importante conhecer as necessidades e intenções dos participantes, para
poder ajudá-los na realização dos seus objetivos e, também, para que o local se torne
agradável, a fim de permitir um maior desenvolvimento de todos.
Desta forma, torna-se premente a implementação de novas propostas com o
intuito de inserir as atividades lúdicas e os jogos cooperativos, como elementos importantes no
sentido de diminuir a agressividade e tornar o ambiente escolar mais agradável e motivante
para os alunos, uma vez que educação extrapola os bancos, inserindo-se para além dos muros
escolares, especialmente quando há experiências significativas.
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BEE, H. A criança em desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1986.
BOMTEMPO, E. (Org). Psicologia do brinquedo: Aspectos teóricos e metodológicos: São Paulo,
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CERRI. M. F. O lúdico como recurso para o professor de Educação Física atuar sobre a
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GOLEMAN, D. Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser
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ROMERA, L. A. Lúdico, educação e humanização : Uma experiência de trabalho. Ijui: Unijui,
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SCHWARTZ, G. M. Atividades lúdicas e educação física: possível dissonância? 177 fls. (Tese
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SENICATO, H. A importância do lúdico para o desenvolvimento emocional do pré-escolar. 62f.
Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia) – Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1998.
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